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EBRAMEC - ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA

FILIPE FERREIRA SOARES SORIANO

COMPARAÇÃO ENTRE OS EFEITOS TERAPÊUTICOS DA


ACUPUNTURA SISTÊMICA E PASTILHAS DE ÓXIDO DE
SILÍCIO (STIPER) POR MEIO DO MÉTODO CRUZADO DE
TRATAMENTO EM ARTRALGIAS PERIFÉRICAS

COMPARISON BETWEEN THE THERAPY EFFECTS OF


SYSTEMIC ACUPUNCTURE AND SILICON OXIDE PAD
(STIPER) THROUGH THE CROSS METHOD OF TREATMENT
IN PERIPHERAL ARTHRALGIA

SÃO PAULO

2011
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FILIPE FERREIRA SOARES SORIANO

COMPARAÇÃO ENTRE OS EFEITOS TERAPÊUTICOS DA


ACUPUNTURA SISTÊMICA E PASTILHAS DE ÓXIDO DE
SILÍCIO (STIPER) POR MEIO DO MÉTODO CRUZADO DE
TRATAMENTO EM ARTRALGIAS PERIFÉRICAS

Trabalho apresentado à Escola Brasileira de Medicina


Chinesa - EBRAMEC - como requisito parcial à
conclusão do Curso de Pós-Graduação em
Acupuntura. Orientador: Dr. Reginaldo de Carvalho
Silva Filho.

SÃO PAULO

2011
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RESUMO

Introdução: As pastilhas de óxido de silício, conhecidas no Brasil como STIPER (Stimulation and
Permanency), têm a proposta de reordenar a frequência energética e consequentemente gerar
benefícios terapêuticos. O Método Cruzado de Tratamento (MCT) é empregado há milhares de anos
na China e é principalmente indicado para problemas ortopédicos e traumatológicos em articulações
periféricas quando o local acometido estiver inapropriado para receber a puntura. Este método
implica no estímulo de pontos contralaterais seguindo estas correspondências: ombro/quadril,
cotovelo/joelho e punho/tornozelo. Objetivo: O objetivo deste trabalho, além da comprovação da
eficácia do MCT, é verificar a capacidade analgésica imediata do STIPER, em relação à dor
articular em membros, e compará-los aos efeitos do agulhamento cruzado apresentados em estudo
anterior (FILGUEIRAS, 2006). Materiais e Método: 20 pacientes com queixa de dor articular em
membros foram divididos em dois grupos distintos com 10 pacientes cada, os quais foram
submetidos a tratamento com STIPER (real e controle). A dor foi avaliada mediante uma escala
visual analógica (EVA), para dor de 0 (ausência de dor) até 10 (dor insuportável), ambos antes e
após a aplicação das pastilhas. Resultados: No grupo controle, houve melhora média de 30,83% no
quadro álgico, e no grupo tratamento, a melhora foi de 42,62%. Conclusão: Não houve relevante
diferença entre os resultados obtidos nos grupos STIPER e STIPER controle, e, comparando-os aos
dados obtidos no estudo realizado por Filgueiras (2006), sugere-se que o STIPER seja uma
modalidade terapêutica de menor eficiência em comparação à acupuntura sistêmica.

Palavras chave: STIPER, dor, método cruzado de tratamento.

ABSTRACT

Introduction: The silicon oxide pad, known in Brazil as STIPER (Stimulation and permanency),
have proposed to reorder frequency energy and therefore lead to therapeutic benefits. The Cross
Method of Treatment (MCT) is used for thousands of years in China and is mainly indicated for
orthopedic and trauma in peripheral joints affected when is inappropriate to receive a puncture. This
method involves the following contralateral stimulation of these points matches: shoulder/hip,
elbow/knee and wrist/ankle. Objective: The objective of this work, as well as confirm the efficacy
of MCT, is to check the ability of the immediate analgesic of STIPER, in relation to joint pain in
limbs, and compare them to the effects of needling cross presented in a previous study
(FILGUEIRAS, 2006). Materials and Method: 20 patients complaining of joint pain in the limbs
were divided into two distinct groups with 10 patients each, which were treated with STIPER (real
and control). Pain was assessed by visual analogue scale (EVA) for pain from 0 (no pain) to 10
(unbearable pain), both before and after application of tablets. Results: In the control group showed
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average improvement of 30,83% in the pain, and in the treatment group, improvement was 42,62%.
Conclusion: There was no significant difference between the results obtained in the STIPER and
STIPER control groups, and comparing them to data obtained in the study by Filgueiras (2006),
suggests that the STIPER is a therapeutic modality to lower efficiency compared to systemic
acupuncture.

Keywords: STIPER, pain, cross method of treatment

INTRODUÇÃO

O Método Cruzado de Tratamento (MCT) é uma das diversas técnicas utilizadas na


acupuntura sistêmica e tem por base conceitos muito antigos dos textos clássicos chineses
apresentados em livros como o Princípio de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Huang Di
Nei Jing) e outros1,2.

Este método de seleção de pontos implica, basicamente, na escolha de pontos de acupuntura


de um lado do corpo para o tratamento de alterações do outro lado. Esta escolha basear-se-á nas
relações existentes entre as diferentes partes do corpo humano, estabelecidas através dos Canais e
Colaterais de Acupuntura (Jing Luo), utilizados para os tratamentos. Portanto, o método cruzado de
puntura trata pontos no lado oposto e na região inferior para patologias na região superior e pontos
no lado oposto na região superior para patologias na região inferior seguindo os Canais Unitários
(Liu Jing)1-5,7.

Esta técnica é principalmente indicada para o alívio de dores no sistema músculo-


esquelético e melhora na ADM em articulações apendiculares, quando o local acometido estiver
impróprio para receber a puntura, como uso de aparelho gessado pós-fratura e pós-cirurgia, em
processos infecciosos e inflamatórios graves entre outros, ou simplesmente como técnica adjunta a
outras técnicas2-4.

Neste estudo, os pacientes foram submetidos ao MCT com o uso de pastilhas de óxido de
silício (SiO2) que, no Brasil, são conhecidas como STIPER (abreviação para Stimulation and
Permanency) e são constituídas por um concentração pré-determinada deste mineral e ordenadas em
uma manta hipoalergênica, formando pastilhas de 13 mm de diâmetro por 3 mm de espessura5,6.

Estas pastilhas são indicadas para melhorar o metabolismo, acelerar reações enzimáticas,
aumentar a produção de oxigênio ativo, aumentar a permeabilidade capilar, causar relaxamento da
musculatura lisa e estriada, ativar a circulação sanguínea e linfática e reforçar a fagocitose na luta
contra a infecção e eliminação de resíduos. Na interação com as teorias da Medicina Chinesa, os
benefícios do STIPER incluem também regulação da energia corporal em busca do equilíbrio
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energético, ou seja, se forem síndromes com características de deficiência, as pastilhas causam


aumento de energia, se tiverem características de excesso, causam redução5,6.

O objetivo deste trabalho, além da comprovação da eficácia do tratamento cruzado, é estudar


os efeitos clínicos dos benefícios imediatos do STIPER, em relação à dor articular em membros, e
compará-los aos efeitos do agulhamento cruzado apresentados em estudo anterior7.

MATERIAIS E MÉTODO

Foram estudados 20 pacientes com queixa de dor articular aguda ao movimento (quadril,
joelho, tornozelo, ombro, cotovelo ou punho) matriculados no ambulatório da clínica-escola
EBRAMEC (Escola Brasileira de Medicina Chinesa) de São Paulo, capital. Estes participantes
receberam tratamento para suas algias com o uso de pastilhas de óxido de silício (STIPER) por
meio do Método Cruzado de Tratamento (MCT).

Os 20 participantes foram distribuídos em dois grupos iguais e distintos com 10 pacientes


cada, escolhidos por meio de sorteio. O grupo I recebeu tratamento com STIPER falso, sendo assim
o grupo controle (STIPER controle) e o grupo II (grupo tratamento), com STIPER real. Ambos os
grupos receberam uma única sessão de tratamento com apenas uma pastilha durante 5 minutos. O
local da aplicação foi determinado de acordo com o ponto mais dolorido relatado pelo paciente
(ponto Ashi), e a fixação do STIPER na pele foi realizada com fita hipoalergênica da marca 3M.

Para avaliação da intensidade de dor, foi utilizada uma escala visual analógica (EVA), sendo
que zero (0) determina ausência de dor e dez (10), dor muito grande e incapacitante. A avaliação
álgica foi realizada antes e logo após os cinco minutos de tratamento.

Os locais para colocação do STIPER foram selecionados com base em textos de Medicina
Chinesa sobre os Canais Unitários (Liu Jing) e de acordo com as seguintes correspondências para
tratamento cruzado: ombro/quadril, cotovelo/joelho e punho/tornozelo2,7.

Para que este estudo obtivesse maior credibilidade, durante a avaliação foi esclarecido ao
paciente que, dependendo do método de tratamento sorteado, talvez não ocorresse nenhuma
alteração de seu quadro álgico, evitando, assim, uma avaliação tendenciosa durante a análise
subjetiva de dor pela EVA pré e pós-tratamento. As avaliações foram realizadas por um único
avaliador, e este não soube qual o grupo STIPER e o grupo STIPER controle até o término do
estudo.
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RESULTADOS

Dos 20 pacientes selecionados, seis eram homens (30%) e 14 mulheres (70%). Quatro (20%)
apresentavam problemas em ombro, dois (10%) em cotovelo, dois (10%) em punho, oito (40%) em
joelho e quatro (20%) em tornozelo.

Em nenhum dos grupos analisados (STIPER e STIPER controle) foi percebido


homogeneidade em seus resultados. Observamos que tanto nos pacientes do grupo I quanto nos do
grupo II houve melhora na maioria dos pacientes. A melhora média da dor pela EVA do grupo I foi
de 30,83% (média pré = 6,0; média pós = 4,15), do grupo II foi de 42,62% (média pré = 6,1; média
pós = 3,5).

Nos dois grupos houve relatos de nenhuma mudança na dor pós-tratamento (quatro
pacientes no grupo I e dois pacientes no grupo II). Não houve nenhum relato de piora do quadro.

Figura 1: Tabelas do tratamento realizado com Stiper (Grupo I - STIPER controle) (Grupo II - STIPER)

GRUPO I -
LOCAL DA DOR EVA PRÉ EVA PÓS % DE MELHORA
STIPER controle

1 Tornozelo D 4 3,5 12,5%

2 Punho E 6 4 33,33%

3 Cotovelo D 6 2 66,67%

4 Joelho E 6 6 0%

5 Ombro E 4 0 100%

6 Joelho E 6 4 33,33%

7 Tornozelo D 4 4 0%

8 Cotovelo E 8 8 0%

9 Joelho E 10 4 60%

10 Ombro E 6 6 0%
7

GRUPO II -
LOCAL DA DOR EVA PRÉ EVA PÓS % DE MELHORA
STIPER

1 Joelho D 6 0 100%

2 Tornozelo D 5 0 100%

3 Joelho D 8 4 50%

4 Ombro E 6 4 33,33%

5 Punho D 8 5 37,5%

6 Joelho D 6 6 0%

7 Ombro E 6 6 0%

8 Tornozelo E 4 2 50%

9 Joelho E 6 4 33,33%

10 Joelho D 6 4 33,33%

DISCUSSÃO

Para este estudo, procurou-se analisar os benefícios imediatos do STIPER em pacientes com
dor aguda ao movimento em articulações periféricas e compará-los aos benefícios comprovados em
estudo anterior sobre Método Cruzado de Tratamento (MCT) com a utilização de agulhas.

Os resultados obtidos neste estudo mostraram que houve melhora da dor com o tratamento
realizado com as pastilhas de óxido de silício, porém, sugere que não houve diferença significativa
entre os resultados entre STIPER e STIPER controle, houve uma diferença de apenas 11,79% a
favor do STIPER real.

Ao comparar os resultados com o estudo realizado por Filgueiras (2006)7, que realizou um
estudo semelhante a este, porém utilizando-se de agulhamento ao tratar as dores pelo MCT,
observamos que houve uma melhora superior com o uso de agulhas. A melhora média da dor com a
acupuntura foi de 92%, enquanto que a melhora com o STIPER foi de 42,62% e com o STIPER
controle 30,83%.
8

100

80

60 STIPER controle 30,83%


STIPER 42,62%
40 Acupuntura com agulhas 92%

20

Figura 2: Porcentagem de melhora entre os três tratamentos discutidos

CONCLUSÃO

A comparação entre os dados obtidos entre STIPER e o STIPER controle sugere que não há
relevante diferença entre os efeitos propostos pelo STIPER e por tratamentos placebos, uma vez que
a diferença entre os dois tratamentos foi de 11,79%.

Com os resultados obtidos pelo estudo de Filgueiras (2006)7 foi possível equipará-los aos
deste estudo, o que nos mostrou que o tratamento imediato realizado com a acupuntura teve uma
melhora muito grande em comparação à do STIPER.

Porém, este foi apenas um estudo piloto e, portanto, há a necessidade de mais pesquisas
sobre a utilização das pastilhas de óxido de silício na Medicina Chinesa e até mesmo sobre o
Método Cruzado de Tratamento.

REFERÊNCIAS

1. Wang B. Princípios de medicina interna do Imperador Amarelo. São Paulo: Ícone, 2001.

2. Yamamura Y. Acupuntura tradicional: a arte de inserir. 2 ed. São Paulo: Roca, 2001.

3. Saidah R, Chueire AG, Rejaili WA, Peres NRB, Silva JBG, Schiav F. Acupuntura em relação a
dor, atividade física e a necessidade de apoio para a marcha, no pós-operatório das cirurgias
artroscópicas no joelho. Acta Ortop Bras. 2003 jan/mar;11(1):5-10.

4. Saidah R. Tratamento das algias do joelho pela acupuntura com a utilização da técnica “ao
oposto” da Medicina Tradicional Chinesa. [dissertação de mestrado]. São José do Rio Preto
(SP): Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto; 1997.
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5. Burigo FL, Silvério-Lopes S. Lombalgia crônica mecânica: estudo comparativo entre


acupuntura sistêmica e pastilhas de óxido de silício (stimulation and permanency - stiper). Rev.
Bras. Terap. e Saúde 2010;1(1):27-36.

6. Moreno J. As Pastilhas Stiper e a Fisioterapia. São Paulo, 2005. Stiper Brasil.

7. Filgueiras DZ. Tratamento da dor pela técnica de tratamento cruzado. São Paulo, 2006.
Monografia, Escola Brasileira de Medicina Chinesa.

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