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O retorno dos encontros presenciais do SUR ocorreu em 5 de setembro com uma conversa
sobre a poesia de Solano Trindade (1908-1974), poeta, ator, folclorista, teatrólogo e cineasta,
cuja trajetória é marcada pela luta pelas tradições culturais, identidade racial e social da
população negra e das classes populares. É autor dos livros Poemas de uma vida simples
(1944), Seis tempos de poesia (1958) e Cantares ao meu povo (1961). A escolha do autor se
deve a um diálogo com a Mostra Literária Solano Trindade, intervenção poética do bacharel
em Artes Cênicas Maycon Benedito contemplada pelo Fundo Municipal de Cultura,
apresentada dias antes na própria JM.
Caribe e Antilhas
Em seguida, em 26 de setembro, iniciamos uma viagem do SUR pelo Caribe e Antilhas, por
literaturas marcadas também pela presença da população negra, mas também por uma
herança francesa e inglesa pouco afeita à América Latina. O encontro inicial foi O som da
maré: as Antilhas de Derek Walcott (1930-2017), com a leitura dos capítulos iniciais do poema
Omeros (1990), obra-prima que lhe rendeu o Nobel de Literatura de 1992.
Na edição brasileira da obra (1994), o livro é assim descrito: "... Com um desenho circular, que
enfeixa tanto o mundo atemporal dos heróis gregos como o dia-a-dia de uma aldeia de
pescadores do Caribe, Omeros (grego moderno para Homero) é, antes de tudo, uma história
viva do Oceano, dos povos e idiomas que por ele ressoam”.
Em 7/11, após uma boa parte da conversa travada a partir do alívio com as eleições nacionais,
completamos o passeio pelas Antilhas com a leitura de Léocadie Timothée, um dos capítulos
de Traversée de la Mangrove (1989), romance de Maryse Condé.
Como leitura de fundo de toda essa parte sobre o Caribe / Antilhas foi indicado o ensaio Bom
dia e adeus à negritude (1977), de René Depestre, em que o poeta traça uma história do
conceito de negritude desde as vanguardas antilhanas dos anos 30 até os anos 70 e no qual
aponta a revolução cubana como marco de uma americanidade alcançável pelos povos do
continente, uma "americanidade" que suplanta as identidades do europeu, do índio e do
africano. Depestre aponta José Martí como um dos autores-símbolo dessa busca por uma
americanidade.
Méxicos
O ensaio de Depestre segue como guia para os encontros seguintes: em 21/11, iniciamos uma
temporada pelo México, com a leitura de Los hombres que dispersó la danza (1929), primeiro
livro de Andrés Henestrosa, poeta e intelectual mexicano nascido em 1906, um conjunto de
fábulas e mitos zapotecos com os quais cresceu e chegou à adolescência (Henestrosa
aprendeu espanhol somente aos 15 anos); e também a leitura de breves textos de 2013 e 2014
da escritora Yásnaia Elena Aguilar Gil, publicados em português pela revista Puñado em
novembro de 2021, em que trata da diversidade linguística e literária do México.
Copa do Mundo
Entre os dois encontros mexicanos, fizemos uma leitura aproveitando a efeméride da Copa do
Mundo de Futebol, o conto Buba, do escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), do livro
Putas assassinas, originalmente de 2001, publicado no Brasil em 2008, em que um ex-jogador
chileno conta sua passagem por um clube de Barcelona e a conquista naquela temporada do
campeonato nacional e o primeiro título continental.
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