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História

Diferentes narrativas e a produção do


conhecimento histórico (povos
americanos)
1º bimestre – Aula 04
Ensino Médio
● A produção do conhecimento ● Compreender o
histórico; conhecimento histórico a
● Diferentes narrativas a partir partir das narrativas dos
dos povos americanos. povos americanos;
● Analisar o silenciamento das
identidades e culturas desses
povos.
Todos falam
O que consideramos ou
chamamos de América Latina?
Que evidências, que narrativas
podem legitimar a expressão
“americana”?

Ouça a música “Sulamericano”


(BaianaSystem), veja a imagem e
Imagem: pintura ilustrativa de Macondo, a cidade fictícia
faça uma reflexão a partir dos de Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez –
Ilustração: Arquivo / La República. Jornal da USP.
seus conhecimentos. Não se
esqueça de registrá-los. Referência: Sulamericano – BaianaSystem. Compositores da música:
Jose Manuel Chao / Roosevelt Ribeiro de Carvalho / Roberto Barreto
/ Marcelo Santana. Disponível em:
https://music.youtube.com/watch?v=sSFFf6F-lFY
Os conceitos de América Latina e de identidade latino-americana são
alguns dos temas que por diversas décadas foram pautas de amplos
debates e interpretações divergentes, concebidas, de um lado, por uma
literatura dominante – de origem colonizadora –, que interpretava a
região negativamente e, de outro, pela teoria regionalista, composta
predominantemente por intelectuais de origem latina.

Referência: SOUZA, Ailton de. América Latina, conceito e identidade: algumas reflexões da história.
PRACS: Revista de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da Unifap Macapá.
Narrativa, temporalidade e trauma
Falar sobre a identidade latino-americana é uma difícil tarefa, já que os
países que integram a América Latina são dotados de uma grande
diversidade cultural. No entanto, apesar desta multiplicidade na
constituição de cada povo, há vários aspectos em comum possíveis de
elencar na constituição dessa identidade: reconhecimento de pertencer a
uma mesma região geográfica, aspectos em relação à história de
conquista e de submissão, dizimação de populações autóctones, lutas pela
independência, mobilização cultural tardia etc. Há, portanto, uma unidade
nessa diversidade. (LARRAÍN, 1994)
Referência: PEREIRA, Adriana Teixeira. Repensando a identidade cultural
latino-americana a partir do filme Qué Tan Lejos. Jornal USP.
A temporalidade europeia (hispânica, sobretudo) remonta a uma ideia de
tradição; a temporalidade originária, associada ao passado americano
imemorial, pré-colombiano, demarca uma tradição distinta, não europeia;
e, por fim, a temporalidade da sociedade implantada é a síntese de ambas.
Torna-se relevante reter que a temporalidade das sociedades implantadas
revela mais do que o resultado do “encontro”: por ser a expressão das
tradições africanas, indígenas e europeias, a temporalidade da sociedade
implantada alude ao porvir, ao futuro presente de uma América
intercultural. (THEODORO, 1992)
Referência: FREDRIGO, Fabiana de Souza; BITTENCOURT, Libertad Borges. Narrativas sobre a América: o
trauma e suas expressões temporais. Revista Eletrônica da ANPHLAC, ISSN 1679-1061, no 17, pp. 59-86,
jul./dez. 2014.
Dessa maneira, narrativa e tempo ordenam uma experiência em um lugar,
produzindo a relação entre o que dizem que somos, o que achamos que
somos e o desejo de descobrirmos o que realmente somos. Explorar as
narrativas sobre a América Latina exige dissecar suas temporalidades e as
experiências que circulam no interior dessas mesmas temporalidades.
Ao lado dos historiadores, os ensaístas registram essa temporalidade
múltipla: Octávio Paz (1992, p. 83), quando anota que “debaixo das formas
ocidentais ainda palpitam as antigas crenças e costumes”, refere-se à
sociedade implantada.
Referência: FREDRIGO, Fabiana de Souza; BITTENCOURT, Libertad Borges. Narrativas sobre a América: o
trauma e suas expressões temporais. Revista Eletrônica da ANPHLAC, ISSN 1679-1061, no 17, pp. 59-86,
jul./dez. 2014.
Carlos Fuentes, por sua vez, usa a metáfora da dor do parto para anunciar
a temporalidade hispânica: “É com uma dor magnífica que se funda a
relação da Ibéria com o Novo Mundo: um parto que se dá com o
conhecimento de tudo aquilo que teve de morrer para que nós
nascêssemos: o esplendor das antigas culturas indígenas” (FUENTES,
2001, p. 16). Mais adiante, a expressão do amálgama com a tradição
hispânica se alicerça em um imaginário também múltiplo: “Há muitas
Espanhas em nossas mentes”. Quando qualifica essas “muitas Espanhas”, o
ensaísta registra a ambiguidade da metrópole, que é mãe compassiva e
conquistadora cruel. Mais instigante do que esses registros temporais é a
síntese elaborada um pouco mais adiante, no mesmo texto.
Referência: FREDRIGO, Fabiana de Souza; BITTENCOURT, Libertad Borges. Narrativas sobre a América: o trauma e
suas expressões temporais. Revista Eletrônica da ANPHLAC, ISSN 1679-1061, no 17, pp. 59-86, jul./dez. 2014.
Contrariando o diagnóstico de um parto que anuncia a morte de uma
tradição para o nascimento de outra, o ensaísta provoca: “O problema com
os estereótipos nacionais, evidentemente, é que contêm uma semente da
verdade, ainda que a constante repetição a tenha enterrado. Há de morrer a
semente para que a planta germine?”. Mesmo que a referência seja à
Espanha, a síntese ensaística é reveladora: a um só tempo, critica as
histórias nacionais pelo que elas escondem e anuncia o que é escondido: a
semente não morre para que a planta germine. A América híbrida é a
expressão mais próxima de uma Espanha híbrida, uma vez que “nenhum
outro país da Europa, com exceção da Rússia, foi invadido por tantas e tão
diversas ondas migratórias” (FUENTES, 2001, p. 17).
Referência: FREDRIGO, Fabiana de Souza; BITTENCOURT, Libertad Borges. Narrativas sobre a América: o trauma e
suas expressões temporais. Revista Eletrônica da ANPHLAC, ISSN 1679-1061, no 17, pp. 59-86, jul./dez. 2014.
Todo mundo escreve

O nascimento: um instante entre a


vida e a morte.
A partir da citação, que reflexões
podemos incidir? Que fatos
“Danem-se, eu não sou um índio, sou
identitários e de resistência
um aymara. Mas você me fez um
podemos identificar?
índio e como índio lutarei pela
libertação.”
Fausto Reinaga

Referência: MAZZIO, Sandro Aparecido. As múltiplas


narrativas na constituição da identidade latino-americana.
Correção
O fragmento textual é uma clara declaração de identidade e resistência.
A personagem afirma não se identificar como índio, mas sim como
aymara.
No entanto, pelo fato de ter sido categorizada como índio pela
sociedade e, diante disso, expressou a sua decisão de luta pela
libertação do seu povo. No trecho destacado, “O nascimento: um
instante entre a vida e a morte”, sugere uma reflexão sobre a condição
humana e a experiência da identidade entre o nascimento até a morte.
Todo mundo escreve

Retorne ao slide 3 “Para começar”, resgate suas anotações e responda ao


que se pede:
I. O que consideramos ou chamamos de América Latina?
II. Que evidências ou narrativas podem legitimar a expressão
“americana”?
III. A partir da letra da música e da imagem, quais são suas conclusões?
Correção
I. A América Latina refere-se à região composta pelos países da América que
foram colonizados pelos europeus, predominantemente pelos espanhóis e
portugueses, durante o período colonial. Essa região engloba a América do
Sul, América Central, México e alguns países do Caribe, onde predominam
as línguas derivadas do latim, como o espanhol e o português.
II. A expressão “americana” muitas vezes é legitimada pela herança histórica
e cultural compartilhada entre os países da América Latina e os Estados
Unidos. No entanto, é importante notar que, em muitos contextos, a
utilização do termo “americano” para se referir exclusivamente aos Estados
Unidos pode ser questionada, já que a América Latina também faz parte do
continente americano.
Correção
III. A letra da música aborda temas relacionados à identidade sul-americana,
críticas sociais e políticas na América Latina, bem como questões de justiça
e poder. Faz menção ao presidente Barack Obama e também à figura
revolucionária de Che Guevara como forma de resistência ao sistema. A
frase “Nas veias abertas da América Latina” é uma referência direta ao
título do livro de Eduardo Galeano, trazendo novamente a exploração e as
lutas enfrentadas na região. O uso de termos como “fogo cruzado” e “golpe
de estado” indica uma atmosfera de conflito e instabilidade política. Aborda
a excessiva opressão pela figura chamada “Señor Matanza” sobre diversos
aspectos da sociedade.
Continua...
Correção
A imagem Macondo é uma representação metafórica para a América
Latina, com suas complexidades culturais, históricas e sociais. A cidade é
um microcosmo onde se desenrolam eventos que refletem os ciclos
repetitivos da história latino-americana, marcados por revoluções,
conflitos e transformações.
Correção
1 - Essa situação pode ser interpretada como uma forma de poder e
dominação cultural, pois a imposição vem acompanhada pelos valores e
narrativas baseados na identidade cultural do grupo dominante. A
perda da língua, nesse caso, é um ato simbólico que enfraquece a
autonomia e a coesão cultural da comunidade afetada, tornando-a mais
suscetível à influência do grupo dominante. A destruição do sistema de
referência cultural integrado pela língua contribui para a subjugação, a
perda de identidade e o silenciamento desses grupos.

Continua...
Correção
2 - A preservação das línguas indígenas é uma questão crucial que vai
além do âmbito linguístico, sendo uma estratégia vital para a
manutenção da diversidade cultural e do conhecimento humano. O
fragmento textual destaca a conexão intrínseca entre língua e cultura,
enfatizando que a perda abrupta da língua representa a destruição de
um vasto acervo de conhecimentos integrados ao longo de milênios.
_Expressão que denota a exploração e lutas
socioeconômicas na região, popularizada pelo livro de
Relacione corretamente os Eduardo Galeano.
elementos das Colunas A e B,
_Figura revolucionária que desafiou as estruturas de
identificando a correspondência
poder na América Latina e se tornou um ícone de
mais detalhada para cada resistência.
conceito ou elemento:
_Presidente dos Estados Unidos, representando a
influência externa e a descrição nas figuras
A. Macondo americanas na América Latina.
B. Che Guevara
_Personificação de uma figura de poder que controla
C. Veias Abertas da América
vários aspectos da sociedade, refletindo opressões e
Latina desigualdades na região.
D. Barack Obama
_Cidade fictícia que simboliza a complexidade cultural
E. Señor Matanza e histórica da América Latina, conforme retratada em
Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez.
Correção – Coluna B
(C) Expressão que denota a exploração e lutas socioeconômicas na região,
popularizada pelo livro de Eduardo Galeano.
(B) Figura revolucionária que desafiou as estruturas de poder na América
Latina e se tornou um ícone de resistência.
(D) Presidente dos Estados Unidos, representando a influência externa e a
descrição nas figuras americanas na América Latina.
(E) Personificação de uma figura de poder que controla vários aspectos da
sociedade, refletindo opressões e desigualdades na região.
(A) Cidade fictícia que simboliza a complexidade cultural e histórica da
América Latina, conforme retratada em Cem anos de solidão, de Gabriel
García Márquez.
● Compreendemos o conhecimento
histórico a partir das narrativas dos povos
americanos;
● Analisamos o silenciamento das
identidades e culturas desses povos.
FREDRIGO, Fabiana de Souza; BITTENCOURT, Libertad Borges. Narrativas sobre a América: o trauma e suas
expressões temporais. Revista Eletrônica da ANPHLAC, ISSN 1679-1061, no 17, pp. 59-86, jul./dez. 2014.
LEMOV, Doug. Aula Nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2023.
MAZZIO, Sandro Aparecido. As múltiplas narrativas na constituição da identidade latino-americana . Disponível
em: Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-10122015-
103253/publico/mazzio_me.pdf.
PEREIRA, Adriana Teixeira. Repensando a identidade cultural latino-americana a partir do filme Qué Tan Lejos.
Jornal USP. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/entrecaminos/article/download/167736/165248#:~:text=A%20quest%C3%A3o%20
da%20identidade%20latino,neste%20cen%C3%A1rio%20sociocultural%20da%20modernidade.
Silva, Bruna Ferreira da. JORNAL DA USP. Pesquisa explora imagens da América Latina em García Márquez.
Historiadora apresenta questão da identidade latino-americana no romance Cem anos de solidão. Disponível em:
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/pesquisa-explora-imagens-da-america-latina-em-garcia-
marquez/.
SOUZA, Ailton de. América Latina, conceito e identidade: algumas reflexões da história. PRACS: Revista de
Humanidades do Curso de Ciências Sociais da Unifap Macapá, no 4, pp. 29-39, dez. 2011;
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Imagem. Jornal da USP. Pintura ilustrativa de Macondo, a cidade fictícia de Cem anos de
solidão, um perfeito retrato da América Latina de Gabriel García Márquez – Ilustração: Arquivo
/ La República. Jornal da USP. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-
humanas/pesquisa-explora-imagens-da-america-latina-em-garcia-marquez/.

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