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economia política

Num sentido estrito, poderíamos considerar o termo economia política


como o legado dos escritos sobre questões económicas dos séculos
XVIII e XIX. Esses textos abordaram as questões económicas numa
perspetiva relacionada com o bem-estar que as soluções adotadas
pelos Estados eram, ou não, capazes de prover.
Estes trabalhos vieram a culminar na produção teórica de Adam
Smith e nas teorias económicas que derivaram do seu pensamento.
Neste sentido, e porque alguns autores coevos e posteriores
continuam a referir-se ao seu próprio trabalho como economia política,
o termo permite uma utilização mais ampla, que abrange esses
mesmos autores. Ainda assim, nunca se deverá entender economia
política como uma doutrina coerente ou unificada, uma vez que alguns
dos pressupostos das várias teorizações que nela se incluem partem
de conceitos divergentes e até mesmo opostos. Tal é o caso, por
exemplo, do entendimento dos vários autores sobre a origem da
riqueza. Este ponto foi, de facto, mais do que a análise dos processos
de distribuição e de consumo, um dos fatores de maiores divergências
teóricas dentro da chamada economia política.
A economia política, na sua génese, resulta, fundamentalmente, da
combinação de vários fatores: antes de mais, da racionalização do
pensamento político e filosófico; também da aplicação dos métodos
empíricos às questões sociais, políticas e económicas; por outro lado,
a emergência do capitalismo e da industrialização vieram exigir uma
nova forma de observar e de tornar inteligíveis novas realidades
económicas; finalmente, uma descrença cada vez mais acentuada das
teorias mercantilistas exigia um novo corpo de modelos teóricos que
explicasse os fenómenos económicos e por onde a intervenção
do Estado se pudesse pautar.
O processo sequente às formulações de Adam Smith e em particular
as intervenções dos considerados clássicos (como Ricardo e os seus
seguidores) vieram provocar a separação da economia enquanto
disciplina autónoma. Este processo foi exógeno à economia política no
sentido estrito que acima referimos. Tratou-se de uma tendência
notória para o tratamento abstrato das ideias económicas, para um
formalismo desvinculado da realidade que tanto havia preocupado os
autores da economia política.
Alguns dos fundadores da Sociologia (Marx, Durkheim, Weber) não
entenderam como correta esta formalização e desvio para o abstrato
das ideias económicas. Apesar das profundas divergências existentes
entre eles, foi comum a defesa da ideia de que a economia, separada
de outros aspetos fundamentais da vida social, ignorava questões
fulcrais da produção capitalista e, assim, desvinculada da realidade,
tornava-se potencialmente inoperante. Ainda assim, ou talvez por isto
mesmo, Marx bebeu da "Economia Política" conceptualizações
importantes para a sua arquitetura teórica.
Na actualidade, o termo economia política engloba conceitos como o
de divisão do trabalho, classe social e valor-trabalho. Desta forma
encontra-se associada frequentemente ao renascimento de ideias
marxistas e do materialismo histórico. Em algumas situações surge,
inclusivamente, o termo economia política como substituto de
marxismo.
ASSIM

A Economia Política estuda as relações sociais de produção, circulação e distribuição de


bens materiais, definindo as leis que regem tais relações. Procura também analisar o
caráter das l eis econômicas, sua especificidade, sua natureza e suas relações mútuas.
Nesse sentido, é uma ciência fundamentalmente teórica, valendo-se dos dados fornecidos
pela economia descritiva e pela história econômica.~

Para atingir seu objetivo, a economia política recorre a um conjun to de categorias qu e


formam s eu instrumental teórico e a uma m etodologia c apaz de conduzir o
investigador científico a um conhecimento objetivo do processo produtivo e de su as
leis. Impossibilitada de recorrer à ex perimentação, como ocorre nas ciên cias exatas, à
economia política vale-s e da atração, qu e se ba seia na observação comparativa dos
processos estudados. A partir daí, procura estabelecer as relações mais gerais,
eliminando os aspectos secundários e o casionais da problemática e conomia. A síntese
desse procedimento metodológico é a formulação de teorias econômicas que defin em a
posição de indiví duos e a té mesmo de grupos sociais em face dos fenômenos e dos fatos
econômicos.
Embora a questão dos problemas econômicos tenha sido objeto de preocupação

de pensadores da Antiguidade clássica (Aristótele s) e da idade Média (Santo Tomás de

Aquino), foi somente na era moderna que surgiu o estudo empírico e sistemático dos

fenômenos econômicos de um ponto de vista econômico. Esse estudo assumiu a

denominação d e economia política, sendo o termo “política” sinônimo de “social”,

segundo a t radição aristotélica de que o homem é um anim al político, isto é, u m


animal

social.

Os estudos de economia pol ítica começaram com a escola mercantilist a cujos principais
representant es foram Thomas Mun, Josiah Child e Antoine Mont chrestien. Este último
foi qu em restabeleceu a nomenclatura grega: economia polít ica. Avanço considerável
dos estudos ocorreu com os fisiocratas no século XVIII (Quesnay, Tur got), conhecidos como
les economistes, que, ao contrário dos mercantilistas, deslocaram o foco de su a análise
d a circulação par a a p rodução, fundamentalmente p ara a produ ção agrícola. Com a
escola clássica (William Petty, Adam Smith e Davis Ricardo) a economia política d efiniu
claramente contorno científico inte gral, passando a centralizar a abordagem teórica na
questão do valor, cuja ú nica fonte o riginal foi id entificada no trabalho, tato agrícola
quanto industrial. A escola cl ássica firmou os princípios da livre-concorrência, que
exerceram influencia decisiva no pensamento econômico c apitalista. A escola m arxista,
A escola marxista, fundada por Karl Marx e Friedrich Engels, se guindo a teor ia do
valor-trabalho, che gou ao conceito de mais-valia, fonte do lucro, do juro e da renda da
terra.Centrando seu estudo na anatomia do modo de produção capitalista, o marx ismo
desvendou a lei principal desse si stema e forneceu a base doutrinária para o pensamento
revolucionário socialista. Com Marx e Engels, a e conomia pol ítica passou a ver o
capitalismo com o um modo de produ ção histo ricamente d eterminado, sujeito a um
processo de superação. A partir de 1870, a concepção ampla de economia pol ítica foi
sendo paulatinamente abandonada, dando lug ar a uma visão mais restrita do pro cesso
produti vo, que ficou conhecido como economia. Essa post ura teórica foi iniciada pela es
cola neo clássica (Wil lian S tanley Jevons, Carl Menger, Léon Wa lras e Vilfredo P areto. A
abordagem abstrat a de conteúdo histórico e social foi s ubstituída pelo enfoque
quantitativo dos fatores econômicos. A inovação mais importante na tradição neo clássica
ocorreu com a obra de J .M. Keynes, que refutou a teoria do equilíbrio automático da
economia capitalista, apresentando uma nova visão do problema do desemprego, dos juros e
da crise econômica.

Após a S egunda Gu erra Mundial, o pensament o econômico capitalista vem seguindo


duas linhas fundamentais: a dos pós-Keynesianos, com ênfase nos instrumentos de i
ntervenção do Estado e voltado para o pl anejamento e o controle do ciclo econômico,
e a cor rente l iberal neoclássica, t ambém chamada de monetária, que volta sua atenção
fundamentalmente para as forças espontâneas do m ercado. No que diz respeito à
economia po lítica marxist a, trava-se em seu interior um amplo debate (sobretudo no
Ocident e), visando a aprofundar certos aspectos teóricos não desenvolvidos por Marx e
também a levar adiante a análise crítica do capitalismo moderno. Ao mesmo tempo,
empreende-se um esforço s emelhante visando à abordagem, também crítica, d os
problemas econômicos do chamado socialism o real e à tentativa de elaborar a economia
política a partir das formações sociais pré-capitalistas.

4 MÓDULO 1: ESPECIFICIDADE DA ECONO MIA: ORIGEM, CONCEITOS FUNDAMENTAIS,


PROBLEMAS E TEMAS RELEVANTES 1.1 ORIGEM DA ECONÔMICA POLÍTICA Economia pol ítica
foi um termo originalmente int roduzido por Antonie de Montchrétien em 1615, e u
tilizado para o estudo das r elações de produç ão, especialmente entre as três classes
principais da sociedade capitalista ou burguesa: capitalistas, proletários e l atifundiários.
Em contraposição com as teorias do mercantilismo, e, posteriormente, d a fisiocraci a,
nas qu ais o comércio e a terra, respectivamente, eram vistos como a origem de toda a
riqueza, a economia política propôs (primeiro com Adam Smith) a t eoria do valor-
trabalho, segundo a qual o trabalho é a fonte real do valor. No final do século X IX, o
termo economia política foi paulatinamente trocado pelo economia, usado por aqueles
que busc avam abandonar a visão classista da sociedade, repensando-a pelo enfoque
mat emático, axiomático e val orizador dos estudos econômicos atuais e que concebiam
o va lor originado n a utilidade que o b em gerava no indivíduo. Atualmente o termo
economia política é utilizado comumente para referir-se a estudos interdisciplinares que
se apóiam na e conomia, sociologia, dir eito e ciências políticas para entender como as
instituições e os contornos políticos influenciam a conduta dos mercados. Dentro da
ciência política, o t ermo se refere principalmente às teorias liberais, m arxistas, que
estudam as relações entre a economia e o poder político dentro dos Estados. Econo mia
pol ítica in ternacional é um ramo da economia que estuda como o comércio, as finanças
internacionais e as polí ticas estatais afetam o intercâmbio internacional e a política
monetária e fiscal.  Significado do termo “economia política” O que s e pode e o que s e
deve entender exatamente por “economia política”, nos dias de hoje? No seculo XIX, não
h averia dúvida em relação ao seu s ignificado: a expressão era usada para designar uma
determinada área do conhecimento, ou campo da ciência, voltada para o estudo dos
problemas da sociedade hum ana relacionados com a produção, a acumulção, a circulção
e a distribuição de riquezas, bem como para as

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