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By Terry Pratchett
Tia Ogg estava em casa se servindo de uma tulipa de cerveja quando ouviu
uma batida. Ela deixou de lado o copo com um leve suspiro, e foi abrir a
porta.
“Oh,olá senhoritas.O quê fazem vocês por essas bandas?Em uma noite tão
fria como essa ?”
Tia Ogg recuou até a sala, à frente de mais 3 bruxas.Elas vestiam capas
pretas e chapéus pontudos tradicionalmente associados com o ofício
delas,embora também servisse pra deixá-las diferentes umas das outras.Não
há nada como um uniforme pra facilitar que cada um expresse sua
individualidade.Um ajuste aqui e uma dobrinha ali são pequenos detalhes
que gritam bem alto na aparente uniformidade.O chapéu de Gammer Beavis
por exemplo,tinha uma aba muito achatada e uma ponta que poderia limpar
sua orelha.Tia Ogg gostava de Gammer Beavis.Ela poderia ser até um pouco
educada demais,de modo que ás vezes até exagerava,mas ela fazia seus
próprios reparos nos sapatos e cheirava rapé,na pequena visão de mundo de
Tia ogg coisas como essas significavam que a pessoa era Okey.
As roupas da Velha Mãe Dismass tinham aquele desarranjo de quem, por
causa de um deslocamento de retina em sua segunda visão, estava vivendo
em uma variedade de realidades de uma só vez.Confusão mental já é ruim o
bastante para pessoas normais,mas ainda pior para uma mente com um
pezinho no ocultismo.Você tinha que torcer pra que fosse somente a calcinha
dela que ela estivesse usando por cima da roupa.
E estava piorando,Tia Ogg sabia disso.
As vezes a batida dela era ouvida na porta algumas horas depois que ela já
tinha chegado e suas pegadas teimavam em aparecer só alguns dias depois.
O coração de Tia Ogg afundou ao olhar a terceira Bruxa, e não era porque
Letícia Earwig era uma pessoa ruim.O oposto na realidade.Ela era
considerada uma pessoa decente,de boas intenções e agradável,pelo menos
para com os animais inofensivos e para aquele tipo de criança mais
limpinha. E ela sempre lhe fazia uma boa ação.O problema
era,entretanto,que ela lhe faria uma boa ação pro seu próprio bem,mesmo
que a boa ação não fosse aquilo que era bom pra você.Você acabaria
mentalmente revoltado e isso não era nada bom.E ela era casada.
Tia Ogg não tinha nada contra Bruxas casadas. Não era como se tivesse
regras.Ela mesma tinha tido muitos maridos,e tinha sido casada com 3 deles
pelo menos.Mas o Sr. Earwig era um mago aposentado com uma grande
quantidade de ouro muito suspeita,e Tia Ogg suspeitava que Letícia
praticava bruxaria como algo pra se manter ocupada,da mesma maneira que
mulheres de uma certa classe social costuram almofadas para se ajoelhar na
igreja e visitar os pobres.E ela tinha dinheiro.Tia Ogg não tinha
dinheiro,sendo assim estava predisposta a não simpatizar com quem
tinha.Letícia tinha um manto de veludo negro tão fino que parecia que um
buraco tinha sido cortado do mundo.Tia Ogg não tinha.Tia Ogg não queria
um manto de veludo negro fino e não aspirava a essas coisas.Então ela não
via o porque que outras pessoas deveriam ter.
Vovó Cera do Tempo estava colhendo ervas quando elas apontaram no alto
da estrada. Normalmente ervas de enfermaria e cozinha são tidas como
simples e calmas.Mas as ervas da Vovó não eram nada calmas e simples.Ou
elas eram complicadas ou não eram nada.
E não tinha nada daquela coisa de fada-delicada com uma cesta bonita e
um par de cortadores sensíveis.Vovó usava um facão.E uma cadeira na sua
frente para domá-las.E um chapéu de couro,luvas e um avental como uma
linha secundária de defesa.
Afinal de contas não dava pra saber de onde algumas ervas atacariam.
Raízes e sementes eram comercializados pelo mundo todo e até mais além.
Algumas dessas flores desabrochavam quando você passava, algumas
disparavam espinhos em aves transeuntes e várias eram colocadas em
estacas, não tanto a ponto de elas não caírem, nem tão pouco que ainda
estivessem lá no dia seguinte.Tia Ogg, que nunca teve interesse em cultivar
nenhuma erva que não pudesse ser fumada ou usada pra rechear
frango,ouviu Vovó murmurar para as ervas.
“Certo,seus lixos!”
“Bom dia, Senhorita Cera do Tempo,” disse Letícia Earwig audivelmente.
Vovó Cera do Tempo endureceu, e então baixou a cadeira cuidadosamente e
se virou.
“Madame,” ela disse.
“Que seja,” disse Letícia vividamente.“Confio que esteja bem?”
“Até agora,” disse Vovó. Ela acenou quase que imperceptivelmente para as
outras Bruxas.
Houve um silêncio pulsante, que alcançou Tia Ogg.
Elas deveriam ter sido convidadas pra tomar uma xícara de alguma coisa.
Assim era como o protocolo mandava.Era de péssima educação manter as
pessoas esperando de pé.Quase mas não tão ruim do que chamar uma
velhinha solteira de “Senhorita”.
“Vocês vieram por causa das Olimpíadas,” disse Vovó.
Letícia quase desmaiou.
“Er,como você...?
“Porque vocês se parecem com um comitê. Não precisa racionalizar muito
pra isso,” disse Vovó, tirando as luvas. “Não costumávamos precisar de um
comitê. As notícias simplesmente se espalhavam e todo mundo aparecia.
Agora de repente tem um pessoal organizando as coisas.”
Por um momento Vovó parecia estar travando uma batalha interna muito
severa, e então acrescentou num tom descartável. “A chaleira esta à postos é
melhor entrarem.”
Tia Ogg relaxou.Talvez houvessem alguns costumes que nem mesmo Vovó
Cera do Tempo negaria.Mesmo se esse alguém fosse seu pior inimigo,você o
convidaria à entrar e lhe daria chá com biscoitos.De fato,quanto pior seu
inimigo,melhor a prataria e maior a qualidade dos biscoitos.Você poderia
conjurar o inferno negro sobre eles depois,mas enquanto estivessem sob seu
teto você os alimentaria até encherem o pandú.
Os pequenos olhos escuros de Tia Ogg notaram que a mesa da cozinha
brilhava e ainda estava úmida de tanto esfregar.Depois das xícaras serem
servidas e as amenidades serem trocadas,ou pelo menos oferecidas por
Letícia e recebidas em silêncio por Vovó,a auto-intitulada presidente do
comitê se arranjou em seu assento e disse:
“Há bastante de interesse nas Olimpíadas esse ano, Senhorita...digo
Madame Cera do Tempo.”
“Bom.”
“Parece que a Bruxaria nas Ramtops está passando por um Renascimento.”
“Renascimento ein?Ta aí uma coisa.”
“È um ótimo caminho para o empoderamento de mulheres jovens, você não
acha?”
Muitas pessoas dizem coisas de uma maneira afiada, Tia Ogg sabia disso.
Mas Vovó Cera do Tempo ouvia de maneira afiada.Ela conseguia fazer algo
parecer estúpido só de ouvi-lo.
“Que belo chapéu ein?” disse Vovó. “Veludo não é ?Confecção não local
acho.”
Letícia tocou a aba e deu uma pequena risada.
“Comprei no Boggi em Ankh-Morpork,” ela disse.
“Oh?Comprou na loja.”
Tia Ogg olhou para o canto da sala onde um cone de madeira batido estava
em um suporte. Preso a ela havia pedaços de chita preta e tiras de madeira
de salgueiro,as bases do chapéu de primavera de Vovó.
“Confeccionados,” disse Letícia.
“E esses alfinetes que você tem,” continuou Vovó. “Todos de lua crescente e
em formato de gatinho...“
“Você tem um broxe que tem um formato crescente também não é mesmo,
Esme? Disse Tia Ogg,decidindo que essa era a hora de um tiro de aviso.
Vovó ocasionalmente tinha muito a dizer sobre jóias em Bruxas quando ela
estava embuída de um bom humor ácido.
“Isso é verdade, Gytha.Eu tenho um broche que tem um formato
crescente.Mas esse é o verdadeiro formato que ele coincidentemente
tem.Formato muito prático pra segurar uma capa,inclusive.Mas eu não
quero dizer nada com isso.De qualquer forma,você me interrompeu
justamente quando eu estava prestes a comentar pra Srª Earwig quão
adoráveis seus alfinetes de chapéu são.Muito Bruxescos.
Tia Ogg acompanhava como um espectador numa partida de tênis, olhando
para Letícia para ver se esse raio mortal a tinha atingido em cheio. Mas a
mulher estava sorrindo. Algumas pessoas simplesmente não conseguem
enxergar o óbvio na outra ponta de um martelo de 20 kilos.
“Sobre o assunto bruxaria,” disse Letícia, “Penso eu que poderia levantar
com você a questão da sua participação nas Olimpíadas.”
“Sim?”
“Você …an…não pensa que é injusto com as outras pessoas que você vença
todo ano?
Vovó Cera do Tempo olhou para baixo no chão e depois pro alto no teto.
“Não,” disse ela eventualmente. “Eu sou melhor do que elas.”
“Você não acha que é um pouco desmotivador para os outros participantes?”
Novamente, pro chão e depois pro teto.
“Não,” disse Vovó.
“Mas elas começam sabendo que elas não vão ganhar.”
“Eu também.”
“Oh não, você certamente...”
“Eu quis dizer que eu também começo sabendo que elas não vão ganhar.”
disse Vovó firmemente. "Elas deveriam começar sabendo que eu não vou
ganhar.Não é à toa que elas perdem, se não estão com a mente no lugar.”
“Isso dá uma cortada no entusiasmo delas.”
Vovó parecia genuinamente intrigada. “Qual o problema com elas se
esforçando pra pegar o segundo lugar?” disse Vovó.
Letícia desabou.
“O que estávamos na esperança de persuadi-la a fazer, Esme,era aceitar um
cargo emérito.Você talvez faria um belo discurso de
encorajamento,apresentaria o prêmio,e ...e possivelmente ser,er,um dos
jurados...”
“Vai ter jurado? disse Vovó. “Nós nunca tivemos jurado.Todo mundo
costumava saber quem perdeu.”
“Isso é verdade,” disse Tia Ogg.Ela lembrou das cenas no final de uma ou
duas Olimpíadas.Quando Vovó Cera do Tempo ganhava,todo mundo sabia.
“Oh, isso é a mais pura verdade.”
“Seria uma atitude muito agradável da sua parte,”Letícia continuou.
“Quem decidiu quem seriam os juízes?” disse Vovó.
“Er...o comitê...que é ...tipo...composto por algumas de nós.Só pra dar uma
direção às coisas.”
“Oh.Entendo,”disse Vovó. “Bandeirinhas?”
“Perdão?”
“Vocês vão distribuir bandeirinhas também? E talvez vender maçazinhas
no palito, esse tipo de coisa?
“Bandeirinhas certamente seriam...”
“Certo, não se esqueça da fogueira.”
“Desde que seja agradável e segura.”
“Oh entendi, as coisas deveriam ser “Agradáveis” e seguras então ,” disse
Vovó.
Srª Earwig suspirou perceptivelmente com alívio. “Bem, que bom que
resolvemos isso de acordo.” ela disse.
“Resolvemos?” disse Vovó.
“Pensei que tivéssemos entrado num acordo.”
“Entramos? Sério?” Ela pegou o atiçador da lareira e cutucou fortemente o
fogo.“Vou considerar o assunto.”
“Posso ser franca por um momento, Madame Cera do Tempo?”disse
Letícia.O atiçador parou no meio do cutuco.
“Sim?”
“Os tempos estão mudando, sabe. Embora, eu entenda porque você sente a
necessidade de ser insuportável e desagradável com todo mundo,mas acredite
quando te digo,como amiga,que você vai achar muito mais fácil se você
simplesmente relaxar um pouco e tentar ser mais Agradável, como nossa
irmã Gytha Ogg aqui.”
O sorriso de Tia Ogg tinha se fossilizado numa espécie de máscara. Letícia
pareceu não notar.
“Você parece ter a admiração de todas as Bruxas numa área de 50
kilometros,” ela continuou. “Ouso dizer que você tem habilidades
valiosas,mas Bruxaria não reside em ser uma velha rabugenta e assustadora
para com todos.Estou te dizendo isso com amiga..."
“Venha dar um olá quando estiver de passagem,” disse Vovó.
Esse era o sinal. Tia Ogg se levantou rapidamente.
“Penso que poderíamos discutir...” Letícia ponderou.
“Eu vou acompanhá-las até a estrada principal,” disse Tia Ogg,levantando
as outras Bruxas de seus assentos rapidamente.
"Gytha!” disse Vovó rispidamente, enquanto o grupo se aproximava da
porta.
“Sim, Esme?”
“Você vai voltar aqui depois disso, assim espero.”
“Sim, Esme.”
Tia Ogg trotou pra alcançar o trio no caminho. Letícia tinha o que Tia Ogg
pensava ser um andar muito deliberado.Tinha sido um erro julga-la pelas
bijouterias baratas,cabelo super espalhafatoso e a maneira tonta que ela
abanava as mãos enquanto falava.Ela era uma Bruxa,afinal de
contas.Machuque qualquer Bruxa e...bem,você vai encarar uma Bruxa que
acabou de ser machucada.
“Ela não é nada agradável eu diria,”Letícia gorjeou.Mas foi o gorjeio de um
pássaro de caça bem grande.
“Nisso você ta certa,” disse Tia Ogg. “ Mas...“
“Tá na hora dela levar uma paulada ou duas!”
“Beeem...”
“Ela te oprime terrivelmente Senhorita Ogg.Uma senhora casada com a sua
experiência,francamente!”
Por um momento, os olhos de Tia Ogg serraram-se.
“È o jeitão da madeira,” ela disse.
“Um jeito mesquinho e desagradável, na minha opinião !”
“Oh,sim,” disse Tia Ogg de maneira bem simples. “Modos geralmente são
desagradáveis. Mas veja, você..."
“Você vai trazer alguma coisa para a barraca de prendas, Gytha?”disse
Gammer Beavis rapidamente.
“Oh,algumas garrafas,assim espero,”disse Tia Ogg,acalmando-se.
“Oh, vinho artesanal?” disse Letícia. “Que bom.”
“Tipo um vinho.Algo,parecido com isso sim,” disse Tia Ogg. “Eu só vou...eu
só vou...só vou dar um pulinho de volta pra dizer boa noite..."
“È depreciativo, sabe,o jeito que você corre em volta dela,”disse Letícia.
“Sim....bem....você acaba se acostumando às pessoas.Boa noite pra vocês.”
Quando ela voltou ao chalé, Vovó Cera do Tempo estava de pé no meio da
cozinha com uma cara parecendo uma cama desarrumada e de braços
cruzados.Com o pé batendo no chão.
“Ela casou com um mago,” disse Vovó, assim que sua amiga entrou.“Não
vem me dizer que isso é certo.”
“Bem, magos podem casar,sabe.Eles só tem que entregar o cajado e o
chapéu.Não tem nenhuma lei que proíbe,contanto que eles desistam da
magia.Eles deveriam ser casados com o oficio.”
“È verdade que é um trabalho estar casado com o ofício,” disse Vovó. Seu
rosto se moveu em um sorriso azedo.
“Colhendo muito esse ano?” disse Tia Ogg,empregando uma rápida
associação de idéias em torno da palavra “vinagre” que tinha acabado de
pular na sua cabeça.
“Minhas cebolas todas pegaram fungo.”
“È uma pena, você adora cebolas.”
“Até os fungos tem que comer,” disse Vovó.
Ela encarou a porta. "Agradável...hmpf” ela disse.
“Ela tem uma capa de malha na tampa da privada,”disse Tia Ogg.
“Cor-de-rosa?”
“Sim.”
“Hmm.”
“Ela não é má.” disse Tia Ogg. Ela faz um ótimo trabalho lá pelas bandas
do Cotovelo do Violinista.Pessoal lá fala muito bem dela.”
Vovó deu de ombros. “E eles falam bem de mim lá?” ela disse.
“Não, eles nem mencionam seu nome lá ...,Esme.”
“Bom, você viu os alfinetes no chapéu dela?”
“Achei eles...Agradáveis,Esme.”
“Isso que é Bruxaria hoje em dia. Só firula sem nada de útil,só bijouteria e
nenhuma gaveta.”
Tia Ogg que considerava os dois boas opções, tentou construir um aterro
contra a crescente onde de ira.
“Você pode encarar como uma honraria de verdade, elas não quererem que
você participe.”
“Isso é Agradável.”disse Vovó pensativa.
Tia Ogg suspirou.
“Às vezes“Agradável”vale a pena tentar,Esme.”
“Eu nunca faço mal à ninguém se eu não puder ajudar depois Gytha,você
sabe disso.Eu não preciso de fazer frescura nenhuma e nem ficar me
exibindo como um pavão.
Tia Ogg suspirou. È claro,isso era verdade.Vovó era uma Bruxa das antiga.
Ela não era agradável com as pessoas,ela era correta com as pessoas.Mas
Tia Ogg também sabia que as pessoas nem sempre apreciam o correto.Como o
Velho Pollitti outro dia ,quando ele caiu do cavalo.O que ele queria era um
analgésico.O que ele precisava eram alguns segundos de agonia enquanto
Vovó colocava o seu osso de volta no lugar.O problema é,as pessoas só se
lembram da dor.
Você se dá muito melhor com as pessoas quando se lembra de colocar
babadinhos em volta e demonstra interesse e fala coisas como: “Como você
esta se sentindo?”.Vovó não se importava com esse tipo de coisa porque ela
já sabia a resposta.Tia Ogg também sabia,mas ela também sabia que deixar
as pessoas saberem disso às deixavam contentinhas.
Ela colocou sua cabeça de lado.O pezinho de Vovó ainda batia
freneticamente no chão.
“Tá planejando algo, Esme?Te conheço.Você tá com aquele olhar.”
“Que olhar, por favor?”
“Aquele olhar, de quando aquele bandido foi encontrado nu dependurado
numa arvore chorando o tempo todo e se perguntando que coisa terrível era
aquela atrás dele.Engraçado que ninguém encontrou pegada nenhuma em
nenhum lugar.Aquele olhar.”
“Ele merecia mais pelo que tinha feito.”
“Sim...beem,aquele mesmo olhar de pouco antes quando o Velho Hogget foi
encontrado espancado todo roxo e sujo na sua própria pocilga e não queria
falar sobre o assunto.”
“Ta falando do “Velho Espancador de Esposas “ Hogget?disse Vovó.Seus
lábios perseguiam uma coisinha que poderia até ser chamada de sorriso.
“E é o mesmo olhar que você tinha enquanto a avalanche caia na casa do
Velho Millson justo depois que ele tinha te chamado de mala sem alça,”
disse Tia Ogg.
Vovó deu uma hesitada. Tia Ogg tinha quase certeza de que aquilo
acontecera por causas naturais, e também que Vovó sabia que ela suspeitava
disso,e que aquele orgulho estava lutando contra a honestidade.
“Isso talvez seja um talvez.” disse Vovó sem compromisso.
“Tipo como alguém que poderia aparecer nas Olimpíadas e ...fazer
algo,”disse Tia Ogg.
O olhar de sua amiga poderia fazer o ar chiar.
“Oh?Então é isso que você pensa de mim?À esse ponto que chegamos é ?
“Letícia pensa que temos que mudar com os tempos..."
“Sério? Eu mudo com os tempos. Nós temos que nos mudar com os tempos.
Mas ninguém disse que tem que mudar tanto assim. Presumo que você já
queira ir embora Gytha.Quero ficar sozinha com meus pensamentos!”
Nanny Ogg estava tirando um tempinho pra cuidar de sua cabana secreta
na floresta. O mais secreto que uma cabana poderia ser, tendo em vista que
todo mundo no reino sabia exatamente onde ficava, era um segredo mantido
por tantas pessoas que deveria ser muito secreto mesmo.
Até o Rei sabia, e sabia o suficiente pra fingir que não sabia, e isso
significava que ele não precisava cobrar imposto dela e ela não tinha que
recusar.
E todo ano no natal de Hogswatch ele recebia um barril de um mel qualquer
se as abelhas não estivessem de mal humor. E todo mundo entendia a
situação, ninguém tinha que pagar nenhum dinheiro, dessa maneira o
mundo era um lugar mais feliz e seguro. E ninguém precisava ser
amaldiçoado e seus dentes caírem apodrecidos.
Tia Ogg estava cochilando. Cuidar de uma cabana secreta era um trabalho
em tempo integral.
Finalmente o som de pessoas repetidamente a chamando foi demais pra ela.
Ninguém entraria ali de frente, claro. Isso significaria que eles sabiam onde
ficava a cabana. Por isso eles estavam se esgueirando pelas beiradas de
moita em moita. Ela abriu caminho e foi recebida com alguns olhares de
surpresa fingida que teria dado orgulho à qualquer companhia dramática
amadora.
“Bem, o quê vocês querem?”ela exigiu.
“Oh, Senhorita Ogg, nós pensamos que você poderia...estar mesmo andando
por ai pela floresta,”disse PobreGalo, enquanto um perfume que poderia
limpar vidro pairava na brisa.
“A Senhorita precisa fazer alguma coisa, é a Madame Cera do Tempo!”
“O que ela fez?”
“Conta pra ela Senhor PegaPresunto!”
O homem do lado de PobreGalo tirou o seu chapéu rapidamente e o segurou
respeitosamente em frente a ele de um jeito meio “Ai –Senor-os-bandidos-
saquearam-minha-vila.”
“Bom, Senhorita, meu parceiro e eu estávamos cavando um poço e então ela
passou...“
“A Vovó Cera do Tempo?”
“Si’Sinhora e ela disse...” PegaPresunto engoliu seco, “Ela disse :“Você não
vai encontrar água nenhuma por ai,meu bom homem.Seria melhor procurar
na cavidade perto da castanheira.”E continuamo cavando lá mesmo e não
encontramo nada.”
Tia Ogg acendeu seu cachimbo.
Ela não fumava perto do alambique desde aquele dia em que uma faísca fez
explodir o barril que ela estava sentada. Sorte a dela que o arboredo robusto
aparou a queda.
“Então ...vocês cavaram na cavidade perto da castanheira depois?”ela disse
suavemente.
PegaPresunto olhou chocado. “Não sinhora! Vai saber o quê ela queria que
a gente encontrasse lá!”
“E ela amaldiçoou minha vaca!”disse PobreGalo.
“Sério? O que ela disse?”
“Disse, “Que ela dê muito leite!”PobreGalo parou novamente,agora que
falou em voz alta...“Bom,é que foi o jeito que ela falou”adicionou
pifeamente.
“E que tipo de jeito foi esse?!”
“Agradavelmente!”
“Agradavelmente?”
“Sorrindo e tudo mais! Eu não bebo aquele leite nunca mais!”
Tia Ogg estava mistificada.
“Ainda não consigo ver o problema.”
“Conta aquela do cachorro do Sr.Hopcroft.”disse PobreGalo. “Hopcroft não
ousa deixar o pobrezinho lá sozinho, tudo por causa dela. A família toda ta
ficando maluca. Ele ta lá aparando o cachorro, a esposa afiando as tesouras
e os rapazes procurando lugares pra despejar os pêlos”.O paciente
questionamento por parte de Tia Ogg elucidou o papel que o “Restaurador
de Cabeilos” desempenhou nisso tudo.
“E ele deu…?”
“Metade da garrafa, Senhorita Ogg.”
“Mesmo a Esme escrevendo “Somente uma colherzinha por semana”no
rótulo?
“Ele disse que estava muito nervoso, Senhorita Ogg!Quero dizer, do que ela
ta brincando?Nossas esposas trancaram nossos filhos em casa.Com medo de
que ela sorria pra eles.”
“E?”
“Ela é uma Bruxa”
“Eu também, e eu sorrio pra eles,”disse Tia Ogg. “Eles tão sempre correndo
atrás de mim pra pedir doce.”
“Sim, mas…você é …digo…ela...digo...você não...digo.Bem..."
“E ela é uma boa mulher,” disse Tia Ogg. O senso comum a forçou a
adicionar, “Do seu jeito. Espero que tenha água na cavidade, e a vaca do Sr
PobreGalo dê bastante leite e se o Hopcroft não ler os rótulos das garrafas,
talvez ele mereça uma careca que brilhe mais do que um espelho e se você
pensa que Esmerelda Cera do Tempo amaldiçoa criancinhas você tem o bom
senso de uma minhoca. Ela xingaria eles sim o dia todo,mas não
amaldiçoaria de verdade. Ela não é tão baixa assim.”
“Sim, sim,”PobreGalo quase murmurou, “mas isso não ta certo,é o que tamo
dizendo. Ela andando por ai sendo agradável, não sei se tenho perna pra
ficar de pé e agüentar tudo isso.
“Ou andar nela,” disse PegaPresunto sombriamente.
“Tá bom, ta bom, vou ver isso,”disse Tia Ogg.
“As pessoas não deveriam sair por ai fazendo coisas que não se esperam
delas,” disse PoobreGalo fracamente. “Isso dá nos nervos.”
“E vamos ficar de olho na sua caba...“PegaPresunto disse, e então
cambaleou pra traz segurando seu estômago.
“Não liga pra ele não, é o stress.”disse PobreGalo esfregando o cotovelo.
“Têm apanhado as ervas Senhorita Ogg?”
“È mesmo!” disse Tia Ogg,saindo correndo pelas folhas.
“Coloco a fogueira pra fora pra senhora então?”PobreGalo berrou.
Vovó estava sentada fora da cabana quando Tia Ogg corria pela estradinha.
Ela estava vasculhando um saco de roupas velhas. Com um guarda roupa
vintage todo espalhado em volta.
Ela estava cantarolando.
Tia Ogg começou a se preocupar.
A Vovó Cera do Tempo que ela conhecia não aprovava música. E ela sorriu
quando avistou Gytha Ogg,ou pelo menos os cantinhos da boca se curvaram
pra cima.
Isso sim era preocupante.
Vovó normalmente só sorria quando algo ruim estava acontecendo com
alguém que merecia.
“Gytha, que bom vê-la!”
“Você está bem, Esme?”
“Nunca me senti melhor querida.”A musiquinha prosseguiu.
“An...juntando alguns trapos? Pra fazer aquela colcha?
Era um dos objetivos de Vovó que um dia ela iria fazer uma colcha de
retalhos. Essa, entretanto era uma tarefa que exigia muita paciência. Em
quinze anos ela fez três remendos, mas ela colecionava roupas velhas assim
mesmo. Várias Bruxas colecionavam, era algo bem Bruxa de se fazer.
Roupas velhas tinham personalidades como casas velhas. Quando se tratava
de roupas com desgaste Bruxas não tinham vergonha na cara.
“Estava aqui em algum lugar...” Vovó resmungou. “Aha!achei...”
Ela ergueu uma peça de roupa. Era basicamente rosa.
“Sabia que tava aqui.” Ela continuou. “Semi-nova, e do meu tamanho
também.”
“Você vai vestir isso?” disse Tia Ogg.
O olhar penetrante azul da Vovó se voltou para ela.
Tia Ogg teria ficado aliviada se ela tivesse retrucado algo como “Não, eu
vou é comer a roupa,sua velha gagá”.Ao invés disso sua amiga relaxou e
disse, um pouco preocupada: “Você acha que não vai servir ?”
Tinha até um lacinho no pescoço. Tia Ogg engoliu seco.
“Você geralmente usa tudo preto. Bom, mais do que geralmente. Mais tipo
como sempre, a vida toda.”
“E por isso tenho a aparência triste também,”disse Vovó decidida. “Já era
hora de me iluminar um pouco, você não acha?”
“Mas é que é tão...rosa.”
Vovó colocou o vestido de lado e para o horror de Tia Ogg a pegou pela mão
e disse honestamente, “E, sabe, reconheço que tenho sido um pouco raivosa
com relação à esse negócio das Olimpíadas, Gytha...“
“Uma cadela raivosa,” disse Tia Ogg,distraidamente.
Por um momento os olhos da Vovó viraram duas safiras azuis novamente.
“O quê?”
“ An... que você estava agindo como uma cadela raivosa,”Tia Ogg falou de
canto.
“Ah sim, sim. Obrigado por apontar isso. Bem, penso eu que está na hora de
me ausentar um pouco para só acompanhar e apoiar os jovens talentos.
Quero dizer, tenho que confessar, eu...não tenho sido muito agradável com
as pessoas...an ...tentei ser agradável,”Vovó continuou. “Mas não deu muito
certo como eu esperava, infelizmente.”
“Você nunca foi muito boa em ser…boa,”disse Tia Ogg.Vovó sorriu e olhou
firme, Tia Ogg não foi capaz de captar nada além de honesta preocupação.
“Talvez eu fique melhor com a prática,” disse Vovó.
Ela deu um tapinha na mão de Gytha. Ela olhou pra sua própria mão como
se algo horrendo tivesse acontecido com ela.
“É que as pessoas estão tão mais acostumadas com você sendo um pouco
mais ...firme.”ela disse.
“Acho que eu poderia levar algumas geléias e bolinhos pro pessoal da
organização,” disse Vovó.
“Ah céus!”
“Tem alguém doente precisando de visita?”
Tia Ogg encarou as árvores. Aquilo estava ficando cada vez pior. Ela
remexeu em sua memória alguém nas proximidades doente o suficiente pra
justificar uma visita, mas não tão doente que não consiga sobreviver ao
choque de uma visita feita pela Vovó Cera do Tempo. Quando se tratava de
Psicologia prática e de um tipo mais robusto de fisioterapia popular Vovó
não era páreo pra ninguém, na verdade, ela conseguia ministrar esse último
à quilômetros de distancia até, muitas almas assoladas pela dor já tinham se
curado e deixado suas camas, andando milagrosamente e correndo por ai
com a notícia de que ela estava chegando.
“Estão todos muito bem e saudáveis no momento,” disse Tia Ogg
diplomaticamente.
“Nenhum velhinho precisando de uma animação?”
Era dado como certo pelas duas ali que o termo “Velhinhos” não as
incluíam. Uma Bruxa de 97 anos não teria se incluído nessa. A velhice era
algo que acontecia às outras pessoas.
“Todos muito alegrinhos já,” disse Tia Ogg.
“Talvez, eu pudesse contar histórias pras crianças?”
Tia Ogg assentiu. Vovó já tinha feito isso antes, quando a atmosfera a
tinha tomado por um momento. E tinha funcionado muito bem, no que
concernia ás crianças. Eles ouviam com a boca aberta de atenção e aparente
diversão à um velho folclore tradicional. O problema era depois de voltarem
pra casa e perguntar o significado de palavras como “estripado”.
“Eu poderia sentar numa cadeira de balanço enquanto conto as histórias,”
Vovó adicionou. “É assim que tem que ser feito, pelo que eu me lembro.
Poderia levar algumas das minhas maçãs de caramelo especiais. Isso não
seria legal?
Tia Ogg acenou novamente, em uma espécie de devaneio horrorizado. Ela
percebeu que somente ela estava no caminho de um iminente ataque furioso
de gentileza da Vovó.
“Caramelo,” ela disse. "Seria daquele tipo que você fez que dá pra quebrar
vidro com ele, ou aquele outro que o nosso menino Pewsey teve que ter sua
boca cavucada com uma colher?”
“Acho que sei o que fiz de errado na ultima vez.”
“Você sabe que você e açúcar não se dão bem, Esme. Lembra dos pirulitos
que você fez?
“Duraram o dia todo! Gytha.”
“Só porque o nosso Pewsey não conseguia tirar da boca até puxar dois
dentes junto,Esme. Você tinha que ficar só nos picles.Você e os picles se dão
bem.”
“Eu tenho que fazer alguma coisa, Gytha, não posso ser uma velha
rabugenta o tempo todo. Eu sei disso! Vou ajudar nas Olimpíadas. Me
dedicar às coisas necessárias.
Tia Ogg sorriu interiormente. Então estava decidido.
“Definitivamente. Tenho certeza de que a Senhora Earwig vai ficar muito
contente em lhe dizer o que fazer. E mais tonta ainda da parte dela se ela
realmente o fizer,”
“Tenho certeza que ta tramando alguma coisa.”Tia Ogg pensou.
“Falarei com ela,” disse Vovó. “Tenho certeza que deve ter pelo menos um
milhão de coisas que eu poderia fazer pra ajudar, é só eu me dispor a isso.”
“Tenho certeza de que vai,” disse Tia Ogg candidamente. “Tenho o
pressentimento que vai fazer a diferença toda.”
Vovó começou a fuçar na sacola novamente. “Você também estará junto por
lá não vai, Gytha?”
“Eu?” disse ela. “Não perderia por nada.”
Quando Vovó Cera do Tempo e Tia Ogg andavam de volta pra casa por
volta do amanhecer, suas botas levantavam levemente a névoa que vinha
atrás
Tinha sido, no geral, uma noite agradável.
Depois de um tempo, Tia Ogg disse. “Aquilo não foi agradável, o que você
fez.”
“Não fiz nada.”
“Sim, bem...não foi agradável, o que você não fez. Foi tipo como se alguém
tivesse arrancado a cadeira de um pobre infeliz prestes a se sentar.”
Houve um pequeno tamborilar nas folhas, um desses leves chuviscos que
você sente quando algumas gotas de chuva se negam à se juntar ao resto do
grupo.
"Bem, certo então," Tia Ogg concedeu. “Foi só um pouco cruel."
"Ceeerto," disse Vovó.
"E talvez uma ou outra pessoa poderia até pensar que foi meio sujo."
"Ceeerto."
Tia Ogg estremeceu ao lembrar dos pensamentos que tinham passado pela
sua cabeça naqueles poucos segundos em que o pequeno Pewsey estava
gritando..
"E eu não te dei motivo nenhum para pensar algo como aquilo," disse
Vovó."Eu não coloquei nada na cabeça de ninguém que já não estivesse lá
dentro."
"Desculpa, Esme."
"Ceeerto."
"Mas a Letícia não tinha a intenção de ser cruel, Esme. Digo, ela é
rancorosa e mandona e bobinha,mas..."
"Você me conhece desde que éramos meninas, certo? "Vovó interrompeu."
Coisas boas e ruins, pesadas e leves já passamos não foi mesmo?
"Sim, é claro, mas..."
"E você nunca saiu falando pra mim coisas como "Te digo isso como
amiga",não é mesmo?"
Tia Ogg balançou a cabeça. Foi um momento revelador. Ninguém
remotamente amigo falaria algo do tipo.
"De qualquer forma, o que tem de empoderamento em feitiçaria?" disse Vovó.
"È uma palavra meio idiota até"
"Eu por exemplo,” disse Tia Ogg. "Só comecei na feitiçaria pra atrair os
mocinhos, pra falar a verdade."
"E você acha que eu não sei?"
"E porquê você começou, Esme?
Vovó parou, e olhou para o céu gelado e então novamente para o chão.
"Não sei," ela disse finalmente. "Mesma coisa, acho."
Então tudo tinha terminado.
Os cervos fugiram pra longe quando as duas chegaram à cabana da Vovó.
Havia um monte de lenha empilhada perto da porta dos fundos e um par de
sacos na soleira da porta. O primeiro contendo um quiejão bem grande.
"Parece que o Sr.Hopcroft e o Sr.PobreGalo passaram por aqui," disse Tia
Ogg.
"Hmpf." disse Vovó olhando para o cuidadoso porém muito mal escrito
pedaço de papel pregado no segundo saco...:
"Ora, ora, ora, quem será que lhe deu uma idéia dessas ?"
"Não faço idéia," disse Tia Ogg.
"Aposto que você não sabe," disse Vovó.
Aquilo cheirava muito suspeito, puxou a corda do saco e tirou uma
"Mandame Cera do Tempo" da Esme. Era arredondada, ligeiramente
achatada e pontuda em uma extremidade.
Era uma cebola.
Nanny Ogg engoliu em seco. "Eu disse pra ele não fazer isso..."
"O que?"
"Ah...nada não..."
Vovó Cera do Tempo virou lentamente a cebola, enquanto o mundo por
intermédio de Tia Ogg,aguardava uma resposta.Então, parecia que ela tinha
conseguido chegar à uma decisão com que estivesse confortável.
Um vegetal muito útil, a cebola,” disse ela finalmente. “Firme.Afiado."
"Bom para ensopado", disse a Tia Ogg.
"Funciona. Adiciona sabor."
"Quente e picante", disse Tia Ogg, perdendo a noção da metáfora no fluxo de
alívio. "Bom com queijo...e algumas ervas mais..."
"Não precisamos ir tão longe", disse Vovó Cera do Tempo, colocando-a
cuidadosamente de volta no saco. Ela parecia quase amigável. "Quer entrar
pra tomar chá, Gytha?"
"Er ... é melhor eu ir andando..."
"Acho justo."
Vovó começou a fechar a porta e depois parou e abriu novamente. Tia Ogg
podia ver um olho azul observando-a através da fenda.
"Mas eu estava certa, não estava?", disse a Vovó. Aquilo não era uma
pergunta.
Tia Ogg assentiu. “Ceeerto,” ela disse.
"Isso é bom...e....,Vovó adicionou. “Bem agradável.”