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VIVEIROS/INSTALAÇÕES PARA CRIAÇÃO DE PEIXES

As instalações para peixes devem ser simples e funcionais.


Com relação às instalações, devem ser considerados os seguintes aspectos:
1 - Escolha do terreno - Não deve ser muito inclinado e nem muito plano, devendo ser argiloso
para não permitir infiltração.
2 - Água - Deve ser corrente, com capacidade para abastecer os tanques e isenta de poluentes.
3 - Tanques ou Viveiros - Podem ser feitos por escavação ou intercepção dos cursos d´água. O
viveiro deve ter um declive suficiente para que a água drene completamente no momento da
captura dos peixes.
4 - Cuidados gerais - Os tanques devem ser providos de ladrão, canos tipo cotovelo e canaleta em
volta de tanque para evitar entrada das enchurradas e assoreamento.
5 - Tamanho dos tanques - Os tanques não devem ser muito grandes e nem muito pequenos. O
tamanho ideal é de 1.000m2 acima. Os tanques facilitam o manejo dos peixes.
6 - Profundidade - Os tanques menores devem obedecer as seguintes profundidades: 1 m na parte
rasa e 1,5m na parte mais funda.
7 - Forma dos tanques - A forma dos tanques não tem muita importância, porém recomendam-se
tanques de forma retangular.
8 - Esvaziamento - Todos os tanques devem ser providos dos sistemas de esvaziamento tais como
Monge, tubo P.V.C. em forma de cotovelo, manilhas, tubos plásticos, etc.
9 - Entrada de água - Todos os tanques devem ter os sistemas de abastecimento individuais.

USO DE DEJETO DE SUÍNOS PARA ENGORDA DE PEIXES, FORNECIDOS DIRETA


E INDIRETAMENTE

Este trabalho foi realizado na Fazenda Experimental da EPAMIG, em Felixlândia-MG.


Utilizaram-se dois viveiros para engorda dos peixes, com área inundada de 1.000 m2 cada um.
Em um, colocaram-se 1.500 tilápias híbridas, compeso médio de 97 g. No outro, 1.500 machos
de tilápias, com peso médio de 234,5g. Para o fornecimento de dejetos, empregaram-se 20
suínos, com idade média de 82 dias e peso médio de 19,7 kg, alojados em baia de madeira, piso
ripado e área útil de 14m2, construída sobre o viveiro. Para o indireto, utilizaram-se outros 20
suínos, com idade média de 84 dias e peso médio de 19,87 kg, alojados em baia de alvenaria do
tipo convencional, piso compacto e área útil de 14,50m2, afastada 20m e lavada duas vezes ao
dia, sendo os dejetos conduzidos por canaleta até o viveiro.
O objetivo foi observar a engorda do suínos, associada à engorda de peixes, alimentados com os
dejetos e resíduos alimentares dos suínos. Nos dois casos, a relação inicial foi de 75
peixes/suínos e densidade (peixe/m2 ) de 1,5. A relação inicial de peso foi de 369,3g de peixe/kg
de suíno no processo direto, e de 885g de peixe/kg de suíno no indireto.
Resultados: No direto, o peso final do peixe foi de 435g, com ganho em peso vivo, médio diário
de 2,82g, produção final de 20kg de peixe/suíno e densidade de 1,03. O consumo médio de
ração/suíno foi de 263,14kg e a conversão alimentar, de 3,48kg. No indireto, o peso médio foi de
411g, com ganho em peso vivo médio diário de 1,47 g/peixe, produção final de 12kg de
peixe/suíno e densidade de 1,44. O consumo médio de ração foi de 258,87kg e a conversão
alimentar, de 3,31 kg. Obteve-se um retorno de 44,7% no direto, e de 27,26%, no indireto. Esses
percentuais correspondem à redução no custo da alimentação de cada suíno no período.
UTILIZAÇÃO DE DEJETO DE SUÍNOS NA
PISCICULTURA PRODUÇÃO CONSORCIADA

O uso de dejeto fresco de suíno para alimentar direta e, ou, indiretamente resulta um lucro
líquido mais elevado do que o uso de ração. Resultados de pesquisas têm sido aplicados na
prática, comprovando a importância da utilização do dejeto de suíno na piscicultura de maneira
econômica. Soma-se a isso uma grande oportunidade de impedir que as granjas dos suinocultores
liberem seus dejetos para jusante, provocando poluição ambiental, chegando a eliminar todas as
formas de vida aquícolas, conforme a concentração.
O uso dos dejetos de suínos para a piscicultura e o lucro líquido, variando conforme o sistema
utilizado. Em média, pode-se dizer que com 7 kg de dejeto de suíno produzem 1kg de peixe.
1- Produção de alevinos
Para qualquer espécie de peixe, o dejeto de suíno dá bons resultados, quando usado na
fertilização da água à base de 60 g/m2/semana para produção de plâncton. Ele é diluído e lançado
nas margens. Pode ser usado também como alimento, se coletado fresco e fornecido em
quantidades preestabelecidas (6% do peso vivo) nos horários de 8 e 16 horas diariamente.
2- Engorda de peixes
Há vários processos de utilização do dejeto de suíno com resultados econômicos variáveis para
cada um deles. Os processos de uso para engorda são: baia suspensa, canalizado, transportado,
fertilização da água e dejeto mais rações misturadas. A seguir, descreve-se cada um desses
processos.

2.1 - Baia suspensa


O nome baia suspensa significa a baia que fica sobre a água. Pode ser usada em viveiro e, ou,
açude. Antes de fazer o abastecimento com água ela é construída em uma área preestabelecida. A
sua localização é próximo à margem.
O número de suínos deve estar em função da área inundada, do alimento necessário ao peixe e do
tempo de sua engorda. No geral. usa-se 1 suíno por 100m2 de área inundada. A quantidade de
peixe dependerá da densidade populacional econômica de cada espécie, quando em mono e
policultivo. O policultivo é o mais recomendável para o melhor aproveitamento do dejeto e do
plâncton, que se forma, e é o que dá maior lucro líquido.
Um dos exemplos de policultivo, que dá bons resultados, é o uso de carpa comum, curimatá-pacu
e carpa-cabeça-grande. Estas têm hábitos alimentares diferentes, e a densidade populacional é de
1 peixe/2m2 de área inundada.
Com uso da baia suspensa, pode-se obter uma produtividade de 10t/ha/a e com um lucro líquido
de até 86%. É um sistema que atende à necessidade do peixe de comer pequenas porções, várias
vezes ao dia. Quando se usa baia suspensa, sempre é recomendada a carpa-cabeça-grande para
evitar acúmulo de plâncton, o que pode fazer com que o ambiente fique poluído e ocorra
mortalidade de peixes.
Considerando o crescimento do peixe e, como consequência, a necessidade de maior quantidade
de alimento, a quantidade de dejeto deve aumentar. Considerando, ainda, que o peixe fica em
engorda oito meses, isto é, de setembro a abril, e o suíno, quatro meses, isto indica, a grosso
modo, que se conseguem duas remessas de suínos prontos para o abate. Ocorre que, quando se
coloca um suíno com peso inicial de engorda com 20 kg, ele fornece 0,5 kg de dejeto e quando
termina, após quatro meses, está liberando 2 kg de dejetos. Então, deve-se reiniciar o processo
com quatro suínos.
2.2 - Dejeto canalizado
A pocilga é construída em solo firme e o piso é feito com declive para facilitar caminhamento do
dejeto até a uma canaleta, que chega até a água do viveiro ou do açude. Para que o dejeto chegue
à água para os peixes, a pocilga tem que ser lavada diariamente.
Há com isso aumento de despesas de serviços diários, e o dejeto chega ao final bastante diluído.
Por isso, as partículas menores diluem-se na água, transformando-se em plâncton, enquanto as
partes mais grossas e pesada do milho e do farelo de soja tendem a ir para o fundo e próximo à
margem. Esta é a parte que o peixe come indiretamente. Com este processo, a produtividade
pode cair para 5 a 7 t/ha/ano. O lucro líquido é significativamente diminuído, por causa dos
serviços de lavação diária e do menor ganho em peso médio.
Para este caso, constroem-se quatro pocilgas de terminação, enfileiradas nas margens, para
facilitar a canalização do dejeto. Uma baia deve ser lavada na parte da manhã e a outra, na parte
da tarde.
A densidade de suíno é de 1/100m2 de área inundada, e a quantidade de peixe deve ser
considerada a quantidade de dejeto diluído e o que é comido diretamente. Considerando-se as
espécies de hábitos alimentares diferentes, citadas no item 2.1., a quantidade de carpa -cabeça-
grande deve ser igual à soma de carpa comum e da curimatá-pacu. A densidade populacional é de
um peixe/2m de área inundada. O período de engorda dos peixes é de oito meses, isto é, de
setembro a abril.
2.3 - Dejeto transportado
Há duas situações diferentes a considerar:
a) O dejeto é juntado fresco, internamente transportado e colocado na água para alimentar os
peixes diretamente. O dejeto é coletado, externamente, e acumula-se com pouca água e daí é
transportado para alimentar os peixes duas vezes ao dia.
b) A quantidade, fornecida aos peixes, está em função do seu peso vivo existente no viveiro por
açude. Esta quantidade varia com a temperatura e o crescimento do peixe e, por meio de
amostragens, calcula-se a quantidade a ser fornecida na parte da manhã e da tarde.
Para coleta interna, há um retorno do lucro líquido maior do que o que é coletado internamente.
A produtividade pode variar de 2 a5 t/ha/ano.
As espécies e a densidade são apresentadas no item 2.1 (Baia suspensa).
2.4 - Dejeto na fertilização da água
Considerando-se as espécies e a densidade do item 2.1 (Baia suspensa).
O dejeto de suíno lançado na água, diluído à base de 60 g/m2/semana, independentemente do
ganho em peso dos peixes. O ideal é colocá-lo, em torno do viveiro, nas partes de menor
profundidade, para favorecer a sua transformação em plâncton e outros. A produtividade pode ser
de 2 t/ha/ano.
2.5 - Dejeto misturado em ração farelada
Junta-se o esterco fresco e o misturado com ração, composta de fubá (40%) e farelo de soja
(60%). Faz-se uma boa homogeinização e formará uma massa compacta. A seguir, é fornecida
aos peixes numa quantidade, calculada em função do peso vivo e fornecida duas vezes ao dia. O
peixe come pedaços ou porções inteiras. Usando uma mistura de 25% de dejeto e 75% de ração,
dá bons resultados. Pode-se chegar a 50% de cada e com pequeno lucro líquido a mais. A
produtividade pode ser de 2 a 5 t/ha/a e com lucro líquido bem menor que a baia suspensa, mas,
maior que os demais sistemas. Para essa situação, a quantidade de carpa é a soma do curimatá-
pacu e da carpa-cabeça-grande.
3. Engorda de tilápia (Orcochromis niloticus) com dejeto de suíno e ração
3.1 Tratamento 1: Dejeto fresco de suíno
Peixes alimentados com dejeto fresco de suíno, duas vezes ao dia, colocado em gaiolas de
alimentação em quantidade, controlada visualmente, e numa densidade inicial de dois peixes/m 2
dão uma produtividade de 4.747 t/ha/ano. No experimento o peso médio inicial foi de 25,3 g,
dando na apuração 100,86 g para os machos, com ganho de peso 0,50g/dia, e 57,88 g para as
fêmeas, com ganho de peso de 0,20 g/dia. A conversão alimentar foi de 7,71:1.
3.2 Tratamento 2: Ração farelada
Na mesma densidade populacional, peixes alimentados com ração, duas vezes ao dia, colocada
em gaiolas de alimentação em quantidade controlada visualmente, deu uma produtividade de
19.778 t/ha/ano.
O peso médio inicial foi de 33,12 g, dando na apuração 344,8 g para os machos, com ganho de
peso de 2,06 g/dia, e 126,9 para as fêmeas, com ganho de peso de 0,62 g/dia. A conversão
alimentar foi de 1,76:1.
4. Nutrição de carpa espelho com dejeto de suíno e ração
O experimento constou de uma variável de dejeto fresco de suíno com raçãoT1 - dejeto 100% T2
- dejeto 75% + ração 25%, T3 - dejeto 50% + ração 50%, T4 - dejeto 25% + ração 75% e T5 -
ração 100%.
Resultou, ao final do experimento, maior lucro líquido para a mistura de 25% e 75% de dejeto na
ração farelada.
5. Observações finias
A utilização do dejeto de suíno para a produção de peixes possui um número significativo de
pesquisa relacionadas, mas exige continuidade. A EPAMIG é uma das empresas de pesquisas,
que estudam o uso de dejeto de suínos, desde 1976, e está havendo continuidade e, ainda,
considerando aspectos ambientais.
Há inúmeros trabalhos, implantados em propriedades rurais, comprovando os bons resultados
financeiros. O que foi aqui apresentado são apenas alguns resultados da utilização do dejeto de
suínos na produção de peixes.

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