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CURSO PREPARATÓRIO – CNPI – Conteúdo Brasileiro

SOBRE O AUTOR:

Frederico Nobre tem 27 anos, é carioca e economista formado na UFRJ. Tornou-se especialista
em investimentos certificado pela ANBIMA aos 19 anos e atua desde então no mercado financeiro,
com experiência nas áreas de análise de investimentos e distribuição de produtos financeiros.
Dedicou-se por 4 anos ao trabalho de análise e extração de dados financeiros na Refinitiv, antiga
unidade de finanças da Reuters e uma das empresas líderes mundiais em soluções de dados.
Colaborou na criação de mecanismos objetivos de consulta e análise de dados para instituições
brasileiras de extrema relevância como Banco Central do Brasil, Petrobras, Vale, Banco do Brasil,
entre outras. Atualmente trabalha na S&P Global Platts, empresa líder no segmento de preços
de referência e análises para os mercados de energia e commodities, coordenando a operação
de pós venda da América Latina. Paralelamente, Frederico é um dos fundadores e apoiadores
do canal de educação financeira “Economia do Dia", voltado para pessoas que querem saber
mais sobre investimentos e finanças e/ou estudar para provas de certificação de mercado.

http://www.economiadodia.com.br/

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CURSO PREPARATÓRIO – CNPI – Conteúdo Brasileiro
SOBRE A PROVA
A certificação CNPIfaz parte do programa de capacitação profissional da APIMEC e é voltada para profissionais que
queiram atuar na análise de valores mobiliários. A certificação e credenciamento do analista de valores mobiliários são
obrigatórios para o exercício da função, como dispõe a ICVM 598/2018. Os exames são oferecidos em tempo contínuo, e
são realizados nos Centros de Testes da FGV, distribuídos em praticamente todo território nacional. Para obtenção da
certificação, o profissional deve ser aprovado nos seguintes exames:
Exame CB - Conteúdo Brasileiro - fase comum para o analista fundamentalista, técnico e para o analista pleno;
Exame CG1 - Conteúdo Global 1 - fase destinada ao analista fundamentalista;
Exame CT1 - Conteúdo Técnico 1 - fase destinada ao analista técnico.

A quem se destina:
A todos os profissionais com nível superior completo em qualquer área e com interesse em se desenvolver no mercado
financeiro e/ou de capitais.

Questões: 60
Duração: 2h
Aprovação: serão aprovados os candidatos que responderem corretamente 40 questões do CB - Conteúdo Brasileiro
Resultado provisório: será disponibilizado ao término do exame e poderá ser alterado até a data da divulgação
do resultado definitivo.
Resultado definitivo: será publicado no site http://www.fgv.br/certapimec em até 5 (cinco) dias úteis após a
realização do exame juntamente com o índice de aproveitamento do candidato.
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CURSO PREPARATÓRIO – CNPI – Conteúdo Brasileiro

CONTEÚDO:

MÓDULO 1 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - páginas 04 a 16

MÓDULO 2 – MERCADO DE CAPITAIS – páginas 17 a 72

MÓDULO 3 - MERCADO DE RENDA FIXA – páginas 73 a 86

MÓDULO 4 – MERCADO DE DERIVATIVOS – páginas 87 a 98

MÓDULO 5 – CONCEITOS ECONÔMICOS - páginas 99 a 114

MÓDULO 6 – CONDUTA E RELACIONAMENTO - páginas 115 a 120

MÓDULO 7 – GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES - páginas 121 a 134

MÓDULO 8 – INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES ASG À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS- páginas 135 a 143

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Módulo 1 – Sistema Financeiro Nacional e Participantes do Mercado

Sistema Financeiro Nacional - conjunto de órgãos que atuam pararegulamentar,


fiscalizar e executar operações voltadas para políticas de moeda e crédito.

SFN possui o papel de intermediar recursos entre agentes superavitários e deficitários.

Agentes Sistema Financeiro Agentes


superávitários Nacional deficitários

Possui recursos disponíveis Conjunto de instituições que Tomador de recursos. Passa


e aplica em uma viabilizam a transferência de por dificuldadesfinanceiras
instituiçãofinanceira. recursos. Regulação e ou não consegue capital
fiscalização para trazer para investimento.
confiabilidade aos negócios.
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Conselho Monetário Nacional (CMN)
Órgão máximo do SFN que tem como finalidade a formulação das políticas de moeda e crédito.
Composição: Ministro da Economia; Presidente do BACEN e o Secretário especial de fazenda do
Ministério da Economia.

Objetivos:
• Equilibrar os meios de pagamento às necessidades da economia;
• Regular o valor interno e externo da moeda (correção de desequilíbrios, prevenção decrises,
saúde financeira do balanço de pagamentos);
• Orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras;
• Promover o aperfeiçoamento das instituições financeiras para maior eficiência de mercado;
• Zelar pela liquidez e solvência das instituiçõesfinanceiras;
• Coordenar a política monetária, credítícia, orçamentária e fiscal.

Competências:
• Autorizar emissões de papel moeda;
• Direcionar a política cambial;
• Disciplinar todas as modalidades de crédito;
• Regular o funcionamento das InstituiçõesFinanceiras;
• Limitar, sempre que necessário, taxas de operações ou serviçosbancários;
• Determinar o percentual máximo de empréstimos ao mesmo cliente ou grupo de clientes;
• Expedir normas obrigatórias de contabilidade e estatística para as Instituições Financeiras.

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Banco Central do Brasil (BACEN)
Principal executor das orientações e normas do CMN.
*O presidente do BACEN e seus 8 diretores colegiados são nomeados pelo Presidente da
República sob aprovaçãodo Senado Federal. Desde 2004, o presidente do BACEN ganhou
status de Ministro de Estado.

Finalidades:
• Formular, executar e monitorar políticas monetárias, cambiais, creditícias e financeiras com o
exterior;
• Gerir o Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP);
• Organizar, disciplinar e fiscalizar o SFN e o Sistema de Consórcio.

Objetivos:
• Estabilidade de preços;
• Manter as reservas internacionais em nível adequado;
• Estimular a poupança;
• Zelar pela liquidez da economia e pela estabilidade e aperfeiçoamento do sistema financeiro.

Políticaeconômica:
CMN – coordenação
BACEN – execução, acompanhamento e controle

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Atribuições do BACEN:
• Emitir papel moeda e moeda metálica;
• Executar os serviços do meiocirculante;
• Realizar operações de política monetária (redesconto, open market, depósitocompulsório);
• Exercer o controle do crédito;
• Autorizar o funcionamento das instituições financeiras (exceto empresasestrangeiras);
• Fiscalizar as instituiçõesfinanceiras.

Comissão de Valores Mobiliários(CVM):


Entidade autárquica, com autoridade administrativa, autonomia financeira e orçamentária, que zela
pelo bom funcionamento do mercado de capitais.

Objetivos:
• Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e balcão;
• Proteger os investidores contra emissões irregulares, atos ilegais de profissionais do mercado e uso
de informação privilegiada;
• Evitar fraudes e manipulações de mercado;
• Estimular a formação de poupança e aplicação em valores mobiliários;
• Garantir o acesso de investidores à informações sobre valores mobiliários e sobre as empresas
emissoras.

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Competências
• Disciplinar, fiscalizar e inspecionar companhias abertas e fundos de investimento;
• Credenciar, fiscalizar e disciplinar atividades desempenhadas por auditores independentes,
administradores de carteiras, agentes autônomos, consultores e analistas de valores mobiliários;
• Apurar através de inquérito administrativo atos e práticas ilegais demercado.

Títulos e valores mobiliários de responsabilidadedaCVM:


Ações, Debêntures, Notas Promissórias, Cotas de Fundos de Investimento, Opções, Mercado a
Termo, Mercado Futuro, Swaps.

Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)


Autarquia federal responsável por fiscalizar e controlar os mercados de seguro, previdência
privada aberta, capitalização e resseguro.

SUSEP – supervisionar e regular.


Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) – órgão normativo.

Competências:
• Fiscalizar a constituição e operação de seguradoras, resseguradoras, sociedades de
capitalização e entidades de previdência privada aberta;

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• Proteger a poupança de indivíduos efetuadas através de operaçõesde seguros, resseguros,
capitalização ou previdência privada aberta;
• Promover o aperfeiçoamento, estabilidade e expansão do sistema e das instituições vinculadas ao
Sistema Nacional de Seguros Privados e Sistema Nacional deCapitalização;
• Zelar pela liquidez e solvência das instituições;
• Monitorar investimentos das entidades que integram o mercado;
• Cumprir as deliberações do CNSP e executar os serviços de secretaria executiva doCNSP.

Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC)


É uma entidade governamental autônoma que tem como finalidade fiscalizar e supervisionar
entidades fechadas de previdência complementar e executar políticas para o regime de
previdência complementar.

Competências:
• Fiscalizar, apurar e julgar infrações de entidades fechadas de previdênciacomplementar;
• Expedir instruções e determinar procedimentos para aplicação de normas;
• Autorizar a constituição e funcionamento das entidades fechadas de previdência
Complementar;
• Mediar conflitos e promover a conciliação de entidades fechadas de previdência complementar e
seus participantes, assistidos ou patrocinadores;
• Decretar intervenção ou liquidação extrajudicial de entidades fechadas de previdência
Complementar.
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Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (ANBIMA) - Associação de
bancos, gestoras, corretoras, distribuidoras e administradoras que possui quatro objetivos principais:
representar, autorregular, informar e educar.

Informação – disponibilização de informações sobre segmentos de mercado baseada numa sólida base de
dados com objetivo de dar mais transparência ao mercado; divulgação de preços e índices de referência de
mercado.
Representação – proporciona o diálogo entre governo e setor privado para aprimoramento de mercado;
incentiva boas práticas de mercado.
Autorregulação – regras de adesão voluntária criadas pelo mercado em favor do mesmo e que
estão descritas nos Códigos de Regulação e Melhores Práticas.
Educação – capacitação de profissionais por meio de certificações; programade educação
continuada; conteúdo sobre educaçãofinanceira.

Códigos ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas:


Tem como objetivo estabelecer princípios de conduta e regras para atuação no mercado de capitais. A
obrigatoriedade de adesão é apenas para instituições associadas (instituições não associadas podem
assinar termo de adesão por livre e espontânea vontade). O código NÃO se sobrepõe alegislação.

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• Tesouro Nacional: O Tesouro Nacional e responsável por cuidar dos recursos da União.
Todos os impostos recolhidos pelo governo vão parar no caixa do Tesouro, que atua de
acordo com a demanda do Estado. No entanto, nem sempre o que o governo arrecada é
suficiente para cumprir com todas as suas obrigações. Dessa forma, o governo pode se
endividar através do mercado de títulos públicos, isto é, o governo emite dívidas que são
geridas pelo Tesouro Nacional.

• Dealers: são instituições financeiras credenciadas pelo Tesouro Nacional que atuam
dando liquidez para o mercado. Os Dealers atuam tanto nas emissões primárias de
títulos públicos federais como na negociação no mercado secundário desses títulos.
Atualmente, o Tesouro Nacional possui 12 Dealers, dos quais dez são bancos e dois são
corretoras ou distribuidoras independentes. Resumindo: são instituições financeiras que
compram e vendem títulos públicos diretamente do governo e também para investidores
em geral. O desempenho de cada instituição é avaliado a cada seis meses e aquelas com
pior performance são substituídas.

• Bancos comerciais: são todos os bancos que oferecem serviços de conta corrente, o
chamado depósito à vista. O cliente deposita seus recursos nesse tipo de banco e o
dinheiro deve estar disponível a todo momento. Os principais bancos do país (Itaú,
Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Caixa) são bancos comerciais.

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Bancos de investimento: o foco destes bancos é conceder crédito majoritariamente de médio e longo
prazo para investimentos. É permitido que os bancos de investimento também tenham conta corrente,
mas não podem fornecer talão de cheques.

Bancos Múltiplos: Instituição financeira que funciona como “Holding”, tendo obrigatoriamente uma carteira
de banco comercial e/ou de banco de investimentos e mais uma outra carteira como:

• Sociedade de crédito imobiliário – concede empréstimos para o setor imobiliário


• Banco de desenvolvimento – banco público que atua no desenvolvimento da economia. Ex: BNDES
• Sociedade de arrendamento mercantil – banco que faz leasing (arrenda máquinas e equipamentos).
• Sociedade de financiamento e investimento – faz empréstimos direto ao consumidor. Ex: Crefisa

Distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários


Principal atividade destas instituições é executar ordens de compra e venda de títulos e valores mobiliários
para seus clientes.Outras atividades:
• Compra e venda de títulos e valores mobiliários por conta própria ou paraterceiros;
• Intermediação de ofertas públicas de títulos e valores mobiliários;
• Administração de carteira e custódia de títulos e valores mobiliários;
• Subscrição de títulos e valores mobiliários;
• Atuar como agentefiduciário;
• Criar, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
• Intermediar operações no mercado de câmbio e metais preciosos;
• Realizar operações compromissadas;
• Realizar operações de conta margem.
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CRSFN – Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional: é responsável por julgar, em segunda e
última instância administrativa, os recursos relacionados à aplicação de penalidades administrativas por
parte do BACEN, CVM, COAF e SUSEP no que tange à infrações relacionadas a lavagem de dinheiro e outros
crimes financeiros. O CRSFN é integrado por oito conselheiros titulares, com reconhecida capacidade
técnica e notório conhecimento especializado nas matérias de competência do Conselho, observada a
seguinte composição:
I - dois indicados pelo Ministro de Estado da Economia;
II - um indicado pelo Presidente do Banco Central do Brasil;
III - um indicado pelo Presidente da Comissão de Valores Mobiliários; e
IV - quatro indicados por entidades representativas dos mercados financeiro e de capitais (Febraban,
Anbima, Ancord e Abrasca)

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: fundado em 1952, é um banco de


desenvolvimento (fomento), e o principal instrumento do Governo Federal para financiamento de longo
prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira. O apoio do BNDES ocorre por meio de
financiamento a investimentos, subscrição de valores mobiliários, prestação de garantia e concessão de
recursos não reembolsáveis a projetos de caráter social, cultural e tecnológico. O Banco atua por meio de
produtos, programas e fundos, conforme a modalidade e a característica das operações. O BNDES fica
sujeito à supervisão do Ministro de Estado da Economia. O CMN estabelece as diretrizes da política de
crédito do Banco. Ele é responsável, por exemplo, por fixar a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), uma das
principais referências para o custo financeiro dos financiamentos do BNDES.
BNDESPAR - Subsidiária do BNDES, dedicada ao fomento por meio de investimentos em valores mobiliários.
FINAME - Subsidiária do BNDES, dedicada ao financiamento à produção e comercialização de máquinas e
equipamentos.
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CEF – Caixa Econômica Federal: é uma instituição financeira pública com objetivos sociais, vinculada ao
Ministério da Economia. A CEF executa atividades de banco comercial e banco múltiplo, como recebimento de
depósitos à vista e à prazo, caderneta de poupança, concessão de empréstimos e financiamentos, além de
serviços de seguridade social (FGTS, seguro desemprego, bolsa família). A CEF tem uma importante atuação no
financiamento estudantil e da casa própria para milhões de brasileiros, através de recursos que provém do FGTS,
cadernetas de poupança e recursos próprios de agentes financeiros, executando as políticas de crédito do
governo (ex: FIED e programa MCMV – Minha Casa Minha Vida). A CEF também tem outras competências, como
administrar os serviços das loterias federais e os serviços de penhor de jóias, metais preciosos e pedras preciosas.

BB – Banco do Brasil: banco múltiplo que funciona como sociedade de economia mista: listado em bolsa, sendo
que a União Federal é o acionista majoritário. Trata-se de uma empresa integrante do Novo Mercado (#BBAS3).
Depois de 1988, o BB deixou de ser uma autoridade monetária (hoje à cargo do BC, CMN e CVM). O Banco do
Brasil é a principal instituição financeira provedora de crédito rural.

Cooperativas e sociedades de crédito imobiliário: As cooperativas são formadas por uma associação de pessoas
que são, ao mesmo tempo, donos e usuários e se unem ao redor de um objetivo em comum (ex. aquisição de um
equipamento, condições melhores de financiamento). As Sociedades de crédito imobiliário são integrantes do
SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e financiam a construção de habitação de modo direto ou indireto. A
captação de recursos pode ser através de Letra de crédito imobiliário (LCI), depósito de poupança e repasses da
CEF.

Companhias hipotecárias – são instituições financeiras e, portanto, devem ser autorizadas a funcionar
pelo BCB sendo supervisionadas também pelo CMN.O objetivo é criar uma iniciativa adicional ao Sistema
Financeiro de Habitação (SFH) para fomentar a produção, reforma ou comercialização de imóveis não
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enquadrados nas regras do SFH (valor, prazo, taxa). Exercem a administração de créditos hipotecários
próprios ou de terceiros; administram FII’s (se tiver autorização da CVM); repassam recursos ao
financiamento da produção ou aquisição de imóveis residenciais. Captam recursos através de LCI e LH,
sendo vedada a captação dos depósitos de poupança.

SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro: conjunto de regras e procedimentos, instrumentos e sistemas


operacionais integrados, utilizado pelo sistema financeiro brasileiro para transferir fundos do pagador ao
recebedor. Funciona para dar eficiência ao Sistema Financeiro Nacional, mitigando o risco operacional ou
sistêmico e o risco de contraparte/crédito. O SPB possui meios eletrônicos para transferência de recursos -
altos níveis de inflação no passado geraram a necessidade de criar o sistema de transferências de reservas.
São integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) os serviços de compensação de cheques, de
compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito e de crédito, de transferência de fundos e de
outros ativos financeiros, de compensação e de liquidação de operações com títulos e valores mobiliários,
de compensação e de liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros, de
depósito centralizado e de registro de ativos financeiros e de valores mobiliários. Os sistemas que operam
esses serviços são denominados Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMFs). O BC é o responsável pela
gestão e operação das seguintes IMFs: Sistema de Transferência de Reservas (STR); Sistema de Pagamentos
Instantâneos (SPI); Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). O STR e o SPI são sistemas de
pagamento (transferências de fundos). O Selic é um sistema de liquidação de ativos e um depositário central
que opera a maioria dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. Outros IMFs: CIP - câmara
interbancária de pagamentos (liquidação financeira de TED, DOC, TEC e boleto de cobrança);
COMPE – Centralizadora de compensação de cheques.

Veja todos os sistemas do SBP neste link no site do BACEN!


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Investidor Qualificado: agentes econômicos que têm mais condições do que o investidor normal para
entender o mercado.

Exemplos:
• Investidores Profissionais;
• Pessoas físicas ou jurídicas com investimentos superiores a 1 milhão de reais e que
adicionalmente atestem por escrito que são investidores qualificados;
• Pessoas aprovadas em exames de qualificação técnica reconhecidos pela CVM para agentes
autônomos, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários (o status de
investidor qualificado vale apenas para recursospróprios).

Investidor Profissional: único tipo de investidor que pode aplicar em fundos exclusivos,com cotista
único.

Exemplos:
• Instituições financeiras, seguradoras e sociedades de capitalização;
• Fundos de Investimento;
• Entidades abertas e fechadas de previdênciacomplementar;
• Administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pelaCVM (apenas
recursos próprios);
• Pessoas físicas ou jurídicascom investimentos superiores a 10 milhões de reais e que
adicionalmente atestem por escrito que são investidoresprofissionais.
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Módulo 2 – Mercado de Capitais

Risco de um investimento: medida de incerteza, probabilidade de o retorno não corresponder às


expectativas. Taxa livre de risco: investimento que não possui risco de crédito (no caso brasileiro o
mais aproximado seria a taxa selic).
Risco de crédito: associado a probabilidade de default do juros ou principal por partedo emissor. Agências
de rating tem o papel de dar transparência ao mercado e quanto pior for a avaliação, maior será a taxa de
retorno exigida pelos investidores.
Risco de liquidez: traduzido pela dificuldade de vender um ativo no prazo e preço esperados.
Risco de liquidação: traduzido pela possibilidade de não entrega dos títulos (liquidação física) ou do valor
financeiro (liquidação financeira). Esse risco é mitigado pelas clearing houses.
Risco de imagem: impacto negativo da opinião pública.
Risco de contraparte: possibilidade de uma das partes envolvidas em uma transaçãonão
honrar com seus compromissos.
Risco soberano: capacidade do país de honrar a dívida pública.
Risco de mercado: risco da variação diária de ativos, volatilidade, medido pelo desvio padrão. Risco de
mercado pode ser dividido em risco sistemático (afeta todos os ativos) e risco não sistemático (específico de
determinada empresa ousetor).

*Obs: apenas o risco não sistemático é diversificável.

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Conceitosbásicos de estatística que serão necessários para a prova: média, moda, mediana, variância e
desvio padrão. Os conceitos podem ser cobrados na avaliação, inclusive pode ser necessário fazer
contas. Para isso, recomendamos a utilização da calculadora financeira HP12c. Caso tenha dúvidas sobre
algum destes conceitos, assista este vídeo no Youtube, onde explicamos cada um deles.

Covariância: avalia como duas variáveis se correlacionam de forma linear.


Exemplo: quando os juros sobem, os preços de títulos prefixados caem.
O exemplo mostra covariância negativa entre as variáveis, ou seja, elas se movem em direções opostas. Por
outro lado, quando a covariância é positiva, as variáveis tendem a caminhar na mesma direção. Quanto mais
próxima de zero a covariância, menos pode-se identificar comportamento interdependente entre as variáveis.

Coeficiente de correlação: medida adimensional que varia entre -1 e 1 e indica o grau de


interdependência entre duas variáveis.
𝐶𝑜𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎 = 𝐶𝑜𝑟𝑟 𝐴, 𝐵 𝑥 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑃𝑎𝑑 𝐴 𝑥 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑃𝑎𝑑(𝐵)

-1 0 1
Máxima diversificação. As Não há relação Não há diversificação. As
variáveis X e Y se movem entre as variáveis. variáveis X e Y se movem
em sentidos opostos e na em sentidos iguais e na
mesma proporção. mesma proporção.

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Teoria de eficiência dos mercados – um mercado informacionalmente eficiente é um mercado em que os
preços dos ativos refletem novas informações de forma rápida e racional. Um mercado eficiente é, portanto, um
mercado em que os preços dos ativos incorporam toda a informação passada e presente. Gerentes de portfólio
e analistas estão particularmente interessados na eficiência dos mercados porque afeta quantas oportunidades
lucrativas de curto prazo (ineficiências de mercado) existem. Em um mercado altamente eficiente, uma
estratégia de investimento passiva (isto é, comprando e mantendo uma ampla carteira de mercado) que não
busca retornos superiores ajustados ao risco é preferível a uma estratégia de investimento ativa devido a custos
mais baixos (por exemplo, custos de transação e de busca de informações). Em contraste, em mercados menos
eficientes, estratégias de investimento ativas podem alcançar retornos superiores ajustados ao risco (líquidos de
todas as despesas na execução da estratégia), em comparação com estratégias passivas. Para que os mercados
sejam eficientes, os preços devem se ajustar rápida e racionalmente à liberação de novas informações. Em
outras palavras, os preços dos ativos em um mercado eficiente devem "refletir plenamente" todas as
informações. Os mercados financeiros, no entanto, geralmente não são classificados nos dois extremos como
completamente ineficientes ou completamente eficientes, mas, ao contrário, como exibindo vários graus de
eficiência. Os preços dos ativos em um mercado altamente eficiente, por definição, refletem as informações
mais rapidamente e com mais precisão do que em um mercado menos eficiente. Estes graus de eficiência
também variam ao longo do tempo, por região geográfica e tipo de mercado. Diversos fatores contribuem e
impedem o grau de eficiência em um mercado financeiro.

Fatores que impulsionam a eficiência de mercado – disponibilidade de informações, balanços financeiros


públicos, órgãos reguladores que fiscalizam crimes financeiros
Fatores que limitam a eficiência de mercado – custos de transação, custos de aquisição de informações,
limitações de trading (proibição de venda a descoberto por ex).
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Hipótese de eficiência fraca de mercado – preços de ativos refletem plenamente todos os dados passados do
mercado, que se referem a todas as informações históricas de preço e volume. Os dados de negociação
passados já estão refletidos nos preços atuais e os investidores não podem prever mudanças de preços futuros
extrapolando valores.
Hipótese de eficiência semiforte de mercado - preços de ativos refletem todas as informações conhecidas e
disponíveis publicamente. As informações disponíveis ao público incluem dados financeiros (tais como lucros,
dividendos, investimentos corporativos, mudanças na administração, etc.) e dados do mercado financeiro (tais
como preços de fechamento, número de ações negociadas, etc.). Portanto, a forma semi-forte de eficiência do
mercado engloba e domina a forma fraca.
Hipótese de eficiência forte de mercado - preços de ativos refletem plenamente tanto as informações públicas
quanto as privadas. Nesse caso, os participantes do mercado não são capazes de obter retornos anormais com
base em informações privilegiadas. Os preços refletem tudo aquilo que a administração de uma empresa sabe
mesmo que não tenha sido divulgado publicamente. Entretanto, a forma de eficiência forte é improvável de
existir no mundo real. Inclusive, a própria dinâmica do mercado trabalha com fontes públicas e os órgãos
reguladores fiscalizam indícios de “insider trading” na maioria dos países.

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Risco x Retorno: o investidor sempre quer maximizar o retorno e minimizar o risco. Considerando
que o retorno sempre será medido pelo retorno esperado (média de retornos) e o risco é avaliado
pelo desvio padrão, o princípio da dominância sempre será válido, ou seja, para dois ativos de
mesmo retorno esperado, escolhe-se aquele com menor risco e para dois ativos com mesmo risco
esperado, escolhe-se aquele com maior expectativa de retorno.

Diversas teorias e modelos tratam do princípio da diversificação de ativos para reduzir o risco não
sistemático (referente a um setor, título, empresa, etc.)

Modelo de Markowitz – a teoria de seleção de carteiras elaborada por Markowitz considera que para
otimização da carteira de investimentos, seria necessário alocar ativos com covariâncias que se
anulassem, dissipando o risco e construindo uma carteira de mínima variância (CMV) para um dado
retorno esperado. Essa combinação de ativos é definida pela participação percentual de cada ativo na
carteira. A partir da CMV é possível obter a fronteira eficiente, traçando todas as combinações de
ativos que possuem o menor nível de risco para qualquer retorno superior a CMV.
A CMV é extremamente importante pois representa o trade-off de risco e retorno do investidor, de
acordo com suas preferências e tolerâncias. Para dois ativos (A e B), a carteira de variância mínima
pode ser determinada a partir da seguinte equação:

𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐴 = (𝑉𝑎𝑟 𝐵 − 𝐶𝑜𝑣)/((𝑉𝑎𝑟 𝐴 + 𝑉𝑎𝑟 𝐵 − 2 𝑥 𝐶𝑜𝑣 )


𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐵 = (1 − 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐴)
𝐶𝑜𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎 = 𝐶𝑜𝑟𝑟 𝐴, 𝐵 𝑥 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑃𝑎𝑑 𝐴 𝑥 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑃𝑎𝑑(𝐵)

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Distribuição normal: busca explicar a probabilidade de eventos ocorrerem diante de um determinado
intervalo de confiança: 67% de confiança = 1 desvio padrão; 95% de confiança = 2 desvios padrão;
99% de confiança = 3 desvios padrão.

Beta: é uma medida associada ao risco sistemático, não diversificável ou risco de mercado. O Beta é o
principal parâmetro utilizado no modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) que veremos adiante.

Valor do beta:
beta = 0 retorno esperado é a taxa livre de risco
0 > beta < 1 retorno esperado é menor do que a carteira de mercado
beta = 1 retorno esperado é igual a carteira de mercado
beta > 1 retorno esperado é maior do que a carteira de mercado

*Obs: quanto maior o retorno esperado, maior o risco. Dessa forma, carteiras com betas mais
elevados são mais agressivas.

O beta pode ser calculado de acordo com as equações abaixo:

𝐶𝑜𝑣𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎(𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜, 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜) 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑃𝑎𝑑 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜


𝛽= 𝛽= x Correlação (ativo, mercado)
𝑉𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎(𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜) 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑃𝑎𝑑 𝑀𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜

O beta é uma medida de risco de mercado pois utiliza um indicador de mercado como comparativo.
Ex: Ibovespa 22
Coeficiente Alfa ou Alfa de Jensen: mostra o diferencial entre o retorno da carteira ou fundo de
investimento que excede o ativo livre de risco e o retorno esperado (de acordo com o Beta e o modelo
CAPM). Se o alfa é positivo, o gestor gerou retorno acima do esperado pelo nível de risco da carteira. Alfa
negativo significa que o risco adicional da carteira não foi compensado por maiores retornos.

𝛼 = 𝑅𝑐 − 𝑅𝑓 − 𝛽(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓)

𝛼 = Alfa de Jensen
𝛽 = Beta
𝑅𝑐/𝑅𝑝 = Retorno observado do ativo ou portfolio
𝑅𝑓 = Retorno do ativo livre de risco
𝑅𝑚 = Retorno do índice de mercado

Reta do mercado de capitais (Capital Market Line – CML): associa a carteira de mercado ao ativo livre de
risco e determina carteiras que serão combinações lineares desses dois tipos de ativos, de acordo com
níveis crescentes de risco e retorno. As características de risco e retorno de carteiras pertencentes a CML
são mais interessantes do que as carteiras que compõem a fronteira eficiente. A alocação de uma parcela
do capital do investidor no ativo livre de risco proporciona uma diminuição maior do risco da carteira,
tornando-a mais atraente.

Modelos de precificação de ativos financeiros:

Capital Asset Pricing Model (CAPM) – estabele uma relação de equilíbrio entre retorno esperado e fator
de risco (medido pelo Beta)
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O CAPM amplia o conceito originalmente proposto pela CML, considerando que a carteira de mercado da
fronteira eficiente possa ser replicada por um índice (S&P 500 ou Ibovespa no caso brasileiro), mais fácil de
ser obtido. O modelo CAPM é representado pela fórmula a seguir:

𝑅𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓)

𝑅e = retorno esperado do ativo


𝑅𝑚 = retorno esperado da carteira de mercado
𝑅𝑓 = retorno do ativo livre de risco
𝛽 = Beta do ativo
(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) = prêmio pago por unidade de risco

O CAPM é representado graficamente pela Reta do Mercado de Títulos ou Security Market Line (SML). A SML
diferencia-se da CML nos seguintes aspectos:
- A medida de risco na SML é o Beta (𝛽), enquanto na CML é o desvio padrão
- A SML utiliza um índice de ações como risco de mercado, enquanto a CML determina a carteira de
mercado a partir da reta que tangencia a fronteira eficiente de uma carteira aleatória

Premissas do modelo CAPM:


- O mercado é de competição perfeita (o número de investidores é muito grande e o patrimônio de cada
um é pequeno em relação ao volume de negócios)
- Taxas de aplicação e captação são iguais e disponíveis a qualquer pessoa (não existe spread nem
inadimplência)
24
- Os retornos dos ativos seguem uma distribuição normal
- Não há custos de transação
- O mercado é eficiente e não existem oportunidades de arbitragem
- Investidores têm expectativas homogêneas
- Todos os investidores seguem o modelo de Markowitz, otimizando a relação de risco e retorno dos ativos
- O modelo é estático (os investidores só fazem planos para o período seguinte

Algumas das premissas do CAPM têm gerado muita discussão, pois sabemos que na vida real a realidade do
mercado é bem diferente. Ainda assim, é utilizado amplamente pela comunidade internacional de
finanças/investimentos.

Arbitrage Pricing Theory (ATP): é um modelo que busca medir a sensibilidade de retorno de um ativo a
diversos fatores de risco considerados. Cada um desses fatores possui um Beta específico associado que
representa um risco relevante. Ao contrário do CAPM, o APT parte do pressuposto que há oportunidades de
arbitragem no mercado, que surgem justamente por conta do mercado não ser eficiente e o comportamento
dos ativos não se aproximar da distribuição normal. O modelo APT parte de três premissas:
- O mercado é de competição perfeita (o número de investidores é muito grande e o patrimônio de cada
um é pequeno em relação ao volume de negócios)
- Os retornos dos ativos são influenciados por diversos fatores de risco independentes
- Há oportunidades de arbitragem no mercado

O APT considera que os retornos de um ativo sofrem influência de diversas variáveis macroeconômicas, como
taxa de juros, inflação, nível de atividade industrial, desemprego, entre outros.
25
O modelo utiliza uma equação fatorial onde os fatores são as fontes de risco:

𝑅 = 𝑎0 + 𝑏1𝐹1 + 𝐵2𝐹2 + ⋯ + 𝐵𝑛𝐹𝑛 + 𝑒

𝑅 = retorno esperado do ativo


𝑎0 = retorno esperado para todas as ações quando os fatores de risco forem zero
𝑏 = sensibilidade do ativo ao fator de risco
𝐹 = fatores de risco que afetam a ação
𝑒 = error term ou resíduo

B3 – Brasil, Bolsa, Balcão

A B3 é uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro do mundo, com atuação
em ambiente de bolsa e de balcão. Através da bolsa de valores, os investidores podem comprar e
vender ativos no mercado financeiro em um ambiente eletrônico organizado. As negociações são
realizadas através do intermédio de instituições financeiras autorizadas: as corretoras e distribuidoras.
A B3 é uma empresa brasileira de capital aberto, cujas ações (B3SA3) são negociadas no segmento
Novo Mercado e fazem parte dos índices Ibovespa, IbrX e IbrX-50. Suas atividades incluem criação e
administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as
principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativaaté derivativos de moedas,
operações estruturadas e taxas de juro e de commodities. A B3 também opera como contraparte
central garantidora para a maior parte das operações realizadas em seus mercados e oferta serviços de
central depositária e de central de registro.
26
Ativos de renda variável : são aqueles cujos rendimentos não são conhecidos (ações, derivativos,
cotas de diversos tipos de fundos de investimento, fundos imobiliários, moedas, índices,
commodities, etc..)

Ações: são frações do capital social de uma empresa e seus principais tipos são:
Ordinárias (ON): possuem direito a voto em assembleias de acionistas.
Preferenciais (PN): não possuem direito a voto, mas têm preferência no pagamento de dividendos e
podem receber 10% a mais em dividendos do que as ordinárias. Caso a empresa fique 3 anos sem
distribuir dividendos, a ação PN passa a ter direito a voto.
Obs: empresas que abrem capital devem ter minimamente 50% de suas ações do tipo ON.

Bonus de subscrição: títulos negociáveis que garantem aos titulares o direito de subscrever
ações de uma empresa. A emissão é caracterizada como alienada caso o investidor pague por
esse direito.

Depositary Receipts (DR): recibos de depósito com lastro em ações de empresas instaladas
em outro país.
BDR: Brazilian Depositary Receipt (Ex: ação da Apple negociada no Brasil).

Os BDRs são certificados de valores mobiliários representativos de ações de empresas de capital


aberto com sede no exterior. Os certificados são emitidos por instituições brasileiras, chamadas de
instituições depositárias, autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e que devem estar
habilitadas pela CVM para emitir BDRs.
27
Existem duas categorias de BDRs:
O BDR patrocinado é emitido por uma instituição depositária contratada pela companhia estrangeira
emissora e pode ser classificado como Nível I, Nível II ou Nível III.
O BDR não patrocinado é emitido por uma instituição depositária, sem envolvimento da companhia
estrangeira emissora, e só pode ser classificado como Nível I.
Níveis de ADR
ADR - American Depositary Receipt (Ex:
ação da Vale negociada nos EUA). Negociado no mercado de balcão apenas. São emitidos com base em
ADR Nível 1 ações já existentes e que foram depositadas no banco custodiante, isto
é, a companhia não capta recursos adicionais.
ADRs são recibos de ações de empresas
que não estão sediadas nos EUA e que são Negociados em alguma bolsa dos EUA. São emitidos com base em
ações já existentes e que foram depositadas no banco custodiante, isto
emitidos por bancos americanos, com ADR Nível 2
é, a companhia não capta recursos adicionais. As demonstrações
lastro em ações depositadas em um banco financeiras devem estar disponíveis no padrão US GAAP.
custodiante no país de origem. Um Negociados em alguma bolsa dos EUA e vinculados a uma oferta
investidor norte americano, ao comprar ADR Nível 3
pública nos EUA. Trata-se de uma nova emissão, através da qual a
companhia capta recursos. As demonstrações financeiras devem estar
ADRs, pode investir em ações de empresas disponíveis no padrão US GAAP.
não americanas sem deslocar o capital
para outro país. Colocação privada de títulos, negociados em mercado balcão. A
ADR 144A companhia capta recursos e os títulos destinam-se exclusivamente a
Investidores Institucionais Qualificados.

Obs: os proventos (como dividendos, bonificações e subscrições) são pagos aos detentores
de BDRs ou ADRs

28
Recibo de Carteira de Ações (RCA) - é um produto desenhado e normatizado pela Bolsa de Valores
do Rio de Janeiro, com o objetivo de oferecer a investidores de variados portes um instrumento
simples e diversificado de aplicar em ações. É um recibo representativo de uma carteira de ações
depositadas na CLC - Câmara de Liquidação e Custódia S/A, que é responsável pela emissão e
controle dos certificados. A carteira de RCA é composta por um conjunto pré-determinado de ações
de diferentes empresas e tipos, sendo que a quantidade de cada ação dentro da carteira também é
pré-estabelecida. Diferentes carteiras constituem diferentes classes de RCA. Uma vez criada uma
classe, a sua composição não muda com o tempo, exceto no caso de distribuição de ações pelas
companhias, como uma bonificação, quando a quantidade daquela ação dentro da carteira é
ajustada exclusivamente para refletir a incorporação daquele direito.

Risco de mercado: ativos de renda variável apresentam maior volatilidade, portanto as oscilações
de preço são mais representativas e podem impactar a rentabilidade do investidor, principalmente
no curto e médio prazo.

Risco de liquidez: existem algumas ações e outros ativos de renda variável com baixo volume de
negociação e isso pode gerar um risco de liquidez para o investidor, traduzido pela impossibilidade
de vender o ativo no momento desejado. Normalmente, os analistas de investimento consideram
um desconto ao ajustar seus modelos de “valuation” para empresas de baixo valor de capitalização
(small caps) por conta da menor quantidade de ofertas de compra e venda, que aumenta o spread
de preço entre compradores e vendedores.

29
Tag Along:
Quando há mudança de controle de companhia aberta, os acionistas com direito a voto devem receber
uma oferta de no mínimo 80% do valor pago por ação.

Assembleia Geral Ordinária(AGO):


Organizada anualmente entre os quatro primeiros meses seguintes ao término doano fiscal para:
• Analisar as contas dos administradores e validar demonstrações financeiras;
• Discutir sobre o destino do lucro e pagamento de dividendos;
• Eleger administradores e membros do conselho (caso necessário);
• Aprovar correção monetária do capital social
A empresa deve enviar para a CVM um edital de convocação da AGO até quinze dias antes da data
marcada. Posteriormente, deve publicar a ata e sumário das decisões em até 7 dias após a assembleia.

Assembleia Geral Extraordinária(AGE):


A assembleia geral extraordinária é assim considerada para todos os casoscujo objetivo não esteja listado
acima.
Caso a AGE seja motivada por uma possível mudança no estatuto, a primeira convocação será
concluída apenas com a presença de acionistas que representem conjuntamente 2/3 do capital
com direito a voto, mas poderá ocorrer segunda convocação sem restrições.

Direitos do acionistaminoritário:
• Participação de lucros;
• Participação em assembléias (e voto se for açãoON);
• Ter acesso aos demonstrativos financeiros da empresa;
30
• Fiscalizar, de acordo com a lei das S.A.;
• Participação em caso de liquidação.

Acionista controlador: agente econômico, empresa ou grupo de empresas que possui maioria dos votos nas
deliberações de AGO e exerce influência no processo de decisão e funcionamento de uma companhia.

Empresas de capital aberto x capital fechado


Abertas: negociação em bolsa ou mercado balcão, muitos sócios (acionistas),maior nível de
transparência.
Fechadas: negociação de balcão não organizado (sem garantias), poucos sócios em geral, menor grau
de transparência.
Eventos corporativos:
Dividendos: distribuição de parte do lucro das empresas aos acionistas (minimamente 25% garantido por lei
no Brasil). O valor pago em dividendos é descontado do preço da ação.
Juros sob capital próprio: proventospagosem dinheiro que são dedutíveis do lucro
tributável da empresa.
Direito de subscrição: direito de aquisição de ações por conta de um aumento de capital. O direito
de subscrição permite que o acionista mantenha sua participação percentual no capital social. Para
incentivar o investimento adicional, as novas ações são oferecidas aos atuais acionistas por um
valor inferior ao valor de mercado.
Bônus de subscrição – título que confere ao titular o direito de subscrever ações em um prazo
determinado por um valor fixado. Até o vencimento, os bônus podem ser comprados e vendidos
em bolsa. 31
Grupamento (Inplit) – reduz a quantidade de ações e aumenta o valor de cada ação
(objetivo é reduzir o risco).
Desdobramento (Split) - aumenta a quantidade de ações e reduz o valor de cada ação (objetivo é
aumentar a liquidez). *Obs: tanto no inplit como no split, o montante investido não sealtera.

Ambientes de negociação - bolsa e balcão organizado: bolsa de valores é um sistema centralizado e


multilateral de negociação de ativos, que possibilita o encontro de ordens de compra e venda de
valores mobiliários. Todas as informações de negócios devem ser disponibilizadas aos participantes,
com atraso de no máximo 15 minutos. As entidades administradoras precisam manter mecanismos
de controle e ressarcimento de prejuízos por conta de possíveis erros ou omissões. No Brasil, a bolsa
é a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), sociedade anônima fiscalizada pela CVM. Nos mercados de balcão
organizado, por outro lado, as transações são simplesmente registradas, mas a atuação é direta, sem
intermediários e não é obrigatória a divulgação de informações.

Liquidação de ações: ocorre em D+2. Compras e vendas de ações são realizadas por intermédio de
corretoras (CTVM) ou distribuidoras (DTVM). Quando as transações são efetuadas em ambiente
online, utiliza-se o “Home Broker”.

Corretagem: custo cobrado pelas corretoras para executar ordens de compra e venda de ativos.
Lote padrão: conjunto determinado de títulos de características e quantidades idênticas
determinadas pela bolsa. Ex: 1 lote de ações na B3 = 100 ações.
Emolumentos: taxa cobrada pela bolsa (0.035% do valor financeiro da operação)
Taxa de custódia: tarifa de manutenção de conta cobrada por algumas corretoras.
32
Estratégias de investimentos em ações:

Compra e venda à vista – o investidor compra/vende lotes de ações padronizados através do preço
praticado no mercado e por intermédio de corretora. A operação é realizada em D+0 e liquida em
D+2. O investidor precisa ter saldo disponível na conta da corretora para comprar as ações e precisa
ter as ações em carteira para vendê-las.

Termo – contrato de compromisso de compra ou venda de ações em um momento futuro.


Normalmente o prazo de liquidação se dá entre 30 e 180 dias, podendo ser reversível por meio de
operação inversa no mercado à vista. Contratos a termo consideram uma taxa de juros que remunera
o valor do dinheiro no tempo. Para esse tipo de operação, é necessário consultar a mesa de
operações da corretora para verificar as taxas e solicitar a operacionalização da ordem.

Compra com uso de margem – aquisição de ações em mercado à vista, com recursos obtidos pelo
investidor por meio de um financiamento com uma corretora.

Venda descoberta – o investidor vende ações sem possuir os ativos em carteira. Essa estratégia pode
ser utilizada caso haja expectativa de queda no valor da ação (o investidor vende a ação hoje e
recompra posteriormente para zerar a operação).

Aluguel – investidores proprietários de ações podem disponibilizá-las como empréstimos mediante o


recebimento de uma taxa de aluguel. O locatário acredita em uma queda no preço das ações e pode
realizar operações de venda à vista.
33
Long & Short – operação simultânea na qual um investidor mantém uma posição vendida em um ativo
e comprada em outro (com financeiro próximo a zero), no intuito de obter um valor residual na
liquidação da operação

Análise Técnica (Gráfica) – avalia projeções com base no comportamento passado de preço e volume de
ativos, de acordo com a oferta e demanda de agentes econômicos representada em gráficos.
Análise Fundamentalista – considera informações sobre a empresa, setor no qual está inserida e conjuntura
econômica. O analista fundamentalista busca descobrir o valor intrínseco de uma empresa e compara com
seu valor de mercado para concluir se o preço praticado está barato oucaro.

LPA: Lucro por Ação = Lucro Líquido / Número de Ações


P/L: Preço/Lucro = Preço por Ação / Lucro por Ação
*P/L indica quantos anos levaria para o investidor reaver o capital
EBITDA = significa earnings before interest, taxes, depreciation and amortization. Para empresas brasileiras,
utiliza-se o termo LAJIDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). O EBITDA é um indicador
que avalia a geração de caixa da empresa.

Índices de renda variável:


Ibovespa - é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 e reúne as empresas mais
importantes do mercado de capitais brasileiro. Foi criado em 1968 e, ao longo desses mais de 50 anos,
consolidou-se como referência para investidores ao redor do mundo. Reavaliado a cada quatro meses, o
índice é resultado de uma carteira teórica de ativos. É composto pelas ações e units de companhias listadas
na B3, correspondendo a cerca de 80% do número de negócios e do volume financeiro do nosso mercado de
capitais. É um índice de retorno total, pois considera o pagamento de proventos (dividendos, jcp, etc.). 34
IBrX 100 - O IBrX 100 é o resultado de uma carteira teórica de ativos, cujo objetivo é ser o indicador do
desempenho médio das cotações dos 100 ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado
de ações brasileiro.
IBrX 50 – versão do IBrX que considera os 50 ativos de maior negociabilidade e representatividade do
mercado de ações brasileiro.

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) – avalia empresas listadas na B3 sob o aspecto da


sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e
governança corporativa. O Conselho Deliberativo do ISE, o órgão máximo de governança do ISE, tem como
missão garantir um processo transparente de construção do índice e de seleção das empresas. Atualmente,
o CISE é composto por onze instituições: APIMEC, ABRAPP, ANBIMA, B3, ETHOS, IBGC, IBRACON, IFC, GIFE,
Ministério da Economia e ONU.

Índice Small Cap (SMLL) - é o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de uma carteira
composta pelas empresas de menor capitalização da bolsa.

Índice MidLarge Cap (MLCX) - é o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de uma carteira
composta pelas empresas de maior capitalização da bolsa.

Índice de Energia Elétrica (IEE) - é o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de maior
negociabilidade e representatividade do setor de energia elétrica.

35
FGV 100 - índice calculado pela FGV - Fundação Getúlio Vargas, a partir de carteira teórica formada por
ações das 100 empresas privadas não financeiras brasileiras de maior negociabilidade.

Índices de ações no exterior

S&P 500 – calculado e divulgado pela Standard & Poor’s, o índice S&P 500 busca refletir um portfólio
diversificado de ações, de 500 empresas listadas na bolsa de Nova Iorque (NYSE).
NASDAQ Composite – reflete o valor de mercado de todas as ações negociadas na NASDAQ (a segunda
maior bolsa em valor de mercado no mundo, perdendo apenas para a NYSE). Este índice é utilizado como
indicador de desempenho das empresas do setor de tecnologia.
Dow Jones (DJIA) – o Dow Jones Industrial Average é um indicador que reflete o desempenho médio das
cotações das trinta maiores empresas listadas na NYSE e na NASDAQ.

MSCI World – representa grandes e médias empresas de 23 países desenvolvidos. Com 1.603 constituintes,
o índice cobre aproximadamente 85% da capitalização de mercado ajustada ao “free float” em cada país.
MSCI Emerging Markets - representa grandes e médias empresas de 26 países de Mercados Emergentes.
Com 1.385 constituintes, o índice cobre aproximadamente 85% da capitalização de mercado ajustada ao
“free float” em cada país.

Euro Stoxx 50 - é composto por 50 ações da zona do Euro e foi criado pela empresa Stoxx Ltd. Esta empresa
é propriedade da bolsa da Alemanha (Deutsche Boerso AG) e da SIX Group AG. O objetivo do índice é
representar as empresas líderes de subsetores da economia europeia.

36
Tributação de ações:
Operação normal – 15%, sendo 0.005% na fonte.
Day Trade (compra e venda no mesmo dia) – 20%, sendo 1% na fonte.
IOF – não há.
Cobrança sempre é efetuada no resgate e o responsável pelo recolhimento é o investidor através do
Documento de Arrecadação da Receita Federal (DARF) até o último dia útil do mês seguinte a venda.
*Obs: vendas de ações por pessoa física (exceto day trade) com valor igual ou inferiora
R$20.000,00 são isentas de IR.

Compensação de perdas: é permitida para ganhos líquidos auferidos no próprio mês ou em meses
subsequentes até o limite anterior de perda e para operações na mesma classe de ativos. Exemplo: investidor
perde 30 mil reais em janeiro no mercado de ações e lucra 25 mil reais no mesmo mercado em fevereiro. Os
ganhos de fevereiro não serão tributados. Caso fosse ao contrário (ganho em janeiro e perda em fevereiro), o
investidor pagaria o IR sobre os ganhos de janeironormalmente. São isentos de IR: templos religiosos, partidos
políticos e suas fundações, bem como associações sindicais sem fins lucrativos.

Demonstrações contábeis e fluxo de caixa: basicamente, neste primeiro módulo preparatório para o CNPI,
iremos estudar superficialmente os três tipos de demonstrativos: balanço patrimonial, DRE (demonstração de
resultados do exercício) e fluxo de caixa. Também será importante saber avaliar alguns indicadores (ratios), mas
toda essa temática será aprofundada no Conteúdo Global (CG1) para aqueles que desejam tirar o CNPI ou CNPI-P.

37
Balanço patrimonial: é uma representação do valor contábil de uma empresa em uma data específica, como se
a empresa estivesse momentaneamente congelada. Ele tem dois lados: no lado esquerdo, estão os ativos; no
lado direito, os passivos e o capital dos acionistas. O balanço patrimonial declara o que a empresa possui e
como ela é financiada. A definição contábil que fundamenta e descreve o balanço patrimonial é a seguinte:

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 = 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜𝑠 + 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

A liquidez diz respeito à facilidade e à rapidez com que os ativos podem ser convertidos em caixa (sem perda
significativa de valor). O ativo circulante apresenta a maior liquidez e inclui o caixa e os ativos que serão
convertidos em caixa em até um ano da data do balanço patrimonial. As contas a receber são valores ainda
não cobrados relativos a serviços ou produtos vendidos aos clientes (após ajuste para perdas com valores de
recebimento duvidoso). O estoque é composto pela matéria-prima que será utilizada na produção, no material
em processo e nos bens acabados. O ativo imobilizado é o tipo de ativo com menor liquidez. Os ativos
imobilizados tangíveis incluem bens imóveis, unidades fabris e equipamentos. Esses ativos não são convertidos
em caixa durante a atividade normal de negócios e não costumam ser utilizados para pagar despesas, tais
como a folha de pagamento. Alguns ativos imobilizados são intangíveis. Eles não têm existência física, mas
podem ser muito valiosos. São exemplos de ativos intangíveis o valor de uma marca registrada ou o valor de
uma patente.

Demonstração de resultados do exercício (DRE) : mede o desempenho durante um período específico – um


ano, por exemplo. A definição contábil de lucro é:

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 − 𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠


38
No entanto, ao analisar uma DRE, é importante ter cuidado com diferentes “tipos” de lucro:

Lucro líquido: é definido como as receitas totais menos as despesas totais. É também chamado de “a última
linha”. O lucro líquido reflete as diferenças na estrutura de capital e nos impostos, assim como no resultado
operacional de uma empresa. No cálculo do lucro líquido, subtraem-se do resultado operacional as despesas
com juros e os impostos. Os acionistas fazem um exame detalhado do lucro líquido, pois este tem uma forte
ligação com a distribuição de dividendos e com a retenção de lucros.

LPA: Lucro líquido dividido pelo número de ações em circulação. Expressa o lucro líquido por ação.

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝐿𝑃𝐴 =
𝐴çõ𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎çã𝑜

LAJIR - lucro antes dos juros e imposto de renda (tradução para EBIT – earnings before interest and taxes).
Geralmente, é chamado de “lucro operacional” ou “lucro das operações continuadas” na demonstração de
resultados. É o lucro, excluídos os itens não usuais, de operações descontinuadas ou de itens extraordinários.
Para calcular o LAJIR ou EBIT, subtraem-se as despesas operacionais das receitas operacionais. O LAJIR é
apreciado pelos analistas, porque não considera as diferenças no resultado que decorrem da estrutura de
capital (despesas de juros) e dos impostos sobre o lucro da empresa.

LAJIDA - Lucro antes de juros, imposto de renda, depreciação e amortização. LAJIDA é o LAJIR mais a
depreciação e amortização. A amortização se refere a uma despesa que não afeta o caixa e é semelhante à
depreciação; a diferença é que se aplica a um ativo intangível (p. ex., uma patente), e não a um ativo tangível
(p. ex., uma máquina). A palavra amortização, neste contexto, não se refere ao pagamento de dívidas.
39
Os analistas costumam utilizar o LAJIDA, porque ele soma de volta ao LAJIR dois itens que não afetam o caixa
(depreciação e amortização) e, assim, é uma melhor medida do fluxo de caixa operacional antes de impostos.
No Brasil, é muito usado no mercado financeiro o termo em inglês “EBITDA”, de earnings before interests,
taxes, depreciation, and amortization.

Obs: essas medidas de lucros podem ser seguidas pelas letras LTM, que significam “últimos doze meses” (last
twelve months). Por exemplo, o EPS LTM são os últimos doze meses do LPA, e o EBITDA LTM são os últimos
doze meses do LAJIDA. Às vezes, também vemos as letras TTM (trailing twelve months) seguindo a uma
medida de lucros. LTM e TTM significam a mesma coisa.

Demonstração de fluxos de caixa: a primeira etapa na determinação da variação de caixa é encontrar o fluxo
de caixa das atividades operacionais. Trata-se do fluxo de caixa resultante das atividades normais da empresa
relativas à produção e à venda de bens e serviços. A segunda etapa é fazer um ajuste relativo ao fluxo de caixa
das atividades de investimento. A última etapa é fazer um ajuste relativo ao fluxo de caixa das atividades de
financiamento, que são os pagamentos líquidos para os credores e acionistas (excluindo despesas com juros)
feitos durante o ano. Os três componentes da demonstração de fluxos de caixa serão determinados a seguir.

Fluxo de caixa de atividades operacionais: para calcular o fluxo de caixa de atividades operacionais,
começamos com o lucro líquido e adicionamos as despesas que não afetam o caixa (depreciação, tributos
diferidos) e as variações nos ativos e passivos circulantes (exceto caixa e empréstimos)

Fluxo de caixa de atividades de investimento: envolve variações nos ativos imobilizados: aquisições e vendas
(i.e., despesas líquidas de capital)
40
Fluxo de caixa de atividades de financiamento: incluem variações no capital próprio e na dívida. São exemplos
de atividades: amortizações de dívidas de longo prazo, emissões de novas dívidas de longo prazo, variações
nos empréstimos, dividendos, recompras de ações, receitas de emissões de novas ações

A demonstração de fluxos de caixa é a soma dos fluxos de caixa operacionais, fluxos de caixa de atividades de
investimento e fluxos de caixa de atividades de financiamento.

Análise de indicadores - uma forma de evitar os problemas da comparação de empresas que tenham
tamanhos diferentes é calcular e comparar indicadores financeiros. Tais indicadores permitem comparar e
investigar as relações entre as diferentes partes das informações financeiras. A seguir, listamos as fórmulas dos
indicadores mais comuns. No conteúdo fundamentalista, exploraremos em detalhes como eles podem ser
utilizados e como interpretá-los.

Indicadores de solvência de curto prazo ou de liquidez

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 −𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒


Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑖𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎𝑡𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒

41
Indicadores de solvência de longo prazo

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 −𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜


Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑀𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

𝐿𝐴𝐽𝐼𝑅 𝐿𝐴𝐽𝐼𝐷𝐴
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 = Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 =
𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠 𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠

Indicadores de gestão de ativos ou de giro

𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟𝑖𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑠


𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 =
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒

365
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑐𝑎𝑔𝑒𝑚 (𝑃𝑀𝐸) =
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒

42
Indicadores de gestão de ativos ou de giro

𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟 =
𝐶𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟
365
𝑃𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑃𝑀𝑅) =
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟

𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝐺𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Indicadores de lucratividade

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝐿𝐴𝐽𝐼𝐷𝐴


𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴 (𝐿𝐴𝐽𝐼𝐷𝐴) =
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑂𝐴 (𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜) =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑂𝐸 (𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑒 𝑜 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜) =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
43
Títulos corporativos:
. Debêntures
. Debêntures incentivadas
. Notas Promissórias

Debêntures: funcionam como instrumento de captação de médio/longo prazo para empresas S.A. não
financeiras. Não existe padronização de características, ou seja, pode existir qualquer prazo de
vencimento, amortização, resgate e tipo de remuneração.Em alguns casos, existe a possibilidade de
conversão da debênture em ações da empresa (debênture conversível). Em geral, o valor de emissão não
pode ultrapassar o capital social da companhia. Debêntures não estão cobertas pelo FGC, mas pode
existir garantia contra o inadimplento. SND – Sistema Nacional de Debêntures - responsável pela
manutenção de registros e cadastros de todas as debêntures emitidas e negociadas no mercado, o
sistema faz parte da B3.

Qualquer emissão pública de debêntures exige a nomeação de um agente fiduciário, que tem a função de
proteger o interesse dos debenturistas, através de fiscalização ativa e do estabelecimento de relação de
confiança e lealdade com os credores. Em caso de inadimplência, o agente fiduciário pode:
• Executar garantias reais ou requerer a falência do emissor na ausência de garantias;
• Representar os interesses de debenturistas em processos de falência ou recuperação
Judicial.

Covenant: sistema de garantia indireta, representado por um conjunto de obrigações contratuais positivas
ou negativas. Ex: limites de endividamento, exigências de hedge, etc..
44
Garantias Debêntures:
• Garantia real: garantia forte, tem preferência sobre os demais credores e proíbea alienação
do bem registrado comogarantia.
• Garantia flutuante: privilégio sobre o ativo da companhia, embora hajapossibilidade de
negociação dos bens que compõem tal ativo.
• Garantia quirografária: não oferece privilégio sobre o ativo da emissora, não há nenhum tipo de
preferência em relação aos outroscredores.
• Garantia subordinada: em um cenário de falência, oferece preferência apenas em relação aos
acionistas.
Escritura: documento legal que mostra as “regras do jogo” sob as quais as debêntures foram
emitidas. Descreve os direitos dos debenturistas, deveres do emissor, condições de remuneração e
garantias.
Cross Default: se uma dívida de determinada empresa vence e o emissor fica inadimplente, suas
debêntures também estarão vencidasde forma automática. O mesmo vale para o inverso.

Debêntures incentivadas: emitida apenas para financiamento de projetos dos setoresde


logística, transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações, radiofusão, saneamento
básico e irrigação. Diferenças em relação à debêntures comuns: prazo médio ponderado mínimo
de 4 anos; isenção de IR para pessoa física e menor alíquota de IR para pessoa jurídica (15%).

Notas Promissórias: emitidas por S.A. não financeiras, funcionam como fonte de financiamento de
curto prazo sem garantia real. O prazo mínimo é de 30 dias e máximo de 180 para empresas de capital
fechado e 360 para empresas de capital aberto. Notas promissórias não podem ser remuneradas por
índice de preços e não são garantidas pelo FGC. 45
Operação de underwriting: captação de recursos via emissões no mercado financeiro. As operações de
underwriting possuem:

Ofertante – empresa emissora;


Banco coordenador/banco líder – avalia, regulariza e coordena a distribuição;
Banco liquidante – liquida a venda dos ativos;
Escriturador – responsável pelo registro de informações transacionais;
Central depositária – pertencente a B3, é onde ocorre a conciliação de ativos e também onde o
investidor pode consultar informações sobre a sua conta (Canal Eletrônico do Investidor – CEI);
Custodiante – movimenta os ativos do investidor na central depositária;
Market Maker – instituição que compra e vende ativos para prover liquidez de mercado e estipular um
preço de referência para o ativo
Agente fiduciário – apenas para ofertas públicas de ativos de renda fixa (debêntures, CRI e CRA).
Falaremos sobre este tópico mais adiante na parte de debêntures;
Agências de rating - empresas especializadas em classificar o risco do emissor de
um título no mercado financeiro.
Best efforts: não há garantia do intermediário na colocação da totalidade de títulos no
mercado e a empresa emissora assume os riscos.
Bookbuilding: mecanismo de consulta prévia a investidores para formação de preços.
Lote suplementar: caso haja demanda extra, pode haver distribuição de lote suplementar desde que conste
previamente na Lâmina de Informações Complementares e não ultrapasse 15% a mais do que a quantidade
original.
46
Prospecto: documento oficial que contém informações sobre a empresa, perspectivas, riscos e quadro
administrativo. É obrigatória a entrega deste documento de forma física ou digital.

Mercado primário: novas emissões (captação derecursos).


Mercado secundário: negociação de ativos em mercados organizados, onde investidores transferem
títulos e valores mobiliários entre si. Principal objetivo do mercado secundário é fornecer liquidez para
ativos financeiros.

IPO (Initial Public Offering) – a oferta pública inicial de ações ocorre quando uma empresa decide abrir
capital na bolsa. As corretoras recebem ordens de potenciais investidores e essas ordens podem ser de
mercado (sem preço pré estabelecido, dependendo das condições de oferta e demanda) ou limitadas (até
um preço específico). Existe ainda a possibilidade de investimento em oferta pública sem lock up ou com
lock up (período que o investidor não pode vender o ativo que adquiriu).

OPA (Oferta Pública de Aquisição) – ocorre quando uma empresa oferta comprar ações que estão sendo
negociadas no mercado.

OPA para cancelamento de registro: realizada como condição do cancelamento do registro para
negociação de ações.
OPA por aumento de participação: realizada por conta do aumento da participação do acionista
controlador no capital social de uma empresa aberta.
OPA por alienação de controle: realizada como condição de eficácia de negócio jurídico de alienação de
controle de companhia aberta.
OPA voluntária: visa à aquisição de ações de emissão de empresa aberta, fora dos parâmetros citados
anteriormente. 47
Quando a empresa vende novos títulos e os recursos dessa venda vão para o caixa, as ofertas são
chamadas de primárias. Quando não há emissão de novos títulos e a venda parte dos sócios que
querem desinvestir ou reduzir a sua participação no negócio, a oferta é conhecida como secundária
(block trade). Importante: não confunda oferta secundária com mercado secundário. Além disso,
quando a empresa já é de capital aberto e já realizou seu IPO, as emissões seguintes são conhecidas
como ofertas subsequentes ou “follow on”.

Recompra de ações: é um método em que a empresa compra ações no mercado para custodiá-las em
sua tesouraria ou cancelá-las. Em geral, isso é feito quando a companhia considera que o preço de
suas ações está abaixo do seu valor. Caso as ações sejam canceladas, o número de acionistas diminui
e dessa forma o lucro total da companhia é dividido por menos pessoas. A recompra tem
consequências diferentes para os acionistas, dependendo do que a companhia fizer com as ações
compradas. Caso a empresa cancele as ações, o acionista passa a ter uma fatia maior da empresa e
receberá permanentemente mais dividendos pelas mesmas ações que possui. Já se a empresa
guardar os papéis, o acionista ganha quando a empresa vier a vende-los e obter lucro com a operação
(mas nessa opção, o ganho será pontual). No entanto, quando a empresa compra as ações no
mercado ela reduz o número de papéis em negociação (free float). Isso diminui a liquidez do papel e
pode ser relevante dependendo da ação em questão.

Direito de recesso ou retirada: é uma das formas usadas, principalmente, para diminuir conflitos na
gestão de uma empresa. O direito de retirada está descrito no Código Civil no artigos 1077 e 1114, e
só pode acontecer em uma das hipóteses levantadas na lei. O propósito do direito de retirada é dar
proteção para sócios de uma empresa. Além disso, assegura que alguém que participe de uma
sociedade possa se retirar da mesma caso tenha essa vontade. 48
Fundos de investimento: compram ativos (ações, títulos de renda fixa, derivativos,etc..).
Fundos de investimento em cotas: compram cotas de outros fundos de investimento.

Patrimônio líquido do fundo ( PL) é calculado a partir da soma dos ativos da carteira do fundo, marcado a
mercado, mais valores a receber, menos despesas (taxa de administração, taxa de performance e outras
despesas autorizadas).
Cota: menor fração do patrimônio líquido de um fundo.
Valor da cota: Patrimônio líquido / Número de cotas.

O valor do patrimônio líquido e da cota devem ser divulgados diariamente.

Assembleia Geral dos Cotistas e suas principais atribuições:


• Debater demonstrações contábeis;
• Debater substituição do administrador, gestor ou custodiante;
• Fusão, incorporação, transformação ou liquidação do fundo;
• Aumento da taxa de administração;
• Alteração da política de investimentos;
• Emissão de novas cotas (fundosfechados);
• Alteração do regulamento (exceto por exigência geral da CVM, atualização cadastral ou redução da
taxa de administração).

49
Convocação da Assembleia Geral deve ser feita com no mínimo 10 dias de antecedência da data
de realização e será instalada com presença de qualquer número de cotistas.

Assembleia Geral Ordinária (AGO) é convocada anualmente em até 120 dias após o
exercício social para debater sobre as demonstrações contábeis do fundo. Deve ser
convocada no mínimo 30 dias após estarem disponíveis as demonstrações sauditadas.
Qualquer outra convocação é chamada de Assembleia Geral Extraordinária (AGE).

O cotista deve ser informado sobre:


• Objetivo, política de investimento e riscos associados ao fundo;
• Taxas de administração e demais taxas cobradas;
• Condições de emissão, resgate e prazo de carência (caso haja);
• Critérios de divulgação de informações;
• Advertência de que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura;
• Inexistência de garantias ouseguros.

Para avaliação de performance é recomendável minimamente período de 12 meses.

50
Direitos dos cotistas:
O cotista deve ter acesso ao regulamento, valor do patrimônio líquido, da cota ea rentabilidade mensal do
fundo, bem como composição da carteira. O cotista deve receber mensalmente um extrato de seus
investimentos e anualmente um demonstrativopara Imposto de Renda.

Obrigações doscotistas:
• Aportar recursos em caso de PL negativo;
• Pagar taxa de administração;
• Observar riscos e prazos mínimos;
• Comparecer nas AssembleiasGerais;
• Manter seus dados cadastraisatualizados.

Segregação de funções:
Administrador: responsável legal pelo funcionamento do fundo e também pela comunicação com os
cotistas e prestação de informações à CVM.
Custodiante: responsável pela “guarda” dosativos.
Gestor: responsável pela compra e venda de ativos. Pode ser a mesma instituição responsável pela administração
do fundo ou empresa especializada (asset management).
Distribuidor: responsável pela venda de cotas do fundo (pode ser o próprio administrador). Tem como
responsabilidade prevenir a lavagem de dinheiro e realizar procedimento de suitabilit.
Auditor Independente: responsável por validar as contas do fundo uma vez por ano. O auditor deve ser
independente e registrado na CVM.
51
Tipos de fundos:

Fundos abertos : são aqueles cujos cotistaspodem aportar ou solicitar o resgate de seu
investimento a qualquer momento. Quando há aportes, são geradas mais cotas. Quando há
resgates, as cotas referentes deixam de existir. Fundos abertos em geral investem em ativos
de maior liquidez.

Fundos fechados : O número de cotas nesse fundo é limitada, (não é possível criar cotas
para aplicação de novos cotistas). Esse tipo de fundo tem data certa para entrada de cotistas
(quando o fundo está aberto ao mercado) e pode ou não ter um vencimento. Se o investidor
quiser resgatar suas cotas antes do vencimento do fundo, ele terá de negociar suas cotas
com outro investidor no mercado secundário.

Fundo restrito: organizado para receber recursos de um grupo específico de cotistas,


como family offices ou empresas de um determinado grupo econômico. Fundos restritos
normalmente são destinados a investidoresqualificados.
Fundo exclusivo: fundo restrito formado por um cotista único queobrigatoriamente
deve ser investidor profissional. A marcação a mercado é opcional.

Carência: o regulamento de um fundo pode ou não estabelecer prazo de carência para


resgates. No caso da existência de prazo de carência, o resgate antecipado das cotas terá
cobrança de IOF (0.5% ao dia). Caso não haja prazo de carência, o resgate pode ser
solicitado a qualquer momento.
52
Cota de abertura: conhecida no início do dia e calculada com base no valor do PL do fundo do dia anterior
acrescido da variação do DI de 1 dia. O investidor sabe com antecedência quanto pagará pela cota (em caso
de aplicação) ou quanto receberá (em caso de resgate). A cota de abertura só é permitida para fundos de
baixa volatilidade: renda fixa curto prazo, referenciado e simples, além dos fundos exclusivos.

Cota de fechamento: O valor da cota é divulgado no fechamento do mercado e reflete a variação dos ativos no
dia. Esse tipo de cota é obrigatória para fundos que apresentam maior volatilidade.

Taxa de administração: é o valor pago pelos cotistas para remunerar os prestadores de serviço de um fundo.
A taxa é anual, porém calculada e deduzida diariamente, afetandodessa forma o valor da cota do fundo. A
rentabilidade divulgada é sempre líquida da taxa de administração.

Taxa de performance: fundos podem ou não cobrar taxa de performance quando a rentabilidade
supera um indicador de referência. A cobrança é feita apenas sobre os rendimentos que excederem
o tal indicador e é calculada após dedução de todas as despesas. A periodicidade de cobrança é
semestral.

Linha d’agua: metodologia de cálculo da taxa de performance que estabelece uma linha de corte no
ponto mais alto do patrimônio líquido do fundo já utilizado anteriormente para cobrança. Funciona de
modo que o cotista não seja cobrado mais de uma vez.

Taxa de entrada ou saída: não são tão comuns no mercado mas podem ser cobradas. A taxa de saída
geralmente é cobrada em fundos com carência, para resgates dentro do prazo de carência.
53
Despesas e encargos dos fundos: taxa paga ao administrador, impostos, despesas com
publicidade, formulátios e relatórios, honorários e despesas com o auditor, emolumentos e
taxas por operação, taxa de custódia e taxas pagas para constituição ou encerramento do
fundo.

O administrador de um fundo de investimento é obrigado a avisar todos os cotistas


imediatamente sobre qualquer ato ou fato relevante relacionado ao funcionamento do
fundo, ou referente aos ativos financeiros integrantes de sua carteira. Essa divulgação é feita
de acordo com o regulamento do fundo. A CVM considera relevante qualquer ato ou fato
que possa influir de modo significativo no valor das cotas ou na decisão dos investidores de
adquirir, vender ou manter suas cotas.

Regulamento: estabelece as regras de funcionamento do fundo e deve discriminar


todas as taxascobradas.

Formulário de Informações Complementares (FIC) : documento que contém a política de


divulgação de material do fundo e informações complementares. É um documento virtual
que deve ser disponibilizado no site do administrador e do distribuidor Lâmina: documento
de uma única página que resume objetivo, políticas de investimento e características
operacionais da aplicação, tais como valores mínimos, taxas, horários de aplicação e resgate.
Deve ser atualizada mensalmente até o dia 10 de cada mês com os dados do mês anterior.
Termo de adesão: documento pelo qual o cotista atesta, antes de entrar no fundo, que
deve acesso ao regulamento, lâmina e FIC e tem conhecimento sobre os fatores de risco e
ausência de garantias em caso de perda.
54
Aplicação/Resgate – quando há novas aplicações (compra de cotas), o gestor compra ativos. Quando
há resgates (venda de cotas), o gestor vende ativos para honrar seu compromisso.
Em casos de resgates incompatíveis com a liquidez existente ou que possam prejudicar os demais
cotistas, o administrador pode declarar o fechamento do fundo para resgates. Caso o fundo permaneça
fechado por mais de 5 dias consecutivos, deve ser convocada obrigatoriamente Assembleia Geral
Extraordinária (AGE) para discutir a substituiçãodo administrador e/ou gestor, reabertura ou não para
resgates, possibilidade do pagamento de resgate em ativos, cisão ou liquidação dofundo.

Fundos passivos: buscam acompanhar um índice de referência (benchmark), justamente


por isso os gestores possuem menor liberdade na escolha de ativos.
Fundos ativos: buscam superar umbenchmark.
Fundos alavancados: apresentam alguma possibilidade (ainda que remota) de perda superior
ao patrimônio líquido.

Não é tão fácil replicar um benchmark, por inúmeras causas, dentre elas: custos de transação e
operacionais, impostos e regras de marcação a mercado.

Fundos de renda fixa: investem pelo menos 80% do patrimônio líquido em ativos de renda fixa, que
acompanham juros ou índices de preço. Os fundos de renda fixa são caracterizados como longo prazo
se o prazo médio da carteira superar 365 dias. Algumas subclassificações para fundos de renda fixa são:

55
a) Fundo de renda fixa curto prazo: aplica exclusivamente em títulos públicos ou títulos privados
de baixo risco de crédito. O prazo máximo dos títulos em carteira não pode ultrapassar 375 dias
e o prazo médio deve ser inferior a 60 dias. Nesse caso, há obrigação de inclusão do sufixo “curto
prazo” na denominação do fundo.

b) Fundo de renda fixa referenciado: 95% dos ativos em carteira devem acompanhar direta ou
indiretamente um índice de referência. Além disso, 80% desses ativos deve ser de baixo risco de
crédito, sendo permitido o uso de derivativos apenas para proteção (hedge). Há obrigação de
inclusão do sufixo “referenciado” seguido do nome do índice na denominação do fundo.

c) Fundos de renda fixa simples: 95% dos ativos em carteira são títulos da dívida pública federal ou
títulos de instituições financeiras com características de risco equivalente. O nome do fundo deve
conter o sufixo “simples” e a cobrança detaxa de performance é proibida, bem como a realização
de investimentos no exterior, concentração em créditos privados ou transformação do fundo em
fundo fechado. A lâmina de informações desse tipo de fundo deve comparar sua performance
com a variação da taxa SELIC.

d) Fundos de renda fixa de dívida externa: aplica minimamente 80% de seu patrimônio
em títulos da dívida externa de responsabilidade da União. Podem cobrar taxa de
performance.

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Fundo Cambial: possui como principal fator de risco a variação de preços demoeda(s) estrangeira(s) ou de
derivativos relacionados. No mínimo 80% dos ativos em carteira devem pertencer a alguma destas
classes. Importante ressaltar que fundos cambiais NÃO acompanham diretamente a variação do dólar,
euro ou qualquer outra moeda. Pode existir cobrança de taxa de performance.

Fundo de Ações: deve alocar pelo menos 67% do seu patrimônio líquido em ações.

a) Market timing: aumento ou diminuição do percentual alocado em ações de acordo com as


perspectivas econômicas para tentar superar umbenchmark.
b) Stock picking: maior exposição em empresas específicas.
c) Arbitragem: compra e venda do mesmo ativo utilizando títulos oumercados distintos
d) Valor/Crescimento: compra empresas negociadas abaixo do preço considerado “justo” ou
empresas com forte crescimento de lucros.
e) Setoriais: fundos que investem em empresas pertencentes a um mesmo setor ou conjunto de
setores afins da economia.
f) Dividendos: fundos que investem em ações de empresas com histórico de dividend yield consistente.
g) Small Caps: fundos cuja carteira é composta por, no mínimo, 85% em ações de empresas que não
estejam incluídas entre as 25 maiores participações do IBrX, ou seja, ações de empresas com
relativamente baixa capitalização de mercado. Os 15% remanescentes podem ser investidos em ações de
maior liquidez ou capitalização de mercado, desde que não estejam incluídas entre as dez maiores
participações do IBrX.

57
Fundos multimercado: não há compromisso de concentração em nenhum fator específico de risco,
pode cobrar taxa de performance e utilizar derivativos para alavancagem.

Balanceados: buscam retorno no longo prazo por meio da compra de diversas classes de ativos,
incluindo cotas de fundos. Estes fundos possuem estratégia de alocação pré-determinada devendo
especificar o mix de investimentos nas diversas classes de ativos, incluindo deslocamentos e políticas de
rebalanceamento. Os fundos desta subcategoria não admitem alavancagem e não podem ter um
benchmark específico (ex: CDI).
Dinâmicos: buscam retorno no longo prazo por meio de investimento em diversas classes de ativos,
incluindo cotas de fundos. No entanto, estes fundos não estão comprometidos com um mix pré-
determinado de ativos. A política de alocação é flexível, reagindo às condições de mercado e ao
horizonte de investimento. Os fundos desta subcategoria admitem alavancagem.

Principais estratégias de gestão:


Macro: operam com diversas classes de ativos (renda fixa, renda variável, câmbio etc) e as estratégias
de investimento são baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazo.
Trading: operam com diversas classes de ativos (renda fixa, renda variável, câmbio etc) e as estratégias
de investimento são baseadas em movimentos de curto prazo nos preços dos ativos.
Long and Short - Direcional: fazem operações de ativos e derivativos ligados ao mercado de renda
variável, montando posições compradas e vendidas. O resultado deriva majoritariamente da diferença
entre essas posições. Os recursos remanescentes em caixa devem estar alocados em cotas de fundos de
Renda Fixa – Duração Baixa – Grau de Investimento ou em ativos que compõem este tipo de carteira.
58
Long and Short - Neutro: fazem operações de ativos e derivativos ligados ao mercado de renda variável,
montando posições compradas e vendidas, com objetivo de manter a exposição financeira líquida limitada a
5%. Os recursos remanescentes em caixa devem estar alocados em cotas de fundos Renda Fixa – Duração
Baixa – Grau de Investimento ou em ativos que compoem este tipo de carteira.
Juros e Moedas: fundos que buscam retorno no longo prazo via alocações em ativos de renda fixa,
considerando risco de juros, risco de índice de preço e risco de moeda estrangeira.
Livre: fundos sem compromisso de concentração em nenhuma estratégia específica.
Capital Protegido: aplicam em mercados de risco procurando proteger, parcial ou totalmente, o principal
investido.
Estratégia Específica: fundos que adotam estratégia específica de investimento, tais como commodities ou
contratos futuros de índice.

Regras para concentração em crédito privado: os fundos que excederem o limite de 50% do patrimônio
líquido alocado em modalidades de crédito privado devem conter em sua denominação a expressão
“crédito privado”. No regulamento, FIC ematerial de publicidade deve estar claro para o investidor que o
fundo pode estar sujeito a perdas substanciais em caso de default.

Fundo de investimento em cotas (FIC) : mantém 95% dos ativos investidos em cotasde outros fundos de
uma mesma classe. No caso dos FIC multimercado, é permitido investimento em cotas de fundos de classes
distintas. Os 5% restantes podem ser aplicados em títulos públicos federais, títulos de instituições financeiras
e operações compromissadas. Na denominação do fundo deve conter “fundo de investimento em cotas” e a
classe das cotas.
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Fundo de índice ou exchange traded fund (ETF) : são comercializados no ambiente da
B3 como se fossem ações e visam acompanhar um índice de referência. Devem alocar pelo
menos 95%do patrimônio para acompanhar a rentabilidade de um índice de referência.

Fundos de investimento imobiliário (FII) : são fundos fechados com duração determinada ou
não e que investem em empreendimentos imobiliários. Fundos imobiliários devem distribuir
pelo menos 95% dos lucros e é proibida operação em mercados de derivativos.

Fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC e FIC-FIDC) : fundo que aplica pelo menos 50%
de seu patrimônio em operações de crédito feitas entre empresas e bancos. O banco vende seus
empréstimos ao FIDC e libera sua carteira, enquanto as empresas se beneficiam da maior liquidez.
FIDCs podem ser fundos abertos ou fechados e as cotas podem ser senior ou subordinada (mais baixa
prioridade em caso de default). Para o investidor, o risco está relacionado a probabilidade de
inadimplência. FIDCs são destinados apenas para investidores qualificados e podem utilizar derivativos
para proteção.Os cotistas dos FIDC somente podem ser investidores qualificados, a tributação é
regressiva conforme tabela de renda fixa e não há come cotas.

Fundo de investimento em participações (FIP) : versão brasileira dos fundos de “private


equity”, deve investir 90% do patrimônio líquido em participações de empresas em fase de
desenvolvimento através de títulos como ações, bônus de subscrição, debêntures
conversíveis,etc..

Fundos Off-Shore: investemseus recursos noexterior


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Fundo de índice ou exchange traded fund (ETF): deve alocar pelo menos 95% do patrimônio
de modo a acompanhar a rentabilidade de um índice de referência.

Limites de concentração por emissor:


Até 20% do patrimônio líquido quando o emissor for instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco
Central do Brasil;
Até 10% do patrimônio líquido do fundo quando o emissor for companhia aberta;
Até 10% do patrimônio líquido do fundo quando o emissor for outro fundo de investimento;
Até 5% do patrimônio líquido do fundo quando o emissor não for companhia aberta, fundo de investimento
ou instituição financeira.

Limites de concentração por modalidade:


Até 20% do patrimônio líquido para os seguintes ativos:
. Cotas de fundos de investimento;
. Cotas de fundos de investimento em cotas (FIC);
. Cotas de fundos de investimento imobiliário;
. Cotas de fundos do tipo FDIC ou FIC-FIDC;
. Certificados de Recebíveis Imobiliários – CRI.

IOF em fundos de investimento: cobrado sobre os rendimentos para resgates em até 29 dias, calculado
antes do imposto de renda, de acordo com tabela regressiva. Há isenção para fundos de ações.

61
Imposto de renda em fundos de investimento:

*Obs: pessoas físicas estão isentas do pagamento de IR para rendimentos distribuidos por
fundos imobiliários negociados exclusivamente em bolsa desde que hajam minimamente 50
cotistas e o titular pessoa física não tenha mais de 10% da totalidade de cotas.

*Obs2: Quando o investidor aplica em vários fundos do mesmo administrador, a perda


realizada em um fundo pode ser utilizada para abater o rendimento que será ́ tributado em
outro, desde que os fundos tenham a mesma classificação.
62
Código ANBIMA de regulação e melhores práticas para fundos de investimento: visa orientar a
concorrência leal, a padronização de procedimentos no mercado, a maior quantidade e
qualidade de informações para o investidor e a elevação dos padrões fiduciário e de melhores
práticas. A adesão é voluntária e o código não se sobrepõe à legislação. Para registro de fundos,
deve ser encaminhado lâmina, regulamento, comprovante de pagamento da taxa de registro e
formulário de cadastro.

a) Marcação à mercado: o fundo deve reconhecer e informar todos os dias o valor de mercado de seus
ativos (preço de fechamento para ativos de renda fixa e preço médio de negociação do dia para ativos
de renda variável). O objetivo da marcação a mercado é evitar a transferência de riqueza entre cotistas
e o administrador deve divulgar uma versão simplificada da metodologia.

b) Divulgação de rentabilidade: proibida divulgação de performance anterior a 6 meses ou


comparação de fundos de classes distintas sem qualificá-los, obrigatória discriminação de fatores de
risco.

Classificação de fundosANBIMA:
Agrupamento de fundos com características semelhantes de acordocom classificação em três
níveis: classes de ativos, riscos e estratégias de investimento.

Para mais informações, acesse o link disponibilizado pela própria ANBIMA:

63
Matemática financeira e conceitos básicos de estatística

Para se tornar analista de valores mobiliários, é fundamental compreender e aplicar conceitos de matemática
financeira.

Na hora da prova, é permitido levar calculadora e a indicada pelo Economia do Dia é a HP12c. Você provavelmente
já ouviu falar dessa calculadora, certo?
A HP12c foi criada pela empresa Hewlett Packard e uma
belezinha dessas pode te custar mais de R$300. Pode parecer
caro, mas é um investimento que deve ser feito em algum
momento, pois se você não dominar a utilização da HP12c, suas
chances de se tornar analista de investimentos diminuem
consideravelmente.

Caso não tenha condições de comprar uma agora, não desanime.


É possível treinar online gratuitamente neste link. Outra opção
seria baixar o app de celular “Touch RPN” e usar seu smartphone
como calculadora.

Temos também alguns vídeos no canal do Youtube do Economia do Dia e um curso completo sobre o
tema, utilizando a HP12c e o Excel.

64
Taxa de juros nominal e taxa de juros real

Taxa nominal é o valor dado da taxa de juros. Taxa real desconta a inflação.

1 + 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑟 = −1
1 + 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜

Vamos supor que a taxa de juros Selic no Brasil esteja no patamar de 5% ao ano e a inflação em 3%.
Qual a taxa nominal de juros e qual a taxa real de juros?

A taxa nominal é dada: 5% ao ano. A taxa real pode ser calculada assim: Valor Comando HP12c
1.05 Enter
1 + 0,05
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑟 = − 1 = 1,94% 1.03 %
1 + 0,03 1 (-)
0.0194
Fórmula de Fisher

A taxa de juros nominal de equilíbro é igual a taxa de juros real acrescida da expectativa de inflação:

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑖 = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑟 + 𝐼𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎

65
Regimes de capitalização

Capitalização simples: juros incide apenas sobre o capital (não há “juros sobrejuros”). No regime de capitalização simples,
a taxa é proporcional (taxa x prazo).
𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 ∗ (1 + 𝐼 ∗ 𝑁)

Composta: juros incide sobre o capital e jurosdos períodos anteriores (juros sobre juros). No regime de capitalização
composta, a taxa de juros é equivalente. Isso quer dizer que 1% capitalizado ao mês não é igual a 12% ao ano.

VF = valor futuro do investimento 𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 ∗ 1 + 𝐼 𝑁

VP = valor presente do investimento


I = taxa de juros ou taxa de desconto
N = número de períodos de capitalização Ex: José aplicou R$1000 em um regime de capitalização simples a uma
taxa de 1% a.m. por um período de 12
Considerando mais de 1 período: meses. Quanto ele terá no final desses 12 meses?

Quando estamos capitalizando a taxa de juros, juros 𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 ∗ (1 + 𝐼 ∗ 𝑁) 𝑉𝐹 = 1000 1 + 0,01 ∗ 12


compostos são superiores ao juros simples. 𝑉𝐹 = 1120
1% ao mês é equivalente a 12,68% ao ano.
1% ao mês é proporcional a 12% ao ano. Agora considere o regime composto de capitalização. Quanto José terá
no final desses 12 meses?
Quando estamos descapitalizando a taxa de juros, juros
compostos são inferiores aos juros simples. 𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 ∗ 1 + 𝐼 𝑁
12% ao ano é equivalente a 0,94% ao mês. 𝑉𝐹 = 1000 1 + 0,01 12

12% ao ano é proporcional a 1% ao mês. 𝑉𝐹 = 1126,82


66
Ex: José aplicou R$1000 em um regime de capitalização simples a Valor Comando HP12c
uma taxa de 1% a.m. por um período de 12 1000 Enter
meses. Quanto ele terá no final desses 12 meses? 1 Enter
0.01 Enter
𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 ∗ (1 + 𝐼 ∗ 𝑁) 12 X
𝑉𝐹 = 1000 1 + 0,01 ∗ 12 +
𝑉𝐹 = 1120 X
1120

Agora considere o regime composto de capitalização. Quanto José


terá no final desses 12 meses?

𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 ∗ 1 + 𝐼 𝑁 Valor Comando HP12c


𝑉𝐹 = 1000 1 + 0,01 12
1000 CHS
𝑉𝐹 = 1126,82 PV
1 i
12 n
FV
1126,82

67
Taxa efetiva
Valor Comando HP12c
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 = 1 + 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑝𝑒𝑟ó𝑑𝑖𝑐𝑎 𝑛−1
1 Enter
0.04 +
Calcule a taxa efetiva anual de um título que paga juros trimestrais de 4%. 12 Enter
12/3
3 %
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 = 1 + 0.04 −1 Yx
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 = 16,99% 1 -
0.16985 -
Regime de capitalização contínua

𝐹𝑉 = 𝑃𝑉 ∗ 𝑒 𝑙 𝑥 𝑛 Comando
Valor
HP12c A tecla “g”
da HP12c
e = número constante (base dos logarítmos neperianos) - 2,718... 0.02 Enter acessa as
l = taxa de juros periódica ou taxa instantânea 12 X funções
n = período de capitalização [g] [1/x] azuis da
máquina.
1200 X
1525.5
Calcule o valor futuro de um título de capitalização contínua na HP12c com
sabendo que ele custa R$1200 e será resgatado em 12 meses, com juros de
2% a.m.
68
Séries uniformes de pagamento
Trata-se basicamente de um cálculo de prestações, que podem ser antecipadas ou postecipadas. As prestações são
ditas antecipadas quando o primeiro pagamento é efetuado no ato do financiamento. Por outro lado, prestações
postecipadas são aquelas que ocorrem no final do primeiro período e não no ato do investimento. Na calculadora
financeira, o valor das prestações é representado pelo PMT.
Valor Comando HP12c
Exemplo: Calcule o valor da prestação de um empréstimo de R$2500 por 12
2500 CHS
meses, com juros de 1.5% a.m. PV
1.5 i
12 n
Perpetuidade PMT
Trata-se de um fluxo de duração sem limites, que tende ao infinito. 229.19

Sem crescimento: o fluxo de caixa permanece constante ao longo do tempo.


Com crescimento: há incremento dos valores gerados no caixa a cada período.
Para encontrar o valor presente, basta dividir o valor da perpetuidade pela taxa de desconto:

𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑉𝑃 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑚 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜

𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑉𝑃 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
(𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑜 − 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜)

69
Taxa mínima de atratividade (TMA)
Trata-se da taxa mínima que o investidor exige para iniciar um novo projeto. Normalmente, o ativo
livre de risco pode ser utilizado como parâmetro. É o caso da taxa SELIC no Brasil. No ambiente
corporativo, a taxa mínima de atratividade (TMA) será utilizada nos modelos de viabilidade
econômica. Nesse caso, a TMA pode ser igual ao custo de capital da empresa.

Custo de oportunidade
Quanto um investidor deixa de ganhar em outra opção de investimento.

Taxa interna de retorno (TIR)


É a taxa de desconto que iguala as entradas e saídas de um investimento, de acordo com um fluxo de
caixa disponível. Para calcular a TIR é necessário identificar o fluxo de caixa.

𝑭𝑪𝟏 𝑭𝑪𝟐 𝑭𝑪𝒏


𝟎 = FC0 + + 𝟐 + ⋯ + 𝟏 + 𝑻𝑰𝑹 𝒏
𝟏 + 𝑻𝑰𝑹 𝟏 + 𝑻𝑰𝑹

FC = fluxo de caixa
FC0 = valor inicial (normalmente é o custo inicial de um investimento, portanto apresenta valor
negativo)

O cálculo da TIR tem duas limitações:


. considera que os fluxos de caixa positivos são reinvestidos com a mesma taxa do custo do capital
. em determinados projetos são obtidos múltiplos resultados
70
Qualquer taxa de desconto menor do que a TIR gera um VPL positivo e qualquer taxa de desconto
maior do que a TIR gera um VPL negativo.

Quando o VPL de um investimento é ZERO, a taxa de desconto utilizada é igual a TIR.

Regras para aceitar ou rejeitar um projeto:

TIR > taxa de retorno exigida – Aceitar o projeto


TIR < taxa de retorno exigida – Rejeitar o projeto

Taxa interna de retorno modificada (TIRM)

É uma taxa de desconto que tem o propósito de corrigir as limitações da TIR. Com a TIRM,
conseguimos determinar taxas diferentes de reinvestimento dos fluxos futuros.

Valor presente líquido (VPL)

É o método padrão para planejamento financeiro e análise de projetos. Se o VPL for igual a zero, o
investimento é indiferente, pois o valor presente das entradas é igual ao valor presente das saídas.

VPL = 0 – Projeto cobre os custos


VPL > 0 – Projeto atrativo (lucro na operação)
VPL < 0 – Projeto deve ser rejeitado (prejuízo na operação)
71
TIR e VPL na HP12c

Teclas utilizadas na HP12c:


[CF0] = capital inicial ou investimento inicial (fluxo na data zero)
[CFj] = valores dos fluxos de caixa a partir da data 1
[nj] = número de vezes que se repete os fluxos de caixa ininterruptos
[IRR] = Taxa interna de retorno (TIR)
[NPV] = Valor presente líquido

Exemplo 1: Calcule a TIR de um projeto de


investimento com custo inicial de R$7 Valor Comando HP12c
milhões e fluxo de caixa positivo de R$2,1 7.000.000 CHS
[g] [CFo]
milhões por ano durante os 3 primeiros 2.100.000 [g] [CFj]
anos e mais R$2,7 milhões no ano 4. 3 [g] [nj]
2.700.000 [g] [CFj]
Resposta: TIR = 9,79% [f] [IRR]

Exemplo 2: Considere o mesmo fluxo de Valor Comando HP12c


caixa acima, mas agora o projeto necessita 7.000.000 CHS
de financiamento. A taxa de desconto [g] [CFo]
utilizada é de 7,5% ao ano. Calcule o valor 2.100.000 [g] [CFj]
3 [g] [nj]
presente líquido do projeto.
2.700.000 [g] [CFj]
7.5 i
Resposta: VPL = R$482.865,48 [f] [NPV]
72
Módulo 3 – Mercado de Renda Fixa

Renda Fixa – ativo cujos rendimentos são determinados no momento da compra. Podem ser prefixados (rendimentos
conhecidos no início da operação) ou pós-fixados (rendimentos indexados e conhecidos no final da operação). Os juros
podem ser pagos periodicamente (título com cupom) ou apenas no resgate (zero cupom). O emissor faz toda diferença na
hora de considerar o risco de crédito (possibilidade de não pagamento do juros ou principal) de um título de renda fixa.
Todo ativo de renda fixa é uma dívida, que foi emitida por alguma instituição (governo, bancos ou demais empresas).

PU – preço unitário do título, isto é, preço de negociação em determinado momento. É o valor presente dos fluxos de
pagamento de um título de renda fixa. O PU é inversamente proporcional a taxa de juros (quanto maior a taxa de juros,
menor o PU).

Títulos Públicos Federais:


títulos emitidos pelo
governo, com liquidez diária
(possibilidade de recompra
pela Secretaria do Tesouro
Nacional) e que fazem parte
da dívida pública federal.

73
Tesouro direto:
É um programa online de venda e recompra de títulos públicos federais para pessoas físicas, desenvolvido
pelo Tesouro Nacional em parceria com a B3. Qualquer investidor pessoa física, com CPF ativo e que
esteja cadastrado em uma instituição financeira (agente de custódia) pode operar no tesouro direto, seja
diretamente através do site ou por intermédio da instituição financeira (página do banco/corretora ou
ordem direta para o assessor de investimentos). A B3 cobra uma taxa anual de custódia no valor de 0,25%
do total dos títulos, sendo que a cobrança é diluida diariamente enquanto o investidor tiver os títulos em
carteira e começa a valer a partir da liquidação da operação de compra (D+2). As instituições financeiras
também podem cobrar outras taxas do investidor, embora isso não seja tão comum atualmente por conta
da alta concorrência. Obs: A B3 (bolsa de valores brasileira) e o Tesouro Nacional zeraram a taxa de
custódia de investimentos de até R$ 10 mil no Tesouro Selic em 01 de agosto de 2020.

LTN ou tesouro prefixado:


A remuneração da LTN é calculada conforme desconto sobre o valor nominal no vencimento (R$1000,00).
A partir da taxa ofertada, calcula-se o preço unitário (PU) da LTN. O investidor que aplica em LTN’s recebe
o valor pago acrescido de rendimentos apenas no resgate. Este tipo de título é conhecido como “zero
cupom”.

Exemplo: Calcule o PU de uma LTN que Valor Comando HP12c Obs: Também é
1000 Enter possível calcular o
paga 13% ao ano e cujo vencimento PU utilizando a
será em 121 dias úteis: 1.13 Enter
função valor
0.5 Yx
presente na HP12c
1000 %
𝑃𝑈 = = R$940,72
1+0.13 121/252
74
NTN-F ou tesouro prefixado com juros semestrais:
A NTN-F é um título prefixado, emitido com cupom de juros de 10% a.a., cujo valor nominal é de
R$1000,00. A rentabilidade da NTN-F é prefixada de acordo com a TIR do fluxo de pagamentos dos
cupons semestrais.
Exemplo: Uma NTN-F com vencimento em 3 anos está sendo negociada a R$1072,50 no mercado. Calcule
a rentabilidade deste título.

Valor Comando HP12c

1072.5 CHS
[g] [CF0]
50 [g] [CFJ]
5 [g] [NJ]
1050 [g] [CFJ]
[f] [IRR]

A nossa TIR para o exemplo seria de aproximadamente 3,63% ao semestre. Ainda seria preciso converter
a taxa de juros para representar a rentabilidade anual.

75
LFT ou tesouro Selic
A remuneração da LFT segue a variação da taxa Selic registrada entre a data de liquidação da compra do
título e a data de vencimento. A existência de ágio ou deságio no momento da compra impacta a
rentabilidade do investidor.

Negociação no mercado Preço Rendimento


Ao par Igual ao valor nominal 100% da Selic
Deságio Abaixo do valor nominal Acima de 100% da Selic
Ágio Acima do valor nominal Abaixo de 100% da Selic

A LFT é indicada para investidores que esperam uma elevação na taxa Selic ou que preferem minimizar
riscos e garantir a taxa básica de retorno (perfil conservador). Existe liquidez diária e portanto a LFT pode
funcionar também como reserva de emergência. Este título é considerado como aproximação mais fiel
para o conceito de ativo livre de risco no Brasil.
Valor Comando HP12c
Exemplo: Suponha que um investidor tenha comprado 15000 CHS
PV
R$15.000,00 em LFT’s ao par e tenha resgatado em 9
1.045 Enter
meses. A taxa Selic permaneceu constante ao longo do 9 Enter
período e o valor de referência é de 4,5% a.a.. 12 %
Sabendo que este mesmo investidor conseguiu vender Yx
o título ao par, calcule o valor de venda no resgate. 1 (-)
100 x
i
Resposta: R$15.503,45 1 n
FV
76
NTN-B ou tesouro IPCA com juros semestrais
A NTN-B é emitida com cupom de juros de 6% ao ano e pode ser vendida com ágio ou deságio em função
da taxa vigente no mercado no dia da negociação. No vencimento, a NTN-B paga a variação do índice
IPCA no período. Caso seja mantida até o vencimento, a NTN-B proporciona rentabilidade real para o
investidor, que é representada pela taxa calculada no momento da compra.

NTN-B Principal ou tesouro IPCA


A NTN-B Principal pagará os juros e o IPCA apenas no vencimento do título. É recomendada para
investidores que não precisam de fluxo regular de rendimentos.

Exemplo: Suponha que um investidor queira comprar NTN-B’s com taxa de 7.74% ao ano.
Considerando que restam 2469 dias úteis até o
vencimento, que o IPCA acumulado é de 43.2578 e
o valor nominal atualizado na data de liquidação
era de R$1432,57, qual o PU do título? Valor Comando HP12c
1000 Enter
1.0774 Enter
1000 2469 Enter
𝐶𝑂𝑇𝐴ÇÃ𝑂 = = 481.70
1+0.0774 2469/252 252 %
Yx
𝑃𝑈 = 1432.57 x 0.4817 = R$690,07 %
1000 %
1432.57 x

77
Índices de renda fixa ANBIMA - o IMA (índice de mercado ANBIMA) é
uma família de índices de renda fixa, que representa os títulos públicos
federais a preços de mercado. A carteira teórica do IMA Geral representa
aproximadamente 97% do mercado de títulos públicos federais. Por conta
da baixa liquidez dos títulos indexados ao IGP-M (NTN-C), que não são
emitidos mais, existe também a carteira IMA-Geral ex-C. Os demais
índices estão listados abaixo:
. Prefixados (IRF-M)
. Indexados ao IPCA (IMA-B)
. Indexados ao IGP-M (IMA-C)
. Pós-fixados SELIC (IMA-S)

Índice de duração constante ANBIMA (IDkA) - representa o comportamento de aplicações de prazos fixos
(vencimentos mantidos sempre com mesmo prazo) em títulos públicos. O índice é calculado com base em
determinados pontos (chamados vértices) da curva de juros e tem como objetivo refletir ganhos e perdas
decorrentes dos movimentos do mercado.
IDkA prefixado – reflete a curva de juros nominais construída a partir dos títulos públicos prefixados (LTN e
NTN-F). A curva é calculada nos seguintes vencimentos: três meses (IDka PRÉ 3M), um ano (IDkA PRÉ 1A),
dois anos (IDkA PRÉ 2A), três anos (IDkA PRÉ 3A) e cinco anos (IDkA PRÉ 5ª)
IDkA IPCA – reflete a curva de juros reais construída a partir dos títulos públicos indexados à inflação (NTN-
B ou Tesouro IPCA). A curva é calculada nos seguintes vencimentos: dois anos (IDkA IPCA 2A), três anos
(IDkA IPCA 3A), cinco anos (IDkA IPCA 5A), dez anos (IDkA IPCA 10A), quinze anos (IDkA IPCA 15A), vinte
anos (IDkA IPCA 20A) e trinta anos (IDkA IPCA 30A). 78
Títulos privados do segmento financeiro:
• Certificado de depósito bancário (CDB);
• Recibo de depósito bancário (RDB);
• Letras financeiras(LF);
• Depósito à prazo com garantia especial(DPGE).
• Letra de câmbio
• Letra hipotecária

CDB – emitido por bancos comerciais, bancos de investimento e bancos múltiplos. Pode ter rentabilidade
prefixada ou pós-fixada (indexado a Selic, TR, TBF, IGPM, etc.). Os CDB‘s podem ser negociado no mercado
secundário ou resgatados antecipadamente (caso o banco emissor concorde). CDB’snão podem estar
indexados à variação cambial e contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de
250 mil reais por CPF ou instituição.
Prazos mínimos:
CDB corrigido pela variação do DI – 1 dia;
CDB corrigido pela TR ou TLP – 1 mês;
CDB corrigido pela TBF – 2 meses;
CDB corrigido pelo IGPM – 1 ano

RDB – emitido por bancos comerciais, bancos de investimento, bancos múltiplos, sociedades de crédito,
financiamento e investimento e cooperativas de crédito. Também é uma espécie de depósito a prazo, mas
diferentemente do CDB, não admite negociação antecipada ou transferência para outro investidor, o que
gera um risco adicional de liquidez.
79
Letra financeira (LF) – emitida por bancos comerciais, bancos de investimento, bancos múltiplos,
sociedades de crédito, caixa econômica, sociedades de crédito imobiliário, companhias hipotecárias
e pelo BNDES. Trata-se de uma promessa de pagamento com remuneração prefixada ou posfixada.
Possui prazo mínimo de 24 meses, sendo proibido o resgate antecipado. O pagamento dos
rendimentos pode ser feito de forma periódica, respeitando intervalos mínimos de 180 dias. A
emissão possui valor mínimo de 150 mil reais caso não contenha cláusula de subordinação e 300
mil reais caso contenha cláusula de subordinação. LF’s não estão cobertas pelo FGC.

Depósito à prazo com garantia especial (DPGE) – título de depósito à prazo que confere um direito
de crédito contra o emissor (bancos comerciais, múltiplos, de investimento, desenvolvimento,
sociedades de crédito e caixas econômicas). Pode ser prefixado ou pós-fixado e o prazo não pode
ser inferior a 6 meses nem superior a 36 meses, sendo vedado o resgate antes de 6 meses. O total
de créditos para instituições associadas ao FGC deve respeitar o valor máximo de 40 milhões de
reais por CPF.
Letra de câmbio (LC) – embora o nome deste título possa confundir, não há nenhuma relação com o
dólar, euro, ou qualquer outra moeda. Inclusive não é permitido que este tipo de título esteja
indexado a variação cambial. Trata-se basicamente de um mecanismo de captação de recursos para
sociedades de financiamento (as financeiras) que envolve uma troca: o cliente toma crédito junto a
sociedade financeira emitindo uma letra de câmbio que por sua vez é comercializada com investidores.
Letras de câmbio contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de 250 mil
reais por CPF ou instituição.

Letra hipotecária (LH) - As Letras Hipotecárias (LH) são títulos de Renda Fixa lastreados em crédito
imobiliários. O instrumento é emitido por instituições financeiras que emprestam recursos do
Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Os emissores, portanto, podem ser bancos múltiplos com 80
carteira de crédito imobiliário, companhias hipotecárias, associações de poupança e empréstimo e
sociedades de crédito imobiliário. A LH é garantida pela caução de créditos hipotecários. Conta ainda
com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no valor de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por
instituição financeira emissora. A remuneração do papel pode ser pré-fixada ou pós-fixada, por exemplo,
pela TR, IGP-M, ou INPC. Uma das principais vantagens que o título oferece para investidores pessoa
física é a isenção de Imposto de Renda.

Tributação em rendafixa:
IOF: para resgates em até 29 dias, existe cobrança de IOF sobre os rendimentos. O IOF é
regressivo e incide sempre antes doIR.
IR: a regra é a mesma para CDB, DPGE, LF, debêntures, poupança, títulos do segmento
agrícola e imobiliário, notas promissórias e títulos públicos federais
Alíquotas: 22,5% - resgates em até 180 dias 20% - resgates entre 181 e 360 dias; 17,5% -
resgates entre 361 e 720 dias; 15% - resgates acima de 721 dias.
Isenção de IR para pessoa física: todos os títulos do segmento imobiliário/agronegócio, letra hipotecária,
debêntures incentivadase poupança.

Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – entidade privada, sem fins lucrativos cuja principal função é
proteger o sistema financeiro e investidores até os limites estabelecidos contra eventuais insolvências de
instituições associadas, contribuindo para a estabilidade do sistema e prevenindo crises de contágio. Para
isso, em caso de liquidação, os associados devem contribuir com 0,0125% do saldo de contas referentes
aos ativos cobertos.Ativos cobertos: depósitos á vista, poupança, depósitos à prazo, CDB, RDB, Letra de
Câmbio (LC), Letra Hipotecária (LH), LCI e LCA.
81
Marcação a mercado: é a atualização diária do preço de um ativo de renda fixa ou fundo de investimento. A
marcação a mercado informa quanto um determinado título valeria se fosse vendido ou comprado naquele
instante. É uma forma de apresentar a performance daquele título pesando o interesse de compra e venda no
mercado secundário e primário. Com isso, também equilibra os valores para investidores que desejam uma
liquidez antecipada, ajustando a rentabilidade conforme o valor real do título no dia da liquidação. Nos fundos
de investimento serve também para evitar a transferência de riquezas entre cotistas. Assim, garante que o
preço da cota seja igual para todos, trazendo até mais transparência no que diz respeito ao desempenho do
fundo. Benefícios da marcação a mercado:
- Oferece transparência e traz confiança ao mercado;
- Evita a transferência de riquezas;
- Não distorce o valor de mercado dos títulos, pois leva em conta a volatilidade das taxas de juros;
- Evita que a carteira fique com valor defasado, já que atualiza conforme o valor real diário.
Um ponto negativo é que, caso haja oscilação negativa, o investidor pode se assustar. Por isso é tão importante
entender o que é a marcação a mercado e como ela influencia os investimentos para saber interpretá-la.

Marcação pela curva do papel: A marcação pela curva do papel é o conceito oposto da marcação a mercado. O
preço na curva utiliza uma regra que calcula o preço pelo qual você pagou o título, multiplicado por 1+ os juros
elevados no período. No entanto, neste modelo de marcação, o preço do título em determinado momento
pode não representar o seu valor real. Assim, investidores que resgatam de forma antecipada seus títulos
podem acabar gerando prejuízo para os que ficarem até o final do contrato, pois o gestor precisará vender os
títulos a qualquer preço. Por suas desvantagens, e por permitir transferência de riqueza entre cotistas, em
2002, o Banco Central decidiu que a marcação a mercado deveria ser a forma de marcação adotada, deixando
de lado a marcação pela curva do papel. Este modelo de marcação só pode ser utilizado caso a entidade
comprove, junto ao órgão regulador, sua capacidade de manter o título até o seu vencimento.
82
Agências de rating: o rating é uma nota de crédito emitida por agências classificadoras de risco e que pode estar
relacionado a uma emissão, emissor ou país. A agência de risco leva em consideração a capacidade do emissor de
honrar suas obrigações financeiras no prazo determinado. Quanto maior a nota de crédito, menos arriscado é o título
e, consequentemente, menor a remuneração exigida pelo investidor. Os ratings influenciam bastante no preço dos
ativos, uma vez que representam a probabilidade de inadimplência. O mercado baseia-se muitas vezes nos “spreads
de crédito”, que servem como comparação entre títulos disponíveis. Existem alguns tipos de metodologia para cálculo
de spreads de crédito, que não serão cobradas na prova do CEA. A metodologia mais comum é a comparação com o
ativo livre de risco. Quanto maior o spread, maior a probabilidade de inadimplência e maior o retorno exigido pelos
investidores. A classificação de risco envolve análise de alavancagem, endividamento, estrutura de capital do emissor,
geração de caixa e etc.. Atualmente, as principais agências classificadores de risco são: Fitch, Moodys e Standard &
Poors (S&P). Estas empresas classificam ativos em duas classes de risco (grau de investimento e grau de especulação)
e as notas de crédito podem variar de “A” até “D”, sendo “A” a melhor classificação (menor risco de crédito).
Moody's Fitch S&P Significado Retorno Preço
Aaa AAA AAA Altíssima qualidade Grau de
Aa AA AA Alta qualidade investimento
A A A Qualidade média/alta
Elevação
Baa BBB BBB Qualidade média Rating
Predominantemente
Ba BB BB
especulativo Preço
B B B Especulativo
Retorno
Caa CCC CCC Próximo a inadimplência Grau Queda de
C C C Qualidade baixa especulativo
DDD DDD Inadimplente
Rating
DD DD Inadimplente
D D Inadimplente
83
Yield to maturity (YTM): é a taxa interna de retorno do investimento em um título de renda fixa, ou seja, a taxa que
iguala o preço do título a soma de valores presentes do seu fluxo de caixa. O cálculo do YTM é igual ao cálculo da
TIR (taxa interna de retorno). O preço de um título depende da relação entre o YTM e o pagamento de cupons:
Título ao par: YTM é igual ao cupom
Título com deságio (PU abaixo do valor de face): YTM é maior que o cupom
Título com ágio (PU acima do valor de face): YTM é menor que o cupom

Ágio/Deságio Título YTM Cupom PU Comentários


Deságio T-Note 10Y 4.48% 4.25% 98.53 YTM > Cupom - título negociado com deságio
Ágio T-Note 10Y 3.89% 4.25% 103.25 YTM < Cupom - título negociado com ágio

Cálculos na HP12c
Deságio Ágio
98.53 CHS PV 103.25 CHS PV Lembre-se que o título T-Note paga cupons
100 FV 100 FV semestrais, portanto a taxa de juros estará
2.125 PMT 2.125 PMT
20 n 20 n
expressa considerando o período de 6 meses
i? i? e é necessário fazer a conversão.

Current Yield: é o ganho anual de fluxo de caixa do investidor em títulos de renda fixa e pode ser
calculado considerando o valor do cupom anual dividido pelo preço de mercado.

𝑐𝑢𝑝𝑜𝑚 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙
𝐶𝑢𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡 𝑌𝑖𝑒𝑙𝑑 =
𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜
84
Duration de Macauley: é o prazo médio ponderado do título ou da carteira de investimentos que é
avaliado de acordo com o valor presente dos fluxos de caixa descontados pela taxa de juros.
Exemplo: Calcule a duration de um título que paga cupom anual de 4%, com valor de face de R$1000,00 e
vencimento em 7 anos. A taxa de juros de mercado é 3%.

Anos Fluxo de pagamentos PV PV x Prazo


1 40 38.83 38.83
2 40 37.70 75.41
3 40 36.61 109.82
6659.04
𝐷𝑢𝑟𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛 =
4 40 35.54 142.16
1062.30
5 40 34.50 172.52 𝐷𝑢𝑟𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛 = 6.27
6 40 33.50 201.00
7 1040 845.62 5919.31
1062.30 6659.04

Duration Modificada: representa a taxa de variação percentual no preço de um título considerando


uma determinada alteração na taxa de juros. Se a duration modificada apresentar o valor de 4.5,
significa que a cotação do título irá cair 4,5% caso a taxa de juros suba 1%.

𝐷𝑢𝑟𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑐𝑎𝑢𝑙𝑒𝑦
𝐷𝑢𝑟𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛 𝑚𝑜𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 =
1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠
85
Risco e retorno em títulos de renda fixa: além da probabilidade de default (risco de crédito), o investidor no
mercado de renda fixa possui o risco de taxa de juros e de reinvestimento dos cupons. A maturidade
também é extremamente importante para avaliar o risco de títulos de renda fixa, uma vez que as
condições de incerteza aumentam no longo prazo e também o impacto no PU por conta de uma alteração
nas taxas de juros.
O retorno de qualquer título de renda fixa sempre levará em consideração os seguintes fatores:
• Taxa de juros do ativo livre de risco
• Expectativas de inflação
• Prazo de vencimento
• Desconto de liquidez
• Spread por risco de crédito

Duration e horizonte de tempo do investidor


Caso o horizonte de tempo do investidor seja maior do que a duration de Macauley, o risco de
reinvestimento dos cupons é maior do que o risco de taxa de juros. Por outro lado, caso o horizonte de
tempo do investidor seja menor do que a duration de Macauley do título, o risco de taxa de juros é maior
do que o risco de reinvestimento dos cupons.
Duration gap: diferença entre a duration de Macauley de um título e o horizonte de tempo do investidor.
duration gap negativo: risco da taxa de juros cair;
duration gap positivo: risco da taxa de juros subir

Estrutura a termo de taxa de juros (também conhecida como Yield Curve ou Curva de Rentabilidade) é a
relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade, mas com
diferentes prazos de vencimento.
86
Módulo 4 – Mercado de derivativos

Derivativos: ativos financeiros que têm valores e características derivados de outros ativos.

Tipos de derivativos:
• Mercado a Termo, Mercado Futuro, Swap, Opções

Participantes:
• Hedger – busca proteção.
• Especulador – aposta na variação de preços.
• Arbitrador – monitora o mercado em busca de distorções e lucro sem risco.

Mercado a termo de ações: compromisso de compra e venda futura de ativos (diferentemente das opções,
exercer o contrato a termo é uma obrigação e não um direito). O prazo mínimo deste tipo de contrato é de 16
dias e o prazo máximo é de 999 dias. Pode haver liquidação antecipada ou não, de acordo com a decisão do
vendedor. Direitos e proventos são distribuídos ao comprador do termo e não alteram o preço dos contratos.
A liquidação pode ser física ou por diferença financeira.

Garantias dos contratos a termo:


Vendedor: cobertura (depósito da totalidade dos títulos).
Comprador: contamargem.
Contratos a termo são não padronizados, negociados em balcão e registrados na clearing da B3. Para
comprar ou vender um contrato a termo, é necessário contactar a mesa de operações da corretora.
87
Termo de moedas (NDF) – as operações a termo de moeda recebem a denominação de NDF (Non Deliverable
Forward). Trata-se de um contrato balcão, firmado entre o cliente e a instituição financeira e registrado na B3. O
NDF garante uma taxa de câmbio em uma determinada data futura. A liquidação ocorre pela diferença financeira
entre a taxa de câmbio à vista e a taxa acordada no termo. Este contrato não exige dispêndio inicial de caixa e o
ativo objeto mais comum é o dólar, embora também existam NDF’s de Libra Esterlina, Euro, Iene e etc..

(𝟏 + 𝒕𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒋𝒖𝒓𝒐𝒔 𝒍𝒐𝒄𝒂𝒍)


𝑻𝒂𝒙𝒂 𝑵𝑫𝑭 = 𝑻𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒄â𝒎𝒃𝒊𝒐 𝒔𝒑𝒐𝒕 +
(𝟏 + 𝒕𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒋𝒖𝒓𝒐𝒔 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒏𝒂𝒄𝒊𝒐𝒏𝒂𝒍)

Exemplo: Suponha que um cliente de uma instituição financeira tenha um passivo de USD 1MM para pagar em
90 dias. Este mesmo cliente comprou uma NDF de notional igual a 1MM USD ao preço de R$/USD = 5,07. Veja o
resultado financeiro no vencimento.

PTAX no Paridade futura Ajuste em reais Resultado consolidado


Valor original da dívida
vencimento acordada no NDF (R$) (dívida + NDF)
R$5,00 R$5,07 -R$ 70,000.00 -R$ 5,000,000.00 -R$ 5,070,000.00
R$5,05 R$5,07 -R$ 20,000.00 -R$ 5,050,000.00 -R$ 5,070,000.00
R$5,10 R$5,07 R$ 30,000.00 -R$ 5,100,000.00 -R$ 5,070,000.00
R$5,15 R$5,07 R$ 80,000.00 -R$ 5,150,000.00 -R$ 5,070,000.00
R$5,20 R$5,07 R$ 130,000.00 -R$ 5,200,000.00 -R$ 5,070,000.00
R$5,25 R$5,07 R$ 180,000.00 -R$ 5,250,000.00 -R$ 5,070,000.00

88
Mercado futuro: funciona de forma semelhante ao mercado a termo, porém a liquidação é diferente pois
existe ajuste diário e a negociação funciona somente em bolsa, com contratos padronizados e a garantia da
bolsa de valores. O investidor que entra nesse mercado precisa aportar um valor junto à B3 que servirá como
garantia da operação. Quando o contrato é liquidado, a B3 devolve a margem de garantia.Todos os dias ocorre
uma verificação de preços (ajuste diário) nos contratos e apuração de perdas/ganhos. O mercado futuro traz
liquidez e padronização ao mercado financeiro. Os participantes podem encerrar suas posições a qualquer
momento e o ajuste diário limita perdas, embora possa gerar instabilidade de fluxo de caixa por conta da
possível necessidade de depósitos adicionais. Não existe a possibilidade de liquidação antecipada em
contratos futuros, mas o investidor pode inverter sua posição a qualquer momento desde que haja liquidez.

Exemplos de contratos de commodities: açúcar cristal, boi gordo, café, ethanolanidro e hidratado, milho,
ouro, petróleo, soja.

Exemplos de contratos de juros e moeda: cupom cambial, cupom de IPCA, taxaDI.

Exemplo ajuste diário:


Preço café ontem – 10 reais
Preço café hoje – 11 reais
Comprador – recebe 1 real por unidade de contrato
Vendedor – paga 1 real por unidade de contrato

89
Estratégias de hedge com contratos futuros:
Imagine que você seja um produtor de café e a colheira será realizada em 90 dias. Seu custo total é de R$
500,00 por saca de café, e portanto, para que você tenha lucro, é necessário vender o café por um valor
maior do que esse. Acontece que se tivermos uma supersafra de café ou qualquer outra variação negativa de
mercado, o preço poderá cair e você pode ter que vender sua produção com prejuízo. O que você pode fazer
para se proteger? A melhor opção seria vender um contrato futuro de café na B3. Assim, você trava o preço
hoje e, aconteça o que acontecer no mercado, você vai ter resultado financeiro pré determinado. Imagine
que o contrato futuro de café para entrega em 90 dias está sendo vendido por R$550,00. O que temos aqui?
Um contrato futuro agrícola onde você fez um hedge (proteção) de sua posição de café. Se ao final do
contrato, o café estiver cotado a R$ 650,00, você terá pago, via ajuste diário, R$ 100,00. Assim você garante
que vende por R$ 550,00. Nesse caso você vai vender por R$ 650,00, mas como pagou R$ 100,00 no ajuste, o
valor líquido é de R$550,00. Se ao final do contrato o café estiver cotado a R$ 350,00, você terá recebido, via
ajuste diário, R$ 200,00. Assim, garante o preço de R$ 550,00 da mesma forma.

Estratégias de arbitragem com contratos futuros:


O arbitrador busca ganhar dinheiro com a distorção de preços entre contratos (da mesma localidade ou de
outra localidade). Por exemplo, um investidor percebe que o contrato de açúcar está sendo negociado na
CBoT (bolsa de Chicago) a U$ 5,00. Esse mesmo contrato aqui na B3 está cotado a R$ 30,00. Esse investidor,
então, compra contratos na CBoT e vende na B3, buscando auferir lucro com a diferença dos ajustes diários.
Os arbitradores têm uma importância fundamental nos mercados de derivativos: quando esse tipo de
oportunidade existe, ocorre uma pressão compradora em um dos mercados e uma pressão vendedora no
outro. Assim, chegamos, em um determinado momento, ao equilíbrio de preços.

90
Mercado de Swap: troca de posições que podem ter como objeto moedas, índices, commodities, etc.. O
swap é um contrato que precisa ser registrado na clearing da B3 e sempre terá como contraparte uma
instituição financeira (não dá pra negociar um swap com outro investidor). Tratam-se de contratos balcão não
padronizados que funcionam basicamente como trocas de fluxo de caixa. Os ajustes podem ser periódicos
ou executados apenas no final do contrato.
Principais características:
• Possibilidade de hedge contra o dólar ou CDI;
• Valor base: é o valor do contrato de swap que pode ser um índice ou um valor fixo acordado no contrato;
• Ponta ativa: é o indexador recebido após a contratação do swap;
• Ponta passiva: é o indexador que se deixa de receber após a contratação do swap.
• Ajuste positivo: é o valor recebido da contraparte quando a ponta ativa rende mais do que a ponta passiva.
• Ajuste negativo: é o valor pago para a contraparte quando a ponta passiva rende mais do que a ponta ativa.
• Tributação: o IR é retido na fonte pela contraparte e será pago de acordo com a tabela regressiva de IR,
tendo como base de cálculo o valor do ajuste positivo (caso haja).
• Não existe possibilidade de compensação de perdas.

Mercado de opções: direito de compra ou venda de lote de ações padronizado.


Lançador: vende uma opção e possui obrigação de honrar seu compromisso.
Titular: tem o direito de exercer ou negociar uma opção.
Prêmio: preço de negociação da opção (fração do preço do ativo-objeto).
Strike: valor de exercício da opção.
Vencimento: sempre na terceira segunda-feira do mês.
Call: opção de compra de ações (titular aposta na alta e lançador na baixa).
Put: opção de venda de ações (titular aposta na baixa e lançador na alta).
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Opção americana: pode ser exercida a qualquer momento durante a vigência do contrato.
Opção europeia: pode ser exercida apenas na data de vencimento.

O preço do ativo objeto determina se a opção está:


In The Money (ITM) ou dentro do dinheiro:
ITM – opção será exercida (call: strike < preço do ativo objeto ; put: strike > preço do ativo objeto).
At the Money (ATM) ou no dinheiro:
ATM – opção será exercida (strike = preço do ativo objeto).
Out of the Money (OTM) ou fora do dinheiro:
OTM – opção não será exercida (call: strike > preço do ativo objeto ; put: strike < preço do ativo objeto).

*Obs: Quando há distribuição de dividendos ou proventos, o preço de exercício é ajustado!

Garantias:
Titular: não há garantias (pode perder no máximo o prêmio pago).
Lançador: coberto (possui títulos referentes à opção) ; descoberto (deposita margem de prêmio e de risco).
Vantagens: alavancagem, proteção, baixo montante necessário para investimento, possibilidade de
encerramento de posição.
Desvantagens: alto risco, alta capacidade de perda, baixa liquidez em alguns casos.

O mercado de opções pode parecer um pouco confuso em um primeiro momento. No entanto, a dica de
prova é: pense sempre em exemplos numéricos para analisar as questões de forma mais clara. A
nomenclatura pode confundir quem está começando a estudar sobre opções e as analogias podem
facilitar o seu raciocínio. 92
Exemplo 1:

Vamos supor que as ações da Petrobras custem R$10 no mercado e você seja titular de uma opção de
compra (call) de 100 ações da Petrobras a R$12. Você vai exercer esta opção? Em outras palavras, vale a
pena usar o direito que você adquiriu e gastar R$12 com algo que vale R$10 no mercado?

Claro que não.

Isso quer dizer que a opção está fora do dinheiro ou “out of the money” (OTM). Nesse caso, o titular da
opção não exerce o seu direito. Ele apenas perde o prêmio, isto é, o valor que foi pago para adquirir a
opção de compra (call) de Petrobras. O valor do prêmio é o prejuízo máximo do titular de uma opção.

Agora vamos considerar que as ações da Petrobras custe, os mesmos R$10 no mercado, mas que você
seja de titular de uma opção de venda (put) de 100 ações da Petrobras a R$12.

Agora é claro que vale a pena usufruir do direito de vender Petrobras a R$12, porque no mercado outros
investidores estão vendendo a R$10.

Isso quer dizer que a opção está dentro do dinheiro ou “In the money” (ITM). Nesse caso, o titular
exerce o direito de vender as ações da Petrobras a R$12, pois ele pode comprar as mesmas ações no
mercado por R$10.

93
Exemplo 2:

Vamos supor que as ações da Vale custem R$50 no mercado hoje. Você resolve lançar uma opção de
compra (call) de 100 ações da Vale com strike (valor de exercício) de R$54 e vencimento em dois meses,
embolsando o prêmio de R$1,50 pago pelo titular. No dia do vencimento, as ações da Vale estão
custando R$57 e o titular resolve exercer seu direito. O que acontece?

O lançador tem que arcar com prejuízo financeiro e o montante é igual ao valor das ações da Vale no dia
do vencimento (R$57) menos o strike da opção (R$54) descontado do valor recebido pelo prêmio
(R$1,50). Nesse caso, o valor de prejuízo seria de -R$1,50 por ação.

Para o lançador de uma opção, o prejuízo é ilimitado. Se as ações da Vale subissem 50% no período e
chegassem a R$75 no dia do vencimento, o prejuízo seria bem maior (R$19,50).

Agora considere os mesmos dados do exemplo acima, exceto o preço das ações da Vale, que nesse
segundo cenário custam R$52 no dia do vencimento. O que acontece?

Como o strike (R$54) é maior que o preço das ações da Vale (R$52), não haverá exercício por parte do
titular. Lembrando que estamos falando de opções de compra nesse exemplo (call). Não vale a pena
comprar por R$54 as mesmas ações que estão sendo vendidas no mercado a R$52.

Dessa forma, o lançador embolsa o valor pago pelo prêmio e esse é o lucro da operação. O prêmio é
sempre o valor máximo que o lançador pode receber.
94
Fatores que influenciam o preço de negociação (valor do prêmio) de uma opção:

• Preço do ativo subjacente (preço spot)


• Preço futuro negociado na opção (strike)
• Taxa de juros da economia
• Prazo de vencimento da opção (expiração)
• Volatilidade ou taxa média de oscilação do ativo subjacente

Modelo Binomial (John Cox e Mark Rubinstein) – parte do pressuposto que no último instante para que uma
opção seja exercida, seu valor tempo é igual a zero. Isso significa que ou a opção está dentro do dinheiro e tem
valor, ou está fora do dinheiro e não vale nada. Este modelo avalia duas probabilidades de preço do ativo objeto
no momento do exercício, uma de valorização e outra de desvalorização.

Modelo de Black & Scholes – é um dos modelos mais utilizados no mundo para determinar o preço de opções
de ações no mercado financeiro. O modelo possui algumas premissas:

• As opções serão exercidas apenas no vencimento


• O comportamento do preço da ação corresponde a modelo lognormal com desvio padrão e média constante
• Não há custos de transação
• Os contratos são divisíveis
• Não há arbitragem possível

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Para a prova, não é necessário utilizar fórmulas para precificar opções. Inclusive, existem diversas calculadoras
que disponibilizam a matemática por trás do modelo, que precisa dos seguintes inputs:

• A data de início e vencimento da opção


• Se é uma Call ou Put
• A volatilidade do ativo
• A Taxa livre de risco ao ano (SELIC)
• A taxa de dividendos da ação
• O preço do ativo
• O preço de exercício

Estratégias com opções

Operação de financiamento (lançamento coberto) – é a operação mais simples que existe com opções, o
investidor compra a ação à vista e lança (vende) uma opção de compra (call). O prêmio recebido reduz o preço
médio da ação em carteira. Nessa estratégia, existe o risco da ação subir muito e o investidor ser exercido (ter
que se desfazer da posição). O lançamento da opção de compra reduz o preço médio da ação mas também
limita os ganhos potenciais ao valor do strike.

Box de duas pontas – também chamado de “spread de renda fixa”, é um tipo de operação que transforma
opções em estratégias de renda fixa, combinando uma call e uma put da mesma ação com o mesmo
vencimento, assegurando uma rentabilidade predeterminada no início da operação.
Box de quatro pontas – funciona da mesma forma, mas combina duas calls e duas puts.
96
Straddle – consiste na compra de uma opção de compra (call) e de uma opção de venda (put), com mesmo
preço de exercício e data de vencimento. O investidor tem um potencial de lucro grande se o ativo se
desvalorizar ou se desvalorizar de forma acentuada. Esta operação é conhecida como “compra de volatilidade”.

Strangle – consiste na combinação de uma put com uma call com diferentes preços de exercício, mas com o
mesmo vencimento. O preço de exercício da put deve er menor que o da call. Caso o preço permaneça em
patamares próximos, ocorre uma perda limitada. Caso a valorização ou desvalorização seja acentuada, ocorre
ganho financeiro. Dessa forma, também trata-se de estratégia de “compra de volatilidade”.

Collar – consiste em uma estratégia de proteção contra grandes perdas, mas também limita altos ganhos
potenciais. O investidor compra uma put fora do dinheiro e ao mesmo tempo vende uma call também fora do
dinheiro.

Barreira simples – denominadas “cap” para opções de compra e “floor” para opções de venda. O “cap” é um
limite de preço superior para o ativo objeto que limita os ganhos potenciais da operação. O “floor” por outro
lado, é um limite de preço inferior para o ativo objeto, que limita as perdas potenciais da operação.

Barreira knock-in ou barreira de entrada – neste tipo de opção, o direito de exercício está condicionado ao
alcance de um determinado preço para o ativo objeto. A opção só é válida caso o preço gatilho seja atingido.

Barreira knock-out ou barreira de saída – neste tipo de opção, o direito de exercício deixa de valer caso o ativo
objeto alcance um determinado preço.

Obs: opções com barreiras são classificadas como opções exóticas


97
Certificado de Operações Estruturadas (COE) – mistura elementos de renda fixa e renda variável e pode
funcionar com valor nominal protegido (garantia do investimento) ou valor nominal em risco (possibilidade de
perda do capital protegido). Emitido por bancos e registrados na B3. Os ativos subjacentes do COE podem ser
negociados no mercado local ou internacional e podem ser índices, ações, juros, câmbio, debêntures e outros
ativos de renda fixa.

Principaiscaracterísticas:
. Possibilidade de resgate antecipado sem garantia e sujeito a marcação à mercado
. Exige assinatura de termo de risco por parte do investidor e não tem garantia do FGC
. Tributação regressiva de renda fixa
. Não há prazo ou valor mínimo definido pela regulamentação

Tributação em derivativos: em geral são tributados da mesma forma que ações, mas há
exceções. São tributados como renda fixa: operações com rendimentos pré determinados, operações “box”
com opções e termo, operações no mercado de swap. A compensação de perdas existe apenas para derivativos
da mesma classe (ex: perdas com contratos de opções podem ser compensadas apenas com futuros ganhos
neste mesmo mercado - opções).

98
Módulo 5 – Conceitos Econômicos

Base monetária

É a base monetária é o total de moeda em circulação mais as reservas bancárias dos bancos comercias
mantidas no Banco Central (Bacen). Ela é, portanto, a parcela de maior liquidez da oferta de moeda da
economia.

M1: É a base monetária mais os depósitos à vista


M2: Inclui o M1 mais as aplicações financeiras de curto prazo
M3: Inclui o M2 mais as cotas de fundos de renda fixa
M4: Inclui M3 mais outros títulos disponíveis na economia, tais como os títulos privados.

O Banco Central define o quanto o banco precisa manter como reserva. Quanto maior for esta reserva menos
o banco poderá emprestar, portanto, menor será a oferta de moeda líquida na economia. A fórmula do
multiplicador monetária é:
M=1/R

Sendo R o percentual de reserva exigido pelo Banco Central e M o multiplicador monetário.

Imagine que este R seja de 10%, neste caso o multiplicador será: 1 / 0.10 = 10

Ou seja, um depósito de R$ 1000 se transformará em R$ 5000 em empréstimos na economia.


99
PIB (Produto InternoBruto)

É a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período de tempo. O PIB faz parte
de uma série de indicadores que auxiliam no estudo da macroeconomia. O objetivo principal desse indicador é
mensurar o ritmo da atividade econômica em determinado território. Dessa forma, o PIB ajuda a avaliar
quanto uma região cresceu ou decresceu em determinado período de tempo. É importante mencionar que o
PIB mede a produção de um país ou região em determinado período e não o seu estoque de riqueza. Dessa
forma, por mais que certo país possua um vasto estoque de riqueza, caso ele não produza nada em
determinado período de tempo, ele terá um PIB igual a zero.

Existem três óticas principais para cálculo do PIB

• PIB pela ótica da demanda:

PIB = Consumo (C) + Investimentos (I) + Gastos do Governo (G) + Saldo da Balança Comercial, ou seja,
exportações – importações (X –M).
PIB = C + I + G + (X – M)

Considera apenas os bens e serviços finais, (a matéria-prima usada na fabricação


não é levada em conta)

100
• PIB pela ótica da oferta: é calculado de acordo com a soma do valor adicionado por cada uma das empresas
de uma economia. Esse valor adicionado é conhecido como Valor Adicionado Bruto (VAB) e representa a
diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário.

Exemplo: imagine uma padaria que produza uma torta vendida por R$60,00. Para fazer esta torta, a padaria
utilizou 1 kg de açúcar, 1 kg de trigo, fermento, leite condensado e outros insumos, totalizando R$28,00. Neste
caso, o valor adicionado da padaria foi de R$60,00 - $28,00 = R$32,00.

Sob a ótica da oferta, para chegar ao PIB a preços de mercado, é necessário realizar um ajuste. Adiciona-se ao
VAB os impostos indiretos (impostos sobre consumo) e desconta-se os subsídios. Dessa forma:

PIBpm = ∑ VAB + Impostos indiretos – Subsídios

• PIB pela ótica da renda: é calculado de acordo com o somatório de todas as rendas auferidas pelos agentes
econômicos do país ou região em análise. Dessa forma, as rendas contabilizadas são as seguintes: salários
(renda das famílias); juros (renda do capital de empréstimo); lucros (renda do processo produtivo); alugueis
(renda das instalações físicas). A soma dos juros, alugueis e lucros é conhecida como Excedente
Operacional Bruto (EOB). Assim como no caso da ótica da oferta, para chegar ao PIB a preços de mercado é
necessário somar os impostos indiretos e subtrair os subsídios dessa conta, portanto:

PIBpm = Salários + EOB + Impostos Indiretos – Subsídios

101
PIB Nominal - trata-se do PIB calculado a preços correntes, ou seja, ele mede a variação da produção dentro
de um determinado local e período sem descontar a inflação. Apesar de ser um tipo de PIB muito utilizado, ele
possui uma problemática que é a incorporação do efeito inflacionário. Por exemplo, suponha que no ano base
foi produzida uma tonelada de soja, que foi vendida por R$50.000,00. No ano seguinte, foi produzido a mesma
quantidade mas o preço subiu para R$ 70.000,00. Na prática, a produção se manteve inalterada mas o PIB
nominal aumentou 40% devido ao efeito inflacionário.

PIB Real – trata-se do PIB calculado a preços constantes. O efeito inflacionário é eliminado para que o PIB
analisado seja impactado apenas pela variação na produção e não pela variação dos preços.

𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑥 𝑝𝑟𝑒ç𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙


𝑃𝐼𝐵 𝑑𝑒𝑓𝑙𝑎𝑡𝑜𝑟 = 𝑥 100
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑥 𝑝𝑟𝑒ç𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑎𝑛𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒

𝑃𝐼𝐵 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑃𝐼𝐵 𝑟𝑒𝑎𝑙 =
𝑃𝐼𝐵 𝑑𝑒𝑓𝑙𝑎𝑡𝑜𝑟 /100

Produto Nacional Bruto - PNB


Considera todos os bens e serviços produzidos pelos cidadãos de um determinado país (inclui também a
produção realizada por empresas brasileiras que atuam no exterior). Para se chegar ao valor do PNB a partir do
PIB, é necessário subtrair do PIB o valor da renda líquida enviada ao exterior (RLEE) e somar a renda líquida
recebida do exterior (RLRE). Caso a RLEE seja maior que a RLRE o PIB será maior que o PNB. Caso contrário, o
PNB será maior que o PIB. Dessa forma:
PNB = PIB – RLEE + RLRE 102
Metas de inflação - Anualmente, o CMN estabelece uma meta de inflação ao Banco Central. O Bacen executa a
política monetária para cumprir essa meta.
2018 = 4,5% com intervalo de 1,5%;
2019 = 4% com intervalo de 1,5%;
2020 = 4% com intervalo de 1,5%;

IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)


Índice oficial de inflação no Brasil, calculado pelo IBGE, divulgado mensalmente e utilizado como
referência para meta de inflação definida pelo CMN para o COPOM.

IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna


Criado em 1947, a fim de medir o comportamento de preços da economia brasileira, este índice é medido pelo
Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mensalmente. Por muitos anos,
o IGP-DI foi utilizado como referência para a inflação no Brasil. Hoje, ele é utilizado como base para o reajuste
nos valores de contratos. O IGP tem duas versões, além do DI. São eles o Índice Geral de Preços do Mercado
(IGP-M) e o Índice Geral de Preços 10 (IGP-10). No IGP-M as variações de preços são referentes ao período do
dia vinte e um do mês anterior ao dia vinte do mês de referência (contrato muito utilizado para reajustes de
alugueis). Já o chamado IGP-10 tem este nome por medir a variação entre os dias 11 de um mês ao dia 10 do
mês seguinte. Ou seja, de 11 de junho a 10 de julho, por exemplo.

O IGP-DI é composto pelos sub-índices:


IPA (60%) – Índice de Preços por Atacado ;
IPC (30%) – Índice de Preços ao Consumidor;
INCC (10%) – Índice Nacional de Custo de Construção.
103
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor
O cálculo deste indicador (produzido pelo IBGE) é restrito àquelas famílias cuja renda é de até cinco salários
mínimos. Ao todo, a pesquisa do INPC considera as variações de preços de 465 subitens. O INPC é utilizado como
referência para algumas metas atuariais de fundos de previdência complementar.

IPC – FIPE - Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas


Trata-se de uma pesquisa de variação de preços de uma cesta de produtos no município de São Paulo. O índice, que
mede a taxa de inflação na capital paulista, apresenta dois tipos de resultado. No resultado mensal, o período de
pesquisa ocorre entre o primeiro e último dia de cada mês. Os valores são divulgados no mês seguinte ao da
amostra. No quadrissemanal, o cálculo leva em conta um período de oito semanas. Nesse caso, é feita a comparação
dos preços médios das 4 semanas de referência e dos que foram obtidos nas 4 semanas que são anteriores a elas.

Selic Meta X Selic Over


• Selic Over é a taxa diária que reflete a média ponderada de juros cobrada por operações de financiamento
por um dia lastreadas em títulos públicos federais;
• Selic Meta é definida pelo Copom, com base na Meta de Inflação. É a principal taxa de juros da
economia que norteia todas as demais;

CDI – Certificado de DepósitoInterfinanceiro


Títulos emitidos por instituições financeiras que tem como lastro operaçõesinterbancárias:
• A função do CDI é transferir recursos de uma instituição financeira paraoutra;
• A taxa média diária do CDI é utilizada como parâmetro para avaliar rentabilidade de fundos e aplicações
financeiras.
104
TR (Taxa Referencial)
• Representa a Taxa Básica Financeira (TBF), deduzida de um redutor (R) e divulgada pelo BACEN;
• A TR é utilizada para remuneração dos títulos da dívida agrária (TDA), dos recursos das cadernetas de poupança e do FGTS.

TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo


Era a taxa de juros padrão cobrada pelo governo nas operações feitas pelo BNDES. A taxa era baseada nas metas anuais de
inflação, fixadas pelo Conselho Monetário Nacional mais um percentual de juros como prêmio de risco do empréstimo. Esse
acréscimo levava em conta o tipo de financiamento realizado, o volume emprestado e capacidade financeira do tomador em
pagá-lo. Criada em 1995, a TJLP tinha uma vigência trimestral e o cálculo e divulgação ficavam a cargo do Banco Central.
Porém, a Taxa de Juros de Longo Prazo vigorou apenas até 31 de dezembro de 2017. A partir de 2018, a TJLP deu lugar para
a Taxa de Longo Prazo (TLP). Nesse novo cenário, a TLP é definida principalmente pela inflação corrente (dada pelo Índice de
Preços ao Consumidor Amplo – IPCA). Além disso, também existe o acréscimo da taxa de juros de cinco anos da NTN-B. No
entanto, a TLP foi criada já prevendo uma mudança gradual em sua forma de cálculo. O objetivo é que a taxa passe a contar
apenas com o juros real da NTN-B, deixando assim de considerar a inflação do IPCA. Essa transição será feita de forma
gradativa, no prazo de cinco anos.
*Obs: nos contratos passados, a taxa que continua vigente até o término do pagamento é a TJLP.

COPOM
• Adota desde 1999 as “Metas de Inflação” (definidas pelo CMN) – índice IPCA;
• Composto pela diretoria colegiada do BACEN – (7 diretores + 1 diretor presidente);
• 8 reuniões ao ano, intervaladas em 45 dias, podendo haver exceções, desde que convocadas pelo presidente
do BACEN.

Define a meta da taxa de juros – COPOM ; Define a meta de inflação – CMN


105
Política Monetária
Conjunto de medidas adotadas pelo Governo voltadas para alinhar os meiosde pagamento às necessidades da
economia. Os instrumentos de política monetária permitem definição das taxas de juros:
• Depósito compulsório;
• Operações de Redesconto;
• Open Market (operações de mercado aberto).

Depósito compulsório
Parcela dos recursos de contas bancárias que deve ser depositada no Banco Central:
• Limita a criação de moeda pelas instituições financeiras;
• Elevação do compulsório provoca redução da liquidez e elevação da taxa de juros.

Operação de redesconto
Taxa de redesconto é a taxa que o Banco Central usa para emprestar dinheiro a bancos
comerciais. Quando quer estimular a economia aumentando o crédito, o BACEN diminui ataxa de redesconto.

Open Market (mercadoaberto)


Compra ou venda de títulos públicos
executada pelo BACEN. É o instrumento
mais eficaz e ágil de política monetária.

106
Política Fiscal
Decisões do governo sobre arrecadação (impostos, taxas e contribuições) e destino dos
recursos disponíveis. A política fiscal busca cumprir 3 funções: estabilização macroeconômica, redistribuição da
renda e alocação de recursos. O Tesouro Nacional é responsável por gerir essas receitas e despesas. A arrecadação é
de responsabilidade da receita federal. Assim como a política monetária, a política fiscal também pode ser
expansionista ou contracionista.

Política fiscal contracionista – menos gastos do governo e/ou elevação de impostos


Política fiscal expansionista – mais gastos do governo e/ou redução de impostos

Receita de Despesas não Superávit ou


Impostos financeiras déficit primário

Juros da dívida
pública

Superávit ou
déficit nominal

107
Necessidade de financiamento do setor público
Normalmente quando o orçamento da União é impactado por um déficit, a cobertura se dá mediante
emissão de títulos públicos, aumentando a dívida pública. Esse aumento pode comprometer o caixa
do governo e acarretar aumento da taxa de juros, prejudicando o crescimento econômico. É
fundamental que as decisões de políticas fiscais sejam tomadas de acordo com as medidas de política
monetária, minimizando potenciais desequilíbrios.

Política Cambial
Política do governo federal que direciona o comportamento do mercado de câmbio e da taxa de
câmbio.
• O Brasil adota um regime de Política Cambial Flutuante suja sem banda cambial.

Taxa de câmbio
Preço de uma unidade de moeda em relação a outra.
PTAX – média das taxas de câmbio do mercado interbancário divulgada diariamentepelo
BACEN.
Dólar Spot – taxa à vista.
Dólar forward – mercado futuro.

108
Regimes mais usuais de taxa de câmbio

Câmbio fixo – a taxa é fixada e atrelada a um referencial fixo como dólar ou ouro. Os movimentos de
mercado não alteram a cotação da moeda. Embora haja menos incerteza no comércio internacional,
a manutenção deste regime no longo prazo pode ser insustentável por conta do alto risco carregado
pelo governo, que deve utilizar de suas reservas para se proteger contra eventuais ataques
especulativos.

Câmbio flutuante – as taxas acompanham as flutuações de mercado, sem intervenção da autoridade


monetária. Não há compromisso em manter a taxa de câmbio em um determinado patamar, portanto
o governo tem mais liberdade na condução da política monetária. Uma maior oferta de moeda
estrangeira faz a moeda local se valorizar e vice versa.
Exemplo: quando o dólar sobe, o real se desvaloriza em relação ao dólar.

Flutuação suja – regime utilizado no Brazil e na maioria dos países atualmente. Neste regime, não há
um limite de tolerância para a taxa de câmbio, mas o Banco Central pode intervir comprando ou
vendendo dólares para corrigir desequilíbrios.

Bandas cambiais – regime que foi utilizado no início da implementação do Plano Real, onde o Banco
Central estabelecia uma banda dentro da qual o câmbio poderia flutuar livremente. O Banco Central
interveria apenas se o dólar ultrapassasse o limite superior da banda (teto) ou ficasse abaixo do limite
inferior da banda (piso).

109
Quando investidores estrangeiros entram com divisas no Brasil, o Banco Central compra dólares,
aumentando suas reservas. Por outro lado, em épocas turbulentas, o Banco Central vende dólares para
suprir o mercado.

Cupom cambial – é a remuneração efetiva dos dólares que são convertidos em reais e aplicados no
mercado financeiro brasileiro.

1 + 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑝𝑟é 𝑑𝑢/252 360


Cupom cambial (t) = [ − 1] ∗
𝐹𝑜𝑟𝑤𝑎𝑟𝑑 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑜𝑠
𝑠𝑝𝑜𝑡

t: prazo de vencimento do título, aplicação ou fluxo de caixa avaliado


Taxa pré: taxa de juros em reais, conforme mercado futuro da B3, considerando o primeiro vencimento
após (t)
du: número de dias úteis
dc: número de dias corridos
forward: preço futuro da moeda
spot: preço à vista da moeda

O cupom cambial tende a se elevar quando há pressão vendedora de dólares e tenda a cair quando há
pressão compradora de dólares.

110
Contas Externas e Balanço de Pagamentos: registro das transações de um país com o resto do mundo. No Brasil, os
valores sempre são expressos emdólares. Duas grandes contas formam o balanço de pagamentos de um país:

Conta Corrente: formada por três outras contas: a balança comercial, a conta serviços e rendas
e as transferências unilaterais;
Balança comercial: exportações menos importações.
Conta de Serviços e Rendas: comércio de bens, receitas/despesas com viagens internacionais, aluguéis, serviços do
governo e o pagamento/recebimento de juros e de lucros e dividendos.
Transferências Unilaterais: saldo líquido das remessas de recursos ou doações feitas entre moradores do Brasil e do
exterior.

Conta de Capitais: saldo líquido da compra de ativos estrangeiros por residentes noBrasil menos venda de ativos
brasileiros aestrangeiros.

Conceitos básicos de micro e macroeconomia:


A quantidade de um bem que os consumidores estão dispostos a comprar depende de uma série de variáveis
diferentes. Talvez a mais importante dessas variáveis seja o próprio preço do item. Em geral, os economistas
acreditam que à medida que o preço de um bem aumenta, os compradores optam por comprar menos, e à
medida que seu preço cai, eles compram mais. Esta opinião é tão quase universal que passou a ser chamada de lei
da demanda. Embora o próprio preço de um bem seja importante para determinar a vontade do consumidor de
comprá-lo, outras variáveis também influenciam essa decisão. A renda dos consumidores, seus gostos e
preferências e os preços de outros bens que servem como substitutos ou complementos são apenas algumas
das outras variáveis que influenciam a demanda dos consumidores por um produto ou serviço.
111
Os economistas tentam capturar todas essas influências em uma relação chamada função de demanda. (Uma função é uma
relação que atribui um valor único a uma variável dependente para qualquer conjunto de valores de um grupo de variáveis
independentes). A equação a seguir é um exemplo de uma função de demanda. Basicamente, estamos dizendo: "A quantidade
exigida do bem X depende (é uma função do) preço do bem X, da renda dos consumidores e do preço do bem Y":

𝑄𝑑𝑥 = 𝑓 (𝑃𝑥, 𝐼, 𝑃𝑦)

𝑄𝑑𝑥 = a quantidade demandada de algum bem X (ex: demanda doméstica de arroz em toneladas por mês)
𝑃𝑥 = o preço por unidade do bem X
I = renda dos consumidores
𝑃𝑦 = o preço de outro bem, Y. (Pode haver muitos outros bens, não apenas um e eles podem ser complementares ou
substitutos).

O modelo geral de demanda e oferta pode ser altamente útil para entender as mudanças direcionais de preços e quantidades
que resultam de mudanças em uma curva ou outra. Muitas vezes, porém, precisamos medir quão sensível é a quantidade
demandada ou fornecida às mudanças nas variáveis independentes que as afetam. Este é o conceito de elasticidade da
demanda e elasticidade da oferta. Fundamentalmente, todas as elasticidades são calculadas da mesma forma: são proporções
de mudanças percentuais.

Elasticidade preço da demanda: é a relação entre a variação percentual da quantidade exigida e a variação percentual do
próprio preço de um bem ou serviço. Se a elasticidade da demanda for superior a 1 em termos absolutos, a
demanda é elástica e uma queda no preço resultará em maiores gastos totais com esse bem. Se a elasticidade
da demanda for inferior a 1 em termos absolutos, a demanda é inelástica e uma queda no preço resultará em
um gasto total menor com esse bem. 112
Se a elasticidade da demanda for igual a -1, considera-se que o bem é unitaramente elástico e o gasto total com esse bem é
independente do preço. A elasticidade da demanda será quase sempre negativa, pois um aumento no preço de um bem tende a
reduzir a quantidade demandada. A elasticidade preço é calculada como uma variação percentual na quantidade demandada
dividida pela variação percentual no preço.

A elasticidade renda da demanda refere-se à sensibilidade da quantidade demandada para um determinado bem a uma
mudança na renda real dos consumidores que compram esse bem, mantendo todas as outras coisas constantes. A fórmula para
calcular a elasticidade da renda da demanda é a variação percentual da quantidade demandada dividida pela variação
percentual da renda. Com a elasticidade de renda da demanda, você pode dizer se um determinado bem é normal ou inferior.
Para a maioria dos bens e serviços, um aumento na renda faria com que os consumidores comprassem mais; estes são
chamados de bens normais. Mas isso não se aplica a todos os bens: há bens que os consumidores compram menos quando sua
renda aumenta e bens que eles compram mais quando sua renda cai. Estes são chamados de bens inferiores. Podemos dizer
que a maioria dos bens e serviços são considerados normais (refeições em restaurantes, por exemplo, já que a maioria das
pessoas tende a comer fora com mais freqüência quando sua renda aumenta). Por outro lado, para bens inferiores (cortes mais
baratos de carne ou bebidas genéricas, por exemplo, a maioria das pessoas compra menos quando sua renda aumenta), um
aumento na renda faz com que os consumidores comprem menos, não mais, e se sua renda cai, eles compram mais, não
menos. "Inferior" não implica nada sobre a qualidade do bem; é simplesmente usado para se referir a um bem para o qual um
aumento na renda faz com que algumas pessoas comprem menos. Repare que o mesmo bem pode ser normal para alguns
consumidores enquanto é inferior para outros. Considere um segmento da população de muito baixa renda. Para esses
consumidores, um aumento de sua renda pode muito bem resultar na compra de mais refeições de fast-food. Agora,
considere um grupo de alta renda. Se sua renda aumentar, eles podem estar muito menos inclinados a comer
em restaurantes de fast-food e, em vez disso, jantar fora em um bistrô francês da moda, por exemplo. Portanto,
refeições de fast-food podem ser um bem normal para algumas pessoas e um bem inferior para outras.
113
Os efeitos de substituição e renda para uma redução de preço sobre bens normais e inferiores.

Efeito substituição Efeito renda


Bens e serviços normais Consumidores compram mais Consumidores compram mais
porque o bem/serviço está mais porque o aumento do poder
barato que seus substitutos. aquisitivo eleva o nível de
consumo total.
Bens e serviços inferiores Consumidores compram mais Consumidores compram menos
porque o bem é relativamente porque o aumento da renda real
mais barato do que seus leva o consumidor a comprar
substitutos. menos do bem inferior em favor
de seus substitutos preferidos.

A elasticidade cruzada da demanda é um conceito econômico que mede a resposta na quantidade


demandada de um bem quando o preço de outro bem muda. Esta medida é calculada tomando a mudança
percentual na quantidade demandada de um bem e dividindo-a pela mudança percentual no preço do outro
bem. Se a elasticidade cruzada dos preços de dois bens for positiva, eles são substitutos. Alternativamente,
duas mercadorias cuja elasticidade de preços cruzados da demanda é negativa são consideradas como
complementares. Um produto pode ser considerado um complemento quando compartilha uma relação
benéfica com outra oferta de produto, por exemplo, arroz e feijão. Um substituto é um bem que pode ser
usado no lugar de outro. Os substitutos desempenham um papel importante no mercado e são considerados
um benefício para os consumidores. Eles proporcionam mais escolhas para os consumidores, que então são
mais capazes de satisfazer suas necessidades. 114
Módulo 6 – Conduta e relacionamento

A atividade do Analista de Valores Mobiliários


Parte deste módulo de prova será voltado para a atividade do analista e potenciais conflitos de interesse no
ambiente profissional. Atenção com os detalhes, pois eles podem ser cobrados na sua prova de certificação.
É imprescindível que você acesse e leia com atenção o material oficial disponível nestes dois links abaixo:

CVM – Instrução 598/2018 – regula a atividade e credenciamento de analistas de valores mobiliários

APIMEC. Código de Conduta da Apimec para Analista de Valores Mobiliários – código de conduta dos
profissionais CNPI

Alguns tópicos são extremamente importantes não apenas para a sua avaliação, mas também para exercer a
profissão:

• Compreender potenciais situações de conflitos de interesse


• Compromisso de busca por informações idôneas e fidedignas
• Independência frente à instituição que o analista representa
• Cumprimento das instruções da CVM
• Uso de informação privilegiada
• Priorização

115
Prevenção e combate a lavagem de dinheiro
Lavagem de dinheiro é o processo de transformação de recursos obtidos de forma ilegal em
ativos cuja origem é aparentementelegal.

Processo:

Inserção do dinheiro no Mecanismos para impedir o Incorporação formal do


sistema econômico rastreamento dos recursos dinheiro de volta ao sistema

Punição:
Reclusão de três a dez anos e multa aplicada pelo COAF, não superior ao:
- Dobro do valor da operação;
- Dobro do lucro real obtido na operação;
- R$20.000.000,00.

Todos que de alguma forma contribuem para qualquer uma das etapas do processo de lavagem de
dinheiro estão sujeitos a estas punições.

OBS: pena pode ser reduzida de um a dois terços caso haja colaboração com autoridades e aumentada de
um a dois terços caso os crimes tenham sido cometidos de forma reincidente ou por intermédio de
organização criminosa.

116
Operaçõesque são indícios de crimes de lavagem de dinheiro:
• Aumento considerável no número de depósitos de pessoas físicas ou jurídicas;
• Troca de muitas notas de pequeno valor por notas de maior valor;
• Grandes transações de troca de moeda estrangeira;
• Movimentação de recursos incompatível com o patrimônio;
• Movimentações em diversas contas para o mesmo indivíduo ou empresa.

Estratégias:
• fracionamento de valores, estabelecimentos que aceitam apenas cash;
• holdings que prestam serviços.

Fases da lavagem de dinheiro:


Colocação: inserção do dinheiro no sistema econômico.
Mecanismos: depósitos, compra de bens ou ativos negociáveis.
Estratégias: fracionamento de valores, estabelecimentoscomerciaisque aceitam apenas dinheiro e espécie.
Ocultação: o criminoso quer dificultar o rastreamento do dinheiro para quebrar a cadeia de evidências.
Mecanismos: movimentação eletrônica (principalmente em países com regras de sigilo bancário).
Estratégias: utilização de contas anônimas ou contasfantasmas.
Integração: o criminoso quer inserir os ativos formalmente no sistema econômico.
Mecanismos: investimentos em empreendimentos.
Estratégias: holdings que prestam serviços entre si, cadeia interconectada de serviços.

117
Exemplos:
Colocação – remessa de recursos ilícitos para outro país, compra de imóvel em cash com
dinheiro ilegal;
Ocultação – envio de recursos para paraísos fiscais, troca de moeda;
Integração – compra de hotéis, restaurantes, negócios, doações de contas fantasmas, empresas de fachada.

Identificação de clientes: a lei sobre crimes de lavagem de dinheiro exige que as instituições financeiras
mantenham o cadastro de clientes atualizado, bem como registro das transações financeiras, títulos e
demais ativos. As instituições devem atender todas as requisições do COAF de acordo com prazo fixado
pelo órgão judicial.

Cadastros e registros de transações devem ser armazenados por cinco anos e testes de verificação
devem ser feitos com prazo máximo de um ano para adequação de cadastrode clientes.

Pessoa politicamente exposta (PEP): agentes públicos que desempenham ou tenham desempenhado
cargos relevantes nos últimos cinco anos, bem como seus familiarespróximos.

Convenção de Viena (1988) – convenção contra o tráfico ilícito de entorpecentes e de substâncias


psicotrópicas. A convenção foi aprovada pelo Congresso Nacional em 1991. Foi um marco
internacional na prevenção e combate à lavagem de dinheiro.

118
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF): órgão máximo no combate à lavagem de dinheiro
que tem por finalidade identificar, examinar, disciplinar e aplicar penas administrativaspara operações
financeiras ilícitas. O COAF está vinculado ao BACEN.

Competências:
• Receber e avaliar suspeitas de atividades financeirasilícitas;
• Comunicar as autoridades competentes;
• Coordenar e propor acordos de cooperação e troca de informações;
• Disciplinar e aplicar penas administrativas.

Comunicação aoCOAF:
As instituições financeiras devem comunicar aoCOAF:
• Depósitos ou saques superiores ao valor de 50 mil reais ou o equivalente em moeda estrangeira
no mês calendário;
• Cheque, TED ou qualquer transferência superior a 50 mil reais;
• Depósitos ou saques em espécie que apresentem indícios de ocultação da sua natureza.
OBS: a comunicação deve ser feita até 1 dia útil após verificação.

Informação privilegiada – informação relevante fora de domínio público.

Insider trader – tem acesso a informações privilegiadas e as utiliza em benefício próprio ou de terceiros.

119
Frontrunner – apropria-se de operações de clientes, executando ordens de compra e venda de
ativos primeiro na sua conta pessoal ou contas associadas.

Confidencialidade – o profissional de investimentos deve manter sigilo sobre informações de


clientes, a menos que haja alguma solicitação de órgãode justiça.

Conflito de interesse – qualquer situação na qual o profissional tem interesses próprios que
aparentemente podem influenciar seus objetivos. A recomendação é se conscientizar de
qualquer conflito, divulgá-lo abertamente e se oferecer para eliminá-lo.

Chinese Wall - conjunto de medidas que uma instituição financeira toma para separar a gestão dos
seus próprios recursos em relação aos recursos e interesses de terceiros. O termo faz alusão a
histórica Muralha da China – já que o chinese wall seria também uma espécie de “barreira” interna
para garantir que duas áreas diferentes não tenham nenhum contato. Ou seja, assim como
o compliance, o chinese wall funciona como uma norma de conduta que responsabiliza e segrega as
funções dos gestores e profissionais de uma instituição financeira. Dessa forma, essa política garante
a independência entre setores que possuem informações privilegiadas com quem trabalha operando
no mercado. Logo, o chinese wall acaba, no final das contas, evitando o conflito de interesses entre
clientes, investidores e a própria instituição.

120
Módulo 7 – Governança corporativa e relação com investidores

Governança corporativa – alinhamento de interesses entre a administração de uma empresa e seus acionistas. Sistema
de mecanismos de controle e de incentivo que envolve relacionamento entre investidores, conselho de administração,
diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança setraduzem em transparência,
equidade de tratamento dos acionistas e responsabilidade administrativa. Principais mecanismos de governança
corporativa: conselho de administração que atue com independência; maioria obrigatória de conselheiros independentes
com sólida reputação de mercado; comitê de auditoria composto apenas por membros independentes

121
Índice de ações Governança Corporativa diferenciada (IGC) - o objetivo do IGC é ser o indicador do desempenho médio
das cotações dos ativos de empresas listadas no Novo Mercado ou nos Níveis 1 ou 2 da B3.

Índice de ações com Tag Along diferenciado (ITAG) - o objetivo do ITAG é ser o indicador do desempenho médio das
cotações dos ativos de emissão de empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas minoritários, no caso de
alienação do controle.

Relações com Investidores (RI) - cabe ao profissional de RI atuar simultaneamente em dois sentidos: levando
informações da companhia para seus públicos estratégicos e trazendo para a empresa o necessário retorno (feedback)
que irá mostrar as demandas e necessidades desses públicos. O resultado desse trabalho é o aperfeiçoamento das
práticas internas e o melhor atendimento das solicitações do mercado. Assim como em outras áreas estratégicas dentro
da empresa, a atualização e o aprimoramento em RI podem significar um diferencial de qualidade para a reputação
corporativa da companhia aberta. Isso contribui para que o programa de RI possa esclarecer os eventuais “ruídos” de
comunicação entre a organização e seus diversos públicos. A boa circulação da área de RI dentro da empresa é
indispensável: o departamento de RI deve obrigatoriamente circular pelas outras áreas e ter acesso efetivo ao que
acontece, receber informações atualizadas e acompanhar diariamente o fluxo de novidades tecnológicas, financeiras,
mercadológicas, jurídicas e de comunicação. A capacidade de interação com o conjunto da empresa pode fazer toda a
diferença para garantir o sucesso da política de relacionamento com os agentes do mercado.

Atribuições do profissional de RI
• Atuação como porta-voz da companhia na comunicação com o mercado e com a imprensa econômica.
• Relacionamento com os órgãos reguladores, entidades e instituições do mercado, bolsas de valores e mercados de
balcão.
• Ampliação da base acionária. 122
• Avaliação contínua das respostas do mercado à atuação da companhia e promoção de reflexão interna com
outras áreas da empresa.
• Contribuição para definir a estratégia corporativa e idéias que agreguem valor.
• Desenvolvimento da cultura de companhia aberta junto ao público interno.
• Integração do programa de comunicações entre as diversas áreas da empresa.
• Planejamento e execução da divulgação de informações obrigatórias e voluntárias.
• Acompanhamento das avaliações/análises feitas sobre a companhia, bem como das condições de negociação dos
valores mobiliários da empresa.
• Coordenação e acompanhamento dos serviços aos acionistas e respectivas assembléias.
• Reuniões públicas e individuais com analistas de investimento, acionistas e investidores potenciais.

A atuação do RI como porta-voz da companhia é peça-chave para criar e consolidar a reputação corporativa em
vários níveis de comunicação. Ele é o porta-voz da empresa para a comunidade financeira – acionistas, analistas,
investidores, Bolsa, órgãos reguladores e imprensa –, e deve estar preparado para atuar tanto em tempos de
calmaria como em crises ou adversidades. A expansão do uso da internet e dos recursos tecnológicos, como a
teleconferência, estão ampliando fronteiras nesse relacionamento. Entre as demais alternativas estão as reuniões
exclusivas (individuais) com investidores; apresentações itinerantes (roadshows) que levam informações a várias
regiões do País e do exterior; teleconferências (conference calls); contatos telefônicos e avisos por e-mail. Na era
da internet, criar páginas para manter o mercado em linha com as informações mais atualizadas da empresa
também tem sido uma ferramenta de apoio fundamental. O acesso democrático às informações, seja para
investidores individuais ou institucionais, é uma exigência legal. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
deixa bem claro em sua regulamentação que todos devem ser informados ao mesmo tempo e com a mesma
qualidade de informação, seja por meio da mídia, reuniões públicas, sites de RI etc. O fundamental é que o
princípio do acesso igual e simultâneo seja respeitado e todos os públicos recebam o mesmo tratamento. 123
O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado – CODIM criou algumas diretrizes para
reuniões públicas de RI:

• A companhia deve anunciar com antecedência de 30 dias, e de maneira ampla, as seguintes informações sobre
suas apresentações: (i) data, local e horário de sua realização; (ii) a qual público se destina; (iii) eventuais regras
de acesso para os interessados, consignando limite numérico de participantes presenciais em função do
tamanho do auditório; (iv) se haverá a transmissão pela Internet, através de sistema webcast, informando
ostensivamente o endereço na web;

• No anúncio da apresentação deverá ser previamente informada a política da companhia no que diz respeito à
forma de registro de reuniões, no caso de serem gravadas, e como acessar as gravações e/ou transcrições, sem
prejuízo de outras condições julgadas necessárias de serem explicitadas;

• A companhia deve realizar ao menos uma apresentação pública durante cada exercício social devendo envidar
seus melhores esforços para realizar apresentações em diferentes localidades, sendo sempre representada
pelos seus mais altos executivos e, em ao menos uma delas, ter a presença de seu principal executivo;

• Toda reunião deve contar com a presença de um representante da área de Relação com Investidores da
companhia, que será o responsável pela apresentação e pelas informações nela prestadas, desde que emitidas
em nome da companhia;

• A apresentação, mesmo quando direcionada a um público específico, sempre se revestirá do caráter de


aberta ao público em geral e se restringirá à divulgação, explicação ou abordagem de fatos previamente
comunicados aos órgãos reguladores e auto-reguladores;
124
• A apresentação deve ter início com uma sessão expositiva, cujas informações devem ser escritas em slides, e
terminar com uma sessão de perguntas e respostas;

• Com relação à sessão de perguntas e respostas, devido ao caráter público da reunião, nenhuma pergunta
relacionada, direta ou indiretamente, ao(s) tema(s) previamente comunicado(s) aos órgãos reguladores e auto-
reguladores poderá ser filtrada, ou seja, todas devem ser respondidas. No caso de transmissão via webcast, a
companhia deve divulgar, amplamente, e-mail para os participantes realizarem perguntas com total
interatividade. Caso não haja tempo suficiente para responder a todas as perguntas recebidas durante a
reunião, a companhia deve alocá-las junto com as demais perguntas e respostas no seu website;

• A companhia disponibilizará, concomitantemente, a apresentação dos slides utilizados em seu inteiro teor no
seu website e, também, os enviará para os órgãos reguladores e auto-reguladores, através do sistema IPE
(Informações Periódicas e Eventuais) e, posteriormente, deve alocar o áudio e/ou a transcrição do evento em
seu website. Caso a empresa realize outra apresentação pública com o mesmo conteúdo, não haverá
necessidade de disponibilizar todo o evento no website. Entretanto, deve disponibilizar em seu website o áudio
da sessão de perguntas e/ou sua respectiva transcrição;

• Caso ocorra, no decorrer de uma reunião, a divulgação de informação relevante, não pública, que possa
modificar as expectativas em relação à companhia e, especialmente, influir na cotação de seus valores
mobiliários ou a eles referenciados, ou na decisão dos investidores de comprar, vender ou manter aqueles
valores mobiliários; ou na decisão dos investidores de exercer quaisquer direitos inerentes à condição de titular
desses valores, o representante da área de RI deverá providenciar de imediato a divulgação da informação
anteriormente mencionada aos órgãos reguladores e auto-reguladores, disseminá-la junto ao mercado e
disponibilizá-la no website da companhia nos termos da Instrução CVM nº 358.
125
Reuniões individuais – RI
As reuniões individuais – também chamadas de reuniões restritas – assim como as teleconferências, são contatos
indispensáveis entre a área de RI e os investidores. Esses encontros dão oportunidade de um diálogo ágil para identificar
as eventuais dúvidas e esclarecê-las. Se os porta-vozes da empresa, inadvertidamente, divulgarem informação não pública,
é dever do RI comunicar o fato imediatamente aos órgãos reguladores. Nas reuniões individuais, o contato é feito sempre
pessoalmente com o gestor de recursos, com o analista ou o próprio investidor. Nessas reuniões a periodicidade e a forma
de organização variam bastante, de acordo com a necessidade dos interlocutores e sua demanda por informações. Caso
uma divulgação involuntária sobre fato relevante não público tenha ocorrido, no Brasil ou no exterior, durante uma
reunião restrita, deve ser feita a sua divulgação “imediata”, “homogênea” e “simultânea” aos órgãos reguladores, às bolsas
de valores em que os valores mobiliários da companhia sejam listados, ao mercado em geral – inclusive para as agências
especializadas em comunicação financeira –, bem como no website da companhia, nos termos da Instrução CVM nº 358.

Teleconferências
As empresas têm utilizado a teleconferência de maneira crescente, como ferramenta para divulgar seus resultados e fatos
relevantes em reuniões públicas com investidores e profissionais. A data da teleconferência deve ser amplamente
divulgada pela companhia. A reunião é dividida em duas partes: apresentação inicial e sessão de perguntas e respostas. A
teleconferência deve ser realizada, no menor prazo possível, após a divulgação de fato que possa ter impacto material,
visando à disseminação das informações de forma plena, uniforme e simultânea. Entre os fatos que afetam a percepção do
mercado de capitais constam, por exemplo, aquisições, incorporações, fusões, reestruturações administrativas, perdas e
ganhos não esperados. Ainda pelas diretrizes do CODIM, devido ao caráter público da teleconferência, nenhuma pergunta
pode ser filtrada, ou seja, todas devem ser respondidas. Todas as informações que possam modificar as expectativas
em relação à companhia devem ser entregues à CVM e amplamente divulgadas antes de uma teleconferência.

126
Website – RI
O website precisa conter informações da companhia, como relatórios anuais, demonstrações financeiras trimestrais e
press releases; deve trazer também informações de terceiros, como oscilações do mercado, preços de ações, opinião de
analistas, informações setoriais e principais indicadores. O material deve ser organizado em menus de fácil acesso,
atendendo também às necessidades dos investidores menos experientes nesse tipo de navegação. Além de manter
websites em português e inglês, uma tendência importante e que já tem sido adotada por diversas companhias brasileiras
é a segmentação de acordo com o perfil do investidor, oferecendo sites diferenciados para pessoas físicas, jurídicas,
analistas e investidores institucionais, entre outros.

Objetivos de uma área de RI


Os objetivos de RI podem ser resumidos de maneira relativamente simples: fornecer boa informação para analistas e
investidores, ampliar e cativar a base acionária, identificando os investidores mais adequados ao perfil da companhia,
moldar a mensagem da empresa de uma forma que claramente represente seu valor e enviar informações qualificadas
sobre as respostas do mercado (market intelligence) para a alta administração. Entre os benefícios mais valiosos do
trabalho de RI está a criação de uma cultura de transparência e boas práticas de governança. Manter uma equipe eficiente
de profissionais de RI sinaliza aos investidores que a companhia está disposta a investir para agregar valor às suas ações.
Métricas relevantes:
• Evolução do número de analistas que cobrem a empresa;
• Expansão da base de acionistas;
• Se for o caso, alteração da composição da base de acionistas;
• Evolução do número de reuniões públicas;
• Evolução do número de reuniões individuais;
• Diminuição da volatilidade da ação;
• Aumento da liquidez.
127
Buy side - analista buy side é uma definição que abrange os analistas e os gestores de fundos de investimentos. São
profissionais que atuam na ponta das negociações e cujos movimentos de compra ou venda, quando associados a grandes
fundos, podem afetar as oscilações e tendências do mercado. Cabe à área de RI suprir esses analistas com informações
adequadas às suas demandas. Embora as informações sobre a companhia sejam as mesmas, analistas buy side e sell side
têm necessidades diferenciadas. No caso da ponta buy side, o foco é nas tendências de mais longo prazo e, em geral, há
maior ênfase nas informações relativas à governança corporativa da empresa, um item que pode influenciar as decisões de
investimento. Além disso, esses profissionais exigem contato direto com a alta gerência da companhia e podem atuar
como representantes dos acionistas.

Sell side - analistas sell side são profissionais que atuam em bancos e corretoras de valores fazendo a prospecção de
investimentos e recomendando a compra ou venda das ações; eles acompanham de perto o comportamento das ações e
das empresas. Suas demandas de informação, portanto, estão focadas na necessidade de dados pontuais e mais
detalhados, o que significa maior exigência de contato constante com a área de RI. Os analistas que atuam como sell side
buscam o máximo possível de disclosure (capacidade de divulgar informações com transparência) da companhia e, assim
como acontece no buy side, também exigem contato com a alta gerência.

Investidores institucionais – fundos de pensão, fundos de investimento (assets) e fundos hedge – precisam dispor de um
fluxo de informações bem aberto pela companhia, para atender à sua necessidade permanente de dados para basear
estratégias de médio e longo prazos. Esse segmento do público tem por obrigação satisfazer as demandas criadas por seus
modelos de alocação de recursos, o que significa maior volume de informações qualificadas divulgadas pela companhia.
Esses acionistas detêm um elevado patrimônio e são candidatos a comprar volumes mais expressivos de ações,
compartilhando algumas vezes do controle do capital. A equipe de RI deve estar bem informada sobre aspectos
que dizem respeito a esses investidores. Isso significa constante atualização sobre as exigências regulatórias,
tendências e novas demandas.
128
Divulgação de informações obrigátórias - As informações que as empresas listadas em Bolsa são obrigadas a divulgar ao
mercado, aos acionistas e aos investidores estão definidas na Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) e na
regulamentação da CVM, incluindo, entre outras, demonstrações financeiras, formulários padronizados IAN/DFP/ITR, atos
ou fatos relevantes, além de editais de convocação e atas de assembléias.

As demonstrações financeiras, acompanhadas do relatório da administração e do parecer do auditor independente,


devem ser elaboradas ao final de cada exercício, nos termos da Lei 6.404/76 (art. 176) e da Instrução CVM nº 202
(conforme alterada), e publicadas no Diário Oficial da União (ou do Estado) e em outro jornal de grande circulação da
localidade da empresa no prazo máximo de três meses após o encerramento de cada exercício social.

O formulário IAN contém informações corporativas, operacionais, societárias, entre outras. Este documento deve ser
apresentado para a CVM e para a Bolsa no prazo máximo de cinco meses após o encerramento de cada exercício social ou
no máximo em um mês, a contar da data da realização da Assembléia Geral Ordinária, caso esta assembléia ocorra antes
do prazo máximo estabelecido pelo art. 132 da Lei nº 6.404/76, de quatro meses após o término do exercício social.
Sempre que houver alterações de informações societárias que façam parte do formulário, em especial informações sobre a
composição dos membros do conselho de administração, sobre eventuais alterações estatutárias e sobre mudanças na
composição acionária, a empresa deverá modificar o formulário e enviá-lo novamente.

Importante instrumento de avaliação para os investidores, o formulário ITR contém as demonstrações contábeis
elaboradas trimestralmente e é acompanhado do Relatório de Revisão Especial, emitido por auditor independente
registrado na CVM. Estas demonstrações referem-se aos três primeiros trimestres do exercício social, devendo ser
apresentadas para a CVM e para a Bolsa em até quarenta e cinco dias após o término de cada trimestre, ou
quando a empresa divulgá-las para acionistas ou terceiros antes deste período.
129
Atos ou fatos relevantes - Atos ou fatos relevantes devem ser comunicados prontamente e segundo o art. 2 da Instrução
CVM nº 358, é considerado relevante qualquer decisão do acionista controlador, deliberação da assembléia geral ou dos
órgãos de administração da companhia aberta, ou qualquer outro ato ou fato de caráter político-administrativo, técnico,
negocial ou econômico-financeiro ocorrido ou relacionado aos seus negócios que possa influir de modo ponderável:
• Na cotação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta ou a eles referenciados.
• Na decisão dos investidores de comprar, vender ou manter aqueles valores mobiliários.
• Na decisão dos investidores de exercer quaisquer direitos inerentes à condição de titular de valores mobiliários emitidos
pela companhia ou a eles referenciados

Código de conduta e princípios éticos do IBRI (Insituto Brasileiro de Relações com Investidores )- Os princípios éticos
adotados pelo IBRI são:
• Transparência ; • Eqüidade ; • Franqueza e Independência ; • Integridade e Responsabilidade

Deveres do profissional de Relações com Investidores segundo o princípio da transparência:


• Conhecer em profundidade a organização e o setor em que atua;
• Manter comunicação aberta, clara e compreensível entre a companhia, o público interno e o público externo (com
obrigação de informar, corrigir e atualizar as informações sobre a empresa).
• Zelar pela exatidão, consistência e tempestividade na divulgação de informações, financeiras ou não financeiras, de
modo a permitir ao investidor uma avaliação bem fundamentada de risco.
• Assegurar-se de que todas as informações e registros de que tome conhecimento e os documentos
que lhe dão suporte descrevam e reflitam fielmente as transações havidas, sempre com base em critérios definidos que
identifiquem o que é passível de divulgação sem colocar em risco a estratégia e a operação da empresa.

130
• Cuidar para que os controles e procedimentos de informação e comunicação sejam apropriados e passíveis de
verificação e avaliação externa e independente.
• Empenhar-se em um diálogo aberto com todas as partes interessadas, mas ter o máximo cuidado com as informações
que envolvam projeções de resultados, solicitando da empresa uma posição muito clara e explícita sobre esse tipo de
comunicação.

Deveres do profissional de RI segundo o princípio da eqüidade:


• Zelar pela tempestividade e agilidade das informações, respeitando o princípio da eqüidade, buscando evitar que
qualquer usuário externo tenha acesso à informação privilegiada ou que qualquer usuário interno ou externo dela faça
uso indevido.
• Recomendar à empresa a adoção de Política de Negociação com Ações de Própria Emissão, definindo inside information
(informação privilegiada) e a lista de pessoas que devem assinar o Termo de Adesão, além de difundir internamente a
política para a conscientização dos colaboradores e pessoas relacionadas, das diversas áreas da empresa, sobre eventual
divulgação de informação privilegiada e seus efeitos no mercado.
• Ampliar a acessibilidade, utilizando soluções tecnológicas que viabilizem e assegurem a simetria na comunicação, tais
como disponibilizar informações em websites de RI, enviando mensagens de alerta (e-mails alerts).
• Zelar para que as informações cheguem aos acionistas/ investidores/órgãos fiscalizadores/mercado, não só no prazo
legal, mas de forma clara, objetiva, consistente e eqüânime, e nas versões de idiomas necessários para atender a todos os
mercados em que a empresa possua títulos e valores mobiliários (ações ou dívida) registrados e negociados.

131
Deveres do profissional de RI segundo o princípio da franqueza e independência:
• Empenhar-se para que a franqueza seja parte integrante da cultura da empresa, na certeza e na defesa de que
todos têm a ganhar com um ambiente de confiança mútua e de construção da credibilidade
• Solicitar, sempre simultaneamente, às bolsas de valores e às entidades do mercado de balcão organizado, nacionais e
estrangeiras, em que os valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação, a suspensão da
negociação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta, ou a eles referenciados, pelo tempo necessário à
adequada disseminação da informação relevante.
• Manter-se sempre informado e em contato com os participantes dos demais órgãos da companhia (acionistas
controladores, diretores, membros do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e de quaisquer órgãos com funções
técnicas ou consultivas) sobre a existência de fatos relevantes que devam ser objeto de divulgação.
• Manter sigilo sobre os negócios da companhia, sendo-lhe vedado utilizar, ou permitir que terceiros utilizem, informação
ainda não divulgada ao público.
• Evitar que ele próprio, integrante de sua equipe, ou outro colaborador da companhia ofereça vantagem de qualquer
natureza a terceiros. Recusar-se a receber vantagem de terceiros, zelando para que os integrantes de sua equipe adotem
idêntico procedimento.
• Zelar para que sejam observadas, pelos integrantes dos diversos órgãos da companhia, a política de divulgação de ato ou
fato relevante e de negociação adotada pelo Conselho de Administração.
• Reportar à alta administração se suspeitar ou reconhecer atos ilegais ou fraudulentos na companhia. Zelar pela sua
reputação profissional até o ponto de fazê-la prevalecer em caso de conflito de interesse entre seus deveres e os
interesses da empresa.

132
• Criar na empresa a convicção de que a franqueza – mesmo nas situações, como as de crise, em que o silêncio parece
mais cômodo – é fator de peso na construção de uma sólida imagem interna e externa da organização, que é um de seus
mais importantes valores intangíveis.
• Zelar pela veracidade de qualquer informação que distribua, sob pena de tornar-se co-responsável por distorções que
venham a afetar o mercado.
• Assegurar-se de que sejam confiáveis as fontes das informações que venha a colher no mercado sobre a empresa a que
está vinculado. Se não tiver essa segurança, deverá fazer chegar a informação à Administração, com ressalvas quanto à
idoneidade das fontes, se for o caso.
• Promover a cultura empresarial para que o relacionamento empresa/mercado seja construído sobre o fundamento da
franqueza, o que envolve a comunicação dos aspectos positivos ou negativos, favoráveis ou desfavoráveis, sem omissões
ou meias verdades, no tempo devido.
• Acreditar que só terá benefícios em trabalhar numa empresa que tenha conquistado uma reputação de plena
credibilidade.
• Preservar um nível de independência profissional que lhe permita levar ao conhecimento dos demais órgãos da
companhia, notadamente à Diretoria e ao Conselho de Administração, eventual descumprimento de regras emanadas da
lei, da regulamentação dos órgãos reguladores e autoreguladores ou mesmo da política interna.

Deveres do profissional de RI segundo os princípios da integridade e responsabilidade:


• Cumprir e fazer cumprir todas as normas legais e regulamentares que incidem sobre a atividade da companhia,
especialmente aquelas que tratam da elaboração e disseminação de informações sobre os negócios sociais, zelando para
que os demais colaboradores façam o mesmo.

133
• Ficar atento às situações que possam afetar a integridade da informação, zelando para que esta, redigida de
modo claro e preciso, seja elaborada em tempo hábil para divulgá-la e comunicá-la aos órgãos fiscalizadores
e ao mercado, sempre que possível antes do início ou após o encerramento dos negócios em bolsa ou balcão,
no mercado doméstico ou no internacional. Em caso de incompatibilidade de horários, deve prevalecer o horário de
funcionamento do mercado brasileiro.
• Solicitar, sempre simultaneamente, às bolsas de valores e às entidades do mercado de balcão organizado, nacionais e
estrangeiras, em que os valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação, a suspensão da
negociação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta, ou a eles referenciados, pelo tempo necessário à
adequada disseminação da informação relevante.
• Manter-se sempre informado e em contato com os participantes dos demais órgãos da companhia (acionistas
controladores, diretores, membros do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e de quaisquer órgãos com funções
técnicas ou consultivas) sobre a existência de fatos relevantes que devam ser objeto de divulgação.
• Manter sigilo sobre os negócios da companhia, sendo-lhe vedado utilizar, ou permitir que terceiros utilizem, informação
ainda não divulgada ao público.
• Evitar que ele próprio, integrante de sua equipe, ou outro colaborador da companhia ofereça vantagem de qualquer
natureza a terceiros. Recusar-se a receber vantagem de terceiros, zelando para que os integrantes de sua equipe adotem
idêntico procedimento.
• Zelar para que sejam observadas, pelos integrantes dos diversos órgãos da companhia, a política de divulgação de ato ou
fato relevante e de negociação adotada pelo Conselho de Administração.
• Reportar à alta administração se suspeitar ou reconhecer atos ilegais ou fraudulentos na companhia. Zelar pela sua
reputação profissional até o ponto de fazê-la prevalecer em caso de conflito de interesse entre seus deveres e os
interesses da empresa.

134
Módulo 8 – Integração de questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG) à análise de investimentos

Os riscos e oportunidades de negócio advindos das questões ASG permeiam o contexto de negócios das empresas e
devem ser analisados como um driver importante da geração de valor, inclusive para o acionista. A importância do tema
para a indústria de investimentos é cada vez maior. O volume de ativos geridos que consideram questões ASG na tomada
de decisão apresenta crescimento expressivo ao longo dos últimos anos.
Os Princípios para o Investimento Responsável (PRI), são sem dúvida o acordo mais relevante sobre o tema, reúne mais
de 1400 investidores e prestadores de serviço da indústria de investimentos em mais de 50 países (UNPRI, 2016).
Embora tenha se iniciado como um movimento voluntário, as práticas de análise de riscos ASG têm sido observadas e
em alguns casos seguidas pelos órgãos reguladores da indústria financeira e do mercado de capitais. O movimento,
ainda no início, deve avançar com o entendimento pelo poder público de que estes riscos não representam apenas
riscos pontuais, mas uma potencial ameaça à robustez do sistema financeiro e, eventualmente, a própria negligência do
dever fiduciário de analistas e gestores de ativos. Tecnicamente, deve-se notar também a evolução de informações e
ferramentas de análise das questões ASG. Desde a estruturação de benchmarks como os índices de sustentabilidade até
a proposição de modelos de valoração de ativos que considerem os impactos dessas variáveis, são muitas e diversas as
abordagens relativas ao investimento responsável.
Pode-se estudar as questões ASG a partir do conceito econômico de externalidade.
A produção de bens e serviços gera naturalmente impactos para a sociedade e o meio ambiente, mas
segundo debates recentes são as proporções destas externalidades que tornam os impactos das empresas
cada vez maiores e mais debatidos pela sociedade.
135
A sistematização do pensamento e a geração de conhecimento sobre os impactos das questões socioambientais sobre as
atividades e relacionamentos das empresas deu origem ao conceito de Responsabilidade Corporativa ou, em inglês,
Corporate Social Responsibility, CSR. Deve-se ressaltar, no entanto, que a evolução da Responsabilidade Corporativa na
estratégia das empresas precisa ser analisada de acordo com o setor, mercado de atuação, ambiente competitivo, arcabouço
regulatório, desafios e oportunidades de negócio. Embora se proponha uma escala de integração, o contexto de negócios
das empresas certamente influencia o potencial de integração das questões ASG ao seu processo de decisão estratégica.
O papel dos bancos na intermediação financeira pode contribuir fortemente para a adoção de melhores práticas ASG pelas
empresas. O aumento das exigências socioambientais pelo setor financeiro para a liberação de linhas de crédito é um
incentivo que atrai a atenção de organismos multilateriais e órgãos do poder público. No Brasil, desde a década de 90 o
debate sobre essas exigências se traduz em acordos voluntários gerados no âmbito da economia doméstica, ou na adesão a
importantes acordos internacionais. Os principais deles:
• Protocolo Verde: assinado inicialmente pelos bancos públicos junto ao Ministério do Meio Ambiente em 1995, foi
estendido aos bancos privados, com adesão da própria FEBRABAN, em 2009. O acordo prevê a consideração de questões
socioambientais nas atividades e operações das instituições financeiras, e foi inclusive traduzido pela FEBRABAN em um
protocolo de indicadores para integração dessas questões em diferentes aspectos de sua atuação (MMA, 2009)
• Princípios do Equador: o acordo internacional lançado em 2003 trata de um framework para determinação, avaliação e
gestão de risco socioambiental no financiamento a grandes projetos, operações de project finance e empréstimos-ponte.
Atualmente, o acordo conta com a adesão de 82 instituições em 36 países, cobrindo cerca de 70% do volume total de
recursos destinados ao financiamento deste tipo de operações no mundo.

136
A discussão da integração de questões ASG à decisão de investimentos remonta à década de 80. Os primeiros produtos do
que hoje se chama de investimentos responsáveis ou, em inglês, Sustainable and Responsible Investment, SRI, partiram do
interesse de grupos religiosos que, em seus mandatos, excluíam setores e empresas em desacordo com seus valores morais.
A evolução deste debate levou ao entendimento de que, independente de questões éticas e morais, os portfolios de
investidores institucionais estavam expostos a crescentes e abrangentes riscos derivados dos danos socioambientais
causados por empresas investidas. Os fundos de investimento responsáveis começaram, por meio de diferentes estratégias,
considerar questões ASG em seu processo de decisão de investimento. Inicialmente, esses fundos constituíram um nicho de
produtos investimentos para clientes institucionais e de varejo com interesses particulares nestas questões.
No Brasil, o primeiro fundo de investimentos responsáveis foi o Fundo Ethical, um fundo de ações do ABN AMRO Asset
Management, hoje sob gestão do Santander Brasil Asset Management. O Itaú, em 2004, lançou o Itaú Excelência Social, com
os mesmos princípios. Foi a partir do lançamento do Índice de Sustentabilidade Empresarial, ISE, pela BM&FBOVESPA em
2005, que outras instituições lançaram fundos que se referenciam no principal benchmark das questões ASG no mercado de
ações brasileiro.Também em 2005, em âmbito internacional, foi lançado o principal acordo para discussão e integração das
questões ASG na indústria de investimentos. Os Princípios para o Investimento Responsável das Nações Unidas, PRI
1) Incorporaremos as questões ASG na análise e processo de tomada de decisão de investimento
2) Seremos proprietários ativos e incorporaremos as questões ASG em nossas políticas e práticas como acionistas
3) Buscaremos disclosure adequado das questões ASG entre as organizações em que investimos
4) Promoveremos a aceitação e implementação dos Princípios na indústria de investimentos
5) Trabalharemos em conjunto para aumentar a eficiência na implementação dos Princípios
6) Reportaremos individualmente nossas atividades e progresso na implementação dos Princípios 137
De acordo com os Princípios para o Investimento Responsável (PRI), não existe uma lista definitiva de questões importantes
ambientais, sociais e de governança corporativa. No entanto, existem algumas definições aplicáveis a cada tema:

Ambientais (A) Sociais (S) Corporativa (G)


• Estrutura, tamanho, diversidade, competências e
• Perda da biodiversidade • Direitos humanos
independência do Conselho de

• Emissões de gases de efeito estufa, GHG • Direitos trabalhistas na cadeia de valor Administração

• Mudanças climáticas • Trabalho infantil, escravo ou degradante • Remuneração de executivos

• Energias renováveis • Saúde e segurança no trabalho • Direitos e interações dos acionistas

• Eficiência energética • Liberdade de associação e de expressão • Disclosure de informações ao mercado

• Escassez ou poluição da água, ar e outros recursos • Gestão do capital humano e relações trabalhistas • Ética nos negócios

• Mudanças no uso do solo • Diversidade • Suborno e corrupção

• Acidificação dos oceanos • Relacionamento com comunidades locais • Controles internos e gestão de riscos
• Relacionamento entre Conselho, executivos, acionistas
• Ciclos de nitrogênio e fósforo • Atividades em regiões de conflito
e stakeholders
• Posicionamento estratégico, abrangendo impactos das
• Saúde e acesso a medicina
questões ESG e implementação de

• HIV/AIDS

• Proteção aos direitos do consumidor

• Armas controversas

138
No Brasil, as regulações do setor financeiro relativas às questões ASG abrangem a atuação de fundos de pensão, bancos e o
disclosure de informações ASG pelas empresas listadas. Atualmente, as principais normas referentes ao tema são:
• Resolução 3.792/2009 (Banco Central): requer que fundos de pensão fechados estejam compliance com critérios de
governança, sendo um deles a declaração do uso ou não de informações ASG em suas práticas de investimento. A Previc
também requer que os fundos de pensão explicitem em seus relatórios anuais se cumpriram com os aspectos
socioambientais da Resolução 3.792.
• Instrução CVM 552/2014: sobre o conteúdo de documentos regulatórios publicados por empresas listadas, a instrução
requer destas companhias que divulguem seus riscos socioambientais, e ainda que divulguem se reportam de forma
específica as questões ASG ao mercado. Devem ainda informar a metodologia adotada no reporte e se essas informações
são asseguradas por parte externa independente
• Resolução 4.327/2014 (Banco Central): exige de todas as instituições autorizadas a operar pelo Banco Central que possuam
os seguintes requisitos:
- Política de Responsabilidade Socioambiental, PRSA: a PRSA deve refletir as questões mais relevantes para as instituições e
o nível de complexidade de seus produtos e serviços.
- Governança: além de um diretor estatutário responsável pelas questões junto ao Banco Central, deve-se contemplar uma
estrutura compatível com o porte da Instituição para monitoramento da implementação da PRSA
- Gestão do Risco Socioambiental: tratadas como componente das demais modalidades de risco, as questões
socioambientais devem contar com um Sistema de Gestão de Risco Socioambiental, com critérios
específicos para operações de alto risco, rotinas e procedimentos para identificação, gestão e
monitoramento de riscos socioambientais 139
Exclusões A exclusão de setores controversos como tabaco
ou armas é comum entre investidores de países
Remoção de setores ou empresas para
desenvolvidos
determinados portfolios

Fundos temáticos Investidores com este foco buscam uma transição


Investimentos específicos em ESG por meio de para uma economia mais sustentável
fundos temáticos

Best in Class Tradicionalmente aplicado em produtos de nicho


Escolha das melhores empresas de um setor baseada que possuem ASG em seus mandatos
em critérios ASG

Integração Criação de um processo sistemático de pesquisa


Inclusão explícita de riscos e oportunidades e fontes específicas
derivados de questões ASG na análise financeira

Screening baseado em normas Normas e tratados internacionais podem ser


Avaliação das questões ASG de companhias investidas adotados como framework de avaliação
com base em critérios ou princípios específicos

Investimento de impacto Trata da canalização de investimentos para


Recursos para o financiamento de organizações ou diversas classes de ativos ASG
empreendimentos sociais

140
Algumas publicações levantam desafios à consideração das questões ASG no processo de investimento (BUOSI & DUTRA,
2012; CFA INSTITUTE, 2015), especialmente:
• Dificuldade de quantificação e monetização das questões ASG para integração aos modelos de valoração
• Informações ASG divulgadas pelas empresas não são padronizadas entre pares da mesma indústria ou ao longo do tempo,
e muitas não possuem asseguração externa independente
• As questões ASG tendem a impactar o desempenho de ativos no longo prazo, enquanto muitos investidores apresentam
horizonte de curto prazo para o retorno dos investimentos
No entanto, existe um grande número de empresas, no Brasil e em outros países, que produzem relatórios específicos para
reporte de informações ASG. Alguns dos padrões para elaboração de relatórios ou ferramentas específicas de relato de
informações ASG seguem apresentadas a seguir.
• GRI: Internacionalmente, o padrão mais conhecido para elaboração dos relatórios de sustentabilidade ainda é o Global
Reporting Initiative, GRI, que contém um conjunto de indicadores econômicos, ambientais, sociais e de governança
corporativa. As Diretrizes GRI são utilizadas por muitas empresas no mercado brasileiro, especialmente empresas listadas de
grande porte.
• SASB: o material da Sustainable Accounting Standarts Board visa ao desenvolvimento de padrões contábeis para as
questões ASG. Com o objetivo de influenciar políticas públicas, a organização desenvolve indicadores que abrangem diversas
dimensões, com a abordagem de capitais e o posicionamento da companhia em relação a eles.

141
Os índices de sustentabilidade devem ser destacados por sua importância para o mercado de capitais, atuando como
referências para os investidores na integração das questões ASG ao processo de decisão de investimentos.
Dow Jones Sustainability Index, DJSI: criado em 1999 e sob responsabilidade técnica da consultoria RobecoSAM, o DJSI hoje
se constitui de uma família de índices globais (DJSI World, DJSI World Enlarged, DJSI Emerging Markets) e regionais (DJSI
Asia/Pacific, DJSI Europe, DJSI North America), cuja metodologia aborda uma estratégia best in class para determinação das
empresas líderes em sustentabilidade em suas respectivas indústrias. As empresas que participam do universo de
investimentos dependem do índice, e passam por um filtro de capitalização de mercado e liquidez. Além destes, existe um
filtro de exclusão setorial, para empresas expostas ao setor de bebidas alcoólicas, tabaco, jogos de azar, armamentos,
bombas, armas de fogo, minas terrestres, entretenimento adulto e energia nuclear (geração e comercialização).
FTSE 4Good: o Financial Times Stocks Exchance Sustainability Index, FTSE4Good, também é uma família de índices de
sustentabilidade, cujos critérios para integração da carteira envolvem a pesquisa pública e resposta de questionário por
parte das empresas. Além de critérios de exclusão setorial, como ocorre no DJSI, das indústrias de tabaco, armamento
nuclear, e partes ou sistemas de armamento, existem critérios específicos para análise de empresas expostas aos setores de
marketing da substituição do leite materno, mineração de urânio e energia nuclear. Os critérios de pesquisa das empresas
integrantes do FTSE4Good dependem ainda do risco setorial.
Johannesburg Stock Exchange – Socially Responsible Investment Index (JSE-SRI Index): lançado em 2004, o JSE-SRI Index foi
o primeiro índice de sustentabilidade lançado em mercados emergentes. Podem participar do JSE-SRI Index todas as
empresas listadas na Bolsa de Valores de Johanesburgo, e integrantes do índice FTSE/JSE All Share Index, e são avaliadas
automaticamente por meio de pesquisa às informações púbicas mais recentes sobre o seu desempenho
socioambiental e de governança corporativa. O índice analisa as empresas em três dimensões: Políticas e
Estratégia, Gestão e Desempenho, e Reporte.
142
Índice de Sustentabilidade Empresarial, ISE: o principal índice de sustentabilidade da Bolsa de Valores brasileira foi lançado
em 2005. As empresas que voluntariamente se candidatam a integrar a carteira do índice preenchem um questionário
elaborado pelo FGV-CES. A metodologia do ISE não envolve filtros de exclusão setorial por questões de sustentabilidade, e
avalia as empresas de acordo com princípios de governança, responsabilidade social, ambiental, econômica, bem como a
natureza dos produtos comercializados e o impacto nas mudanças climáticas. A dimensão de Mudanças Climáticas foi
incorporada ao questionário do ISE desde a carteira de 2010 em caráter experiencial, e efetivo a partir de 2011. A inovação
permite que se analise de forma segregada das questões ambientais a exposição de cada empresa aos riscos, oportunidades
e práticas empresariais relativas ao tema.
Índice Carbono Eficiente (ICO2): busca seguir o rendimento do IBrX50, reponderando o peso das empresas que
voluntariamente aderem ao índice de acordo com a sua pegada de carbono. Diferentemente de seu par norte-americano, o
ICO2 contou com as estimativas de pegada de carbono de um consultor externo apenas nos seus primeiros dois anos a partir
do lançamento, em 2010, exigindo que as empresas participantes realizassem seus próprios inventários de emissões a partir
do terceiro ano da carteira do índice. Para participação no ICO2, as empresas comprometem-se a realizar e disponibilizar as
informações de seus inventários de emissões de gases de efeito estufa, GEE. A exigência foi crescente desde o lançamento
do índice, para que as empresas pudessem se adequar aos parâmetros do índice ao longo dos anos.
S&P Carbon Efficient: o índice foi construído para seguir o retorno financeiro do S&P500, e é composto por um subconjunto
de empresas deste índice, reponderado de acordo com as estimativas de emissões de carbono dos setores constituintes do
índice. Segundo a S&P, “por meio de otimização, o índice busca seguir de forma próxima o retorno do S&P500, enquanto
exclui as companhias que possuem as pegadas de carbono relativamente maiores”. As estimativas das emissões são
calculadas por uma consultoria especializada.

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