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ORGANIZADORES
LUIZ FERNANDO DOS REIS FALCÃO
LUIZA HELENA DEGANI COSTA
Manual de
G eriatria
COORDENADORES
CLINEU DE MELLO ALMADA FILHO
EDUARDO CANTEIRO CRUZ
IANNA LACERDA SAMPAIO BRAGA
ANA BEATRIZ GALHARDI Dl TOMMASO
NIELE SILVA DE MORAES
I INN 1 SP
Manual de
G eriatria
Organizadores
O GEN | Grupo Editorial Nacional reúne as editoras Guanabara Koogan, Santos, Roca,
AC Farmacêutica, Forense, Método, LTC, E.P.U. e Forense Universitária, que publicam nas
áreas científica, técnica e profissional.
Essas empresas, respeitadas no mercado editorial, construíram catálogos inigualáveis,
com obras que têm sido decisivas na formação acadêmica e no aperfeiçoamento de
várias gerações de profissionais e de estudantes de Administração, Direito, Enferma
gem, Engenharia, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Educação Física e muitas outras
ciências, tendo se tornado sinônimo de seriedade e respeito.
Nossa missão é prover o melhor conteúdo científico e distribuí-lo de maneira flexível e
conveniente, a preços justos, gerando benefícios e servindo a autores, docentes, livrei
ros, funcionários, colaboradores e acionistas.
Nosso comportamento ético incondicional e nossa responsabilidade social e ambiental
são reforçados pela natureza educacional de nossa atividade, sem comprometer o cres
cimento contínuo e a rentabilidade do grupo.
Manual de
G eriatria
Coordenadores
Clineu de Mello Almada Filho
Chefe da Disciplina de Geriatria e Gerontologia da Universidade
Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina
Eduardo Canteiro Cruz
Supervisor do Programa de Residência Médica em Geriatria
e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo/
Escola Paulista de Medicina
lanna Lacerda Sampaio Braga
Preceptora do Programa de Residência Médica em Geriatria
e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo/
Escola Paulista de Medicina
Ana Beatriz Galhardi Di Tommaso
Preceptora do Programa de Residência Médica em Geriatria
e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo/
Escola Paulista de Medicina
Niele Silva de Moraes
Preceptora do Programa de Residência Médica em Geriatria
e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo/
Escola Paulista de Medicina
ROCA
Nacional
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-se para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores dos
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■ Manual de Geriatria
ISBN 978-85-4120-027-1
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Diagramação: Rita Chabo
Revisão: Q ueni Carlos W inters e Vilma Baraldi
■ CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
M251
Manual de geriatria / organizadores Luiz Fernando dos Reis Falcão, Luiza
Helena Degani Costa ; coordenação Clineu de Mello Almada Filho ... [et al.].
- São Paulo : Roca, 2012.
(Manual do Residente / UNIFESP)
1. Geriatria - Manuais, guias, etc. I. Falcão, Luiz Fernando dos Reis. II. Costa,
Luiza Helena Degani. III. Associação dos M édicos Residentes da Escola
Paulista de Medicina. IV. Série.
12-2390. CDD: 618.97
CDU: 616-053-9
PREFÁCIO
AVALIAÇÃO CLÍNICA
• Queixas atuais
• Interrogatório sobre os demais aparelhos: os sintomas devem
ser questionados ativamente, pois muitas alterações não são
valorizadas pelo idoso nem pela família
• Antecedentes pessoais e familiares
HÁBITOS DE VIDA
• Tabagismo: avaliar se atual ou prévio. Anotar quantidade em
maços/ano e há quanto tempo parou, se for o caso
• Etilismo: avaliar quantidade por semana e tipo de bebida inge
rida, atual ou pregressa. Se atual, aplicar o CAGE para tentar
quantificar a dependência. Anotar há quanto tempo parou
• Direção veicular, caso dirija, avaliar dificuldades, descrever aci
dentes. Se não dirige mais, avaliar os motivos pelos quais parou
• Sono: determinar se reparador ou não reparador. Especificar o
horário em que se deita, dorme e acorda. Tentar classificar em
insônia inicial, de sono médio ou terminal. Perguntar detalhes de
higiene do sono
• Atividade física: perguntar tipo, frequência, duração e intensidade
• Atividade sexual: analisar libido, ocorrência de dispareunia e
disfunção erétil
2 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA
AVALIAÇÃO SENSORIAL
Metade dos idosos apresenta deficiência auditiva e/ou visual
que compromete sua capacidade para as atividades de vida
diária e aumenta o risco de declínio funcional.
VISÃO
• A prevalência de catarata, glaucoma e degeneração macular
aumenta com a idade
• Avaliação subjetiva: questionar dificuldade para enxergar,
mesmo com lentes corretivas. Tentar identificar se a dificulda
de é para longas, médias ou curtas distâncias (por exemplo,
identificar ônibus ou pessoas, ver televisão ou leitura/costura,
respectivamente). Idosos com dificuldade para enxergar mé
dias distâncias geralmente caem mais
• Avaliação objetiva: utilizar carteias que possam ser visualizadas
sem necessidade de projetor. Tentar mensurar a acuidade
visual de cada olho (quadro de Snellen, cartão de Jaeger).
Avaliar o uso de lentes corretivas, data da última troca e em
que situações utiliza os óculos. Verificar quando foi a última
consulta com oftalmologista e reencaminhar, se necessário
AUDIÇÃO
• Déficit auditivo é comum em idosos, podendo interferir de for
ma significativa em seu cotidiano e em sua qualidade de vida.
Pode contribuir para o isolamento social
• Avaliação subjetiva: questionar dificuldade para escutar
• Avaliação objetiva: fazer o teste do sussurro (sussurrar três
letras/números/palavras 60cm atrás do paciente, cobrindo-lhe
a orelha contralateral, e pedir que ele repita)
• Uso de prótese auditiva: avaliar dificuldades de adaptação e
tempo de uso
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
• Frequente em idosos
• Em alguns casos, pode causar constrangimento e contribuir
para o isolamento social
• Questionar e classificar o tipo: esforço e/ou relacionada com
a urgência
• Avaliar a gravidade dos sintomas e o quanto eles afetam a
qualidade de vida
FRAGILIDADE
É uma das síndromes geriátricas considerada como estado de
alta vulnerabilidade para eventos de saúde adversos, incluindo
incapacidade, dependência funcional, quedas, necessidade de
cuidados a longo prazo e mortalidade.
DIAGNÓSTICO
São cinco critérios; se mais de dois estiverem presentes, o diag
nóstico é frágil; se um ou dois critérios estiverem presentes, o
diagnóstico é pré-frágil.
• Sensação de fadiga ou exaustão autorreferida
• Perda de peso acima de 5% do peso habitual no último ano
• Inaptidão para atividade física
• Velocidade de marcha: pode-se aplicar o time up and go (cro
nometrar o tempo que o paciente gasta ao levantar da cadei
ra sem apoio, caminhar 3m e sentar-se novamente). Se acima
de 15s, o paciente tem velocidade de marcha comprometida
• Força de preensão palmar ( handgrip)\ usar o din
considerar a melhor das três tentativas (comparar valores para
sexo, idade e IMC). Usar a tabela a seguir como referência
EQUILÍBRIO e m archa
PO LI FARMÁCIA
• Relacionada à maior incidência de quedas, a interações medi
camentosas e hospitalizações
• Relatar uso de medicamentos, dose e frequência
• Identificar medicamentos inapropriados para idosos e tentar
suspendê-los
• Questionar uso de medicamentos fitoterápicos
AVALIAÇÃO COGNITIVA
• A avaliação cognitiva é de grande importância em idosos,
visto que:
- A prevalência de doença de Alzheimer é alta nessa população
- A maioria das pessoas com demência não se queixa de pro
blemas de memória
- A presença de déficit cognitivo aumenta o risco de acidentes,
deiirium, falta de adesão ao tratamento e incapacidades
• A avaliação cognitiva deve ser realizada anualmente, mesmo
não havendo queixas cognitivas do paciente ou do seu
acompanhante
6 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA
AVALIAÇÃO DO HUMOR
Depressão deve ser investigada em todos os idosos, em virtude
de sua grande prevalência nessa faixa etária e da presença de
manifestações atípicas que, muitas vezes, não preenchem os
critérios do DSM-IV, dificultando o seu reconhecimento.
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8 AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
É um dos principais elementos da avaliação clínica do idoso,
fundamental para a tomada de decisões terapêuticas. O com
prometimento da funcionalidade gera significativo impacto
negativo na qualidade de vida do idoso, prejudicando seu coti
diano, podendo causar vulnerabilidade e dependência. Traz
repercussões negativas também para familiares, para a comu
nidade e para o sistema de saúde.
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AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA 9
3 2 1
(sem (ajuda (não
Atividades ajuda) parcial) consegue)
Usar o telefone
Ir a um lugar distante
Fazer compras
Preparar as próprias refeições
Trabalhos domésticos
Trabalhos manuais e reparos na
casa
Lavar e passar roupas
Manuseio de medicação
Cuidar das finanças*•
Pontuação: 9 = totalmente dependente; 10 a 15 = dependência grave; 16 a 20 =
dependência moderada; 21 a 25 = dependência leve; 25 a 27 = independência.
AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
Essencial para o entendimento do contexto de vida do pacien
te e de seu cuidador. Um ambiente adequado pode prevenir o
aparecimento da maioria das síndromes geriátricas. A falta de
suporte e de adequação do idoso à vida familiar e social é um
dos fatores que contribuem negativamente para suas condi
ções clínicas e seu estado funcional.
AUTOPERCEPÇAO DE SAUDE
Tem se mostrado um excelente marcador de funcionalidade e
qualidade de vida.
ESPIRITUALIDADE
A compreensão das crenças do paciente pode auxiliar o médico
na abordagem a seus problemas de saúde e até mesmo nas
decisões sobre condutas no final da vida.
Deve-se questionar quanto à religiosidade e às crenças e
avaliar a importância da religiosidade/espiritualidade para o
paciente.
EXAME FÍSICO
• Sinais vitais
• Medidas antropométricas: IMC, circunferência do quadril,
cintura e panturrilha
• Avaliar hipotensão postural: PA e FC nas posições sentada e
ortostática (após 3min em cada posição)
• Exame físico geral
• Enfatizar exame de pele e mucosas, carótidas, tireoide, pulsos
distais, sopro abdominal, exames neurológico e reumatológi
co sucintos
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Capítulo 2
INTRODUÇÃO
Com o aumento da população de idosos e o consecutivo au
mento da expectativa de vida em todo o mundo, questões re
lacionadas à prevenção primária, secundária e terciária de
doenças tornam-se extremamente relevantes.
PREVENÇÃO PRIMÁRIA
Tem como objetivo impedir o desenvolvimento de determina
da doença.
ATIVIDADE FÍSICA
• Há benefício da atividade física a partir do momento em que
ela se inicia
• Um programa de exercícios com o objetivo de manter força,
marcha e equilíbrio, como tai chi, é recomendado para a pre
venção de quedas
• Para atividade aeróbica, pelo menos 30min de exercício mo
derado a intenso (de acordo com a percepção do paciente), 5
dias por semana
• O tipo de exercício e sua intensidade devem levar em conta o
perfil físico e de saúde do paciente, devendo ser prescrito por
médico ou instrutor físico capacitado. O programa deve ser
continuamente revisto e readequado às condições do paciente
USO DO TABACO
A cessação do tabagismo reduz significativamente o risco de
doença arterial coronariana, o aparecimento de diversas neo
plasias e de DPOC.
USO DO ÁLCOOL
• Questionar anualmente sobre o uso de álcool. Evitar o abuso
sempre
12 MEDIDAS DE PREVENÇÃO PARA IDOSOS
PREVENÇÃO TERCIÁRIA
Objetiva identificar doenças já estabelecidas e, a partir de en
tão, prevenir comorbidades e declínio funcional.
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16 MEDIDAS DE PREVENÇÃO PARA IDOSOS
Idade
Idade
Adaptado de Walter e Covinsky (2001).
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MEDIDAS DE PREVENÇÃO PARA IDOSOS 17
Homens
Sobrevida média
Idade
Sobrevida média
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C ap ítu lo 3
lATROGENIA
INTRODUÇÃO
• latrogenia representa um dano à saúde do paciente causado
por qualquer tipo de intervenção (medicamento, procedimen
to ou diálogo) da equipe multiprofissional de saúde
• Incidência: 6 a 65% dos idosos hospitalizados
• Idosos apresentam risco duas vezes maior que a população
mais jovem
• Reação adversa a drogas é o principal tipo de iatrogenia em
idosos
Quadro 3 .2 -TIPOS
• latrogenia d e ação: aquela que decorre de ação médica, desde a
relação com o paciente, passando por diagnóstico, terapêutica e
prevenção. Exemplos:
- Relação com o paciente: modo de comunicar más notícias,
problemas na contratransferência
- Diagnóstico: lesão uretral após passagem de sonda vesical para
averiguar débito urinário
- Tratamento: pneumotórax após venóclise de acesso central com
indicação correta
- Prevenção: solicitar PSA para nonagenário
• latrogenia d e om issão: aquela que decorre de falta do médico,
quer no diagnóstico, quer no tratamento. Exemplos:
- Diagnóstico: erros diagnósticos ou doença agravada por falta de
médico
- Tratamento: automedicação
Adaptado de Lacaz e Corbett (1980).
IATROGENIA 19
NOTIFICAÇÃO
• É importante a notificação espontânea das reações adversas
a drogas, principalmente as graves ou previamente desco
nhecidas, aos órgãos oficiais de farmacovigilância (ANVISA,
www.anvisa.gov.br)
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C ap ítu lo 4
DELIRIUM
INTRODUÇÃO
• Síndrome caracterizada por alteração aguda da atenção e da
função cognitiva global
• Representa a complicação hospitalar mais frequente em idosos
• Altamente prevalente nessa população: 11 a 24% às admis
sões hospitalares e 5 a 35% durante a internação
• Considerada uma urgência médica
• Pode corresponder à única ou principal forma de apresenta
ção de doença física potencialmente grave
• Fisiopatologia ainda pouco conhecida, envolvendo citocinas,
deficiência de acetilcolina e excesso de dopamina
ETIOLOGIA
• Geralmente é multifatorial, resultante da associação de fato
res predisponentes e précipitantes
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24 D ELIR IU M
QUADRO CLINICO
• Início agudo (horas a dias)
• Curso flutuante
• Alteração da atenção
• Alteração do nível de consciência
• Desorganização do pensamento
• Déficit cognitivo (desorientação, déficit de memória, altera
ção da linguagem)
• Distúrbios da percepção (alucinações ou ilusões em 30% dos
pacientes)
• Labilidade emocional (ansiedade, medo, raiva, irritabilidade,
depressão, euforia)
• Alteração do ciclo sono-vigília
• Distúrbios psicomotores
- Delirium hipoativo (29%): forma mais comum entre os ido
sos; frequentemente não é reconhecido; caracteriza-se por
apatia, letargia, diminuição da atividade motora
D E LIR IU M 25
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26 D ELIR IU M
Critérios Avaliação
1. Início agudo Há evidência de mudança aguda do estado
mental de base do paciente?
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Tabela 4.3 - CARACTERÍSTICAS DIFERENCIAIS ENTRE UD
IR
L
E
D EPRESSÃO, DEMÊNCIA E
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Característica Delirium Depressão Demência Psicoses funcionais
Início Súbito Coincide com fatos da Insidioso Súbito ou insidioso
vida; frequentemente
recente
Curso Flutuante, com piora Menos flutuações que Crônico, progressivo Crônico, com
noturna o delirium , exacerbações
tipicamente com piora
pela manhã
Atenção Prejudicada Minimamente Normal, exceto em Pode estar prejudicada
prejudicada casos avançados
Consciência Reduzida Normal Normal Normal
Orientação Geralmente Seletivamente Geralmente Pode estar prejudicada
prejudicada; flutua prejudicada prejudicada
em gravidade
Cognição Globalmente Memória em parte Globalmente Pode estar
prejudicada prejudicada; prejudicada seletivamente
pensamentos negativos prejudicada
Linguagem Geralmente Normal Dificuldade em Normal, lenta ou
incoerente, lenta ou encontrar palavras rápida
rápida e perseveração
Alucinações Predominantemente Ausentes, exceto em Raras, exceto em Predominantemente
visuais ou visuais e casos graves casos avançados auditivas
auditivas
Ideias Fugazes; pobremente Ausentes, exceto em Raras, exceto em Sustentadas e
delirantes sistematizadas casos graves casos avançados sistematizadas
Adaptado de Fabbri (2006).
28 D ELIR IU M
t
Instituir medidas
t
Anamnese com avaliação medicamentosa, exame físico,
não farmacológicas sinais vitais, exames básicos laboratoriais e de imagem
i t
Se paciente muito Sinais vitais alterados Sim ^ Correção imediata
agitado, colocando
em risco o tratamento
ou sua segurança ou
i
da equipe Droga précipitante -*im ^ Suspender lentamente
t t
Tratamento História de quedas r .
farmacológico ou TCE ou sinais ------► TC de crânio
Primeira escolha: neurológicos focais
haloperidol
0 ,5 - 1mg, VO. Repetir i
após 4h, se necessário Antibioticoterapia
Foco infeccioso presumido
0,5 - 1mg, IM. Repetir precoce
após 30min, se
necessário
Febre sem foco
Punção liquórica
i aparente, rigidez
imediata
Reavaliação clínica e de nuca
do tratamento
medica mentoso/não
V
Alteração de eletrólitos, de
medicamentoso
função renal, função Correção do
hepática, distúrbios do Sim distúrbio/
equilíbrio ácido-base, de tratamento
enzimas cardíacas, ECG, específico
urina I, radiografia de tórax
f Não
Considerar solicitação de
outros exames: função
tireoidiana, dosagem sérica Sim Tratamento
de vitamina B12, ácido específico
fólico e cortisol, RNM de
crânio, EEG
TRATAMENTO
MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS
• Orientação e estímulo cognitivo: calendário, relógio, infor
mações sobre condições de saúde atual e procedimentos a
serem realizados
• Presença de familiares e amigos próximos, evitando-se alter
nância frequente entre os acompanhantes
• Correção de déficits sensoriais (uso de óculos ou aparelhos
auditivos, quando necessário)
• Adequar horários de administração de medicamentos, reali
zação de procedimentos e obtenção de sinais vitais, a fim de
propiciar sono ininterrupto; estimular ciclo sono-vigília normal,
abrindo janelas e incentivando movimentação durante o dia
• Evitar restrição ao leito ou medidas que dificultem a mobili
dade (acesso venoso, sonda vesical de demora)
• Suspender lentamente medicamentos que possam causar
abstinência e evitar polifarmácia
• Hidratação e nutrição adequadas
• Controle da dor
• Proteção das vias respiratórias
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30 DELIRIUM
Tabela 4.4 - TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Medicamento Dose Efeitos colaterais Observações
A n tip sicótico 0,5 - 1mg, VO (pico em 4 Sintomas extrapiramidais Medicamento de escolha
Haloperidol - 6h), com doses (doses > 3mg/dia); Uso IV tem maior risco de arritmias
adicionais a cada 4h, se prolongamento do Uso IM apresenta absorção errática
necessário intervalo QT Evitar em pacientes com síndrome
0,5 - 1mg, IM ou IV (pico Diminuição de limiar de abstinência, insuficiência
em 20-40m in). Repetir convulsivo hepática, síndrome neuroléptica
após 30min, se Constipação intestinal maligna
necessário Hiponatremia
Hipotensão
A n ti psicóticos Efeitos extrapiramidais Eficácia comparada à do haloperidol
atípicos Prolongamento do Menor incidência de efeitos
Risperidona 0,5mg, 1 a 2 vezes/dia intervalo QT colaterais
Associação com aumento da
Olanzapina 2,5 - 5mg, 1 vez/dia mortalidade em idosos com
Quetiapina 25mg, 1 a 2 vezes/dia demência
B en zo d ia zep ín ico Agitação paradoxal Agente de segunda linha
Lorazépam 0,5 - 1mg, VO (pico em Depressão respiratória Pode piorar e prolongar os
2h), com doses Sedação excessiva sintomas de deli ri um
adicionais a cada 4h Confusão Uso reservado para pacientes com
(máximo de 4mg em 24h) síndrome de abstinência alcoólica
ou de benzodiazepínicos, doença
de Parkinson, síndrome
neuroléptica maligna
Adaptado de Saxena e Lawley (2009) e Inouye (2006).
DELIRIUM 31
COMPLICAÇOES/PROGNOSTICO
• Aumento do risco de broncoaspiração, úlceras por pressão,
embolia pulmonar e redução da ingesta oral
• Em alguns casos, os sintomas persistem apesar do tratamento
ou resolução do fator précipitante, resultando em perda fun
cional e cognitiva persistente
• Alguns pacientes nunca retornam para o seu estado basal
após um episódio de delirium
• Pior prognóstico durante a internação e após a alta
32 D ELIR IU M
PREVENÇÃO
• É de extrema importância a adoção de medidas preventivas
para delirium em todos os idosos
• Valem as mesmas medidas não farmacológicas citadas ante
riormente
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C ap ítu lo 5
SINDROME DA FRAGILIDADE
CONCEITO
• Síndrome biológica de diminuição da capacidade de reserva
homeostática do organismo e da resistência aos estressores, re
sultando em declínios cumulativos em múltiplos sistemas fisio
lógicos, causando vulnerabilidade e desfechos clínicos adversos
• Associada à incapacidade, a comorbidades e envelhecimento
FISIOPATOLOGIA
SARCOPENIA
• Perda de massa e força musculares
• Atrofia das fibras musculares rápidas (tipo lia) e substituição
por tecido adiposo e fibrótico
• Redução da síntese proteica
• Redução da força e eficiência musculares
• Tem grande impacto na capacidade funcional de um indivíduo.
A diminuição da força muscular e da tolerância ao exercício
leva à diminuição da capacidade para as atividades de vida diá
ria e, consequentemente, ao aumento da dependência
ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS
• O envelhecimento tem sido associado a um aumento crônico
dos níveis circulantes de marcadores inflamatórios, incluindo
34 SÍNDROME DA FRAGILIDADE
Envelhecimento: alterações
musculoesqueléticas na senescência
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SÍNDROME DA FRAGILIDADE 35
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS*
• 1 ou 2 critérios: alto risco para desenvolver fragilidade; 3 ou
mais critérios: idoso frágil
- Perda de peso não intencional: maior que 4,5kg ou superior
a 5% do peso corporal no último ano
-Dim inuição da força de preensão palmar, medida com
dinamômetro e ajustada para gênero e IMC: ver Tabela 1.1,
no Capítulo 1
- Diminuição da velocidade de marcha em segundos
- Exaustão/queixas: "Eu sinto que faço todas as minhas ativi
dades com muito esforço" e/ou "não consigo continuar
minhas atividades". Se houver pelo menos uma das queixas
por 3 semanas ou mais, considera-se positivo esse critério
- Baixo nível de atividade física, medida pelo dispêndio se
manal de energia em quilocalorias (com base no autorrela-
to das atividades e exercícios físicos específicos realizados) e
ajustado segundo o gênero
EXAMES COMPLEMENTARES
• Até o momento, não existem exames laboratoriais específicos
para o diagnóstico de fragilidade
• Podem estar alterados
-Album ina
- Colesterol
- Proteína C-reativa
- Pré-albumina
-Triglicérides
- Dímero-D
-Transferrina
- IGF-1
- Fibrinogênio
- Ceruloplasmina
-G H
- SNP
- Folato
- Insulina (jejum)
- Mutação DNA-mitocondrial
-Zinco e vitaminas
- IL-6
DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
• O diagnóstico diferencial é feito descartando-se doenças con-
sumptivas, terminais e na possibilidade da identificação de com
ponentes suficientes para preencher a síndrome da fragilidade
• Fazem parte do diagnóstico diferencial
- Doenças malignas
- Distúrbios nutricionais
- Doenças psiquiátricas (depressão)
- Infecções crônicas
- Doenças gastrointestinais
- Doenças neurológicas
- Doenças endócrinas (hipertireoidismo)
- Doenças renais
- Doenças cardiovasculares
- Efeito colateral de medicamentos
PREVENÇÃO
• Estimular dieta adequada, com quantidades suficientes de
energia, proteínas, vitaminas e minerais
• Estimular a prática de exercício físico regular
• Monitorar periodicamente estado cognitivo, humor, funcio
nalidade, equilíbrio e marcha
• Prevenir infecções (basicamente com vacinas)
• Antecipar possíveis situações de estresse, por exemplo, as ci
rurgias eletivas
TRATAMENTO
• Quando a fragilidade já está instalada, as medidas citadas
servem para diminuir a velocidade de progressão do quadro
e, em teoria, poderiam até revertê-lo. Na prática, no entanto,
observa-se apenas melhora na funcionalidade e, algumas ve
zes, em ganho de força, principalmente com a prática de
exercício físico regular e aporte nutricional adequado
• Quanto aos tratamentos farmacológicos, ainda não se dispõe
de nenhuma droga que realmente seja benéfica. A reposição
hormonal, sem atividade física, não resulta em melhora de
força ou de funcionalidade. Além disso, os efeitos colaterais
tornam seu uso quase proibitivo a essa população
C ap ítu lo 6
QUEDAS
INTRODUÇÃO
• Pode-se definir queda como um evento em que a pessoa, inad
vertidamente, vai ao solo ou outro local mais baixo que o ante
riormente ocupado, com ou sem lesão ou perda de consciência
• Considera-se a queda uma síndrome geriátrica. Anualmente,
35 a 40% das pessoas acima de 65 anos caem. Metade dessas
pessoas será reincidente. Acima dos 80 anos, cerca de 50%
terão uma queda em 1 ano
• O risco de quedas aumenta com a idade. Os danos causados
têm alto custo em termos de morbidade, perda de funcionali
dade e independência, mortalidade e para o sistema de saúde
• As causas podem ser únicas e claramente identificáveis ou,
mais comumente, múltiplas e de difícil individualização
• Muitos episódios de quedas sem causas evidentes são predi-
tores de doenças agudas ou descompensações de uma doen
ça crônica
• Fraturas de quadril são as consequências mais temidas de uma
queda. Aproximadamente metade dos idosos não recupera a
independência após a fratura, e mais de 20% poderão falecer
até 1 ano após o evento
FATORES DE RISCO
• A ocorrência de quedas pode estar associada a fatores intrín
secos, decorrentes de alterações fisiológicas do envelheci
mento, doenças e efeitos de medicamentos, e a fatores
extrínsecos, circunstâncias sociais e ambientais que oferecem
desafios ao idoso. A probabilidade de quedas aumenta à me
dida que se acumulam esses fatores
• Aproximadamente 70% das quedas ocorrem no ambiente
domiciliar. Portanto, orientações ambientais são fundamen
tais para sua prevenção
38 QUEDAS
978-85-4120-027-1
QUEDAS 39
AVALIAÇÃO
• Investigação das circunstâncias relacionadas às quedas (perda
de consciência, tontura, palpitações, sensação de desmaio,
fraqueza súbita, artralgia ou dor nos pés, tropeços)
• Perguntar sobre o local da queda e a evidência de algum fator
ambiental, a fim de que se possam fazer orientações adequadas e
mudanças no ambiente, para prevenção de novos eventos
• Indagar sobre prescrições de novos medicamentos ou mudan
ças recentes de doses
• Avaliação das atividades usuais e do nível funcional do pacien
te, história prévia de quedas e fraturas e existência de doenças
crônicas (principalmente diabetes mellitus, doença de Parkinson,
AVC prévio, osteoartrite, demência e depressão)
• Questionar sobre frequência de quedas, habilidade de se le
vantar após a queda, uso de álcool e restrição de atividade
por medo de queda
• Exame físico
- Especial atenção para os sistemas cardiovascular, neurológi
co e musculoesquelético
- Deve-se medir a PA nas posições deitada e em pé, com inter
valo de 5min entre as medições, para investigar hipotensão
postural ou ortostática. Define-se hipotensão postural como
queda de 20mmHg ou mais na PA sistólica ou de 10mmHg ou
mais na PA diastólica. Sintomas de tonturas ou vertigens e
alteração no pulso sem alteração da PA podem ser suficien
tes para o diagnóstico de hipotensão ortostática em idosos
- Não se deve esquecer do teste de Romberg. A função ves
tibular pode ser avaliada solicitando-se ao paciente que
fique parado com os pés juntos, as mãos ao lado do corpo,
sem se mover, com os olhos fechados. O teste é considerado
positivo quando se observa o paciente balançar
- A estabilidade pode ser testada com um pequeno empur
rão no esterno ou retropulsão do quadril
- Exame dos pés à procura de alterações que diminuam a sen
sibilidade ou alterem a marcha, como deformidades, joane
tes e adequação dos calçados
• Cálculo do IMC, um bom indicador do estado nutricional
• Testes de desempenho físico, avaliação de equilíbrio e marcha:
- Teste get up and go\ pede-se para o idoso se levantar de uma
cadeira com braços, caminhar 3m, dar meia-volta, caminhar
e se sentar na cadeira. O idoso deve executar a tarefa de
forma segura e o mais rapidamente possível. O teste pode ser
40 QUEDAS
cronometrado ( Tim
edUpand Go Test), verificando se o pa
ciente, de acordo com o tempo gasto na tarefa, é indepen
dente em atividades básicas de vida diária ou possui risco
aumentado de quedas e uepeiiuenua funcional. Para idosos
saudáveis, admitem-se valores de 10s; para idosos frágeis ou
pacientes com alguma limitação física, de 11 a 20s. Se o tem
po para realização da tarefa for maior que 20s, isso é indica
tivo de intervenção adequada, descrita adiante
-Teste do alcance funcional: o indivíduo fica em pé, sem
calçados, com o punho estendido ao longo de uma fita mé
trica presa na parede, na altura do acrômio. Ele deve se in
clinar para frente o máximo que conseguir sem perder o
equilíbrio. O comprimento da movimentação do punho é
medido. Distâncias menores que 15cm indicam risco au
mentado para quedas
-S h o rt Physical Performance Battery. avalia a função da ex
tremidade distai. Inclui avaliação da capacidade de equilíbrio
(pés paralelos, teste de Tandem e semi-Tandem), capacidade
de se sentar e levantar de uma cadeira sem apoio por 5 vezes,
velocidade de marcha
TRATAMENTO
Tabela 6.1 - TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE FATORES QUE
CONTRIBUEM PARA QUEDAS
Fatores Tratamento
Fatores relacionados à idade ou Diagnosticar e tratar doenças
causados por doença crônica específicas (por exemplo,
Parkinson, AVC, hidrocefalia de
pressão normal)
Prejuízo no equilíbrio, marcha e Fisioterapia
mobilidade Treinamento de equilíbrio e marcha
Doença neurológica, com Corrigir dispositivos de marcha
prejuízo de força, sensibilidade,
equilíbrio, marcha, tônus e/ou
coordenação
Demência com prejuízo de Avaliação da segurança ambiental
marcha, apraxia Adaptações apropriadas (por
exemplo, cadeiras mais a tas e
firmes, elevação do assento
sanitário, barras de apoio no
banheiro)
QUEDAS 41
PREVENÇÃO DE QUEDAS
• O envolvimento multiprofissional, incluindo enfermagem, te
rapia ocupacional, fisioterapia e médicos, é eficaz para pre
venção de quedas
• Estudos comprovam que o uso de suplementos de vitamina D
pode evitar quedas. A dose recomendada é de 800UI/dia para
idosos com risco de quedas. Há forte evidência científica de
que essa reposição seja benéfica para pacientes instituciona
lizados e com deficiência da 25(OH) vitamina D comprovada
laboratorialmente
• Revisão periódica de medicações, mantendo o uso quando
realmente necessário e na dose eficaz mais baixa possível,
principalmente aquelas diretamente relacionadas a maior
risco de quedas
• A redução de psicotrópicos como medida isolada tem diminuído
a taxa de quedas. A suspensão desses medicamentos, associada
à intervenção multidisciplinar, promove comprovada redução
no número de quedas
• Tratamento de hipotensão postural
• Uso de protetores pélvicos parece diminuir o risco de fraturas
de colo femoral em casas de repouso; porém, há necessidade de
adaptá-los para que sejam mais bem aceitos
• Para pacientes idosos com declínio cognitivo moderado a
avançado não há evidência de recomendações para reduzir o
risco de quedas
• A execução de exercícios isoladamente ou em grupos, para
equilíbrio (por exemplo, taichi chuan), m
cardiovasculares, endurance, devem ser incluídos como preven
ção de quedas, juntamente com a equipe multiprofissional. Há
evidência de exercícios programados por mais de 12 semanas (1
a 3 vezes/semana) com variável intensidade
• A idade é associada a mudanças na acuidade visual, com o
desenvolvimento de catarata, degeneração macular e glau-
coma, o que aumenta o risco de quedas. Essas doenças devem
ser tratadas na medida do possível, principalmente a catarata
978-85-4120-027-1
44 QUEDAS
i
Alguma indicação Não
para intervenção
if Sim
Iniciar intervenções para
direcionar riscos
identificados
- Redução de medicações
- Fornecer programa de
exercícios
individualizados
- Tratar déficit visual
(inclusive catarata)
- Tratar hipotensão
Reavaliar periodicamente
postural
- Tratar anormalidades de
ritmo e frequência
cardíacos
- Suplementação de
vitamina D
- Orientações sobre
problemas de pés e
calçados
- Modificação de riscos
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C ap ítu lo 7
SÍNDROME DA IMOBILIDADE
INTRODUÇÃO
• Imobilidade caracteriza-se pela supressão dos movimentos
articulares decorrente de perda funcional e consequente in
capacidade de mudança postural
• O termo síndrome da imobilidade é pouco conhecido e pou
co usado na literatura médica internacional, mas configura o
resultado da imobilização prolongada e suas repercussões
prejudiciais ao organismo
• Internações hospitalares prolongadas e repouso no leito,
mesmo que em ambiente domiciliar, são fatores predispo-
nentes para o desenvolvimento dessa síndrome, principal
mente entre idosos, já que estes possuem reserva funcional
limitada e cada semana de restrição completa pode gerar
perda da força muscular inicial de 10 a 15%
DIAGNÓSTICO
Para o diagnóstico da síndrome da imobilidade, são necessários
todos os critérios maiores e pelo menos dois dos critérios menores.
• Critérios maiores
- Múltiplas contraturas
- Déficit cognitivo moderado a grave
• Critérios menores
- Sinais de sofrimento cutâneo (inclusive úlcera por pressão)
- Disfagia em qualquer grau
- Dupla incontinência
-A fasia
CAUSAS
A síndrome da imobilidade no idoso resulta de múltiplos fato
res, os quais incluem uma ou mais das doenças citadas a seguir,
além da falta de informação e dificuldades técnicas dos cuida
dores para mobilização.
SÍNDROME DA IMOBILIDADE 47
CONSEQUÊNCIAS
• A imobilização prolongada causa disfunções em vários ór
gãos, ocasionando perda importante da funcionalidade, cul
minando com a síndrome da imobilidade
• A taxa de mortalidade de idosos restritos ao leito atinge 40%
• Esses pacientes morrem por diversas causas, sendo as mais co
muns pneumonia e septicemia
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48 SÍNDROME DA IMOBILIDADE
PREVENÇÃO E ABORDAGEM
• A abordagem à imobilidade deve ter caráter principalmente
preventivo, a fim de se evitar suas complicações (em especial
a síndrome da imobilidade)
• Deve haver atuação multidisciplinar abrangendo trabalho fi-
sioterápico, fonoaudiológico, de terapia ocupacional, de ser
viço social, além do médico e enfermeiro
• A equipe multidisciplinar, além de prevenir a síndrome da
imobilidade e buscar a melhora da funcionalidade do idoso,
deve promover a qualidade de vida e minimizar seu sofri
mento e o de seus familiares
SÍNDROME DA IMOBILIDADE 49
978-85-4120-027-1
C ap ítu lo 8
DEFINIÇÃO
Define-se úlcera por pressão como uma área de lesão de pele,
tecidos subjacentes ou ambos, decorrente de pressão extrínse
ca aplicada sobre a superfície corporal (e que persiste mesmo
depois de removida a pressão sobre o local). São necessárias
pressões maiores que 32mmHg aplicadas sobre a pele por pe
ríodo superior a 2h para o seu desenvolvimento.
FATORES DE RISCO
• O principal fator de risco é a imobilidade.
• Porém, existem outros fatores de risco importantes:
- Intrínsecos
■Imobilidade
■Alteração de sensibilidade da pele
■Incontinência urinária ou fecal
■Alteração do nível de consciência
■Alteração cognitiva
■Idade avançada
■Doença aguda
■Doença crônica grave
■Estado terminal
■Comprometimento circulatório
■Deficiência nutricional
■Desidratação
■Ocorrência prévia de úlceras por pressão
- Extrínsecos
■Fricção
■Cisalhamento
■Umidade excessiva
■Medicamentos sedativos ou hipnóticos
CLASSIFICAÇÃO
• A classificação habitualmente adotada para as úlceras por
pressão é a National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), a
ÚLCERAS POR PRESSÃO 51
Figura 8.1 - Classificação NPUAP para úlceras por pressão (da esquerda
para a direita, graus 1, 2, 3 e 4. Na extrema direita, uma úlcera com
necrose, portanto não classificável pela NPUAP).
978-85-4120-027-1
52 ÚLCERAS POR PRESSÃO
TRATAMENTO
Baseia-se em seis etapas.
• Prevenção
-Aspecto mais importante
- Lançar mão de travesseiros, coxins de espuma ou outros
materiais sob as proeminências ósseas
- Reposicionar o paciente a intervalos máximos de 2h
- Educar os indivíduos envolvidos nos cuidados com o doente
- Evitar cabeceira elevada além de 30°
- Evitar uso de dispositivos infláveis de apoio com abertura
central (tipo rosquinha)
- Usar colchões simples ("caixa de ovos") ou mais sofisticados
(pressão reduzida constante ou "ar fluidificado", pressão
alternante)
• Manejo da ferida
-Lim peza (remover tecido desvitalizado e fibrina em exces
so) por meio de irrigação com solução salina isotônica. Não
efetuar extração mecânica com gaze, pois também se retira
tecido viável, o que prejudica a cicatrização
ÚLCERAS POR PRESSÃO 53
• Manejo da dor
- Controlar fatores locais, como infecção e isquemia
- Usar analgésicos opioides, se necessário
-A plicar doses de resgate antes da troca do curativo
TIPOS DE CURATIVOS
• Alginato de cálcio
- Polissacáride natural proveniente de algas marinhas
-A lta capacidade de absorção
- Indicado a lesões infectadas ou com exsudato em moderada
a grande quantidade
- Possui também características hemostáticas, podendo ser
usado em feridas com sangramento ou em pós-operatório
- Não deve permanecer na ferida por mais de 7 dias
• Espumas
- Compostas de poliuretano
- Indicadas a feridas com bastante secreção
- Sua flexibilidade permite o encaixe em úlceras de qualquer
tamanho e profundidade
- Podem permanecer na ferida por mais de 7 dias
• Hidrofibras
-Altam ente absortivas, também possuem propriedades he
mostáticas
- Úteis para lesões com moderada a grande quantidade de
exsudato
- Podem permanecer na ferida por mais de 7 dias
• Filmes transparentes
- Compostos de poliuretano; são filmes adesivos
- Não absorvem muita secreção
-Ú teis para feridas superficiais (estágio 2), não secretórias,
ou para estágios mais avançados de cicatrização
• Hidrocoloides
- Feitos de carboximetilcelulose, hidratam a lesão e pro
movem desbridamento autolítico
- Indicados a feridas secas ou com pouco exsudato
- Não são recomendados a lesões infectadas
- Podem deixar odor pútrido depois da retirada, sendo neces
sário reavaliar a ferida após limpeza
- Trocar a cada 2 a 7 dias
• Hidrogel
-Constituído de polímeros hidrofílicos, hidrata e promove
autólise
ÚLCERAS POR PRESSÃO 55
TERAPIAS ADJUVANTES
• Tem-se estudado a ação de diversos agentes adjuvantes (tera
pia por pressão negativa, terapia hiperbárica, ultrassom, esti
mulação elétrica e utilização de laser, luz infravermelha ou
ultravioleta)
• Suas indicações ainda não estão totalmente esclarecidas
Capítulo 9
Lessandra Chinaglia
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
• Definição: perda involuntária de urina
• A prevalência eleva-se com a idade e afeta mais mulheres que
homens até os 80 anos
• Predispõe a quedas, infecções perineais, genitais e do trato
urinário
• Provoca maceração da pele, facilitando a formação de úlceras
por pressão
• Pode ter como consequências isolamento social, prejuízo do
sono, disfunção sexual, piora da qualidade de vida e surgi
mento de quadros depressivos
FISIOLOGIA DA MICÇÃO
• A micção envolve o SNC, a medula espinhal e os nervos peri
féricos. É necessário relaxamento dos esfíncteres interno e
externo da uretra e contração do músculo detrusor
• O sistema parassimpático é estimulado, determinando a con
tração do detrusor e a inibição do sistema simpático, resul
tando em relaxamento do esfíncter interno
• O enchimento vesical resulta em inibição do sistema parassim
pático e estimulação do simpático, produzindo relaxamento
do detrusor e contração do esfíncter interno
AVALIAÇÃO INICIAL
• Idosos sempre devem ser questionados quanto à ocorrência de
incontinência urinária. Podem-se fazer as seguintes perguntas:
- Você perde urina sem ter vontade (tem perda involuntária)?
- Você perde urina quando tosse, espirra, ri ou faz exercícios?
-Você perde urina antes de chegar ao banheiro?
-Você usa absorventes, tecidos ou fraldas para reter urina?
• Deve-se proceder à avaliação cognitiva e funcional (incluindo
mobilidade, habilidade para transferência, destreza manual),
além de investigação sobre depressão e o impacto da inconti
nência urinária na qualidade de vida
INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL 57
978-85-4120-027-1
58 INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL
Condição Manejo
Uso de medicamentos que Considerar possibilidade de
prejudicam a continência suspensão
Infecção do trato urinário Antibioticoterapia
Vaginite atrófica/uretrite Estrogênio tópico
Pós- prostatecto mia Intervenção comportamental
Impactação fecal Desimpactação, uso apropriado
de laxativos, dieta rica em fibras,
ingesta hídrica e mobilidade
adequada
Metabólica (hiperglicemia, Controle da hiperglicemia e
hipercalcemia) tratamento da hipercalcemia
Ingesta excessiva de fluidos Redução da ingesta excessiva
Sobrecarga de volume
Insuficiência venosa periférica Uso de meia elástica, elevação de
com edema membros inferiores, restrição
de sódio, diurético
Insuficiência cardíaca congestiva Tratamento farmacológico
específico
Delirium Diagnóstico e tratamento das
causas de delirium
Doença crônica ou situações que Corrigir causas que limitam a
prejudicam a mobilidade mobilidade, facilitar acesso ao
toalete (intervenções
ambientais)
Poliúria noturna Avaliar ingesta de fluidos à noite;
avaliar sinais de sobrecarga de
volume; considerar apneia do
sono se houver sinais ou
sintomas sugestivos
Distúrbio do sono Higiene do sono, avaliar presença
de dor, depressão ou causas
ambientais; considerar apneia
do sono se houver sinais ou
sintomas sugestivos
Adaptado de DuBeau (2011).
60 INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL
Incontinência estabelecida
• Não relacionada exclusivamente a eventos agudos, persiste
ao longo do tempo
• Pode ser dividida em incontinência de urgência, incontinên
cia de esforço, incontinência mista e incontinência portrans-
bordamento
Incontinência de urgência (hiperatividade do detrusor)
• Causa mais comum de incontinência urinária em idosos
• Incapacidade de abortar a micção após ser percebida, sensação
de plenitude vesical por hiperatividade do músculo detrusor
• Sintomas de urgência e aumento da frequência urinária. Fre
quentes perdas urinárias em volumes pequenos a moderados
• Causas: comprometimento da inibição do SNC (AVC, tumor,
aneurisma, hemorragia, afecções desmielinizantes, doenças
de Alzheimer e de Parkinson) ou aumento da estimulação
sensorial aferente da bexiga (infecção do trato urinário bai
xo, atrofia uretral, fecaloma, prolapso uterino, hiperplasia
prostática benigna)
Incontinência urinária de esforço
• Causa mais comum de incontinência urinária em mulheres
jovens e a segunda principal causa em mulheres idosas
• Perda de pequenos volumes de urina com atividades que pro
duzam aumento transitório da pressão intra-abdominal (tos
sir, espirrar, rir, exercício físico)
• Causas
- Fraqueza da musculatura do assoalho pélvico e hipermobi-
lidade da uretra
- Deficiência de estrógeno gerando atrofia do tecido genitu-
rinário e relaxamento pélvico, ocasionando aumento do
ângulo uretrovesical
- Deficiência do esfíncter inferior
Incontinência urinária mista
• Causa mais comum de incontinência urinária em mulheres
• Combinação dos sintomas dos tipos anteriores
Incontinência urinária por transbordamento
• Grande aumento do volume da bexiga gera aumento da pres
são intravesical, excedendo a resistência intrauretral e provo
cando perda urinária
INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL 61
História clínica
Exame físico
Análise da
urina
Volume
urinário
residual
▼
Identificada alguma causa reversível
de incontinência urinária?
SIM y y
Tratar a causa reversível Apresenta indicação à avaliação
especializada? (ITU de repetição,
cirurgia pélvica prévia, hematúria,
aumento do volume prostático)
NÃO
• Medidas comportamentais
• Exercícios pélvicos e técnicas fisioterápicas
• Cateterismo uretral (intermitente ou de demora)
• Tratamento medicamentoso
• Cirurgia
MEDIDAS COMPORTAMENTAIS E EXERCÍCIOS PÉLVICOS
• Ingesta hídrica (não exceder 1.500mL)
• Evitar bebidas à base de álcool ou cafeína (irritantes da bexiga)
• Evitar/modificar medicamentos que contribuam para a incon
tinência urinária
• Treinamento vesical: indicado à incontinência urinária de ur
gência e a pacientes com capacidade física e cognitiva
- Micções frequentes para manter pequeno volume vesical
- Estabelecer intervalos curtos entre as micções (até 3 a 4h)
sem perdas
• Exercícios pélvicos de Kegel: visam ao fortalecimento muscular.
Orientar o paciente a interromper o jato urinário durante a
micção (contrações da musculatura pélvica). Recomendam-se
3 séries de 10 contrações com duração de 6 a 10s. Indicados à
incontinência urinária de esforço, de urgência e mista
• Cones vaginais: colocados na vagina para que a musculatura
pélvica se contraia e impeça que eles saiam. Indicados à in
continência urinária de esforço, de urgência e mista
• Biofeedback: colocação de sondas para medir a pressão vagi
nal, anal e intra-abdominal durante a técnica de Kegel, a fim
de que o paciente aprenda a contrair apenas a musculatura
pélvica. Indicado à incontinência urinária de esforço, de ur
gência e mista
• Estimulação elétrica: eletrodos vaginais e anais para estimu
lar a musculatura pélvica. Indicado à incontinência urinária
de esforço e de urgência
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INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL 63
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
TRATAMENTO CIRÚRGICO
Incontinência urinária de esforço
• Técnicas empregadas para suspensão do colo vesical
- Cirurgia com acesso vaginal: Kelly-Kennedy
- Cirurgias com acesso por via retropúbica
■Marshall-Marchetti-Krantz
■Burch
- Cirurgias com acesso por via combinada
■Técnicas de slings (de aponeurose ou de mucosa vaginal)
■Técnicas com faixas sintéticas sem tensão
• Correção de lesão anatômica (cistocele, retocele, perineoplastia)
Incontinência urinária de transbordamento
Ressecção cirúrgica do fator obstrutivo (por exemplo, ressecção
transuretral de próstata)
64 INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL
INCONTINÊNCIA FECAL
• Definição: perda do controle esfincteriano ou inabilidade de
postergar uma evacuação, resultando em perda inesperada
de gases, fezes líquidas ou sólidas
• E menos comum que a incontinência urinária e, em geral,
ocorre concomitantemente
• Sua incidência aumenta progressivamente com a idade
• Defecar é um processo fisiológico que abrange músculos lisos
e estriados, inervação central e periférica, coordenação de res
postas reflexas, cognição preservada e capacidade física para
chegar a um banheiro. Caso haja alteração em algum desses
mecanismos, o paciente pode evoluir para incontinência fecal
CAUSAS (Johnson e Onslander, 2009)
• Impactação fecal
• Obstipação intestinal
• Uso excessivo de laxantes
• Nutrição enteral (hiperosmótica)
• Distúrbios neurológicos
- AVC
- Demência
- Doenças da medula espinhal
• Alterações colorretais
- Diarreia
- Neuropatia diabética
- Distúrbio do esfíncter retal
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INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL 65
ABORDAGEM
História clínica
Exame físico
Medicamentos em uso/dieta
T T
EXCLUIR Avaliar fatores de risco
• Sinais de alarme: investigação reversíveis (medicamentos,
• Fecaloma: tratar e reavaliar acesso ao toalete, diarreia)
• Avaliação cirúrgica (prolapso
retal, lesão de esfíncter anal,
fístula retovaginal)
▼
Orientar paciente e/ou cuidador
Regular o hábito intestinal
Tratar constipação
Ajustar dieta (ingesta de líquidos
e fibras)
Uso de medicamento
antidiarreico
Exercícios para fortalecimento
do esfíncter anal
Orientar sobre contenção
adequada (absorventes,
"plugue" anal)
I
Se o manejo terapêutico inicial não causar alívio dos sintomas,
considerar
• Testes diagnósticos (manometria anorretal, ultrassonografia
do canal anal, b io feed b a ck, irrigação)
• Avaliação cirúrgica (esfincteroplastia, colostomia, estimulação
nervosa sacra I)
978-85-4120-027-1
Capítulo 10
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
DEFINIÇÃO
• Sensação desagradável associada ao ato de evacuar (fezes
ressecadas ou de pequeno volume, dificuldade/esforço ao
evacuar, evacuações infrequentes ou incompletas)
• Pela subjetividade dessas queixas, desenvolveram-se critérios
diagnósticos de constipação intestinal funcional (Rome III) -
presença dos sintomas a seguir por, pelo menos, 3 meses (com
início há pelo menos 6 meses)
- Presença de dois ou mais dos seguintes:
■Esforço em pelo menos 25% das evacuações
■Fezes ressecadas em pelo menos 25% das evacuações
■Sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25%
das evacuações
■Sensação de bloqueio anorretal em pelo menos 25% das
evacuações
■Manobras digitais para auxiliar a evacuação em pelo me
nos 25% dsa evacuações
■Menos de três evacuações por semana
- Evacuações raramente ocorrem sem uso de laxantes
- Não fecha critério para síndrome do intestino irritável
FISIOPATOLOGIA
• Disfunção colônica
- Disfunção do plexo mioentérico
- Depósito de colágeno na parede intestinal
- Maior ligação de beta-endorfinas em receptores opioides do
plexo mioentérico e da parede muscular intestinal
- Hipomotilidade gastrointestinal
- Diminuição dos estímulos nervosos inibitórios (neuropeptídeos)
• Disfunção do esvaziamento anorretal
- Disquesia retal
- Menor sensibilidade à distensão da ampola retal
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 67
CAUSAS
FATORES DE RISCO PARA CONSTIPAÇÃO EM IDOSOS
• Drogas
• Diminuição da mobilidade
• Institucionalização
• Doenças neurológicas
• Demência
• Doença de Parkinson
• Diabetes mellitus
• Neuropatia autonômica
• Alterações medulares
• Fatores dietéticos
• Baixa ingesta de fibras
• Baixa ingesta calórica
• Baixa ingesta líquida
• Nutrição enteral
• Distúrbios metabólicos
• Hipotireoidismo
• Hipercalcemia
• Hipopotassemia
• Uremia
• Terapia dialítica
• Depressão
• Desidratação
• Obstrução mecânica
• Tumor
• Distopias genitais/retais
• Falta de privacidade e conforto
• Dificuldade de acesso ao sanitário
DROGAS RELACIONADAS À CONSTIPAÇÃO
• Polifarmácia (5 ou mais medicamentos)
• Medicamentos anticolinérgicos (tricíclicos, antipsicóticos, an-
ti-histamínicos, antiespasmódicos)
68 CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
• Analgésicos
• Anti-inflamatórios não hormonais
• Opioides
• Suplemento de ferro
• Suplemento de cálcio
• Alumínio (antiácidos)
• Antagonistas dos canais de cálcio (nifedipino, verapamila)
• Antagonistas 5HT3 (ondansentrona)
AVALIAÇÃO
• História clínica
- Questionar duração dos sintomas e hábito intestinal
-A fastar causas secundárias, drogas, dieta, ingesta hídrica,
cognição, humor e funcionalidade
• Exame físico
- Exame físico geral auxilia pouco
- Focar a região perineal
-Toque retal é obrigatório
-Procurar sinais de impactação fecal, dilatação da ampola
retal, hemorroidas, tônus do esfíncter anal externo, incon
tinência fecal por transbordamento
- Durante a manobra de Valsalva, avaliar prolapsos e descida
anormal do períneo (normal até 4cm)
• Exames complementares
- Radiografia de abdome se houver suspeita de retenção fe
cal, megacólon, dilatação retal, volvo de sigmoide, disten
são ou dor abdominal
- Constipação crônica, por si só, não é indicação à colonoscopia
COMPLICAÇÕES
• Incontinência fecal
• Impactação fecal (fecaloma)
• Retenção urinária/sintomas do trato urinário inferior
• Perfuração intestinal
• Volvo de sigmoide
• Pseudo-obstrução intestinal
• Prolapso retal
• Doença diverticular dos cólons
• Impactos psicológicos e na qualidade de vida
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 69
TRATAMENTO
NÃO FARMACOLÓGICO
• Educação do paciente
- Não inibir o desejo de evacuar
-U tilizar o toalete em horário programado e sem pressa
(preferencialmente após o desjejum)
- Posicionar um apoio sob os pés enquanto estiver no vaso
sanitário, para facilitar o uso da musculatura abdominal
• Dieta
- Ingerir frutas, legumes e verduras, cereais integrais, frutas
secas, leguminosas
- Evitar leites e derivados, bem como carboidratos refinados
• Líquidos: aumentar a ingesta, progressivamente, até 8 a 10
copos ao dia
• Praticar atividade física regular
• Massagem abdominal: deitado, fazer movimentos circulares
da direita para a esquerda, firmes porém delicados. Isso não
deve causar desconforto
• Exercícios de fortalecimento da musculatura perineal e es-
fincteriana
• Prover acesso ao sanitário e privacidade
• Revisão dos medicamentos em uso
FARMACOLÓGICO
Laxantes
• Laxantes formadores de massa
- Fibras hidrofílicas não degradadas na luz intestinal
-Aumentam o bolo fecal
- Produzem fezes mais macias e bem formadas
- Estimulam o peristaltismo
- Podem causar flatulência e distensão abdominal
- Necessária ingesta hídrica adequada
- Não utilizar em pacientes acamados ou desidratados
- Início de ação em 12 a 72h
-Psyllium , metilcelulose, policarbofila, muciloide
-Adequado ao uso crônico
• Laxantes estimulantes
- Estimulam diretamente o plexo mioentérico, alterando o
transporte de sais e água na mucosa intestinal
- Formam fezes mais macias e aceleram o trânsito intestinal
70 CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Agentes pró-cinéticos
• Estimulam motilidade gastrointestinal, acelerando o trânsito
e aumentando a frequência das evacuações
• Em geral, não apresentam bons resultados
• Colchicina, misoprostol, lubiprostone
Toxina botulínica
• Aplicações no músculo puborretal em pacientes com disfun
ção do assoalho pélvico, com boa resposta
• Dados ainda limitados
Constipação crônica
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Capítulo 11
INTRODUÇÃO
• A perda de peso em idosos está associada à morte prematura,
deficiência de micronutrientes, fragilidade, maior chance de
hospitalizações, a fraturas de quadril, à perda de funcionali
dade e da qualidade de vida
• A quantidade de massa magra diminui 0,3kg/ano após a ter
ceira década de vida. Após a sétima década, ocorre redução
do peso de 0,1 a 0,2kg/ano
• Essa perda ponderai torna-se clinicamente significativa quando
ultrapassa 4 a 5% do peso corporal em 6 a 12 meses ou mais
de 10% em 5 a 10 anos
ETIOLOGIA
• A perda de peso decorre, basicamente, de três mecanismos:
menor ingestão, metabolismo acelerado e maior perda de
calorias
• Aproximadamente 25% das causas não são identificadas e,
em muitos casos, a perda de peso é multifatorial
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PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA EM IDOSOS 73
AVALIAÇAO CLINICA
• Aferir o peso de todos os idosos em todas as avaliações (mé
todos confiáveis)
• Questionar sobre perda de peso subjetiva (roupas mais lar
gas, percepção do cuidador)
• Avaliação nutricional, rastreamento de desnutrição ou risco
de desnutrição (escalas como mini-MAN)
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74 PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA EM IDOSOS
ESCORE DE TRIAGEM
12 a 14 pontos: estado nutricional normal
8 a 11 pontos: sob risco de desnutrição
0 a 7 pontos: desnutrido
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76 PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA EM IDOSOS
TRATAMENTO
• Indivíduos idosos apresentam habilidade comprometida para
recuperar o peso perdido, devendo-se atentar para prevenção e
detecção precoce da perda de peso
• Devem-se identificar e tratar causas específicas ou condições
contribuintes
• Rever todos os medicamentos e suspender aqueles que pos
sam afetar a ingestão
• Modificar a consistência dos alimentos, se necessário. Minimi
zar restrições dietéticas
• Variar alimentos e sabores, evitar alimentos que causem fla
tulência; fracionar a dieta, comer em companhia ou com as
sistência; oferecer lanches calóricos
• Incentivar atividade física: aumento de apetite e sensação de
bem-estar
• Acompanhamento com equipe multidisciplinar (assistente social,
fonoaudiólogo, dentista, terapeuta ocupacional, nutricionista)
PERDA DE PESO INVOLUNTÁRIA EM IDOSOS 77
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Capítulo 12
ANSIEDADE E DEPRESSÃO
ANSIEDADE
• Os distúrbios de ansiedade correspondem às doenças mentais
mais prevalentes em idosos
• Alguns distúrbios de ansiedade, no entanto, são raros nessa
população (como ataques de pânico e transtornos obsessivo-
-compulsivos)
• Em idosos, os distúrbios mais comuns são o transtorno de an-
siedade generalizada e as fobias
• E muito comum a ansiedade associada à depressão e a outras
alterações, como demência, doenças cardiovasculares, respi
ratórias, endócrinas, gastrointestinais, imunológicas, além da
relação com uso de medicamentos ou substâncias psicoativas,
o que dificulta sua identificação e a resposta ao tratamento
• Sempre se deve pesquisar a suspensão abrupta de medicamen
tos de uso crônico (sedativos, hipnóticos, antidepressivos) e a
cessação abrupta do uso de substâncias (por exemplo, álcool)
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
• O TAG caracteriza-se por preocupação excessiva, irreal e ge
neralizada em relação a diversas atividades por pelo menos 6
meses, como definido pelo DSM-IV, que não diferencia os cri
térios para jovens ou idosos
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ANSIEDADE E DEPRESSÃO 79
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ANSIEDADE E DEPRESSÃO 81
DEPRESSÃO
• Altamente prevalente na população idosa. Estima-se que 60%
dos idosos institucionalizados sem comprometimento cogniti
vo, 25% dos pacientes com doenças crônicas hospitalizados ou
em unidades de atenção primária e 10% dos idosos residentes
na comunidade apresentem depressão
• É um importante problema de saúde pública, podendo ter
consequências graves: sofrimento de pacientes e cuidadores,
incapacidade funcional, aumento dos custos com cuidados de
saúde, aumento da mortalidade relacionada ao suicídio e à
doença física
FATORES DE RISCO
• Sexo feminino
• Idade
• Baixa escolaridade
• Baixo nível socioeconômico
82 ANSIEDADE E DEPRESSÃO
CURSO DA DEPRESSÃO
• Resposta: melhora de 50% dos sintomas inicialmente presentes
• Remissão: desaparecimento dos sintomas
• Recuperação: manutenção da remissão dos sintomas por,
pelo menos, 6 a 12 meses
• Recaída: piora dos sintomas antes da remissão completa ou quan
do já houve remissão, porém ainda não há recuperação da doença
• Recorrência: refere-se a um novo episódio de depressão, pois
ocorre após a recuperação da doença
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
• Em idosos, é mais recomendada a terapia cognitivo-comporta-
mental individual, cujos componentes são reestruturação cog
nitiva, ativação comportamental e a melhora das tarefas de
solução de problemas
ANSIEDADE E DEPRESSÃO 85
Citalopram 1 0 -4 0
Escitalopram 5 -2 0
Fluoxetina 5 -4 0
2. Inibidores
seletivos da
recaptação de
serotonina e
noradrenalina
(duais)
Venlafaxina 37,5 - 225mg Náusea, tontura, boca seca,
insônia, sonolência,
obstipação, sudorese,
hipertensão arterial,
disfunções sexuais. Cautela
em pacientes hipertensos
Desvenlafaxina 50 -10 0
Duloxetina 3 0 -1 2 0
(continua)
88 ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Imipramina 1 0 -7 5
4. Antagonistas da
serotonina de
dupla ação
Trazodona 2 5 -1 5 0 Hipotensão ortostática
Trazodona de 100-300
liberação lenta
5. Inibidores
seletivos da
recaptação de
noradrenalina e
dopamina
Bupropiona 75 - 225mg Agitação, insônia, boca
seca, náusea, agitação
Interage com
antiparkinsonianos
6. Dupla ação
serotoninérgica
e adrenérgica/
antagonismo
alfa 2
Mirtazapina 1 5 -4 5 Sonolência, sedação
excessiva, aumento de
apetite/ganho de peso
Evitar em pacientes com
risco de queda, confusão
mental e obesos
Adaptado de Custódio e Menon (2011).
Capítulo 13
INTRODUÇÃO
• 50% dos idosos apresentam queixas relacionadas ao sono
• A prevalência aumenta com a idade, principalmente em virtude
de muitas comorbidades, problemas psicossociais e polifarmácia
• O uso de drogas hipnótico-sedativas em idosos é comum, acar
retando muitos efeitos adversos e interações medicamentosas
• Alterações no padrão do sono podem influenciar a saúde físi
ca, a função cognitiva, o ajuste psicológico, o metabolismo e
a regulação hormonal
• Distúrbios do sono ocasionam grande impacto na qualidade
de vida, na morbidade e na mortalidade
PADRÃO DO SONO
• O sono divide-se em duas fases: com movimentos oculares
rápidos (REM) e sem movimentos oculares rápidos (NREM)
• O sono NREM é composto de quatro etapas, em grau crescente
de profundidade do sono: estágios I, II, III e IV. Há relaxamento
muscular comparativamente com a vigília; porém, mantém-se
sempre alguma tonicidade basal. O EEG exibe aumento pro
gressivo de ondas lentas conforme se avança do estágio I
para o IV
• O sono REM (paradoxal ou dessincronizado) é um estágio pro
fundo, porém com padrão eletroencefalográfico que se asse
melha ao da vigília com olhos abertos ou mesmo do sono
NREM superficial (estágio I). Apesar da atonia muscular, obser
va m-se movimentos corporais fásicos e erráticos, de diversos
grupamentos musculares (face e membros) e emissão de sons
• O padrão do sono é influenciado por fatores fisiológicos, psi
cológicos e ambientais
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90 DISTÚRBIO DO SONO EM IDOSOS
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DISTÚRBIO DO SONO EM IDOSOS 91
Vigília
REM a
Estágio 1 -
Estágio 2 -
Estágio 3 - Adulto jovem
Estágio 4 -
"l------1----------- 1------- 1--------- 1------- 1--------- 1------- 1----------1-------1---------- 1-------1---------- 1-------1---------- T
1 2 3 4 5 6 7 8
Horas de sono
Vigília
REM ■
Estágio 1-
Estágio 2-
Estágio 3~ Idoso
Estágio 4-
i- - - - - - - - 1- - - - - - 1- - - - - - - - - - 1- - - - - - 1- - - - - - - - - - 1- - - - - - 1- - - - - - - - - - 1- - - - - - 1- - - - - - - - - - 1- - - - - - T- - - - - - - - - - T- - - - - - - 1- - - - - - - - - 1- - - - - - - 1- - - - - - - - - r
1 2 3 4 5 6 7 8
Horas de sono
Figura 13.1 - Hipnograma do adulto jovem e do idoso.
INSÔNIA
• Dificuldade de iniciar e/ou manter o sono durante pelo me
nos 1 mês e com interferência na funcionalidade diária
• É primária se não for identificada outra causa de distúrbio do
sono
• Consequências
- Pior qualidade de vida
- Mais sintomas depressivos e ansiosos
- Maior risco de queda, dificuldade para deambular e perda
de equilíbrio
- Declínio cognitivo
• Medicamentos/substâncias que causam ou exacerbam insônia
- Betabloqueadores
- Broncodilatadores
- Corticosteroides
- Descongestionantes
- Diuréticos
- Levodopa
- Inibidores da receptação de serotonina
92 DISTÚRBIO DO SONO EM IDOSOS
HIPERSONIA
• Grupo de distúrbios caracterizados por queixa primária de
sonolência excessiva não causada por distúrbio do sono no
turno ou ritmos desalinhados
• Tipos
- Narcolepsia com cataplexia (prevalência de 0,05%)
- Narcolepsia sem cataplexia
- Narcolepsia com condição médica associada
- Hipersonia idiopática com tempo prolongado do sono (mais
de 10h de duração)
-Hipersonia idiopática sem tempo prolongado do sono (du
ração de 6 a 10h)
- Hipersonia associada ao uso de medicação
• A hipersonia idiopática é definida quando há sonolência
diurna excessiva nos últimos 3 meses
• A narcolepsia consiste em um episódio de fraqueza muscular,
frequentemente nas pernas, nos braços ou nas dobras dos
joelhos, associada à emoção
• Diagnóstico
-Avaliação neurológica e cognitiva
- Polissonografia
-Teste de latência múltipla do sono (período de latência de
8min ou menos e presença de sono REM durante dois ou
mais cochilos são indicativos de narcolepsia)
- Ressonância magnética de crânio para identificar causa de
hipersonia ou narcolepsia
98 DISTÚRBIO DO SONO EM IDOSOS
- Terapia cognitivo-comportamental
■Educação do paciente sobre a higiene do sono
■Controle de estímulos
■Relaxamento muscular
■Restrição do sono
■Terapia cognitiva para insônia
-Acupuntura
-Ioga
- Meditação
-T a i Chi Chuan
• Tratamento farmacológico: melatonina
- O nível diminui com o uso de betabloqueadores e de anti-in-
flamatórios e também se houver dor crônica, IAM e AVC
- Dose de melatonina exógena: 0,1 a 0,3mg (nível fisiológico)
e 5 a 10mg (nível terapêutico)
-Dim inui período de latência em pacientes com distúrbio
cognitivo
- Metanálise mostrou benefício para insônia primária (redução
de 7,8min no período de latência, mas sem melhora da
eficiência do sono) e para síndrome do atraso de fase do
sono (redução de 38,8min no período de latência), sem
melhora da insônia secundária•
TREMOR
INTRODUÇÃO
• Definição: movimento involuntário de caráter rítmico e osci
latório de uma parte do corpo com frequência relativamente
constante e amplitude variável, produzido por contrações
sincrônicas ou alternantes de músculos antagonistas
• É o distúrbio do movimento mais comum
• Achado comum em pacientes idosos
• As causas variam desde tremores benignos até distúrbios
neurodegenerativos
• Os tremores podem ser classificados de acordo com frequên
cia, amplitude e situação em que ocorrem, porém é mais útil
a divisão de tremores em síndromes
CLASSIFICAÇÃO
TREMOR PARKINSONIANO
• Tremor de repouso: ocorre quando a parte do corpo afetada está
em repouso; por exemplo, quando as mãos ou os braços es
tão apoiados sobre o colo
• O tremor diminui com os movimentos voluntários, por exem
plo, ao pegar objetos e na prova índex-nariz
• O tremor de repouso é característico da doença de Parkinson
idiopática, que geralmente tem início unilateral (em mão)
• Parkinsonismo induzido por drogas é outra causa frequente
de tremor em idosos. Os medicamentos mais comuns são neu-
rolépticos (haldol, risperidona), antieméticos (metocloprami-
da, difenidramina, ondansetrona), bloqueadores dos canais
de cálcio (cinarizina e flunarizina), amiodarona e lítio
TREMOR ESSENCIAL
• Tremor postural, ocorre quando parte do corpo é sustentada
contra a gravidade
• Pode ter componente de tremor de intenção, o qual ocorre
no final de um movimento dirigido, como pegar um objeto
• Geralmente é bilateral; no início, porém, pode ser unilateral
• Pode acometer a cabeça, com movimentos horizontais e verticais
102 TREMOR
TRATAMENTO
• Tremor parkinsoniano
- Suspender drogas que causam parkinsonismo secundário
- Tratamento da causa de base com agentes antiparkinsonianos.
Esse tópico será discutido amplamente no próximo capítulo
• Tremor essencial: pode ser tratado com propranolol ou primidona
Propranolol Primidona
Mecanismo de ação Betabloqueador Não conhecido
Dose 60 - 320mg/dia Até 750mg
Efeitos colaterais Fadiga, tontura, Sedação, sonolência,
impotência, náuseas, vômitos,
bradicardia confusão
Contraindicações Insuficiência cardíaca Reação alérgica
descompensada,
bloqueio cardíaco,
broncoespasmo
Eficácia Reduz em 50% o Reduz em 50% o
tremor essencial tremor essencial
TREMOR 103
T ▼
Tremor persiste — Suspender medicação ◄ — Sim Não
▼ T
Qual é a natureza primária do tremor?
▼
Outros sinais e sintomas
de parkinsonismo
Tremor cerebelar
Não Sim —► provável - obter
neuroimagem Tremor parkinsoniano
T 4
Tremor de intenção no final ou Durante o movimento
durante o movimento?
No final do
Tremor essencial
movimento
DOENÇA DE PARKINSON
INTRODUÇÃO
• A doença de Parkinson é uma doença crônica e progressiva
que decorre da degeneração de neurônios dopaminérgicos
da substância negra, resultando em deficiência de dopamina
estriatal
• É a segunda doença heredodegenerativa mais comum, de
pois da doença de Alzheimer
• Acomete 3% da população acima de 75 anos
• Costuma iniciar-se após os 50 anos de idade, porém existem
formas de início precoce (entre 30 e 50 anos)*•
MANIFESTAÇÕES CLINICAS
• No início do quadro, os sinais parkinsonianos são unilaterais;
depois, manifestam-se de forma bilateral. A assimetria é um
marco durante toda a evolução da doença
• Tremor de repouso, bradicinesia e rigidez aparecem precoce
mente e resultam da deficiência de dopamina, sendo corrigi
dos com levodopa ou agonistas dopaminérgicos
• Com a progressão da doença, aparecem manifestações não
relacionadas à dopamina, como postura fletida, fenômeno
de freezing e perda dos reflexos posturais, que não respon
dem bem à terapia com levodopa
DOENÇA DE PARKINSON 105
PARKINSONISMO SECUNDÁRIO
• Induzido por drogas: causado por antipsicóticos típicos e atí
picos, flunarizina, cinarizina, metoclopramida
• Toxinas: solventes orgânicos, manganês, monóxido de carbono
• Infecções: HIV/AIDS, neurossífilis, doença priônica, toxoplasmose
• Lesões cerebrais: trauma cranioencefálico, hidrocefalia, he
matoma subdural crônico, tumor, leucoencefalopatia multi
focal progressiva
• Doença dos pequenos va
:soparkinsonismo v
PARKINSONISMO PLUS
• Demência por corpos de Lewi: alucinações visuais, flutuação
cognitiva, parkinsonismo, quedas repetidas, síncope, disfun
ção autonômica, sensibilidade a neurolépticos, delírios, dis
túrbios do sono, depressão, demência com início antes ou
durante o aparecimento do parkinsonismo
• Degeneração :co
rtib
a
sl parkinsonismo assimétrico, bradici-
nesia, rigidez, instabilidade postural, apraxia ideomotora, fenô
meno do membro alienígena, afasia, perda da função sensorial
cortical, ausência de tremor e pouca resposta à levodopa
• Atrofia de múltiplos sistemas: parkinsonismo e graus variados
de disautonomia, comprometimento cerebelar, sinais pirami
dais, início simétrico, ausência de tremor, pouca resposta à
levodopa
• Paralisia supranuclear progressiva: paralisia do olhar vertical,
instabilidade postural, quedas repetidas, bradicinesia e rigi
dez de início simétrico, apatia, desinibição, disforia e ansieda
de. Em 80% dos pacientes, ocorre paralisia pseudobulbar
com disfagia e disartria e demência com característica de aco
metimento frontal. Tremor de repouso é raro
• Doença de Alzheimer: parkinsonismo pode se desenvolver
em fases avançadas
TRATAMENTO
• Objetivo: controle dos sintomas e manutenção da autonomia
e independência funcional o maior tempo possível
• Até o momento, não há terapia eficaz para evitar a progres
são da doença
108 DOENÇA DE PARKINSON
Diagnóstico de
doença de Parkinson
I
Orientação do paciente
e dos familiares
f }
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
• Levodopa
- Precursor imediato da dopamina
- Droga mais potente para controle dos sintomas motores
- Efeitos colaterais mais comuns a curto prazo: náuseas, vômi
tos, sonolência e hipotensão ortostática. O uso prolongado
induz ao aparecimento de flutuações motoras e discinesias,
bem como dos fenômenos não motores. Após 5 anos de uso,
60% dos pacientes apresentam efeitos colaterais
- Não deve ser descontinuada abruptamente, pelo risco de
síndrome neuroléptica maligna
• Inibidor da descarboxilase periférica (carbidopa ou bensera-
zida): administrado em associação com a levodopa para pre
venir a formação de dopamina nos tecidos periféricos, au
mentando a biodisponibilidade da levodopa e reduzindo os
efeitos colaterais gastrointestinais
• Inibidores da COMT (entacapona e tolcapona)
-Inibem a enzima que metaboliza a levodopa, aumentando
a meia-vida plasmática e o tempo de ação de cada dose da
levodopa
-Ajudam a reduzir as flutuações motoras, aumentar o perío
do on e reduzir o período o ff
- Podem aumentar as discinesias; a dosagem de levodopa
pode ter de ser reduzida
- A entacapona tem curto período de ação. Deve ser adminis
trada junto com a levodopa
- A tolcapona é mais potente e tem maior período de ação,
mas pode causar diarreia e toxicidade hepática. Só deve ser
administrada se a entacapona não controlar as flutuações
motoras
110 DOENÇA DE PARKINSON
• Agonistas dopaminérgicos
-Causam menos discinesias e fenômeno de wearing o/f que
a levodopa
- Derivados do ergot (pergolida, bromocriptina, cabergolina)
podem induzir fibrose. Pergolida e cabergolina apresentam
risco potencial de dano valvar cardíaco
- Pramipexol e ropinol (não derivados do ergot) podem cau
sar sonolência excessiva, alucinações, confusão, psicose,
compulsão, hipersexualidade, ataques súbitos de sono, ede
ma nos tornozelos, hipotensão ortostática e vertigem
- A apomorfina parece ser o agonista mais potente, porém é
administrada por via subcutânea. É usada para promover
retorno rápido do período o ff
• Amantadina: único agente conhecido com ação antidiscinéti-
ca (em virtude de sua ação antiglutaminérgica). Seu efeito
antidiscinético, porém, tende a reduzir-se com o tempo. Apre
senta efeitos anticolinérgicos. Pode causar livedo reticularis,
edema nos tornozelos, alucinações visuais e confusão
• Inibidores da MAO B (selegilina e rasegilina)
-Apresentam discretos benefícios sintomáticos. Podem re
duzir a gravidade das flutuações motoras da levodopa, mas
também podem aumentar as discinesias
- Efeitos adversos mais comuns da selegilina: fraqueza, náuseas,
dor abdominal, boca seca, hipotensão ortostática e insônia
- Efeitos adversos mais comuns da rasegilina: náuseas, ansie
dade, insônia, hipotensão postural, tontura, dor abdominal
e cefaleia
• Anticolinérgicos: menos eficazes que os agentes dopaminérgi
cos. Não devem ser usados em pacientes com mais de 70 anos,
pelo risco de comprometimento cognitivo e de alucinações
• Psicose
- Clozapina é o medicamento com maior evidência, porém se
deve prover monitoração hematológica e ter cautela com
os outros efeitos colaterais
- A olanzapina pode ser deletéria pelo risco de piora motora
- Não há evidência de eficácia e segurança de risperidona,
ziprasidona e agentes anticolinesterásicos
• Síndrome da desregulação dopaminérgica
- Caracteriza-se pela compulsão para ingerir dopaminérgicos,
mesmo sem necessidade, ocasionando autoadministração
de doses extras, além de comportamentos motores estereo
tipados, repetitivos e complexos, denominados punding
-D urante o efeito máximo do medicamento, podem surgir
manifestações de hipomania, com sentimentos de euforia,
onipotência ou grandiosidade, ao passo que sua retirada
induz à disforia, caracterizada por tristeza, lentidão psico
motora, fadiga ou apatia
- Os transtornos de controle do impulso podem estar associa
dos à síndrome de desregulação dopaminérgica, sendo carac
terizados por vício em jogos de azar, compulsão para compras
e alimentação e hipersexualidade
- Não há estudos controlados sobre o tratamento da sín
drome de desregulação dopaminérgica
- Recomenda-se a redução ou suspensão de drogas dopami-
nérgicas
• Demência
- Há evidências de que a rivastigmina e a memantina sejam efi
cazes para tratamento da demência da doença de Parkinson
- Em relação à donepezila e à galantamina, os dados são in
suficientes
• Insônia
- Dose noturna de levodopa/carbidopa pode ser útil para pa
cientes cuja insônia se relacione a distúrbios motores
-Zolpidem , indutor do sono, por períodos curtos, parece ser
eficaz
- Melatonina e modafinila têm eficácia subjetiva
• Síndrome das pernas inquietas e parassonias
- Deambulação e agonistas dopaminérgicos
- Se não houver melhora, administrar opioides
- Não há estudos controlados para o tratamento de sonambu
lismo, terror noturno, pesadelos, sonilóquio e outras parasso
nias, mas costuma-se utilizar benzodiazepínico (clonazepam)
• Apneia obstrutiva do sono: o tratamento mais eficaz é usar o
aparelho de pressão aérea contínua positiva (CPAP)
DOENÇA DE PARKINSON 113
SINCOPE
Lyina Kawazoe
Priscila Gaeta
INTRODUÇÃO
• Define-se síncope como a perda autolimitada da consciência
e do tônus postural, em decorrência de redução transitória
da perfusão cerebral
• A incidência dessa síndrome aumenta proporcionalmente com
a idade. A população idosa é especialmente vulnerável em vir
tude do risco de quedas, aumentando o número de interna
ções hospitalares, fraturas de fêmur e institucionalizações
• Deve-se levar em consideração o diagnóstico de síncope em todo
idoso com história de queda
• Todo idoso com síncope deve ser identificado e tratado para
osteoporose
CAUSAS
• Neuromediadas
- Síncopes reflexas
■Síncope neurocardiogênica
■Síncope situacional
■Hipersensibilidade do seio carotídeo
■Neuralgia do glossofaríngeo
- Hipotensão ortostática
■Disautonomia
■Hipotensão postural secundária a medicamentos e/ou
desidratação
• Causas cardíacas
-A rritm ias
■Taquiarritmias: taquicardia ventricular, torsades de pointes,
taquicardia supraventricular
■Bradiarritmias: doenças do nó sinusal e bloqueios cardíacos
-Alterações estruturais cardíacas
■Estenose aórtica
■Isquemia miocárdica
116 SÍNCOPE
• Causas cardiopulmonares
- Hipertensão pulmonar
-Tromboembolia pulmonar
• Causa cerebrovascular: síndrome do roubo da artéria subclávia
• Síndromes semelhantes à síncope
- Convulsões
-Transtornos psiquiátricos
-A taque isquêmicotransitório
• Multifatoriais
DIAGNÓSTICO
• É preciso proceder à cuidadosa anamnese para identificar a
ocorrência de síncope
• Depois, deve-se buscar o diagnóstico etiológico (tentar defi
nir com os dados obtidos na anamnese)*•
TIPOS
• Síncope neuromediada
-Ausência de doença estrutural cardíaca
- Longa história de síncopes recorrentes
- Súbita, após cheiro/visão desagradável ou dor
-A pós longo tempo na posição ortostática
- Lugares cheios ou quentes
- Náuseas e vômitos associados
SÍNCOPE 117
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
• Importante para definição da conduta a ser tomada
• Alto risco (internação hospitalar)
- Doença cardíaca estrutural grave ou coronariopatia (insu
ficiência cardíaca, função sistólica baixa, prévio infarto do
miocárdio)
-Sinais clínicos ou eletrocardiográficos que sugiram síncope
por arritmia
■Síncope durante exercício ou na posição supina
■Palpitações durante o episódio de síncope
■História fam iliar de morte súbita
■Taquicardia ventricular não sustentada
■Bloqueio bifascicular ou outra anormalidade de condução
intraventricular com QRS alargado
■Pré-excitação do complexo QRS
■Intervalo QT longo ou curto
■Bloqueio de ramo direito com elevação do segmento ST
em V1 a V3
■Alterações sugestivas de cardiomiopatia arritmogênica de
ventrículo direito
• Baixo risco
-Síncope recorrente: investigação ambulatorial
- Episódio único: não é necessária investigação
118 SÍNCOPE
ABORDAGEM
T T
Todas as respostas Pelo menos 1 resposta NÃO:
SIM: SÍNCOPE Excluir outras causas de
perda de consciência
T
O diagnóstico etiológico foi definido?___ ^ Ver TIPOS
Ver
Há dados que indiquem alto risco
ESTRATIFICAÇÃO
cardiovascular ou risco de morte?
DE RISCO
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• Prevenção de fraturas
- Densitometria óssea
Figura 16.2 - Abordagem à síncope em idosos.
- Tratamento de osteoporose
- Protetores de quadril
• História e exame físico
• Sinais vitais: posição supina e ortostática;
massagem do seio carotideo
• Eletrocardiograma
f f T
Tratamento Causas cardíacas Neuromediadas Causas cerebrovasculares
ou psiquiátricas
I I
- Ecocardiografia - Massagem do seio carotideo
- Holter 24h - Tilt test -Avaliação psiquiátrica
- Tomografia/ressonância/
-Teste da adenosina (ATP)
I I
ultrassonografia com Doppler
- Estudo eletrofisiológico I
Considerar outras causas Considerar outras causas
I
Considerar outras causas I
Síncope frequente
SÍNCOPE 119
Síncope infrequente
- ECG looper I I
- ECG looper Interrompera investigação
120 SÍNCOPE
TRATAMENTO
NÃO FARMACOLÓGICO
• Identificar e tratar causas corrigíveis de hipotensão ortostática
• Reduzir ou suspender drogas que causem hipotensão ortostática
• Evitar situações que desencadeiem hipotensão ortostática
SÍNCOPE 121
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122 SÍNCOPE
978-85-4120-027-1
Capítulo 17
OSTEOARTRITE
INTRODUÇÃO
• Doença articular degenerativa, considerada a enfermidade
musculoesquelética mais comum em indivíduos com mais de
65 anos
• Prevalência superior a 80% em indivíduos com mais de 55
anos
• Distribuição semelhante entre homens e mulheres quando
desconsiderada a idade; acima dos 55 anos, acomete mais
mulheres, com doença aparentemente mais grave
ETIOLOGIA
Resulta da interação de múltiplos fatores, incluindo integrida
de articular, genética, inflamação local, forças mecânicas e pro
cessos celulares e bioquímicos.
Na maioria dos pacientes, o mecanismo inicial é o dano à
cartilagem articular por forças físicas, como macrotrauma ou
microtraumas repetitivos.
Os condrócitos reagem ao dano cartilaginoso liberando en
zimas (proteases) que degradam a própria cartilagem e acarre
tam um reparo defeituoso.
O papel das citocinas na osteoartrite é complexo: algumas
citocinas, como a IL-1, são predominantemente catabólicas;
outras são mais anabólicas, como IGF-1, a IL-6.
FATORES DE RISCO
• Idade avançada
• Sexo feminino
• Obesidade (osteoartrite de mãos e joelhos)
• Ausência de osteoporose
• Ocupação (sobrecarga articular, dano repetitivo)
• Atividades esportivas (por exemplo, boxe, ciclismo, futebol, balé)
OSTEOARTRITE 125
QUADRO CLÍNICO
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS GERAIS
• Mais comum em indivíduos com mais de 40 anos
• As articulações não são afetadas da mesma forma, havendo
predileção por dedos, joelhos, quadris e coluna, e raramente
acometendo cotovelos, punhos e tornozelos
• O principal sintoma é a dor, tipicamente exacerbada com ati
vidade e aliviada com repouso. Em fases mais avançadas, a
dor pode surgir com mínimas atividades e, eventualmente,
ao repouso e à noite
• Nos casos clássicos, os pacientes queixam-se apenas de dor,
sem edema, eritema ou aumento da temperatura articular
• Crepitações e estalidos durante a movimentação podem
acontecer
OSTEOARTRITE NAS MÃOS
• História familiar
• Mais frequente nas articulações distais dos dedos, de maneira
assimétrica, com predomínio dos dedos mínimo e indicador,
seguidos pelo médio e anular
• Pode haver acometimento das interfalângicas proximais (nó
dulos de Bouchard), seguindo-se ao das interfalângicas distais
• Torna-se incapacitante, com frequência
• Osteoartrite erosiva (doença de Crain): forma de osteoartrite
inflamatória ou erosiva que acomete as interfalângicas dis
tais e proximais simultaneamente, podendo evoluir para des
truição articular e anquilose
OSTEOARTRITE NOS JOELHOS
• As articulações são mais acometidas
• Associação com varismo e valguismo
• Dor do tipo mecânica, difusa pela articulação, podendo ser
acompanhada de edema e calor, mas sem rubor, com piora ao
subir escadas ou levantar-se de uma cadeira
126 OSTEOARTRITE
Pés
• Acomete mais frequentemente a primeira metatarsofalângi-
ca, podendo resultar em hálux valgo ou hálux rígido
DIAGNÓSTICO
• Baseia-se na história clínica, no exame físico e em achados
radiológicos
• Exames laboratoriais são de pouca utilidade
• Provas inflamatórias de fase aguda (VHS, PCR), hemograma e
testes bioquímicos em geral normais
• Não se recomenda a solicitação de perfil reumatológico
• Investigação radiológica para diagnóstico e avaliação do
comprometimento articular
• Achados radiológicos: diminuição do espaço articular, osteó-
fitos, esclerose do osso subcondral, cistos subcondrais; ero
sões em geral ausentes
• TC ou RM de coluna: indicadas a pacientes com sinais ou sin
tomas de compressão de raiz nervosa e ao diagnóstico de es-
tenose do canal vertebral
TRATAMENTO
• Os objetivos são controlar a dor, atenuar a incapacidade e
melhorar a qualidade de vida
• O tratamento deve ser individualizado, de acordo com a fun
cionalidade, as articulações comprometidas, as necessidades
ocupacionais e as comorbidades
• Corticoide intra-articular: indicado a pacientes com uma articula
ção afetada, refratários ao tratamento medicamentoso, ou àque
les aos quais os medicamentos como AINH são contraindicados
• Ácido hialurônico intra-articular: indicado a pacientes com
poucas articulações afetadas e nos quais falharam medidas
farmacológicas e de analgesia comum. Podem apresentar
efeito mais duradouro que os corticoides
• Medidas não farmacológicas
- Repouso: recomendado por 12 a 24h a pacientes com articu
lação com sinais flogísticos e dor aguda
- Medidas físicas, como aplicação de calor local ou gelo, que
aumentam o limiar doloroso, produzem analgesia e redu
zem os espasmos musculares
- Outras: acupuntura, massagem, técnicas de relaxamento
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OSTEOARTRITE 129
Osteoartrite
i
Orientação ao paciente
Sintomáticos Modificadores
Tratamento da
dor crônica
Atividade física
Redução de peso
Agentes físicos Rápidos Lentos
(frio/quente)
Fisioterapia I I T ▼
Terapia ocupacional/ Analgésicos Diacereína Minociclina Tratamento
órtese Tópicos
-
(50 - 100mg/dia) Doxiciclina multimodal da
Acupuntura Capsaicina/ Condroitina Potenciais dor:
Auto/gerenciamento lidocaína / (1.200mg/dia) modificadores Analgésico não
da dor salicilato de (sintomáticos opioide e/ou
Glucosamina
metila/ cânfora/ lentos) opioide
Psicoterapia (1.500mg/dia)
verbenácea
Distração Hidroxicloroquina +
Sistêmicos (200mg/dia) Modulador
-
Musicoterapia Paracétamol/
Difosfato de central da dor
dipirona
cloroquina (antidepressivo
Viminol/flurpitina
(125mg/dia) e/ou
AINH
Corticoïdes Colchicina (0,5mg, anticonvulsivante
Opioides 2 - 3 vezes/dia) e/ou neuroléptico)
Insaponificáveis + ou -
de soja e abacate Miorrelaxante
(300mg/dia) (periférico ou
Harpagosídeo central), cafeína,
(400mg, calcitonina, etc.
3 vezes/dia)
Ácido hialurônico
( 3 - 5 infiltrações/
semana)
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130 OSTEOARTRITE
TRATAMENTO CIRÚRGICO
• Geralmente reservado para quando falham as modalidades
terapêuticas menos invasivas
• Inclui osteotomia, desbridamento artroscópico, artrodese e
artroplastias
OSTEOARTRITE 131
PROGNÓSTICO
• Variável, de acordo com a articulação afetada
• Evolução geralmente lenta e progressiva, com episódios de piora
Capítulo 18
OSTEOPOROSE
INTRODUÇÃO
• Ostéoporose é a doença óssea mais comum no homem
• Caracteriza-se por baixa densidade mineral óssea, deteriora
ção da microarquitetura e fragilidade óssea, resultando em
redução da força óssea e aumento do risco de fraturas
FISIOPATOLOGIA
• Há perda óssea quando o equilíbrio entre reabsorção (ação de
osteoclastos) e formação (ação de osteoblastos) está alterado,
resultando em maior reabsorção do que formação. Com o início
da menopausa, a taxa de remodelamento ósseo aumenta
• A redução de cálcio instala-se gradualmente com o avançar da
idade e está relacionada à queda de 25(OH) vitamina D, se
cundária à:
- Redução da exposição solar
- Piora do metabolismo de 25(OH) para 1,25(OH) vitamina D
devido ao declínio da função renal
CLASSIFICAÇÃO
OSTEOPOROSE PRIMÁRIA
• Osteoporose na pós-menopausa ou tipo I
- Mulheres com idade entre 51 e 75 anos com deficiência de
estrogênio na transição da menopausa
- Perda acelerada do osso trabecular
- Fraturas vertebrais são mais comuns
• Osteoporose tipo II ou senil
- Idosos com mais 60 anos, de ambos os sexos
-Compromete osso cortical e trabecular, com redução do
turnover ósseo e redução do número de células formadoras
de osso
- Ocorrência de fraturas vertebrais e femorais
OSTEOPOROSE 133
OSTEOPOROSE SECUNDARIA
• Endocrinopatias: tireotoxicose, hiperparatireoidismo, hipo-
gonadismo
• Medicamentos: glicocorticoides, antiácidos contendo alumí
nio, hormônio tireoidiano, anticonvulsivantes, ciclosporina A
• Doenças genéticas (osteogênese imperfeita)
• Artrite reumatoide
• Doenças gastrointestinais: síndrome de má absorção
• Pós-transplante de órgãos
• Imobilização prolongada
• Neoplasias: câncer de mama, mieloma múltiplo, metástase óssea
• Anemia crônica, mastocitose
FATORES DE RISCO
• Relacionados ao estilo de vida
- Baixa ingesta de cálcio
-A lta ingesta de cafeína
-Álcool (três ou mais doses/dia)
-Tabagismo
- Insuficiência de vitamina D
-A lta ingesta de sal
-Atividade física inadequada
- Quedas
- Excesso de vitamina A
-A lum ínio (antiácidos)
- Imobilização
- Baixo IMC
• Genéticos
- Fibrose cística
-Síndrom e de Ehlers-Danlos
- Doença de Gaucher
- Hemocromatose
- Homocistenúria
- Hipofosfatasia
- Hipercalciúria idiopática
- Síndrome de Marfan
- Osteogênese imperfeita
- Pais com antecedente de fratura de quadril
- Porfiria
- Síndrome de Riley-Day
134 OSTEOPOROSE
• Estados de hipogonadismo
- Insensibilidade androgênica
-A norexia nervosa e bulimia
- Amenorreia atlética
- Hiperprolactinemia
- Pan-hipopituitarismo
- Falência ovariana precoce
- Síndromes de Turner e Klinefelter
• Distúrbios endocrinológicos
- Insuficiência adrenal
- Síndrome de Cushing
- Diabetes mellitus
- Hiperparatireoidismo
-Tireotoxicose
• Distúrbios gastrointestinais
- Doença celíaca
-Cirurgia gastrointestinal
- Bypass gástrico
- Doença inflamatória intestinal
- Má absorção
- Doença pancreática
- Cirrose biliar primária
• Doenças hematológicas
- Hemofilia
- Linfomas
- Leucemias
- Mieloma múltiplo
-Anem ia falciforme
-Talassemia
- Mastocitose sistêmica
• Distúrbios reumatológicos e doenças autoimunes
- Espondilite anquilosante
- Lúpus
-A rtrite reumatoide
• Outras condições ou doenças
-Alcoolismo
- Amiloidose
- Acidose metabólica crônica
- Insuficiência cardíaca congestiva
- Depressão
- Enfisema pulmonar
- Insuficiência renal crônica
OSTEOPOROSE 135
- Epilepsia
- Escoliose idiopática
- Esclerose múltipla
- Distrofia muscular
- Nutrição parenteral
- Doença óssea pós-transplante
- Fratura prévia em idade adulta
- Sarcoidose
• Drogas
- Glicocorticoides (5mg ou mais de prednisona ou equiva
lente por mais de 3 meses)
- Heparina
- Anticonvulsivantes
- Hormônio tireoidiano
- Inibidores da aromatase
- Barbitúricos
- Drogas quimioterápicas
- Ciclosporina A e tacrolimo
- Depo-medroxiprogesterona
- Agonistas GnRH
QUADRO CLÍNICO
• A osteoporose é uma doença assintomática até que se com
plique com fraturas
• O risco de fratura em pacientes com osteoporose aumenta
em 40%, podendo ocorrer com trauma mínimo, sendo muito
importante no desfecho de saúde desses pacientes
• Tipos mais comuns de fraturas em pacientes com osteoporose:
vértebras, fêmur proximal e antebraço distai
• Fraturas vertebrais são as manifestações clínicas mais comuns
da osteoporose; dois terços são assintomáticas e o restante
pode se manifestar como dor nas costas, perda de peso, cifo-
se e limitação das atividades por alterações posturais
• Múltiplas fraturas torácicas podem ocasionar doença pulmo
nar restritiva
• Fraturas de vértebras lombares podem causar constipação in
testinal, dor abdominal, distensão, redução do apetite e sa
ciedade precoce
• Fraturas de punho podem interferir em atividades diárias es
pecíficas
• Fraturas de quadril podem ocasionar internação prolongada,
imobilização, dependência funcional e aumento da mortalidade
136 OSTEOPOROSE
DIAGNÓSTICO
• Densitometria óssea é a tecnologia atualmente utilizada para
avaliação da densidade mineral óssea e diagnóstico de osteo-
porose
• Segundo a OMS, define-se osteoporose como T-score inferior
a - 2,5 desvios-padrão na densitometria óssea
TRATAMENTO
NÃO FARMACOLÓGICO
• Ingesta adequada/suplementação de cálcio e vitamina D
-N íveis adequados de cálcio: 1.200 a 1.500mg/dia de cálcio
elementar
- Níveis adequados de vitamina D: 800 a 1.000UI/dia para pes
soas com mais de 50 anos ou 30ng/mL
• Prática regular de exercícios resistidos e com carga
• Cessação de tabagismo e etilismo
• Investigação, prevenção e tratamento de outros fatores de risco
para quedas e fraturas
FARMACOLÓGICO
Mulheres na pós-menopausa e homens acima de 50 anos com:
• Fratura prévia de vértebra ou quadril
• T-score menor ou igual a -2,5
• T-score entre -1 e -2,5 associado a um dos seguintes
- Fratura de baixo impacto
- Fatores de risco para fratura
- Medidas não farmacológicas ineficazes (perda óssea persis
tente ou ocorrência de fratura de baixo impacto)
- Uso crônico de corticoide
• Há outro método para decisão do tratamento da osteo-
porose, com base nos critérios de FRAX ( Risk Asses-
ment Tool), desenvolvido para os países da América do Norte,
Europa, Ásia e Austrália. O objetivo é avaliar o risco de o in
divíduo ter fratura de quadril ou outra fratura osteoporótica
(coluna vertebral, antebraço e ombro) nos próximos dez
anos. Esse critério fundamenta-se nos valores da densitome-
tria óssea e nos fatores de risco para fratura embasados no
escore de FRAX, encontrado no site www.shef.ac.uk/FRAX
• Existem estudos sobre a nova terapêutica para osteoporose
ainda em andamento, como demonstrado no quadro 18.3
Ácido zoledrônico IV: 5mg, 1 vez/ano Reduz a incidência de fraturas vertebrais em 70% (com redução significativa em
1 ano), fratura de quadril em 41 % e fraturas não vertebrais em 25% em 3 anos
Raloxifeno VO: 60mg, 1 vez/dia Reduz o risco de fraturas vertebrais em 30% em pacientes com fratura prévia;
Modulador seletivo do reduz em 55% o risco em pacientes sem fratura
receptor de estrogênio Indicações: pacientes que não toleram bifosfonatos ou mulheres com
osteoporose e alto risco de câncer de mama invasivo
Terapia com Estrogênio conjugado: Não é a terapia de primeira escolha
estrogênio/ 0,625mg/dia, VO Indicações: sintomas climatéricos persistentes ou mulheres com indicação de
progesterona Valerato de estradiol: terapia antirreabsortiva que não toleram as outras drogas
1 - 2mg/dia, VO
Estradiol transdérmico:
25 - 50pg a cada 3 dias
PTH recombinante SC: 20pg, 1 vez/dia Estimula mais a formação óssea que a reabsorção, sendo eficaz para redução de
Teriparatida fratura em pacientes com osteoporose
OSTEOPOROSE
Deve ser usado no máximo até 2 anos (segurança e eficácia não foram
demonstradas após esse período)
Ranelato de estrôncio VO: 2g/dia (sachê) Tem ação anabólica e antirreabsortiva
Reduz fraturas vertebrais em 40% em mulheres pós-menopausa; fraturas não
vertebrais em 16% e fraturas de quadril em 36%
Reduz em 19% fraturas por fragilidade (quadril, punho, pelve, sacro, costela,
139
esterno, clavícula e úmero) depois de 3 anos de tratamento com 2g/dia
140 OSTEOPOROSE
Investigação adicional
t }
t
Uso inadequado de Medicação SC ou IV Uso de corticoides,
cálcio, vitamina D e/ou anticonvulsivantes,
terapia específica? heparina ou
levotiroxina?
Á Hipogonadismo?
Artrite reumatoide?
Mieloma múltiplo?
Sim Não
t
;
Intervenção específica Falha terapêutica?
FRATURA DE QUADRIL
INTRODUÇÃO
• Segunda maior causa de hospitalização entre pacientes idosos
• Estimam-se, em 2050, de 7 a 21 milhões de casos no mundo
• Na maior parte das vezes, relacionada a quedas ou tropeços
• Mortalidade: 5 a 10% no primeiro mês; cerca de um terço dos
pacientes morre um ano após a fratura
• Aproximadamente 10% dos sobreviventes tornam-se incapazes
de retornar ao lar
TRATAMENTO
• Tratamento conservador raramente é indicado, pois implica
em tempo de internação prolongado e maus resultados (dor
residual, dependência funcional)
• Tratamento cirúrgico é recomendado à maioria dos casos
• Com as técnicas cirúrgicas atuais, a maioria dos pacientes con
segue reabilitar-se precocemente
CUIDADOS PERIOPERATÓRIOS
• Tração do membro: sem evidência de benefício
• Prevenção de úlceras por pressão
- Incidência pós-fratura de quadril: 10 a 40%
- Conferem maior risco de infecção e maior tempo de internação
- Mudança de decúbito de 2 em 2h e utilização de superfícies
acolchoadas comprovadamente reduzem sua incidência
-Indicam-se colchões sofisticados (pressão alternante, por
exemplo) a pacientes com muito alto risco de desenvolver
úlceras por pressão (múltiplos fatores de risco)
• Tempo mínimo até o ato operatório
-Trata-se de uma urgência cirúrgica
- O adiamento da correção (mais de 48h) está associado a resul
tados adversos (mortalidade, úlceras por pressão, tromboem-
bolia pulmonar)
- Deve ser realizado 24 a 36h após a admissão, se possível
144 FRATURA DE QUADRIL
978-85-4120-027-1
C ap ítu lo 20
SINDROMES DEMENCIAIS
QUEIXA DE MEMÓRIA
t t
SIM NÃO
T a b e la 20.1 - A V A L IA Ç Ã O C O G N IT IV A (
Teste utilizado e valor
Domínio de referência (dados
cognitivo Conceito norte-americanos)
Abstração Capacidade de associar Similaridades (rosa/
objetos ou conceitos em tulipa; poema/
uma única ideia. Oposto estátua),
de concretização interpretação de
provérbios
Praxias Capacidade de formular, Pedir para repetir
coordenar e executar gestos ou fazer gestos
gestos ou atos motores conhecidos, como
saudar uma bandeira
Sequenciamento Capacidade de sequenciar Sequência
gestos ou atos motores grafomotora (pedir
para o paciente
desenhar um
desenho simples de
padrão alternado)
Adaptado de Moraes (2010) e Dekosky (2008).
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T a b e la 2 0 .2 - D IA G N Ó S T IC O D IF E R E N C IA L E N T R E D E M Ê N C IA S
SÍNDROMES DEMENCIAIS
comportamentais
Hidrocefalia de Apraxia da Déficit na Marcha Alargamento dos Aposição de sh u n t
pressão normal marcha, velocidade de magnética, com ventrículos (lateral, ventrículo
incontinência processamento, características terceiro e quarto) peritoneal
urinária e pensamento semelhantes às
demência de abstrato da doença de
início insidioso Parkinson
{continua)
l/l
152 SÍNDROMES DEMENCIAIS
T a b e la 2 0 .2 - D IA G N Ó S T IC O D IF E R E N C IA L E N T R E D E M Ê N C IA S ( )
Padrão Exame
Demência Primeiro sintoma cognitivo neurológico Neuroimagem Tratamento
Deficiência de Neuropatia Lentificação Alterações na RNM com alterações Suplementação de
vitamina B12 periférica, mental, perda marcha, de substância vitamina B12, que
alterações de memória e propiocepção, branca (alterações pode ser associada
psiquiátricas dificuldade de atrofia óptica na formação da às de ácido fólico
como depressão, concentração mielina) e vitamina B6
psicose e mania
Hipotireoidismo Humor depressivo, Lentificação da Miopatia, TC e RNM normais. Reposição de
labilidade velocidade do neuropatia SPECT com hormônios
emocional, pensamento, periférica, hipometabolismo tireoidianos e
insônia, déficit de movimentos fronto- antidepressivos
irritabilidade memória, coreiformes, temporoparietal
atencional e tremores,
alterações convulsões e
visuoespaciais oftalmoplegia
Pelagra Clássicos 4D: Lentificação da Polineuropatia, Reposição de
(deficiência de dermatite, velocidade de espasmos vitamina B6
niacina) diarreia, processamento, musculares,
demência, death déficit de tremor,
(morte) memória contraturas,
convulsões
Demência Pode haver Déficits na Hiper-reflexia, Atrofia cerebral Terapia
decorrente do apatia, velocidade de movimentos com significativa antirretroviral
HIV retraimento processamento, oculares alteração de Antidepressivos
social, delírios e esquecimentos, anormais, substância branca
alucinações desatenção e aumento do periventricular
dificuldade em tônus motor, FDG-PET com
resolução de clônus, tremor e hipometabolismo
problemas ataxia subcortical
T a b e la 2 0 .2 - D IA G N Ó S T IC O D IF E R E N C IA L E N T R E D E M Ê N C IA S ( )
Padrão Exame
Demência Primeiro sintoma cognitivo neurológico Neuroimagem Tratamento
Pseudo- Instalação mais Déficit Geralmente TC e RNM normais Antidepressivos
demência rápida quando atencional, normal
(depressão) comparada com alteração na
as demências, memória
humor episódica
deprimido, não se recente
engaja nas
tarefas propostas
à avaliação
Doença de Demência Variável Doença de Sinal do arco-íris Não existe
Creutzfeldt- rapidamente Parkinson, cortical,
-Jacob progressiva, variável hiperintensidade
parkinsonismo dos gânglios basais
Modificado de Detosky (2008) e Miller (2009).
SÍNDROMES DEMENCIAIS
978 85 4120 027-1
-
-
-
153
SÍNDROMES DEMENCIAIS
T a b e la 2 0 .3 - E S T A D IA M E N T O C L ÍN IC O D A S D E M Ê N C IA S
Dano Nenhum (0) Questionável (0,5) Leve (1) Moderado (2) Grave (3)
Memória Sem perda de Esquecimento Perda de Perda grave de Perda de memória
memória ou constante, memória memória, grave. Apenas
perda leve e recordação parcial moderada, mais apenas assunto fragmentos são
inconstante de eventos para eventos a tamente recordados
recentes, aprendido é
atrapalha as recordado
atividades da
vida diária
Orientação Completa Completamente Dificuldade Dificuldade Apenas orientado
orientação orientado, com moderada em grave em em relação a
leve dificuldade relação ao relação ao pessoas
em relação ao tempo, tempo, quase
tempo orientado em sempre
áreas familiares desorientado
no espaço
Julgamento e Resolve problemas Dificuldade leve Dificuldade Dificuldade séria Incapaz de fazer
solução de diários, como para solucionar moderada para para lidar com julgamento ou
problemas problemas problemas, lidar com problemas, resolver problemas
financeiros; similaridades e problemas, similaridades e
julgamento diferenças similaridades e diferenças,
preservado diferenças, julgamento
julgamento social
social mantido danificado
T a b e la 2 0 .3 - E S T A D IA M E N T O C L ÍN IC O D A S D E M Ê N C IA S ( )
Dano Nenhum (0) Questionável (0,5) Leve (1) Moderado (2) Grave (3)
Relações Função Leve dificuldade Não é Não há Não há
comunitárias independente no nessas tarefas independente independência independência fora
trabalho, nessas fora de casa, de casa, parece
compras, grupos atividades, parece bem o doente o bastante
sociais parece normal bastante para para ser levado fora
em uma ser levado fora de casa
inspeção casual de casa
Lar e Vida em casa, Vida em casa, Prejuízo suave Apenas tarefas Sem função
passatempos passatempos e passatempos, em tarefas em simples são significativa em
interesses interesses casa, tarefas preservadas, casa
intelectuais bem intelectuais mais difíceis, interesses muito
mantidos levemente passatempo e restritos e
prejudicados interesses pouco mantidos
abandonados
Cuidados Completamente Completamente Necessita de Requer Muita ajuda para
pessoais capaz de cuidar-se capaz de cuidar-se ajuda assistência para cuidados pessoais,
SINTOMAS COMPORTAMENTAIS
E PSICOLÓGICOS DA DEMÊNCIA
DEFINIÇÃO
São os sintomas não cognitivos relacionados à demência, que po
dem resultar em institucionalização precoce, sofrimento emocio
nal para pacientes e cuidadores, aumento de custos financeiros,
dificuldades no manejo clínico e pior prognóstico.
DIAGNÓSTICO
• Anamnese
• Exame físico
• Afastar deli ri um
• Caracterizar bem o sintoma
• Caracterizar o quanto afeta o cuidado
SINTOMAS
A seguir, os sintomas mais comuns e a forma de se abordar fa
miliares e cuidadores a fim de se identificar tais presenças
(Adaptado de Kaufer, 2000).
• Delírio: o paciente acredita que os outros o estejam rouban
do ou que o cônjuge o esteja traindo?
• Alucinação: o paciente fala que está vendo coisas que não
existem ou fala com pessoas que não estão presentes?
• Agitação/agressividade: apresenta resistência aos cuidados
ou não é cooperativo?
• Disforia: age ou fala como se estivesse deprimido?
• Ansiedade: parece estar sempre preocupado com as coisas
que tem de fazer?
• Euforia: acha graça ou ri de situações que não são engraçadas?
• Apatia: parece menos ativo ou espontâneo que o habitual?
• Desinibição: faz comentários grosseiros ou que normalmente
não faria?
158 SINTOMAS COMPORTAMENTAIS E PSICOLÓGICOS DA DEMÊNCIA
TRATAMENTO
NÃO FARMACOLÓGICO
• O entendimento da doença de base, de sua evolução e da
existência dos sintomas pela família/cuidador é fundamental
para o melhor tratamento
• Verificar quais os tipos e a qualidade dos vínculos afetivos
entre paciente e familiares/cuidadores, antes e depois da ins
talação da doença
• Verificar possíveis situações de sofrimento para os cuidadores
• Higiene do sono: evitar estimulantes (cafeína, chá verde, etc.)
ou estimulação diurna para evitar cochilos
• Corrigir causas de desconforto para pacientes e familiares
• Estabelecer rotinas na alimentação
• Oferecer um alimento por vez
• Higiene oral para melhorar o paladar
• Verificar dentição ou ajustamento de próteses
• Verificar ocorrência de lesões na orofaringe
• Estabelecimento de rotinas
• Atividade física programada
• Terapia de orientação para a realidade
• Exposição à luz
• Reabilitação neuropsicológica
-Terapia ocupacional
- Musicoterapia
-Arte-terapia
FARMACOLÓGICO
Existem diversas opções de tratamento farmacológico para o con
trole de sintomas. Antipsicóticos estão associados a eventos
cerebrovasculares, maior incidência de pneumonia e morbimorta-
lidade, devendo ser usados em sintomas psicóticos por períodos
curtos e na menor dose possível.
SINTOMAS COMPORTAMENTAIS E PSICOLÓGICOS DA DEMÊNCIA 159
Antidepressivos
Citalopram 10 - 40mg/dia Reduz a agitação
Ansioliticos
Lorazépam 0,5 - 5mg/dia Controle de agitação
aguda
Antipsicóticos atípicos
Clozapina 25 - 50mg ao deitar Diminui psicose induzida
pelo tratamento da
doença de Parkinson
Olanzapina 2,5 - 10mg ao deitar Diminui agitação e
agressividade
Quetiapina 12,5 - 200mg ao deitar Medicamento de escolha
para pacientes com
parkinsonismo
Risperidona 0,5 - 1mg ao deitar Melhora psicose e
agitação
Antipsicóticos típicos
Haloperidol < 1,5mg/dia Melhora da agitação
aguda e do delirium
Adaptado de Rayner et al.
STUDENSKI, S.; PERERA, S.; PATEL, K. Gait speed and survival in older adults.
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ÍNDICE REMISSIVO
A B
Acetilcolina, 22 Boca seca, 86
Ácido hialurônico, 128 Bradicinesia, 104
Actigrafia, 96 Bulimia, 86
Acuidade
auditiva, 13
visual, 2, 13
c
Agentes pró-cinéticos, 71 Cálcio, 137
Álcool, 11 alginato, 54
Alginato de cálcio, 54 cristais, 125
Alimentação redução, 132
enteral, 77 Câncer, 13
parenteral, 77 Caquexia, 75
Alopecia, 75 Cartilagem, 124
Alucinações, 82 Cataplexia, 97
Amantadina, 110 Catarata, 2
Aneurisma, 12 Cefaleia, 93
Anquilose, 125 Ciclo sono-vigília, 96
Ansiedade, 78, 105, 111 Cirurgia bariátrica, 94
Antidepressivos Citocinas, 22, 124
posologia e efeitos colaterais, 871 Citologia oncótica, 14
Apatia, 105 Claudicação, 126
Apneia, 93
Colágeno, 66
-hipopneia, índice, 93
Colonoscopia, 14
obstrutiva do sono, 112
Condrócitos, 124
Arritmias, 86, 98
Constipação, 105, 113
Artrodese, 131
em idosos, fatores de risco, 67
Artroplastia, 131
intestinal, 66
Ataxia, 102
Atividade física, 11 Convulsões, 86
Aura, 122 Corticoïdes, 128
Autoagressão, 85
Avaliação D
cognitiva, 5
do humor, 7 Dabigatrana, 144
funcional, 7 Déficit
geriátrica ampla, 1 auditivo, 2
socioambiental, 9 cognitivo, 5
H L
H and grip,4
Laxantes, 69
Hematoma subdural crônico, 107
Letargia, 86
Hemorroidas, 68
Hepatite B, 12 Levodopa, 107, 109
Herpes-zóster, 12 Linfadenopatia, 75
Hidrocefalia, 107
Hidrocoloides, 54
Hidrofibras, 54 M
Hidrogel, 54
Hipersonia, 97 Magnésio, sais, 70
Hipertensão, 85, 98 Manganês, 107
Hipnograma, 91 f Mania, 85
Hipomania, 112 Marcha
Hiponatremia, 85 alterações, 5
Hipopneia, 93 avaliação da velocidade, 16
Hipotensão, 86, 113 velocidade, 35
ortostática, 120 Medicamentos potencialmente
pós-prandial, 122 inapropriados, 20q
postural, 39 Megacólon, 68
Hipotireoidismo, 93 Melatonina, 95
Hormônio antidiurético, 85 Memória, distúrbio, 85
Menopausa, 132
Micção, fisiologia, 56
Micrografia, 105
l Miniavaliação nutricional, 3q, 74
Miotomia hioide, 94
latrogenia, 18 Mobilidade, 5
Idosos Mobilização, 145
expectativa de vida Monóxido de carbono, 107
como estimar, 15 Músculo detrusor, 56
medidas de prevenção, 11
Imobilização, 47
Incontinência, 15 N
fecal, 64
manejo, 65f Narcolepsia, 97
urinária, 4, 56 Neurossífilis, 107
abordagem, 61 f Noctúria, 93
índice apneia-hipopneia, 93 Nódulos de Bouchard, 125
Influenza, 12 Nortriptilina, 111
170 ÍNDICE REMISSIVO
Quedas, 5, 37
O algoritmo de manejo, AAf
Obstipação, 86 complicações, 45
prevenção, 43
Osteoartrite, 124
tratamento clínico, 129f
Osteoblastos, 132
Osteoclastos, 132 R
Osteoporose, 13, 115, 124, 132
Remodelamento ósseo, 132
fatores de risco, 133
Resíduo pós-miccional, 57
medicamentos Retenção urinária, 86
efeitos adversos e Rigidez, 104
complicações, 140g Ritmo circadiano, distúrbios, 95
tratamento, 138 Roncos, 93
Osteotomia, 131
Oxibato de sódio, 98
Oxicodona, 113
S
Sarcopenia, 33
P Saúde, autopercepção, 10
Seio carotídeo
Palpitação, 98 síndrome/hipersensibilidade, 121
Pânico, ataques, 78 Sialorreia, 113
Parassonias, 96, 112 Sigmoidoscopia, 14
Parestesia, 99 Síncope, 115
Parkinsonismo, 101 estratificação de risco, 117
Perambulação, 96 tipos, 116
Peristaltismo, 69 vasovagal, 122
Peso, perda, 72 Síndrome
Polifarmácia, 5 da apneia obstrutiva do sono, 93
Polissonografia, 93 da desregulação
Preensão palmar, força, 4t dopaminérgica, 112
Priapismo, 86 da fragilidade, 33
Prolapso retal, 68 da imobilidade, 46
Proteases, 124 das pernas inquietas, 94,105,112,
Próteses, colocação, 131 113
Psicose, 98, 112 de Costen, 126
Psicoterapia, 80 demencial, 147
Punding, 112
avaliação cognitiva, 148t
principais medicamentos,156t
parkinsoniana, 105g
Sondagem vesical, 145
Q Sono, 89
educação e higiene, 92q
Quadril padrão, 89
fraturas, 37 REM
cuidados perioperatórios, 143 distúrbio comportamental, 96
ÍNDICE REMISSIVO 171
ANESTESIOLOGIA
CARDIOLOGIA
GERIATRIA
MEDICINA ESPORTIVA
NEUROLOGIA
OTORRINOLARINGOLOGIA
PNEUMOLOGIA
PRONTO-SOCORRO
PSIQUIATRIA