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ECONOMIA

Economia (do grego: οικονομία oikosnomos, "regras da casa")[1][nota 1] (também chamada


de ciência económica (português europeu) ou ciência econômica (português brasileiro)) é a ciência que
consiste na análise da produção, distribuição e consumo de bens e serviços.[2] Portanto, a
economia é o estudo das escolhas dos indivíduos e do que possibilita a compatibilidade
nas escolhas de todos.[2] Esta ciência social estuda a atividade económica, através da
aplicação da teoria económica, tendo, na gestão, a sua aplicabilidade prática.
Os modelos e técnicas atualmente usados em economia evoluíram da economia
política do final do século XIX, derivado da vontade de usar métodos mais empíricos à
semelhança das ciências naturais.[3] Pode representar, em sentido lato, a situação
económica de um país ou região; isto é, a sua situação conjuntural (relativamente
aos ciclos da economia) ou estrutural.
A economia é, geralmente, dividida em dois grandes ramos: a microeconomia, que estuda
os comportamentos individuais, e a macroeconomia, que estuda o resultado agregado dos
vários comportamentos individuais. Atualmente, a economia aplica o seu corpo de
conhecimento para análise e gestão dos mais variados tipos de organizações humanas
(entidades públicas, empresas privadas, cooperativas, etc.) e domínios (internacional,
finanças, desenvolvimento dos países, ambiente, mercado de trabalho, cultura, agricultura,
etc.).
Outras formas de divisão da disciplina são: a distinção entre economia positiva ("o que é",
que tenta explicar o comportamento ou fenômeno econômico observado) e economia
normativa ("o que deveria ser", frequentemente relacionado com políticas públicas); a
distinção entre economia ortodoxa, aquela que lida com o nexo "racionalidade-
individualismo-equilíbrio", e a economia heterodoxa, que pode ser definida por um nexo
"instituições-história-estrutura social".[4]

O termo e suas várias definições


Várias definições modernas da 'ciência econômica' foram propostas, algumas refletem
visões em evolução do assunto ou visões diferentes entre economistas, incluindo a
definição de 'economia' como "o que os economistas fazem".[5][6]
O termo anterior para a 'ciência econômica' era 'economia' política. Ele é adaptado do
uso mercantilista francês de économie politique, que estendeu a economia do termo grego
antigo para gerenciamento de domicílio ao domínio nacional como administração pública
dos assuntos de estado.[7] Sir James Steuart (1767) escreveu o primeiro livro em inglês
com 'economia política' no título, explicando-a como tal:
A economia em geral [é] a arte de suprir todas as necessidades de uma família, [portanto,
a ciência da economia política] procura garantir um certo fundo de subsistência para todos
os habitantes, evitar todas as circunstâncias que possam torná-lo precário; fornecer tudo o
que é necessário para suprir as necessidades da sociedade e empregar os habitantes ...
de maneira a criar naturalmente relações e dependências recíprocas entre eles, de modo a
suprir uns aos outros as necessidades recíprocas.[8]
A página de rosto dava como tema "população, agricultura, comércio, indústria, dinheiro,
moedas, juros, circulação, bancos, câmbio, crédito público e impostos".[8] O filósofo Adam
Smith (1776) define o assunto como "uma investigação sobre a natureza e as causas da
riqueza das nações", em particular como:
um ramo da ciência de um estadista ou legislador [com o duplo objetivo de fornecer] uma
receita ou subsistência abundante para o povo ... [e] fornecer ao estado ou à comunidade
uma receita para os serviços públicos.[9]
Jean-Baptiste Say (1803), distinguindo o assunto de seus usos em políticas públicas,
define-o como a ciência da produção, distribuição e consumo de riqueza.[10] No
lado satírico, Thomas Carlyle (1849) cunhou "a triste ciência" ou ciência sombria ("the
dismal science") como um epíteto da economia clássica, nesse contexto, comumente
ligado à análise pessimista de Malthus (1798).[11] John Stuart Mill (1844) define o assunto
em um contexto social como:
A ciência que traça as leis desses fenômenos da sociedade que surgem das operações
combinadas da humanidade para a produção de riqueza, na medida em que esses
fenômenos não são modificados pela busca de qualquer outro objeto.[12]
A mudança do nível social para o individual aparece nas principais obras da Revolução
Marginal. A definição de Carl Menger reflete o foco no homem economizante:
Pois a teoria econômica está preocupada, não com regras práticas para a atividade
econômica, mas com as condições sob as quais os homens se envolvem em atividades
providentes direcionadas à satisfação de suas necessidades.[13]
William Stanley Jevons, outro autor muito influente da Revolução Marginal, define a
economia destacando os aspectos hedônicos e quantitativos da ciência:
Neste trabalho, tentei tratar a Economia como um Cálculo de Prazer e Dor e esbocei,
quase independentemente das opiniões anteriores, a forma que a ciência, como me
parece, deve finalmente assumir. Há muito tempo penso que, ao lidar com quantidades,
deve ser uma ciência matemática em matéria, se não em linguagem.[14]
A disciplina foi renomeada no final do século XIX, principalmente devido a Alfred Marshall,
na língua inglesa de "economia política" para "econômica" (economics) como um termo
mais curto para "ciência econômica". Naquela época, tornou-se mais aberta ao
pensamento rigoroso e fez uso crescente da matemática, o que ajudou a apoiar os
esforços para que ela fosse aceita como ciência e como uma disciplina separada fora da
ciência política e de outras ciências sociais.[15][16][17][18] Alfred Marshall fornece uma definição
ainda amplamente citada em seu livro Princípios de Economia (1890), que estende a
análise além da riqueza e do nível social ao microeconômico, criando uma certa síntese
das opiniões daqueles ainda mais solidários à economia política clássica (com foco na
riqueza social) e aos primeiros a adotar as opiniões expressas na Revolução Marginal
(com foco nas necessidades individuais). A inclusão de Marshall da expressão bem-
estar também foi muito significativa para a discussão sobre a natureza da economia:
Economia política ou Economics (Ciência Econômica) é um estudo da humanidade nos
negócios comuns da vida; examina a parte da ação individual e social que está mais
intimamente ligada à conquista e ao uso dos requisitos materiais do bem-estar. Assim, é
por um lado um estudo da riqueza; e, por outro lado, e mais importante, parte do estudo do
homem.[19]
Lionel Robbins (1932) desenvolveu implicações do que foi denominado "talvez a definição
atual mais comumente aceita do assunto":[20]
A economia é uma ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre
fins e meios escassos que têm usos alternativos.[21]
Robbins descreve a definição como não classificatória em "escolher certos tipos de
comportamento", mas sim analítica em "focar a atenção em um aspecto particular do
comportamento, a forma imposta pela influência da escassez".[22]
Alguns comentários subsequentes criticaram a definição como excessivamente ampla ao
não limitar seu assunto à análise de mercados. A partir da década de 1960, no entanto,
esses comentários foram reduzidos à medida que a teoria econômica de maximizar o
comportamento e a modelagem da escolha racional expandiram o domínio do assunto
para áreas previamente tratadas em outros campos.[23] Também existem outras críticas,
como a escassez não levando em conta a macroeconomia do alto desemprego.[24]
Gary Becker, colaborador da expansão da economia em novas áreas, descreve a
abordagem que ele favorece como "combinando as suposições de se maximizar o
comportamento, as preferências estáveis e o equilíbrio do mercado, usadas de forma
implacável e inflexível".[25] Um comentário caracteriza a observação como fazendo da
economia uma abordagem, e não um assunto, mas com grande especificidade quanto ao
"processo de escolha e ao tipo de interação social que [tal] análise envolve".[26]
John Neville Keynes considerava a discussão que antecedeu a definição de economia
mais importante do que a própria definição.[27] Seria uma maneira de revelar o escopo, a
direção e os problemas que a ciência enfrenta.
Uma revisão recente das definições de economia inclui uma variedade daquelas em livros
didáticos de princípios, tal como descrições do assunto como o estudo de:

 a 'economia' (como atividade econômica);


 o processo de coordenação;
 os efeitos da escassez;
 a ciência da escolha;
 comportamento humano;
 seres humanos quanto à forma como coordenam desejos e vontades, dados
os mecanismos de tomada de decisão, os costumes sociais e as realidades
políticas da sociedade.
Conclui que a falta de concordância não precisa afetar o assunto tratado pelos textos.
Entre os economistas de maneira mais geral, argumenta que uma definição específica
apresentada pode refletir a direção em que o autor acredita que a economia está evoluindo
ou deveria evoluir.[6]

Microeconomia
Ver artigo principal: Microeconomia

Paul Anthony Samuelson, um dos pais fundadores


da Síntese neoclássica, autor de um dos manuais mais marcantes da
história Economics (primeira edição em 1948) juntamente com os Princípios de
economia política de John Stuart Mill (primeira edição de 1848) e os Princípios de
economia política de Alfred Marshall (primeira edição de 1890).
Para Paul Krugman e Robin Wells,
"uma das principais questões da microeconomia é a busca da validade da intuição
de Adam Smith, saber se os indivíduos na busca dos seus interesses próprios
contribuem para promover os interesses da sociedade no seu conjunto".[28]
Efetivamente, o foco de interesse da microeconomia é, antes de tudo, o estudo das
escolhas dos agentes económicos, isto é, da forma como estes procedem dado um
conjunto de diferentes opções, comparando os benefícios e inconvenientes para a
prossecução dos seus objetivos ou para a satisfação dos seus interesses — o
postulado utilitarista.
A microeconomia estuda as interações que ocorrem nos mercados em função da
informação existente e da regulação estatal. Distinguem-se os mercado
de bens e serviços dos mercados de fatores de produção, capital e trabalho, por terem
diferentes agentes e formas de funcionamento.
A teoria compara os agregados da quantidade global demandada pelos compradores
e da quantidade fornecida pelos vendedores, o que determina o preço.
Constrói modelos que descrevem como o mercado pode conseguir o equilíbrio entre o
preço e a quantidade, ou como pode reagir a alterações do mercado ao longo do
tempo, que é o que se denomina de mecanismo da oferta e da procura.
As estruturas de mercado, como a concorrência perfeita e o monopólio, são
analisadas para tirar conclusões sobre o seu comportamento e a sua eficiência
económica.
A análise de um mercado é feita a partir de hipóteses simplificadoras, como por
exemplo a racionalidade dos agentes e equilíbrio parcial (parte-se do pressuposto de o
mercado não é afetado pelo que se passa em outros mercados).
Uma análise em equilíbrio geral é um estudo mais abrangente, que permite avaliar as
consequências sobre os outros mercados, para compreender as interações e os
mecanismos que podem levar a uma situação de equilíbrio.[29]
Teoria microeconómica tradicional
A teoria microeconómica padrão assume que os agentes económicos, as famílias ou
as empresas, são "racionais",[30] isto é, supõe-se terem habilidades cognitivas e
informações suficientes para, por um lado, construir critérios de escolha entre
diferentes opções possíveis, por outro, para maximizar a sua satisfação dadas as
restrições a que estão sujeitos. Presume-se que são capazes de identificar as
restrições sobre estas escolhas, tanto restrições "internas" (as suas capacidades
tecnológicas, no caso das empresas, por exemplo), como as "externas" (por exemplo,
as resultantes da conjuntura económica). É o paradigma do homo economicus,[31] que
não implica a priori que os critérios de escolha dos indivíduos sejam puramente
egoístas. Podem perfeitamente ser "racionalmente" altruístas.
Esta teoria deve sua existência à síntese feita pela economia
matemática neoclássica das décadas de 1940 e 1950, entre os contributos da corrente
marginalista do século XIX e da teoria do equilíbrio geral de Walras[32] e Pareto.[33]
John Hicks e Paul Samuelson são considerados os pais da microeconomia tradicional
atual,[34]:247 que podemos dividir em quatro áreas:

1. A teoria do consumidor, que estuda o comportamento das famílias ao


fazer opções de consumo sujeitas a restrições orçamentais;
2. A teoria da firma, que estuda o comportamento de empresas que
pretendem maximizar seus lucros sujeitos a restrições tecnológicas;
3. A teoria das trocas dos mercados, que podem ou não ser
concorrenciais;
4. A teoria do ótimo econômico, que recorre ao conceito de Pareto para
avaliar a eficiência económica das interações coletivas entre os
agentes, através do comércio.
Produção, custo e eficiência
Ver artigos principais: Fronteira de possibilidades de produção, Custo de
oportunidade e Eficiência econômica
Em microeconomia, produção é um processo que usa insumos para criar produtos,
destinados ao comércio ou ao consumo. A produção é um fluxo, logo é mensurável
através de um rácio por unidade de tempo. É comum distinguir entre a produção de
bens de consumo (alimentos, cortes de cabelo, etc.) vs. bens de investimento (novos
tratores, edifícios, estradas, etc.), bens públicos (defesa nacional, segurança pública,
proteção civil, etc.) ou bens privados (computadores novos, bananas, etc.).
As entradas para o processo de produção incluem fatores de produção básicos como
o trabalho, capital (bens duradouros usados na produção, como uma fábrica)
e terra (incluindo recursos naturais). Outros fatores incluem bens intermédios usados
na produção dos bens finais, como por exemplo o aço no fabrico de um carro novo.
O custo de oportunidade, relacionado com o custo económico, é o valor da melhor
alternativa disponível quando se tem que fazer uma escolha entre duas
opções mutuamente exclusivas. É descrita como sendo a expressão da "relação
básica entre escassez e escolha".[35] O custo de oportunidade é um fator que garante a
utilização eficiente dos recursos escassos, pois o custo é ponderado face ao valor
gerado, no momento de decidir aumentar ou reduzir uma atividade.
Os custos de oportunidade não se restringem a custos monetários. Podem também
ser medidos em tempo (de lazer, por exemplo) ou qualquer outra coisa que
corresponda a um benefício alternativo (utilidade, no vocabulário microeconómico)
[36]
A eficiência económica descreve o quanto um sistema utiliza bem os recursos
disponíveis, dada a tecnologia disponível. A eficiência aumenta se conseguirmos obter
um maior resultado sem aumentar os recursos usados, ou seja, se conseguirmos
reduzir o "desperdício".[37] Dizemos que temos uma eficiência de Pareto quando
estamos num ponto onde nenhuma alteração na forma como usamos os recursos
disponíveis consegue melhorar o resultado para alguém sem piorar a situação de
outro.

Fronteira de
possibilidades de produção
A fronteira de possibilidades de produção (FPP) é uma ferramenta analítica que
representa a escassez, custo e eficiência. No caso mais simples, estudamos
uma economia que produz apenas dois bens. A FPP é uma tabela ou gráfico (ver
ilustração) que mostra as várias combinações de quantidades dos dois produtos que é
possível ter, dado a tecnologia e os fatores de produção disponíveis.
Cada ponto na curva mostra uma produção potencial total máxima para a economia,
que é a produção máxima possível para um bem, dada uma quantidade de produção
para o outro bem. É um ponto de eficiência produtiva por maximizar a produção para
um total dado de insumos. Um ponto "dentro" da curva é possível mas representa
ineficiência produtiva (uso de insumos com desperdício), no sentido de que é possível
aumentar a produção de um ou ambos os bens no sentido nordeste em direção a um
ponto na curva.
O gráfico na ilustração exemplifica uma curva com todos os pontos economicamente
eficientes. O ponto A no gráfico, por exemplo, indica-nos que a produção de FA de
comida e CA de computadores é eficiente. O mesmo se passa com FB de comida
e CB de computadores (ponto B). Os pontos abaixo dessa linha são ineficientes, pois é
possível aumentar a produção de um dos bens sem ser forçado a reduzir a produção
do outro.
A escassez é representada na figura pela impossibilidade de se poder produzir para
além da FPP. São os pontos acima da linha, impossíveis de atingir com os recursos e
tecnologia disponíveis. É também representada pelo declive da curva, que representa
o quanto da produção de um bem diminui quando a produção do outro aumenta,
numa relação inversa.[38] Isso ocorre porque uma maior produção de um bem requer a
transferência de insumos da produção do outro bem, forçando a sua diminuição. É um
exemplo de custo de oportunidade e significa que escolher mais de um bem implica ter
menos do outro.
Estar na curva pode ainda não satisfazer completamente a Eficiência Alocativa (assim
como a eficiência de Pareto) se a curva não consistir numa combinação de produtos
que os consumidores tenham preferência face a outros pontos ou combinações.[39]:Cap.1-
C
Numa economia de mercado, o ponto da curva onde a economia se posiciona pode
ser explicado pela escolha que os agentes pensam mais preferível.
Muito da economia aplicada em políticas públicas está preocupada em determinar
como a eficiência de uma economia pode ser aumentada.[39] :Cap.2,"Efficiency" Encarar a
realidade da escassez para então perceber como podemos organizar a sociedade
para ter o uso mais eficiente dos recursos tem sido descrito como sendo a "essência
da economia", onde a disciplina "faz a sua contribuição ímpar".[39]:5

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