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Relatório do Projeto Vida de Negro

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Relatório do Projeto Vida de Negro

LISTA DE SIGLAS

ATEQUILA – Associação do Território Étnico Quilombola de Alcântara


BR – Brasil
CCN – Centro de Cultura Negra do Maranhão
CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
EUA – Estados Unidos da América
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
ITERMA – Instituto de Terras do Maranhão
MPF – Mistério Público Federal
OIT – Organização Internacional do Trabalho
PEC – Projeto de Emendas Constitucionais
PROCAF - Programa de Compras da Agricultura Familiar
PVN – Projeto Vida de Negro
SAF –Secretaria de Estado da Agricultura Familiar
SEDES – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social
SEDIHPOP – Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular
SEIR – Secretaria de Estado Extraordinária de Igualdade Racial
SEMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social
SEMED – Secretaria Municipal de Educação
SEMUS – Secretaria Municipal de Saúde
SEPPIR – Secretaria de Política de Promoção de Igualdade Racial
SSP – Secretaria de Estado da Segurança Pública
STF – Supremo Tribunal Federal
STTR’s – Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
UEMA – Universidade Estadual do Maranhão
UNIQUIMATI, Comissão de Articulação Quilombola de Penalva.
UNIQUITA – União das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Município de
Itapecuru- Mirim
UNIQUITUBA – União das associações das Comunidades Remanescentes de
Quilombolas do Município de Anajatuba

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Relatório do Projeto Vida de Negro

RELATÓRIO DO PROJETO

1.1 Projeto n.º 233-911-1056 ZG


Título do projeto
1.2 Local/região do projeto Estado do Maranhão - Região Nordeste

1.3 Período do relatório Setembro de 2021 a agosto de 2022

1.4 Entidade executora / Entidade jurídica responsável do projeto (Organização)


Nome e forma jurídica
Centro de Cultura Negra do Maranhão - ONG
a) registrada:
Rua dos Guaranis, s/n - Barés - João Paulo - Caixa Postal
Endereço postal 430, São Luís - Maranhão - Brasil
b) Telefone (rede fixa e
móvel) e telefax: 55-98-32494938

c) E-mail: ccnma@ccnma.org.br Conta bancária:

d) Nome do banco: Banco do Brasil


Titular da conta Centro de Cultura Negra do bancária:
e) Maranhão

N.º da conta/IBAN: 22.728-5

SWIFT:
Responsável jurídico (representante legal da entidade jurídica autorizado a assinar):

1.4.1 Nome: Airton Ferreira Silva Skype:


Telefone e (98)
E-mail: ccnma@ccnma.org.br
Telemóvel: + 5 5 9 8 8 1 7 5 - 6 9 7 2
Responsável da área financeira:
Nome: Ana Amélia Bandeira Barros Skype:
Telefone e
1.4.2 E-mail: ccnma@ccnma.org.br (55) 98 – 99615.2282
Telemóvel:
Direção/Coordenação do projeto (Por favor, indique aqui alterações em relação ao momento
de apresentação do projeto)
Nome: Celia Cristina da Silva Pinto Skype:
1.5
Telefone e (55-98)
E-mail: crisodara_pinto@hotmail.com
Telemóvel: + 5 5 9 8 9 8 3 4 - 4 1 3 1

Se for diferente: Nome da pessoa de contato responsável pelo relatório Nome: Skype:
Telefone e
E-mail: Telemóvel:

Data/local: São Luís, Maranhão – Brasil, 19 de outubro de 2021


Assinatura do/da responsável pelo relatório:

Celia Cristina da Silva Pinto

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Relatório do Projeto Vida de Negro

I. Estrutura do Relatório descritivo (a apresentar anualmente)

1. Por favor, descreva primeiro como o relatório foi elaborado: Quem participou na sua
elaboração? Em que fontes baseiam as informações contidas no relatório? (1/2 página)

A equipe do Projeto composta por Célia Cristina da Silva Pinto , Ivo Fonseca Silva,
Nonnato Masson e Ana Amélia Bandeira. Os outros técnicos do projeto forneceram as
informações obtidas nos atendimentos de viagens, reuniões audiências com órgãos
governamentais e reuniões nas comunidades com lideranças quilombolas.
- Em que fontes baseiam as informações contidas no relatório? As informações são
oriundas das lideranças das comunidades quilombolas apoiadas pelo Projeto, instituições
parceiras da sociedade civil organizada que desenvolvem trabalhos conjuntos, órgãos públicos
da administração federal, estadual e municipal, órgãos de controle e defesa de direitos como
Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública da União,
Defensoria Pública do Estado do Maranhão bem como das atividades de campo desenvolvidas
pelos técnicos do projeto.

2. Mudanças no contexto do projeto (durante os 12 meses a que se refere o relatório, 1 - 2


páginas)

2.1 Como mudaram as condições de base, no contexto concreto do seu projeto, desde o
momento de apresentação do pedido de financiamento?

Aspectos de interesse especial para MISEREOR


- Que mudanças significativas - positivas ou negativas - houve nas condições políticas,
econômicas ou sociais do projeto?

Este triênio foi marcado por grandes mudanças na estrutura política, social e econômica
deste país, como se não bastasse as crises políticas, econômicas e sociais, temos a
pandemia de COVID 19 que reafirma a inexistência do Estado entre as populações mais
vulnerabilizadas. As comunidades quilombolas, que cotidianamente já vivenciam a
decomposição da Política de Titulação e ausência do Estado, com a orientação da
Presidência da República pelo não reconhecimento da necessidade da efetivação dos
direitos fundamentais, têm recorrido às suas tradições culturais, religiosidade, auto-
organização e solidariedade mútua para suportar agora também a pandemia da Covid-19.

Com o advento da pandemia os territórios quilombolas ficaram ainda mais


vulnerabilizados ficando sem acesso às políticas públicas essências como: a regularização
de seus territórios, acesso à educação formal, aos serviços de saúde e geração de renda.
As mudanças identificadas no projeto estão diretamente ligadas a este novo cenário de
crise e de pensar estratégias de superação e garantia dos direitos conquistados ao longo
dos anos que estão sendo violados, extintos e ameaçados, por quem deveria proteger e
executar.
No âmbito da política fundiária houve um travamento, sucateamento do órgão fundiário
(INCRA) corte de recursos entre outros, que ocasionou na não titulação das áreas e
continuidade dos processos abertos inclusive os já bem avançados. Os ajuizamentos dos
processos passaram a ser uma alternativa encontrada pelo Ministério Público a fim de
forçar o órgão fundiário a dar andamento nos processos, sem muito êxito devido à falta de
disponibilidade de recurso. Dos 399 processos abertos no INCRA do Maranhão nos
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Relatório do Projeto Vida de Negro

últimos três anos tiveram poucos avanços e do pouco que tivemos foi muito pela força
política do movimento quilombola.

Das 18 Comunidades (Territórios) atendidos pelo projeto nos últimos 12 meses somente
tês (03) tiveram avanço nos seus processos de regularização fundiária, Quilombo Peixes
em Colinas, São José dos Pretos em Guimarães e Rio de Peixes em Serrano do Maranhão,
os demais ficaram estagnados nos órgãos fundiários.

O acirramento dos conflitos fundiários, estimulado pela política fundiária, econômica e


ambiental nacional, tem colocado em risco a vida das lideranças e a própria existência
dos territórios quilombolas, temos vivenciado assassinato de lideranças, ameaças de vida,
ordens de despejos e destruição dos ecossistemas.
Com relação a educação talvez seja o mais impactante de forma negativa para a
população quilombola, além da constante luta pela implantação da educação escolar
quilombola como modalidade de ensino nas escolas quilombolas e nas que recebem
alunos quilombolas, neste momento de pandemia a dificuldade no acesso às plataformas
digitais e a falta de um espaço físico adequado dificultou o acesso dos (as) alunos (as)
quilombolas ao ensino remoto, como também o acesso às tecnologias pelas famílias,
comprometendo o aprendizado e a vida destas pessoas, maior parte das comunidades não
tem acesso à internet e, quando tem, costuma ser paga por apenas uma família e o sinal
não é lá essas coisas. “Não dá nem para mandar mensagem, que dirá abrir vídeo para
assistir aula”. (fala de uma liderança).
A subnotificação dos casos de COVID 19 e de óbitos nos territórios quilombolas devido
à ausência de testagem e dificuldade de acesso aos serviços de saúde e ainda a dificuldade
para ter acesso as vacinas embora sendo público prioritário definido pela Lei nº
14.021/2020 e por decisão do Supremo Tribunal Federal – STF atendendo a ADPF
742/20 impetrada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras
Rurais Quilombolas - CONAQ.
Foi possível criar um Grupo de Monitoramento de imunização junto a Secretaria de
Estado da Saúde com a participação do CCN, CONAQ, SEIR e SEDIHPOP para
acompanhar o processo de vacinação da população quilombola no Estado, dos territórios
e municípios atendidos pelo projeto os quilombolas já foram imunizados com a 1ª dose e
em fase de conclusão da 2ª dose, embora havendo algumas situações da necessidade de
acionar o Ministério Público para que os quilombolas fossem vacinados.
Embora estando em um período atípico foi possível avançar com a política da agricultura
familiar quilombola pautando o governo na criação do GT de agricultura familiar
quilombola, edital específico do PROCAF para Quilombos.
Com a Mesa Quilombola para questões fundiárias e agrarias do ITERMA, mesmo
remota, monitorar pressionando para andamento dos processos administrativos
priorizados, destes 03 com relatório ocupacional em fase de conclusão.
Promulgação Lei do Estatuto Estadual de Igualdade Racial, foram realizadas várias
escutas com povos indígenas, ciganos, negros urbanos, quilombolas povo de religião de
matriz africana, organizadas pelo Conselho Estadual de Igualdade Étnico Racial –
CEIRMA para elaboração da minuta que foi entregue ao Governador, que infelizmente
não foi encaminhada para Assembleia Legislativa sem aprovada uma outra versão
apresentada pelo governo.
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Relatório do Projeto Vida de Negro

O Conselho Estadual de Educação instituiu o Comitê para elaboração das


Diretrizes Estaduais para a Qualidade da Educação Escolar Quilombola, tendo havido
cobrança de participação das lideranças quilombolas, porém foram realizadas apenas
escutas virtuais com vários segmentos inclusive quilombolas.
Outras mudanças no cenário político nacional que tem impactado as ações do
projeto são as investidas do Governo Federal no desmonte das políticas para populações
tradicionais e favorecimento do grande capital com políticas desenvolvimentistas a
exemplo da expansão das fronteiras agrícolas e mineração acirrando o conflito pela
disputa da terra, propondo mudanças nas legislações entre elas fundiária, agraria e
ambiental, atualmente, no Congresso Nacional dois projetos de lei que tratam da
regularização fundiária: o PL no 2633/2020, de autoria do Deputado Zé Silva, e o PL n o
510/2021, de autoria do Senador Irajá Abreu. Ambos são frutos da Medida Provisória n o
910, editada em dezembro de 2019, que acabou perdendo a validade por não ter sido
apreciada no prazo legal, está tramitando no Senado o projeto de lei que altera
procedimentos para o licenciamento ambiental no país (PL 3.729/2004) Fonte: Agência
Senado.
No bioma cerrado foi criado a fronteira agrícola denominada MATOPIBA
(Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) levando os estados a adequar suas legislações de
terra para atender o agronegócio, no Maranhão o Instituto de Terra – ITERMA elaborou
uma minuta de mudança da Lei de Terras Públicas do Estado sem nenhuma discussão
com a sociedade civil, a Federação Estadual da Agricultura Familiar do Maranhão -
FETAEMA ao tomar conhecimento chamou as demais organizações representativas e de
assessoria para elaborar uma contra minuta, o Centro de Cultura Negra e a CONAQ
constituíram um grupo de advogados do Maranhão e outros estados, com participação
ativa do PVN que elaborou a proposta do capítulo referente aos quilombolas no texto
denominado Minuta Popular que foi encaminhado ao Governador.
O mesmo vem ocorrendo com as legislações ambientais, Lei do ZEE Amazônico,
já aprovado e o ZEE Cerrado e Costeiro em fase de elaboração com a mínima
participação social.
Avanços dos grandes projetos de infraestrutura a exemplo, a duplicação da BR
135 com impacto direto à 100 territórios quilombolas nos municípios de Santa Rita,
Itapecuru Mirim, Miranda do Norte e Anajatuba; Expansão da Base Espacial de
lançamento de foguetes e expulsão de mais de 300 famílias de seus territórios; construção
do complexo portuário na Ilha do Cajual em Alcântara, entre outros.
Para o enfrentamento a estes desmandos temos contado com Frente Parlamentar
Mista de Defesa dos Direitos Quilombolas, presidida pelo Deputado Federal Maranhense
Bira do Pindaré em parceira com a Frente Parlamentar de Direitos Humanos; a
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola –
CONAQ; o Comitê de Defesa dos Direitos Quilombolas de Santa Rita e Itapecuru Mirim
e as Organizações Municipais Quilombolas.

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Relatório do Projeto Vida de Negro

2.2 Como mudou a situação dos grupos beneficiários?


Aspectos de interesse especial para MISEREOR
- Que mudanças significativas - positivas ou negativas - houve na situação de vida dos
grupos beneficiários?
Mesmo com as situações adversas foi possível perceber uma maior articulação entre os
quilombos embora que na maioria das vezes virtualmente, a reafirmação do sentimento de
pertença aos seus territórios e sua identidade quilombola fortalecida, a restruturação das
organizações institucionais locais, municipais e comunitárias dos quilombos, sendo
importante instrumento na garantia de direitos, bens e serviços, aumento da incidência
política por parte das lideranças na garantia de seus direitos.
- Por outro lado, a insegurança jurídica com relação a seus territórios tem aumentado
consideravelmente motivada pela ausência da política fundiária e agrária, muito embora já
temos processos administrativos bem avançados nos órgãos fundiários;
- Lideranças com vidas ameaçadas pelo latifúndio;
- Aumento da dificuldade ao acesso a educação, com o fechamento das escolas por causa
da pandemia, 2020 os alunos quilombolas ficaram praticamente sem aula e quando
implantada de forma remota os mesmos não tinham computadores, celulares e internet, até
mesmo as atividades para serem feitas em casa foi muitas vezes difícil pelas condições da
baixa escolarização e não alfabetização dos pais.
- É possivel constatar o acesso de famílias quilombolas ao PROCAF e PAA, ampliando sua
renda;
- Comunidades/Territorios inscritos no Cadastro Ambiental Rural podendo acessar o
PRONAF
2.3 Que mudanças ocorreram em relação à sua organização?
Aspectos de interesse especial para MISEREOR
- Houve mudanças na sua organização (por exemplo, no quadro do pessoal) durante o
período do relatório, que são relevantes para a implementação do projeto? Em caso
afirmativo, quais?
- Houve mudanças importantes em relação a outros atores externos (organizações com quem
coopera)?
1. Mudança da Coordenação Geral do Centro de Cultura Negra do Maranhão;
2. Falecimento de um membro da equipe do PVN
3. Houve processo de alteração estatutária seguindo as normas da lei de direitos civis atu-
ais com redefinição de ações a atribuições aos sócios;
4. Houve readequação do regimento interno, reafirmando as normas internas e como as
mesmas devem ser aplicadas;
5. Houve um recadastramento de sócios e revisão do quadro geral, com aumento no
quadro social da organização com novos sócios militantes;
6. Houve a construção do Plano Estratégico do Centro de Cultura Negra do Maranhão;
7. Houve a construção dos planos operacionais dos programas e projetos mensalmente;
8. Foram incluídas ações de gênero e identidade de gênero, proteção a crianças e adoles-
centes, proteção ao idoso, ampliação do raio de atuação do Centro de Cultura negra do
Maranhão no Estatuto Social;
9. Estabelecido acordo formal de parceria com definições de responsabilidades e atribui-
ções com comunidade, Comissões e Uniões municipais sobre a prestação de serviços
do CCN/Projeto Vida de Negro e lideranças quilombolas.

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Relatório do Projeto Vida de Negro

2.4 Que consequências resultam de todas essas mudanças para o projeto?


Aspectos de interesse especial para MISEREOR
- Que influência têm estas mudanças na realização do projeto e no alcance dos seus objetivos?

Mediante a atual conjuntura política do país e momento pandêmico tivemos que refazer a
leitura dos objetivos do projeto e sua conjuntura no Estado readequando as ações planejadas e
as metodologias de execução.

Devido as dificuldades existentes e os conflitos no campo, o Projeto tem sido procurado cada
vez mais para o apoio jurídico, político e social por lideranças quilombolas que em sua grande
maioria tinham esses apoios por parte dos STTR’s, que também tiveram suas ações reduzidas
durante período de pandemia.

De certa forma um dos objetivos do projeto ficou em parte comprometido quando se fala em
titulação (matéria de responsabilidade do executivo Estadual e Federal), porém destacamos o
fortalecimento da POSSE que os quilombolas detenham, e ainda, os acompanhamentos aos
processos administrativos e judiciais.

Outra ação importante dentre os objetivos destaca-se a realização de atividades formativas e o


incentivo às estratégias políticas adotadas pelo conjunto das lideranças atendidas pelo projeto.
Nesse sentido acreditamos que os impactos que poderão causar aos objetivos do projeto serão
mínimos, levando em consideração as outras ações propostas pelo projeto.

Destaca-se que em seu objetivo principal Territórios quilombolas do Estado Maranhão


preservados, com desenvolvimento justo, com base nos princípios da Ancestralidade Africana,
tem sido mantido mediante a permanência das comunidades em seus territórios desenvolvendo
atividades de cunho agroecológico, gerando renda através de seus produtos que são
comercializados por programas sociais como Programa de Aquisição de Alimentos – PAA,
além do fortalecimento das identidade étnica do grupo e suas culturas.

Ainda nos levou a identificar novos potenciais parceiros para o enfrentamento ao avanço dos
grandes projetos e a conquistas dos direitos territoriais, ampliando as parcerias a nível regional e
Nacional, como no caso a ONG Terras de Direitos, Fórum Carajás, Sociedade Maranhense de
Direitos Humanos-SMDH, Cartografia Social da Amazonia e a Frente Parlamentar,
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas-CONAQ.

Percebe-se a convergência de lideranças para a defesa e luta pelos seus direitos, buscando
alternativas de proteção coletiva tanto para as lideranças quanto para os territórios. Maior
interesse de lideranças nos espaços de participação política popular e a inclusão de lideranças
nos espaços legislativos.
De certo que a titulação é superimportante, ao qual estamos trabalhando para que esse direito
seja reconhecido para assim garantir a reprodução física, cultural, econômica e política dos
quilombos do Maranhão.
Outra mudança significativa foi a readequação da equipe e das atividades planejadas,
ocasionada pelo falecimento do membro da equipe e coordenador do projeto.

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Relatório do Projeto Vida de Negro
3. Alcance dos objetivos e execução do projeto (4 - 5 páginas)

3.1 Em que medida - segundo o estado atual - os objetivos acordados no Contrato de projeto serão alcançados?

Aspectos de interesse especial para MISEREOR


- Por favor, especifique os valores iniciais (qualitativos ou quantitativos),
eventualmente os valores intermediários e os valores atuais para os indicadores definidos no Contrato
de projeto.
Objetivo específico 1: Territórios quilombolas acompanhados pelo CCN, legalmente assegurados, com preservação da
natureza e autonomia sociocultural-econômica

Indicador 1a): Dos Valor de partida no Eventualmente, valor Eventualmente, valor Valor atual (Mês/Ano):
dezoito territórios início do projeto intermediário (Mês/Ano): intermediário março/2020 agosto/2021
Quilombola com (Mês/Ano): junho/2018 junho/2019 06 territórios com processos de
processos Acompanhamento 18 territórios Ação sistemática que envolve titulação avançados, tendo 01
administrativos audiências, reuniões, (um) em fase final de titulação
socio jurídico a 18 acompanhados em seus orientação sócio jurídica e
avançados, até ao territórios processos
final do triênio cinco administrativos e fortalecimento de Ação sistemáticas que envolve
quilombolas. lideranças, processos
evoluem na titulação judiciais com segurança 38 audiências, 12 reuniões, 8
jurídica e autonomia formativos acerca dos orientações sócio jurídica e
territorial processos administrativos e
Valor-meta acordado territorial. fortalecimento de
judiciais lideranças
que deve ser
alcançado até o final
do projeto:
Eventualmente

Indicador 1b) 2020 2021


2018 2019
Até o final da trienal,
seis territórios Elaborados Planos de 3 pré-planos elaborados Planos foram iniciados em 3 3em
comunidades com seus planos
conforme dinâmica de fase de conclusão.
quilombolas com gestão em 6 territórios comunidades, não avançando
planos de gestão quilombolas cada território onde se em virtude da pandemia
territorial e ambiental observa as capacidades
e econômica) em práticas e teóricas.
processos de
implementação pelas Obs: Chamamos de pré-
comunidades. planos a realização de
plano de ação territorial
construído elencado ações
Relatório do Projeto Vida de Negro e responsabilidade
territorial contendo ações
ambientais e
agroecológicas, ações
administrativas e
gerenciais, ações de cunho
representativo e políticos
da instituição Local.

Objetivo Especifico 2 - Comunidades quilombolas fortalecidas, incidindo na efetivação da política de educação escolar quilombola

Indicador 2a): Valor de partida Eventualmente, valor Eventualmente, valor Valor atual (Mês/Ano):
Valor-meta acordado intermediário agosto/2021
no início do intermediário
que deve ser projeto (Mês/Ano): Março/2020
alcançado até o final 01 Organização Municipal de
do projeto: (Mês/Ano): Junho/2019 Quilombo atuando no
Junho/2018 Conselho Municipal de
Orientação às Realização do I Encontro Educação
1-Até o final do triênio Estadual da
seis comissões 6 comissões municipais comissões municipais
intervindo junto aos de quilombos sobre a Educação Quilombola no 4 Organizações Municipais de
municipais quilombolas Maranhão.
intervindo junto aos conselhos municipais e. educação escolar Quilombos com formação sobre
conselhos municipais e Estadual para quilombola; as diretrizes curriculares para
Estadual de educação e implementação das Realização de educação quilombola
no Fórum de Educação pesquisas junto as
das Relações Étni- co Secretarias municipais de Conclusão do Diagnostico
Racial, com foco na educação sobre a sobre Educação Escolar em 22
implementação das implementação das municípios
Diretrizes Curriculares diretrizes e ações sobre a
para Educação Escolar implementação da Diálogo com a UEMA sobre a
Quilombola. Educação Escolar implantação do curso de
Quilombola; Licenciatura em Educação
Levantamentos realizado Escolar Quilombola
pelas lideranças e
professores das escolas Incidência de uma Comunidade
quilombolas através de quilombola na implementação
um instrumental que das diretrizes curriculares da
permitia perceber que educação escolar quilombola
ações e estruturas as
escolas e as secretarias de
educação possuíam para
a educação quilombola.
Relatório do Projeto Vida de Negro

Objetivo específico 3: Lideranças das comissões municipais quilombolas empoderadas, com participação nos espaços de deliberação política
e controle social
Indicador 3a): Valor de partida Eventualmente, Eventualmente, valor Valor atual (Mês/Ano):
até o segundo ano do no início do valor intermediário intermediário (Mês/Ano): agosto/2021
projeto, 30 lideranças projeto (Mês/Ano):
representativas de 10 Junho/2018 (Mês/Ano): março/2020
comissões municipais Junho/2019 17 lideranças de 7 organizações
quilombolas, 30 lideranças de 10 Estabelecidos com cada municipais quilombolas
dialogando pró- comissões comissão municipal os dialogando pró- ativamente na
ativamente na gestão Diálogo estabelecido
dialogando com a com o poder públicos objetivos das ações e foi gestão pÚblica, municipal e
pÚblica, municipal, gestão pÚblica realizado um plano de ação estadual
municipal e estadual municipais com definições de papéis e
(PREFEITURAS, responsabilidades. As
SEMAS, comissões municipais de
SEMED, SEMUS, Itapecuru-Mirim, Anajatuba,
Matinha, Icatu, Serrano,
estadual (SEDIHPOP, Alcântara e Mirinzal tem
SEIR, SAF, ITERMA, estabelecido diálogos
SSP, SEDES) e
federal (INCRA, SEPPIR,
Ministério da
Agricultura).

Indicador 3b): 10 lideranças 8 lideranças 8 lideranças incluídas em 8 lideranças na Mesa de


Até o final do triênio atuando nos espaços quilombolas estão conselhos de educação regularização fundiária
10 lideranças
quilombolas de controle social de inseridas diretamente municipal, Conselho da quilombola do estado, 02
qualificadas política e forma técnica nos espaços de Merenda Escolar, Conselho liderança no conselho
tecnicamente para controle social em 8
atuar nos espaços de de Segurança Alimentar, municipal de educação, 02
decisão política e no municípios Conselho da lideranças Conselho da
controle social. representando 8 Criança e do Adolescente, Merenda Escolar, 08 lideranças
Valor-meta acordado comissões Conselho Estadual de no Conselho Municipal de
que deve ser
alcançado até o final Igualdade Racial, Conselhos Igualdade Racial, 06 lideranças
do projeto: Municipais de Cultura. no Conselho Municipal de
estadual e federal.
Saúde, 02 lideranças no
Relatório do Projeto Vida de Negro
Conselho do Fundeb,02
lideranças no Consea e 02
lideranças no Conselho
Municipal de cultura
Relatório do Projeto Vida de Negro

Aspectos de interesse especial para MISEREOR


- Que conclusões tira daí em relação ao alcance dos objetivos do projeto? Quais objetivos
serão alcançados conforme planejado até o final do projeto, e para quais o alcance parece
atualmente problemático?
- Em que outras informações baseia a sua apreciação?

Seguiremos pertinentes ao alcance dos objetivos do projeto para a titulação dos territórios
quilombolas, mesmo sabedores que se trata de uma matéria governamental em que não termos
governabilidade. Nesse caso as titulações dos territórios sobre responsabilidade do governo
federal (INCRA), estão comprometidas devido a divergências do entendimento governo federal
em relação aos povos e comunidades tradicionais do Brasil. A declaração do Presidente tem
sido enfática desde sua campanha em não titular nenhuma terra quilombola no Brasil, segundo
ele “são muitas terras” que deveriam ser “exploradas melhor.

Mesmo com esse cenário adverso por parte do governo federal, estamos utilizando meios
jurídicos, mobilizações e fortalecimento das lideranças. Avaliamos em grupos e com
representantes de comunidades quilombolas que o andamento, mesmo que lento, na tramitação
dos processos tem possibilitado uma aproximação e mobilização maior entre as comunidades, e
entre elas o CCN. Mesmo estando em situação de insegurança jurídica em seus territórios, as
lideranças tem reafirmado o sentimento de pertencimento assim como a certeza do direito a
posse.
De certo modo a regularização fundiária é uma matéria exclusiva dos governos, cabe ao Projeto
assegurar a assessoria e defesa dos territórios quilombolas que se propôs junto a MISEREOR.
Assim, elaborando e buscando estratégia de luta que possa resultar na permanência dos
quilombolas em seus territórios com a devida assistência do Estado com as políticas públicas.
Acordamos com as lideranças quilombolas em fazermos ações conjuntas para que o Estado
possa titular os territórios quilombolas, levando alguns processos que estão no INCRA para o
ITERMA.
Vale destacar que nas audiências realizadas junto ao INCRA foram inclusas todas as
comunidades acompanhadas pelo PVN para a construção do RTID.
Outra importante ação se diz respeito aos espaços de participação popular e a criação de
instâncias representativas de diálogos pelos quilombolas, que de certa maneira tem ajudado e
ampliado o diálogo com as instâncias governamentais que ainda tem um importante papel
político na defesa dos territórios quilombolas.
Em colaboração com as instituições parceiras realizamos diálogos e estratégia conjunta com os
órgãos governamentais e instituições de defesa de direitos como MPE, MPF, DPE e DPU,
COECV, CEDH para implementação das políticas públicas.
Nos dois ultimos anos tivemos uma grande redução das atividades presenciais o que de certa
forma prejudicou o alcance dos objetivos do projeto na sua totalidade, com a paralização das
ações dos orgãos publicos, principalmente com relação as titulações que não foi possivel ter
nenhuma concretizada, apenas avanços nos processos.
Quanto a politica da educação escolar quilombola, foi prejudicada devido a paralização das
atividades escolares, as aulas remotas ou a distancia não alcançaram a maioria dos quilombos.
Outra situação que se intesificou foi o fechamento das escolas quilombolas. Contudo, com
algumas provocações foi possível participar da escuta realizada pelo Conselho Estadual de
Educação para elaboração das diretrizes estaduais de educação escolar quilombola e em alguns
municípios manter lideranças nos Conselhos Municipais de Educação.
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Relatório do Projeto Vida de Negro

3.2 Qual é o estado atual da implementação das atividades e da criação de produtos ou


da prestação de serviços?

Aspectos de interesse especial para MISEREOR


- Que atividades essenciais já foram implementadas?
- Quais produtos e/ou serviços o projeto forneceu até agora? Estes produtos e/ou serviços
já estão ao alcance dos grupos beneficiários?
- Em que medidas ou resultados houve divergências em relação ao planejamento inicial?
Como explica estas divergências?
- Como se dá a cooperação com os grupos beneficiários (por ex. também no
monitoramento)?

 Acompanhamento jurídico, social, político, orientação e defesa jurídica e sistemática aos


18 territórios quilombolas em processo administrativo avançado para titulação definitiva,
beneficiando 3.093 famílias, cerca de 18.558, pessoas em 1.040 hectares de terra, com
Portaria de Reconhecimento e Titulação e Outorga 9 dos Títulos;
 Acompanhamento social e jurídico aos 18 processos administrativos pelo Projeto de
forma sistemática para o avanço da construção do RTID e posterior titulação definitiva;
 Acompanhamento, orientação social e política e defesa jurídica aos 35 processos judiciais
impetrados por empresas e supostos proprietários envolvendo lideranças quilombolas do
Projeto por disputas territoriais. A atuação do projeto possui metodologia diversa a
depender do processo, existem processos apenas de monitoramento, outros de
representação judicial exclusiva e outros de representação judicial compartilhada;
Importante ressaltar, algumas ações foram arquivadas, mais de 10 e, portanto, não serão
mais monitoradas, apesar de servirem de subsídio para outras ações conexas.
 Acompanhamento, orientação social e política a lideranças quilombolas referentes aos 6
Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID10) publicados no Diário
Oficial da União;
 Acompanhamento, orientação social, política e jurídica as lideranças quilombolas sobre os
6 Decretos11 de Desapropriação publicados no Diário Oficial da União;
 Acompanhamento, orientação as lideranças quilombolas sobre as 3 Portaria de
Reconhecimento12 publicada no Diário Oficial da União;
 Acompanhamento social e jurídico aos 3 Títulos13 Expedidos em favor de Comunidades
Quilombolas;
 Certificação de 54 comunidades rurais quilombolas do Maranhão pela Fundação
Cultural Palmares no período de junho de agosto de 2018 a fevereiro de 2020;
 Fortalecido a indicação de 30 comunidades quilombolas para elaboração do relatório
técnico de identificação e delimitação e posterior titulação;
 Acompanhamento e Monitoramento de 12 decretos14 de desapropriação para áreas de
quilombos no Maranhão;
 Diálogo e acompanhamento de implementação de políticas públicas em comunidades
quilombolas;
 Diálogo com a SAF para o fortalecimento institucional de através dos órgãos
municipais, estadual e federal para o desenvolvimento e sustentabilidade;
 Proposição e participação em 28 audiências administrativas junto aos órgãos públicos,

15
Relatório do Projeto Vida de Negro

MPE, MPF, DPE, DPU, INCRA e ITERMA, visado à defesa constitucional dos
territórios quilombolas;
 Proposição e participação em 17 audiências nos Fóruns da capital e do interior para defesa
dos direitos constitucionais de lideranças quilombolas arroladas em processos judiciais;
 Constante defesa sócio jurídica dos processos administrativos e judiciais tem
proporcionado à permanência dos 18 territórios15 quilombolas.
 Processos formativos para lideranças quilombolas sobre direitos étnicos, unidades
associativas, estas realizadas até o novembro de 2019.
 Oficina sobre as leis de direito adquirido as lideranças quilombolas do Maranhão;
 Cursos sobre gestão para as organizações quilombolas;
 II Encontro das Entidades de Articulação Municipais de Quilombos do
Maranhão
 Processo formativo para lideranças quilombolas sobre legislação quilombola e
mecanismos internacionais;
 Fortalecimento dos mecanismos Estaduais através de proposta de Decreto de lei
que amplie os direitos dos povos e comunidades tradicionais nos Estados;
 Realização do Encontro Internacional de Afro Rurais, na cidade de Bom Jesus da
Lapa, estado da Bahia no Brasil com a presença de 16 países, 80 pessoas, com diálogo em
torno da territorialidade nas Américas e Caribe dialogando e propondo ações concretas
para que o representante de cada país possa dialogar sobre tratados e convenções
internacionais e principalmente a Convecção 169 da OIT;
 Monitoramento e acompanhamento dos 63 processos judiciais que envolvem lideranças
quilombolas sobre seus territórios. A defesa jurídica consiste na manutenção e posse das
terras, assim como a não criminalização das lideranças quilombolas;
 Realização de reuniões de monitoramento dos conflitos fundiários junto às lideranças
quilombolas e órgãos fundiários através da Mesa Quilombola para questões fundiárias e
agrarias do ITERMA;
 Acompanhamento das Comissões Municipais de Quilombos sobre ações territoriais,
fortalecimento organizativo e desenvolvimento;
 Processo de elaboração de 03 Planos de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola,
com o objetivo de traçar estratégia de desenvolvimento local e segurança territorial em
andamento;
 Monitoramento do Cadastro Ambiental Rural para áreas de quilombos que visa a
defesa das áreas de preservação e conservação da biodiversidade nos quilombos;
 Mediante as dificuldades na titulação por parte do INCRA, intensificamos o monitoramento
dos processos administrativos no ITERMA, como estratégia de defesa territorial das
comunidades quilombolas;
 Realizado processo de fortalecimento dos territórios quilombolas com a construção de
planos de ação em 08 territórios quilombolas e 9 Comissões16 municipais de quilombos;
 Fortalecimento através da elaboração e aprovação de projeto de Fortalecimento
Institucional de 4 Comissões/Uniões17 municipais de quilombos de 4 municípios de
atuação do projeto;
 Representantes de 08 Uniões/Comissões/ Organizações18 municipais de quilombos na
Mesa de Regularização Agrária e Fundiária do ITERMA;
 Construção da Plataforma Política Quilombola no Maranhão com representantes de 27
municípios para intervenção de lideranças quilombolas na legislação municipal e intervirem
diretamente na política pública.
16
Relatório do Projeto Vida de Negro

 Ações não planejadas mais que deram impactos positivos no resultado do projeto
 Construção de pauta reivindicatoria (Carta Quilombola) apresentando
demandas para o enfrentamento a pandemia do COVID 19, com a participação de
lideranças de 22 municípios entregue ao Governo do Estado e municípios, culminando
com a criação do Grupo de Demandas Quilombolas atuando de forma virtual.
 Proposição e participação na minuta de criação do Grupo de Trabalho da
Agricultura Familiar Quilombola juntamente com a SAF, SEIR e CONAQ, uma
ação não planejada que surgiu em decorrencias dos diálogos com o GT de Demandas
Quilombolas em resposta a Carta Quilombola.
 Diálogo com a UEMA sobre a implantação do curso de Licenciatura em Educação
Escolar Quilombola
 Criação do Grupo de Imunização (WhatsApp) para monitoramento da aplicação
das vacinas à população quilombola no Estado com representação da CONAQ, o
Centro de Cultura Negra, Secretaria de Estado da Saúde (SES), Secretaria de Estado de
Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), Secretaria de Estado
Extraordinária de Igualdade Racial (SEIR).
 Criação da Mesa Municipal de Articulação de Políticas Públicas para os
Quilombos de Anajatuba em parceria coma União das Associações das Comunidades
Quilombolas do Município de Anajatuba-UNIQUITUBA
 Elaboração da Minuta Popular da nova lei de terras do Maranhão pelas
organizações de agricultores, extrativistas, quilombolas, indígenas, pescadores e
entidades de assessoria em contrário a minuta apresentada pelo órgão de terra do estado
ITERMA encaminhada ao Governador.
 Elaboração de 04 projetos de protocolo comunitario de consulta e consentimento
prévio, livre e informado dos quilombos dos municípios de Santa Rita, Itapecuru-
mirim, Anajatuba e Miranda do Norte impactados pelo projeto de duplicação da BR 135

17
Relatório do Projeto Vida de Negro

3.3 Ocorreram outros efeitos (não intencionados)?


Aspectos de interesse especial para MISEREOR
- Em que medida o projeto produziu outros efeitos, positivos como negativos? (Por
exemplo, em relação a gênero, paz e conflitos, ecologia, sociedade civil)
- De que forma respondeu a estes efeitos?

Os momentos formativos para as lideranças quilombolas têm ajudado para que os mesmos
possam assumir gradativamente seu papel político nas intervenções junto ao Estado, ainda
compreendemos que as sensibilizações feitas junto às lideranças para sua inserção nos
conselhos, fóruns e instancias de participação popular, tenha favorecido uma compreensão
melhor sobre as políticas públicas.
Nesse sentido o projeto tem realizado constantes reflexões sobre a conjuntura local,
Estadual e nacional, com foco nas políticas públicas, além de possibilitar a inserção dos
técnicos em diversos espaços de controle e monitoramento das políticas
públicas.
Por ser um projeto de natureza social e apoio a titulação das terras de quilombos no
Maranhão e Brasil, temos produzido efeitos importantes sobre a política, pois além de
sermos referência a nível nacional sobre sua metodologia e acompanhamento dos
processos administrativos e judiciais nos órgãos, tem sido fonte de pesquisas acadêmicas
para futuros profissionais tanto das áreas jurídica e social, o que tem ajudado na mudança
de comportamento da sociedade em geral. É importante ressaltar que temos monitorado
todos os processos administrativos que envolvem as áreas acompanhadas pelo projeto
no INCRA e ITERMA, assim como também os processos judiciais envolvendo as
lideranças quilombolas.
Mesmo com a positivação dos direitos quilombolas, na prática, muito pouco tem sido feito
pelo Executivo Federal. Neste momento, o projeto continua sendo muito importante para
muitas dessas comunidades que, em muitos casos começam a luta desarticulada, sem
nenhuma informação sobre seus direitos e sem estarem organizadas coletivamente (como
em associações). Além de realizar esse acompanhamento, o projeto também contribui para
o fortalecimento organizativo das comunidades.
Com as declarações do Presidente Jair Bolsonaro e o enfraquecimento da política Agrária
no Brasil, as comunidades estão em atenção com os passos com as declarações e ações do
governo federal, seja para a implementação de políticas que vão da certificação a titulação
como para a implantação de outros programas sociais. Para evitar o desanimo das
lideranças, estamos investindo na abertura dos processos no órgão Estadual, como
estratégia jurídica para permanência das comunidades em seus territórios memso as áreas
teoricamente de competência do governo federal. As comunidades que dependem
diretamente de ações do órgão ficaram mais desmobilizadas. Ademais, as ações de
incidência política e jurídica do Projeto Vida de Negro que dependem diretamente dessas
ações ficaram impossibilitadas de ocorrer com mais fluidez, isso pode significar menas
terras tituladas.

Por outro lado, o andamento, mesmo que lento, na execução de alguns estudos
antropológicos tem possibilitado uma aproximação e mobilização maior entre as
comunidades, e entre elas e o CCN. Estas comunidades também tem experimentado um
estado de segurança jurídica de suas terras maior. Vale destacar que através de sua história
na luta e do constante diálogo com o INCRA, das 34 comunidades quilombolas
contempladas com a contratação dos laudos antropológicos, o CCN conseguiu incluir todas
as comunidades que enfrentavam graves conflitos.

18
Relatório do Projeto Vida de Negro

3.4 Que riscos e/ou oportunidades inesperadas existem atualmente para a implementação
do projeto?

Aspectos de interesse especial para MISEREOR


- Que riscos teve de enfrentar até agora - que medidas tomou para reagir a esses riscos?
- Há novos riscos e oportunidades previsíveis? Como pretende reagir a eles?

RISCOS
 Conjuntura política do governo federal
 A não titulação dos territórios quilombolas pelo governo federal;
 Avanço dos grandes projetos sobre os territórios quilombolas no Maranhão:
 Duplicação da BR 135 que impactará diretamente 120 quilombos de 13 municípios,
cerca de 9600 famílias;
 Acordo de salvaguarda entre o Brasil e os EUA para exploração do Centro de
Lançamento de Alcântara que levará ao deslocamento de 30 comunidades quilombolas,
mais de 800 famílias;
 Implantação do Porto São Luís da empresa TUP que poderá expulsar a comunidade de
Andi- robal, que fica na grande Ilha de São Luís;
 Destruição do patrimônio imaterial das comunidades quilombolas;
 Forte ameaça das igrejas evangélicas nos territórios quilombolas que tem agido de forma
racis- ta e intolerante a religião de matriz africana;
 A construção do Porto da Ilha do Cajual em Alcântara que impactará, além da população
da Ilha, toda acidade de Alcântara;
 O avanço do projeto do MATOPIBA no bioma cerrado atingindo as regiões do Baixo
Parnaíba ao Vale do Itapecuru impactando centenas de territorios quilombolas;
 Implantação de linhas de transmissão de alta tensão na região da Baixada Ocidental
Maranhense;
 Impantação de projetos de piscicultura nos campos naturais também na Baixada
Marenhense;

REAÇÕES

 Assegurada à continuidade da Mesa Estadual Quilombola no Estado do Maranhão;


 Abertura de processos administrativos de comunidades quilombola na esfera Estadual;
 Constante realização de audiências nos órgãos de defesa e proteção, Ministério Público
Esta- dual e Federal, Defensoria Pública do Estado e União;
 Realização de audiências junto aos órgãos fundiários INCRA e ITERMA;
 Reuniões com órgãos estaduais para implementação de políticas públicas e crédito;
 Intervenção junto aos conselhos para recomendações de programas e projetos voltados
para o desenvolvimento das comunidades quilombolas;
 Fortalecido a inserção de lideranças quilombolas nos espaços de participação política
popu- lar (conselhos, estaduais e municipais);
 Fortalecimento das instituições locais de quilombos, associações quilombolas;
 Processos formativos para liderança nos temas fortalecimento institucional, lideranças e
construção de estratégias políticas e representativas;
 Contribuição para a construção e manutenção de espaços de representação quilombola
em nível municipal;
 Mobilização de recursos para fortalecimento das instâncias municipais quilombolas;
 Assessoria as Uniões e Associações municipais de quilombos em 12 municípios
19
Relatório do Projeto Vida de Negro

maranhenses;
 Assessoria ao Comitê Quilombola que dialoga com o impacto da duplicação da BR 135
no Mar aranhão que deverá impactar 120 comunidades quilombolas de 13 municípios da
região de Itapicuru - Mirim
 Fortalecer a manutenção da Comissão de Territórios Tradicionais que tem como
atribuições - Instruir os processos administrativos de regularização fundiária com base na
Lei nº 9.169/2010, no Decreto Estadual nº 32.433/2016 e na Instrução Normativa Nº
001/2018, do Estado do Maranhão, criada em agosto de 2018;
 Fortalecer a continuidade da construção do Cadastro Ambiental Rural em comunidades
qui lombolas do Maranhão, através da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Reno- váveis;
 Denunciar e monitorar as ações da COECV nos casos de violencias que vem sofrendo as
lideranças quilombolas;
 Mobilizar as lideranças dos territorios quilombolas para o processo de eleaboração dos
protocolos de consultas comunitarios para a Consulta Livre, Previa,Informada conforme
preconiza a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT.

3.5 Foi ou será realizada uma avaliação?19


Aspectos de interesse especial para MISEREOR
- Foi realizada uma autoavaliação ou uma avaliação externa (na fase em curso do
projeto)? Em caso afirmativo, quais foram os resultados e as conclusões? Em caso
negativo, está programada uma avaliação até ao final do período de financiamento?

Nos primeiros dois anos do triênio realizamos a avaliação e monitoramento das ações do projeto
com a participação das lideranças quilombolas semestralmente, onde realizamos o levantamento
situacional dos territórios e o plano institucional, mensalmente com a equipe e a Coordenação
do CCN.
No último ano só foi feita com os membros da equipe do PVN e a Coordenação do CCN, está
sendo pensado realizar com as lideranças presencialmente logo que seja possível. Mesmo com
as incertezas existentes, considerando o ineditismo da situação pandêmica, avaliamos
coletivamente (público-alvo, técnicos do projeto e direção do CCN) a necessidade de
intensificar nossa presença no quilombo. Porém com advento da pandemia não foi possível
concretizar a ida até os quilombos, buscamos a estratégia das atividades remotas mais
encontramos dificuldades da participação de algumas lideranças por conta do acesso à internet e
uso das plataformas digitais. Para que se tenha acesso é necessário pagar um preço muito alto a
empresas privada de telecomunicações, muitas vezes não são acessíveis às comunidades.
4. Conclusões (1 - 2 páginas)
Qual é a sua conclusão intermédia quanto ao progresso do projeto e ao alcance dos
objetivos?

Aspectos de interesse especial para MISEREOR


Pedimos o favor de dar uma breve apreciação das informações obtidas até à data.
- Como classifica - resumidamente - o grau de alcance dos objetivos do projeto até agora?
- Que lições importantes trouxe o projeto até agora para os grupos beneficiários? Os
objetivos definidos e as atividades planejadas continuam inalteradamente relevantes para
eles?
- Que lições importantes trouxe o projeto até agora para a sua organização?
- Que consequências tira daí para a implementação do projeto? É necessário ajustar os objetivos ou
indicadores? Em caso afirmativo, pedimos que explique porquê e que proponha ajustes concretos.

20
Relatório do Projeto Vida de Negro

A partir das avaliações realizadas constatamos que devemos intensificar mais nossa
presença nos quilombos, porém o fator limitador está relacionado a recursos.
As formações realizadas pelo Projeto têm possibilitado que lideranças e agentes políticos
das comunidades quilombolas se insiram nos conselhos, fóruns e instâncias de
participação popular, tendo compreensão de seu papel político nessas instancias.
Os técnicos do Projeto tem tido papel importante no diálogo com o Estado na defesa dos
territórios quilombolas, pautas importantes como sustentabilidade, segurança alimentar,
desenvolvimento, territorialidade, etnicidade, fortalecimento cultura e identidade, tem
sido dialogada constantemente de forma que Estado assuma as pautas sobre políticas
públicas com recorte étnico.
O projeto tem nos proporcionado a realizar constantes reflexões sobre a conjuntura local,
Estadual e nacional, com foco nas políticas públicas, além de possibilitar a inserção dos
técnicos em diversos espaços de controle e monitoramento. Estamos tendo a
oportunidade de dialogar com os centros universitários sobre populações quilombolas.
Temos ampliado nosso conhecimento sobre o tema da territorialidade, valorização das
manifestações culturais, identidade, autorreconhecimento e sentimento de pertença
envolvendo a temática étnica racial. No Estado do Maranhão o Centro de Cultura Negra
tem sido referência na temática quilombola, objeto de pesquisa de centros acadêmico
proporcionando um diálogo sobre a atuação do Projeto Vida de Negro na afirmação de
direitos dos territórios quilombolas.
O CCN tem incentivado na qualificação profissional de seus técnicos, possibilitando a
inserção dos mesmos em cursos de graduação, especialização, mestrado e doutorado.
O projeto tem produzido importantes resultado na política territorial no país, além de ser
fonte de pesquisas acadêmicas para futuros profissionais tanto das áreas jurídica e social,
ainda, tem ajudado na mudança de comportamento da sociedade em geral. As Mesas de
Diálogo sobre titulação e reconhecimento do INCRA e da Mesa de Políticas Públicas do
ITERMA, são espaços de ampliação na negociação sobre a política fundiária no
Maranhão e no Brasil.
Embora com as dificuldades encontradas neste momento pandemico conseguimos
alcançar os objetivos propostos uns mais outros menos mais durante este período crítico
aconteceram as intervenções nos espaços públicos nas políticas de saúde, educação
segurança alimentar, gestão territorial e incidência política das lideranças e organizações
municipais.
Refletimos sobre como no projeto analisar algumas ações que se encontram nos
territórios como projetos de infraestrutura, projetos produtivos e possíveis potenciais
existentes nos territórios quilombolas que poderão servir de subsídios para o
fortalecimento de sua autonomia. Outro aspecto importante é a construção de um banco
de dados dos territórios trabalhados pelo projeto.
Precisamos nos adequar às novas mudanças da era tecnológicas e midiática, construir
novas abordagens metodológicas para uso das ferramentas digitais e redes sociais que
possam atender as necessidades do público-alvo do projeto, uso de plataformas virtuais
para reuniões e formação. Dinamizar o setor de comunicação do Centro de Cultura Negra
para o suporte necessário.

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Relatório do Projeto Vida de Negro

Anexos

ANEXO/LINK N°01 – Carta Dos Quilombos do Maranhão (Governo Federal, Estadual e Municipais)
https://1drv.ms/b/s!Agq79PwBW2V5wCqZJvvSIoZ35Zsn

ANEXO/LINK N°02 – Estatuto da Igualdade Racial Estadual


https://1drv.ms/b/s!Agq79PwBW2V5wC65U1uDw8cIsK3q

ANEXO/LINK N°03 – Nota de Repúdio à ação violenta da polícia militar e oficiais de justiça da
comarca de Guimarães-ma, que destruíram a residência de liderança do quilombo Brejo .
https://1drv.ms/b/s!Agq79PwBW2V5wC08POrpfv5Sae9

ANEXO/LINK N°04 - Decreto - Mesa Municipal de Articulação de Políticas Públicas para as Comunidades
Quilombolas do Município de Anajatuba – MA
https://1drv.ms/b/s!Agq79PwBW2V5wE6tNVi-h3bCKlKU

ANEXO/LINK N°05 - Diretrizes Curriculares Estaduais para a Qualidade da Educação Escolar Quilombola
no Sistema Estadual de Ensino do Maranhão - Resolução Nº 189/2020 – CEE/MA e dos fundamentos
estabelecidos pelo Parecer nº 212/2020
http://conselhodeeducacao.ma.gov.br/files/2019/10/RESOLU%C3%87%C3%83O-189-2020.pdf

ANEXO/LINK N°06 – Iterma - INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 01, DE 16 DE MARÇO DE 2020


Disciplina o procedimento para reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas
pelas comunidades quilombolas de que tratam o art. 229 da Constituição do Estado do Maranhão, a Lei
Estadual nº 9.169, de 16 de abril de 2010 e o Decreto Estadual nº 32.433
http://www.iterma.ma.gov.br/files/2018/05/Instru%C3%A7%C3%A3o-Normativa-01-de-16-de-mar%C3%A7o-de-
2020.pdf

ANEXO/LINK N°07 - Decreto n° 36.889, de 27 de julho de 2021, as diretrizes para a emissão de licenças e
autorizações ambientais e para a inscrição de imóveis no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
https://www.sema.ma.gov.br/files/2021/07/Decreto-n%C2%B0-36.889.pdf

ANEXO N°08 – Registros de Notícias

ANEXO N°09 – Registro Fotográfico

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Relatório do Projeto Vida de Negro

ANEXO N°08 – Registros de Notícias

Acirramento dos conflitos

Redes Sociais

23
Relatório do Projeto Vida de Negro

ANEXO N°09 – Registro Fotográfico

Reunião equipe PVN – plataforma Zoom - 28 de agosto de 2020 reunião do GT CAR PCTs

Reunião Comissão Municipal Quilombolas de Cururupu

Reunião da Mesa Quilombola do ITERMA

24
Relatório do Projeto Vida de Negro

Escuta do CEIRMA - Estatuto de Igualdade Racial

CARD do PROCAF

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