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Viabilidade Econômica do Cedro Australiano no Município de Ipameri-GO

Paulo Augusto Borges Bonfim(1); Pablo Diógenes de Souza Silva (1); Pablo Timóteo da
Silva(1); Jhecika da Silva Furtado(1); Andrécia Cósmem da Silva(2)
(1)
Discentes em Engenharia Florestal, Universidade Estadual de Goiás, Campus Ipameri, GO.
E-mail: pborgesbonfim96@hotmail.com. (2) Docente mestre da Universidade Estadual de
Goiás, Campus Ipameri.

RESUMO
O objetivo do projeto foi analisar a viabilidade econômica da implantação de cedro
australiano, no município de Ipameri-GO. Para esse estudo de viabilidade foram utilizados os
seguintes indicadores econômicos: Valor Presente Líquido (VPL), Relação Benefício/Custo
(BC) e Payback. A uma taxa de desconto de 7% a.a. Contabilizando um valor de R$
211.091,56 de VPL para 1 hectare e um valor de R$ 1.244.630,76 para 6 hectares. Já para BC
foram encontrados valores de 7,21 para 1 hectare e 8,10 para 6 hectares, demonstrando assim
que o empreendimento é viável. O Payback necessário para o retorno do investimento inicial
tanto para 1 quanto para 6 hectares foi de 5 anos. A implantação do cedro australiano é uma
alternativa viável para a obtenção de renda extra.

Palavras-chave: Empreendimento, implantação, renda.

INTRODUÇÃO
O cedro australiano (Toona ciliata) pertence à família Meliaceae, assim como o cedro
(Cedrela fissilis e C. odorata) nativo da Mata Atlântica, e com o mogno (Swietenia
macrophilla) da Amazônia (LORENZI et al., 2003). A árvore apresenta tronco retilíneo.
Possui súber espesso e rígido, com deiscência em pedaços retangulares e escamiformes, de
cor cinza a marrom (PINHEIRO et al., 2003).
É denominada como uma espécie intermediária, pois tolera ambientes sombreados.
Essa é uma grande vantagem para aqueles que pretendem investir em plantios consorciados,
além que plantios mistos são menos suscetíveis ao ataque de insetos e fungos, se forem
comparados a monoculturas de cedro (BRISTOW et al., 2005).
A idade definida para o corte raso da espécie é de 15 anos, podendo ser antecipado de
acordo com as condições específicas de cada plantio, objetivos e necessidades do produtor
(PINHEIRO et al., 2003). As florestas plantadas são a alternativa mais viável para atender ao
mercado consumidor de madeira, evitando a exploração ilegal de espécies nativas, fator de
ameaça à biodiversidade (PAULINO et al, 2015)
O objetivo deste trabalho foi analisar a viabilidade econômica da implantação de
Cedro Australiano, no município de Ipameri-GO.

MATERIAL E MÉTODOS
O projeto foi desenvolvido no primeiro semestre do ano de 2018, no município de
Ipameri – GO (Lat. 17° 43’ 19”S, Long. 48° 09’ 35” W, Alt. 770m). Esta região possui clima
tropical com inverno seco e verão úmido (Aw), temperatura média é 23.9 °C. Tem uma
pluviosidade média anual de 1437 mm, de acordo com a classificação de Koppen (INMET,
2018). Foi selecionada no município uma pequena propriedade rural com uma área total de 68
hectares, sendo destes, utilizados 6 hectares para o presente estudo.

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Para as pesquisas realizadas na propriedade, foram analisadas variáveis internas e
externas que podem interferir diretamente no resultado econômico. Após uma vistoria no
local, foram pontuados os pontos fortes, os pontos fracos, assim como a infraestrutura e os
funcionários. Em seguida, foram conduzidos estudos sobre o mercado, averiguando as ofertas,
e demandas de madeira da região.
Após a análise dos parâmetros, foi proposta a implantação do cedro australiano (Toona
ciliata) em 6 hectares da propriedade, com um espaçamento 4,0m x 4,0m, metodologia
utilizada para o manejo integrado entre pecuária e floresta a partir do 2º ano (FASSIO et al,
2009) totalizando assim 625 plantas por hectare, com uma produção média de 120 m³ em 1
hectare e contabilizando uma produção média de 720m³ para os 6 hectares. Ao verificar o
custo da produção do Cedro, foram averiguados os custos de manutenção em um espaço
temporal de 20 anos.
Os custos de produção foram estimados através das empresas que comercializam
insumos agrícolas na região. O preço de comercialização da madeira foi estimado através do
levantamento de dados com as serrarias do município, chegando a um valor de R$ 900,00 o
metro cúbico. O custo de oportunidade da terra foi estabelecido conforme o valor médio de
arrendamento, encontrado na região do município de Ipameri, de R$800,00.
Para fazer a análise de viabilidade econômica foram empregados os seguintes
indicadores econômicos: Valor Presente Líquido (VPL), somatória de todas as receitas brutas,
subtraída pelo custo total, usando uma taxa de desconto, o sendo o projeto viável, somente
quando o VPL for maior que 1. Relação benefício /custo (BC), que é o responsável por
mostrar o retorno dos investimentos através da fórmula (BC = R/C), onde R é a receita e o C e
o custo, demostrando a relação entre a receita total e as despesas. E por último é feito o
Payback, utilizado para demostrar o período de tempo que será percorrido até o retorno do
investimento inicial. Foi utilizado para a atualização dos fluxos de caixa uma taxa de desconto
de 7% a.a. com o período de análise de 21 anos.
Para a realização das análises dos custos de produção do Cedro Australiano, utilizou-
se o modelo COE - Custo operacional efetivo e COT - Custo operacional total, proposto por
(MARTIN et al, 1998).
Os dados foram tabulados e analisados com a utilização da planilha do software
Microsoft Excel.
RESULTADOS E DISCUSSSÃO

Com base nos valores obtidos, observa-se que os valores totais dos insumos e serviços
para 1 e 6 hectares, contribuíram respectivamente com 35,65% e 43,79%, 35,39% e 43,99%,
sendo os dados mais relevantes sobre o custo da implantação da espécie (Tabela 1).

Tabela 1: Custos de implantação da cultura do Cedro Australiano para 1 e 6 hectares no


Município de Ipameri – GO (investimento).
Componentes de Custos Valor – Part. Valor – Part.
1 ha (R$) % 6 ha (R$) %
A – Insumos 2.259,00 35,65 13.394,00 35,39
B – Serviços 2.775,00 43,79 16.650,00 43,99
Total – Custo Operacional Efetivo (COE) 5.034,00 79,44 30.044,00 79,38
Outras despesas (10% do COE) 503,40 7,94 3.004,40 7,94
Custo de Oportunidade da Terra 800,00 12,62 4.800,00 12,68
Total – Custo Operacional Total (COT) 6.337,4 100% 37.848,4 100%

Durante todo o período do projeto, foi feito o levantamento de dados de todos os


custos com insumos, serviços, outras despesas e custo de oportunidade da terra. Através deste

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levantamento foi elaborado um fluxo de caixa, os valores de todas as despesas e receitas
foram atualizados a uma taxa de 7% a.a durante todo o ciclo de 21 anos. As receitas foram
provenientes de 5 cortes do Cedro Australiano que ocorreram no ano 5, 9, 13, 17 e 21 (Tabela
2).
Após a elaboração do fluxo de caixa, foi possível contabilizar o valor total das
despesas e receitas tanto para 1 hectare, como para 6 hectares. Para 1 hectare obteve-se o
valor de R$ 29.745,40 para despesas atualizadas e o valor de R$ 240.836,96 para receita
atualizada, restando assim uma receita liquida de R$ 211.091,56. Já para os 6 hectares,
obteve-se o valor de R$ 1.445.021,76 de receita bruta e o valor de R$ 200.391,00 para as
despesas, restando uma receita liquida de R$ 1.244.630,76.

Tabela 2- Fluxo de caixa do Cedro Australiano em 1 e 6 hectares, no município de Ipameri –


GO, 21 anos. Taxa de 7% a.a.
1 hectare 6 hectares
Receita Despesas Fluxo de caixa Despesas Fluxo de caixa
Ano Receita
atualizada atualizada atualizado atualizada atualizado
atualizada (R$)
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
0 0,00 2.208,00 (2.208,00) 0,00 37.848,40 (37.848,40)
1 0,00 2.063,55 (2.063,55) 0,00 12.150,00 (12.150,00)
2 0,00 1.928,55 (1.928,55) 0,00 11.355,14 (11.355,14)
3 0,00 1.802,39 (1.802,39) 0,00 10.612,28 (10.612,28)
4 0,00 1.684,47 (1.684,47) 0,00 9.918,02 (9.918,02)
5 77.002,51 2.729,31 74.273,20 462.015,04 16.199,40 445.815,64
6 0,00 1.471,28 (1.471,28) 0,00 8.662,78 (8.662,78)
7 0,00 1.375,03 (1.375,03) 0,00 8.096,06 (8.096,06)
8 0,00 1.285,08 (1.285,08) 0,00 7.566,41 (7.566,41)
9 58.744,84 2.082,18 56.662,67 352.469,07 12.358,45 340.110,62
10 0,00 1.122,44 (1.122,44) 0,00 6.608,79 (6.608,79)
11 0,00 1.049,00 (1.049,00) 0,00 6.176,44 (6.176,44)
12 0,00 980,38 (980,38) 0,00 5.772,38 (5.772,38)
13 44.816,16 1.588,48 43.227,68 268.896,96 9.428,20 259.468,76
14 0,00 856,30 (856,30) 0,00 5.041,82 (5.041,82)
15 0,00 800,28 (800,28) 0,00 4.711,98 (4.711,98)
16 0,00 747,93 (747,93) 0,00 4.403,72 (4.403,72)
17 34.190,03 1.211,85 32.978,19 205.140,21 7.192,73 197.947,48
18 0,00 653,27 (653,27) 0,00 3.846,38 (3846,38)
19 0,00 610,53 (610,53) 0,00 3.594,75 (3594,75)
20 0,00 570,59 (570,59) 0,00 3.359,58 (3.359,58)
21 26.083,41 924,51 25.158,90 156.500,48 5.487,30 151.013,18
TOTAL 240.836,96 29.745,40 211.091,56 1.445.021,76 200.391,00 1.244.630,76

Para o BC, foram obtidos os valores 8,10 para 1 ha e 7,21 para os 6 ha, demostrando
assim que o empreendimento é viável. Uma vez que o valor de BC tem que ser superior a 1
em qualquer projeto para que o mesmo seja viável.
O valor de VPL foi de R$ 211.091,56 para 1 hectare e de 1.244.630,76 para 6
hectares. Este valor foi próximo ao valor obtido por trabalhos realizados com o Cedro
Australiano, demonstrando que o empreendimento é viável. O cálculo para o Payback
mostrou que o retorno do investimento para 1 e 6 hectares, começa no 5º ano. Mostrando que,
ainda no primeiro desbaste do Cedro australiano já será possível um retorno do investimento
inicial.

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Tabela 3: Indicadores econômicos Valor Presente Líquido [VPL], Relação Beneficio – Custo
[BC] e Payback do cultivo de Cedro Australiano.
Área VPL BC Payback
1 hectare 211.091,56 8,10 5 anos
6 hectares 1.244.630,76 7,21 5 anos

De acordo com os resultados obtidos, pode-se averiguar que a obtenção da primeira


receita pode acontecer aos cinco anos após o plantio, é quando ocorrer o primeiro desbaste. A
madeira obtida pelo desbaste e vendida para produção de mourões. Então em vista de todos os
resultados obtidos, a viabilidade do projeto mostra-se ser positiva no município de Ipameri-
GO.
CONCLUSÃO

Os indicadores mostraram resultados positivos, mostrando assim que o Cedro


Australiano pode ser uma ótima alternativa de investimento, para produtores que querem
investir no mercado florestal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRISTOW, M.; ANNANDALE, M.; BRAGG, A. Growing rainforest timber trees: a farm
forestery manual for north Queensland. Barton: Rirdc, 2005.

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em <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo2/verProximosDias&code=5210109>
acessado em 18 de junho de 2018.

FASSIO, P. DE O.; SILVA, W. N. DA.; CORRÊA, R. M.; DUARTE, N. DE F.;


GONÇALVES, L. D.; PEREIRA, L.C. Sistema agrossivipastoril com cedro australiano para
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Tecnologia. Bambuí. MG. Brasil. 2009. Disponível em:
https://www.bambui.ifmg.edu.br/jornada_cientifica/sct/trabalhos/Recursos%20Naturais/162-
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LORENZI, H.; SOUZA H. M. de; TORRES, M. A. V.; BACHER L. B. Árvores exóticas no


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MARTIN, N. B.; SERRA, R.; OLIVEIRA, M. D. M.; ÂNGELO, J. A.; OKAWA, H. Sistema
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PAULINO, D. N.; JUNIOR, L. C.; BELTRAME, T. P.; OLIVEIRA, E. B. de. Rentabilidade


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PINHEIRO, A. L.; LANI, L. L.; COUTO, L. Cultura do cedro australiano para produção
de madeira serrada. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2003. 42p.

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