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SÃO PAULO
2023
LITERATURA BRASILEIRA I / 2023 / SEGUNDA AVALIAÇÃO
I - Análise contrastiva
(Opção 1: Poemas escolhidos: Sábado de Aleluia; Noturno de Belo Horizonte [fragmento]; O
voo sobre as igrejas)
Nesse gancho, em “Noturno de Belo Horizonte [fragmento]”, fica evidente o que Meyer
vai classificar como a descoberta do Brasil, assim, Mário de Andrade percorre Minas Gerais
com seu olhar metropolitano a encontrar, - e se defrontar com o deslumbramento -,
arquitetônico, geográfico, rítmico, de uma outra cultura brasileira, porém, que finda no eterno
retorno. Posição cuja tentativa de transformação martiriza homens e constrói antropólogos em
outros tempos. “[...] No marasmo das cidades paradas [...]” o que se vê é uma parte de um todo
constituinte negado, uma interrogação que não forma o autor, contudo pertence ao seu povo,
figura paradoxal que articula a ideia de reformular a inteligência coletiva, com temas múltiplos,
algo que contrasta com o arlequim enfrentando exclusivamente a cidade-metrópole em
“Paulicéia desvairada”, só que traz a noção de simultaneidade para se debruçar novamente
sobre a temática identitária.
“[...] A sua poesia difere da de outros modernistas, inclusive Mário de Andrade, que
tentam fixar o cotidiano a fim de obterem um momento poético suficiente em si
mesmo; ele, ao contrário, procede a uma fecundação e a uma extensão do fato, para
chegar a uma espécie de discreta epopéia (sic) da vida contemporânea. Isto talvez se
ligue à capacidade de injetar fantasia nas coisas banais [...]”. (ANTONIO CANDIDO,
1965, VÁRIOS ESCRITOS, p. 82)
Esse ciclo, tido como de um poeta maduro nos mostra o quotidiano como célula de
extração poética, bebendo, em uma certa medida, como que da estética de uma notícia de jornal
para formular seu texto. Evidencia-se, então, a tendência do desencanto em versos como “[...]
Era uma vez um Aleijadinho, / não tinha dedo, não tinha mão, / raiva e cinzel, lá isso tinha,
[...]”. Ainda provocativo, - a si e aos modernistas: é válido grifar que Brejo das almas apresenta
um soneto, que na linha dos vanguardistas era rechaçado e não digno de nota -, com essas
colocações, Drummond constrói seu papel na literatura sem deixar de ser político diante do
social, que faz do modo de representar as nossas condições humanas uma crônica estendida
sobre o verso.
Conclui-se, diante do que foi exposto, que mesmo possuindo traços ímpares, os três
poetas versaram sobre o Brasil e sua ocorrência em um contexto que tinha por autoafirmação
o desprendimento, mesmo que a base tenha sido as próprias vanguardas europeias ou até
mesmo os clássicos, que estavam na lista de leituras dos autores. De tal maneira é válida a
argumentação que foi utilizada por eles porque redesenhou a forma/conteúdo e para além, fez-
se constituir colunas que imprimiram um registro de uma literatura em conjunto onde cada qual
deu a sua contribuição, o seu por em esperança ao mundo uma denúncia capaz de alternar ao
que se tinha até o período.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mário de. Aspectos da literatura brasileira. Disponível em: <Novo Documento
2020-03-23 18.33.00 (usp.br)>. Acesso em: 18 jun 2023.
CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. São Paulo: Ouro sobre Azul, 2004.
Dessa forma, de João Miramar ao poeta que é um mundo, Drummond, acredito que
desmistifiquei conceitos, por exemplo, a concepção de moderno, da importância do processo
histórico enquanto valor construído pelos modernistas, sem evidente inserir no foco novas
construções, como a síntese do movimento Pau-Brasil, da Antropofagia, da base Macunaíma,
que na oposição tupi e alaúde constrói um instrumento de peso, - de síntese nacional -, para
dizer: “esse sem caráter (psicológico) somos nós”. Um alumbramento para qualquer aluno que
percebeu na literatura uma possibilidade de buscas, encontros, análises e inspirações poéticas
para levar uma vida mais experienciada nesse campo que o dia a dia, do capital, não nos quer
oferecer. Com isso, LBI tornou o meu cotidiano mais andradiano, com marcadas pinceladas de
amaral, traços de malfatti, e cores concisas de um Brasil que se propôs por meio do primitivo
se sustentar.