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VOLUME 1
Outubro de 2021
Implementação de um sistema de gestão de
manutenção
Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Mecânica na Especialidade de Produção e Projeto
Autor
Leandro Jorge Barros Guimarães
Orientadores
Professor Doutor Altino Loureiro
Engenheiro Eleutério Fernandes
Júri
Professor Doutor Cristóvão Silva
Presidente
Professor Associado com Agregação Universidade de Coimbra
Professor Doutor Altino de Jesus Roque Loureiro
Orientador
Professor Catedrático da Universidade de Coimbra
Colaboração Institucional
AMOB GROUP
Agradecimentos
A presente dissertação é o culminar de um longo percurso de aprendizagem e de
um excelente capítulo da minha vida, sendo que quando o percurso é assim tão bom, o
alcance do objetivo tem um sabor agridoce pelo seu tom de término. Assim, resta-me
agradecer pela oportunidade, pela experiência e a quem nela participou.
Começo por agradecer ao meu seio familiar, à minha irmã e em especial aos
meus pais, por todo o apoio, pela educação e pelos valores transmitidos ao longo destes anos,
por me proporcionarem todas as condições e a estabilidade necessárias, tornando possível a
realização deste sonho. Serei eternamente grato pelo esforço.
À Ana, pelo amor, pelo incentivo e companheirismo durante este percurso.
Obrigado por seres um dos pilares mais importantes em todos os momentos.
Ao Professor Doutor Altino Loureiro, pela disponibilidade desde a primeira
abordagem, pela exigência e ajuda ao longo desta dissertação.
Agradeço à AMOB Group e em especial ao Engenheiro Eleutério Fernandes,
pela oportunidade para realização desta dissertação, pela disponibilidade prestada e por
todos os conhecimentos transmitidos ao longo deste período.
Ao Engenheiro Luís Soares, pelo acolhimento, pela incansável disponibilidade
e paciência no decorrer deste trabalho, o meu obrigado.
Aos Snyze, pela relação de amizade indiscritível de longos anos, por serem
pessoas com valores gigantes que definem na perfeição a palavra amizade e
companheirismo. Obrigado por estarem sempre presentes.
Estendo este agradecimento aos meus familiares, em especial aos meus avós pela
educação transmitida ao longo destes anos e por contribuírem para o meu crescimento
enquanto pessoa. Um destaque especial para o Edu, por ser um exemplo e fonte de
inspiração em busca do meu objetivo.
Por fim, ao grupo do Curral de Moinas e da Futebolada do DEM, pelo
companheirismo ao longo deste percurso académico e pelas aventuras vividas nestes anos,
levo estas amizades para vida. Coimbra será sempre sinónimo de saudade.
A todos, o meu MUITO OBRIGADO!
ii 2021
Resumo
Resumo
A competitividade empresarial tem vindo a aumentar com o consequente
aumento da concorrência, confrontando as empresas com a necessidade de evoluírem,
existindo um conjunto de características que lhes permitem diminuir os custos e melhorar a
qualidade dos produtos e serviços. A manutenção, quando bem exercida, surge como um
fator estratégico para garantir a máxima produtividade possível.
A presente dissertação é resultado do trabalho desenvolvido em parceria com a
AMOB Group, empresa especialista na produção de equipamentos de curvatura de tubos e
perfis, tendo como objetivo principal a implementação de um sistema de gestão de
manutenção, também conhecido por CMMS (Computerized Maintenance Management
System).
Assim, procurou-se fazer um levantamento das necessidades seguido de uma
análise da situação atual do método de gestão da manutenção praticado. Seguiu-se o
levantamento do inventário fabril bem como a criação de um sistema de numeração dos
equipamentos, definiu-se os planos de manutenção preventiva e elaborou-se um histórico
dos equipamentos com base nos registos de manutenção existentes.
Completos os passos anteriormente descritos, inseriu-se toda a informação no
sistema ERP (Enterprise Resource Planning), a fim de despontar e iniciar a monitorização
do programa. Por fim, ainda que não implementados, foram definidos os KPI’s (Key
Performance Indicator) para o sistema, para que no futuro próximo se possam tomar
decisões de gestão com apoio nestes. O acompanhamento e monitorização diária do sistema
de gestão de manutenção, apesar de curto período, permitiu identificar diversos erros e
problemas, comprometendo o funcionamento otimizado deste. Para este efeito, foram
apontandos e reportados os erros encontrados à empresa fornecedora do software, de forma
a ajustá-lo de encontro com as necessidades da empresa.
iv 2021
Abstract
Abstract
Business competitiveness has been increasing as a result of the rising
competition, confronting companies with the need to evolve, with a set of characteristics that
allow them to reduce costs and improve the quality of their products and services.
Maintenance, when properly exercised, emerges as a strategic factor to ensure maximum
productivity.
This dissertation is the result of work developed in partnership with the AMOB
Group, a company specialized in the production of bending equipment for tubes and profiles,
with the main objective being the implementation of a maintenance management system,
also known as CMMS (Computerized Maintenance Management System).
Thus, an attempt was made to carry out a survey of needs followed by an analysis of the
current situation of the maintenance management method used. This was followed by a
survey of the factory inventory as well as the creation of an equipment numbering system,
preventive maintenance plans were defined and an equipment history was drawn up based
on existing maintenance records.
After that, all the information was inserted into the ERP (Enterprise Resource Planning)
system, in order to emerge and start monitoring the program. Finally, although not
implemented, the KPI's (Key Performance Indicators) for the system were defined, so that
in the near future management decisions can be taken with their support. The support and
daily monitoring of the maintenance management system, altough during a short period,
allowed the identification of many gaps and technical problems, that were compromising the
well functioning of the system. Therefore, inumerous technological failures and bugs were
presented and reported to the software supplier, in order to adapt and adjust to the
enterprise’s needs.
vi 2021
Índice
Índice
Índice de Figuras.............................................................................................................. ix
Índice de Tabelas ............................................................................................................. xi
Simbologia e Siglas........................................................................................................ xiii
Simbologia ................................................................................................................. xiii
Siglas ......................................................................................................................... xiii
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................1
1.1. Objetivos .............................................................................................................1
1.2. Estrutura da dissertação .......................................................................................2
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ..............................................................................5
2.1. Manutenção .........................................................................................................5
2.1.1. História e evolução da manutenção ...............................................................6
2.1.2. Objetivos da manutenção ..............................................................................8
2.1.3. Importância e vantagens da manutenção .......................................................8
2.1.4. Tipos de manutenção ....................................................................................9
2.1.5. Custos de Manutenção ................................................................................ 12
2.2. Modelos de Gestão de Manutenção .................................................................... 14
2.2.1. TPM - Manutenção Produtiva Total ............................................................ 14
2.2.2. RCM – Manutenção Centrada na Fiabilidade .............................................. 18
2.3. Indicadores de desempenho................................................................................ 20
2.3.1. MTBF – Tempo Médio Entre Falhas........................................................... 20
2.3.2. MTTR – Tempo Médio de Reparação ......................................................... 21
2.3.3. MWT – Tempo Médio de Espera ................................................................ 21
2.3.4. Disponibilidade........................................................................................... 21
2.3.5. Taxa de avarias - λ ...................................................................................... 22
2.4. Sistemas de gestão de manutenção .....................................................................23
3. AMOB GROUP ....................................................................................................... 25
3.1. A empresa .......................................................................................................... 25
3.2. Volume de negócios........................................................................................... 26
3.3. Produtos fabricados............................................................................................ 28
3.4. Processo de fabrico ............................................................................................ 30
3.5. Manutenção na AMOB Group ........................................................................... 33
4. TRABALHO DESENVOLVIDO ............................................................................. 35
4.1. Análise da situação inicial .................................................................................. 35
4.2. Lista de equipamentos ........................................................................................ 36
4.3. Recolha e organização dos manuais ...................................................................39
4.4. Planos de manutenção ........................................................................................ 40
4.4.1. Planos Manutenção Autónoma .................................................................... 41
4.4.2. Planos de Manutenção Preventiva ............................................................... 41
4.5. Histórico dos equipamentos ............................................................................... 43
viii 2021
Índice de Figuras
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1. Evolução das expectativas da manutenção. (Adaptado de Moubray, 1997) .......7
Figura 2.2. Tipos de manutenção ...................................................................................... 10
Figura 2.3. Gráfico de custos vs Nível de manutenção. ..................................................... 14
Figura 2.4. Os 8 pilares do TPM....................................................................................... 17
Figura 2.5. Fiabilidade – Manutenibilidade – Disponibilidade. ......................................... 21
Figura 2.6. Gráfico Tempo vs Taxa de avarias. (Adaptado de Ramalho 2020) .................. 22
Figura 3.1. Vista aérea das instalações da AMOB. Fonte: AMOB Group ......................... 26
Figura 3.2. Presença global da AMOB. Fonte: AMOB Group .......................................... 27
Figura 3.3. Volume de negócios da AMOB. .....................................................................28
Figura 3.4. Geografia dos mercados da AMOB em 2020. ................................................. 28
Figura 3.5. Equipamentos produzidos. Fonte: AMOB Group ........................................... 29
Figura 3.6. eMOB Super Heavy Duty. Fonte: AMOB Group ........................................... 29
Figura 3.7. (a) Secção das vigas e tubos; (b) Secção das chapas.......................................30
Figura 3.8. (a) Secção da serralharia; (b) Secção da pintura. ............................................ 31
Figura 3.9. (a) Fresadora CNC; (b) Torno CNC. .............................................................. 31
Figura 3.10. Zona de montagem. Fonte: AMOB Group .................................................... 32
Figura 3.11. Organograma empresarial. Fonte: AMOB Group.......................................... 33
Figura 4.1. Sistema de numeração dos equipamentos ....................................................... 37
Figura 4.2. Exemplo de identificação dos equipamentos. .................................................. 38
Figura 4.3. Sistema de numeração das pontes rolantes ...................................................... 39
Figura 4.4. Árvore de processos de um equipamento ........................................................ 45
Figura 4.5. Formulário pedido de manutenção ..................................................................46
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Índice de Tabelas
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4.1. Registos de intervenções de manutenção dos anos 2019 e 2020 ..................... 35
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Simbologia e Siglas
SIMBOLOGIA E SIGLAS
Simbologia
𝝀 – Taxa de avarias
𝑪𝒅 – Custos diretos
𝑪𝒊 – Custos indiretos
𝑪𝑺 – Custos de imobilização e stock
Siglas
CMMS – Computerized Maintenance Management System
CNC – Computer Numeric Control
DEM – Departamento de Engenharia Mecânica
EN – European Norm
ERP – Enterprise Resource Planning
FCTUC – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
HMI – Human-Machine Interface
JIT – Just In Time
KPI – Key Performance Indicators
MIT – Massachusetts Institute of Technology
MP – Manutenção Produtiva
MTBF – Mean Time Between Failures
MTTR – Mean Time to Repair
MWT – Mean Waiting Time
OEE – Overall Equipment Effectiveness
PM – Preventive Maintenance
RCM – Reliability Centered Maintenance
TPM – Total Productive Maintenance
TQC – Total Quality Control
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INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Com a evolução industrial, a competitividade empresarial foi aumentando
consequentemente ao longo dos anos. Assim, a manutenção passou a ter um papel
fundamental no alcance dos objetivos de cada organização, havendo um conjunto de
características que possibilita à empresa atingir esses objetivos e ganhar destaque perante a
concorrência. Para garantir essa competitividade é necessário que os ativos se encontrem no
melhor estado, procurando a máxima eficiência desses, garantindo a qualidade dos produtos,
com o menor custo possível e o cumprimento dos prazos.
Neste sentido, considera-se a manutenção como um conjunto de tarefas desde
vistorias, reparações, rotinas preventivas, substituição de componentes, lubrificações, entre
outras ações, que visam a manter um equipamento no seu perfeito estado de funcionamento.
Um dos objetivos principais da manutenção, além de certificar o máximo de tempo de vida
útil de um equipamento, é reduzir e evitar as falhas, procurando obter e manter a
maximização da produtividade num equipamento, assim como a fiabilidade.
É possível considerar que a manutenção se encontra num grau de importância
igual ao da área da produção, tendo uma relação direta na estratégia organizacional, uma vez
que não alcançando a disponibilidade desejada dos equipamentos, também não é possível
cumprir os planos de produção.
Posto isto, além dos custos associados aos serviços de manutenção e reparações,
existem outros custos indiretos associados às perdas geradas pela indisponibilidade nos
equipamentos, provocados por falhas e interrupções nas linhas de produção. Nesta
perspetiva, a manutenção preventiva toma uma posição importante numa empresa que
procura a diminuição ou até mesmo a eliminação de falhas e desperdícios, evitando assim
paragens não programadas que se traduzirão num aumento dos lucros.
1.1. Objetivos
A presente dissertação foi realizada no âmbito de um estágio curricular, na
unidade industrial da AMOB Group, em Vila Nova de Famalicão. Após o primeiro contacto
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INTRODUÇÃO
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1. Manutenção
Atualmente, a competitividade empresarial tem vindo a aumentar com o
consequente aumento da concorrência confrontando as empresas com a necessidade de
evoluírem, sendo um conjunto de características que permite obter bons resultados e
destaque face à concorrência. Esta competitividade é fundamental para que a empresa se
torne inovadora e trabalhe todos os dias à procura da qualidade e com o objetivo de satisfazer
o cliente.
Contudo, estas entidades também têm vindo a adotar políticas que lhes permitem
diminuir os custos e aumentar a qualidade dos produtos ou até mesmo dos serviços. A
utilização da manutenção industrial, tem vindo a ganhar uma grande importância na gestão
das empresas, uma vez que traz um conjunto de benefícios bem consideráveis para o seu
desempenho.
Segundo a norma EN 13306 [1], o conceito de manutenção é caracterizado pela
combinação de todas as ações técnicas, administrativas e de gestão, durante o ciclo de vida
de um equipamento, com o objetivo de manter ou repor o equipamento num estado em que
seja possível desempenhar as funções para o qual foi projetado. A gestão de manutenção,
nesta norma, é definida como um conjunto de todas as atividades de gestão que determinam
os objetivos, a estratégia e responsabilidades correspondentes à manutenção.
Para Cabral [2], a manutenção define-se como um conjunto de ações que visem
a assegurar um bom funcionamento das máquinas e instalações, garantindo que as
intervenções são efetuadas de forma a evitar a perda de função ou rendimento, não
comprometendo a disponibilidade do equipamento.
O autor Monchy [3] considera a manutenção dos equipamentos de produção um
elemento-chave quer para a produtividade como para a qualidade dos produtos, uma vez que
a disponibilidade dos equipamentos tem tendência a aumentar. Este ainda acrescenta que por
maior que seja a importância do serviço de manutenção, esta não pode ser vista como um
fim para alcançar um objetivo, mas sim um meio para ajudar a produção.
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
utilizada pela Norma Europeia 13306 [1], onde existem três grandes classes da manutenção,
sendo que a manutenção preventiva se divide em diferentes subcategorias como indica a
Figura 2.2.
Manutenção
Condicionada/
Sistemática
Preditiva
Figura 2.2. Tipos de manutenção
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
12 2021
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Custos diretos (Cd) – estes custos estão relacionados com o próprio serviço de
manutenção, envolvendo várias despesas como:
• Mão-de-obra;
• Despesas globais fixas (salários, energia, comunicações, etc.);
• Materiais consumíveis e sobresselentes;
Custos de imobilização dos stocks (CS) – são custos relativos à posse de stocks,
ferramentas e máquinas, encargos de armazenagem e de seguros.
O custo total de manutenção é dado pela equação:
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐶𝑑 + 𝐶𝑖 + 𝐶𝑆 (2.1)
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Em que:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜
𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = (2.3)
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜
Segundo Nakajima, aquando a sua experiência, o valor ideal do OEE deverá ser
de 85% em que:
Disponibilidade > 90%
Qualidade > 99%
Performance > 95%
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
∑ 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎
𝑀𝑊𝑇 = (2.8)
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑠
2.3.4. Disponibilidade
A disponibilidade é uma relação direta entre fiabilidade e a manutenibilidade,
como mostra a Figura 2.5, em outros termos, é a capacidade de um equipamento executar
uma operação sob determinadas condições durante um período de tempo pré-definido ou
instante, assegurando todos os recursos necessários
𝑀𝑇𝐵𝐹
𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = (2.9)
𝑀𝑇𝐵𝐹 + 𝑀𝑇𝑇𝑅 + 𝑀𝑊𝑇
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑠 1
𝜆= = (2.10)
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑀𝑇𝐵𝐹
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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AMOB GROUP
3. AMOB GROUP
3.1. A empresa
Tudo isto começa nos anos 50 quando o Sr. António Barros trabalhava por conta
de outrem numa pequena oficina que fabricava máquinas agrícolas e com o passar dos anos
se ia deparando com a escassez de qualidade nas máquinas de curvar tubo. Com um espírito
crítico e ambicioso, também segundo o feedback dos clientes, este assumiu ao dono da loja
que conseguiria produzir uma máquina de curvar tubo e com melhor qualidade do que as
que eram vendidas pelo seu fornecedor.
O fornecedor desafiou-o então a produzir esse equipamento, nascendo assim, em
1960, o projeto AMOB (com as iniciais do seu nome - António Martins Oliveira Barros),
transformando a sua garagem numa pequena oficina. Com o passar dos anos o espaço
dedicado à sua atividade foi evoluindo até às atuais instalações.
Sediada em Vila Nova de Famalicão, acompanha a evolução do mercado sem
esquecer o legado de 60 anos de história e preservação de gerações, sendo que atualmente a
empresa é liderada pelo seu filho Manuel Barros e pelos seus netos Manuel António Barros
e Inês Barros.
Conceituada a nível mundial pelo fabrico de equipamentos para curvatura e
conformação de tubos e perfis, atende a todas as necessidades de inúmeros setores industriais
como o naval, automóvel, aeronáutica, petrolífera, construção, entre outros.
Uma vantagem competitiva aliada a um fator altamente diferenciador é o facto
da AMOB produzir equipamentos customizados conforme as exigências do cliente,
ganhando destaque face à concorrência.
A unidade industrial está munida de equipamentos produtivos com a mais
elevada tecnologia, desde centros de maquinação, tornos e fresadoras convencionais, CNC,
bem como equipamentos de corte, punçonagem e curvatura, de modo a garantir os mais altos
padrões de fabrico.
Até à data, as instalações sofreram vários processos de modernização e
adaptação às necessidades do mercado, ocupando uma área de 18.000 m², empregando mais
de 160 colaboradores, com um horário de laboração das 6h às 22h, desfasado em três turnos,
satisfazendo todas as necessidades dos clientes.
Figura 3.1. Vista aérea das instalações da AMOB. Fonte: AMOB Group
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AMOB GROUP
| VOLUME DE NEGÓCIOS
17033 299 €
16342 343 € 16303 630 € 16097 927 €
14488 500 €
Ásia
3%
África
2%
Mercado
Intracomunitário
Europa (outros)
40%
2%
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AMOB GROUP
(a) (b)
Figura 3.7. (a) Secção das vigas e tubos; (b) Secção das chapas.
A figura (a) corresponde à secção onde chegam vigas, tubos e perfis de aços
carbono e baixa liga, alumínio e aço inoxidável, que são submetidos ao corte por serrotes de
fita, formando blocos de metal prontos a serem maquinados, mais concretamente em tornos.
A figura (b) mostra a secção que armazena as chapas de aço, sendo estas sujeitas ao corte
através de dois equipamentos de oxicorte, originado blocos ou barras de aço, conforme o
pedido. Estes blocos podem seguir para a zona da serralharia ou para os centros de
maquinação.
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AMOB GROUP
(a) (b)
Figura 3.8. (a) Secção da serralharia; (b) Secção da pintura.
(a) (b)
Figura 3.9. (a) Fresadora CNC; (b) Torno CNC.
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AMOB GROUP
termos de gestão, uma vez que este método se baseia na reparação e resposta aos pedidos de
intervenção ou avarias, quando solicitados. Em termos de gestão e resposta, a prioridade é
sempre dada às avarias que provocam paragem de produção, uma vez que existem pedidos
de intervenção diariamente, sendo realizada uma manutenção preventiva nos equipamentos
mais críticos e importantes para a produção quando há disponibilidade por parte dos técnicos
de manutenção. O facto de todo este serviço estar atribuído a apenas os dois técnicos cria
uma enorme dependência da produção, podendo originar consequentemente uma sobrecarga
do trabalho.
Até ao ano de 2019 a manutenção funcionava por comunicação verbal em que
as intervenções, quando eram necessárias, eram requeridas pelos operadores de cada
equipamento aos técnicos de manutenção ou aos responsáveis. Não havendo registos de
pedidos nem registos das atividades de manutenção executadas, verificou-se a falta de um
histórico de cada equipamento até essa data. A partir desse ano, incutiu-se o hábito do
preenchimento por parte dos operadores das folhas de pedidos de intervenção, sendo que
estas apontam a data e hora do pedido e descrevem a avaria, sendo entregues ao responsável
da manutenção. Após a análise do pedido de intervenção, este é assinado e autorizado pelo
responsável da manutenção, sendo entregue ao técnico da manutenção juntamente com uma
folha do registo da manutenção. Nesta última, o técnico preenche a folha com as datas e
horas de início e conclusão da atividade de reparação, a descrição do trabalho executado e
uma lista do material substituído, podendo acrescentar no final, caso seja necessário, uma
descrição com as causas da avaria ou observações acerca do equipamento. No Anexo A é
possível observar o template dos pedidos de intervenção e do registo de manutenção.
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TRABALHO DESENVOLVIDO
4. TRABALHO DESENVOLVIDO
2019 2020
Nº de registos 31 33
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TRABALHO DESENVOLVIDO
401ACA e 401MAQ, sabe-se que os dois equipamentos estão presentes no setor 401 sendo
que o primeiro se encontra na zona de acabamento desse setor e o outro na zona de
maquinação.
Posto isto, o código e o setor estão associados, pois um permite identificar o
equipamento, sendo que através do setor obtém-se a localização deste na fábrica.
Colocou-se em todos os equipamentos uma etiqueta com o nome da máquina, o
código de identificação e o respetivo código de barras, como mostra a Figura 4.2, facilitando
ao operador ou qualquer pessoa em questão o preenchimento dos pedidos de intervenção,
assim como aceder ao perfil do equipamento através do sistema ERP.
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TRABALHO DESENVOLVIDO
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TRABALHO DESENVOLVIDO
• Guilhotinas (2);
• Quinadoras (2);
• Serrotes industriais (11);
• Tornos CNC (14);
• Pontes rolantes (21).
No sistema, cada tarefa é referente a uma operação de manutenção, pelo que será
necessário criar operações para cada tarefa a executar. Por questões de organização e
identificação, o ponto “Item” corresponde à numeração da operação, em que se atribuiu a
sigla “MN”, seguido de uma numeração sequencial. A numeração foi feita de 5 em 5 de
forma a que caso apareça ou seja necessária a introdução de mais operações em algum
equipamento no futuro essa numeração disponível possa ser utilizada.
Posto isto, no Apêndice D encontra-se disponível um exemplo de um plano de
manutenção preventiva.
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TRABALHO DESENVOLVIDO
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TRABALHO DESENVOLVIDO
designada por DYP (Define Your Process). É, portanto, necessário parametrizar as operações
de manutenção com a periocidade correspondente, assim como a zona de trabalho, formando
o plano de manutenção preventiva de cada máquina. A Figura 4.4 representa a árvore de
processos de um equipamento, que contém o plano de manutenção.
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TRABALHO DESENVOLVIDO
A partir das ordens de trabalho vai ser possível obter um histórico detalhado das
intervenções efetuadas nos equipamentos, possibilitando a realização de estudos para
prevenir potenciais falhas futuras.
𝑀𝑇𝐵𝐹
𝐷𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = (4.4)
𝑀𝑇𝐵𝐹 + 𝑀𝑇𝑇𝑅
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CONCLUSÕES
5. CONCLUSÕES
Atualmente, a manutenção industrial tem vindo a manifestar-se como uma chave
de sucesso para empresas que possam aumentar o seu processo produtivo, alcançando assim
os objetivos estipulados, através da otimização dos níveis de eficiência dos equipamentos
bem como a elevada disponibilidade. É lógico que a aplicação de um método de gestão da
manutenção preventiva acarreta vários custos para uma empresa, sendo que esse gasto
também deve ser entendido como um benefício que tem como objetivo evitar os custos
indiretos quer por indisponibilidade ou até mesmo falta de qualidade.
Em relação à manutenção, é evidente que a AMOB ainda tem um longo caminho
percorrer, estando ciente do seu posicionamento e do impacto que este setor tem para uma
empresa desta dimensão, com um elevado número de equipamentos e a carga de trabalho
com que labora diariamente.
Nesta que foi a minha primeira experiência em ambiente industrial, começou-se
por compreender o processo produtivo de forma a avaliar o impacto que os equipamentos
fabris e as paragens não programadas têm no ciclo de produção. O método utilizado na gestão
da manutenção era um procedimento de gestão completamente desatualizado face as
exigências da produção, sentindo uma necessidade de inovação que acompanhe o
crescimento da empresa nos últimos anos. Ciente da situação, a empresa tomou o primeiro
passo adquirindo um software de manutenção, permitindo a informatização dos dados de
cada equipamento e sendo um apoio valioso na gestão da produção e da manutenção.
Numa primeira análise, e observando os valores da Tabela 4.1, a falta de mão de
obra especializada reflete-se nos tempos de espera para reparações, constituindo um
problema considerável para a empresa, uma vez que promove um aumento da
indisponibilidade nos ativos. Para colmatar este problema, além do objetivo primordial da
dissertação, adotou-se a metodologia de manutenção autónoma, de forma a aliviar a carga
de trabalho dos técnicos de manutenção.
Esta nova jornada revelou-se exigente e complexa, enfrentando várias
dificuldades na realização desta dissertação, como a elaboração dos planos de manutenção
preventiva, visto o elevado número de equipamentos para aplicar uma manutenção planeada.
Isto exigiu uma exaustiva e complexa tarefa na recolha de informação em diversos manuais
e na organização da informação a catalogar. A dependência de respostas por parte da
empresa fornecedora do sistema também se revelou uma das maiores dificuldades sentidas,
consistindo um entrave diversas vezes na implementação do sistema de gestão.
Após a recolha, o tratamento e a introdução da informação no sistema, fizeram-
se vários testes de modo a compreender o funcionamento deste. Sendo esta a primeira versão
do sistema, este necessita de um acompanhamento e monitorização constante, daqui por
diante, para se encontrarem as funções necessárias a um funcionamento otimizado e mais
próximo da realidade possível. Porém, o período do estágio curricular não foi o suficiente
para a aplicação de ações de melhoria no programa, nem para a obtenção de dados do real
impacto do trabalho efetuado, uma vez que se trata de um projeto de longo prazo (1 a 2
anos).
50 2021
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] CEN, Norma Europeia de Manutenção DIN EN 13306. 2007.
[2] J. P. S. Cabral, Organização e Gestão da Manutenção - dos conceitos à prática...,
Lidel, 6a Edição Lisboa, 2006.
[3] F. Mounchy, A função manutenção – formação para a gestão de manutenção
industrial. Masson S.A., Paris, 1987.
[4] J. Moubray, Reliability Centered Maintenance, Industrial Press Inc. & U.S., 2a
Edição, 1997.
[5] Teófilo Cortizo Moreira Neto, “A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DO SISTEMA
DE GESTÃO DE MANUTENÇÃO,” 2017. https://www.webartigos.com/artigos/a-
historia-da-evolucao-do-sistema-de-gestao-de-manutencao/75650 (accessed Mar. 17,
2021).
[6] Pedro José Dias Marques, “Implementação de um Sistema de Manutenção
Preventiva,” Universidade de Aveiro, 2009.
[7] E. Fernandes, “Produtividade Pela Manutenção,” 2005.
[8] M. Brito, “Manual Pedagógico PRONACI,” 2003.
[9] V. M. Pinto, Gestão da manutenção. Lisboa, 1994.
[10] J. P. S. Cabral, GESTÃO DA MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS,
INSTALAÇÕES E EDIFÍCIOS, Lidel 3a Edição. 2013.
[11] D. Choudhary, “6ME6 . 3A : MAINTENANCE MANAGEMENT,” no.
February, 2016.
[12] C. V. Pinto, Organização e Gestão da Manutenção. Monitor 1a Edição. 1999.
[13] Amilcar Ramalho, Manutenção - Análise de custos. 2020.
[14] Seiichi Nakajima, Introduction to TPM - Total Productive Maintenance.
Portland, OR, 1988.
[15] Consultores em Gestão Industrial - Giagi, “Gestão da Manutenção e
Disponibilidade dos Equipamentos,” pp. 1–138, 2007.
[16] C. Barros and M. Massala, “Reliability Centered Maintenance (RCM) –
implementação e benefícios,” 2020.
52 2021
ANEXO A
54 2021
ANEXO B
56 2021
APÊNDICE A – Lista de Equipamentos
58 2021
APÊNDICE A – Lista de Equipamentos
60 2021
APÊNDICE B – Lista Pontes Rolantes
Código Descrição
PNT101 03.551.12 [10 TON]
PNT102 03.552.12[10 TON]
PNT103 03.553.12[10 TON]
PNT104 03.556.11 [16 TON]
PNT201 03.522.12 [10 TON]
PNT202 1297.1.15 [2 TON]
PNT203 1297.4.15 [1,6 TON]
PNT204 03.559.12 [2 TON]
PNT205 1297.3.15 [1,6 TON]
PNT206 1297.2.15 [1,6 TON]
PNT207 03.558.12 [10 TON]
PNT301 03.530.12 [6,3 TON]
PNT302 1297.6.15 [1,6 TON]
PNT303 1297.5.15 [1,6 TON]
PNT304 03.523.11 [10 TON]
PNT305 04.761.17 [45 TON]
PNT306 12 [20 TON]
PNT401 03.554.11 [32 TON]
PNT402 03.548.1 [25 TON]
PNT403 03.531.12 [6,3 TON]
PNT404 03.532.12 [6,3 TON]
62 2021
APÊNDICE C - Plano de Manutenção Autónoma
Transportador de
Aparas 2. Limpar o transportador de aparas;
64 2021
APÊNDICE C - Plano de Manutenção Autónoma
Paragem de
1. Controlo de funcionamento;
emergência
Desbloqueio manual de
1. Teste de funcionamento;
emergência
Botão de pressão do
1. Verificar o funcionamento;
pedal
1. Verificar se o filtro apresenta sujidade
Agregado hidráulico e verificar nível de enchimento de óleo
hidráulico;
Permutador de calor da 1. Verificar o líquido refrigerante quanto à
máquina contaminação e corpos sólidos;
66 2021
APÊNDICE C - Plano de Manutenção Autónoma