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ANAIS

NATAL
2021
V Colóquio História e Memória da
Educação no Rio Grande do Norte
15 a 17 de setembro de 2021

ANAIS

Ano 5, Volume 1, Fascículo 1


NATAL
2021
Realização:

Apoio:

PROEX-UFRN
CE-UFRN
PPGED-UFRN
PPGEP-IFRN
V Colóquio História e Memória da Educação no Rio Grande do Norte
15 a 17 de setembro de 2021
Periodicidade: Anual (Ano 5, Volume 1, Fascículo 1)
Autor corporativo: Laboratório de História e Memória da Educação – CE/UFRN

Endereço:
CENTRO DE EDUCAÇÃO
Campus Universitário UFRN - Lagoa Nova
CEP 59.072-970 | Natal - RN, Brasil
Site: www.doity.com.br/cohisme2020 I https://cohisme2020.blogspot.com/

Coordenadoras:
OLIVIA MORAIS DE MEDEIROS NETA
FERNANDA MAYARA SALES DE AQUINO

Organização dos Anais LIDEMBERG RÉGIS SANTOS DANTAS


OLIVIA MORAIS DE MEDEIROS NETA LIGIA SILVA PESSOA
ELVIRA FERNANDES DE ARAÚJO OLIVEIRA MARCELLY KATHLEEN PEREIRA LUCAS
NARA LIDIANA SILVA DIAS CARLOS MARIA GABRIELA GUIMARÃES DA SILVA
LAÍS PAULA DE MEDEIROS CAMPOS AZEVEDO MARINA YASMIM FERNANDES DE MORAES
MARCELLY KATHLEEN PEREIRA LUCAS NARA LIDIANA SILVA DIAS CARLOS
FRANCISCA LEIDIANA DE SOUZA RAFAEL DUARTE FALCÃO

Comitê Científico
ALINE CRISTINA DA SILVA LIMA
ANDERSON DANTAS DA SILVA BRITO
ANNA GABRIELLA DE SOUSA CORDEIRO
ARTHUR CASSIO DE OLIVEIRA VIEIRA
FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA
GENILSON DE AZEVEDO FARIAS
JUAN CARLO DA CRUZ SILVA
JUCIENE BATISTA FÉLIX ANDRADE
LENINA LOPES SOARES SILVA
MARIA INES SUCUPIRA STAMATTO
MARLÚCIA MENEZES DE PAIVA
OLIVIA MORAIS DE MEDEIROS NETA
RENATO MARINHO BRANDÃO SANTOS
RITA DIANA DE FREITAS GURGEL

Comissão Técnica:
ALANA KELLY COSTA DA SILVA
ALANDERSON MAXSON FERREIRA DO
NASCIMENTO
ALINE DE MEDEIROS FERNANDES
ALYSSON DINIZ FONSECA
ANA LIZIANE ARAÚJO DA PAZ
ANA TEREZA DOS SANTOS ARAÚJO
CAROLAINE MARIA DOS SANTOS
INGRID DANIELA FERNANDES DA SILVA
ISIS DE FREITAS CAMPOS
ITAMARA BEATRIZ DA SILVA MENDES
JOYCE BRENNA DA SILVA LIMA
JOSÉ GONÇALVES DE ARAÚJO FILHO
KAROLINE LOUISE SILVA DA COSTA
LAÍS PAULA DE MEDEIROS CAMPOS AZEVEDO
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Apresentação

O campo de investigação em História da Educação tem se consolidado no estado do


Rio Grande do Norte (RN) como resultado do trabalho dos Programas de Pós-Graduação em
Educação das Instituições de Ensino Superior do RN e dos esforços de grupos de pesquisa, que
reúnem pesquisadores e profissionais do campo. Esse movimento tem incentivado as
pesquisas e as atividades de divulgação sobre a história da educação potiguar.

O RN é reconhecido nacional e internacionalmente pelas experiências de educação


popular de base teórico-metodológica freireana. Em ano do centenário de nascimento de
Paulo Freire, o V Colóquio História e Memória da Educação do Rio Grande do Norte (IV
Cohimse) decidiu homenagear o patrono da educação brasileira com o tema “Paulo Freire e a
História da Educação”.

O V COHISME-RN ocorreu nas datas de 15 a 17 de setembro de 2021, em formato


online. Teve como objetivo principal discutir sobre Paulo Freire e fomentar a socialização de
estudos e pesquisas da área da história da educação. Os trabalhos estão organizados nos
seguintes eixos temáticos: História e historiografia da educação; Instituições escolares e política
educacional; Intelectuais e projetos educacionais; Livros, leitura e impressos escolares.

Foram aprovados 169 trabalhos de instituições distintas de todas as regiões do Brasil,


confirmando o aumento de interesse por estudos na área da História da Educação e o Colóquio
como espaço de divulgação de pesquisas em História e Memória da Educação não só para
pesquisadores do Rio Grande do Norte, mas do Brasil.

Boa leitura!

Olivia Morais de Medeiros Neta


Fernanda Mayara Sales de Aquino
Coordenadoras
Sumário

PROGRAMAÇÃO GERAL 15

RESUMOS 17
A ESCOLA COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO: GRUPOS ESCOLARES E ESCOLAS ISOLADAS
PAULISTAS NO JORNAL FOLHA DA NOITE (1921) 18
O PENSAMENTO FREIREANO: CONTORNOS DE SUAS BASES FILOSÓFICAS 19
UNIFORME ESCOLAR: A PRODUÇÃO DA DISTINÇÃO E DA CATEGORIA SOCIAL ALUNO
(MARINGÁ 1999 - 2006) 20
EDUCAÇÃO DOMÉSTICA NOS ANÚNCIOS DE JORNAIS PARAIBANOS (1880-1889) 24
MULHERES NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO RN: A EDUCAÇÃO POPULAR POR MEIO DA
EXPERIÊNCIA FORMATIVA DE MAILDE PINTO 25
A PSICOLOGIA A FAVOR DA EDUCAÇÃO LIBERTADORA 26
100 ANOS DE PAULO FREIRE: OLHARES SOBRE O ENSINO, A APRENDIZAGEM E A FORMAÇÃO
DE PROFESSORES 28
MARTA MARIA CHAGAS DE CARVALHO: INTELECTUAL DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA 29
ENFOQUE PARA OS ALUNOS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “FERNANDO COSTA” (1953-1975)
30
A CRIAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR ANTÔNIO DE SOUZA (1923) 31
O REPOSITÓRIO DE CONTEÚDO DIGITAL NAS PESQUISAS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA E O DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO COMO ACERVO PARA PESQUISA
EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 32
A CONTRIBUIÇÃO DA PROFESSORA “MARIA DO CÉU LOPES” PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
DE LUIS GOMES - RN 33
DE NORMALISTA E EDUCADOR À INTELECTUAL NORTE RIO GRANDENSE: SEVERINO BEZERRA
DE MELO (1908-1946) 34
INOVAÇÕES EDUCACIONAIS NO COTIDIANO DO GRUPO ESCOLAR FREI MIGUELINHO NAS
PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX 35
RESGATANDO FREIRE DO BALAIO: UM VOO PARA A LIBERDADE 36
OS PRIMEIROS PROFESSORES DA ESCOLA RURAL MISTA DUQUE DE CAXIAS - SÃO JOSÉ DOS
QUATRO MARCOS-MT 37
A REVISTA INFANTIL O TICO-TICO: UMA ANÁLISE DAS CRIANÇAS ASSINANTES DE MACEIÓ 39
ANÁLISE DO LIVRO “EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO” 40
O MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO DE PAULO FREIRE E SUA RELAÇÃO COM A SEMIÓTICA 41

6
A HISTÓRIA E A HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO: UM BREVE ESTUDO ACERCA DAS
CONTRIBUIÇÕES DAS LUTAS DE CLASSES NA HISTÓRIA E NA HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO
NO BRASIL 42
A HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO DA PEDAGOGIA DA INDAGAÇÃO DE PAULO
FREIRE 43
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA LITERÁRIA NO ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS 44
MOVIMENTOS DE EDUCAÇÃO POPULAR NO RIO GRANDE DO NORTE NA DÉCADA DE 1960:
UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA. 45
LEITURAS HISTÓRICAS ENTRE AS ESCOLAS DE COMÉRCIO DE COIMBRA (PORTUGAL) E DE
NATAL (BRASIL), EM 1974 46
COMO ME FAÇO PROFESSORA? TRAJETÓRIA DE VIDA E CONSTRUÇÃO PERMANENTE DE UMA
IDENTIDADE DOCENTE 47
O IDEÁRIO PEDAGÓGICO DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES DO RIO GRANDE DO NORTE
ATRAVÉS DA REVISTA PEDAGOGIUM (1921-1927) 48
IDEIAS PEDAGÓGICOS-HIGIENISTAS NO RIO GRANDE DO NORTE REPUBLICANO: UM ESTUDO
A PARTIR DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL (1892-1925) 49
HISTÓRIA PÚBLICA DIGITAL E INTELECTUAIS DA EDUCAÇÃO POTIGUAR NA PRIMEIRA
REPÚBLICA 51
A FORMAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM UM PROJETO NÃO FORMAL DE EXTENSÃO 52
40 HORAS DE ANGICOS E A PERSPECTIVA FREIRIANA NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS 53
CENTENÁRIO DA LEI DE 1827 EM IMAGEM: FESTAS ESCOLARES 54
DOS CURSOS DA CADES ÀS LICENCIATURAS: A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO
SECUNDÁRIO EM PORTO NACIONAL 55
O ENCANTAMENTO DA PEDAGOGIA FREIREANA 56
AS CONFIGURAÇÕES ESCOLARES DE CASA BRANCA/BRUMADINHO/MG (DO FINAL DO
SÉCULO XIX AO SÉCULO XXI): HISTÓRIA E MEMÓRIA DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E ATUAÇÃO
DOCENTE 57
POLÍTICAS DE EXTENSÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A GESTÃO DOS ESPAÇOS
EDUCACIONAIS NO IFRN CAMPUS NATAL CENTRAL 59
A RELAÇÃO HISTÓRICA DO DESENHO COM O ENSINO DE GEOGRAFIA: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO 60
AS REGRAS E OS MODELOS DE BEM VIVER NO MANUAL ENCICLOPÉDICO: UMA FORMAÇÃO
DO LEITOR PARAIBANO NO IMPÉRIO (1865) 61
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM TEMPOS DA PANDEMIA DA COVID-19: ROLEZINHO DO PORTO
DO CAPIM ATRAVÉS DAS TELAS 62
PRESENÇA E AUSÊNCIA FEMININA NA HISTÓRIA DO BRASIL: OS LIVROS DIDÁTICOS DE
HISTÓRIA DO PNLD 2020-2022 65
A INSTRUÇÃO PÚBLICA ALAGOANA NO FINAL DO IMPÉRIO (1876-1889): A IMPLEMENTAÇAO
DA REFORMA LEÔNCIO DE CARVALHO (1878-79) 66

7
MOVIMENTO ESTUDANTIL NO RIO GRANDE DO NORTE (1964-1985) E AS POSSIBILIDADES DE
PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 67
A CASA GRANDE E A SENZALA BRINCANDO JUNTAS 68
TÉCNICO E/OU INTELECTUAL? O CASO DE CÉSAR PRIETO MARTINEZ E A REFORMA DA
INSTRUÇÃO PÚBLICA NO PARANÁ (1920-1924) 69
INSTITUIÇÕES ESCOLARES CONSTRUINDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO TOCANTINS 70
EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS (1726-1988) 71
A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA NO SÉCULO XIII: REFLEXÕES ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA
FORMAÇÃO CRISTÃ NA PERSPECTIVA DE RAMOM LLULL 72
HISTÓRIA, EDUCAÇÃO, CULTURA E MEMÓRIA NA ALDEIA GUAJAJARA TAYWÁ EM BARRA DO
CORDA, MARANHÃO 73
ABORDAGEM ESTUDOS CULTURAIS DE RAYMOND WILLIAMS NA INVESTIGAÇÃO DE DOCENTE
COMO INTELECTUAL ORGÂNICO: EXEMPLO DO PROFESSOR ANARQUISTA JOÃO PENTEADO 74
O USO DE REVISTAS EM PESQUISAS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: O MOBRAL NAS PÁGINAS
DA REVISTA VEJA 75
A DISCIPLINA EPB, O REGIME MILITAR E AS UNIVERSIDADES: CONTROLANDO O CURRÍCULO
ACADÊMICO (1969-1979) 76
CONSIDERAÇÕES SOBRE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO REALIZADA POR MEIO DOS PERIÓDICOS 77
MULHERES NO ESPAÇO RELIGIOSO CATÓLICO: A CONCEPÇÃO RELIGIOSA DAS IFSAP NO
MÉDIO SERTÃO DE ALAGOAS 78
CASEMIRO DOS REIS FILHO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL 79
DO MÉTODO PAULO FREIRE AO ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL: CULTURA POPULAR,
IDENTIDADE E CONSCIÊNCIA HISTÓRICA 80
MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO NA BAHIA: "ESCOLA PARQUE" - UM PROJETO DE EDUCAÇÃO
DEMOCRÁTICA DEMONSTRADO NA ORGANIZAÇÃO DE SEU ACERVO. 81
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DA INSTRUCÇÃO PUBLICA, POR MANUEL BALTHAZAR PEREIRA
DIEGUES JUNIOR (1989): DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO AO MODO DE ORGANIZAÇÃO 82
LETRAMENTO LITERÁRIO: DESAFIOS E INOVAÇÕES EM UM CONTEXTO ESCOLAR RURAL 83
INSTITUTO STELLA MARIS: A EDUCAÇÃO CONFESSIONAL NO MARAJÓ 85
EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS NA DISCIPLINA FUNDAMENTOS SÓCIO-HISTÓRICOS DA
EDUCAÇÃO/CE/UFPB EM 2021: UM OLHAR SOBRE O LIVRO EDUCAÇÃO E MUDANÇA DE
PAULO FREIRE 86
TRAJETÓRIA E MEMÓRIA DAS PRIMEIRAS MULHERES PROFESSORAS DE COLORADO DO
OESTE-RO 88
O BOLETIM DA CBAI COMO FONTE DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 89
HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR NO RIO GRANDE DO NORTE E A DESIGUALDADE DE ACESSO
91
PENSAMENTO PEDAGÓGICO FREIREANO COMO ALICERCE PARA UMA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA CRÍTICA 92

8
ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE: UMA
INVESTIGAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA 93
COTIDIANO DE ESTUDANTES DE DIREITO DE SÃO PAULO NO PERIÓDICO “DIABO COXO”:
REPRESENTAÇÕES E MODOS DE FAZER NO TEXTO FICCIONAL “ROMANCE DE UM ESTUDANTE”
(1864) 94
DIÁLOGO INTERAUTORAL ENTRE A DIVINA COMÉDIA E O FILME SOUL: REFLEXÕES E
PROPOSTAS DIDÁTICAS 95
O COLÉGIO DE SÃO JOSÉ: A EDUCAÇÃO FEMININA CATÓLICA NO NORDESTE OITOCENTISTA 96
GUSTAVO CAPANEMA FILHO: UM REFORMISTA EDUCACIONAL 97
REVISTA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: UM OLHAR HISTÓRICO E BIBLIOMÉTRICO (2017-2019).
98
HISTÓRIA DA DESTRUIÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS NO BRASIL: DA ERA VARGAS ATÉ A
DITADURA MILITAR (1930-1985) 99
PAULO FREIRE: LEGADO TEÓRICO-PRÁTICO PARA UMA EDUCAÇÃO HUMANIZADORA 100
CAMPANHA DE APERFEIÇOAMENTO E DIFUSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO RIO GRANDE
DO NORTE 101
O MÉTODO PAULO FREIRE DE ALFABETIZAÇÃO NAS 40 HORAS EM ANGICOS: O QUE DIZEM OS
JORNAIS BRASILEIROS, ENTRE 1962-1964? 102
CONTRIBUIÇÕES DE ANÍSIO TEIXEIRA E LOURENÇO FILHO PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA:
ARTIGOS PUBLICADOS NA RBEP (1944-1960) 103
MARIA JUCÁ MOREIRA LIMA E ALCINA LEITE PINDAHIBA: EXPRESSÕES LITERÁRIAS NO BRASIL
IMPÉRIO 104
DORINA NOWILL E A IMPRENSA BRAILLE 105
O CENTRO DE MEMÓRIA ESCOLAR COMO LUGAR DE MEMÓRIA: PERSPECTIVAS A RESPEITO
DOS MUSEUS ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE IRATI-PR 106
INTERFACES ENTRE EDUCAÇÃO, HISTÓRIA E MEMÓRIA: HISTÓRIA ORAL DE VIDA DE
PROFESSORAS NA ETFPA 107
ENTRE HISTÓRIA E MEMÓRIAS DE ESTUDANTES EGRESSOS DO GINÁSIO DE APLICAÇÃO DA
FACULDADE CATÓLICA DE FILOSOFIA DE SERGIPE (1960-1968) 108
HISTÓRIA E O CARÁTER EDUCATIVO DO MUSEU HISTÓRICO DA IRMANDADE DA SANTA CASA
DE MISERICÓRDIA DO ESTADO DE SÃO PAULO (2000-2019) 109
A VELHA E A NOVA RAZÃO DO MUNDO CAPITALISTA: O CURSO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO DA URCA SOB A ÉGIDE DO NEOLIBERALISMO 110
HISTÓRIA E MEMÓRIA DA UNIDADE ESCOLAR MENINO DEUS NOS REGISTROS DOCENTES
(1980-1990): ASPECTOS DE CULTURA ESCOLAR EM ILHA GRANDE DO PIAUÍ 112
APRENDER A DIZER A SUA PALAVRA: A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE NA
ALFABETIZAÇÃO EM CONTEXTOS INDÍGENAS. 113
WALDOMIRO DE CAMPOS E A EDUCAÇÃO EM POCONÉ-MT (1916) 114

9
LEITURAS FEMININAS: REPRESENTAÇÕES E FORMAÇÕES NA COLEÇÃO BIBLIOTECA DAS
MOÇAS (1920-1960) 115
METÁFORA: OPERADOR COGNITIVO NA NARRATIVA HISTÓRICA DE UMA INSTITUIÇÃO
EDUCATIVA 118
ACESSOS, DIREITOS, PERMANÊNCIAS: A LUTA POPULAR PELAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS
BRASILEIRAS 119
ANÍSIO TEIXEIRA E O CONCEITO DE INTELECTUAL 120
BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 121
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 122
ROBERTO MANGE E A CONSTITUIÇÃO DO ENSINO INDUSTRIAL NO BRASIL A PARTIR DAS
CONTRIBUIÇÕES NO SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI (1942
-1955) 123
ABÍLIO CÉZAR BORGES E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO CONGRESSO PEDAGÓGICO
INTERNACIONAL DE BUENOS AIRES (1882) 124
HELENA ANTIPOFF E A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO: DO INSTITUTO JEAN JACQUES ROUSSEAU
AO BRASIL 125
A AUTORIA FEMININA NA PRODUÇÃO LITERÁRIA PARA CRIANÇAS DURANTE O SÉCULO XX126
O MEB E A PARTICIPAÇÃO FEMININA, NA DÉCADA DE 1960 127
CENTROS DE MEMÓRIA E A PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: ACERVOS E
POSSIBILIDADES 128
FORMAÇÃO DE PROFESSORES AUTONOMIA E EMANCIPAÇÃO: LIMITES E POSSIBILIDADES NO
CAMPO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 129
UM ESTUDO SOBRE A CURRICULARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA UFRN (1978 -
2003) 130
MEMÓRIAS DA ESCOLA SANTA TEREZINHA OU SIMPLESMENTE ESCOLA DAS MILITÃO EM
SENHOR DO BONFIM - BAHIA 132
A EDUCAÇÃO NA PRODUÇÃO ESCRITA DE MANOEL BOMFIM DE 1905-1931: PELO
CONTRADISCURSO A FORMAÇÃO DA NAÇÃO BRASILEIRA 133
UM RESGATE HISTÓRICO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA RELIGIÃO (UERN) NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO 134
A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO COSME NO LIVRO DIDÁTICO NO ESTADO DO MARANHÃO 137
DERMEVAL SAVIANI: UM MARCO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 138
CONSIDERAÇÕES SOBRE O LABORATÓRIO DE INFORMAÇÃO, ARQUIVO E MEMÓRIA DA
EDUCAÇÃO (LIAME): UM ARQUIVO ESCOLAR À SERVIÇO DA PESQUISA NA HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO 139
ENSINO PRIMÁRIO EM CONCEIÇÃO DO ARROIO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX: AS
MEMÓRIAS DE ANTONIO STENZEL FILHO EM SUA OBRA “A VILA DA SERRA” 140
PERMANÊNCIAS E ALTERAÇÕES IDENTIFICADAS NAS PRÁTICAS MATEMÁTICAS NO ENSINO
MÉDIO EM TEMPO INTEGRAL NO RN (1978-2019) 141

10
CARLOS ROBERTO DA SILVA MONARCHA: HISTORIADOR DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 142
LIVRO DIDÁTICO E DISCIPLINA ESCOLAR: CONHECIMENTO E IMAGENS NA “CIÊNCIA PARA O
MUNDO MODERNO” 143
CONSTRUINDO A HISTÓRIA DA ESCOLA PROFESSOR APRÍGIO: UM DIÁLOGO ENTRE MEMÓRIA
E EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SANTANA DO SERIDÓ/RN 145
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA LITERÁRIA NO ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS 146
CONSCIENTIZAR PARA TRANSFORMAR: A EDUCAÇÃO PELO RÁDIO NO SERTÃO DO SERIDÓ 147
DE INSTITUIÇÃO ESCOLAR A ABRIGO: MEMÓRIAS DA ESCOLA JOSÉ COSME IRMÃO 148
A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO DE CONTROLE?! UMA ANÁLISE DE MEMÓRIAS EDUCATIVAS
149
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO DE IGUATU (1925 – 1960) 150
A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA A INFÂNCIA POBRE NO PARÁ E SEUS DESDOBRAMENTOS EM
UMA INSTITUIÇÃO ESCOLAR (1943 - 1975) 151
O TRABALHO COM AS FOTOGRAFIAS NO ENSINO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: UM
ESTUDO COMPARADO DAS COLEÇÕES DO PNLD 2018 152
A CONSTITUIÇÃO DA ESCOLARIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ORLÂNDIA-SP DE 1914 A 1946: UM
ESTUDO POR MEIO DE ASPECTOS DA HISTÓRIA DO GRUPO ESCOLAR “CORONEL FRANCISCO
ORLANDO”. 153
REFLEXÕES SOBRE A MATERIALIDADE ESCOLAR DO INSTITUTO GENTIL BITTENCOURT EM
BELÉM DO PARÁ: HISTÓRIA, ARTEFATOS E ARQUITETURA ESCOLAR 154
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NA CIDADE DE CAMPO GRANDE, SUL DE MATO GROSSO
(2005-2018): UMA ANÁLISE DAS TESES E DISSERTAÇÕES 155
OS DISCURSOS PRODUZIDOS SOBRE A ORGANIZAÇÃO DAS ESTATÍSTICAS EDUCACIONAIS NA
REVISTA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS ENTRE OS ANOS DE 1944 E 1965 156
ENSINO RELIGIOSO: REFLEXÕES ADVINDAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR EMMANUEL BEZERRA 157
PRÁTICAS EDUCATIVAS NAS COMEMORAÇÕES ESCOLARES NO ESTADO DE SERGIPE DO
SÉCULO XX 158
A OBRA DE PAULO FREIRE COMO PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ÂMBITO
DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NA UNESP 159
CAPE – CURSO DE ARTES PLÁSTICAS NA EDUCAÇÃO E A PERSPECTIVA DE SER O ANTECESSOR
DO CURSO DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA 161
O ALVARÁ DE 28 DE JUNHO DE 1759: QUAL REFORMA À EDUCAÇÃO? 163
POLÍTICAS DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NAS CONSTITUIÇÕES DO
IMPÉRIO (1824) E DA PRIMEIRA REPÚBLICA (1891) 164
A ESCOLA DE APRENDIZES ARTÍFICES E A CIDADE DO NATAL: DIÁLOGOS ENTRE A HISTÓRIA
URBANA E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 166
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NAS AULAS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO NA PEDAGOGIA
LIBERTADORA DE PAULO FREIRE 167

11
O DESPERTAR DO SENTIMENTO DE PERTENÇA E IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE
ANGICANA COM AS 40 HORAS DE PAULO FREIRE 168
A ESCOLARIZAÇÃO DAS INFÂNCIAS NO COXIPÓ DA PONTE - CUIABÁ (1930-1945) 170
VALNIR CHAGAS E AS REFORMAS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA A PARTIR DA LEI
5.692/71 171
AUTONOMIA, EDUCAÇÃO E TRABALHO: APROXIMAÇÕES POSSÍVEIS ENTRE AS EXPERIÊNCIAS
EDUCACIONAIS LIBERTÁRIAS E A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE 172
O MOVIMENTO ESTUDANTIL NA PARAÍBA: A ATUAÇÃO DOS ESTUDANTES DE ESPECTRO
“DIREITA” NA PARAÍBA NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR (1964-1974) 173
POR UMA HISTÓRIA DE MULHERES DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO (1924-1959)
174
QUARENTA HORAS DE ANGICOS/RN: TRILHANDO A HISTÓRIA E A MEMÓRIA DE UMA
EXPERIÊNCIA EDUCACIONAL PARA A CONSCIENTIZAÇÃO POPULAR 175
O ATO SENSORIAL COMO OBJETO DE REPRESENTAÇÃO DE UM SENTIMENTO 178
ROBERTO MANGE, A CRIAÇÃO CENTRO FERROVIÁRIO DE ENSINO E SELEÇÃO PROFISSIONAL E
AS TRANSFORMAÇÕES DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONAL NAS DÉCADAS DE 1930 E 1940
179
ESTÁGIO REMOTO E A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS: REFLEXÕES E POSSIBILIDADES DE
FONTE PARA A HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA (2020-2021) 180
MEMÓRIAS PARA UM CONCURSO: APONTAMENTOS SOBRE INSTRUÇÃO PÚBLICA NA OBRA
DE JOÃO RIBEIRO (1890) 181
MOÇAS GRACIOSAS E RAPAZES DISCIPLINADOS: PAPÉIS SOCIAIS DE GÊNERO E INTERSEÇÕES
COM A HISTÓRIA DAS RIVALIDADES ENTRE AS ESCOLAS ESTADUAIS EM BELÉM-PA NAS
IMAGENS DO JORNAL “O LIBERAL” (1971-1980) 182
A EDUCAÇÃO DO CORPO NA FRONTEIRA BRASIL-PARAGUAI NA DÉCADA DE 1940:
HISTORIOGRAFIA REGIONAL 183
PAULO FREIRE E SEU PENSAMENTO, PAULO FREIRE E SEUS SENTIMENTOS: NOTAS SOBRE A
PEDAGOGIA DA ESPERANÇA 184
A EXPANSÃO DAS ESCOLAS RURAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (1908-1930) 185
O DIREITO À EDUCAÇÃO: UMA CONQUISTA FEMININA 186
QUILOMBO BOA VISTA DOS NEGROS: CULTURA, ESCOLA E CIDADANIA 187
A OUSADIA DA SELEÇÃO – ESCRITORES MODERNISTAS NA ANTOLOGIA ESCOLAR DE ESTEVÃO
CRUZ (1933) 188
AS PESQUISAS SOBRE A EDUCAÇÃO PROTESTANTE NO BRASIL: O CASO DA REGIÃO
CENTRO-OESTE 189
A UTILIZAÇÃO DO RÁDIO COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA: O POTENCIAL
EDUCATIVO DAS TÉCNICAS E ELEMENTOS RADIOFÔNICOS NAS COMUNIDADES RURAIS. 190
O PERCURSO HISTÓRICO DA ESCOLA NORMAL DE GOIÁS (1858-1888) 191

12
POLÍTICAS DE FORMAÇÃO PARA SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS DA EDUCAÇÃO DO BRASIL:
EM BUSCA DE INDÍCIOS SOBRE FORMAÇÃO DE SERVIDORES DO IFRN NOS MARCOS LEGAIS
REGULAMENTADORES 192
KINDERCULTURA E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA NAS HISTÓRIAS DE FAZ DE
CONTA DAS CRIANÇAS DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO INFANTIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE: 1988-2006 193
A EDUCAÇÃO POPULAR DE PAULO FREIRE E SUA RELAÇÃO COM O ACESSO E PERMANÊNCIA
NA ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARECI GOMES DOS SANTOS COM ALUNOS NEGROS E
PARDOS DO 5º ANO 194
INTERFACE ENTRE O MOVIMENTO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO E O PENSAMENTO FREIREANO
197
A CONSTITUIÇÃO DA CRIANÇA CIVILIZADA: UM ENSAIO SOBRE OS LIVROS ESCOLARES 202
UM MOMENTO HISTÓRICO DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES DO ESTADO DO MARANHÃO
(APEMA) NA URDIDURA DA TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA (1985-1986) 203
O IDEAL SOCIAL DA ESCOLA DOMÉSTICA DE NATAL/RN - RELATOS DE UMA MEMÓRIA. 204
“HISTÓRIA PRA QUÊ?”: O PAPEL DO ENSINO DE HISTÓRIA E A INTERDISCIPLINARIDADE NO
CONTEXTO EDUCACIONAL DO ENSINO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 205
COMPÊNDIO ELEMENTOS DE GRAMMATICA INGLEZA: O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO
ATHENEU SERGIPENSE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX 206
LENTE DA HISTÓRIA DO ATHENEU SERGIPENSE: O MÉDICO PROFESSOR ASCENDINO ANGELO
DOS REIS (1874-1880) 207
A EDUCAÇÃO DA AFROPERSPECTIVA DOS POVOS BANTU NO ENSINO DE HISTÓRIA: LEI
FEDERAL 10.639/03 NO CHÃO DA ESCOLA “RELATOS DE EXPERIMENTAÇÕES”. 208
HISTÓRIA DA FACULDADE DE NUTRIÇÃO, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE EM 1976 209

13
Programação Geral
15 set 2021 ATIVIDADE

15h Discussões síncronas dos Eixos Temáticos


Para saber o link das apresentações nos Eixos Temáticos clique aqui

19h Diálogo Virtual com Carlos Rodrigues Brandão


Palestrante: CARLOS RODRIGUES BRANDÃO
Mediadora: FERNANDA MAYARA SALES DE AQUINO

Link:
https://www.youtube.com/watch?v=w1ezIZnWGhk&list=PL_l2RfhTZI5_hfs_wjsb3Bo
Gdd-2A2tkA&index=4
16 set 2021 ATIVIDADE

9h Minicursos
Lista de acesso às salas clique aqui

15h Conferência de Abertura:


Contribuições de Paulo Freire para os fundamentos da educação
Palestrante: MAURILANE DE SOUZA BICCAS
Mediadora: OLIVIA MORAIS DE MEDEIROS NETA

Link:
https://www.youtube.com/watch?v=8Q1CHfwaWBE&list=PL_l2RfhTZI5_hfs_wjsb3Bo
Gdd-2A2tkA
17 set 2021 ATIVIDADE

9h Mesa-Redonda 1:
Movimentos de educação popular no Brasil: história e memória
Palestrantes:
KELLY LUDKIEWICZ ALVES
FRANCISCO CANINDÉ DA SILVA
MARLÚCIA MENEZES DE PAIVA
Mediadora:
RITA DIANA FREITAS GURGEL

Link:
https://www.youtube.com/watch?v=t_Pppg1kOp4&list=PL_l2RfhTZI5_hfs_wjsb3BoG
dd-2A2tkA&index=2
15h Mesa-Redonda 2:
Paulo Freire, história e a educação transnacional
Palestrantes:
MARIA CRISTINA GOMES MACHADO
ANTONIO FERNANDO GOUVEA DA SILVA
PAULO ROBERTO PALHANO SILVA
Mediador:
WALTER PINHEIRO BARBOSA JÚNIOR

Link:
https://www.youtube.com/watch?v=cl0KEsrq6us&list=PL_l2RfhTZI5_hfs_wjsb3BoGd
d-2A2tkA&index=3

14
Resumos

15
A ESCOLA COMO VONTADE E REPRESENTAÇÃO: GRUPOS ESCOLARES E ESCOLAS ISOLADAS
PAULISTAS NO JORNAL FOLHA DA NOITE (1921)

Adilson Ednei Felipe (Unifesp)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Objetivo: A educação compõe uma das principais frentes da modernização republicana,


partindo do princípio fundamental de que a formação da nova sociedade, deveria ser
consolidada com a formação do novo homem - civilizado, educado e racional. Os Grupos
Escolares representavam o auge da modernidade e as Escolas Isoladas arcaram com a imagem
depreciativa do atraso, do passado imperial que deveria ser superado. O objetivo deste estudo
é apreender a apresentação destas instituições no jornal Folha da Noite em 1921, sob o
conceito de representação proposto por Chartier (1988) e ponderar sobre o seu papel na
construção imagética em torno destas instituições. Metodologia: Foi realizado levantamento
bibliográfico específico sobre a temática e como fontes primárias foram analisados anúncios e
artigos sobre os Grupos Escolares e as Escolas isoladas no jornal Folha da Noite em 1921
(fundação do jornal e instauração da Reforma Sampaio Dória). Estes documentos se encontram
disponíveis no Acervo da Folha de São Paulo. Resultados: Os anúncio e artigos analisados,
indicam uma construção positivada dos Grupos Escolares e, concomitantemente, uma
construção negativada, ou sem efeito, das Escolas Isoladas em São Paulo. Conclusão: As
representações acerca das Escolas Isoladas e dos Grupos Escolares, são resultados das disputas
por espaços sociais e apresentam sua concretude nos espaços do citado periódico, atendendo
a uma lógica de manipulação de visibilidades diferenciadas para estas instituições de ensino.

Palavras-chave: Escolas Isoladas; Grupos Escolares; Mídia Impressa; Representação.

16
O PENSAMENTO FREIREANO: CONTORNOS DE SUAS BASES FILOSÓFICAS

Ádria Karoline Souza de Aquino Utta (UFMA)

Bergson Pereira Utta (UFMA)

Edinólia Lima Portela (UFMA)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O objetivo deste trabalho é explorar algumas das concepções filosóficas com as quais Paulo
Freire dialogou para a constituição do seu pensamento educacional, a fim de melhor
compreender o processo educativo. Com a aproximação do centenário de natalício do patrono
da educação brasileira, retomamos a leitura das suas obras, refletindo a respeito das bases
constituintes do seu pensamento, marcado pelo ineditismo de ideias fortemente pautadas por
suas experiências e o contexto histórico-social do qual fazia parte. Esta é uma pesquisa em
andamento no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), consistindo em um recorte do estudo bibliográfico sobre as
diversas correntes filosóficas que marcaram a gênese ideológica da obra de Paulo Freire. Pela
metodologia que elegemos, correntes filosóficas como: o existencialismo de Kierkegaard, a
existência concreta de Gabriel Marcel, a relação dialógica de Karl Jaspers, a incompletude do
ser humano de Heidegger, o personalismo de Emmanuel Mounier, o marxismo de Karl Marx, o
neomarxismo de Erich Fromm e a educação como política de Antonio Gramsci, foram
analisadas pela técnica de Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (2006). Entre os achados da
pesquisa, observamos que na construção teórica de Freire não há repetições de estruturas de
pensamentos da tradição filosófica, mas sim algo inédito do seu pensar crítico que permitiram
à Freire demarcar uma abertura à novas ideias, novos caminhos para leitura do mundo e
interpretação da realidade subjacente. Em que pese as eminentes contribuições do legado de
Paulo Freire, sabemos que, ainda hoje, ele é muito questionado pelo ecletismo das suas bases
de estudo, por não se enquadrar em uma única corrente filosófica. Não obstante, ao construir
sua pedagogia, Freire teve por base inicial a realidade do Brasil, um país extremamente
desigual que pela força do capitalismo impôs um silêncio e conformismo à grande maioria da
população excluída dos processos de decisão social e política e, por essa linha de pensamento
a educação é um dos caminhos que concorrem para a emancipação, a autonomia, a
conscientização humana, sempre mediadas pelo diálogo, o que ressalta o ineditismo e
autenticidade da Filosofia Freiriana com uma identidade sólida e firme a partir da vivência da
realidade dos oprimidos.

Palavras-chave: Pensamento freiriano; Ineditismo; Autenticidade; Realidade dos Oprimidos.

17
UNIFORME ESCOLAR: A PRODUÇÃO DA DISTINÇÃO E DA CATEGORIA SOCIAL ALUNO
(MARINGÁ 1999 - 2006)

Adrielly Cristina de Godoi Silva (UEM)

Ednéia Regina Rossi (UEM)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Esta pesquisa tem como tema geral a história do uniforme escolar obrigatório. Apresenta como
objeto de investigação a história do uniforme escolar obrigatório na Rede de Ensino Municipal
de Maringá. A delimitação temporal compreende os anos de 1999-2006, tendo como marco
inicial a implantação da primeira Lei Municipal que tornou obrigatório o uso do uniforme nas
escolas da Rede Municipal de Ensino (Lei nº 4.816/1999), e o marco final é definido com base
nas transformações ocorridas no uniforme das escolas da rede Municipal de Maringá, que
aproximou este indumento à moda. A delimitação espacial engloba a Rede Municipal de Ensino
de Maringá-Paraná, em especial, os anos iniciais do Ensino Fundamental. A investigação se
insere na linha de pesquisa História e Historiografia da Educação e está atrelada às discussões
acerca da cultura escolar. Nesta perspectiva, a problemática colocada é: Quais sentidos da
produção social do aluno podem ser analisados, considerando o uniforme escolar um artefato
material, cultural simbólico? Observa-se que a produção em torno do uniforme escolar reflete
sua relação com a moda, com as identidades da instituição e do aluno, com os usos que dele se
faz. Por outro lado, o uniforme é visto como elemento disciplinador, diferenciador,
homogeneizador e produtor de igualdades visuais. Contudo, não se identificou nenhum estudo
que procurasse estabelecer a relação entre o uniforme escolar e a produção social do aluno. A
instituição escolar apresenta uma forma de organização de afazeres, ela é formada por um
grupo de pessoas que possuem ofícios distintos em seu interior. O traje é apresentado como
criador de distinções e de uniformidade dentro da escola, uma vez que se configura em um
item padronizado. A presente pesquisa teve o objetivo de analisar o uniforme escolar e o seu
papel na produção social do aluno, no período de 1999 a 2006 no município de Maringá. A
presente investigação possibilita pensar sobre as práticas no cotidiano escolar e refletir sobre a
variedade de artefatos que não é notada neste espaço. A análise acerca do uniforme escolar na
construção do papel social aluno pode contribuir com as reflexões da história da cultura
escolar, ou seja, na compreensão dos costumes, hábitos e tradições da escola. O valor desta
pesquisa está em compreender o conjunto indumentário como partícipe da produção
sociológica dos diferentes papéis criados pela sociedade, uma vez que os detalhes revelam
representações sociais e diferenciações. O trabalho possibilita pensar acerca da história do
uniforme escolar no Brasil, assim como nos significados empregados a partir do seu uso. Dessa
maneira, a análise contribui com a construção do conhecimento na área da historiografia da
educação. A pesquisa de caráter bibliográfico e documental utilizou como fontes: projetos de
lei federal, legislações da cidade de Maringá, do Estado do Paraná e da esfera Federal;
fotografias de estudantes das escolas municipais da cidade; uma revista e dois jornais que
divulgaram notícias acerca do uniforme escolar do município de Maringá. Para o levantamento
dos dispositivos legais, foi utilizado o portal de busca da Câmara dos Deputados. Os dados dos

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dispositivos legais que se configuram em leis ordinárias estaduais foram levantados por meio
do portal de busca intitulado “Portal da Legislação” que dispõe de consultas de leis estaduais
de forma online. Os dados referentes às legislações de âmbito municipal foram levantados por
meio do portal de “Legislação Municipal” de forma online. Para todos os portais, os descritores
de busca foram: uniforme, uniforme escolar, símbolos municipais. Os artigos da imprensa local
foram localizados no arquivo da prefeitura do município, mais especificamente, nos
documentos da Secretaria de Educação. Contou-se, ainda, com publicações on-line. A Revista
Maringá ensina foi localizada na biblioteca da Escola Municipal Professora Nadyr Maria
Alegretti, os jornais O Diário do Norte do Paraná e Cesumar em Foco foram encontrados no
acervo pessoal das finalistas do uniforme do Estar e do escolar pelo Concurso Maringá In
moda. O jornal O Diário do Norte do Paraná, atualmente, faz parte do acervo do Patrimônio
histórico da Prefeitura do Município de Maringá. As fotografias utilizadas foram localizadas no
arquivo da prefeitura, bem como em arquivos particulares de professores do município. As
imagens foram utilizadas não como ilustração, mas tratadas como fontes. Considera-se a
proposta de ampliação de fontes e de novas metodologias trazida pela Escola dos Annales, a
qual possibilita, além do conjunto de documentos oficiais, a investigação por meio de fontes
visuais e jornalísticas, objetos e vestígios, que aqui contribuem para a produção de uma escrita
historiográfica. A análise dos dados coletados respaldou-se na metodologia de análise de
conteúdo proposta por Laurence Bardin (2016), a qual permitiu interpretar o conteúdo, por
meio de codificação e, depois, sua organização por temáticas. A análise dos dados coletados
respaldou-se na metodologia de análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin (2016), a
qual permitiu interpretar o conteúdo, por meio de codificação e, depois, sua organização por
temáticas. Bardin (2016) afirma que a análise de conteúdo ocorre a partir das seguintes fases:
a Pré-análise, que “tem por objetivo a organização, embora ela própria seja composta por
atividades não estruturadas, ‘abertas’, por oposição à exploração sistemática dos documentos”
(p. 96); a Exploração do material, "que consiste essencialmente de operações de codificação,
desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas” (p. 101); o
Tratamento dos dados em que "os resultados brutos são tratados de maneira a serem
significativos (falantes) e válidos, [...] permitem estabelecer quadros de resultados, diagramas,
figuras e modelos os quais condensam e põem em relevo as informações fornecidas pela
análise (p. 101). Tal metodologia de análise possibilitou a interpretação dos mais variados tipos
de fontes. O conjunto de fotografias foi examinado de forma cronológica em três blocos: o
primeiro diz respeito aos anos 1999-2001; o segundo, ao período de 2004-2005; e o terceiro
estende-se aos anos de 2005-2007. Tal operação permitiu analisar o que se pesquisava por
meio delas. Teóricos, como Roche (2007), Julia (2001), Sacristán (2005), Perrenoud (1995) e
Certeau (2014), serviram de base para a reflexão. Para o desenvolvimento da pesquisa, alguns
conceitos e interpretações balizaram as análises: cultura escolar, cultura material, categoria
social aluno, tática e estratégias e ofício. O conceito de cultura escolar, trazido pelo historiador
francês Dominique Julia, é visto como “um conjunto de normas que definem conhecimentos a
ensinar e condutas a inculcar e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
conhecimentos e a incorporação desses comportamentos” (2001, p. 10). Entende-se que a
cultura escolar é, também, formada por uma cultura material que abrange os sentidos
simbólicos. Neste sentido, estudar as coisas que o homem usufrui, dentre as quais o vestuário,
é o único meio de avaliar a sua vida cotidiana (BRAUDEL, 1970). Para Roche (2007), a cultura
dos objetos não pode ser reduzida exclusivamente às materialidades, e sim à compreensão dos
fatos sociais. Neste “a proximidade dos hábitos indumentários e das funções mudas da vida
não deve conduzir ao silêncio. Ao quebrá-lo, a história da cultura material ligada à das
sensibilidades encontrará sua explicação” (2007, p. 167). O uso do uniforme escolar pode ser
pensado por meio de dois conceitos propostos por Certeau (1925-1986): o de táticas e o de

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estratégias. Trata-se de dois mecanismos de ações distintos, que se fazem valer no contexto
social, de um lado, o campo da imposição e, do outro, o da reação, “o que distinguem estas
daquelas são os tipos de operações que as estratégias são capazes de produzir, mapear, impor,
ao passo que as táticas só podem utilizá-los, manipular e alterar” (CERTEAU, 2014, p. 87). O
uso obrigatório do uniforme escolar é compreendido como uma estratégia da Secretaria
Municipal de Educação e vem como produto imposto por lei para constituir um lugar definido.
Os alunos, em seu campo tático, ao utilizar o uniforme, manipulam-no, desviando ou
modificando a sua determinação. Para Sacristán, o aluno é uma categoria social inventada
pelos adultos ao longo da experiência histórica, e pertence apenas ao adulto o poder de
organizar a vida da pessoa que será escolarizado (2005). A palavra ofício pode ser
compreendida como função social, a ideia operacionalizada por Perrenoud é que cada um tem
um papel determinado na sociedade. A peculiaridade do trabalho do aluno é também
reconhecida como útil pela sociedade. “Idealmente ofício do aluno consiste em aprender, o do
professor informar. Denominado, à primeira vista, um de aprendente e o outro de formador”
(PERRENOUD, 1995, p. 16). Analisar o uniforme escolar como elemento do repertório
indumentário da escola permitirá acessar os papéis sociais, os modos de viver e de se
diferenciar no âmbito da cultura escolar. Por este caminho, o que se propõe é pensar o
significado do uniforme escolar enquanto partícipe na produção do que é ser aluno. Nesta
pesquisa, utilizou-se de uma leitura de moda para detectar mudanças e sentidos no uniforme
dos estudantes da Rede de Ensino Municipal de Maringá (1999-2006). Com base nos dados
revelados, foi possível observar alterações e permanências entre as amostras de uniformes. O
primeiro modelo obrigatório, a partir de 1.999, foi a camiseta branca com a logo da própria
instituição e esta coordenava a sua produção. O segundo modelo, implantado em 2004, fixou o
uso das T-shirts padronizadas: de gola redonda, com o mesmo tecido em malha, marcada pela
introdução de novas cores e pela novidade da troca dos nomes das escolas por um único
símbolo: a bandeira da cidade de Maringá. O terceiro modelo, elaborado em 2005, desejou
anunciar o que tinha de mais moderno, novas peças, novas cores e novos tecidos. A mudança
do uniforme verde, visualmente, destacou-se. O atrelamento à moda tornou se visível, um
concurso com um desfile dos modelos, com direito à passarela, foi pensado, a produção de
peças diferentes para meninos e meninas marcava um novo estilo, uma nova cor e um novo
design. Quanto ao uso dos emblemas, verifica-se uma conservação nos modelos padronizados
a partir de 2004, a princípio, o uso simbólico da bandeira do município e, posteriormente, sua
substituição pelo brasão de armas da cidade. A utilização dos uniformes oficiais de modo
obrigatório pode estar ligada a uma formação ideal, cidadã, patriótica, uma vez que é
intencionado, a partir da vestimenta e dos símbolos que ela carrega, o vínculo entre o aluno e a
sua cidade. As três amostras de uniformes foram distribuídas gratuitamente, pela prefeitura, a
todos os alunos matriculados. Como resultado, identifica-se que o uniforme padronizado
contribui para homogeneizar aparências e pode minimizar as diferenças no âmbito escolar. Por
outro lado, a obrigatoriedade do uniforme na rede municipal de Maringá foi mantida e
acompanhada por peças versáteis, práticas e confortáveis, que permitem liberdade de
movimento e participação. A partir de 2006, o traje escolar assume uma forma estilosa e
despretensiosa de se vestir: o simples, o moderno e confortável. O uniforme escolar revela
modos específicos de feminilidade e masculinidade, criando a viabilidade de liberdade de
movimentos entre os estudantes. Destaca-se, ainda, que, independente de ser obrigatória, a
utilização do uniforme nas escolas da rede municipal não significou que todos os alunos
aderiram e cumpriram à risca o uso das peças obrigatórias. É relevante destacar que existe um
desvio entre o que é prescrito e o que vem a ser, de fato, o uso de uniformes, isso implica
considerar as operações táticas realizadas pelos alunos no cotidiano da escola. No caso da
realidade maringaense, o uso de uma peça com a logo faz parte de uma norma em vigor e

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constitui uma estratégia da Secretaria de Educação para fomentar o sentimento de
dependência e de ligação do aluno à sua escola, à Rede Municipal de Ensino e à cidade de
Maringá. Além da intensão de garantir segurança e equalização na aparência dos alunos. De
acordo com os dados localizados, foi possível revelar os modelos que circularam entre o
período de 1999 e 2006 e revelar as mudanças implantadas em cada um dos três modelos
instituídos na forma de uniforme escolar obrigatório da Rede Municipal de Ensino. A estética
bela e moderna trazida pela coleção de 2006, almejou o modelo de aluno cidadão ligado a um
contexto histórico marcado pela inovação e o desenvolvimento. Desse modo, conclui-se que a
materialidade do uniforme, ao equalizar as aparências dos alunos, auxilia na produção de
relações menos discriminatórias no interior da escola. Este fato também pode remeter à ideia
de uma maior inclusão e aceitação entre o corpo discente e docente, uma vez que é mantido o
desejo de uma formação cidadã, na qual a igualdade de condições é um direito de todos. No
final do século XX, a expectativa de sujeitos criativos, inventivos, cooperativos, é lançada pela
sociedade que requer alunos autônomos e preparados para atuar no mercado de trabalho e
que sejam capazes de exercer a cidadania. Este é o aluno almejado que a aparência objetiva
produzir.

Palavras-chave: História da Cultura Escolar; Cultura Material; Uniforme Escolar e Moda;


Produção Social do Aluno.

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EDUCAÇÃO DOMÉSTICA NOS ANÚNCIOS DE JORNAIS PARAIBANOS (1880-1889)

Aldenize da Silva Ladislau (UFPB)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A pesquisa visa entender como funcionavam as aulas realizadas por professores e professoras
particulares nas casas dos/as aluno/as na província da Parahyba do Norte entre os anos 1880 a
1889. Utilizou-se como fontes as legislações gerais e provinciais que estabeleceram formas de
organizar a educação ao longo do século XIX, bem como os relatórios de Presidente de
Província e os jornais do período. A partir da historiografia da História da Educação e o
referencial teórico da História Cultural foi possível identificar quais eram os interesses dos
envolvidos na educação da mocidade, além de entender como a legislação atuou na mediação
do processo de construção da educação. Os anúncios de jornais selecionados permitiram
discutir o modo de funcionamento desse modelo de ensino. Concluiu-se que a utilização da
Educação Doméstica foi um meio de difusão das ideias de civilização e de conhecimentos úteis
à manutenção dos valores pátrios e do status social da classe mais abastada da sociedade, pois
eram os filhos das elites econômica e social o público alvo das aulas realizadas nas casas das
famílias. Nos jornais da Paraíba dos Oitocentos podemos verificar a presença de anúncios os
mais variados. Os periódicos destacavam as informações por seções, entre elas encontramos a
seção denominada Instrucção Publica, nesta parte são travados os embates sobre a
organização da educação no período. Como um dos meios de comunicação de massa, os
periódicos serviram como arena política e a instrução da mocidade também era alvo de
discussões. Com um noticiário variado, a instrução era uma das seções ocupadas nos jornais
como a divulgação de anúncios das diversas esferas da vida cotidiana, desde a venda de itens
de consumo até a oferta da prestação de serviços. Médicos, advogados, dentistas e outros
profissionais recorriam aos jornais para comunicar a população a disponibilidade de seus
trabalhos. Com relação aos profissionais da educação não foi diferente. Inclusive o principal
meio de oferta e procura dos mestres/as para o ensino na casa da família eram os anúncios dos
periódicos.

Palavras-chave: Educação doméstica. Anúncios em jornais. Parahyba do Norte. Século XIX.

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MULHERES NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO RN: A EDUCAÇÃO POPULAR POR MEIO DA
EXPERIÊNCIA FORMATIVA DE MAILDE PINTO

Alessandra Maria dos Santos (UFPE)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Ler a realidade social sob a perspectiva de um indivíduo historicamente situado, segundo


Franco Ferrarotti (2014), constitui o método biográfico. É sob esta perspectiva de analisar o
social por meio da biografia de um sujeito que objetivamos, neste estudo, apresentar a
trajetória formativa de Mailde Pinto Ferreira Galvão. Mulher, mãe, desquitada, funcionária
pública, leitora entusiasta, amante da cultura popular e dirigente da Diretoria de
Documentação e Cultura (DDC) vinculada à secretaria de educação de Natal-RN, na gestão do
prefeito Djalma Maranhão, no início da década de 1960. Por sua atuação na DDC tornou-se
presa política, sofreu ameaças e torturas psicológicas. Este fato na história de vida de Mailde
Pinto representa decorrências que outras mulheres, assim como ela, sofreram por participar de
movimentos sociais e de educação popular, nos primeiros anos da década de 1960. Desse
modo, recorremos ao aporte teórico da História das Mulheres (Perrot, 2017) a fim de se
conceder visibilidade àquelas que os silêncios da História não foram possíveis conter por elas
exercerem suas distintas formas de poder, mas também nos valemos do conceito de
experiência de E. P. Thompson (1981), para quem as distintas experiências não apenas vividas,
mas percebidas, possibilitam a compreensão do social. Desse modo, selecionamos a
metodologia da história da oral, por meio da memória qual podemos conhecer fatos pretéritos,
ainda que imbricados por percepções do presente. Além disso, serviram de fontes os
documentos da campanha “De Pé no Chão Também Se Aprende a Ler” e o livro autoral de
Mailde Pinto “1964 aconteceu em abril”, no qual ela narra a experiência vivenciada no cárcere.
Com base nos dados obtidos, percebemos que a prisão não foi a única tentativa de contê-la. A
educação familiar patriarcal, a escolarização confessional, o casamento a contragosto ainda na
adolescência foram modos de inseri-la no perfil feminino da época: filha obediente, esposa
submissa e mãe dedicada. No entanto, com amabilidade, inteligência e intensa ousadia Mailde
Pinto rompe com todas essas expectativas, vivencia e constrói sua própria experiência
histórica. Identificamos, inclusive, que as contribuições de Mailde Pinto na Diretoria de
Documentação e Cultura resultaram na expansão do acesso à literatura à população privada
deste bem cultural. Assim, realizou ações para arrecadação de livros e criação de bibliotecas
improvisadas em barracões de madeira, nas periferias de Natal. Estas atividades somaram-se às
outras ações da campanha “De Pé no Chão Também Se Aprende a Ler”, como expansão da
alfabetização a adultos e crianças, formação de professores para atuarem na campanha e
realização de cursos profissionalizantes e festas populares. Demarcando, dessa maneira, a
relevância das ações de educação popular, mas também evidencia os feitos desta mulher na
História da Educação e, consequentemente, na História das Mulheres.

Palavras-chave: Mulher; Mailde Pinto; Educação popular.

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A PSICOLOGIA A FAVOR DA EDUCAÇÃO LIBERTADORA

Alice Borguetti Doro (UNESP)

Alexia Zara Tida (UNESP)

Guilherme Oliveira Valério (UNESP)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

O presente trabalho propõe-se a realizar um resgate dos conceitos de Paulo Freire presentes
no livro “Educação como prática da liberdade” (1967) e estabelecer, em conjunto com a forte
influência do psicólogo social Ignácio Martín-Baró, uma reflexão sobre a relação da educação
conscientizadora e a subjetivação do sujeito. Para isso, realizou-se uma breve revisão
bibliográfica da obra de Freire, uma leitura crítica atravessada pela análise produzida a partir
das inquietações do texto “O papel do Psicólogo” (1996), de Martín-Baró. Para Freire, o
humano se constitui através de suas relações com o mundo, distinguindo-se essencialmente
dos animais que mantêm contatos instintivos com seu habitat. Dessas relações travadas entre
o humano e o mundo, denotam-se algumas peculiaridades como a criticidade e a
temporalidade. Dessas relações estabelecidas, não é possível encontrar uma resposta única de
como agir: há infinitas formas de abordar diferentes situações e o sujeito deve escolher a
melhor, planejar e executar. Isso é uma atuação crítica: a reflexão impera em detrimento da
ação instintiva. Do agir crítico sucede-se a descoberta do tempo. Passado, presente e futuro
são constituídos e os indivíduos concebem a historicidade humana. Dentro dessa perspectiva,
o sujeito produz seu mundo e a si mesmo. Partindo disso, é importante que não haja uma
simples adaptação a sua realidade, essa passividade configura uma característica da
desumanização. Ao contrário, necessita-se de uma atuação integrada com o mundo, permeada
pela atitude crítica e, para possibilitar isso, é importante que haja liberdade. Caso não seja
livre, o indivíduo será absorvido pela acomodação oriunda da massificação e poderá ser
destituído de sua posição ativa de sujeito. Encontrando a priori a saída crítica do pensar e agir,
tem de optar pelo diálogo como método de transmissão, para que não se utilize da violência
como imposição, típica da atuação elitista. Uma vez que faça uso desse movimento e promova
sua imersão no mundo, desenvolverá a consciência de sua humanização. Perante isso, pode-se
pensar a atuação psicológica como uma força capaz de levar tanto à massificação, quanto à
conscientização dos sujeitos. Para Martín-Baró, a atuação do psicólogo deve estar ligada à
promoção do sujeito em sua perspectiva humanizada, para que não haja ajustamentos. Na
prática, é necessário o uso do diálogo, para integrar com quem se trabalha a sua respectiva
realidade. É essencial que os psicólogos promovam uma educação psicológica de bases críticas,
que leve a uma tomada de consciência e não opere pelas forças massificadas e
desumanizadoras das elites. Dessa forma os conceitos de Freire são de grande importância
para uma perspectiva da atuação do psicólogo, pensando assim a realidade objetiva e a
perspectiva histórica da população. Então, acompanhando os menos privilegiados, colocando o
saber do psicólogo a serviço da sociedade para que os interesses de poucos não exijam a
desumanização de todos.

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Palavras-chave: Educação; Psicologia Social; Humanização.

25
100 ANOS DE PAULO FREIRE: OLHARES SOBRE O ENSINO, A APRENDIZAGEM E A FORMAÇÃO
DE PROFESSORES

Aline da Silva da Fonseca (UNESPAR)

Marcia Marlene Stentzler (UNESPAR)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife. Pertencente a uma
família humilde, ele enfrentou dificuldades para conseguir concluir seus estudos. Segundo Ana
Maria Freire (2001) sua família tinha poucos recursos, era filho de um tenente da Polícia Militar
de Pernambuco. Paulo Freire iniciou seus estudos em casa, com o auxílio de sua mãe, que o
ensinou algumas palavras do seu cotidiano. O autor é reconhecido como patrono da educação
brasileira, devido a suas contribuições no âmbito da educação. Este trabalho tem como
objetivo analisar o processo de ensino, aprendizagem e a formação de professores tendo por
base as obras Pedagogia da Autonomia e Professora sim, Tia não, de Paulo Freire (2002; 1997),
entretecidas a outras produções deste educador. A escolha das obras se deve a temática de
ambas, onde o autor chama a atenção para o que realmente é importante na educação e,
também, discorre acerca do trabalho docente. O estudo se justifica pela grande importância do
pensamento de Freire para a educação brasileira. No ano que comemoramos o centenário de
seu nascimento, revisitar sua produção é um presente para a educação, homenageando, assim,
o patrono da educação brasileira. É imprescindível conhecê-lo. Sua obra revela que a educação
deve ser um ato de amor, implicando numa postura profissional. A metodologia utilizada é a
pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, tendo por base Silveira e Córdova (2009), Gil
(1991), Freire (1997; 2002), Soares (2020) e outros estudos desenvolvidos sobre a temática
estudada, incluindo livros e artigos disponíveis em meios eletrônicos. Conhecer as ideias de
Paulo Freire é um ato de resistência e defesa da educação pública, da educação para os
trabalhadores e pela formação de professores críticos e comprometidos com a transformação
da sociedade. Na visão do autor, a partir das duas obras analisadas, o professor deve, antes de
tudo, amar sua profissão e seus alunos, para, dessa forma, desempenhar sua função com
sucesso. Entretanto, considera indispensável o preparo científico. A educação é considerada
por Paulo Freire como o meio capaz de transformar os sujeitos, tornando-os seres críticos e
conscientes de sua realidade e, assim, capazes de agir sobre ela em seu favor, ou seja, sujeitos
que conhecem e lutam por seus direitos. Apesar de todas as adversidades, Freire se dedicou a
educação, produziu inúmeras obras voltadas ao ensino e ao trabalho docente. Seu legado é
atualmente reconhecido nacional e internacionalmente. Um exemplo dessa inserção de suas
obras em âmbito internacional são os inúmeros títulos traduzidos para várias línguas.

Palavras-chave: Paulo Freire; Educação; Docência.

26
MARTA MARIA CHAGAS DE CARVALHO: INTELECTUAL DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA

Aline de Medeiros Fernandes (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O objetivo deste estudo foi apresentar a professora Drª Marta Maria Chagas de Carvalho
enquanto intelectual da História da Educação brasileira. O trabalho foi desenvolvido a partir da
sistematização do conceito de intelectual proposto por Magalhães e Barreto (2016),
consideradas as categorias de ideia, argumento, aplicabilidade e legitimidade e cruzadas com
os dados de vida pregressa e atual de currículo integrados na base da plataforma Lattes. A
partir disto, descrevemos seu percurso profissional, orientações e atuações assumidas em suas
produções e obras publicadas sobre a Educação e Historiografia brasileira, além de considerar
um texto com teor biográfico e de sua autoria para análise, a partir do conceito de memória
(MEIHY; SEAWRIGHT, 2020). A teorização do assunto revelou respostas em torno de suas
características, objetos de dedicação, posicionamentos e impacto social. As escolhas e
repertórios dela foram verificadas em seus diversos aspectos: circulação de modelos culturais,
práticas pedagógicas, arquivos escolares, instituições escolares e nacionalismo e educação
foram alguns dos assuntos os quais ela se dedicou e se dedica enquanto intelectual.
Transcorridas as apreciações, reconhecemo-la enquanto possibilidade de fundamentação
teórica e metodológica nas produções de conhecimentos utilizadas e referenciadas por
pesquisadores, pois o propósito de seus estudos recai nas gerações atuais e seguintes que se
dedicarem a estudar principalmente no que se refere aos seus campos de experiência, na área
de Historiografia e História da Educação. Com este trabalho, pretendemos somar a outras
produções que compõem a vida e as obras de intelectuais da historiografia brasileira e suas
teorias educacionais.

Palavras-chave: História da Educação; Intelectuais da Educação; Marta Carvalho.

27
ENFOQUE PARA OS ALUNOS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “FERNANDO COSTA” (1953-1975)

Aline de Novaes Conceição (UNESP)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Apresentam-se neste texto, resultados finais de pesquisa realizada no âmbito do Curso de


Mestrado. O objetivo consistiu em reconstituir aspectos das vivências dos alunos do Instituto
de Educação “Fernando Costa”, que funcionou em Presidente Prudente/SP, entre 1953 e 1975.
Para isso, mediante abordagem histórica, documental e bibliográfica, a partir dos
procedimentos de localização, identificação, reunião, seleção e sistematização foram
elaborados dois instrumentos de pesquisas um contendo referências de fontes localizadas no
arquivo permanente do Instituto de Educação “Fernando Costa” e outro contendo referências
de textos, sobre essa instituição, localizados nos números dos jornais impressos prudentinos. A
partir disso, selecionaram-se atas, exames realizados pelos alunos, livro de correspondência e
de compromisso, registro de punições, termo de visita do Inspetor Estadual, inventário, livros
de matrícula, planta da instituição e textos contidos nos números dos jornais. Além dessas
fontes, selecionaram-se legislação educacional orientadora e normatizadora desse instituto,
figuras e bibliografia sobre o tema. A análise das fontes foi realizada considerando a História
Cultural, compreendendo a importância de pesquisar os cotidianos das instituições escolares a
partir da utilização de diversas fontes. A partir disso, verificaram-se que a seleção dos alunos
do Curso Ginasial, Colegial, Normal e de Aperfeiçoamento do Instituto de Educação “Fernando
Costa era realizada com exames em que eram aprovados os alunos com as melhores
classificações. Ser selecionado para estudar nesse instituto, significava esforço e status e
durante todo esse processo, a imprensa prudentina era utilizada, para divulgação dos
resultados. Os alunos que apresentavam um comportamento que não estava de acordo com as
normas utilizadas na instituição eram punidos, as punições sofridas consistiam em: repreensão
verbal, repreensão escrita, suspensão de até oito dias, transferência compulsória, exclusão
definitiva da escola e perda do ano. No Instituto de Educação “Fernando Costa”, foram
localizadas 177 punições sofridas pelos alunos, sendo 107 advertências ou repreensões, 67
suspensões, uma transferência, uma expulsão e uma perda do ano. É possível constatar que os
motivos mais recorrentes de advertências ou repreensões sofridas pelos alunos, consistiram
em: “Indisciplina em classe” (24), “Saída do estabelecimento sem autorização do diretor” (19)
e “Desrespeito ao professor, ou funcionário, ou diretor” (13), enquanto que os motivos mais
recorrentes de suspensões consistiram em: “Indisciplina” (10), “Saída do estabelecimento sem
autorização do diretor” (7) e “ausência coletiva” (7). Constatam-se que os dois motivos mais
recorrentes de suspensões são idênticos aos motivos de advertências ou repreensões e os
alunos da instituição em questão eram punidos com o objetivo de inculcar condutas a esses
sujeitos tidas como necessárias para a instituição.

Palavras-chave: Educação; História da Educação; Instituto de Educação.

28
A CRIAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR ANTÔNIO DE SOUZA (1923)

Amanda Vitória Barbosa Alves Fernandes (UFRN)

Marlúcia Menezes de Paiva (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Este trabalho tem o objetivo de compreender o processo de criação do Grupo Escolar Antônio
de Souza em 1923, sob direção e administração da Associação de Professores do Rio Grande do
Norte (APRN). Utilizamos a revista Pedagogium (1921-1927), periódico da referida instituição,
como fonte principal para a construção historiográfica, assim como o diálogo com documentos
oficiais das décadas de 1910 e 1920: os Atos e Resoluções da Instrução Pública do Rio Grande
do Norte, o Regimento Interno dos Grupos Escolares (1914 e 1925) e os Livros de Matrículas
das Escolas Subvencionadas do Estado (1924-1925). As fontes foram analisadas a partir dos
pressupostos da História Cultural por permitir identificar como em diferentes lugares uma
realidade social é construída, pensada e dada a leitura (CHARTIER, 1990). Desde as primeiras
ideias de fundação de uma agremiação de professores do estado, o desejo de auxiliar o poder
público no combate ao analfabetismo constituía-se em prioridade. Em sua fundação no final de
1920, a APRN se propôs a defender os interesses do magistério e criar instituições escolares
para alfabetizar a população, como premissa e dentro de suas possibilidades. Após a
implantação da revista Pedagogium em 1921, essencialmente como ferramenta de auxílio aos
professores na divulgação de ideias e práticas pedagógicas, direcionou seus interesses para
construir uma instituição escolar a fim de ajudar a combater o problema do analfabetismo no
RN. Por meio de auxílios mútuos, campanhas de mobilização estadual, o Grupo Escolar Antônio
de Souza foi construído, e inaugurado no dia 1 de maio de 1923 com o objetivo de ser um
espaço dedicado a disseminação de ideias e práticas pedagógicas modernas para a população
do bairro do Tirol em Natal, onde estava situado. Esse não foi criado pelo governo como
demais que possuíam a denominação de grupo escolar; era particular, porém gratuito, mantido
pela APRN, mas recebia subvenções do estado e outras doações. Por meio desse estudo,
pudemos observar que suas práticas pedagógicas estavam pautadas em ideias educativas
vinculadas ao que defendiam os líderes da agremiação de professores: às noções de moral e
civismo, o higienismo, a organização do currículo, métodos de ensino considerados inovadores
no período, entre outros.

Palavras-chave: História da Educação; APRN; Práticas pedagógicas; Grupo Escolar Antônio de


Souza.

29
O REPOSITÓRIO DE CONTEÚDO DIGITAL NAS PESQUISAS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA E O DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO COMO ACERVO PARA PESQUISA
EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Ana Liziane Araújo da Paz (UFRN)

Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Pouco a pouco, os acervos físicos estão se estendendo para o mundo digital, assim,
possibilitando o mais fácil e amplo acesso a muitos documentos, o que, consequentemente,
oportuniza novas pesquisas em diversas áreas. Visto as novas ferramentas de acesso a
documentos, como os Repositórios Digitais, por exemplo, percebeu-se a necessidade de estudo
voltado para esse novo meio que são base de diversas fontes de pesquisas. Os Repositórios
Digitais configuram-se como acervos online para pesquisas em diversos campos de interesses,
desse modo possibilitando o fácil, amplo e livre acesso a diversos documentos. Posto isto, este
artigo apresenta dois Repositórios Digitais, sendo eles: o Repositório Institucional da UFSC –
História da Educação Matemática e de História e Memória da Educação (RHISME), que
possuem diversas fontes para pesquisas, além de contribuir para a preservação da memória e
estudos no campo da História da Educação, desse modo, buscou-se como objetivo analisar
quais as contribuições que estes repositórios trazem para esse campo de pesquisa. Para a
realização do estudo, foi necessário o levantamento destes repositórios através de suas
caracterizações, além de uma busca por trabalhos acadêmicos realizadas a partir de acervos
disponíveis nesses espaços digitais, para isso realizamos uma pesquisa exploratória no Google
Acadêmico, na busca, usamos as siglas ou nome por extenso dos respectivos repositórios junto
ao operador booleano “and” e o descritor “História da Educação”, além de filtrar os resultados
dos últimos 5 anos, o método de escolha deu a partir de uma indicação explícita de uso de
fontes oriundas de um dos repositórios objeto deste estudo. Para tanto, foi realizada a leitura
dos títulos e dos resumos, por fim selecionamos 4 pesquisas ao todo (2 teses e 2 dissertações).
Percebeu-se a grande importância e relevância desses Repositórios Digitais, que eles podem
sim ser utilizados como fontes, trouxemos exemplos práticos de pesquisas realizados através
de alguns deles. Dessa forma, espera-se não só contribuir para expansão e divulgação, como
também para mais acesso e popularização desses espaços digitais, e que, além dos
pesquisadores da área da história da educação, a comunidade ao todo venha a usufruir, assim
trazendo ainda mais conhecimentos, análises e pesquisas sobre a História da Educação no
Brasil.

Palavras-chave: Fontes; Repositórios digitais; História da Educação; Rio Grande do Norte.

30
A CONTRIBUIÇÃO DA PROFESSORA “MARIA DO CÉU LOPES” PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
DE LUIS GOMES - RN

Ana Luíza Nunes Bezerra (UFPB)

Maria Lúcia Pessoa Sampaio

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Esse artigo busca analisar a contribuição da professora “Maria do Céu Lopes” para a educação
de Luís Gomes - RN, uma cidade localizada no Alto Oeste Potiguar. O trabalho apresenta uma
parte da monografia do curso de especialização em Políticas e Práticas da Educação Escolar, da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, destacando sobre a história de vida
pessoal e profissional da professora por meio das memórias construídas na trajetória de vida e,
teve ainda, grande influência de Padre Caramuru e ao ter um convívio com Anísio Teixeira,
vivenciou momentos construtivos para sua profissão, pelas experiências e práticas na carreira
docente, buscando sempre melhorias para a cidade fazendo com que a educação pudesse
avançar mesmo diante das dificuldades que os educadores vivenciavam na época. Para o
percurso metodológico, utilizamos autores que dialogam sobre a temática do referido trabalho,
sendo uma pesquisa qualitativa, bibliográfica e documental. Concluímos que as experiências
profissionais são importantes para a atuação do trabalho do professor mesmo diante das
dificuldades enfrentadas no decorrer da profissão, as formações são essenciais para a prática
educativa desenvolvida no âmbito escolar por meio dos profissionais da educação. As
memórias construídas inicialmente no percurso de vida pessoal levaram Maria do Céu Lopes a
ser professora, e assim, sua trajetória teve grande contribuição para a educação de Luís Gomes
por meio das experiências e desenvolvendo práticas educativas no meio coletivo educacional,
onde existia um grande amor pela educação.

Palavras-chave: Memória; História da Educação; Luís Gomes.

31
DE NORMALISTA E EDUCADOR À INTELECTUAL NORTE RIO GRANDENSE: SEVERINO BEZERRA
DE MELO (1908-1946)

Ana Tereza dos Santos Araújo (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Esta pesquisa investiga a história do intelectual Severino Bezerra de Melo (1888-1971),


ingressante da primeira turma da Escola Normal de Natal/RN (1908). O estudo objetivou
observar os vestígios da atuação desse intelectual em seus campos de atuação, buscando
entender quais foram seus relacionamentos na Escola Normal de Natal, quais os agentes
envolvidos na sua trajetória, os motivos para a construção do Colégio Dom Pedro II em
Natal/RN e analisar a influência das suas redes de sociabilidade na construção de Severino
Bezerra enquanto Intelectual. Para isso, realizou-se análise documental e bibliográfica em
acervos físicos e virtuais disponibilizados pelos repositórios institucionais da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), fazendo também coleta e catalogação de fontes
documentais sobre Severino Bezerra e seus espaços de atuação. Nesses acervos localizou-se
documentos oficiais, como decretos, mensagens e discursos dos governadores do Estado;
revistas, como a Pedagogium; e jornais como A República. A pesquisa fundamenta-se a partir
dos pressupostos de Intelectuais e redes de sociabilidade de Sirinelli (1996), fontes históricas
de Barros (2010) e do método indiciário utilizado por Ginzburg (1989) dentre outros. Com essa
investigação, percebeu-se que Severino atuou em vários espaços no Estado, atuando em
Grupos Escolares, entre eles o Grupo Escolar Frei Miguelinho, em 1913; como professor de
Geografia na Escola Normal de Natal, lecionando Instrução Moral e Cívica no Ateneu
Norte-Rio-Grandense; dirigindo a Escola de Comércio de Natal, e ainda lecionando na Escola
Feminina de Comércio e Escola Doméstica de Natal. Em 1927 fundou e dirigiu o Colégio Pedro
II, um internato, semi-internato e externato. Concomitante a isso, Severino atuou na Direção de
Educação do Estado do Rio Grande do Norte, dentre outros cargos, demonstrando ser membro
ativo no campo político e educacional. A história dos Intelectuais demonstra uma linha tênue
entre o cultural e o político, isto posto, analisou-se o professor Severino Bezerra considerando
todos os seus aspectos, assim como seus espaços de atuação e os agentes envolvidos na sua
história, podendo assim, evidenciar e preservar a sua história e memória enquanto Intelectual
no Rio Grande do Norte.

Palavras-chave: Intelectual; História da educação; Rio Grande do Norte.

32
INOVAÇÕES EDUCACIONAIS NO COTIDIANO DO GRUPO ESCOLAR FREI MIGUELINHO NAS
PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

Andressa Barbosa de Farias Leandro (UFPB)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente trabalho tem como fito analisar as inovações educacionais no Grupo Escolar Frei
Miguelinho nas primeiras décadas do século XX. Ancorado nas concepções teóricas de Certeau
(1994) e na análise de fontes escritas, a exemplo de jornais, leis e decretos, a pesquisa
demonstrou que o referido grupo escolar, dirigido pelo professor Luiz Soares, desde a sua
fundação, teve seu cotidiano (re)inventado por práticas pedagógicas consideradas inovadoras
para a época. O Grupo Escolar Frei Miguelinho foi fundado no ano de 1912, por meio do
Decreto nº 277 - B de 28 de novembro de 1912. Nesse mesmo ano, o professor Luiz Soares foi
nomeado para assumir a sua direção, cargo em que permaneceu até 1967, ano em que faleceu.
Imbuído dos ideais escolanovistas, o educador norte-rio-grandense argumentava em prol de
uma educação completa que não se limitasse à instrução. Para ele, o escotismo era um
exemplo de escola ativa, visto que enfatizava elementos como aprender fazendo,
desenvolvimento individual e o contato com a natureza. Faz-se necessário ressaltar que o
professor Luiz Soares implantou, no de 1917, juntamente com o Henrique Castriciano e o
Comandante Monteiro Chaves, a prática escoteira no estado potiguar, e em 1919, foi
responsável pela fundação da Associação de Escoteiros do Alecrim, cujas atividades,
inicialmente, eram praticadas no Grupo Escolar Frei Miguelinho até a inauguração da sua sede
no ano de 1923, que foi construída no mesmo quarteirão em que estava situado o citado
grupo. A Associação escoteira, dirigida pelo professor Luiz Soares, dispunha de uma Escola
Profissional, de um cinema educativo e de uma banda de música, denominada Charanga do
Alecrim. Os alunos do Grupo Escolar Frei Miguelinho eram também escoteiros e sendo assim
tinham acesso ao ensino profissional, exercícios físicos, cinema educativo e a possibilidade
aprenderem a tocar instrumentos de percussão e sopro. Destarte, o professor Luiz Soares
proporcionava aos seus alunos uma educação que ele considerava completa, tendo em face os
valores educacionais da época, para torná-los cidadãos educados, conscientes de seus direitos
e deveres e úteis à sociedade. Considerando que o Grupo Escolar Frei Miguelinho é parte da
memória educacional do Estado do Rio Grande do Norte, pretendemos que este estudo venha
contribuir com a historiografia da educação brasileira e estimular o debate e a produção
acadêmica sobre os estudos das instituições escolares.

Palavras-chave: Grupo Escolar Frei Miguelinho; Professor Luiz Soares.

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RESGATANDO FREIRE DO BALAIO: UM VOO PARA A LIBERDADE

Anete Alves da Silva Nogueira (GENPROF/UFRN)

Fredy Enrique González (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este texto é um recorte de pesquisa onde se faz um mergulho na história da formação das
alfabetizadoras que atuaram nas diversas experiências de alfabetização que têm acontecido no
Rio Grande do Norte a partir do Programa de Alfabetização Solidária – PAS.Aqui a autora narra
como resgatou, nos anos 80, a obra de Freire de um balaio, dando-se seu encontro com o
mesmo, tornando-se referencial para a sua praxis de alfabetizadora de jovens e adultos.A partir
do referencial teórico, adotamos os conceitos relativos à identidade profissional expressos por
Dubar (2012) e Silva; Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa (BICUDO,
2020), de natureza autobiográfica (PASSEGGI, 2020; FERRAROTI, 2014). Os dados foram obtidos
por fontes: testemunhal, documental e empírica. A primeira é expressada pela narrativa
autobiográfica (FORMENTI, 2013) da autora que, baseando-se nas suas lembranças e
rememorações, consegue identificar no percurso da sua trajetória de vida, os incidentes que
conduziram-na a se converter na alfabetizadora que é hoje. Para as fontes de natureza
documental se faz uma leitura crítica de documentos que dão conta dos processos de
formação de alfabetizadores e das políticas públicas sobre alfabetização implementadas no Rio
Grande do Norte. O terceiro grupo de fontes foram as textualizações elaboradas a partir de
entrevistas qualitativas (SIONEK; ASSIS; FREITAS, 2020), realizadas a parentes próximos e outras
alfabetizadoras. Na análise das informações obtidas foi aplicada a estratégia de imersão
arqueológica e contemplação hermenêutica. A pesquisa ainda está em andamento, porém
resultados de reflexões preliminares nos permitem sinalizar que a identidade profissional é um
processo histórico e socialmente condicionado, que se inicia no próprio lar, se desenvolvendo
em várias etapas: sensibilização, despertar da vocação, formação, conscientização, confirmação
e identificação.

Palavras-chave: Alfabetização Solidária; Desenvolvimento Profissional; Pesquisa Narrativa;


Paulo Freire; Liberdade.

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OS PRIMEIROS PROFESSORES DA ESCOLA RURAL MISTA DUQUE DE CAXIAS - SÃO JOSÉ DOS
QUATRO MARCOS-MT

Ângela Luzia Magalhães Silva Mello (UFMT)

Elizabeth Figueiredo de Sá (UFMT)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Este trabalho é parte da pesquisa de doutorado desenvolvido no Programa de Pós-graduação


em Educação, na Linha de Pesquisa Cultura, Memórias e Teorias em Educação. Objetiva trazer a
lume os primeiros professores que atuaram na primeira escola primária de São José dos Quatro
Marcos, sua formação e prática docente. A pesquisa tem como referencial teórico
metodológico a perspectiva da História Cultural (CHARTIER, 1991) e das Instituições Escolares
(SANFELICE, 2007). Para tal, utilizaremos as pesquisas sobre a fundação da cidade e da escola,
bem como a obra memorialística de Luís Carlos Bordin, que trata especificamente sobre São
José dos Quatro Marcos contendo depoimentos. A cidade de São José dos Quatro Marcos foi
criada no bojo do processo de colonização recente de Mato Grosso, advindo de um programa
gestado por Getúlio Vargas com vistas a ocupar os “espaços vazios” na Amazônia, destacando a
importância de integrá-la ao restante do país. Sua primeira escola, denominada Escola Rural
Mista Duque de Caxias, foi construída em 1966 em um terreno doado por Miguel Nascimento,
em sistema de mutirão pelos migrantes, utilizando o que eles tinham na mata que os rodeava:
madeira revestida de barro. Inicialmente a aula foi ministrada por Francisco Paulo de Brito, que
logo abandonou a incumbência e interrompeu as aulas. No ano seguinte, a escola reabriu com
30 alunos, de 1ª a 4ª séries numa classe multisseriada, sob a regência de Inivaldo Mila, tendo
Maria Luiza como auxiliar. Em áreas de reocupação recente era muito comum a comunidade
escolher dentre os migrantes aquele que havia estudado um pouco mais para ser professor das
crianças, até que o local se desenvolvesse e professores formados se interessassem em migrar
para as novas cidades. Inivaldo Mila estudou até a 4ª série primária, por isso, teve que cursar o
Curso de Férias para atuar como professor. A exigência do curso de férias é uma prática
reveladora de uma preocupação em âmbito nacional em que o país vivenciava no início da
década de 1960. Os problemas com a educação no Brasil não se reduziam apenas à falta de
escolas ou à escolas em péssimas condições de funcionamento, era preciso preparar
professores para enfrentarem o desafio de ensinar haja vista que, no início dos anos de 1960,
cerca de 45% dos professores que lecionavam no ensino primário no Brasil não tinham
formação para exercerem sua função, ou seja, eram professores leigos. Foi no âmbito desse
quadro que o curso de férias foi criado, ele era um curso preparatório para professores leigos
que ocorria nos meses de janeiro, fevereiro e julho, durante as férias escolares. Foi nesse
contexto que o jovem professor Inivaldo Mila fez o curso de férias oferecido pelo governo
estadual e assim se tornou professor num cenário totalmente carente de infraestrutura.
Permaneceu à frente dessa escola por quatro anos. Naquela realidade, a escola se tornou
prioridade para garantir a permanência em áreas de reocupação recente, pois sem oferecer

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educação escolar aos filhos dos migrantes as famílias não permaneceriam em suas terras. Por
isso, não mediram esforços para erigi-la em meio a floresta.

Palavras-chave: São José dos Quatro Marcos; Escola Mista; Educação-Mato Grosso;
Colonização recente.

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A REVISTA INFANTIL O TICO-TICO: UMA ANÁLISE DAS CRIANÇAS ASSINANTES DE MACEIÓ

Ângela Maria dos Santos (UFPB)

Fabiana Sena da Silva (UFPB)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Este artigo tem como objetivo tecer algumas reflexões acerca do periódico O Tico-Tico
(1905-1962) que originou-se durante uma das fases de partição da Sociedade Anônima O
Malho. Propõe-se, também, a análise de quem eram as crianças maceioenses assinantes da
revista supracitada. A pesquisa de natureza documental e bibliográfica foi realizada na
Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional Digital, bem como em teses e dissertações
acerca da temática em tela. As fontes consultadas foram os periódicos O Malho e O Tico-Tico. A
proposta deste estudo surgiu dos indícios encontrados durante as pesquisas em jornais para a
realização dos projetos de mestrado e doutoramento da autora deste escrito. À vista disso, o
presente texto estrutura-se em três momentos: o primeiro momento serão abordados a
contextualização e o escopo do impresso infantil O Tico-Tico - uma revista de inspiração
francesa (tendo como modelo a La Semaine de Suzette) que foi criada em 1905 pelo jornalista
Luís Bartolomeu de Sousa e Silva (1866-1932). A partir de 1934 O Tico-Tico desponta com
novidades para o consumo infantil, com edição/autoria de Adolfo Aizen (1907-1991) -; os
segundo e terceiro momentos versarão a respeito das crianças maceioenses assinantes do
periódico e os conteúdos abordados nas publicações dentro do recorte temporal das décadas
de 1920 e 1930, desses conteúdos destacam-se os comentários na coluna Correspondência do
Dr. Sabe tudo, as fotos enviadas para divulgação dos aniversariantes e conhecimento de quem
eram Os nossos pequenos leitores e Os nossos amiguinhos / Os amiguinhos d’“O Tico-Tico”.
Considera-se que o propósito pedagógico formativo da revista estava vinculado a educação dos
futuros cidadãos republicanos com fitos na preparação moral e cívica, no ensino da história
voltado para o patriotismo, o despertar da leitura e curiosidades, expansão da língua
portuguesa por meio da indicação de literatura e participação de concursos com premiações.

Palavras-chave: Assinantes infantis; Crianças leitoras de Maceió; Impressos infantis; Revista O


Tico-Tico.

37
ANÁLISE DO LIVRO “EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO”

Angélica Martins da Silva (IFG)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

O ambiente voltado à agricultura é um local de construção de uma prática educadora, em que


há constante intercâmbios de conhecimentos entre os atores envolvidos. Um local onde há
troca de saberes é diária e há perpetuação de geração a geração. Com base nestas
constatações, o educador Paulo Freire escreveu no Chile em 1968 o livro “ Extensão ou
Comunicação”, com o objetivo de verificar os impasses do diálogo entre os agrônomos e os
camponeses, ocorridos devido há fundamentos equivocados que salientam a hierarquia dos
saberes de determinado grupo social. Dentro deste contexto, o objetivo do trabalho é analisar
o livro “Extensão ou Comunicação”. O trabalho é uma pesquisa qualitativa. A metodologia
utilizada foi a análise do discurso, em que por meio da polissemia, paráfrase e metáfora
explicou-se os sentidos dos fundamentos presentes no livro “Extensão ou Comunicação” do
autor Paulo Freire. Os resultados indicam que Paulo Freire em seu livro aborda a convivência
entre agrônomos e camponeses, sendo que, estes perpasses desta conivência podem ser
utilizados também entres professores e estudantes. Outra constatação é que ao decorrer da
obra o termo extensão é substituído por comunicação, devido a comunicação ser um termo
que designa o saber de modo unilateral entre os indivíduos na sociedade. Os fundamentos de
Freire em seu livro perpassam por uma educação dialógica que reflete sobre as informações
apresentadas ao decorrer da obra, de modo que é uma educação reflexiva inclusa no cotidiano
das pessoas e não mera repetição de saberes sem reflexões. Além disso, os camponeses não
devem ter seus conhecimentos esquecidos em meio a outros conhecimentos vindos dos
agrônomos, mas como ocorre no meio escolar é necessário valorizar o saber de origem do
camponês como o saber do educando. Conclui-se no estudo que o livro “Extensão ou
Comunicação” aborda uma prática de educação para a liberdade, transformações sociais e
maior igualdade na sociedade.

Palavras-chave: Aprendizado; Conscientização; Dialética.

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O MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO DE PAULO FREIRE E SUA RELAÇÃO COM A SEMIÓTICA

Anna Gabriella de Souza Cordeiro (SMEC - João Câmara; SEDIS - UFRN)

Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

No ano de 1963, uma pequena cidade do Rio Grande do Norte ganhou notoriedade nos
cenários nacional e internacional. Angicos foi palco de uma das experiências mais bem
sucedidas da História da Educação mundial, devido a implantação do método de alfabetização
idealizado por Paulo Freire. O evento ficou conhecido como “as 40 horas de Angicos” e se
propunha a alfabetizar adultos em apenas 40 horas de aula. Para além de ensinar a ler e a
escrever, o método Paulo Freire também buscava incentivar o pensamento crítico, para que os
seus alunos se reconhecessem como sujeitos históricos capazes de transformar a sua realidade
através da conscientização política. Ao considerar que Paulo Freire elaborou uma corrente de
pensamento, dotada de teoria, método e prática, deve-se compreender a complexidade de sua
obra, que tem por base diversas correntes filosóficas. Ao seu modo, Freire irá absorver essas
influências sem repeti-las ou referenciá-las, construindo assim uma linha de pensamento
original. Nesse sentido, Gadotti (2004) destacou a influência do humanismo, do personalismo,
do existencialismo, do marxismo e da fenomenologia. Entretanto, nas pesquisas realizadas não
foram identificados autores que tratem da relação, principalmente do método de Paulo Freire,
com a semiótica. A semiótica é o estudo do signo, pode ser vista como uma sofisticada
ferramenta capaz de esclarecer as articulações entre as formas e os sentidos, entre a leitura da
estrutura e o leitor. Para Pierce (1990; 1993) existem três formas de representação do signo: o
ícone, o símbolo e o índice, identifica-se no método de Paulo Freire a presença desses três
elementos no processo de alfabetização. Assim sendo, após a identificação de tal afinidade, a
presente pesquisa se propõe a analisar a relação existente entre o método Paulo Freire e a
semiótica. Para tanto, com base em pesquisa bibliográfica, foram analisados: o roteiro das 40
horas de Angicos, os slides utilizados no programa e a obra de Carlos Lyra, “As quarentas horas
de Angicos: uma experiência pioneira de educação”, onde o autor, enquanto coordenador da
experiência de Angicos, narra o cotidiano dos Círculos de Cultura. Por fim, considera-se que a
relação do método Paulo Freire com a semiótica proporcionou aos alunos um aprendizado
significativo, já que facilitou a leitura dos signos e a leitura do mundo.

Palavras-chave: Método Paulo Freire; Semiótica; Quarenta horas de Angicos.

39
A HISTÓRIA E A HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO: UM BREVE ESTUDO ACERCA DAS
CONTRIBUIÇÕES DAS LUTAS DE CLASSES NA HISTÓRIA E NA HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO
NO BRASIL

Antonia Lenilma da Silva Gomes (UERN)

Maria de Fátima da Silva Nunes Pereira (UERN)

Marina de Carvalho Silva (UERN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Em meados de 2015 surgiram no Brasil muitos movimentos moralistas que não aceitavam a
luta de classes que lutavam pela educação brasileira e pelos direitos das Instituições Públicas
no Brasil pela não privatização das Instituições Públicas porque isso estaria tirando o direito de
muitos alunos que vivem em um país laico, com educação gratuita e um país republicano,
houveram muitos movimentos a favor das Instituições Públicas e muitos movimentos a favor
da privatização das Instituições Públicas no Brasil, também houveram muitos movimentos que
lutavam por melhores salários e melhores condições de trabalho para os professores da
educação no Brasil, esses movimentos trouxeram grandes contribuições para o ensino da
educação no país, fazendo assim uma luta pela igualdade, e pelo seus direitos de educadores,
assim defenderam as Instituições Públicas Superiores do país de serem privatizadas pelo
Governo Federal, os profissionais da educação lutaram contra as ideologias implantadas pela
classe dominante da sociedade que fizeram muitas ofensivas contra a luta dos profissionais da
educação brasileira, os partidos de direita protestaram contra a privatização das Instituições
Públicas Superiores, assim o movimento ganhou forças defendendo o direito dos professores
poderem se expressar sobre os seus direitos na sociedade brasileira.

Palavras-chave: Classe Dominante; Governo; Educação.

40
A HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO DA PEDAGOGIA DA INDAGAÇÃO DE PAULO
FREIRE

Antonia Lenilma da Silva Gomes (UERN)

Maria de Fátima da Silva Nunes Pereira (UERN)

Marina de Carvalho Silva (UERN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho tem por objetivo mostrar a importância da obra da Pedagogia da


indagação de Paulo Freire, e apontar a história e historiografia da Pedagogia da indagação de
Paulo em 1996, e também mostrar que a Pedagogia da indagação de Paulo contribuiu para
uma educação gratuita e pública no Brasil, a partir de pesquisa bibliográfica e qualitativa de
estudos feitos por outros pesquisadores como Silva e Teodoro (2017), a partir da leitura de
livros e artigos digitais, com o objetivo de mostrar para a sociedade a importância da história e
da historiografia da educação a partir da Pedagogia da indagação de Paulo Freire, que veio
denunciar a condição em que a educação se encontrava, e mostrar que também os agricultores
tinham o direito à educação, assim trazendo a Pedagogia da esperança para a sociedade
brasileira, com suas contribuições em seu legado, usando da ética e da democracia para lutar
pela educação para as camadas mais marginalizadas da sociedade.

Palavras-chave: Pedagogia da Indagação; Luta; Governo.

41
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA LITERÁRIA NO ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

Antonia Lenilma da Silva Gomes (UERN)

Maria de Fátima da Silva Nunes Pereira (UERN)

Marina de Carvalho Silva (UERN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O presente trabalho vem analisar qual papel da leitura no espaço escolar, a partir do
pressuposto que a leitura já vem sendo estudada ao longo dos anos, tentando ser provado a
partir de pesquisas feitas por outros pesquisadores e mostrado em Congressos como o COLE
que a leitura é um processo que todo aluno deve passar, e que o professor deve saber como
desenvolver essa leitura de forma que o aluno possa reconhecer textos e autores da literatura,
desde o Ensino Médio. Em estudos anteriores como a pesquisa da autora SERRA (1999),
Cosson (2013) e Prado e Condini (1999), no Congresso da COLE realizado sobre o Direito da
Leitura Literária que vem trazer que a leitura deve ser trabalhada pelo professor que deve
ensinar sem fazer perguntas sobre o texto e que o professor deve trabalhar em sala de aula
textos, outros autores que defendem que a leitura compartilhada entre os leitores em voz alta,
já para Cosson (2013), a leitura encontra-se restrita sendo mais usada no cotidiano da
sociedades, sabemos que desde as sociedades mais antigas a leitura já existia nas sociedades.

Palavras-chave: Leitura; Literária; Ensino.

42
MOVIMENTOS DE EDUCAÇÃO POPULAR NO RIO GRANDE DO NORTE NA DÉCADA DE 1960:
UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA.

Antonina Camila Silva De Melo (IFRN)

Maria Célia de Lima Batista (IFRN)

Rafaela Camila Gomes da Silva (IFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A década de 1960, no Rio Grande do Norte, foi marcada pela busca pelo fim do analfabetismo
no estado, o que deu início ao surgimento de campanhas de alfabetização direcionadas ao
ensino de jovens e adultos. Nessa perspectiva, o nosso estudo realiza o levantamento
bibliográfico dos trabalhos produzidos sobre a temática e que contemplam às seguintes
experiências de educação popular: O Movimento de Educação de Base, A Campanha De Pé no
Chão também se aprende a ler e as 40 horas de Angicos. A pesquisa se constitui,
principalmente, pela análise de artigos e pesquisas referente aos temas supracitados. Entre os
trabalhos analisados, destacamos as pesquisas de Aquino (2018), Teixeira (2017) e Pranto
(2019), os livros de Góes (1980), Germano (1981),Lyra (1996) e Paiva (2009). A partir da análise
bibliográfica, foi possível identificar a importância que cada movimento proporcionou para a
alfabetização dos jovens e adultos do estado do Rio Grande do Norte, além de identificar as
características referentes aos métodos de ensino com foco na alfabetização. Este trabalho pode
trazer contribuições sobre o conhecimento acerca das experiências realizadas, uma vez que
destaca a importância dos movimentos de educação popular para a História da Educação do
estado.

Palavras-chave: Movimentos; Alfabetização; Educação popular.

43
LEITURAS HISTÓRICAS ENTRE AS ESCOLAS DE COMÉRCIO DE COIMBRA (PORTUGAL) E DE
NATAL (BRASIL), EM 1974

Antonio Max Ferreira da Costa (IFRN)

José Mateus do Nascimento (IFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O objetivo desse trabalho foi tecer reflexões de estudos comparados em educação sobre duas
instituições escolares que ofertavam ensino técnico profissionalizante de 2º grau na área do
comércio, ambas situadas num mesmo tempo histórico, no ano de 1974, em continentes
geograficamente distintos, uma em Coimbra, Portugal e a outra em Natal, Brasil. A primeira
instituição é conhecida pelo nome de Escola Secundária Avelar Brotero e a segunda de Centro
de Ensino de 2º Grau Professor Anísio Teixeira, atualmente nominada de Escola Estadual
Professor Anísio Teixeira. A gênese desse escrito se deu durante as pesquisas da tese de
doutoramento que vem sendo desenvolvida desde 2019, no Programa de Pós-Graduação em
Educação Profissional (PPGEP-IFRN), na Linha de Pesquisa História, Historiografia e Memória da
Educação Profissional. Para a construção dessa pesquisa, fez-se uma revisão bibliográfica,
seguida de uma análise documental centradas nos estudos de Morais; Ferreira (2016) e Costa
(2017), cuja filiação teórica se alinha a Nova História, ancorando-se em Magalhães (2004) Julia
(2001) e Viñao Frago (2006). Na investigação desses trabalhos que discutem o Ensino Técnico
Profissionalizante de 2º grau, na década de 1970, cuja intenção era formar o estudante para
abastecer o mercado de trabalho, pode-se refletir sobre as seguintes questões: Quais as
similaridades e dissemelhanças existentes nessas instituições escolares que ofertavam as
habilitações profissionalizantes na área comercial? No delineamento da análise, ficou evidente
que essas escolas possuíam mais pontos de aproximações do que de distanciamento, uma vez
que essas escolas tinham a intenção de formar mão-de-obra técnica especializada para
abastecer o mercado capitalista, em consonância com um regime governamental autoritário,
que investiu nesse tipo de ensino, promovendo reformas educacionais. Ainda se constatou que
tanto a escola de Coimbra como a de Natal, em 1974, habilitavam estudantes nos Cursos
Técnicos de Contabilidade, tendo em suas práticas pedagógicas uma cultura escolar assentada
no tecnicismo, se preocupando apenas com a transmissão dos conteúdos para execução nas
tarefas no mercado de trabalho. Quanto as dissimilaridades verificaram-se que a Escola
Secundária Avelar Brotero possuía um perfil de estudantes provindos das classes populares, já
no Centro de Ensino de 2º Grau Professor Anísio Teixeira a maioria da clientela, a essa época,
era pertencente a classe média, com a intenção de adquirir conhecimentos técnicos e depois
aplicarem nos empreendimentos comerciais e empresariais de família.

Palavras-chave: História das Instituições Escolares; Ensino Técnico Profissionalizante de 2º


Grau; Cultura Escolar; Escolas do Comércio.

44
COMO ME FAÇO PROFESSORA? TRAJETÓRIA DE VIDA E CONSTRUÇÃO PERMANENTE DE UMA
IDENTIDADE DOCENTE

Arthemis Nuamma Nunes de Almeida (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Pensar sobre nosso percurso profissional é um movimento interessante porque articula a


memória e reflexão sobre a práxis ao mesmo tempo em que mobiliza para criar novas
possibilidades de ação sobre realidade. O universo acadêmico, como espaço de produção de
conhecimento, se articula ao fazer profissional de forma indissociável. Dito isso, destino este
espaço para introduzir ao/a leitor/a minha trajetória de vida acadêmica, profissional e pessoal,
a qual, por sua vez, resulta hoje nas escolhas empreendidas e o percurso que tenho trilhado. A
memória é um processo ativo e dinâmico que não se restringe apenas às lembranças do que já
aconteceu, ao contrário, pensar sobre memórias e seu resgate é um exercício que faz ligação
entre passado, presente e futuro de modo que influenciem nas práticas docentes. Assim, as
experiências que tivemos ao longo da vida escolar contribuem de sobremaneira para os/as
docentes que somos/seremos, porque a memória e a prática não se desvinculam e as reflexões
permitem, por exemplo, que consigamos não reproduzir experiências escolares de ensino e
aprendizagem que não fizeram sentido ou trazem memórias negativas. Este texto teve como
objetivo resgatar as memórias escolares, acadêmicas e profissionais, através de um relato
autobiográfico, e como permitiram e permitem construir o meu fazer docente. Utilizou-se
como metodologia a descrição de cenas que representam memórias da minha trajetória de
vida escolar, acadêmica e profissional analisadas a partir de alguns dos referenciais teóricos
vistos no curso de Pedagogia. Como resultados têm-se as diversas trajetórias vividas,
acadêmicas e profissionais, que se entrelaçam com quem sou, os sonhos que foram se
construindo ao longo do percurso e as possibilidades concretas de suas execuções. No
processo, posso citar a passagem por escolas particulares, mas também o ensino médio no tão
sonhado CEFET/RN e técnico subsequente em Segurança do Trabalho, bem como o curso de
Psicologia na UFRN (com mestrado na área) e o ingresso posterior de Pedagogia da UFRN, além
da atuação como Psicóloga e professora. Nesse sentido, todas as cenas descritas foram
rememoradas e vivenciadas na perspectiva do hoje, sob o olhar de alguns componentes
curriculares cursados em Pedagogia e, essencialmente, no que concerne aos Ensinos,
permitindo reafirmar a importância da compreensão que o tornar-se professora acontece hoje,
mas se dá também desde o passado e com vistas à atuação futura a partir das experiências
vividas enquanto aluna (na educação básica, universitária em curso superior por duas vezes e
na pós-graduação) e profissional. Além disso, ao compreender que sou professora e que
continuarei ressignificando minha prática diariamente, assumindo a importância do
compromisso ético, político e social que a docência presume.

Palavras-chave: Relato autobiográfico; Trajetória acadêmica; Profissional; Identidade docente.

45
O IDEÁRIO PEDAGÓGICO DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES DO RIO GRANDE DO NORTE
ATRAVÉS DA REVISTA PEDAGOGIUM (1921-1927)

Arthur Beserra de Melo (UFRN)

Amanda Vitória Barbosa Alves Fernandes (UFRN)

Marlúcia Menezes de Paiva (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho tem como objeto de estudo as ideias pedagógicas defendidas pela Associação de
Professores do Rio Grande do Norte (APRN) por meio de seu principal porta voz, a revista
intitulada Pedagogium. Esse periódico foi criado em 1921, com o objetivo de difundir a cultura
da APRN, instruir sócios e trazer notícias a respeito do campo educacional. Para construção
desta pesquisa, utilizamos principalmente as edições da Pedagogium publicadas entre 1921 a
1927, do número 1 ao 23, menos os exemplares dos números 6, 16 e 18, os quais não foram
localizados. Outras fontes escolhidas foram: livros e dissertações que discutem essa instituição
de professores e de seu impresso oficial; e a legislação educacional local da época estudada,
que nos auxiliou a entender o contexto e estrutura da educação local. Esse conjunto
documental foi analisado com base nos pressupostos da História Cultural, por permitirem a
investigação de diferentes realidades históricas e as maneiras de apropriação da leitura e
escrita, configuradas na construção de determinado contexto, no qual emergem as diferentes
debates, analisados neste estudo (CHARTIER, 1990). O conceito norteador desta investigação
sobre o ideário da APRN foi o de “ideias pedagógicas", que segundo o historiador da educação
Saviani (2013), seriam aquelas ideias educacionais que visam orientar a organização escolar, a
prática do professor e os processos de ensino. Após o estudo realizado, concluiu-se que a
Associação de professores do Rio Grande do Norte procurou ocupar um lugar de destaque no
cenário educacional do Estado, considerando sua influência intelectual e as relações com o
poder público, a fim de implementar um modelo de educação local. Em outras palavras, a
instituição tomou para si a função de orientar o campo educacional potiguar na década de
1920, através dos artigos de seu periódico. Ao longo de suas páginas esteve presente um
ideário que refletia o debate educacional na década de 1920, no Brasil e no território
norte-rio-grandense. Entre as ideias divulgadas, destacam-se: o papel da mulher na sociedade
e a educação feminina para o lar; higiene escolar e educação sanitária; civismo; ensino
intuitivo. Também, é possível afirmar com essa pesquisa que investigar a APRN por meio da
Pedagogium é entender grande parte da história da educação potiguar, durante o período da
Primeira República.

Palavras-chave: Ideias pedagógicas; APRN; Revista Pedagogium; Imprensa pedagógica; História


da Educação.

46
IDEIAS PEDAGÓGICOS-HIGIENISTAS NO RIO GRANDE DO NORTE REPUBLICANO: UM ESTUDO
A PARTIR DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL (1892-1925)

Arthur Beserra de Melo (UFRN)

Marlúcia Menezes de Paiva (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo principal investigar as ideias pedagógico-higienistas presentes
na legislação educacional do Rio Grande do Norte, durante o período da Primeira República.
Definimos que essa parte do ideário educacional foi composta pelas ideias que,
fundamentadas em princípios higienistas, pretendiam orientar e direcionar, por exemplo: o
perfil formativo dos alunos, o trabalho dos professores, a estrutura da educação, a organização
e/ou construção de instituições escolares, a aplicação de atividades de ensino. Entendemos,
que ideias pedagógico-higienistas seriam uma aproximação da Pedagogia com a Higiene; em
outras palavras, uma confluência entre as ideologias que pertenciam ao campo médico e ao
campo educacional. Essa categoria foi desenvolvida a partir da definição do que foi a Higiene
enquanto área da medicina e do conceito de “Ideias Pedagógicas” (SAVIANI, 2013). Para essa
pesquisa, tivemos como base a taxonomia das fontes históricas (BARROS, 2019), pois essa
classificação documental permite analisar a legislação da educação considerando suas
características próprias. Trata-se de um documento oficial, elaborado pelo Estado, com o
objetivo de regulamentar a educação, e muitas vezes, de acordo com perpectiva dos
governantes e de seus aliados; ou seja, um tipo de determinação pública que visa normatizar
as processos educacionais, guiando para que as instituições de ensino e seus sujeitos adotem,
por exemplo, certas estruturas, rotinas, materiais escolares, conteúdos, modelos didáticos.
Ademais, apoiados no conceito de civilidade (ELIAS, 2011), debatemos a legislação como
ferramenta governamental para implementar seu modelo educacional. Nessa perspectiva,
procuramos entender como decretos, leis, regimentos escolares, dentre outros, foram
estabelecidos na tentativa de forçar ou convencer a população potiguar a aderir hábitos e
valores considerados civilizados para época, isto é, aqueles que eram defendidos pelas elites
republicanas e baseados nos conhecimentos médicos-higienistas. Após o estudo, percebemos
que no decorrer do período da Primeira República, os aspectos higienistas da legislação
apareciam cada vez mais explícitos e detalhados. Os direcionamentos e exigências
pedagógico-higienistas visavam à construção de espaços escolares cada vez mais saudáveis e
limpos; à criação de instituições de ensino que pudessem auxiliar na profilaxia de doenças na
sociedade; à estruturação de um ensino que difundisse conhecimentos que pudessem civilizar,
curar e moralizar seus alunos; à adesão de comportamentos relativos à saúde e à higiene pelos
sujeitos que frequentam a escola; ao controle e à fiscalização do asseio e higiene escolar. Além
disso, concluímos com esse estudo que mesmo com a sucessão de governadores, não houve
rupturas entre os documentos legais que regulamentavam a educação potiguar em relação a
questões pedagógico-higienistas.

47
Palavras-chave: Ideias Pedagógico-higienistas; Legislação Educacional; Rio Grande do Norte;
Primeira República; História da Educação.

48
HISTÓRIA PÚBLICA DIGITAL E INTELECTUAIS DA EDUCAÇÃO POTIGUAR NA PRIMEIRA
REPÚBLICA

Arthur Cassio de Oliveira Vieira (UFRN)

Ana Liziane Araújo da Paz (UFRN)

Olivia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

A pesquisa histórica em arquivos virtuais ganhou bastante espaço no meio acadêmico,


sobretudo, com a utilização dos meios digitais para salvaguarda e disponibilização de
documentos. Isto possibilita o acesso facilitado às fontes e novas interpretações sobre o
passado à luz do presente e suas tecnologias. Pari passu, domínios como a História Pública
estão em processo de expansão no Brasil. Nestes termos, este trabalho se insere no campo da
História da Educação em interface com a História Pública e tem como objetivo apresentar os
resultados de uma pesquisa de doutorado que se ocupou de estudar a trajetória de intelectuais
potiguares ligados à educação. Analisamos também as relações da pesquisa com a história
pública e digital, através da disponibilização do seu corpo de fontes em um sítio eletrônico. Os
sujeitos estudados foram: Alberto Maranhão, Tavares de Lyra, Antônio de Sousa, Joaquim
Ferreira Chaves, José Augusto, Manoel Dantas, Nestor Lima, Amphilóquio Câmara, Pinto de
Abreu e Henrique Castriciano. O recorte que deu relevo a estes atores está relacionado a sua
atuação em cargos públicos e administrativos no Rio Grande do Norte da Primeira República
(1889 – 1930). Este configurou-se como um momento crucial para construção dos símbolos e
valores do novo regime, processo em que a educação possuía o papel central de educar e
civilizar corpos e mentes afeitas ao civismo, ao higienismo e aos valores democráticos.
Utilizamos como metodologia a análise do discurso em uma perspectiva foucaultiana,
buscando pontuar as falas e posicionamentos dos intelectuais como forma de obtenção e
manutenção do poder e legitimidade. Para tanto, tomamos como fontes conferências e artigos
publicados em jornais da época e periódicos de sociedades científicas das quais faziam parte.
Os resultados dessa pesquisa, bem como seu corpo de fontes, foram disponibilizados em um
sítio eletrônico, o qual visa a divulgação do conhecimento ao público, bem como a
(re)construção do conhecimento com e a partir do público. Isto nos leva a uma discussão sobre
história pública e digital e as novas formas de apreensão e produção de sentido sobre o
passado, pensando na disponibilização do material como direito à memória educacional do
estado e possibilidade de novos trabalhos na área.

Palavras-chave: História da Educação; Rio Grande do Norte; História Pública e Digital;


Intelectuais; Sociabilidades.

49
A FORMAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM UM PROJETO NÃO FORMAL DE EXTENSÃO

Áurea Esteves Serra (FATEB)

Luzia de Fátima Paula (FAIMI)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O objetivo desta comunicação é o de oferecer uma reflexão sobre a visão de conjunto da


formação de jovens e adultos analfabetos para o desempenho de funções sociais e
profissionais num ambiente de contínuas e aceleradas transformações. Como produto dessas
transformações foi proposta uma prática educacional: a experiência de ensino oferecida pela
FATEB mediante o projeto de extensão “EJA/FATEB”, na qual o trabalho pautou-se,
principalmente, em discutir as características dos alunos que procuram por um curso, assim
como a percepção desses alunos quanto à experiência e os efeitos da inserção nesse curso não
formal. A análise incide sobre um corpus documental constituído por quatro TCCs, referentes
ao período entre 2006 a 2020, os quais estão localizados na Biblioteca “Mário de Andrade”, da
FATEB. Como metodologia, foi utilizada a revisão bibliográfica, cujo referencial teórico esteve
assegurado na teoria de Paulo Freire, Fuck (2002) e Durante (1998). O projeto “EJA/FATEB” teve
início no ano de 2006, sendo realizado por duas alunas com avós e pais de uma escola
municipal em 2006 e 2007, aos sábados. Em virtude de o resultado ter sido positivo e de ter
ocorrido o apoio da administração da instituição, depois de 10 anos, no ano de 2017, ele foi
retomado com as aulas acontecendo aos sábados na instituição FATEB. Essas aulas
aconteceram nos anos de 2017 e 2018. Nos anos de 2019 e de 2020 as aulas aconteciam, além
da FATEB, também em algumas comunidades do município de Birigui/SP. Essas aulas foram
ministradas pelas alunas do curso de Pedagogia, voluntariamente, sob supervisão de uma
professora coordenadora. Conclui-se destacando a importância da percepção dos alunos sobre
o processo de formação de jovens e adultos, o que demonstra que, apesar de terem
consciência de que a FATEB oferece uma educação não formal, consideram-na benéfica para
eles, porque o que importa é o resgate de sua escolaridade. Por outro lado, também se destaca
a oportunidade de retornarem aos estudos, mesmo que nessas circunstâncias, o que permite
um redimensionamento do conceito de escola que possuíam e indica o caminho de
apropriação do saber mais do que a posse do certificado, e também as habilidades adquiridas
para o mercado de trabalho. O resultado aponta para a necessidade de aprofundamento das
discussões sobre a formação de professores mais aproximada da realidade escolar, com
fundamentação teórica articulada à prática pedagógica, assim como foram os projetos
evidenciados, a partir da vivência do trabalho pedagógico combinando ensino, pesquisa e
extensão.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; EJA/FATEB; Educação não formal.

50
40 HORAS DE ANGICOS E A PERSPECTIVA FREIRIANA NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS

Beatriz Fernanda Almeida da Silva (UNESPAR-PPIFOR)

Márcia Marlene Stentzler (UNESPAR)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Estamos no século XXI e podemos notar que há um grande desrespeito, desprezo e abandono
em relação ao analfabetismo no Brasil. Sabemos que o Ensino de Jovens e Adultos é um direito
básico e está presente na Constituição, mas, não existem políticas públicas suficientes que
garantam essa inclusão na educação. Paulo Freire lutou pela questão educacional. Demonstrou
que alfabetizar é um processo simples, fácil e barato. Este estudo organiza-se a partir de uma
pesquisa bibliográfica, pautada em obras e autores que escreveram sobre a sua metodologia
de educação. Estamos em um século em que dispomos de tecnologias e precisamos
problematizar sobre a falta de ações para um índice tão elevado de analfabetismo. Nesse
sentido, temos como objetivo principal refletir sobre as memórias do projeto de alfabetização
40 Horas de Angicos e a partir dele conhecer a perspectiva Freiriana sobre a alfabetização de
Jovens e Adultos. Como objetivo secundário mostraremos sua história de vida e na educação,
segundo Pereira (2018), ele viveu em uma realidade onde a pobreza era predominante e as
pessoas, oprimidas e exploradas. Segundo Lyra (1996), quando o projeto foi desenvolvido no
estado do Rio Grande do Norte, no ano de 1963 cerca de 70% da população adulta era
analfabeta. Dos 30% restantes, 10% eram semianalfabetos, capazes apenas de assinar o seu
nome. O governador então decidiu chamar Paulo Freire para alfabetizar na cidade de Angicos.
Segundo o autor citado, entre as razões dos 299 participantes, os alunos queriam melhorar de
vida, por isso buscavam aprender a ler e escrever; ler jornais ou a bíblia; votar ou exercer um
trabalho, como motorista, entre outros. Eram trabalhadores que exerciam vários ofícios na
cidade ou na roça, como por exemplo: empregadas domésticas, operários e agricultores, entre
outros. Em sua metodologia valorizou a cultura local e trouxe a reflexão política para o povo
que até então a desconhecia. As palavras geradoras eram utilizadas para pensar de forma
individual e conjunta sobre seu verdadeiro significado, como voto e povo. Paulo Freire
demonstrou que para alfabetizar, precisa apenas de incentivo, cuidado, atenção, valorização e
força de vontade. Mostrou também que o conhecimento está em todo lugar, não apenas em
sala de aula. Levou-nos a pensar o percurso enquanto professores. Usamos de todos os meios
para alfabetizar nossos alunos? Levamos os alunos a se tornarem pessoas reflexivas e
transformadoras no meio social em que vivem? Em um século em que pensar e refletir está
sendo retirado dos nossos currículos, Paulo Freire, por meio de sua obra, nos convida a refletir
sobre os caminhos da sociedade e o papel do conhecimento.

Palavras-chave: Paulo Freire; 40 horas; Angicos; Educação de Jovens e Adultos.

51
CENTENÁRIO DA LEI DE 1827 EM IMAGEM: FESTAS ESCOLARES

Beatriz Raquel Soares Victor (UFRN)

Lígia Silva Pessoa (UFRN)

Olivia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo analisar as festas escolares que fizeram parte da
programação comemorativa ao centenário da primeira lei de instrução pública do Brasil, no
estado do Rio Grande do Norte, tendo como principal fonte histórica o álbum de fotografias
comemorativo ao centenário da lei de 15 de outubro de 1827, lei imperial que mandou criar
em todos os lugares mais populosos no Brasil escolas de primeiras letras. No centenário de
criação desta, o Rio Grande do Norte se propôs a celebrá-la por meio de um álbum
comemorativo pensado pelo diretor do Departamento de Educação, Nestor dos Santos Lima e
pelo então governador do estado, José Augusto Bezerra de Medeiros, que se empenharam no
plano para a celebração e, em 1927, encomendaram o álbum de fotografias, que se encontra,
hoje, no instituto Histórico Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN). O álbum conta com
129 fotografias no total, dentre elas estão fotografias das fachadas de escolas, imagens em que
aparecem os alunos, escolas no interior do estado, escolas na capital, fotos de solenidades e de
outros aspectos. Analisando a materialidade dos registros comemorativos da lei que
implementou a educação pública no país, o estudo se fundamenta, como aporte teórico, em
Jacques Le Goff a partir da compreensão de documento-monumento; Carlo Ginzburg quanto
ao paradigma indiciário e em Maria Ciavatta na discussão sobre fotografia. Para essa análise, a
pesquisa usa como suporte acervos do repositório do Laboratório de Imagens da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (LABIM/UFRN) e do portal de periódicos Hemeroteca Digital. A
partir desses aspectos é possível concluir que as imagens que trazem a comemoração (26
fotografias de festividades) representam um número significativamente inferior ao da
apresentação das escolas em si, sendo 57 de escolas no interior do estado e 10 fotografias de
escolas na capital. Ressaltamos que esse quantitativo foi levantado tendo em vista o total de
fotos em que aparecem as fachadas ou a partir de legendas com o nome das escolas, que nos
são apresentadas no decorrer do álbum. Um outro aspecto em evidência é a quantidade de
escolas na capital (10 fotos) e no interior (57 fotos) reforçando a grandiosidade do evento que
aconteceu por todo o estado e o objetivo de monumentalização dos edifícios escolares tanto
no interior como na capital do estado do Rio Grande do Norte, após observar a necessidade de
oficializar as comemorações dessa lei que se tornou um grande símbolo educacional para o
país.

Palavras-chave: Educação; Celebração; História; Memória.

52
DOS CURSOS DA CADES ÀS LICENCIATURAS: A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO
SECUNDÁRIO EM PORTO NACIONAL

Benvinda Barros Dourado (UFT)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O município de Porto Nacional, espaço-tempo de análise deste estudo, localiza-se no estado do


Tocantins, antiga região norte do estado de Goiás. O curso secundário, ginasial público, neste
município foi ofertado, inicialmente, por meio do Ginásio Estadual de Porto Nacional, criado
em 1945 e edificado no ano seguinte, mais tarde esta instituição tornou-se Colégio Estadual, e
posteriormente, recebeu a denominação de Centro de Ensino Médio (CEM) Prof. Florêncio
Aires. Assim, o presente trabalho versa sobre a formação dos professores para o magistério do
ensino secundário desta instituição de ensino – no marco temporal que se inicia nos anos de
1950 e se prolonga até os anos de 1980. Tem-se como eixo central de análise, a formação dos
docentes por meio dos cursos ofertados pela Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do
Ensino Secundário (CADES) às licenciaturas, por meio da interiorização do Ensino Superior em
Goiás e, consequentemente, em Porto Nacional, na antiga região norte deste Estado. A
metodologia trabalhada na pesquisa utilizou-se de forma primordial, das técnicas usuais de
estudo com fontes documentais, pesquisadas, principalmente, no arquivo da instituição escolar
(MOGARRO, 2005); o uso de memórias de professores portuense (RIBEIRO; MUTA; SILVA, 2007)
e no campo da pesquisa bibliográfica cercou-se de estudos históricos concernentes à temática,
com ênfase nos pressupostos da história das instituições educativas (MAGALHÃES, 2005). A
CADES foi criada por meio do Decreto nº. 34.638 de 17 de novembro de 1953, com o objetivo
de difundir e elevar o nível do Ensino Secundário - figurou como uma exigência para os
professores que lecionavam no ensino secundário e não possuíam o Curso Superior. As
licenciaturas, principalmente, na modalidade de licenciaturas curtas, se deram na sua maioria,
por meio da interiorização do Ensino Superior, na antiga região norte de Goiás, a partir dos
anos de 1970 e, licenciaturas plenas a partir de 1985, com a efetivação dos primeiros cursos
ofertados pela Faculdade de Filosofia do Norte Goiano (FAFING). Percebe-se que a maioria dos
professores do Ginásio Estadual de Porto Nacional, nos anos de 1950, eram secundaristas ou
possuíam formação não pedagógica, assim, esses professores, no decorrer do exercício do
magistério secundário foram se capacitando para atender às exigências legais para esse nível
de ensino. E, uma das alternativas de formação, no período, foi a participação nos cursos
ofertados pelo governo federal, por meio da CADES, cursos de licenciatura curta ofertados pela
UFG e, posteriormente por meio da Faculdade de Filosofia do Norte Goiano (FAFING).

Palavras-chave: História da Educação Formação de professores; Campanha de


Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário; Licenciaturas; Educação em Porto Nacional.

53
O ENCANTAMENTO DA PEDAGOGIA FREIREANA

Bergson Pereira Utta (UFRN)

Ádria Karoline Souza de Aquino Utta (UFMA)

Fredy Enrique González (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Neste trabalho refletimos sobre as experiências de Paulo Freire, socializadas nos livros “Cartas
a Cristina: reflexões sobre a minha vida e minha práxis” e “Medo e ousadia: o cotidiano do
professor”, que evidenciam o encantamento na práxis de alguém encantado pela educação. A
história de Paulo Freire com a educação é digna de ser refletida, pois a sua práxis o levou a
idealizar uma educação popular que objetivava conscientizar as pessoas, especialmente as
classes sociais oprimidas e excluídas, com vistas a emancipação social, cultural e política, o que
por si só já é um indício da sua crença no poder libertador da educação. Prestigioso defensor
de uma educação para a formação humana que deveria ser permanentemente desenvolvida
para homens e mulheres pertencentes a um tempo, situações sociais e culturais, sendo-lhes
possibilitado criar consciência dessas ocorrências a fim de transformarem-se e, com isso,
transformarem o meio. A partir da leitura minuciosa destas obras citadas acima, usaremos
como metodologia para analisar as suas experiências, a pentadimensionalidade de González
(2008) com foco nas dimensões ontológica, metodológica e teleológica. Além do próprio Freire
(2008 e 2021), estudiosos do patrono da educação brasileira como Gadotti (1989, 2002),
Romão (2008) e Arroyo (2001), somam a esta reflexão. Este estudo nos mostrou que a vida e as
experiências de Freire reforçam que, sua práxis, baseada numa educação para a emancipação
humana, especialmente dos oprimidos, é práxis de um educador encantado, pois acreditamos
que somente alguém encantado, pode ser tão encantador como foi Paulo Freire.

Palavras-chave: Paulo Freire; Educação; Práxis; Encantamento.

54
AS CONFIGURAÇÕES ESCOLARES DE CASA BRANCA/BRUMADINHO/MG (DO FINAL DO
SÉCULO XIX AO SÉCULO XXI): HISTÓRIA E MEMÓRIA DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E ATUAÇÃO
DOCENTE

Bernadetth Maria Pereira (GEPEDISC-FE-Unicamp e CEFET-MG)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O objetivo deste trabalho é registrar o resultado parcial da pesquisa “A memória dos antigos
moradores de Casa Branca: uma contribuição à história do povoado”. Um dos objetivos
específicos foi identificar, registrar, preservar, analisar e divulgar os lugares e os guardiões da
memória coletiva de Casa Branca. Desse conjunto representativo da memória social e coletiva
do povoado, elegemos Oleolina de Souza Cruz, professora nas três últimas configurações
escolares do povoado. Ressaltamos, que Oleolina também foi aluna na segunda sede da
escola. A abordagem metodológica escolhida para o desenvolvimento deste estudo, de caráter
qualitativo, foi a História Oral, metodologia de pesquisa que privilegia os testemunhos não
escritos, as fontes não hegemônicas e, ao mesmo tempo, dialoga com uma multiplicidade de
fontes escritas, visuais e inclusive as fontes oficiais, conforme Pereira (2008). O resultado da
análise dos significados da narrativa da professora revelou a história e a memória de práticas
educacionais e de atuação docente, de processos de formação de professores, de políticas e
reformas educacionais. Concluímos que: a) a primeira configuração escolar de Casa Branca
funcionou na casa que foi da família de Luiz Camilo antes de seu pai Zé Camilo comprá-la, ou
seja, no final do século XIX, época em a casa pertencia ao poderoso fazendeiro Joaquim
Antônio Diniz, chamado por todos de Rei. Ele cedeu uma das casas da sua fazenda para ser
uma escola para o ensino das primeiras letras; b) a segunda configuração escolar de Casa
Branca denominada Escola Singular de Casa Branca (1928-1950) funcionou na Avenida Casa
Branca n. 10, em uma sala da casa que desde 1948 pertence à professora Oleolina de Souza
Cruz. Conforme Oleolina, as professoras que lecionaram na segunda sede da escola antes dela
foram: “Adalgiza Cecília Sampaio (1928-1933); Rita Zeferino de Freitas chamada de Ritinha
(1934-1935); Maria Ferreira de Souza Carmo, que tinha o apelido de Mariinha (1937-1947) e foi
professora de Oleolina; c) a terceira configuração escolar de Casa Branca (1951-1974) foi
chamada de Escola Regional Rural de Casa Branca. Os professores foram Oleolina de Souza
Cruz (1951-1967), Dirce de Souza Cruz (primeiro semestre de 1968), Tarcísio Vicente do
Nascimento (1968-1974); d) No último dia do ano de 1974, na administração do Prefeito José
Ernesto Teixeira, pelo Decreto nº 55/74 de 31/12/74, a quarta configuração escolar de Casa
Branca, Escola Municipal Carmela Caruso Aluoto – 1º Grau foi inaugurada oficialmente. Em
1975 a escola começa a funcionar e é Oleolina que abre as suas portas, lecionando ao longo
desse ano. Oleolina diz “o que mais me chamou atenção é que a frequência dos alunos tinha
diminuído muito em relação à segunda e terceira sede da escola, quando eu era a professora”.
Neste sentido, percebe-se que o número reduzido de alunos foi um dos problemas da
educação escolar no meio rural, em Minas, consequência do período ditatorial, conforme
Flores (2000).

55
Palavras-chave: Configurações Escolares; História e Memória; Práticas Educacionais; Atuação
docente; Processos de Formação de Professores.

56
POLÍTICAS DE EXTENSÃO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A GESTÃO DOS ESPAÇOS
EDUCACIONAIS NO IFRN CAMPUS NATAL CENTRAL

Bruna Lopes Tupinambá Coutinho (IFRN)

Márcio Adriano de Azevedo (IFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O princípio educativo da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na educação


superior está previsto no artigo 207 da Constituição Federal Brasileira de 1988, e tem se
mostrado como característica fundamental de uma formação acadêmica integral ao longo dos
anos. As universidades e instituições equiparadas na forma da lei gozam de autonomia
didática, científica, administrativa, e de gestão financeira e patrimonial, mas são obrigadas a
obedecerem o princípio da indissociabilidade previsto constitucionalmente. Desse modo, o
presente trabalho tem o objetivo de analisar as políticas de extensão na educação profissional
e a gestão dos espaços educacionais do Campus Natal Central do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, enquanto estuda os diferentes
modelos de gestão escolar, e demonstrar qual o modelo de gestão praticado no IFRN Campus
Natal Central. Para tanto, busca-se enriquecer as discussões com o apoio nas construções
acadêmicas de pesquisadores como Formiga (2007), Pacheco (2012), Saviani (2012) e Freire
(1979), almejando identificar e discutir os pontos de intersecção relevantes entre as políticas
de extensão desenvolvidas e a forma como se estrutura a gestão dos espaços educacionais no
IFRN Campus Natal Central. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, subsidiada em
pesquisa bibliográfica com análise de estudos realizados, registros históricos e documentos.
Como resultado, observa-se que o modelo de gestão escolhido reflete nas políticas de extensão
em desenvolvimento no IFRN Campus Natal Central. Mas concluímos que o modelo de gestão
adotado não é determinante quanto à efetivação das atividades extensionistas de acordo com
as demandas da comunidade.

Palavras-chave: Extensão; Educação Profissional; Gestão.

57
A RELAÇÃO HISTÓRICA DO DESENHO COM O ENSINO DE GEOGRAFIA: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO

Buena Bruna Araujo Macêdo (UFRN)

Pablo Sebastian Moreira Fernandez (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O desenho tem uma relação histórica com o ensino de Geografia, através da tradição dos
croquis, esquemas gráficos do espaço, esboços traçados em observações de campo, como
forma de registro das paisagens, dos lugares e localizações. Em virtude do advento da
tecnologia digital que gradualmente ofereceu um material audiovisual diferenciado composto
por fotografias com alta resolução, imagens de satélite, mapas digitais e outras mídias, a
utilização do desenho vivenciou uma fase de esvaziamento no ensino de Geografia. O presente
trabalho assume o objetivo de realizar um estudo teórico sobre a relação histórica do desenho
com o ensino de Geografia, tendo em vista que nas últimas décadas o desenho ganhou nova
centralidade no ensino dos saberes geográficos através de pesquisas e orientações curriculares
que apontam a importância da alfabetização cartográfica para os estudos geográficos e
propõem o ensino do mapa partindo do desenho como representação do espaço. Para uma
melhor compreensão acerca do desenho feitos pelas crianças, nos fundamentamos nas teorias
da psicologia do desenvolvimento são tomados para análise os estudos de Luquet (1969),
Mèredieu (2006), Piaget (1975) e Vygotsky (2009, 1991). No que se refere ao desenho como
linguagem que possui uma relação histórica com o ensino da Geografia são tomados para
análise os estudos de Pontuschka; Paganelli; Cacete (2007), Almeida (2011), Passini (1994),
Miranda (2005), Paganelli (1995; 1998) e Balchin (1978). Diante do exposto, a metodologia
utilizada na pesquisa está ancorada na abordagem qualitativa em educação, referenciada por
Minayo (2009), além da realização da análise bibliográfica e documental, baseada em Gil
(2002). Portanto, as análises empreendidas nos conduzem ao entendimento que os desenhos
na Geografia tendem a expressar de modo não-verbal a organização do raciocínio geográfico,
auxiliando na expressão de conhecimentos, de sentimentos, da imaginação espacial, que não
pode ser transmitida adequadamente através de meios verbais ou numéricos.

Palavras-chave: Ensino; Relação histórica; Geografia; Desenho.

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AS REGRAS E OS MODELOS DE BEM VIVER NO MANUAL ENCICLOPÉDICO: UMA FORMAÇÃO
DO LEITOR PARAIBANO NO IMPÉRIO (1865)

Camila Almeida de Araújo (UFPB)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Os manuais escolares correspondiam à cultura material da sociedade, por comportar


elementos que representavam o “imaginário da coletividade”, uma vez que os conteúdos que
estão dispostos neste suporte podem nos fazer compreender qual o perfil de sociedade que se
queria formar em um dado momento histórico. Objetivo: Demonstrar o tipo de leitor que se
desejava formar na província da Paraíba, no império, por meio dos elementos de civilidade
dispostos no Manual Enciclopédico (1865). Metodologia: Utilizamos como suporte discursivo o
próprio Manual Enciclopédico (1865), de Emílio Achilles Monteverde, de origem portuguesa,
em sua oitava edição disponibilizada pelo professor Carlos Humberto Alves Corrêa, cujo
contato foi realizado via e-mail, o qual fotografou partes que compunham a obra, localizada
por ele na Biblioteca pública de Belém. A partir do contato com o conteúdo sobre civilidade
disposto no Manual, tecemos uma relação com a legislação da época, assim como os discursos
presentes nos Relatórios dos presidentes de províncias, no sentido de justapor as fontes. O tipo
de pesquisa realizada foi a pesquisa histórica, a qual se constitui como um viés da pesquisa
documental, na medida em que pressupõe compreender os fenômenos desencadeados
historicamente, tendo como suporte os acontecimentos do passado. O recorte temporal foi
escolhido, devido ao ano de 1865 corresponder à edição do Manual Enciclopédico que tivemos
acesso, momento histórico que contemplou o segundo reinado (1840-1889). Resultado: A
civilidade aparece como uma ação que induz a conformidade do que está posto, na medida em
que tal prática está associada à atenção que as pessoas deveriam despender ao outro, de
modo a evitar conflitos que possam causar qualquer tipo de dissenso. Supomos que o desejo
do autor estava em formar leitores, neste caso, meninos das primeiras letras, que estivessem
adequados aos anseios da sociedade vigente, ao ponto de revelar um conceito de civilidade
que estava em consonância com os ditames da época, pois boa parte da sociedade ainda era
analfabeta e, por sua vez, necessitava da instrução para tornar-se “civilizada”, em um contexto
de efervescências políticas e econômicas da recém nação independente. Mesmo que a
intenção do autor possa estar atrelada em regular as práticas sociais de um determinado
grupo, através das táticas utilizadas pelos discursos de civilidade, este mesmo grupo, poderá se
munir de estratégias que superem o que está posto, reinventando na prática o lugar social que
lhe confere uma identidade. Conclusão: A partir de tais conteúdos, podemos supor qual era o
tipo de leitor que se desejava formar, uma vez que nos induz a pensar que a intenção era a de
uniformizar e padronizar a sociedade, através do discurso de civilidades e os seus
desdobramentos, tanto em âmbitos mais gerais da sociedade, quanto em espaços mais
específicos, como a escola.

Palavras-chave: Manual Enciclopédico; Civilidade; Império; Paraíba.

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EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM TEMPOS DA PANDEMIA DA COVID-19: ROLEZINHO DO PORTO
DO CAPIM ATRAVÉS DAS TELAS

Camila Sousa de Sena Araújo (FCCCT)

Hermes Augusto de Almeida (UFPB)

Yris Campos de Oliveira (UFPB)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O Rolezinho do Porto do Capim é um projeto de extensão universitária, realizado pela


Universidade Federal da Paraíba em parceria com a Fundação Casa de Cultura Cia da Terra, que
se originou a partir de um desdobramento do projeto Subindo a Ladeira: Educação Patrimonial
e Ensino de História através da Arte em 2017 durante a realização de uma série de
Conversatórios, rodas de diálogos, na Universidade Federal da Paraíba sobre temas que
perpassam a realidade do cotidiano dos moradores da comunidade Tradicional e Ribeirinha
Porto do Capim, no bairro do Varadouro, Centro Histórico da cidade de João Pessoa/PB. O
Subindo a Ladeira atua desde 2010 na comunidade em questão com oficinas de Educação
Patrimonial e História Local para crianças moradoras da comunidade e seu entorno, no
entanto, no ano de 2017, o público havia se diversificado, as antes crianças do projeto agora
eram adolescentes. É também neste período que jovens periféricos por todo o país ocupam os
espaços segregados socialmente através do movimento rolezinho, os encontros eram marcados
em grupos de redes sociais, principalmente em São Paulo e área metropolitana, os rolezinhos
ganharam grande repercussão nacional pelo medo causado dos saques às lojas, porém os
jovens afirmaram na época que a ideia era um “grito pelo lazer” como relataram em
reportagens, para conhecer mais aconselhamos a pesquisa e leitura sobre. O termo rolezinho,
então, caracterizou as idas dos adolescentes à Universidade Federal da Paraíba, definido assim
pelos próprios adolescentes, era notória a curiosidade pelo ambiente acadêmico, pelos
estudantes, mas também pelos temas discutidos nos Conversatórios. Nos anos seguintes, o
Rolezinho teve continuidade e foi aprovado no Edital PROBEX- Programa de Bolsas de Extensão
2019 onde desenvolveu em parceria com o Coletivo de Jovens Garças do Sanhauá, coletivo
comunitário e o Projeto Semente Cinematográfica, escola de formação de Educação
Audiovisual, a formação de uma Escola de Cinema experimental no Porto do Capim, a partir de
dispositivos audiovisuais sugeridos pelo material educativo cinematográfico Cadernos do
Inventar, com o objetivo final de criar um filme-carta, dispositivo cinematográfico no qual há a
produção de uma carta audiovisual. Em 2020, novamente através do Edital PROBEX 2020, a
ideia consistia em dar continuidade às atividades audiovisuais com jovens e adolescentes da
comunidade, visando a criação de materiais em prol do Porto do Capim e sua luta contra as
tentativas de remoção pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, que havia retomado o projeto
de destruição de algumas áreas residenciais comunitárias para construir um marco zero da
cidade, um projeto nada ecológico e que não proporciona o desenvolvimento da vida cotidiana
das mais de cinco gerações de famílias que resistem no Porto do Capim desde a desativação do
antigo porto da Paraíba nas margens do Rio Sanhauá, mas que desenvolve o processo de

60
gentrificação do Centro Histórico da cidade. No entanto, o ano de 2020 foi atípico em todas as
situações devido à pandemia da Covid-19 e as medidas restritivas foram necessárias de serem
aplicadas também no contexto da extensão universitária. As alterações seguintes para o modo
online dificultaram a execução dos objetivos antes definidos presencialmente, porém, mesmo
com os encargos mentais da pandemia, o medo de sobreviver a este período foi força motriz
para realizarmos o que estava ao nosso alcance pensando que seria a forma de estarmos juntos
e lutando pela comunidade. Dessa maneira, seguimos com o andamento das atividades através
das plataformas digitais como o WhatsApp, o Instagram e o Google Meet para nos reunirmos
com a galerinha, planejar as atividades futuras e aprimorar as habilidades no mundo virtual
visto que nem todos os membros do projeto possuíam desenvoltura nos ambientes virtuais.
Inicialmente reformulamos a identidade visual do projeto e no contexto inicial da pandemia, a
utilização das redes sociais foi fundamental para efetivar o contato com os jovens, todavia, nos
deparamos com a exclusão digital de alguns e observamos que não seria possível manter o
modelo de extensão que já estávamos adaptados. Afinal, os jovens e moradores do Porto do
Capim constituem uma classe por suas peculiaridades, são moradores de uma área periférica,
central, urbana, entretanto com características rurais e ribeirinhas. A consciência desta classe
surge de maneiras diferentes, não é acometida por todos os indivíduos ao mesmo tempo e
lugar, mas são através das relações humanas, estas proporcionadas pelas ações da extensão e
do coletivo de jovens, que ela ocorre e é passada pelas tradições culturais, ideias, sistemas de
valores e formas institucionais. Portanto, a classe deve ser analisada enquanto “uma formação
social e cultural, surgindo de processos que só podem ser estudados quando eles mesmos
operam durante um considerável período histórico” (THOMPSON, 1987. p. 12). As atividades se
transformaram na produção de materiais audiovisuais, inspirados nos aprendizados dos anos
anteriores, que foram disponibilizados para a garotada por meio das redes sociais antes
citadas, mas também iniciamos uma reflexão interna do projeto que resultou em debates
pertinentes sobre as problemáticas que envolvem a comunidade e o desenvolvimento do
Rolezinho enquanto um projeto de Educação Popular e com discussões em Direitos Humanos
ao promover debates sobre o poder da juventude e seus direitos enquanto ribeirinhos em um
território tradicional. Como resultado obtivemos um engajamento tanto dos moradores da
comunidade quanto da comunidade acadêmica que se interessou pelas discussões, o que foi
possível de observar a partir da divulgação e exibição de lives, transmissões ao vivo, na rede
social Instagram, de jogos interativos com os seguidores também na mesma plataforma no
perfil @rolezinhodoportodocapim e vários quadros. Os quadros e postagens envolviam a
linguagem das redes sociais, repostagens de outros perfis, ThrowbackThurdays, registros das
reuniões da equipe online, indicações de filmes e séries que tratavam de temas para a
juventude, informações interativas no story denominados “Você sabia?” sobre a pandemia,
vídeos de conscientização e cuidados com o Corona vírus, vídeos sobre a comunidade
contando sua origem e também divulgação da equipe do projeto. Para estimular conteúdos
realizados pelos jovens o quadro “Você no Rolezinho do Porto do Capim” foi realizado
semanalmente no feed do Instagram e repostávamos as produções dos rolezeiros e pessoas
externas que se vinculassem ao interesse de materiais. A participação dos jovens nessas
atividades não foi intensa como pensávamos que poderia ser, apenas o que denominamos
núcleo duro do projeto se envolveu nessas atividades, porém, foi suficiente para repensar as
ações futuras, pois, através dos jogos de perguntas e respostas pelos stories conhecemos mais
sobre as vontades dos jovens em relação ao projeto e conseguimos difundir mais informações
para outros públicos sobre a comunidade. A partir de então, encaramos as redes sociais como
um atalho para a conexão com os moradores da comunidade, assim como da cidade de João
Pessoa, pois, cada vez mais essas fazem parte do cotidiano de todos. Não somente, a
divulgação dos materiais realizados pelo projeto culminou numa organização dos materiais

61
físicos e digitais dos projetos Rolezinho do Porto do Capim e Subindo a Ladeira. Paralela às
ações nas redes sociais, o Rolezinho do Porto do Capim, em parceria com o Subindo a Ladeira,
contribuiu com a campanha “O Porto na Quarentena”, um projeto das Garças do Sanhauá, com
a doação de máscaras para os adolescentes e familiares vinculados ao projeto e auxílio nos
movimentos de conscientização (criação de vídeos e no próprio contato com os jovens).
Também aprimoramos o grupo de estudos dos membros, com intensificação de leituras e
debates sobre temas de interesse do projeto, assim como passamos a trabalhar conjuntamente
na organização do acervo digital do projeto, que conta com inúmeros arquivos de vídeo, foto,
documentos de registro das aulas e bibliografias para estudo. No momento, o perfil no
Instagram conta com 400 seguidores e está atingindo um público majoritariamente feminino
(58.7%). A maior parte desse público é constituído por moradores da cidade de João Pessoa,
com idade entre 18 e 44 anos. Quantitativamente, foram vinculadas a rede social 17 fotos e
imagens, 11 vídeos e 2 lives divididas em 5 partes. Todas essas ações acima descritas
possibilitaram a continuidade do projeto de forma remota, mas embora tenhamos obtido
resultados positivos, enfrentamos inúmeras dificuldades no decorrer do processo. A carência
de computadores, smartphones e internet faz parte da realidade tanto dos rolezeiros quanto
da equipe de extensionistas, resultando na ausência frequente de membros do projeto nas
reuniões de planejamento. A dificuldade técnica fez com muitas das ações pensadas fossem
atrasadas ou deixassem de acontecer, o que foi agravado pela falta de experiência com a
produção digital e desconhecimento técnico de como usar determinadas ferramentas. Mesmo
com esses e outros impasses, o contato com os adolescentes continuou e as ações realizadas
nas redes sociais indicam uma interação desses com os temas, assim como alguns debates
realizados no WhatsApp possibilitam perceber que uma parte desses jovens incorporou de fato
o uso de ferramentas utilizadas no projeto anteriormente a pandemia, assim como continuam
tratando publicamente dos temas que debatemos no Rolezinho. Constantemente recebemos
mensagens dos jovens agradecendo pelo apoio em seus projetos pessoais e dizendo que não
estariam impulsionando seus canais no YouTube e IGTV se não tivessem tido a experiência com
o Rolezinho. Atuar nesse contexto consistiu em um desafio, sendo preciso aprender
repentinamente como lidar com o meio virtual e nos redescobrir enquanto mediadores do
florescer desses protagonistas. O Rolezinho do Porto do Capim atualmente incentiva a
construção das identidades dos jovens da comunidade, valoriza o território Tradicional e
Ribeirinho ao desenvolver ações coletivas e reflexivas sobre a realidade da comunidade ao
mesmo modo que promove o estímulo para a mobilização em defesa dos Direitos Humanos.
Deste modo, a extensão universitária compreende-se como facilitadora da comunicação entre
o mundo acadêmico e a sociedade externa a fim de desenvolver a troca dos saberes científicos
e populares para a resolução de problemas sociais que essa seja acometida.

Palavras-chave: Extensão universitária; Porto do Capim; Comunidade Tradicional e Ribeirinha;


Juventude; Pandemia Covid-19.

62
PRESENÇA E AUSÊNCIA FEMININA NA HISTÓRIA DO BRASIL: OS LIVROS DIDÁTICOS DE
HISTÓRIA DO PNLD 2020-2022

Carina Martiny (IFFar)

Nelson Viapiana Neto (IFFar)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

O presente trabalho trata da presença de mulheres na narrativa histórica dos livros didáticos do
Ensino Fundamental – Anos Finais. Objetiva analisar a representatividade das mulheres na
narrativa sobre a história do Brasil presente em coleções de livros didáticos de História do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2020-2022, identificando a presença ou ausência
de mulheres nas imagens e narrativas textuais, a existência ou não de protagonismo feminino
presente nas narrativas, comparando também o espaço concedido às mulheres nos capítulos
que tratam dos diferentes períodos da história do Brasil. A pesquisa foi realizada com base na
análise das três coleções de livros de História do Ensino Fundamental – Anos Finais mais
escolhidas por professores de todo o Brasil, de acordo com dados fornecidos pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Ministério da Educação (FNDE-MEC). Como o
foco da pesquisa foi a presença de mulheres nas narrativas sobre a História do Brasil,
restringimos nosso estudo aos capítulos que tratam especificamente da história brasileira, de
modo que os livros analisados foram os do 7º, 8º e 9º anos. As coleções analisadas foram:
História: Sociedade e Cidadania, da Editora FTD; Araribá Mais História, da Editora Moderna; e
Vontade de Saber História, da Editora Quinteto Editorial. A análise foi realizada com base em
diversos critérios como uso de imagens, presença de referência a mulheres nas narrativas,
textos especiais dentro de capítulos (quadros), a forma de tratamento nos textos (se como
protagonistas ou coadjuvantes) e a disposição dessas referências dentro do capítulo. Todos os
dados coletados a partir da leitura e análise dos capítulos selecionados foram organizados em
uma planilha Excel for Windows, para que as informações pudessem ser trabalhadas em
conjunto. Em relação às imagens, buscou-se realizar um comparativo em relação à presença de
imagens masculinas. Como resultados podemos apontar que os capítulos que tratam da
história brasileira não têm as mulheres como eixo central da narrativa, nem em relação às
imagens – uma vez que em grande maioria há um número pequeno de imagens femininas –
nem no que diz respeito ao texto. Neste último, inclusive, quando há referências à participação
feminina, nem sempre a mulher aparece como protagonista. Assim, o que se percebe é a
desigualdade de espaço concedido a homens e mulheres nos livros didáticos, o que já havia
sido percebido por autores que analisaram coleções do PNLD de anos anteriores. Ainda que
seja possível apontar que em algumas obras há um esforço em ampliar a presença feminina,
especialmente em relação a um maior uso de imagens femininas, concluímos que o debate já
existente sobre a temática não produziu, na produção atual, os efeitos esperados.

Palavras-chave: Livros didáticos; Mulheres; História do Brasil.

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A INSTRUÇÃO PÚBLICA ALAGOANA NO FINAL DO IMPÉRIO (1876-1889): A IMPLEMENTAÇAO
DA REFORMA LEÔNCIO DE CARVALHO (1878-79)

Carlos Tiburcio de Araujo Abreu (UNIT)

Cristiano Ferronato (UNIT)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O estudo faz uma análise da instrução pública na então Província de Alagoas no final do regime
imperial brasileiro, delimitado entre os anos de 1876 e 1889, compreendendo o período entre
a publicação da resolução estadual nº 743, de 08 de julho de 1876, e último ano deste regime
de governo no Brasil. Essa resolução, publicada como consequência dos péssimos indicadores
educacionais alagoanos, propusera o ensino misto, entre outros pontos, como forma de
ampliar o alcance dos alagoanos à instrução, tendo pouca efetividade já que não prosperou o
trabalho da comissão que discutia sua regulamentação. A pesquisa teve como fontes principais
os relatórios de Presidentes da província de Alagoas e relatórios de Diretores de Instrução
Pública em Alagoas, livros e documentos de história da educação em Alagoas e da
historiografia alagoana, livros e documentos da história da educação do Brasil, além de
pesquisas relacionadas à temática da instrução pública alagoana no período. A Reforma
Leôncio de Carvalho (1878-79), objeto deste trabalho, foi analisada na íntegra, estando
disponível no site da Câmara dos Deputados. Como fontes secundárias, a obra de João Craveiro
Costa e Abelardo Duarte, sobre a história da educação em Alagoas, e as contribuições de Le
Goff e Ferronato, trazem diferentes visões sobre o tema. Por tratar-se uma pesquisa histórico
documental, a análise dos dados e do objeto se dá através da Pedagogia Histórico-Crítica, de
Dermeval Saviani, que possibilita uma observação menos aparente das fontes, muitas das
quais, documentos oficiais do Estado. Até mesmo as obras de Craveiro Costa e Duarte,
precursores da historiografia alagoana, reproduzem a visão oficial da instrução, já que foram
financiados pelo Estado. A Reforma publicada pelo Ministro do Império Leôncio de Carvalho, e
que leva seu nome, publicada através de dois decretos, o nº 7.031, de 06 de setembro de 1878,
e o nº 7.247, de 19 de abril de 1879, trouxe inovações para o contexto escolar brasileiro, como
as aulas noturnas, jardim de infância e responsabilização das famílias pela infrequência escolar.
Em Alagoas, teve restrita implantação, seja pela falta de recursos orçamentários, ou pela não
implantação de políticas públicas para executá-la. Há registros de aulas noturnas em fábricas
têxteis e algumas escolas privadas na capital, não sendo, porém, iniciativas do governo
provincial. O estudo nos possibilita compreender o cenário da instrução pública no marco
temporal, em especial à pouca efetivação dos avanços para legislação educacional trazidas pela
Reforma Leôncio de Carvalho, contribuindo para entender como historicamente, a educação
teve pouca atenção do poder público, quando analisamos os dados educacionais alagoanos
(antigos e atuais).

Palavras-chave: História da Educação; Reforma Leôncio de Carvalho; Instrução pública


alagoana.

64
MOVIMENTO ESTUDANTIL NO RIO GRANDE DO NORTE (1964-1985) E AS POSSIBILIDADES DE
PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Carolaine Maria dos Santos (UFRN)

Aline Cristina da Silva Lima (UFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A consolidação do protagonismo juvenil no ambiente político do Brasil ocorreu com a fundação


da União Nacional dos Estudantes - UNE, em 1937 e a União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas - UBES, em 1948. Durante a década de 1960, o movimento estudantil já
dispunha de várias organizações representativas: os DCEs - Diretórios Centrais Estudantis, as
UEEs - Uniões Estaduais dos Estudantes, além da UNE e da UBES. Em Natal existia a
Associação Potiguar dos Estudantes - APE, fundada no Atheneu em 1928, escola símbolo do
movimento estudantil em Natal e o Centro Estudantil Potiguar - CEP, criado em 1935. A partir
de 1964 essas entidades sofrem diversos ataques dos governos militares, que passaram a tratar
a situação estudantil como caso de polícia, a partir de 1968 os movimentos estudantis ganham
novas roupagens e passaram a atuar na clandestinidade, somente em meados da década de
1980 eles reacenderam com novas entidades, novas visões políticas e muito mais força,
sobretudo com a criação dos grêmios livres em 1985. O presente trabalho tem como objetivo
apresentar possibilidades de pesquisas para a área da História da Educação em sua relação
com os Movimentos Estudantis no período da Ditadura Militar no Rio Grande do Norte entre
1964 e 1985, por meio de acervos digitais. Partimos de uma pesquisa exploratória no site da
Hemeroteca Digital Brasileira com o descritor: “Movimento estudantil” no período 1960-1969
no RN, sendo encontrados dois periódicos, o Diário de Natal (RN) com 53 ocorrências e o jornal
O Poti (RN) com 16 ocorrências inicialmente e por meio de pesquisa no Google Acadêmico com
o descritor: “Movimento Estudantil no Rio Grande do Norte/período da ditadura militar”. Nos
indagamos: Quais as ações do movimento estudantil no Rio Grande do Norte no período da
Ditadura Militar? Quais as possibilidades de pesquisas sobre a temática na área de história da
educação? A partir da compilação das fontes, apresentamos contribuições à produção do
conhecimento e a preservação da memória desse período histórico, marcado, pela resistência
da juventude aos desmandos dos governos ditatoriais. Compreendendo que, além disso, a
temática possa vir a ser utilizada na construção de novas pesquisas no campo da história da
educação, afirmando sua importância para a produção do saber.

Palavras-chave: Movimento Estudantil; Ditadura Militar; História da Educação.

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A CASA GRANDE E A SENZALA BRINCANDO JUNTAS

Cássia Regina Dias Pereira (UNESPAR- campus Paranavaí)

Nádia Serradilha (UNESPAR- campus Paranavaí)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A pesquisa teve como objetivo analisar as relações lúdicas ou nem tanto ocorridas no cotidiano
das crianças brancas e escravas no período colonial brasileiro. O tema situa-se no âmbito da
história da educação brasileira no período colonial. A compreensão e análise dessas relações
foi realizada por meio de uma pesquisa bibliográfica, os dados coletados foram analisados
qualitativamente e as fontes que a fundamentaram são oriundas da literatura impressa e
digital existente de autoria de pesquisadores da historiográfica sobre a história da escravatura,
da infância e da educação no Brasil. No decorrer da história o conceito de infância e de criança
não recebeu a mesma conotação que conhecemos e vivenciamos na atualidade. Somente no
século XIX é que surgiram intelectuais e educadores defenderam atitudes e maneiras
diferenciadas para o trato com as crianças e delimitaram a infância e o direito de brincar. Na
sociedade escravocrata agrária brasileira também ocorreu essa mesma visão controversa da
criança e da infância tanto da criança branca como da criança escrava. as crianças da casa
grande aprendiam desde cedo o modelo de mando sobre os escravos, esse fato ficava evidente
nas brincadeiras e na convivência que se dava entre a casa grande e a senzala no decorrer da
infância. O passatempo comumente adotado como preferido dos meninos do engenho era
maltratar e cometer maldades contra as crianças negras da senzala, ou com aquelas que
moravam na casa-grande. Apesar das mazelas enfrentadas cotidianamente pela criança branca
e pela criança negra, na convivência diária existiu o brincar. No desenrolar das brincadeiras
ocorreu a troca de experiências, aprendizagens e momentos de ludicidade própria da infância.
O brincar entre a casa grande e a senzala existiu no contexto das relações de submissão e
obediência entre o senhor/criança e o escravo/criança.

Palavras-chave: História da Infância; Brasil colonial; Brincar.

66
TÉCNICO E/OU INTELECTUAL? O CASO DE CÉSAR PRIETO MARTINEZ E A REFORMA DA
INSTRUÇÃO PÚBLICA NO PARANÁ (1920-1924)

Cassio de Souza Farias (UFPR)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O objetivo deste trabalho é analisar a atuação de César Prieto Martinez na Reforma da


Instrução Pública paranaense no período de 1920 a 1924, evidenciando sua atuação como
técnico educacional no estado. César Martinez, foi o responsável pela reforma administrativa
da instrução pública paranaense, contratado pelo governo do Paraná após uma intensa
negociação com outros integrantes da elite educacional paulista, iniciou seu diagnóstico e
atuação no início de 1920 e deixou o cargo de Inspetor Geral do Ensino em 1925, após
divergências com outros integrantes do campo educacional paranaense que o levou a sofrer
diversos ataques da imprensa durante sua estadia no estado. Em sua atuação é possível
evidenciar a preocupação com a instrução pública, sobretudo com o funcionamento do
aparelho escolar, dos métodos pedagógicos e também do comportamento e papel social dos
professores. Como metodologia, utiliza-se as noções de campo de Bourdieu no que
corresponde a formação de uma estrutura social com regras e autonomia relativa, no qual os
agentes buscam suas distinções a partir do acúmulo e aposta de capital nesse campo. Além
disso, o personagem e sua atuação são analisados sob a perspectiva de Sá (2006) que retrata a
virada do campo intelectual no final do século XIX e nas quatro primeiras décadas do século XX,
marcando a ascensão dos intelectuais especialistas e técnicos, que elencam a ciência como
profissão em detrimento do conhecimento literato. Aliando esse contexto com o conceito de
técnico educacional de Carvalho (2000), é possível conceber o técnico educacional como um
intelectual especialista no campo da educação. Detentores do conhecimento dos novos
métodos pedagógicos, sobretudo aqueles formados no campo educacional paulista
experimentados nas Escolas-modelos e na Escola Normal, esses técnicos eram considerados
especialistas educacionais cujos saberes pedagógicos foram empregados dentro e fora de São
Paulo nas três primeiras décadas dos novecentos. Como resultado, foi possível perceber que
César Martinez faz parte de um movimento que observava a educação como um campo
científico a ser explorado. Mediante a racionalização do ensino, organização sistemática do
aparelho escolar e das propostas de divulgação da educação como ciência, é possível notar que
César Martinez tinha a preocupação de elevar a instrução pública a categoria de ciência
educacional. Essa preocupação o coloca como um técnico especializado, possuidor dos saberes
pedagógicos necessários para empreender a reforma da instrução pública paranaense. Além
disso, seus posicionamentos acerca do papel social do professor, da constituição da escola
como campo prioritário de formação do cidadão republicano, suas estratégias de divulgação e
institucionalização da reforma, podem ser observadas sob a perspectiva do intelectual
especializado.

Palavras-chave: Reforma da Instrução Pública; César Prieto Martinez; Técnico Educacional;


Intelectual especializado.

67
INSTITUIÇÕES ESCOLARES CONSTRUINDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO TOCANTINS

César Evangelista Fernandes Bressanin (UFT/PUC-GO)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

A proposta aqui esboçada situa-se na área de história da educação vinculada à temática de


instituições escolares. A partir dos pressupostos da História Cultural (BURKE, 2008;
PESAVENTO, 2008), que é plural em seus objetos, abordagens e métodos e tem sido utilizada
por grande número de historiadores que, por suas investigações, possibilitam a
desconstrução/construção/reconstrução da História e no domínio das pesquisas sobre
instituições escolares que tem se afirmado como “como microcosmos, com formas e modos
específicos de organização e funcionamento” (MOGARRO, 2001, p. 104) é que este trabalho se
apoia. Objetiva-se compreender a trajetória histórica da educação da região do antigo norte de
Goiás, atual estado do Tocantins, entre os anos de 1940 e 1970, a partir da constituição de suas
instituições escolares. O corpus escrito para o trabalho utilizou-se da revisão da literatura e o
corpus documental reuniu fontes encontradas em diversos arquivos, tanto das instituições
escolares públicas e privadas da região, como em outras instituições de guarda e centros de
documentação que, no processo de catalogação, cotejamento e análise (BARROS, 2020), tem
propiciado a tessitura da pesquisa. Os resultados da investigação têm possibilitado
compreender melhor a trajetória da educação na região sertaneja do Tocantins, a partir das
novas leituras acerca do passado de suas instituições escolares e da imensa riqueza que cada
uma guarda em seus arquivos e na memória dos que as fizeram, sejam governantes,
religioso(as), professores ou estudantes.

Palavras-chave: História da Educação; Instituições Escolares; Tocantins.

68
EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS (1726-1988)

Cintia Karina Nascimento Das Chagas Rodrigues (UFRN)

Maria Cláudia Lemos Morais do Nascimento (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente artigo trata de recorte de um capítulo do trabalho monográfico intitulado


“EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS E OS AVANÇOS EFETIVADOS A PARTIR
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988”. O referido capítulo buscou investigar e analisar a
trajetória da Educação Infantil no Brasil em seus aspectos históricos, com o objetivo de traçar o
percurso do atendimento dispensado às crianças pequenas. O recorte temporal (1726-1988)
inicia-se com a criação da primeira Santa Casa de Misericórdia no Brasil, responsável pelo
cuidado caritativo de crianças abandonadas, indo até a promulgação da Constituição Federal
de 1988 (CF/88), que conferiu o direito à educação para crianças, em creches e pré-escolas,
como um dever do Estado. O processo investigativo foi realizado por meio de pesquisa
bibliográfica de revisão de literatura sobre o tema, baseada, principalmente, em: Oliveira
(2002; 2020), Kramer (2007), Filipim; Rossi; Rodrigues (2017), Guimarães (2017) e Marques;
Pegoraro; Silva (2019). Ao realizar retrospectiva histórica no Brasil, identificamos que o
atendimento dispensado às crianças se ligou, diretamente, tanto ao cenário político,
econômico e social de cada época, quanto à concepção de criança e infância de cada período.
Tal atendimento foi iniciado com caráter caritativo, teve viés assistencialista, higienista e
compensatório até se chegar ao direito à educação expresso na Lei Maior brasileira, quando o
atendimento passou para a responsabilidade do setor educacional, com um caráter educativo.
Percebemos que o atendimento de crianças em creches ligou-se à solução destinada para o
cuidado de crianças pobres, enquanto crianças de classes mais abastadas frequentavam
instituições com caráter educativo, voltadas ao desenvolvimento intelectual, físico e afetivo e
não só ao cuidado e guarda de crianças. A conquista do reconhecimento na Constituição do
direito à educação das crianças em creches e pré-escolas como dever do Estado foi o resultado
da soma de lutas pela democratização da escola e de movimentos sociais de luta por creches. A
CF/88 trouxe avanços para a Educação Infantil, inaugurando o processo de institucionalização
dessa etapa de educação, como direito universal inerente à cidadania, proclamando o direito
das crianças à educação em creches e pré-escolas, abrindo portas para regulamentação desse
direito. Desta feita, esta pesquisa pretende contribuir com os estudos referentes a
historiografia da educação brasileira.

Palavras-chave: Educação Infantil; História da educação; Direito à educação.

69
A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA NO SÉCULO XIII: REFLEXÕES ACERCA DA IMPORTÂNCIA DA
FORMAÇÃO CRISTÃ NA PERSPECTIVA DE RAMOM LLULL

Cláudia Sena Lioti (Unespar)

Márcia Marlene Stentzler (Unespar)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

As obras de autores clássicos adquirem esta caracterização por seguirem respondendo a


problemas do cotidiano, através de intrínsecas ligações com a realidade atual, de modo que,
mesmo com o passar do tempo, continuam servindo como base para se levantar reflexões
acerca de proposições que estavam em debates em outros momentos históricos. Assim, os
clássicos “[...] chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam à nossa
e atrás de si, os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram ou, mais
simplesmente, na linguagem ou nos costumes” (CALVINO, 1993, p. 11). Uma obra ou um
estudioso clássico, expressa conhecimentos que superam o tempo e se tornam heranças
culturais e patrimônio da humanidade. Neste estudo, objetivamos analisar a obra Doctrina
Pueril (1274 – 1276), do filósofo clássico Ramon Llull. Trata-se de um ensaio escrito em forma
de manual, almejando orientar a educação da criança do século XIII. Pautava-se no
desenvolvimento do caráter e da razão, com participação preponderante dos princípios da
Igreja auxiliando a família na tarefa do educar, formando um cidadão leal, honrado e
respeitoso, movido por preceitos cristãos, diante dos dilemas, conflitos e da cotidianidade da
vida social (ARIÈS, 1981). Este estudo foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica, pela
qual, segundo Cooper & Hedges (1994) é possível analisar os mais relevantes estudos
publicados sobre um conteúdo específico. Llull, por meio da obra que aqui colocamos em foco,
se empenhou em mostrar ao filho que a vida na terra era rápida e temporária, e que a fé era o
sentimento mais importante que um indivíduo poderia ter, pois, ela encaminharia o homem
para a vida eterna. Que o entendimento da ciência e das artes eram importantes, pois, “[...] o
entendimento é o poder da alma” (LULL, 1961, p. 62). Mas, tais conhecimentos não teriam
valor se o afastassem do criador. A obra Doutrina para Crianças (1275 a 1276) pode ser definida
como um guia que visa instruir os pais na educação de seus filhos. Assim, a educação da
criança teria como pilar os exemplos familiares, ou seja, se inicia no seio familiar e ali se
aprende as primeiras e mais importantes lições e ensinamentos para que possa viver de
maneira ética e plena na sociedade. Hoje lutamos por uma educação laica, mas seguimos em
busca da formação de um sujeito com capacidade de gerir suas relações sociais com
responsabilidade. De modo que esta obra, em alguns aspectos, segue atual.

Palavras-chave: Educação da criança; Idade Média; Heranças culturais.

70
HISTÓRIA, EDUCAÇÃO, CULTURA E MEMÓRIA NA ALDEIA GUAJAJARA TAYWÁ EM BARRA DO
CORDA, MARANHÃO

Dailme Maria da Silva Tavares (UEMA/Campus Barra do Corda)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

No estado do Maranhão vários povos indígenas resistiram e conseguiram sobreviver até hoje
preservando sua cultura. O presente estudo busca pesquisar aspectos da história, educação,
cultura e memória na aldeia guajajara Taywá no município de Barra do Corda no Maranhão.
Objetivos: Levantar, descrever e analisar aspectos da história, educação, cultura e memória na
aldeia Taywá. Guajajara é uma palavra tupi-guarani que significa “os donos do cocar”.
Metodologia: Pesquisa bibliográfica com autores como Darcy Ribeiro, Mércio Gomes, Gersem
Baniwa, Manuela Cunha; trabalho de campo e história oral com entrevistas abertas com
indígenas na aldeia em outubro de 2019. Resultados: Os mais velhos falaram do passado e suas
famílias sempre vivendo na natureza, cultivando a terra, roças, fazendo sua arte e perto do rio
Corda. Segundo o cacique Aroldo Guajajara eles lutaram durante anos e conseguiram junto a
Prefeitura de Barra do Corda uma escola que funciona com a 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries. A professora
Verônica Rodrigues vem de Barra do Corda ministrar as aulas. Os livros didáticos usados no
processo de ensino e aprendizagem vem da referida cidade e não tem conteúdos que tratem
da história dos povos indígenas no Brasil, Maranhão e em Barra do Corda. Assim, prevalece o
eurocentrismo com os ensinamentos da cultura dominante e a lei 11.645/2008 que destaca a
história e contribuição dos povos indígenas no Brasil não é praticada na aldeia. Invisibilizando
dessa forma a história dos índios. Eles ainda preservam aspectos da sua cultura nativa, como a
“Festa da menina moça” que acontece quando as adolescentes tem a primeira menarca.
Quanto à religiosidade indígena muito se perdeu e foi esquecida devido aos processos de
aculturação com os colonizadores que chegaram em Barra do Corda por volta de 1835. Não
existe pajé na aldeia Taywá; hoje muitos são cristãos fazendo parte de igrejas protestantes,
como Batista e Adventista. Assim, a vida dos indígenas da aldeia Taywá ainda é muito difícil e
eles continuam lutando por sua cultura e seus direitos.

Palavras-chave: Índios guajajaras; História e educação; Cultura e memória.

71
ABORDAGEM ESTUDOS CULTURAIS DE RAYMOND WILLIAMS NA INVESTIGAÇÃO DE DOCENTE
COMO INTELECTUAL ORGÂNICO: EXEMPLO DO PROFESSOR ANARQUISTA JOÃO PENTEADO

Daniel da Silva Barbosa (UNESP/Bauru)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Esta pesquisa parte de um problema referente ao professor de educação básica, que é posto
num lugar social onde não lhe confere a capacidade de produção de ideias e práticas ativas na
transformação da educação pública. O professor do ensino básico quase sempre é pesquisado
como envolvido em políticas públicas e quase não reconhecida sua ação individual na
transformação de práticas educadoras ou ideias frente a educação. Isso se dá pelo significado
tradicional do conceito de intelectual. Sendo assim, nosso objetivo é refletir sobre ferramentas
teóricas na investigação de docentes de educação básica enquanto produtor de ideias e
práticas voltadas para sua área profissional e seu lugar na sociedade, considerando limites e
possibilidades sociais e opções individuais, reconhecendo o professor docente na educação
básica como possível individual orgânico. Nossa fundamentação teórica está na abordagem dos
Estudos Culturais desenvolvida por Raymond Williams, onde partindo do termo Cultura em
Comum, observa-se o espaço de produção cultural compartilhado pelas diversas práticas
culturais em conflitos de ideias ou trocas de significâncias. Dentro dessa análise, Williams
organizou bases metodológicas para investigar o que Gramsci refletiu como intelectual
orgânico. Dentro dessa situação realizamos breve investigação de um professor de educação
básica do município de Jaú, interior de São Paulo, que praticou seu anarquismo como crítico de
sua época, jornalista e professor. Focamos nas primeiras décadas de sua vida. As considerações
parciais indicam que esse docente desenvolveu um caráter intelectual segundo o princípio de
intelectual orgânico em Antônio Gramsci, cujo aprofundamento de investigação desenvolvido
por Raymond Williams foi a adoção desta pesquisa. O exemplo de investigação do docente
intelectual anarquista João Penteado, dentro dos limites temporais deste artigo, demonstrou
que é possível investigar as ações individuais de docentes de educação básica na história.

Palavras-chave: Anarquismo; Intelectuais; Educação Básica; João Penteado.

72
O USO DE REVISTAS EM PESQUISAS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: O MOBRAL NAS PÁGINAS
DA REVISTA VEJA

Danielly Cardoso da Silva (FABEC)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O uso dos impressos enquanto fonte de pesquisa é um fato reconhecido. Os meios de


comunicação são registros do passado que nos permitem compreender fatos, discursos
ideológicos, comportamentos e como determinadas circunstâncias foram construídas ao longo
do tempo. Este trabalho sintetiza uma experiência de pesquisa em que se procurou
compreender como um projeto educacional destinado a educação de adultos se constituiu no
contexto da ditadura miliar tendo como fonte as publicações da Revista Veja. Foram analisados
anúncios e reportagens que destacavam ações e compuseram a campanha publicitária do
Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) na Revista Veja no período de 1970 a 1975.
Apesar do uso de revistas e outros meios de comunicação impressos serem algo de costumeiro,
ao longo da pesquisa observou-se que poucos trabalhos fazem uso da Revista Veja sobretudo
no campo da história da Educação. Ao longo da pesquisa observou-se que os anúncios
juntamente com as reportagens publicadas compunham uma campanha publicitária com o
objetivo de divulgar as ações do Mobral, validar o projeto junto a sociedade e convocar
diversos setores da sociedade a contribuir com o projeto professores, estudantes, empresários
e cidadãos. Pesquisar publicações da Veja exigiu compreender seu contexto de criação, em
plena ditadura militar, uma revista de circulação nacional cujas publicações estavam fielmente
enraizadas em seu contexto de produção. Propriedade do Grupo Abril, cuja as atividades
iniciaram em 1950, com a publicação de quadrinhos, que foi crescendo aos poucos e
diversificando suas publicações. Em sua criação, o semanário se dispunha a ser uma “ revista
de informação nacional, destinada a todos os brasileiros (não apenas aos moradores de uma
determinada região) e voltada à abordagem de diferentes assuntos considerados relevantes
para subsidiar e orientar os leitores na tomada de decisões”. (SILVA, 2015 p. 127). A análise
dessas publicações na Revista Veja no que diz respeito ao Mobral enquanto projeto
educacional fundamentou-se na perspectiva da História Cultural, pautada nos autores Burke
(1994, 2011), Chartier (1988), Pesavento (2005). Na leitura das fontes, percebe-se que existe
uma memória social do que foi o Mobral que se perpetuou como uma forma de identificar a
Educação de Jovens e Adultos – EJA ao longo do tempo. Essa forma de lembrar é uma
construção coletiva, que torna esse objeto um fenômeno histórico, um elemento do passado
educacional, que embora não se faça mais presente no contexto atual, persiste no imaginário
social. Além das publicações foram utilizadas outras fontes como documentos oficiais, leis,
decretos entre outros, que juntamente com as propagandas e as reportagens veiculadas na
Revista Veja, possibilitaram identificar e analisar os discursos utilizados pela ditadura militar em
suas estratégias de adesão ao Mobral.

Palavras-chave: História da Educação; Mobral; Campanha Publicitária; Revista Veja.

73
A DISCIPLINA EPB, O REGIME MILITAR E AS UNIVERSIDADES: CONTROLANDO O CURRÍCULO
ACADÊMICO (1969-1979)

Davison Hugo Rocha Alves (UFPA)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

A presente comunicação pretende debater a historicidade da disciplina Estudo(s) de Problemas


Brasileiros (EPB) a partir da documentação do Serviço Nacional de Informações (SNI) na
tentativa de controlar o currículo acadêmico desta disciplina universitária no período de 10
anos (1969-1979). Considerada a primeira fase da disciplina EPB no currículo acadêmico. Ela faz
parte da tese de doutoramento em andamento pelo Programa de Pós-Graduação em História
Social da Amazônia na Universidade Federal do Pará (PPHIST/UFPA). O objetivo da tese é
compreender a história desta disciplina acadêmica, durante os seus 24 anos de existência no
currículo acadêmico das universidades brasileiras a partir de uma perspectiva teórica
hermenêutica. A metodologia usada nesta pesquisa foi através do uso de fontes compreender
a historicidade da disciplina EPB partindo de uma perspectiva hermenêutica, pois,
compreendemos que os historiadores ao olharem para o passado se deparam com usos de
diversas fontes históricas, por isso, que procuramos os rastros e vestígios do passado para
construir uma narrativa verídica e verdadeira (GINZBURG, 2007, p. 8). Portanto, quando se
trabalha com documentos de diversas modalidades retornamos a questão do
sentidos/significados das palavras e das relações estabelecidas entre texto e contextos
(BENTIVOGLIO, 2007, p. 77), nos defrontamos com uma determina linguagem naquele
contexto histórico. A documentação do SNI (Sistema Nacional de Informações) demonstra duas
perspectivas diferentes para a disciplina EPB. De um lado, era ela considerada uma aliada do
regime dentro do espaço universitário, o professor tinha que ser um doutrinador a serviço
público da ‘revolução de 1964’. Por isso, tinha que ser constantemente vigiada a ação docente.
A documentação do SNI demonstra que a disciplina Estudo de Problemas Brasileiros durante o
período de 1969 a 1979 era o elemento de integração nacional pretendido pela ditadura militar
para a juventude universitária. A questão da subversão comunista, a difusão da ideia de
Brasil-Potência e a necessidade permanente de um Estado Forte e poderoso estão no centro da
discussão necessária para contestar os inimigos externos e internos na sociedade brasileira, e
promover o desenvolvimento pretendido pela ditadura militar no Brasil.

Palavras-chave: Ditadura Militar; Estudo(s) de Problemas Brasileiros; Currículo Acadêmico;


Universidades.

74
CONSIDERAÇÕES SOBRE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO REALIZADA POR MEIO DOS PERIÓDICOS

Dayane Cristina Guarnieri (UEL)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Com a disseminação das ideias da História Nova - novos objetos, novos problemas e novas
abordagens - a área da História da Educação adere a essa concepção e se renova,
principalmente a partir da década de 1990, nessa esteira a utilização de periódicos não
educacionais como fonte tem contribuído para ampliar e diversificar a pesquisa
histórico-educacional. Apesar do uso dessa fonte não ser novo, atualmente seus
protagonismos e problemas específicos relacionados a vinculação dos periódicos, sociedade e
educação ganham fôlego nas pesquisas acadêmicas. A comunicação vigente apresenta
considerações sobre a abordagem da fonte para o campo da História da Educação e para isso,
destaca trabalhos em que utilizam os periódicos diários foram utilizados como fonte principal
para a pesquisa. Assim, entre a produção histórico-educacional que utiliza a imprensa não
especializada em educação como fonte, podemos verificar que os trabalhos utilizam tanto
periódicos da grande imprensa, da imprensa operária e da imprensa regional. Dentre eles
podemos citar a dissertação de Giglio (1995), na qual ela analisa as práticas educativas
disseminadas para os trabalhadores, por meio do periódico. A pesquisa Castro (1997), que
aborda a falsa ideia de que educação seria a solução para os problemas do país. A tese Simões
(2005), defende que a imprensa acompanha os processos sociais e se influência por eles.
Monteiro (2011) em sua dissertação analisa o campo educacional na imprensa Goiânia, por
meio, do periódico, O Popular. Em sua dissertação Thomé (2018) utiliza como fonte: Zero Hora
(ZH) e a mídia eletrônica gaúcha ZH para compreender o discurso neoliberal na materialidade
de enunciados sobre Educação. A dissertação de Tardelli Filho (2019) busca compreender as
tendências educativas presentes no jornal sorocabano, O Operário. O campo de conhecimento
da história da educação se expande por meio de grupos de pesquisa e publicações, exemplo
disso, é o INEP (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais) que publicou o Em Aberto de
número vinte e três em 1984 com a contribuição de estudos de Jorge Nagle, Mirian Warde e
Luiz Antônio Cunha. Quando analisamos a história da educação consideramos a importância
de autores que dedicaram suas pesquisas acadêmicas produzidos nos seus programas de
pós-graduação e produzindo trabalhos gerados dentro grupos que se dedicam ao estudo dessa
área como: ANPEd, ASPHE e HISTEDBR.

Palavras-chave: Educação; História; Periódico.

75
MULHERES NO ESPAÇO RELIGIOSO CATÓLICO: A CONCEPÇÃO RELIGIOSA DAS IFSAP NO
MÉDIO SERTÃO DE ALAGOAS

Derllânio Telecio da Silva (UFS)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este estudo se fundamenta no conjunto de investigações pertinentes as Irmãs Franciscanas de


Santo Antônio de Pádua (IFSAP) elucidando particularidades da vida feminina e concepção
religiosa na Igreja Católica Apostólica Romana. Desta forma, elucido, neste trabalho, referente
a presença do fenômeno religioso na Congregação Franciscana de Santo Antônio de Pádua,
oriundas da Província de Brabante do Norte e que desenvolveram trabalhos pastorais em terras
brasileiras. Além disso, este trabalho traz reflexões frente a inserção das mulheres na Igreja
Católica Apostólica Romana. Trago, a presença de congregações femininas estrangeiras no
Brasil, com ênfase no Nordeste. A Congregação das Irmãs Missionárias Franciscanas de Santo
Antônio de Pádua teve sua fundação na Holanda, especificamente em 17 de fevereiro de 1913,
na aldeia de Boerdonk por Geraldo Guilherme Van Schinjdel. Após o falecimento do Pe
Guilherme, a Irmã Antônia o substituiu e passou a exportar jovens freiras para países como a
Aruba, Brasil, Noruega e Indonésia. O propósito desta pesquisa é trazer à lume as concepções
religiosas das Irmãs Franciscanas de Santo Antônio de Pádua no médio sertão de Alagoas,
especificamente nos municípios de Palestina, Pão de Açúcar e São José da Tapera. A pesquisa
inclui a análise das formas de relacionamento das freiras europeias com os sujeitos sertanejos,
analisando como se manifestam as questões do sagrado, bem como as interações das religiosas
com a esfera pública, iniciativa privada e órgãos do terceiro setor. É o fio condutor desta
pesquisa, detectar as possíveis influências religiosas trazidas para os municípios sertanejos.

Palavras-chave: Catolicismo; Filantropia; Missão Franciscana.

76
CASEMIRO DOS REIS FILHO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL

Djanní Martinho dos Santos Sobrinho (UFRN)

Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Quando discutimos sobre a História da Educação Brasileira, temos que considerar as


contribuições dos intelectuais que no decorrer do tempo se debruçaram ou ainda desenvolvem
suas pesquisas em diversos campos educacionais. Nesse contexto, o presente resumo tem por
objetivo evidenciar a trajetória acadêmica e profissional de Casemiro dos Reis Filho, ele que
nasceu no ano de 1927 e faleceu em 2001, em decorrência de problemas de saúde que o
acompanhavam desde a década de 1980 quando foi vitimado por um acidente vascular
cerebral. Reis Filho concluiu seu ensino primário tardiamente aos 14 anos, e isso se justificou
pelas dificuldades enfrentadas no meio rural, uma vez que a oferta da educação não atendia de
forma plena aos que residiam distantes da área urbana. Contudo, isso não se constituiu em
impedimento para que ele interrompesse seu interesse de estudar, pois anos mais tarde o
mesmo conseguiu concluir a etapa básica da escolarização e ingressar em diferentes cursos
superiores e ser aprovado também em concursos para professor em diferentes instituições de
ensino. Metodologicamente a investigação foi desenvolvida a partir de pesquisa bibliográfica a
autores como Filho (2005), Saviani (2001), Delaneze (1995) e outros que sistematizaram ideias
e discussões defendidas por Reis Filho. Em linhas gerais, constatou-se que o referido intelectual
contribuiu de forma significativa com a educação brasileira, pois além de exercer a docência
com esmero, orientou trabalhos acadêmicos e produziu escritos que servem de pesquisa como:
“Raízes históricas da educação contemporânea” e “A educação e a ilusão liberal: origens da
escola pública paulista”.

Palavras-chave: Casemiro dos Reis Filho; Educação Brasileira; Intelectual.

77
DO MÉTODO PAULO FREIRE AO ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL: CULTURA POPULAR,
IDENTIDADE E CONSCIÊNCIA HISTÓRICA

Domingos Dutra dos Santos (UEMA)

Guilherme Aguiar Gomes

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Pesquisa que visa relacionar o ‘método’ de Paulo Freire com o ensino de História Local a fim de
apontar meios para uma transposição didática que reforce a importância de se trabalhar a
cultura popular e a construção de memórias e identidades. Assim, o desenvolvimento da
pesquisa foi realizado a partir da interpretação de alguns textos do filósofo e educador Paulo
Freire sobre a discussão da educação popular, que reverbera pelo caráter educativo, político,
antropológico e ético. Na perspectiva do autor, a cultura deve ser engajada com a própria
experiência da vida de cada homem. Tem como suporte os historiadores Schmidt, Guimarães,
Cerri. Rüsen, Goubert, Neves, Martins, Brodbeck, Pollak, Bittencourt, Halbwachs, Hall, Buker, Le
Goff, Nascimento Júnior & Guillen. Desta forma, o referido estudo propõe uma análise acerca
do ensino da história local, considerando as concepções, perspectivas e implicações que a
memória e a identidade permitem à abordagem deste campo da História, buscando relacionar
esses conceitos, de modo a melhor compreender seus impactos em relação ao processo de
ensino-aprendizagem. Entendemos que essa abordagem histórica tem grande valia à formação
do indivíduo, especialmente no que tange ao seu conhecimento sobre si e sua realidade, e
assim também percebendo que memória e identidade são conceitos fundamentais para o
melhor entendimento acerca deste campo de estudo. Para Freire, o indivíduo é mergulhado
em experiências de vida, que está em constante mudanças e de variadas experiências. A
educação popular deve ser baseada na educação dialógica crítica e participativa, que tem como
intuito romper o silêncio do indivíduo e envolvendo-o em ser de ação crítica e política no meio
em que está inserido. A história local tem sido indicada como necessária para o ensino por
possibilitar a compreensão do entorno do aluno, identificando o passado sempre presente nos
vários espaços de convivência (BITTENCOURT, 2018, p. 146). Para Rüsen(2010), o homem tem
que agir intencionalmente, e só pode agir no mundo se o interpretar e interpretar a si mesmo
de acordo com as intenções de sua ação e de sua paixão, pois “a consciência histórica não é
algo que os homens podem ter ou não – ela é algo universalmente humano, dada
necessariamente junto com a intencionalidade da vida prática dos homens. A consciência
histórica enraíza-se, pois, na historicidade intrínseca à própria vida humana prática”. Em suma,
entendemos que o aprendizado histórico e a consciência histórica são capacidades de geração
de sentido histórico do aluno e do professor. No ensino deve-se encara a História como uma
narrativa abrangente, global, na qual caibam o político, o social, o econômico, o grande
acontecimento, o indigente ou o marginal, o grande homem ou o desconhecido, a História
Local ou a História Universal, isto é, uma história viva.

Palavras-chave: Paulo Freire; História Local; Identidade; Consciência Histórica.

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MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO NA BAHIA: "ESCOLA PARQUE" - UM PROJETO DE EDUCAÇÃO
DEMOCRÁTICA DEMONSTRADO NA ORGANIZAÇÃO DE SEU ACERVO.

Edna Pinheiro Santos (UNEB)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente resumo visa trazer um breve relato de participação na primeira etapa da pesquisa e
organização do acervo documental do Centro Educacional Carneiro Ribeiro (CECR), da cidade
de Salvador – Bahia. Este projeto de escola, idealizado pelo educador baiano Anísio Teixeira,
teve o seu planejamento e início de construção durante o governo de Octávio Mangabeira
entre 1947 a 1951 sendo concluída com a presença de Anísio Teixeira como diretor do Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), possuindo este uma influência marcante na
concretização das propostas educativas defendidas pelo educador. Complexo escolar que
visava articular as disciplinas do currículo comum nas Escolas Classe e atividades manuais, de
esporte, lazer e cultura na Escola Parque, o CECR entendia a importância da dimensão
educativa para o trabalho, ou seja, formar cidadãos aptos e conscientes dos seus direitos e
deveres na sociedade. Importante ressaltar que esta pesquisa faz parte do Projeto “Escolas
Ícones” idealizado pelo Grupo de Pesquisa Memória da Educação na Bahia – UNEB,
coordenado pela professora Drª Jaci Menezes, do qual sou membro. Foi dado ênfase aos
documentos que se encontravam na secretaria da Escola Parque com datas entre 1950 e 1980,
por entender que estes contariam de forma mais detalhada o início do funcionamento CECR
sob o ponto de vista dos seus participantes. Foram necessários estudos prévios a fim de
entender o projeto de educação primária defendido por Anísio Teixeira, as implicações
socioeconômicas de se instalar o Centro em um bairro periférico da cidade, que elementos
políticos pedagógicos foram basilares para esta experiência e como a sociedade baiana ainda
percebe a importância do Centro para a educação na Bahia. Lá foram encontrados documentos
produzidos pelos diversos setores que compunham a escola, e outros vindos de instituições
que estabeleciam algum tipo de relação com esta, evidenciando ainda mais a importância da
experiência, pois estes se tratavam de convênios, visitas, cursos de formação e observação da
escola por parte de profissionais de educação e demais pessoas vindas de outros lugares do
Brasil e do mundo. Nesta etapa da organização do arquivo a pretensão era a de realizar um
planejamento no que diz respeito às categorias para escolha, higienização, organização e
catalogação dos documentos, assim como, quais etapas ficariam a serem concluídas levando-se
em conta quantidade dos documentos que ainda estão na escola sem passar pelos processos
acima citados. Portanto, esta documentação é capaz de proporcionar diversas pesquisas dentro
e fora da área de História da Educação, sendo assim, sigo nesta linha tentando identificar e
sistematizar as histórias que contam os documentos impressos, iconográficos e materiais deste
rico e importante acervo, na tentativa de que as ideias do passado possam nos mostrar uma luz
para o futuro.

Palavras-chave: Anísio Teixeira; Pesquisa documental; Acervo escolar; Escola Parque.

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CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DA INSTRUCÇÃO PUBLICA, POR MANUEL BALTHAZAR PEREIRA
DIEGUES JUNIOR (1989): DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO AO MODO DE ORGANIZAÇÃO

Edna Telma Fonseca e Silva Vilar (UFBA)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

No período do Império muitas leis e reformas foram produzidas na perspectiva de organizar e


regulamentar a instrução pública como ramo importante para o desenvolvimento da nação, de
modo geral, e das províncias, em particular. A recorrente notícia de que “à instrução pública foi
dada nova regulamentação” foi motivo de preocupação dos presidentes de províncias que se
revezavam nos cargos e entre as províncias; dos professores que acompanhavam esse
movimento; mas também de intelectuais ou experts no assunto, a exemplo de Manuel
Balthazar Pereira Diegues Junior, que produziu a obra Consolidação das Leis da Instrucção
Pública (1889). Nesta comunicação, o principal objetivo é analisar o contexto de produção da
referida obra com enfoque para o modo como foi organizada. Nessa perspectiva, dar a
conhecer a supracitada obra, que apresenta uma compilação da vasta legislação educacional
que regulava a instrução pública na província das Alagoas Oitocentista ganha relevância.
Metodologicamente, problematiza-se as questões relacionadas a legislação, mas também a sua
organização na perspectiva de efetivá-la. Aborda-se a obra em sua configuração estrutural e de
conteúdo, destacando também à autoria; para finalmente, tratar das virtualidades da obra
como fonte e documento para as pesquisas em História da Educação. A dimensão de inovação
dos registros relativos aos temas, a temporalidade, as permanências e/ou mudanças é,
igualmente, problematizada. Destaca-se que a obra Consolidação das Leis da Instrucção Pública
(1889), ao tempo que se institui como um documento é também um Guia de fontes seletivo
que enceta possibilidades heurísticas de se investigar acerca da escolarização na província de
Alagoas. Conclui-se, reafirmando que o modo como a obra foi organizada, ao tempo que
constitui um catálogo de fontes da e para o estudo da legislação, indica a expertise do seu
autor, conforme indicações feitas pelos administradores à época.

Palavras-chave: História da Educação; Legislação educacional; Catálogo de Fontes.

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LETRAMENTO LITERÁRIO: DESAFIOS E INOVAÇÕES EM UM CONTEXTO ESCOLAR RURAL

Eliza Alves Landin (UEG)

Solange da Silva Corsi (IFG)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Este resumo expandido é fruto de um projeto de pesquisa elaborado para a conclusão do


Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Formação de Professores e Práticas Escolares, do
Instituto Federal Goiano, Campus Ceres, Goiás. Nesse sentido, o objetivo central deste é tecer
reflexões acerca das práticas do letramento literário de uma escola municipal rural, localizada a
cerca de quarenta quilômetros da cidade de Jaraguá, literária para a formação de alunos mais
autônomos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que para Gil (2002) é desenvolvida com
base em material já elaborado, constituindo-se de material científico que permite um contato
direto com o assunto abordado, tendo a preocupação de verificar a veracidade, coerências e
incoerências que as obras podem apresentar. Aduz também cunho documental, que para o
mesmo autor, é um tipo de pesquisa muito parecida com a bibliográfica, contudo a diferença
está na natureza das fontes, pois a pesquisa documental se vale de materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo
com os objetos da pesquisa e que podem receber outras interpretações. Para Terra (2015), a
leitura não deve ser concebida somente para traduzir e exteriorizar pensamento ou transmitir
informações, mas sim como um veículo que efetiva a realização de ações e interações
humanas, com efeitos de sentido, em um contexto sócio-histórico e ideológico. Já, na visão de
Bakhtim (2006), a leitura deve possibilitar a todo o indivíduo o entendimento do mundo e da
sociedade em que está inserido, não apenas associando letras e palavras, mas também no
sentido cultural, que leve as pessoas a entender e a interpretar a realidade e a si mesmos, pois
a língua é um sistema de signos, tanto históricos quanto sociais, que se realiza de maneira
interlocutiva e consiste na comunicação e exposição de argumentos a serem compreendidos,
em uma relação entre pensamento e linguagem, constituindo fonte de saber linguístico.
Manguel (2004), por sua vez, destaca que a leitura associa-se a outras tais funções que se
dizem essenciais ao corpo humano, servindo como um veículo metafórico, onde as idéias são
vistas como ingredientes que devem ser misturados homogeneamente para se obter,
efetivamente, um resultado final. Assim, a leitura torna-se, aos poucos, uma força irresistível e
essencial à vida e é possível que o leitor se veja diante da possibilidade de refletir a respeito do
mundo em que existe. Conforme Geraldi (2011), dentro do conceito que ultrapassa a
decodificação, é preciso compreender as relações interlocutivas na leitura, que dão significado
na construção do sentido, que permitem refletir sobre como as pessoas se organizam e o que
almejam dizer, de modo a tornar as expressões significativas, tornado os leitores capazes de
participar de forma mais efetiva da sociedade em que estão inseridos, e acima de tudo, com
capacidade para transformá-la, por meio de trocas de valores e ideologias, que pertencem
tanto ao leitor quanto ao autor. Perissé (2006) argumenta ser necessário compreender,
sobretudo, que a leitura envolve um processo de construção de sentido e de significado, em
que cada indivíduo possui seu objetivo e traz consigo uma gama de conhecimentos, o que

81
sugere uma pluralidade de sentidos em relação ao que se lê. Cosson (2016) aponta que
literatura tem a escrita como forma de veículo predominante e consiste na exploração das
potencialidades da linguagem, da palavra e da escrita. Por ser atemporal, guarda em si o
pretérito, o presente e até o futuro, tornado-se capaz de passar por várias transformações
discursivas. Pela perspectiva artística, Machado (2011) considera que, a literatura, ou o texto
literário, utiliza-se da linguagem como uma forma de conhecimento muito particular, que
permite perceber aspectos sutis da realidade. Diferentes documentos também dão base para
uma análise mais plural. Para a Base Nacional Comum Curricular (2017), o texto literário
representa uma força criativa da imaginação e da intenção estética, não estendo limitado a
critérios de observação fatual ou a padrões de modos de ver a realidade, mas ultrapassa e
transgrida a mediação de sentidos entre o sujeito e o mundo, entre a imagem e o objeto. A
Base Nacional Comum Curricular (2017) destaca que a leitura literária promove o exercício da
empatia e do diálogo, permitindo o contato direto com a diversidade de valores, de
comportamento, de crenças, de desejos e de conflitos. O Documento Curricular para Goiás (DC
GO, 2018) afirma que, deve estar inserindo no cotidiano escolar dos discentes o hábito de
diferentes letramentos, que, como aqui já foi mencionado, está diretamente ligado às práticas
sociais da leitura e da escrita, exigindo condições libertadoras e transformadoras, sendo a
escola um dos espaços que pode favorecer condições para que isto aconteça. Conforme os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998), a leitura não deve ser limitada somente dentro
de um processo simples de decodificação do escrito, uma vez que o leitor deve sempre ser
induzido a interpretar, compreender e refletir a respeito do seu próprio universo e do universo
do outro, compartilhando hipóteses e ideologias, aceitando ou se opondo ao que lhe é
apresentado. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) compreende a leitura como
prática de interação ativa entre leitor, ouvinte e espectador, com textos de fruição estética ou
de literatura, com o objetivo de realizar procedimentos de conhecimento, discussão e debate
sobre temas sociais, relevantes e sustentar a reivindicação de algo no contexto dentro da vida
prática de cada indivíduo. Por acreditar que a leitura literária é libertadora e por ser esse um
direito que assiste a cada indivíduo, surgiu o interesse por esta pesquisa. Por meio deste
estudo foi possível constatar que o texto literário contribui efetivamente na formação de
discentes autônomos, que atuarão para além dos muros da escola, escolhendo as próprias
leituras, mesmo sem ter qualquer tipo de cobrança escolar. Eles são capazes de “ler” o mundo
ao seu redor. Identificam informações, tanto explícitas quanto implícitas nos textos,
sentindo-se seguros para opinar a respeito do que leram, fazendo associações e levantando
hipóteses. Constroem sentidos, compreendem a intencionalidade textual e associam isso ao
contexto em que estão inseridos, tornando a leitura significativa, e assim alçam novos
horizontes. Consequentemente, tornaram-se indivíduos mais ativos, conscientes e críticos.
Contudo, vale lembrar que esta é uma ação pedagógica lenta, difícil, gradual e até solitária. É
uma prática que requer esforço da parte do docente e mudanças advindas do posicionamento
da escola em relação à leitura literária, pois nem sempre os demais profissionais estão
dispostos a sair de sua zona de conforto para readaptarem suas aulas, preferindo mantê-las de
forma tradicional. Assim, pode-se concluir que o leitor deve sempre ser induzido a interpretar,
compreender e refletir a respeito da posição que ocupa em todos os contextos do qual faz
parte, tornando-se protagonista de suas escolhas e que para isso lança mão do conhecimento
literário que dispõe e que pode ser adquirido.

Palavras-chave: Contexto Escolar Rural; Leitura; Letramento Literário.

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INSTITUTO STELLA MARIS: A EDUCAÇÃO CONFESSIONAL NO MARAJÓ

Ely Carlos Silva Santos (UEPA)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O objetivo neste texto é discutir a proposta de ensino propagada no Colégio Stella Maris pelas
irmãs agostinianas no período de 1959 até 1966. Este texto se insere como parte na pesquisa
de mestrado pela UFPA, problematizando-o no campo da história da educação e das
instituições escolares na Amazônia, mas especificamente na cidade de Soure/Pa, na região
oriental do arquipélago do Marajó. Desta maneira, este estudo se centra no método histórico
documental, considerando que tudo tem história quando da fundamentação teórica subjetiva
com base na atividade humana e na construção cultural mutável em suas variações temporais
e espaciais, focando-se nas análises de todo tipo de evidências para compreender as ações
individuais e coletivas quando se olha para o passado (BURKE, 2008). Como resultado,
aponta-se que é no preâmbulo da carência social na população sourense que se fundou o
Instituto Stella Maris, em 21 de fevereiro de 1959, pelo bispo Dom Gregório Alonso Aparício
(LIVRO DO TOMBO DA PRELAZIA DO MARAJÓ, S/D). A fundação do Colégio Stella Maris, como
era chamado e conhecido pelos moradores da cidade, foi marcado pela conjuntura política e
educacional a partir da década de 1960, sobre o interesse e a influência da igreja católica na
sociedade brasileira, em especial na Amazônia, as obras sociais e os projetos educativos da
Prelazia do Marajó foram pensados e executados em prol do projeto “desenvolvimentista” que
o governo federal tinha para a Amazônia. É neste contexto, que a ERC Stella Maris representa
pontos marcantes na história da educação na Amazônia, particularmente pela sua arquitetura
e pelo trabalho docente vinculado a Prelazia do Marajó por meio das missionárias agostinianas
que vieram para a cidade expressando a filosofia da promoção humana pelo mundo (LIVRO DO
TOMBO DA PRELAZIA DO MARAJÓ, S/D). Da sua fundação, quando atendia poucos alunos de
ambos os sexos, tornou-se referência na região pela educação religiosa em seu currículo,
fazendo com que muitos alunos prosseguissem seus estudos na capital do estado. Uma
formação educacional digna dos alunos com base nos princípios morais para se alcançar a
cidadania plena. O que se pode inferir no Instituto Stella Maris é a sua suntuosidade e a
demonstração de poder da igreja católica no campo educacional. Também, o conhecimento
repassado pelos docentes tinha como enfoque o contexto da vida dos familiares dos alunos
que, na sua maioria, eram considerados de baixa renda; eram conhecimentos com foco na
assistência social e religiosa com base na encíclica do papa João VI conhecida por Populorum
Progressio, na qual pregava a necessidade na promoção do desenvolvimento dos povos. Assim,
diante do compromisso das irmãs agostinianas, o ensino do local e seus feitos na Amazônia são
representados pelo Instituto Stella Maris, desde sua fundação aos dias atuais.

Palavras-chave: História da Educação; Instituição escolar; Ensino Religioso; Marajó.

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EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS NA DISCIPLINA FUNDAMENTOS SÓCIO-HISTÓRICOS DA
EDUCAÇÃO/CE/UFPB EM 2021: UM OLHAR SOBRE O LIVRO EDUCAÇÃO E MUDANÇA DE
PAULO FREIRE

Felipe Cavalcanti Ivo (UFPB)

Kilma Cristeane Ferreira Guedes (UFPB)

Maria Elizete Guimarães Carvalho (UFPB)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as experiências formativas vivenciadas em
torno das discussões do livro Educação e Mudança de Paulo Freire (2011), nas aulas da
disciplina Fundamentos Sócio-Históricos da Educação (FSHE), do Centro de Educação (CE), da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no período acadêmico 2020.2, realizado no ano de
2021. Nesse sentido, partimos da dimensão que os conteúdos abordados tornam-se relevantes
para a formação tanto dos graduandos das licenciaturas de Música, Educação Física e Química,
quanto para a nossa formação de mestrando em estágio docência no Programa de
Pós-Graduação em Educação (PPGE), da UFPB (conforme a Resolução nº 01/2020). Segundo o
plano de curso da disciplina FSHE (UFPB, 2021, p.11), espera-se que o educando tenha aptidão
de desenvolver sensibilidade crítica do fenômeno histórico social da realidade escolar. Ou seja,
a pretensão é que os acadêmicos de diferentes licenciaturas que possuem a cadeira em pauta
como (não) obrigatória possam desenvolver competências reflexivas perante o contexto
educacional. Deste modo, com carga horária semestral de 60 horas, a disciplina incentiva o
diálogo com autores das Ciências Sociais e humanas, a exemplo de Émile Durkheim, Max
Weber e Karl Marx, sendo inevitável um olhar para Paulo Freire, pelas suas significativas
contribuições para a conscientização dos sujeitos. Diante disso, usamos como pressupostos
teórico-metodológicos a História do Tempo Presente (HTP), que segundo Lohn (2017, p.11), é
“uma história comprometida e interpelada pelo presente [...]”, situando historicamente nossas
experiências formativas autobiográficas no tempo imediato.. Com Gagnebin (2009),
recorremos à memória do vivido no presente, inspirados na Nova História (BURKE,1992). Na
disciplina em comento, o livro Educação e Mudança foi abordado em três encontros remotos
através de slides, vídeos e discussões de textos, em uma postura reflexiva sobre a realidade
social e escolar, o que nos despertou e aos graduandos para outros olhares sobre o ato de
ensinar e de aprender no momento atual. Freire (2011, s/p.) sustenta que a realidade “ver o
homem como uma ‘lata’ vazia que vão enchendo com seus ‘depósitos’ técnicos”, propondo a
construção de uma educação comprometida com a mudança social. Durante o período,
percebemos uma ampla assimilação desses saberes pelos graduandos em seus discursos em
sala ou a partir das análises de atividades avaliativas, e consequentemente, em nossa
autoformação como educadores/pesquisadores. Dessa forma, compreendemos as
contribuições de Paulo Freire na mudança de mentalidade e nas posturas dos sujeitos,
posicionando-se ao encontro de um genuíno compromisso humano e profissional com a
sociedade.

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Palavras-chave: Experiências Formativas; História do Tempo Presente; Memória; Autobiografia.

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TRAJETÓRIA E MEMÓRIA DAS PRIMEIRAS MULHERES PROFESSORAS DE COLORADO DO
OESTE-RO

Flaviana Faustino da Silva (UNIR)

Elizabeth Figueiredo de Sá (UFMG)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Esta pesquisa de mestrado em andamento pretende direcionar um olhar para a história da


educação do estado de Rondônia, a partir das narrativas das primeiras mulheres professoras da
cidade de Colorado do Oeste, entre as décadas de 1970 a 1980, período em que se
estabeleceram as primeiras escolas do município. Cabe esclarecer que, quando se trata da
história do Estado de Rondônia tudo é muito recente, e isso se dá pelo fato do estado ter sido
criado em 22 de dezembro de 1981, pela Lei Complementar nº 41 e instalado em 4 de janeiro
de 1982, no governo de João Batista Figueiredo. O município de Colorado do Oeste, lócus da
pesquisa, situa-se ao sul do estado de Rondônia. Tem os primeiros registros datados de 1973,
quando trinta e seis colonos de diversas regiões do país atraídos pela terra fértil e convidativa
para a exploração agrícola se estabeleceram na região do rio Colorado, para exploração
agrícola. Concomitantemente a chegada das pessoas nessa região foi-se percebendo a
necessidade de escolas para atender a comunidade que se formava e para que essa população
permanecesse nessa localidade. Então, em 07 de outubro de 1976, através da 1ª Resolução
017/CTE, foi fundada a primeira instituição de ensino, que se têm registros, a Escola Zeferino
da Silva Santos, funcionando até a 6ª série do antigo 1° grau de acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB). Desse modo, a pesquisa tem como objetivo principal narrar as
histórias e memórias das primeiras mulheres professoras da referida cidade. Com os objetivos
específicos almeja-se investigar como se deu o processo de escolarização deste município e
entender qual a importância que estas mulheres tiveram no processo de escolarização desta
cidade e consequentemente no processo de colonização do interior do estado de Rondônia.
Para tanto, a metodologia deste trabalho partirá da perspectiva da História Oral, Memória e
Abordagem Qualitativa. Para darmos conta do proposto, nos apoiaremos em autores como
Michel de Certeau que ajudará na compreensão do cotidiano que cercava estas mulheres, Paul
Thompson e Jaques Le Goff que contribuirão enormemente para entendermos sobre história e
memória que são os dois pilares balizadores dessa pesquisa, Michelle Perrot, Guacira Lopes
Louro e Mary Del Priore que guiarão o entendimento sobre a condição feminina.Como
resultado deste trabalho espera-se alcançar os objetivos citados e principalmente contribuir
com a história da educação do estado e como consequência do país.Percebe-se que quando se
refere à história das mulheres nas salas de aula rondoniense o material é mais escasso ainda,
essas mulheres parecem ter sido invisibilizadas.

Palavras-chave: História Oral; Memória; Mulheres Professoras.

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O BOLETIM DA CBAI COMO FONTE DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Francisca Leidiana de Souza (IFRN)

Isis de Freitas Campos (UFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A criação da Comissão Brasileiro-Americana de Ensino Industrial (CBAI) se deu em um contexto


político no qual o Brasil passava pelo fim do Governo Getúlio Vargas e da Segunda Guerra
Mundial. Nesse período, o país estabeleceu uma aproximação com os Estados Unidos da
América, o que significou uma série de acordos entre as nações, incluindo o apoio técnico e
financeiro para o desenvolvimento do ensino industrial brasileiro, materializada na formação
da Comissão, que contava com a presença de profissionais nacionais e americanos. O
funcionamento da CBAI se deu de 1946 a 1962, tendo sido renovado o acordo algumas vezes
ao longo desse período. Um dos meios de divulgação das atividades desenvolvidas pela CBAI
era a publicação do Boletim editado pela própria Comissão - a princípio em sua sede no Rio de
Janeiro e, a partir de 1957, na Escola Técnica de Curitiba, onde passou a funcionar o Centro de
Pesquisas e Treinamento de Professores. O Boletim da CBAI contava, em geral, com 16 páginas
e era resultado da contribuição de profissionais da rede de escolas industriais e técnicas (além
dos técnicos e administradores da CBAI), sendo o público-alvo diretores e professores dessas
instituições. Pensando na criação e contribuição do Boletim tanto para a divulgação das
atividades desenvolvidas pela CBAI quanto para a discussão acerca da história da educação
industrial, a presente pesquisa tem como objetivo central analisar o Boletim da CBAI como
fonte de pesquisa em história da educação. Para tanto, foi realizado um levantamento das
publicações que trataram do Boletim como fonte no Banco de Catálogo de Teses e Dissertações
da Capes; o Directory of Open Access Journals-DOAJ e o Google Acadêmico, como as
plataformas utilizadas para a busca das produções acerca dos Boletins. Para tanto, utilizou-se
como descritores “boletim da CBAI”; “Boletim da Comissão Brasileiro-Americana de Ensino
Industrial”; e “CBAI”, todos com o uso de aspas para obter um alcance preciso das produções.
Como resultado, identificou-se uma quantidade expressiva de publicações, sendo estas, teses,
dissertações, artigos e livros, as quais utilizaram os boletins da CBAI tanto como fontes
primárias quanto fontes secundárias. Compreendeu-se, a partir da análise nas publicações
alcançadas, que os boletins da CBAI foram fonte para pesquisa sobre trabalho e ensino
industrial; educação matemática; educação profissional; educação industrial; saberes
pedagógicos; saúde, higienismo e educação; ideologia e política; psicologia americana;
formação de professores na educação industrial, dentre outras discussões pertinentes ao
campo da educação profissional. Sendo assim, os boletins se constituem como contributo para
os pesquisadores que tratam da história da Educação Profissional como área de pesquisa, pois
apresentam como se deram as atividades realizadas no Brasil e nos EUA pela Comissão, assim
como os reflexos gerados na organização do ensino industrial no Brasil.

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Palavras-chave: Boletim da CBAI; Ensino Industrial; Fonte; História da Educação.

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HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR NO RIO GRANDE DO NORTE E A DESIGUALDADE DE ACESSO

Francisca Liliane da Cunha (UFRN)

Kilza Fernanda Moreira de Viveiros (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho refere-se a uma pesquisa de Mestrado do Programa de Pós-graduação em


Educação – PPGED desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O
estudo tem por objetivo compreender e discutir, o campo do ensino superior no Estado do Rio
Grande do Norte e a desigualdade de acesso nos primeiros cursos de bacharelado na área da
educação agregados à Universidade do Rio Grande do Norte (URN), no período entre os anos
de 1958 a 1968. Este recorte temporal se justifica pela autorização do funcionamento da
Faculdade de Filosofia de Natal pelo Decreto Federal nº 49.573 de 18 de dezembro de 1956,
com a criação do curso de Geografia, História e Letras, que somente foi reconhecido no ano de
1959, pelo Decreto Federal nº 46.868/59. A Universidade do Rio Grande do Norte (URN) surge
da necessidade da instalação de uma universidade que tinha como função principal o espirito
de investigação e o gosto pela cultura. Com o objetivo de pesquisar a desigualdade de acesso
dos jovens de ambos os sexos, que concluíam o curso secundário e poderiam prosseguir em
sua formação de nível superior, é que esta pesquisa se faz pertinente nos primeiros cursos de
bacharelado em educação e os sujeitos que iniciaram esse processo de acesso ao ensino
superior. A escolha teórico-metodológica se dará através de (SAVIANI, 2011) a expansão do
ensino superior no Brasil e a educação brasileira, (ARROYO. 2021) desigualdade social e
pobreza. E para analisarmos o objeto de investigação na articulação dos resultados das análises
e a delimitação das referências teóricas, subsequentemente analisaremos os conceitos de
espaço, cultura e educação na perspectiva de (BOURDIEU, 2008), práticas e lugar (CERTEAU,
1982;1998), história e tempo (BLOCH, 2001) documento e memória segundo (LE GOFF, 1996).
Recorremos aos acervos físicos e virtuais disponibilizados pelos repositórios institucionais da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (1958-2017/ Volume 1), do Repositório
de História e Memória da Educação (RHISME), LAHMED, LABIM da UFRN (1964-1979),
Hemeroteca Digital e as coleções digitais de jornais e Revistas da Biblioteca Nacional
(1967-1969) para ampliação das fontes desta pesquisa. A fim de contribuir com a escrita da
história dos cursos de graduação e para reconstrução histórica no ensino superior, e nos
permitir a sociabilizar a desigualdade dos egressos dentro da instituição universitária,
problematizando e destacando-se os sujeitos que iniciaram esse processo.

Palavras-chave: Ensino Superior; Desigualdade; História da Educação.

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PENSAMENTO PEDAGÓGICO FREIREANO COMO ALICERCE PARA UMA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA CRÍTICA

Francisco de Oliveira Neto (UFRN)

Julie Idalia Araújo Macêdo (UFRN)

Fredy Enrique González (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

As imbricações entre a História, a Educação e a Matemática tem contribuído fortemente para o


desenvolvimento de pesquisas e reflexões sobre a importância sócio-histórica da Matemática,
consolidando a Educação Matemática como um importante campo científico. Nesse sentido, o
presente trabalho consiste na realização de um mapeamento acerca das pesquisas em
Educação Matemática alicerçadas no pensamento pedagógico de Paulo Freire, desenvolvidas
no Rio Grande do Norte, em quatro Instituições de Ensino Superior (IES) públicas: (1)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; (2) Universidade Federal Rural do Semi-Árido;
(3) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e (4) Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Norte. O recorte temporal escolhido foi entre os anos de 2004 e
2020. O objetivo principal é construir um panorama das pesquisas que se detiveram a estudar
o pensamento pedagógico freireano como alicerce para uma Educação Matemática Crítica,
proposta por Ole Skovsmose. O corpus do estudo é oriundo de uma investigação realizada na
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BTDT), utilizando os descritores: “Paulo
Freire” e “Matemática”. Também foram consultados os repositórios dos programas de
pós-graduação mencionados. Após identificar os trabalhos nessa base de dados, foram
considerados os seguintes aspectos: (a) ano de defesa, (b) programa (c) nível de pós-graduação
(mestrado acadêmico, mestrado profissional ou doutorado), (d) metodologias e (e)
perspectivas teóricas. Trata-se de um estudo exploratório que faz parte de uma pesquisa maior
orientada para uma reconstrução histórica da Educação Matemática no Rio Grande do Norte.
Diante dessa investigação, concluímos que as estratégias metodológicas nesses trabalhos são
variadas, incluindo estudos bibliográficas, pesquisa-ação, aplicação de sequências didáticas,
pesquisas históricas, dentre outros.

Palavras-chave: Educação Matemática; Pensamento Freireano; Rio Grande do Norte.

90
ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE: UMA
INVESTIGAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

Gabriel Costa de Souza (UFRRJ)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Esta comunicação tem como objetivo central compreender o espaço da História Local no
processo de formação dos discentes do curso de Licenciatura de História da Universidade
Estadual do Rio Grande do Norte. A pesquisa adota a metodologia estatística e a análise de
conteúdo como ferramentas de investigação do currículo da instituição acadêmica potiguar
que normatiza o ensino de História Local. Deste modo, insere-se esta comunicação no âmbito
da História da Educação, procurando compreender as estruturas conceituais, metodológicas, e
pedagógicas que fundamentam a normatização da História Local do Rio Grande do Norte e a
sua relação com a formação-prática docente. Esta investigação é caracterizada por uma
amplitude das fontes que exige um árduo trabalho de leitura, mapeamento, identificação e
catalogação das disciplinas da matriz curricular ativa da Universidade Estadual do Rio Grande
do Norte, bem como de seus documentos institucionais. Com isso, detalha-se uma leitura
pormenorizada dos componentes curriculares com o intuito de mensurar a proporção do
local/regional como elemento obrigatório da matriz curricular, bem como mapear as temáticas
e analisar estatisticamente essas disciplinas. Pensando nisso, a presente investigação, das
matrizes curriculares do curso de História da UERN, mapeou uma extensão de 23 disciplinas
obrigatórias de formação histórica com 2 dedicadas à temática local, além da oferta de 2
disciplinas optativas de História Local e Regional e de possuir um núcleo de estudos específico
para a investigação sobre território oeste potiguar. Os resultados, detalhados acima,
evidenciam um processo formativo centrado em elementos basilares no estudo histórico –
teorizações historiográficas, padrões metodológicos das pesquisas, reflexões pedagógicas do
processo de ensino-aprendizagem em história, dinâmicas práticas da efetiva ação do ensino,
entre outras múltiplas áreas inseridas no letramento obrigatório de um licenciado em história.
É significativo observar que o local/regional logrou êxito em cristalizar-se como elemento
basilar na formação dos licenciandos em história do norte, bem como se institucionalizou no
currículo da UERN. A matriz curricular da instituição indica uma trajetória formativa calcada em
um arcabouço teórico, metodológico e da prática docente que, para além das pesquisas e
estudos regionais, (re)conhece as particularidades territoriais, as instrumentaliza para um
aprendizado histórico com significado para os discentes e, sobretudo, ressignifica um
aglomerado de “conteúdos” os transformando em um conjunto de potencialidades no
conhecimento histórico. Sendo assim, é possível observar que a Universidade Estadual do Rio
Grande do Norte possui um modelo formativo múltiplo que reconhece a História Local, em sua
multiplicidade de escalas e correlações, como um elemento essencial do currículo e da
formação básica dos discentes de seu curso de Licenciatura em História.

Palavras-chave: Ensino de História; História da Educação; História Local; Universidade Estadual


do Rio Grande do Norte.

91
COTIDIANO DE ESTUDANTES DE DIREITO DE SÃO PAULO NO PERIÓDICO “DIABO COXO”:
REPRESENTAÇÕES E MODOS DE FAZER NO TEXTO FICCIONAL “ROMANCE DE UM ESTUDANTE”
(1864)

Gabriel Vicente França (USP)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Esta comunicação, que é resultado parcial de uma pesquisa de doutoramento em História da


Educação, tem por objetivo identificar aspectos do cotidiano de estudantes de direito na
cidade de São Paulo na década de 1860. Criados por decreto imperial em 11 de agosto de
1827, os Cursos Jurídicos e Sociais foram inicialmente localizados em Olinda e em São Paulo, e
se tornaram palco da formação de parcela da elite intelectual brasileira no período. Seus
alunos se organizavam em associações, escreviam peças de teatro e mantinham uma intensa
atividade escrita, por meio da literatura e do periodismo. Desta forma, busca-se analisar um
texto ficcional intitulado “Romance de um Estudante”, distribuído por cinco edições do jornal
“Diabo Coxo”. O texto, escrito anonimamente, é narrado por um personagem que acompanha
um estudante que chega à cidade de São Paulo diretamente da Corte. São descritos seus
primeiros momentos na cidade, a diferença entre o que se esperava e o que se apresenta na
realidade, e a transformação pela qual o jovem aluno do curso passa em seus primeiros meses
na condição de estudante. O “Diabo Coxo” foi um periódico satírico que circulou entre 1864 e
1865, o primeiro a ter ilustrações a ser publicado na cidade de São Paulo. Trazia as litografias
de Angelo Agostini e o texto era de responsabilidade do acadêmico de direito Sizenando
Nabuco, um dos irmãos mais velhos de Joaquim Nabuco, e do abolicionista Luiz Gama, esses
dois muito provavelmente tendo sido os autores do “Romance de um Estudante” que aqui se
analisa. Com grande impacto local, retratava o cotidiano da pequena capital da província de
São Paulo, que tinha nos estudantes de direito parte substancial de sua população e de sua
vida diária. A partir da leitura empreendida, que buscou identificar os modos de fazer e as
representações de estudantes veiculadas pelo texto ficcional, foi possível apreender que a
distância entre o lar doméstico e a vida estudantil, a transição entre a vida infantil e a vida
adulta, e a expressão por meio das letras, fossem elas literárias ou jornalísticas, eram
elementos centrais da constituição da identidade desses jovens que logo se tornariam
bacharéis e ingressariam na vida adulta. Deste modo, busca-se contribuir para a história da
educação e dos jovens no Brasil, por um prisma muito pouco explorado, o do discurso de uma
de suas camadas mais fundamentais, os próprios estudantes.

Palavras-chave: História da Educação Superior; História dos Jovens; Periódicos e História da


Educação; Literatura e História da Educação; Diabo Coxo.

92
DIÁLOGO INTERAUTORAL ENTRE A DIVINA COMÉDIA E O FILME SOUL: REFLEXÕES E
PROPOSTAS DIDÁTICAS

Gabriele Seguro (PUCPR)

Jaciel Rossa Valente (PUCPR)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O presente resumo explana a construção e considerações levantadas na pesquisa intitulada


diálogo interautoral entre A Divina Comédia e o filme Soul. A pesquisa indagou sobre o diálogo
interautoral entre o filme Soul, lançado pela Walt Disney Pictures, em parceria com a Pixar
Animation Studios, e a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Para isso, objetivamos a) verificar os
desafios gerais de trabalhar com A Divina Comédia na Educação Básica; b) identificar as cenas
presentes em Soul que remetem explicitamente ou analogamente a Comédia; e c) explorar os
possíveis usos didáticos de Soul para trabalhar a Comédia. Metodologicamente, seguimos o
diálogo interautoral, descrito por Barros, como conceito metodológico analítico. Segundo esse
historiador, todo indivíduo constrói um diálogo com o outro à medida que compartilha de
influências, apropriações e experiências literárias. Destarte, empregamos quatro etapas
metodológicas. Na primeira, utilizamos o método de revisão bibliográfica temática de Severino
para levantarmos a historiografia produzida no tempo hodierno sobre a temática em questão.
Ao passo, empregamos a técnica de fichamento de citação, descrito por Andrade, para
registrarmos pontos reflexivos dessa historiografia que contribuem para a nossa pesquisa. Na
segunda e terceira etapa, com base nos pressupostos de Gancho, realizamos a análise fílmica e
o mapeamento dos elementos formais do livro. Na quarta etapa, realizemos a análise de
imagem que consistiu, seguindo os preceitos descritos por Penafria, no recorte e análise de
cinco cenas. Diante disso, a primeira delas corresponde ao canto I do Inferno e ao momento
em que Joe, no filme Soul adentra ao salão da vida. No primeiro canto do Inferno, Dante se
encontra perdido numa selva selvagem, enquanto que Joe também fica perdido em relação ao
seu objetivo. Na segunda cena, a ligação é em relação a formação das almas. Na Comédia as
almas têm personalidades, de forma parecida em Soul, ao pensarmos que essas almas são
dividas de acordo com as suas características. A terceira cena é marcadamente narrativa, pois
no livro percebemos as mudanças temporais e espaciais de quando Dante desmaia e no filme
quando, por exemplo, Joe cai em um buraco e morre. A quarta cena diz respeito a visão
metafísica de Dante ao observar a Terra no canto XXII e quando Joe também vê a Terra quando
está no além vida. Por fim, a quinta e última cena poderia ser caracterizada como pós-vida. Em
A Divina Comédia Dante não consegue ver Deus devido a luz que ofuscava e em Soul Joe se
encontra em uma escada rolante luminosa ao cair em um buraco na cidade. Logo, afirmamos
que trabalhar com clássico em sala de aula é um desafio por conta de certa distância temporal,
espacial e cultural dos estudantes. Por isso, procuramos estabelecer relações com outros textos
ao utilizar recursos didáticos, de forma que os alunos compreendam a obra e proporcione uma
oportunidade de trabalho com a Língua Portuguesa e a História.

Palavras-chave: A Divina Comédia; Diálogo interautoral; Educação Básica; Clássicos.

93
O COLÉGIO DE SÃO JOSÉ: A EDUCAÇÃO FEMININA CATÓLICA NO NORDESTE OITOCENTISTA

Genilson de Azevedo Farias (UFRN)

Olivia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

A partir de meados do século XIX o Brasil começou a receber nas suas principais cidades a
criação de muitas escolas que tinham origem francesa, portuguesa, italiana etc. Uma grande
parte delas era destinada ao ensino de meninas abastadas, filhas de senhores de engenho, de
profissionais liberais e de altos comerciantes do império. Entre estas escolas, destacamos o
Colégio de São José que tinha origem italiana, sendo vinculada à ordem das irmãs doroteias
que chegou a cidade do Recife, em 1886, se instalando no bairro da Soledade. De forma geral,
a incidência das escolas religiosas no Brasil, nesse contexto, se deu por causa da necessidade
do bispado aproximar o povo brasileiro da Santa Sé com a inserção do catolicismo tridentino
ultramontano em detrimento do catolicismo que estava sendo praticado no país que era
fortemente marcado pelas confrarias e por práticas populares. Seriam justamente as alunas
formadas no colégio de doutrinação católica que num futuro próximo transmitiriam aos seus
filhos e filhas os ensinamentos outrora aprendidos e o Colégio de São José foi um referencial
desse padrão de educação onde a escritora potiguar Magdalena Antunes (1880-1959) estudou
nos seus anos de juventude entre os anos de 1891 a 1896. Em seus anos de maturidade ela
escreveu uma obra de cunho memorialístico e autobiográfico intitulada “Oiteiro: memórias de
uma Sinhá-moça” (2003) onde, entre outros detalhes de sua vida de menina filha de senhores
de engenho, Magdalena trouxe para as páginas de seu livro registros do momento em que
ficou internada como aluna no referido colégio. Dessa forma, o nosso trabalho tem por
objetivo trazer alguns aspectos da história e funcionamento desta instituição de ensino,
sobretudo de seus anos iniciais tomando por fontes memorialísticas de Magdalena Antunes em
diálogo com outras fontes como: as cartas da fundadora da Congregação, a Irmã italiana Paula
Frassinetti (1809-1882), fotografias da instituição, livros de matrícula (1866-1919), o livro de
atas da Pia União das Filhas de Maria (1809), os Estatutos do Colégio, a literatura lida pelas
alunas da escola nos oitocentos de cunho devocional e de refinamento do comportamento.
Além destas fontes utilizamos também uma bibliografia especializada sobre a história das
mulheres (PERROT, 2015), (DEL PRIORE, 2013), (NUNES, 2013) e da história da Congregação de
Santa Doroteia (AZZI, 2000, 2002), (PASSARELLI, 2012). Nesse sentido, a partir de uma
perspectiva metodológica interdisciplinar de análise bibliográfica e documental discutiremos
também sobre o cotidiano escolar a partir da fala da escritora registrada em sua obra,
cotidiano este marcado pelo olhar vigilante das freiras europeias que se direcionava para
diferentes momentos e espaços por onde as alunas circulam tais como nas aulas, nos recreios,
no refeitório, no direcionamento do catecismo e para além dos muros do colégio.

Palavras-chave: Colégio de São José; Educação feminina religiosa; Século XIX.

94
GUSTAVO CAPANEMA FILHO: UM REFORMISTA EDUCACIONAL

Gillyane Dantas dos Santos (UFRN)

Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O presente trabalho objetivou investigar a atuação e as ações desenvolvidas pelo intelectual e


reformista Gustavo Capanema Filho (1900-1985), estas que interferiram de maneira direta nos
rumos da educação nacional, com especial atenção ao que versa sobre o ensino normal
brasileiro. Capanema, como é conhecido na historiografia da educação brasileira, nasceu no dia
10 de agosto de 1900, no interior de Minas Gerais, bacharelou-se em Direito no ano de 1924,
atuou brevemente na carreira docente, enquanto professor da Escola Normal de Pitangui-MG,
mas esteve à frente de importantes discussões e reformas educacionais enquanto foi por 11
anos Ministro da Educação e Saúde Pública (1934-1945) no Governo Vargas. A partir das
seguintes questões construímos nosso trabalho: quem foi esse reformista educacional? qual
seu caminho formativo? qual era a visão de educação que estava por trás dos seus
desdobramentos políticos? Na busca pelas respostas, metodologicamente recorremos ao
levantamento bibliográfico necessário à construção do aporte teórico e de fundamentação do
trabalho, de modo que utilizamos, sobretudo, os estudos de Sirinelli (2003) e Certeau (1982)
para nossas discussões acerca do conceito de intelectual desenvolvido no texto. Além disso,
realizamos a pesquisa documental coletando as fontes a partir do levantamento realizado nos
repositórios digitais brasileiros, bem como nos sites oficiais da União. O trabalho destacou
aspectos importantes sobre a vida política e profissional desempenhada por Capanema ao
longo de sua vida. Nessa conformidade, o apresenta como um reformista que teve uma
marcante atuação frente ao Ministério da Educação e Saúde Pública, contribuindo para a
sistematização das funções deste, bem como para a organização de reformas que implicaram
diretamente na condução do ensino nacional, de modo que deixou sua marca e fez circular
seus ideais educacionais e políticos.

Palavras-chave: Gustavo Capanema Filho; Reforma Capanema; Ensino Normal.

95
REVISTA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: UM OLHAR HISTÓRICO E BIBLIOMÉTRICO (2017-2019).

Gislaine Marli da Rosa Kalinowski (UFU)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho foca nos artigos publicados na Revista de História da Educação (RHE),
editada pela Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE)
entre 2017 e 2019, conceituada como A1 no sistema QUALIS/CAPES. O objetivo é elencar e
analisar as temáticas presentes na revista, seus recortes históricos e geográfico. A metodologia
utilizada está ancorada tanto na bibliometria, como na pesquisa histórica. A coleta de dados se
deu com o subsídio de uma tabela que designava o número, volume, mês/ano da publicação;
título; autor(es) e sua(s) filiação(ões); palavras – chaves, número de páginas, recortes temporal
e geográfico; temática. O tratamento ficou circunscrito aos recortes temporal, geográfico e
temático. Em relação a periodização, os séculos XV, XVI, XVII e XVIII são menos abordados,
juntos representam 10 %, a maior parte das pesquisas focam em períodos mais recentes, o
século XX, representa 56%, o XIX, é tratado em 23% e o XXI, em 11% dos artigos. Essa
constatação relaciona-se com a disponibilidade de fontes. Porém, outros elementos, como as
temáticas abordadas, podem construir uma explicação mais precisa. Os recortes geográficos
apontam para pesquisas sobre o Brasil em 49 %, a Europa, em 26% e América do Sul, em 10 %
dos artigos. Trabalhos articulando países de diferentes continentes somam 14 % e tratam de
relações sul-americanas ou entre a América do Sul e Europa. Apenas 1% dos artigos tratam da
América do Norte. Apesar do forte diálogo internacional, este fica restrito à Europa e aos países
vizinhos, demonstrando limites na internacionalização, com reforço de diálogo com atores já
bem estabelecidos. Em relação às temáticas, elas foram categorizadas em 17 temas, mas
observou-se concentração em alguns. Quase um quarto dos artigos (24%) trataram da temática
“Ideias Educativas, Sistemas de Pensamentos, Intelectuais e Educação”; 12 % da “Impressos
Educacionais – manuais, livros didáticos, periódicos”; 8 % da “Profissão Docente, Memórias e
Formação de Professores”; 6 % da “Disciplinas Escolares, Currículos, Cultura Escolar”.
Publicações com assuntos tradicionais seguem como principais e questões emergentes como
gênero, questões etno-raciais e infância tem menor presença. Esse levantamento aponta
questões pertinentes a caracterização de uma revista com a melhor avaliação institucional,
como também sobre o que de forma geral se pesquisa no Brasil e com quem se privilegia o
diálogo. Descortinam-se possibilidades: validação de novas fontes, ou novos tratamentos,
capazes de recuar na periodização se mostra como desafio a ser encarado; bem como propor
novos interlocutores internacionais e um esforço para transpor a pluralidade de perspectivas
de Educação como um todo para a História da Educação em particular.

Palavras-chave: Revista de História da Educação; Bibliometria; Pesquisa em História da


Educação.

96
HISTÓRIA DA DESTRUIÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS NO BRASIL: DA ERA VARGAS ATÉ A
DITADURA MILITAR (1930-1985)

Hélio Teodósio de Melo Filho (UERN)

Heriberto Silva Nunes Bezerra (IFRN)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Este estudo tem por objetivo investigar os indivíduos, as causas e consequências da destruição
bibliográfica ao longo da Era Vargas até o fim do Regime Militar (1930-1985). O artigo
estabelece um diálogo entre as áreas da História, Biblioteconomia, Educação e Cultura. Para tal
assume-se como percurso metodológico, o método indiciário, de natureza quali-quantitativa,
tendo como fundamentação teórica pesquisas de Baez (2006), Chartier (1990) e Ginzburg
(1989). Por meio dos resultados apreendidos foi possível verificar que neste período, houve a
maior destruição de livros e documentos de cunho público e privado da história brasileira, fato
este que prejudicou o processo de compartilhamento do conhecimento sobre a cultura e de
importantes acontecimentos no Brasil.

Palavras-chave: Livros; Era Vargas; Regime Militar; Censura; Cultura.

97
PAULO FREIRE: LEGADO TEÓRICO-PRÁTICO PARA UMA EDUCAÇÃO HUMANIZADORA

Hermenegildo Moreira da Costa Neto (UFRN)

Jórissa Danilla N. Aguiar (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este trabalho pretende rememorar o legado de Paulo Freire, um dos grandes responsáveis por
difundir a perspectiva da educação popular no mundo. Destacamos o caráter humanizador
presente em seu legado teórico-prático, como se pode perceber nas obras Pedagogia do
Oprimido (FREIRE, 2020 a) e Pedagogia da Autonomia (FREIRE, 2020 b), relevantes para os
educadores em formação, pois indicam a possibilidade e necessidade de formar uma visão
crítica de mundo a partir de uma perspectiva na qual os sujeitos, principalmente os que
compõe as camadas populares, são vistos e entendidos como parte mundo, e, sendo parte do
mundo, trazem consigo experiências e saberes sobre o mesmo. Afinal, por que é tão
importante estudar Freire, em nossa formação enquanto educadores? Na busca de tentar
responder essa pergunta, e a tomando-a como mola propulsora desta reflexão, indicamos
algumas razões que fazem este nosso patrono da educação ainda tão atual. Antes de tudo,
precisase entender que educar não é um ato neutro; que o educador não educa sozinho, mas é
também educado pelo educando e vice-versa, “ninguém educa ninguém, como tão pouco
ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo
mundo [...]” (FREIRE, 2020a, p. 96); que é necessária humildade para educar, e, principalmente,
que “Ensinar exige consciência do inacabamento” (FREIRE, 2020b, p. 49). Objetivamos destacar
ainda a relevância de perspectiva freireana na formação para a cidadania. Freire, assim, se faz
referência primeira em disciplinas muito relevantes para a formação do pedagogo e que só
recentemente vem ganhando espaço na academia, como a disciplina Educação em Direitos
Humanos, tão importante para propiciar acolhimento, respeito e valorização da diversidade. O
autor nos chama a atenção no que diz respeito ao ser professor. Sempre em crítica à “Educação
Bancária” (FREIRE, 2020a), como aquela educação que olha o aluno como passivo, aquele que
recebe o conhecimento depositado pelo educador. Em nossas conclusões, destacamos suas
contribuições na área de direitos humanos, não só por ser um defensor da educação para
todos e todas, das camadas populares e classe trabalhadora. Em suas palavras: “Os oprimidos,
nos vários momentos de sua libertação, precisam reconhecer-se como homens, na sua vocação
ontológica e histórica de ser mais [...]” (FREIRE, 2020, p. 72), compreendendo que o oprimido é
aquele sujeito que, na maioria das vezes, não é entendido como sujeito de direito, Freire
resgata essa perspectiva de ser livre para agir no mundo e dele fazer parte como cidadão
consciente, capaz, inclusive, de disputar os rumos da sociedade.

Palavras-chave: Educação; Paulo Freire; Direitos Humanos.

98
CAMPANHA DE APERFEIÇOAMENTO E DIFUSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO RIO GRANDE
DO NORTE

Idinária Faustino Pereira (IFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

No ano de 1953, durante a presidência de Getúlio, o Ministério da Educação e Cultura publicou


o Decreto nº 34.638, através do qual institui foi instituída a Campanha de Aperfeiçoamento e
Difusão do Ensino Secundário (CADES). Esta Campanha foi intensamente divulgada em
território nacional, uma estratégia que não era comum, indicando assim a importância deste
projeto governamental para a formação de professores do ensino secundário em todo o Brasil.
Neste termos, objetivamos compreender o desenvolvimento das ações do CADES no estado do
Rio Grande do Norte, e para isso utilizarei como corpus da pesquisa qualitativa os documentos
presentes nos acervos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Arquivo Público do
Estado, Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, entre outros. A pesquisa sobre a Campanha
de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário no estado do Rio Grande do Norte
propicia encontrar a conjunção desse modelo de ação governamental sobre a educação no
plano nacional e estadual em movimento, que se estende entre as leis orgânicas da década de
1940 até a Lei de Diretrizes e Bases dos anos de 1960, cujo desfecho, após um intenso
investimento no ensino secundário, onde esta dá abertura a um novo modelo que ocupará o
seu lugar na reforma do ensino de segundo grau do ano de 1971.

Palavras-chave: CADES; Educação; Ensino Secundário; Formação de Professores.

99
O MÉTODO PAULO FREIRE DE ALFABETIZAÇÃO NAS 40 HORAS EM ANGICOS: O QUE DIZEM OS
JORNAIS BRASILEIROS, ENTRE 1962-1964?

Ingrid Daniela Fernandes da Silva (UFRN)

Olivia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Objetiva-se analisar as representações do método de alfabetização de adultos de Paulo Freire


nas 40 horas em Angicos/RN, a partir dos jornais brasileiros, em um recorte temporal de
1962-1964. Enunciada como um marco na história da educação brasileira, essa experiência que
se aproxima do sexagenário, é mundialmente conhecida como “As 40 horas de Angicos”, sendo
apontada como sinônimo de uma das experiências mais exitosas na história da Educação de
Jovens e Adultos, resultando na alfabetização de 300 pessoas, em 40 horas.
Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa documental, para tal recorreu-se aos jornais
brasileiros disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira, da Fundação Biblioteca Nacional
(BNDigital), no qual, Luca (2006) e Zicman (1985) contribuíram com o entendimento de
periódicos da imprensa como fonte. A pesquisa está situada no campo da história da educação,
notadamente na dimensão da história cultural conforme Chartier (1990). Concluímos, que a
ênfase deste trabalho, centrou-se no Método Paulo Freire de Alfabetização, para Educação de
Jovens e Adultos e na reminiscências dos jornais brasileiros (1962 à 1964), contribuindo assim
para o campo epistemológico da história da educação de jovens e adultos no Brasil.
Consideramos a eficácia da presente pesquisa, na qual foi possível identificar e mapear
representações em torno do método Paulo Freire de alfabetização e sua aplicação em Angicos,
assim como do autor do método. Corroborando assim para a construção da manifestar das
memórias da educação de jovens e adultos no processo de ressignificação da cultura de
libertação de um povo, através da educação. Ressaltamos ainda, que a tecnologia digital, a
partir da democratização do acesso à hemeroteca digital, foi determinante para a realização
deste estudo, especificamente no cenário de pandemia decorrente do COVID-19, ao qual
estamos inseridos atualmente (2021).

Palavras-chave: Método Paulo Freire; Alfabetização de Jovens e Adultos; 40 horas de Angicos;


Paulo Freire; Jornal.

100
CONTRIBUIÇÕES DE ANÍSIO TEIXEIRA E LOURENÇO FILHO PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA:
ARTIGOS PUBLICADOS NA RBEP (1944-1960)

Isabela Cristina Santos de Morais (UFRN)

Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este estudo analisou as contribuições dos intelectuais escolanovistas, Manoel Bergstron


Lourenço Filho e Anísio Espínola Teixeira para a educação brasileira. Como elo que interligou as
ações destes estudiosos, identificamos a atuação destes na direção do INEP e a publicação de
artigos na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos – RBEP. Este periódico foi criado pelo INEP
no ano de 1944 e continua em circulação. Nos propomos a identificar os artigos publicados por
Lourenço e Anísio compreendendo um recorte temporal entre o período de 1944 à 1960.
Lourenço Filho foi o primeiro a ocupar o cargo de diretor do INEP e Anísio, o terceiro. Como
aporte teórico, definimos nossos preceitos basilares na História da Educação, situando nosso
estudo também no campo dos impressos pedagógicos, história intelectual e formação de
professores. Utilizamos os conceitos dos autores Bloch (2002); Catani (1996); e Sirinelli (2003).
Consideramos, que a realização deste estudo foi significativa no que diz respeito ao estudo da
vida e obra destes intelectuais, tomando como elo a contribuição de ambos para a educação
brasileira a partir dos artigos publicados na RBEP. Tratando sobre importantes e variadas
temáticas educacionais, os autores e reformadores educacionais registraram seus
posicionamentos e contribuições para a educação brasileira em 26 artigos cada um, registrados
em nosso estudo, considerando o recorte temporal estabelecido para este. Assim sendo,
destacamos as contribuições deste estudo para a História da Educação brasileira e dos estudos
sobre intelectuais e imprensa pedagógica.

Palavras-chave: História da Educação; Intelectuais; Imprensa Pedagógica.

101
MARIA JUCÁ MOREIRA LIMA E ALCINA LEITE PINDAHIBA: EXPRESSÕES LITERÁRIAS NO BRASIL
IMPÉRIO

Izabela Cristina de Melo Santos (UFAL)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este artigo trata da atuação pública de duas mulheres alagoanas na sociedade oitocentista,
Alcina Leite Pindahyba e Maria Jucá Moreira Lima. Ambas tornaram-se reconhecidas no cenário
artístico da época pela produção literária, mais especificamente pelas poesias. Numa época em
que a mulher era cercada por uma série de proibições e limitações, Alcina Leite e Maria Jucá
contribuíram para iniciar um processo de autonomia feminina que permitiu a elas estarem
inseridas em lugares sociais ocupados majoritariamente pelo gênero masculino. Diante disso,
nossa investigação pretende discutir sobre como a escrita literária possibilitou outras
experiências sociais para as mulheres nas décadas finais do século XIX. Com esse intuito,
realizou-se uma análise das trajetórias de Alcina Leite e Maria Jucá, bem como, a recepção de
seus escritos na época. As fontes utilizadas perpassam biografias escritas sobre as duas
personagens e comentários a respeito de seus textos literário no periódico Gutemberg em
Maceió na Província das Alagoas. Como referencial teórico-metodológico o estudo segue as
orientações de Michel de Certeau (2011) no que se refere a compreensão das fontes a partir de
seu processo de produção e lugares sociais e, também, de Michelle Perrot (2017) a respeito da
escrita da história das mulheres no intuito de dar visibilidade a esse grupo social colocado à
margem da escrita historiográfica, mas não por isso impotente ou submisso. A proposta é
identificar a diversidade de experiências vividas pelo público feminino num determinando
tempo e observar as atuações de Alcina Leite e Maria Jucá nos permite ampliar o olhar sobre
as condições sociais das mulheres no século XIX, assim como nos direciona para pensar outras
possibilidades do ser mulher naquele periódico dentro de um processo de rupturas com os
códigos sociais vigentes caracterizado pelo patriarcalismo.

Palavras-chave: Alcina Leite Pindahyba; Maria Jucá Moreira Lima; Brasil Império; Escrita
literária; História das Mulheres.

102
DORINA NOWILL E A IMPRENSA BRAILLE

Jammerson Yuri da Silva (UFRN)

Azemar dos Santos Soares Júnior (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O presente artigo tem como objetivo analisar aspectos biográficos de Dorina de Gouvêa Nowill,
criadora da Fundação Dorina Nowill para Cegos (FDNC) e sua relação com a construção da
maior impressa braille do Brasil. No ano de 1946, a intelectual Dorina Nowill viajou para os
Estados Unidos juntamente com suas duas amigas: Neith Moura e Regina Pirajá, companheiras
da Escola Normal Caetano de Campos; com o objetivo de dar prosseguimento a sua formação
através da realização de seus estudos na Especialização em Educação de Cegos, por ocasião de
obtenção de bolsa de estudos cedida pela Fundação Americana para os Cegos (instituição de
relevância no fomento a ações voltadas a pessoa com deficiência visual). Nesse contexto, a
professora Dorina apresenta a realidade brasileira e passa a contar com apoiadores na
construção da atual maior imprensa braille existente em nosso país. Para a construção desse
texto, dialogamos com os conceitos de intelectual apresentado por Jean-François Sirinelli
(1996), para quem o intelectual é um criador e mediador cultural. Utilizamos o conceito de
sensibilidades a partir de Sandra Pesavento (2007), na tentativa de compreender a figura da
educadora e intelectual estudada e sua representatividade enquanto mulher e pessoa com
deficiência visual. Trabalhamos também com o conceito de instituição proposto por Justino
Magalhães (2004). A partir desta compreensão, podemos observar as relações instituição/
sociedade, bem como seus significados sociais, vislumbrando-a como uma representação
espacial do ideal de educação inclusiva, de acordo com as discussões de Roger Chartier (1988).
A intelectual cega, foi a primeira mulher com deficiência visual a formar-se professora pela
Escola Normal Caetano de Campos, em 1945. Sua atuação reverberou até os tempos atuais
através da Fundação que leva seu nome, assim como as suas produções escritas, que trazem
sinais de seu trabalho e representatividade enquanto mulher com deficiência visual na
militância em prol de políticas públicas para a educação inclusiva em território nacional e
internacional.

Palavras-chave: Dorina Nowill; Fundação Dorina Nowill para Cegos; Instituição; Intelectual;
Imprensa Braille.

103
O CENTRO DE MEMÓRIA ESCOLAR COMO LUGAR DE MEMÓRIA: PERSPECTIVAS A RESPEITO
DOS MUSEUS ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE IRATI-PR

Jayne Maria Witchemichen (UNICENTRO)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Esse texto faz parte da dissertação do Programa de Pós Graduação em História da Universidade
Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO-PARANÁ), a qual se propôs a analisar os Centros de
Memória formados nas escolas estaduais da cidade de Irati, no Paraná, a partir de um projeto
do Estado, desenvolvido juntamente com a instituição Museu da Escola Paranaense (MEP).
Realizamos entrevistas com pessoas que participaram do projeto e da constituição dos Centros
de Memórias, assim como trabalhos a campo para compreender a organização, e de que modo
esses espaços influenciam no ensino de História. Amparado na concepção de “lugar de
memória”, do historiador francês Pierre Nora, este trabalho buscou perceber a relação dos
Centros de Memória com a perspectiva de “guardar memórias” a fim de evitar o
esquecimento, proposto pelo autor. Assim, pudemos perceber a relação das pessoas com o
passado, e como os objetos remetem a questões individuais, predominando nos museus
escolares tipos específicos de memória, direcionados por cada grupo que formou os Centros de
Memória.

Palavras-chave: Centros de Memória; Museu Escolar; Lugar de Memória.

104
INTERFACES ENTRE EDUCAÇÃO, HISTÓRIA E MEMÓRIA: HISTÓRIA ORAL DE VIDA DE
PROFESSORAS NA ETFPA

Jhefene Tayane Gonçalves de Souza (IFRN)

Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti (IFPA)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este estudo tem como objetivo analisar etapas significativas no processo de identificação com
a docência, a partir do relato memorialístico de duas professoras, obtidos durante o
desenvolvimento do projeto de pesquisa “Ser professor em uma Escola Técnica Federal do Pará
nos tempos da ditadura civil-militar: história de vida e identidade docente (ETFPA, 1968-1985)”.
Diante da problemática sobre como fora construída a trajetória docente destas professoras na
educação profissional, tendo em vista o recorte temático da discussão da memória na
construção da identidade docente pois, de acordo com o aporte teórico o contexto educacional
possuí parâmetros que possibilitam a criação de um lugar de memória (LOBATO 2012). Para
tanto, a pesquisa fora desenvolvida a partir da análise do aporte teórico que versa sobre a
identidade como aspecto sociológico (DUBAR 2009) (HALL 2019), a identidade docente
(PIMENTA 2012), a relação entre memória e história (NORA 1993). E sobre a estrutura
teórica-metodológica, fora escolhido a perspectiva qualitativa (SANCHES e MINAYO 1993) e
como método a história oral de vida (LOZANO, 2006), na qual foram desenvolvidas entrevistas
semiestruturadas que abordaram aspectos da vida pessoal e profissional de cada interlocutora
(ALBERTI 2013). No que concerne a análise dos dados fora adotada a análise do discurso que
possibilitou a compreensão de aspectos sociopolíticos durante o processo de análise das
entrevistas. A análise dos resultados propiciou a compreensão que a identidade docente na
educação profissional precisa ter mais visibilidade a partir do relato destes profissionais, que a
vivência diante das transformações pedagógicas e políticas atravessam de forma diversificada a
formação enquanto professores e professoras na educação profissional. Dessa forma, a
memória e a história da instituição precisam estar mais próximas destes profissionais, pois
percebe-se que dependendo do cargo que ocupam ocorre um distanciamento, que exemplifica
a necessidade de mais pesquisas sobre esta temática.

Palavras-chave: Identidade docente; História oral de vida; História-memória; Educação


Profissional.

105
ENTRE HISTÓRIA E MEMÓRIAS DE ESTUDANTES EGRESSOS DO GINÁSIO DE APLICAÇÃO DA
FACULDADE CATÓLICA DE FILOSOFIA DE SERGIPE (1960-1968)

Joelza de Oliveira Santos (UFS)

Ana Paula Reinaldo da Silveira Santos (UEPB)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

As reflexões que tecem esta escrita resultam da dissertação de mestrado, intitulada Memórias
de estudantes egressos do Ginásio de Aplicação da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe
(1960-1968) que por meio de fontes orais analisou como se constituiu o sentimento de
pertencimento no discurso produzido por estudantes egressos do Ginásio de Aplicação da
Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe no período compreendido entre 1960 e 1968. O
tema escolhido segue a linha de pesquisa “História da Educação” do Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (PPGED – UFS), vinculado ao
eixo temático de trabalhos que buscam produzir compreensões a respeito de história e
memória de instituições educativas. A pesquisa, de cunho histórico, teve como objetivo
principal compreender as percepções de estudantes egressos do Ginásio de Aplicação da
Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe sobre as práticas educativas e culturais vivenciadas
ao longo de suas carreiras escolares, no período compreendido entre 1960 e 1968. O trabalho
foi inserido no campo da História Cultural e teve como aporte teórico Chartier (1990), a partir
dos conceitos de apropriação, representações e práticas, pautado em Bosi (1994) e Pollak
(1992; 1989), quanto ao conceito de memória e identidade; Julia (2001), no que se refere à
concepção de cultura escolar; e em Bourdieu (2002; 2007) no tocante aos conceitos de capital
cultural e reprodução cultural no campo das lutas simbólicas. Utilizou-se a metodologia da
História Oral Temática, pautada em Alberti (2013; 2004), Meihy e Holanda (2013; 2015) e
Meihy e Ribeiro (2011) estabelecendo relatos de memórias como fonte principal da pesquisa.
Este estudo utiliza como fonte oito entrevistas do acervo audiovisual do Centro de Pesquisa,
Documentação e Memória do Colégio de Aplicação (Cemdap), resultantes da execução do
projeto “Percepções da realidade”: Memórias de estudantes egressos do Colégio de Aplicação
(1960-1995); e oito realizadas pela autora desta pesquisa. Em síntese, os caminhos trilhados na
pesquisa permitiram constatar que as experiências cotidianas vivenciadas pelos ex-alunos no
decorrer de suas carreiras estudantis foram primordiais para que o sentimento de
pertencimento permanecesse latente em suas memórias até os dias atuais. Por fim, restou
demonstrado que a investigação contribuiu para preservar o patrimônio histórico e cultural
institucional e que as narrativas se constituíram em fontes de saber para que não caiam no
esquecimento, e sendo assim, permitindo uma maior percepção da realidade.

Palavras-chave: Ex-alunos; Ginásio de Aplicação da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe.


Memórias.

106
HISTÓRIA E O CARÁTER EDUCATIVO DO MUSEU HISTÓRICO DA IRMANDADE DA SANTA CASA
DE MISERICÓRDIA DO ESTADO DE SÃO PAULO (2000-2019)

José Cláudio de Araújo (UNINOVE)

Carlos Bauer de Sousa (UNINOVE)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente estudo tem como objetivo compreender o caráter histórico e educativo do Museu
da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Estado de São Paulo, desde sua organização
museológica, em junho de 2000 até o ano de 2019. Na consecução deste intento, foram
priorizados a localização, a seleção e o estudo dos registros que o museu possui. Com essa
finalidade conhecemos os meandros e a intencionalidade da sua ação educativa e pudemos
obter uma compreensão dos processos educativos museológicos dessa instituição. Ao
realizarmos a análise das fontes documentais contidas no acervo do museu foi possível
sustentar a base da pesquisa elencando fontes que puderam contar e estruturar o projeto. A
pesquisa se propôs em localizar e analisar os elementos educativos que se produziram e se
produzem identificando sua história e procurando estabelecer os nexos das atividades
museológicas com as de ensino e de aprendizagem que se produzem no interior do Museu da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Estado de São Paulo. Do ponto de vista
metodológico, o estudo foi alicerçado na revisão crítica da literatura, mormente, preocupada
com os estudos sobre as instituições escolares, na realização de entrevistas, na coleta de
depoimentos de seus curadores e dos professores que utilizaram e se utilizam regularmente
desse recurso educativo; também foram utilizados documentos institucionais, fotografias e
utensílios constantes no acervo do museu.

Palavras-chave: História da educação; Instituições Escolares; Museu Educativo; Santa Casa de


Misericórdia de São Paulo.

107
A VELHA E A NOVA RAZÃO DO MUNDO CAPITALISTA: O CURSO DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO DA URCA SOB A ÉGIDE DO NEOLIBERALISMO

José Gonçalves de Araújo Filho (URCA)

Olivia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O artigo é resultado de uma reflexão sobre os impactos das políticas neoliberais adotadas no
ensino superior nas universidades estaduais cearenses que fez surgir nos anos 90 o primeiro e
único curso de engenharia da Universidade Regional do Cariri (URCA). A pesquisa exploratória,
com abordagem teórico-bibliográfica e documental toma como fundamento a obra de Pierre
Dardot e Christian Laval, que tratam da consolidação do modelo neoliberal vigente e que
preconiza que a infraestrutura e a superestrutura são faces da mesma estrutura social
capitalista e, portanto compreende essa relação educação profissional e os interesses do
mercado capitalista. O intuito foi compreender a quais atores no estado do Ceará atenderiam a
criação desse curso numa instituição pública. Foi durante as eras FHC (Fernando Henrique:
1995-2002) no Brasil e Tasso (Tasso Jereissati: 1995/1999) no Ceará que centenas de novos
cursos de engenharia foram criados no Brasil (Bittencourt et al, 2010). De certo, a produção em
massa não só exerceu influência no universo industrial, mas também nas instituições de
ensino. Foi imerso num contexto onde os conceitos de produção enxuta advindos do Toyotismo
vinham sendo aplicados muito além do chão de fábrica, como exigência obrigatória do grande
capital para “produzir mais em menos tempo”, que o curso de engenharia da URCA foi pensado
com o claro objetivo de formar profissionais para contribuir e participar das novas formas de
organização do trabalho a fim de contribuir para a elevação da acumulação do capital
manifesto no crescimento da obtenção da mais-valia absoluta e relativa. Esse é um viés em
nível nacional pelo qual se faz presente o mecanismo descrito por Dardot; Laval (2016) em que
há uma razão de ser baseada na construção de uma subjetividade neoliberal internalizado em
todos os atores sociais, calcada na noção de “empreendedor de si mesmo”, “responsável por
si”, etc. Tal razão de ser é ancorada na “governança de si” e na extensão da concorrência
capitalista a todos os domínios da vida social, rejeitando toda forma de solidariedade social
entre os indivíduos. Portanto, é possível entender que desenho institucional do sistema de
ensino superior cearense promovido desde a era Tasso/FHC ocorreu num contexto que
combinou um contínuo ajuste fiscal do Estado com a avidez por retornos rápidos e fáceis de
empresários/entidades sob a eloquência de um discurso liberalizante que toma a educação
como simples prestação de serviços, ofertada num mercado cada vez mais dominado por
instituições de ensino privadas. Contudo, a crise econômica somada a pandemia do novo
coronavírus afeta profundamente o mercado de trabalho da Engenharia e coloca em xeque um
dos cursos mais tradicionais do ensino superior brasileiro, onde as estaduais cearenses vem
passando por um longo histórico de problemas orçamentários que se traduzem em déficit
crônico de professores efetivos, infraestrutura precária e escassez de bolsas de pesquisa.

108
Palavras-chave: Políticas de Educação Superior; História do Ensino de Engenharia; História da
Engenharia de Produção.

109
HISTÓRIA E MEMÓRIA DA UNIDADE ESCOLAR MENINO DEUS NOS REGISTROS DOCENTES
(1980-1990): ASPECTOS DE CULTURA ESCOLAR EM ILHA GRANDE DO PIAUÍ

José Marcelo Costa dos Santos (UESPI)

Maria do Amparo Borges Ferro (UFPI)

Rozeli Costa Silva (SEDUC-PI)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente estudo tem como objeto de análise a história e memória da Unidade Escolar
Menino Deus, no município de Ilha Grande do Piauí, no período de 1980 a 1990. Os objetivos
são: analisar aspectos da história e memória da Unidade Escolar Menino Deus a partir dos
registros docentes em diários escolares, no período de 1980 a 1990; caracterizar a cultura
escolar dessa instituição; e relacionar aspectos da história da Unidade Escolar Menino Deus
com a memória cultural da comunidade ribeirinha de Ilha Grande do Piauí. A pesquisa, de
abordagem qualitativa, desenvolveu-se mediante um estudo documental, tendo como material
de análise dez diários escolares produzidos na primeira década de funcionamento da escola em
questão. Verificou-se que Unidade Escolar Menino Deus configura-se como uma instituição que
por muitos anos foi a única escola do povoado Cal, portanto, o local onde os ribeirinhos eram
alfabetizados e ingressavam nas primeiras séries de seu processo de escolarização. Fundada na
década de 1980, por decreto do Governo do Estado, a referida escola servia também como
ambiente de encontro da comunidade: reuniões de associações, celebrações religiosas,
atividades culturais, encontros de jovens e eventos pastorais aconteciam nessas instalações,
antes denominada de Unidade Escolar do Cal. Esse constante movimento fez dessa escola uma
espécie de patrimônio material e cultural dos moradores de Ilha Grande do Piauí,
principalmente dos povoados, atualmente bairros, Cal e Tatus. Os diários apontam ainda, que a
prática pedagógica docente desenvolvida dava-se na compreensão das tendências liberais, com
ênfase à pedagogia tradicional, marcada pelo método sintético de alfabetização. Nesse sentido,
compreende-se que a análise realizada possibilitou uma importante contribuição aos estudos
no campo da historiografia da educação piauiense, uma vez que oportunizou possibilidades de
interpretações e conhecimentos acerca da história da educação dos povoados ribeirinhos do
Delta do Rio Parnaíba, território em que está situada a cidade de Ilha Grande do Piauí.

Palavras-chave: Diários Escolares; História; Memória; Unidade Escolar Menino Deus.

110
APRENDER A DIZER A SUA PALAVRA: A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE NA
ALFABETIZAÇÃO EM CONTEXTOS INDÍGENAS.

Josélia Gomes Neves (UNIR)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Para Paulo Freire as culturas diferentes não podem ser analisadas de forma separadas mas a
partir das relações que estabelecem entre si (1992; 1987;1996). Nesta direção, as práticas
pedagógicas significativas adotam como ponto de partida seus contextos culturais locais, o que
permite inferir que não há saber melhor ou maior, há saberes diferentes. Essas leituras iniciais
mobilizaram o estudo em andamento realizado no Grupo de Pesquisa em Educação na
Amazônia (GPEA) da Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná. O objetivo foi
analisar a influência do pensamento de Paulo Freire no processo de alfabetização das escolas
indígenas brasileiras. A metodologia que possibilitou a sua elaboração foi a pesquisa
documental digital, uma vez que as fontes primárias importantes para este trabalho –
relatórios, recortes de jornais e/ou periódicos foram localizadas em repositórios online. Os
resultados de caráter parcial permitem afirmar com base em evidências documentais que no
período de 1972 a 2015 os povos indígenas Tapirapé (AM), Karipuna (AP), Guarani Kaiowá
(MS), Kulina (AM), Tapeba (CE), Karajá (MT) e Yanomami (RR) adotaram em sua escolas ou
realizaram processos de formação docente envolvendo o chamado método Paulo Freire.
Nestes processos de iniciação ao saber formal, comunidades de larga tradição oral, aos poucos
iam compreendendo por meio de um conjunto de palavras conhecidas (universo vocabular) as
vinculações entre a oralidade, leitura e escrita (FREIRE, 1989). Concluímos que a presença das
reflexões freireanas nas aldeias foram possíveis pelas suas aproximações com a concepção da
educação escolar indígena em curso, posteriormente assegurada na Constituição Federal de
1988. Uma relevante contribuição que possibilitou a implementação de um saber formal com
sentidos e significados para as populações originárias.

Palavras-chave: Paulo Freire; História da Alfabetização Intercultural; Povos Indígenas.

111
WALDOMIRO DE CAMPOS E A EDUCAÇÃO EM POCONÉ-MT (1916)

Josiana Antonia Proença Amaral de Morais (UFMT)

Elizabeth Figueiredo de Sá (UFMT)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Na primeira década do século XX circularam críticas sobre o ensino ministrado em Mato


Grosso, apontando a ausência de professores habilitados, instalações e equipamentos
apropriados para o ensino, entre outros. Com a finalidade de modernizar a instrução pública do
estado, acompanhando o movimento presente nas demais unidades federativas, Pedro
Celestino Correa da Costa, Presidente do Estado, promoveu a reforma da Instrução Pública
Primária do Estado. Para tal, foram contratados dois normalistas paulistas formados pela Escola
Normal Caetano de Campos -SP: Leowigildo de Mello e Gustavo Kuhlmann, que investiram na
elaboração do Regulamento da Instrução Pública (1910) e na criação e instalação da Escola
Normal, da Escola anexa e do grupo escolar na capital. Na gestão seguinte, no governo de
Joaquim Augusto da Costa Marques, outros normalistas foram contratados com a finalidade de
darem continuidade ao processo de modernização da instrução pública no interior do estado.
Dentre eles destacamos Waldomiro de Oliveira Campos, que foi contratado para assumir a
direção do Grupo Escolar de Poconé, em 1914. Esta é uma pesquisa historiográfica, e tem
como referencial teórico metodológico a História Cultural. Tem como objetivo analisar a visão
de Campos sobre a educação escolar em Poconé, município localizado no pantanal
mato-grossense, distante aproximadamente a 100 km da capital do estado. O período
delimitado da pesquisa compreende-se entre o ano de 1916, quando Campos escreve um
relatório endereçado à Direção da Instrução Pública imprimindo suas representações
(CHARTIER, 1991) sobre a educação no município. O município, portal de entrada para o
pantanal mato-grossense, era regulado pelo movimento das águas, período de seca e de cheia.
Esse movimento refletia a cultura local e, também, a escolarização das crianças. A respeito,
Campos pondera que as crianças seguem para a fazendas até terminar o período das chuvas
“para que se possam transportar com as famílias, os filhos para a escola [...] porque é
justamente nesta ocasião que o Pantanal já está seco e facilita as comunicações.” (MATO
GROSSO, Relatório, 1916, s/p). Ciente desse movimento cultural que regia o município, propõe
para a diretoria da Instrução Pública que o calendário escolar fosse flexibilizado, sugerindo que
o período de férias alterasse de “30 de Novembro a 1º de Fevereiro para 30 de Abril a 1º de
Julho, o que faria com que as creanças permanecessem na cidade, visto que as férias
coincidiram com as festas e portanto com as visitas dos parentes e da famílias.” (MATO
GROSSO, Relatório, 1916, s/p). A falta de informação posterior a esse respeito aponta que a
sugestão de Campos não foi acatada, mas sinalizou a sua sensibilidade para o movimento
sócio-cultural da localidade a qual atuava como diretor de um grupo escolar.

Palavras-chave: Normalista paulista; Educação-Poconé; História da Educação; Mato Grosso.

112
LEITURAS FEMININAS: REPRESENTAÇÕES E FORMAÇÕES NA COLEÇÃO BIBLIOTECA DAS
MOÇAS (1920-1960)

Joyce Paixão de Moraes (Unesp)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Introdução: Este estudo é parte do projeto de pesquisa Difusão da biblioteca escolar no espaço
latino-americano: circulação e apropriação de modelos culturais coordenado pela orientadora.
A coleção Biblioteca das Moças de autoria da Companhia Editora Nacional ,fundada por
Monteiro Lobato, teve início a partir de 1926 e foi reimpressa até 1950 fez-se muito presente
nos lares brasileiros e também nas Escolas normais a partir do alinhamento aos manuais de
civilidade e etiqueta, nesse período havia uma forte relação de formação literária a partir
dessas obras denominadas romances “água com açúcar”, representando personagens em sua
maioria provindos da elite branca, personagens femininas frágeis, padrões de beleza europeus
e o casamento como um objetivo maior a ser alcançado. A partir da ascensão do Mercado
Editorial Brasileiro, a partir do século XIX houve a tradução em massa de romances
estrangeiros, com destaque para os franceses, levando em consideração a influência desses
países no novo modo de viver a partir do crescimento da família burguesa e da vida privada,
com isso os Bailes, Salões e toda a vida social eram de suma importância para a Elite, a partir
da valorização de artefatos, cultura material e boa educação, aspectos também presentes nas
páginas dos livros da coleção que contribui para o imaginário e conduta das jovens e inocentes
leitoras do período. Essa coleção contou com 180 volumes entre as décadas de 20 a 60 no
século XX e foi constituída em sua maioria por autores estrangeiros, com destaque para os
irmãos franceses com pseudônimo de M. Delly que detinham a maior quantidade de romances
publicados, as obras visavam, uma formação moral e religiosa para seu público alvo: jovens
leitoras burguesas em processo de formação educacional. Desse modo, esses livros
contribuíram como instrumentos Pedagógicos a partir da ascensão da Imprensa e da criação e
democratização das bibliotecas, sobretudo nas Escolas Normais, espaço de formação feminina
neste período e amplamente reimpressos até a década de 1980. Sendo assim, cabe examinar a
função Pedagógica dessas obras nas Escolas Normais, seus usos, apropriações e características,
bem como a formação do imaginário feminino como público leitor a partir dessas Literaturas
de contos de fadas. Vale ressaltar que as personagens femininas não demonstravam quaisquer
alusões à sexualidade, liberdade e o mundo público (masculino) era descrito como um lugar
perigoso, tendo com isso uma valorização exacerbada do lar e de sua Direção, bem como da
Maternidade, aspecto comum também nos Manuais de Economia Doméstica, dessa forma, por
meio desses manuais, algumas autoras destacaram-se ao publicar instruções para a direção do
lar, como foi o caso de Júlia Lopes de Almeida e Vera Cleser, com suas obras Livro das Noivas e
O lar Doméstico, respectivamente, estudadas no projeto anterior. Neste sentido, o gênero de
romance sentimental e literatura de água doce contribuíram de forma significativa para a
formação das moças das escolas normais, propondo a valorização do casamento, da
maternidade e de papéis de gênero pautados na docilidade, civilidade e submissão, afim de
conservar o padrão burguês patriarcal. O perfil feminino construído nesses romances
significava uma representação de modelo ideal a ser seguido, o que ocorria a partir da

113
apropriação por meio da Leitura desses romances, incentivados pela família, instituições de
ensino e a Igreja Católica, a fim de combater o ócio. Objetivos: Reunir e sistematizar
informações sobre a natureza dos livros da coleção presentes nos acervos das Escolas Normais;
Aprofundar conhecimentos sobre a relação entre a mulher e os romances no século XIX e XX;
Investigar os ideias de representação e formação feminina presentes na Coleção. Metodologia:
Para tal, estão sendo realizadas as leituras de referenciais teóricos sobre a Coleção Biblioteca
das Moças, com os estudos de Cunha (1999) que afirma que esses romances eram
considerados como romances de Família: leituras para senhoras e senhores, Ney (2017) que
analisa a constituição das Bibliotecas das Escolas Normais, investigar e a Imprensa do Período,
juntamente com o levantamento e busca de registros da entrada de títulos dessa coleção nas
bibliotecas das Escolas Normais, organização, catalogação e descrição de títulos da coleção que
tratam sobre o Magistério e o Feminino a partir do estudos de Priore acerca da História das
Mulheres nesse período e Hilsdorf (2011 )acerca da História da Educação Brasileira, também
Chartier (1990) sobre a publicação do livro e as apropriações e representações culturais que
dele são feitas, juntamente com Carvalho (1998) investigando a formação de uma cultura
pedagógica advinda desses livros nas Bibliotecas das Escolas Normais, Instituições de Formação
de Mestras. Resultado: Perante os estudos realizados até o momento, é possível inferir que
houve na Escola Normal um ideal de formação feminina visando dois âmbitos: a atuação como
mãe e como professora e que a Literatura Feminina encontrou juntamente à difusão de obras
pedagógicas um meio de formação para o cidadão republicano ideal: nacionalista, religioso,
ligado a questões morais, ao progresso e ao Higienismo e neste sentido coube à mulher dirigir
corretamente o lar, nesse sentido, era responsável pela reputação de sua família a partir da
manutenção da vida pública, espaço reservado ao sexo masculino, essa narrativa está presente
na maioria das obras da coleção. As obras encontradas possuíam muitas ideias de formação
necessárias aos interesses da instrução pública no período e tinham uma intensa relação com a
produção escolar neste período a partir da ascensão do mercado livreiro editorial e da
produção de livros voltados para a formação escolar, escritos por professores, em algumas
obras é possível investigar a identidade que se esperava da Professora, como sendo uma
extensão da função de mãe: deveria propagar a religião e atuar com amor e docilidade, o que
provavelmente remete à necessidade de formar outras mulheres e leitoras. A partir da
Formação de uma Cultura Pedagógica, essas obras visavam uma dupla formação: a de
Professora e Mulher, e essa literatura sentimental, expressou todos esses elementos em suas
obras e, portanto, será parte desse projeto continuar investigando a circulação e apropriação
feminina e dessas obras no âmbito pedagógico Brasileiro e Latino Americano a partir do
período proposto. Conclusão: Sendo assim, a representação e formação que essa Literatura
propõe durante o período de publicação e edição da Companhia Editora Nacional, diz respeito
à conservação do lugar social feminino, por meio de suas personagens dóceis, frágeis, religiosas
e dependentes do sexo masculino e da descrição de espaços de gênero, sendo o público
masculino e o privado, feminino, neste interim, as leituras destes romances de forma silenciosa
em cômodos específicos, contribuíram para o imaginário e a fantasia feminina, a partir de uma
narrativa de conto de fadas com personagens belos, paisagens paradisíacas e finais felizes e
previsíveis. Ainda em fase de investigação, as Escolas Normais contribuíram para a difusão
dessas obras a partir do modelo de Ensino pautado em diferentes disciplinas para homens e
mulheres, a presença de obras que apresentavam características semelhantes para a formação
de Mestras na Escola Normal e com a figura do Bibliotecário que agia como um mediador nas
Bibliotecas dessas Instituições com a seleção e catalogação de tais obras. As personagens
femininas detinham uma identidade que valorizava a submissão, eram descritas a partir do
padrão de beleza europeu, como sendo brancas, magras e representando aspectos de
simplicidade, outras moças que não atingiam essas características, eram consideradas

114
antagonistas e não possuíam um final feliz, ser antagonista significava não se casar, ser
desquitada ou considerada rebelde, a partir do questionamento dos padrões impostos. O
Gênero e a Literatura, desse modo, complementam-se para formar uma educação voltada à
submissão e sua repercussão a partir da valorização dos ensinamentos presentes nas obras que
funcionam como reafirmações da identidade feminina valorizada. Neste sentido, educava-se
para que as Mestras continuassem uma educação em massa pautada nesses valores, ser bem
educada e boa mãe, é continuar a repassar essas normas para as alunas e filhas, uma Educação
vigilante a partir do controle social de corpos e mentalidades.

Palavras-chave: Educação feminina; Escola normal; Biblioteca; Leitura.

115
METÁFORA: OPERADOR COGNITIVO NA NARRATIVA HISTÓRICA DE UMA INSTITUIÇÃO
EDUCATIVA

Julie Idália Araujo Macêdo (UFRN)

Fredy Enrique González (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente artigo se propõe a analisar o potencial da metáfora em sua atuação como operador
cognitivo na narrativa histórica de uma instituição educativa. A pergunta norteadora do estudo
é: como a metáfora auxilia no processo de elaboração do texto acadêmico da história de uma
instituição educativa? O potencial da metáfora na organização do texto científico e sua atuação
como operador cognitivo de religação da realidade é assumido no texto se fundamentando em
Claude Lévi-Strauss (1976) e Edgar Morin (2007, 2015). Aferimos que a história recorrendo a
metáfora, a memória e a narrativa reconhece o homem como um ser de razão e de emoção.
São enfatizados aspectos a respeito da história das instituições educativas recorrendo à Décio
Gatti Júnior (2007, 2002) e Justino Magalhães (2004, 1998, 1996) e a história cultural em Roger
Chartier (1990) e Peter Burke (1992). A pesquisa aborda a potência da metáfora para destacar
a formação da racionalidade imaginativa e a inteligência reflexiva. No que se refere a
metodologia, trata-se de um estudo de natureza qualitativa na perspectiva fenomenológica e
as informações coletadas a partir das fontes documental e bibliográfica. Portanto, conclui-se
que a partir das experiências cotidianas culturalmente são ativados o sistema conceitual
refletido nas expressões metafóricas. Evidencia-se assim a relação da metáfora com a cultura e
o cotidiano, atuando de maneira inconsciente nas comunicações, tendo em vista a vasta gama
de conceitos abstratos que perpassam o cotidiano.

Palavras-chave: Metáfora; Narrativa histórica; Pesquisa qualitativa; Operador cognitivo.

116
ACESSOS, DIREITOS, PERMANÊNCIAS: A LUTA POPULAR PELAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS
BRASILEIRAS

Juliette Scarlet Galvão Aires Santos (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Neste trabalho, pretendo discutir sobre o contexto de lutas dos movimentos sociais pelo
acesso das classes populares às universidades públicas, direcionando o foco às iniciativas
chamadas de cursinhos populares, especificamente o Cursinho Marielle Franco, na cidade de
Natal/RN, vinculado à Rede Emancipa. Busco fazer um diálogo com as categorias “educação
popular” e “movimento social” para compreender como os cursinhos acionam esse repertório
político. No Brasil, apesar do ensino superior público ser amplamente reconhecido pela
excelência, há um processo, encabeçado por governos neoliberais e elites, em torno da
privatização da Educação Superior através do sucateamento das universidades públicas e da
expansão do Ensino Superior privado (com faculdades e universidades). Os cursinhos
pré-vestibulares populares (PVP), também chamados comunitários, surgem diante dessa
problemática de expansão da educação superior e a desigualdade no acesso. Zago (2008)
discute que essas iniciativas, desde os anos de 1990, visavam protestar contra essa realidade,
produzir ações de combate às desigualdades na educação e tinham como principal objetivo a
democratização do ensino. O objetivo deste trabalho é discutir sobre o Cursinho Marielle
Franco da Rede Emancipa. Um movimento social de educação popular que, atualmente, conta
com 67 cursinhos espalhados por diversos estados do país, porém, com uma demasiada
concentração na região Sudeste, especificamente em São Paulo, cidade de sua origem. Para
tanto, recorro à metodologia pensada por Peirano (2014) sobre a etnografia como uma
“formulação teórico-etnográfica” (PEIRANO, 2014), assumindo o método de observação
participante, na perspectiva de Silva (2006), e pesquisa bibliográfica. O Cursinho Marielle
Franco encaixa-se como uma das iniciativas desse campo de luta dos movimentos sociais pela
educação, havendo uma enorme multiplicidade de cursinhos, cada um com suas dinâmicas que
variam a depender da conjuntura municipal, estadual, das dinâmicas urbanas e das pessoas
atuantes. Esse movimento é responsável por provocar profundas mudanças e viabilizar o
acesso das camadas populares à educação pública superior. Por conseguinte, realizei um
apanhado do percurso teórico envolvendo as categorias educação popular e movimento social
para desmistificar a reificação e debater em torno de uma das concepções mais apropriadas
atualmente pelos movimentos, inclusive a Rede Emancipa e seus cursinhos, a pedagogia de
Paulo Freire. A partir de algumas experiências de educação popular, que servem como
inspiração e fonte de diálogos.

Palavras-chave: Educação Popular; Cursinhos; Universidade Pública; Movimento Social.

117
ANÍSIO TEIXEIRA E O CONCEITO DE INTELECTUAL

Karen Fernanda da Silva Bortoloti (UNESP)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Ancorada na possibilidade sempre em aberto de se reconstruir um objeto de análise,


parafraseando Ana Waleska Mendonça (1997), que corrobora a ideia de Clarisse Nunes (1992)
de que este objeto pode ser “paradoxalmente pouco conhecido”, ouso, seguindo os passos
dessas duas conhecedoras do intelectual e desbravadoras do objeto de estudo, retomar Anísio
Teixeira. Apesar da quantidade e da qualidade das pesquisas já feitas sobre as teorizações e
atuações do educador brasileiro Anísio Spínola Teixeira (1900 – 1971), ainda não há trabalhos
dedicados a verificar, no conjunto de sua obra, como a ideia de intelectual foi abordada ao
longo de sua trajetória. O presente trabalho visa contribuir nessa direção, propondo uma
investigação que focalize especificamente esse tema, em suas interseções com outros temas a
ele relacionados. A metodologia utilizada pauta-se na pesquisa de caráter documental,
notadamente no que concerne à História Cultural que valoriza diversas fontes, à História
Política que compreende o intelectual como um “ator do político”, um sujeito engajado e
comprometido com diferentes projetos e movimentos materializados na atuação junto ao
Estado, na criação de revistas, na assinatura de manifestos (SIRINELLI, 2003, p. 231) e,
finalmente, à História dos Conceitos e as contribuições do historiador Reinhard Koselleck. A
partir dos pressupostos epistemológicos da História dos Conceitos, que vem se radicando no
campo do fazer historiográfico e tem muito a contribuir aos historiadores da educação como
um método de crítica às fontes escritas e que propõe uma análise de conceitos a partir de
contextos sociais ou políticos e suas ressignificações ao longo do tempo, propõe-se aqui
historiar o conceito de intelectual no discurso de Anísio Spínola Teixeira. O educador, literato e
administrador baiano de Caetité, a sua formação e diversas esferas de sua atuação já foram, e
ainda são debatidos pela historiografia da educação, especialmente, em virtude da inegável
contribuição de Anísio Teixeira para este campo. Considerando que o pensamento e as práticas
de Teixeira devem ser compreendidos no contexto em que circularam, analisamos a concepção
que este autor elaborou de intelectual a partir dos diferentes lugares que ocupou ao longo de
sua trajetória, ou seja, a partir das relações estabelecidas em diferentes contextos entre os
anos de 1920 e 1970. Portanto, a premissa principal desse trabalho está na centralidade
admitida pelas questões relacionadas ao intelectual e suas ações em torno do projeto de
reconstrução do país no discurso de Anísio Teixeira.

Palavras-chave: Anísio Teixeira; Conceito; Intelectual.

118
BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Karinise da Silva Carvalho (UNP)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo ressaltar como se deu o processo de história da Educação de
Jovens e Adultos. Abordaremos os aspectos importantes para a compreensão e contribuições
para o entendimento do desenvolvimento histórico desta modalidade de ensino. A
metodologia utilizada para a realização desta pesquisa se deu a partir de levantamentos
bibliográficos, no qual buscamos respaldo em autores que debatem sobre a temática discutida.
Dentre esses autores destacamos os estudos de COLAVITTO e ARRUDA (2014); (ZANETTI, 1999)
e STEPHANOU e BASTOS, 2005). Em 1932, foi criado o Movimento Nacional de Educação para
combater o analfabetismo, principal problema do país (DI PIERRO, 2001). Já 1964, foi aprovado
o Plano Nacional de Alfabetização, que previa a divulgação de Paulo Freire, plano de
alfabetização norteado pela proposta, em todo o Brasil. A proposta foi interrompida por um
golpe militar e seus promotores foram severamente reprimidos (ZANETTI, 1999). Para Vieira
(2004) e Stephanoue Bastos (2005), eles enfatizam que as mudanças na história da educação
de jovens e adultos (EJA) ao longo do tempo estão relacionadas às mudanças sociais,
econômicas e políticas que representam diferentes momentos históricos do país. A educação
de jovens e Adultos sempre foi muito desvalorizada. A educação de adultos como parte da
Campanha Nacional está começando a mostrar seu valor. Por meio da Campanha de Educação
de Adultos, iniciada em 1947, começaram as discussões sobre analfabetismo e educação de
adultos no Brasil (COLAVITTO e ARRUDA, 2014). Com Paulo Freire revolucionou a história da
educação desta modalidade, ele contribuiu de forma significativa para a inovação da forma de
alfabetizar. Os movimentos de educação e cultura popular das décadas de 1950 e 1960 foram
amplamente inspirados por Paulo Freire. Usando seu método, ele propôs uma educação
conversacional que enfatizava a cultura popular e usava temas generativos. Esses movimentos
buscam a conscientização, a participação e a mudança social porque entendem que o
analfabetismo é causado por uma sociedade injusta e desigual (STEPHANOU e BASTOS, 2005).
Concluímos que a Educação de Jovens e Adultos foi valorizada por Paulo Freire, ele inovou as
práticas de alfabetização aos adultos, valorizando o conhecimento das vivências dos mesmos.
Com os movimentos que visavam melhorias nesta modalidade de ensino, foi possível que essa
etapa da educação básica obtivesse respeito e garantias de direitos.

Palavras-chave: Educação; Alfabetização; História.

119
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Karinise da Silva Carvalho (UNP)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo ressaltar como ocorreu o processo histórico da Educação
Infantil no Brasil. A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a pesquisa
bibliografia, no qual buscamos respaldo em diversos autores que visam debater a temática
abordada. Dentre os autores, destacamos os estudos de Kuhlmann Jr. A história dessa
modalidade de ensino se iniciou a partir de esforços para ajudar as crianças no Brasil, marcado
por uma iniciativa solidária ligada a interesses jurídicos, comerciais, políticos, médicos,
educacionais e religiosos. (KUHLMANN JR, 2010, p. 77). Portanto, os primeiros atendimentos
assistencialistas às crianças surgiram a partir das iniciativas assistenciais. Lá, diferentes grupos
começaram a aparecer para ajudar as crianças mais pobres da região brasileira. Uma das
primeiras organizações do Brasil projetada para auxiliar essas crianças, ficou conhecida por “
roda dos expostos “ ou "roda dos excluídos ". Ela tinha a função de proporcionar assistência as
crianças abandonadas nas regiões brasileiras. Outro tipo de instituição fundada para prestar
auxílio às crianças na época foi a Associação Protetora da Infância, fundada em 1883. Para
Kuhlmann Jr. (2000a, p. 474) esta organização foi uma das pioneiras no atendimento à infância
em todo o país, pois, “[...] além de criar uma instituição própria, a Associação pretendia
centralizar informações sobre os estabelecimentos para sustentação, instrução e educação da
infância desamparada no país”.A educação centrada na criança ganhou importância graças ao
trabalho feminino, as primeiras creches no Brasil surgiram a partir do trabalho das mães que
tinham que ir trabalhar e não tinham ninguém para cuidar dos filhos. Kuhlmann Jr. (2010, p.
87) afirma que essas creches representam uma gama de ferramentas de conhecimento
jurídico, médico e religioso na gestão da finalização das políticas assistencialistas que tinham a
infância como seu principal pilar. As creches foram consideradas uma instituição que foram
vistas como instituições para “[...] um aperfeiçoamento das Casas dos Expostos, que recebiam
as crianças abandonadas; pelo contrário, foi apresentada em substituição a estas, para que as
mães não abandonassem suas crianças” (KUHLMANN JR., 2010, p.78). Através desse estudo
concluímos que a educação voltada para atender as crianças devido à preocupação da
sociedade, pois, e a oportunidade de garantir às mães que precisavam trabalhar a facilidade de
deixar os filhos em um local que os mesmos seriam cuidados. Por outro lado, essas
oportunidades permitiram que leis que garantiam a educação das crianças fossem formuladas,
favorecendo um atendimento eficaz educacional que temos na atualidade para os pequenos.

Palavras-chave: Educação Infantil; Criança; História.

120
ROBERTO MANGE E A CONSTITUIÇÃO DO ENSINO INDUSTRIAL NO BRASIL A PARTIR DAS
CONTRIBUIÇÕES NO SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI (1942
-1955)

Karoline Louise Silva da Costa (IFRN)

Joyce Brenna da Silva Lima Rodrigues (IFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este artigo analisa as constituições de Roberto Mange ao Ensino Industrial no Brasil a partir das
suas ações no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de 1942 a 1955. O SENAI foi
criado através da Lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942, para formar e selecionar
trabalhadores para as indústrias brasileiras. A pesquisa insere-se no campo da História da
Educação Profissional, sendo uma pesquisa documental e bibliográfica realizada a partir da
análise de fontes como Leis, o Jornal da Associação dos Empregados do Senai (1995) e a Revista
Senai (1948-1949). Teoricamente nos fundamentamos nas categorias de análises: Intelectual
(SIRINELLI, 2003) e formação profissional (FONSECA, 1961; WEISTEIN, 2000; CUNHA, 2000). A
pesquisa evidenciou que a trajetória do engenheiro-educador Roberto Mange marcada por sua
atuação no curso de Mecânica Prática do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (1923);
passando pela criação da Escola Profissional Mecânica, em 1924, alçou-o para assumir a
direção do SENAI São Paulo, cargo no qual exerceu as suas atividades desde a fundação (1942)
até a sua morte em 1955, haja vista as experiências enquanto professor de Engenharia
Mecânica na escola Politécnica de São Paulo, bem como enquanto diretor do Instituto de
Organização Racional do Trabalho (IDORT). Assim, compreende-se que o engenheiro e
intelectual Roberto Mange destacou-se por sua preocupação com a formação técnica dos
aprendizes voltada para uma vida útil, mas também de arte e de sonho, contribuindo com o
desenvolvimento da racionalidade científica por meio da difusão das séries metódicas,
favorecendo ao país a modernização para a produtividade industrial a partir da formação e
preparação dos aprendizes às indústrias.

Palavras-chave: Roberto Mange; Intelectual da educação; SENAI; Séries Metódicas; Ensino


Industrial.

121
ABÍLIO CÉZAR BORGES E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO CONGRESSO PEDAGÓGICO
INTERNACIONAL DE BUENOS AIRES (1882)

Laís Paula de Medeiros Campos Azevedo (UFRN)

Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este artigo tem como objetivo investigar a atuação do intelectual brasileiro Abílio Cézar Borges
(1824-1891) no Congresso Pedagógico Internacional realizado em Buenos Aires no ano de
1882, enquanto representante do Império do Brasil. Abílio Borges nasceu no interior da Bahia,
cursou a Faculdade de Medicina, atuou como diretor de instrução pública e fundou colégios na
Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Publicou diversas obras destinadas a alunos e
professores, e recebeu o título de Barão de Macahubas em 1881. Para a realização do estudo,
buscamos responder aos seguintes questionamentos: quem foi esse intelectual da educação do
século XIX? qual o percurso de sua formação e atuação profissional que lhe conferiram as
credenciais necessárias para representar o Brasil no Congresso Pedagógico Internacional de
1882? e quais eram as suas ideias pedagógicas? Com base no método indiciário de Carlo
Ginzburg, recorremos, principalmente, a fontes hemerográficas coletadas em repositórios
digitais brasileiros e argentinos. Nos pautamos, sobretudo, nas contribuições de Michel de
Certeau e Jean François Sirinelli que nos auxiliam na compreensão do percurso do intelectual.
O Barão de Macahubas destaca-se no cenário educacional do período enquanto diretor de
escolas, educador, autor de livros, preocupado em fazer circular suas ideias sobre a educação
nacional.

Palavras-chave: Abílio Cézar Borges; Congresso Pedagógico; Ideias Pedagógicas; Século XIX.

122
HELENA ANTIPOFF E A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO: DO INSTITUTO JEAN JACQUES ROUSSEAU
AO BRASIL

Laís Paula de Medeiros Campos Azevedo (UFRN)

Taynam de Azevedo Duarte (UFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Situada no domínio da História Intelectual, essa pesquisa tem como objetivo investigar a
trajetória da educadora e psicóloga russa Helena Antipoff (1892 - 1974) e os caminhos por ela
percorridos entre o Instituto Jean Jacques Rousseau e o Brasil. Helena Antipoff formou-se na
primeira turma do Instituto e recebeu o título de especialista em psicologia educacional, atuou
como assistente de Edouard Claparède no Laboratório de Psicologia da Universidade de
Genebra e como professora de psicologia do Instituto. Com sua vinda para o Brasil, no ano de
1929, a convite do governo do Estado de Minas Gerais, a educadora atuou como professora na
Escola de Aperfeiçoamento de Professores, em Minas Gerais, além de montar e dirigir um
Laboratório de Psicologia Experimental. Neste estudo, buscaremos compreender quem foi a
intelectual Helena Antipoff, quais os aspectos que possibilitaram sua vinda e permanência no
Brasil e quais as suas principais contribuições para o campo da educação. Para a construção da
pesquisa, utilizamos como referencial metodológico o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg.
Nosso aporte teórico baseia-se, principalmente, no conceito de intelectual proposto por Jean
François Sirinelli (2003) e no conceito de redes, discutido por Fuchs (2007). A pesquisa foi
desenvolvida a partir da historiografia e de fontes hemerográficas, além de documentos e
informações disponíveis no Centro de documentação e pesquisa Helena Antipoff (CDPHA).
Destaca-se a atuação e as contribuições da intelectual para a disseminação de teorias e práticas
relativas à psicologia educacional no Brasil, de forma articulada com as perspectivas da Escola
Nova. As redes constituídas entre instituições brasileiras, seus intelectuais, e o Instituto Jean
Jacques Rousseau possibilitaram a travessia da educadora e um movimento de imigração e
emigração de ideias. Destacamos ainda as contribuições do estudo para as pesquisas
relacionadas à história da educação e da psicologia no período.

Palavras-chave: Helena Antipoff; História da Educação; Psicologia educacional; Redes.

123
A AUTORIA FEMININA NA PRODUÇÃO LITERÁRIA PARA CRIANÇAS DURANTE O SÉCULO XX

Larissa Santos Cordeiro da Silva (UNIFESP)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Com os objetivos de contribuir para a produção de uma história da Literatura Infantil e Juvenil
brasileira do século XX, bem como compreender o lugar da autoria feminina nessa história
apresentam-se neste texto resultados parciais de pesquisa de mestrado em Educação, com
enfoque na presença de mulheres como autoras de obras literárias destinadas às crianças.
Para isso, tomou-se como referência os livros presentes no catálogo da biblioteca infantil do
Instituto de Educação Caetano de Campos, correspondente ao período 1925 à 1980, essa
biblioteca foi criada em 1925 pelo professor Carlos Alberto Gomes Cardim, no âmbito de Escola
Normal/ Instituto de Educação em um contexto de disseminação e renovação de ideias e
teorias pedagógicas modernas para educação brasileira. Mediante abordagem histórica, pela
perspectiva da Nova História Cultural, a pesquisa tem se desenvolvido a partir de pesquisa
documental e bibliográfica, desenvolvida por meio do conceito de “análise da configuração
textual” de base discursiva e dialógica e dos procedimentos de localização, recuperação,
reunião, seleção, ordenação de fontes. A análise tem possibilitado constatar que a presença da
autoria feminina na literatura infantil até a década de 1980 era minoritária se comparada à
autoria masculina. No entanto, observa-se que no período estudado a presença de mulheres
como autoras de literatura infantil cresceu gradativamente, em consonância com o processo
gradativo de feminização do magistério e portanto, consolidando a literatura infantil como
campo de atuação também feminino.

Palavras-chave: Literatura infantil; Autoria feminina; História da Literatura Infantil; Feminização


do Magistério.

124
O MEB E A PARTICIPAÇÃO FEMININA, NA DÉCADA DE 1960

Lênine Andréa Miranda da Silva (UFU)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Esse trabalho, fazendo parte de uma pesquisa maior de mestrado, tem como objetivo ressaltar
a participação feminina no Movimento de Educação de Base (MEB), e assim, levantar o debate
sobre a “invisibilidade” dessa participação. Valendo-nos de Michelle Perrot, muitas são as
críticas à formação social e econômica da história. Onde os homens públicos, os considerados
heróis ou não, são sempre os “únicos” atores da história. Como análise inicial, baseadas em
fontes do MEB Nacional, foram utilizados relatórios e boletins, onde é possível observa a
participação das mulheres na construção da história do Movimento e da Educação, no Brasil.
Leituras bibliográficas e de produções acadêmicas relacionadas ao tema também foram
acrescentadas. O MEB foi criado no ano de 1961, pelo decreto nº 50.370 de 21 de março,
através de um acordo entre a Igreja Católica e o Governo Federal. Tinha como objetivo levar a
educação de base às áreas menos desenvolvidas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país,
por meio de escolas radiofônicas. Em relação ao trabalho nas bases, as mulheres chegavam a
ocupar, aproximadamente, 80% do quadro de monitorias nas comunidades (SOUZA, 2006). De
maneira mais ampla, o MEB apresentou uma liderança fortemente masculina devido aos
cargos ligados à Igreja, mas, em contrapartida, teve uma base majoritariamente feminina
(SOUZA, 2006). A partir desse trabalho houve uma organização coletiva, diversos clubes de
mães e associações de mulheres foram articulados no país, lutando por saúde, moradia,
saneamento básico etc. (CISNE, 2018), fortalecendo as comunidades e o Movimento como um
todo. Contudo, em referências clássicas como Uma pedagogia da participação popular: análise
da prática pedagógica do MEB 1961-66 de Osmar Fávero, essa participação é descrita de forma
bem sucinta. Esse cotidiano de luta, certamente, possibilitou a tomada dos espaços públicos
para algumas dessas mulheres, desvendá-las é objeto de futura pesquisa. A naturalização da
dominação masculina, trabalhada por Pierre Bourdieu em seu livro A dominação masculina,
colocando a mulher como o outro, incorporada como algo imutável, e naturalizando assim,
esse processo de dominação, fortalece os interesses sociais construídos pelos que detêm as
relações de poder. Ou seja, essa ideologia de dominação natural é fortalecida na construção do
sistema capitalista, como tal patriarcal, que garante voz a quem lhe convém. Manter esse
padrão de dominação e colocar o homem como figuras “importantes”, como heróis e
fundadores da nossa história faz parte desse sistema. Mas que todos e todas, dotados de
consciência crítica em relação ao sistema capitalista, possam reivindicar essa voz silenciada na
história e assim resgatar a construção feminina das notas de rodapé para as páginas principais.

Palavras-chave: Movimento de Educação de Base; História das Mulheres; Movimentos Sociais.

125
CENTROS DE MEMÓRIA E A PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: ACERVOS E
POSSIBILIDADES

Lidemberg Régis Santos Dantas (UFRN)

Laís Paula de Medeiros Campos de Azevedo (UFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a utilização de centros de memória
escolares para a produção de pesquisas na área da História da Educação no Rio Grande do
Norte. Neste estudo, analisamos o Portal da Memória vinculado ao Instituto Federal do Rio
Grande do Norte (IFRN) e o Núcleo de Documentação e Memória (NDM) sob a
responsabilidade do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (IFESP - RN). Os dois
centros de memória escolares estão vinculados às instituições de ensino profissional. Para este
trabalho, buscamos responder aos seguintes questionamentos: quais as tipologias de fontes
disponibilizadas nos acervos desses centros de memória escolares? e quais os eixos temáticos
passíveis de serem pesquisados a partir do estudo nos centros de memória investigados? Esta
pesquisa desenvolve-se a partir da perspectiva da História Pública e discute a relação entre
História e Memória, sobretudo, a partir das contribuições de Le Goff (2013) e Pierre Nora
(1993), e sobre arquivos a partir de Farge (2017). Os Centros de Memória associados às
instituições escolares constituem-se como importantes acervos virtuais de investigação para as
pesquisas em História da Educação, uma vez que denotam o interesse e a preocupação das
instituições em preservar seus arquivos documentais que contam a história desses espaços a
partir de diferentes elementos. Fotografias, depoimentos orais, documentos da administração
escolar, dados da organização e estrutura institucional, além de informações sobre alunos e
professores documentam a história e compõem a memória dessas instituições dispostas nos
acervos digitais que integram os centros de memória investigados. Ressalta-se ainda as
diversas possibilidades de pesquisa advindas do estudo nesses centros, referentes, por
exemplo, à história das instituições escolares, das disciplinas escolares e da história intelectual
potiguar.

Palavras-chave: Arquivos Escolares; Centros de Memória; História da Educação.

126
FORMAÇÃO DE PROFESSORES AUTONOMIA E EMANCIPAÇÃO: LIMITES E POSSIBILIDADES NO
CAMPO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Lucilene Schunck Costa Pisaneschi (UNINOVE)

Carlos Bauer (UNINOVE)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente trabalho apresenta uma experiência de formação docente vivenciada por um dos
autores junto à Secretaria Municipal de Educação de São Paulo entre 2001 e 2004. Tendo
como pressupostos teóricos as categorias de emancipação e autonomia, buscamos estabelecer
um diálogo entre o pensamento de Paulo Freire e Theodor Adorno para compreender a
experiência, verificando avanços e regressões que pode ter promovido. As sociedades
contemporâneas têm sido marcadas por diversas formas de enquadramento e adaptação cega
às determinações de diferentes setores sociais que exercem uma ação sistemática de
dominação. Essa lógica da “enformação”, alicerçada na homogeneidade e na heteronomia,
está impregnada nos diferentes campos da nossa sociedade, inclusive a escola. Carregada
dessas contradições, a instituição escolar perpetua o modelo social excludente e alienante,
reduzindo tudo e todos à lógica capitalista, projeta-se na formação contínua de professores,
especialmente a formação em serviço, que passa a ser reduzida a pacotes de capacitação,
representa uma formação que nega o indivíduo, o adapta às necessidades do trabalho,
desconsidera os contextos específicos da ação docente, gerando mecanismos de
adestramento, adaptação “cega” aos modelos preestabelecidos, de modo a controlar o
trabalho pela técnica, automatizando os processos, inclusive os espirituais (ADORNO, T.W.;
HORKHEIMER, M., 1985). A experiência aqui relatada situa-se numa perspectiva de promoção
de mudanças nas políticas educacionais do Município de São Paulo, presentes desde a
administração de 1989 a 1992, embora interrompida até 2000, que pretendeu romper esse
ciclo adaptativo na formação docente. Apresentada a experiênciada ação formativa dos Grupos
de Acompanhamento à Ação Educativa (GAAES), discute-se o papel da escola enquanto seu
locus, detalhando a ampliação da autonomia e da emancipação docente, analisando
limites/possibilidades e, finalmente, são desenvolvidas reflexões, em torno da autonomia e
emancipação, conceitos presentes em Paulo Freire e na Teoria Crítica, especialmente Theodor
Adorno.

Palavras-chave: Autonomia; Emancipação; Formação docente; Instituições escolares; Política


educacional.

127
UM ESTUDO SOBRE A CURRICULARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA UFRN (1978 -
2003)

Luís Fernando Mesquita de Lima (UFRN)

Rayssa Marques Marinho (UFRN)

Marta Figueredo dos Anjos (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Apresentaremos neste trabalho alguns acontecimentos que podem ser compreendidos como
mobilizadores da consolidação da Educação Matemática no currículo do curso de formação de
professores de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em
particular, analisaremos os movimentos em prol da criação e da implementação de
componentes curriculares voltados à Educação Matemática nesse curso, no intervalo de 1978 a
2003. Tal intervalo se justifica, pois, por um lado, 1978 foi o ano de contratação de um dos
professores que entrevistamos e que participou ativamente do processo de consolidação da
referida área na instituição; enquanto, por outro lado, no ano de 2003 tivemos a
implementação de uma estrutura curricular para esse curso, a qual já contava com
componentes específicos da Educação Matemática e que entendemos ser produto direto das
discussões que ocorriam, sobretudo, ao longo da década de 1990 no RN. Observamos que, ao
nos debruçarmos sobre os movimentos de consolidação da Educação Matemática em um
currículo de formação de professores de Matemática, estamos nos voltando a um dos
elementos do processo de institucionalização de um campo científico. Nessa perspectiva,
seguimos as orientações de Bazi e Silveira (2007) e Alfonso-Goldfarb e Ferraz (2002) que
sugerem a avaliação das condições necessárias para a institucionalização formal de um campo
científico. Isto posto, lançamos mão do paradigma indiciário de Ginzburg (1989) em nossas
análises e nos debruçamos sobre alguns acontecimentos que compreendemos dar indícios
sobre o processo de consolidação da Educação Matemática no currículo desse curso da UFRN.
Entendemos, na perspectiva de Goodson (1997), que o currículo é uma construção social, ou
seja, existem forças que representam lutas, em particular, citamos aquelas advindas dos
embates entre os campos científicos, compreendido, aqui, a partir dos estudos de Bourdieu
(1998). Além disso, em meio aos pressupostos teóricos da História Cultural e da História Oral,
analisamos os documentos constituídos para esse estudo e apontamos alguns elementos
mobilizadores da curricularização da Educação Matemática na UFRN. Dentre eles, destacamos
a emergência das discussões sobre ensino e aprendizagem da Matemática na formação de
professores no âmbito nacional. Por sua vez, no âmbito local, evidenciamos a promoção das
mencionadas discussões por professores vinculados ao Departamento de Educação (DEDUC) da
UFRN, especialmente aqueles que eram responsáveis pelos referidos componentes
curriculares. Tal fato, estabeleceu um movimento de valorização desses estudos, o que, por
sua vez, motivou alguns docentes do Departamento de Matemática (DMAT) pela luta em prol
da consolidação desse campo na esfera do DMAT. Consideramos, então, que o envolvimento de

128
professores da área de Matemática com as questões relativas ao seu ensino representa um
marco na constituição do campo científico da Educação Matemática na UFRN.

Palavras-chave: Currículo; Formação de professores; História da Educação Matemática; Rio


Grande do Norte.

129
MEMÓRIAS DA ESCOLA SANTA TEREZINHA OU SIMPLESMENTE ESCOLA DAS MILITÃO EM
SENHOR DO BONFIM - BAHIA

Luzinete Moreira da Silva (UNIT)

Cristiano Ferronato (UNIT)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de doutoramento em educação, que trata das
trajetórias de duas mulheres negras, irmãs, professoras leigas, que se tornaram conhecidas e
ganharam notoriedade na cidade de Senhor do Bonfim-Bahia, na segunda metade do século
XX, por transformarem sua própria residência em uma casa-escola adotando práticas
educativas de acordo com suas vivências. O objetivo deste estudo é analisar a importância do
trabalho realizado pelas Irmãs Militão, Tia Lourdes e Tia Di, identificando aspectos da cultura
escolar e práticas educativas da Escola Santa Terezinha, de acordo com autores como Escolano
( 2017), Bencostta (2005) e outros que investigam essa temática. A metodologia utilizada é de
abordagem qualitativa e se sustenta na História Pública Digital, por meio do uso da rede social
Facebook como espaço de memória individual e coletiva. A História Pública Digital se constitui
como uma dimensão da História Oral, capaz de trazer à tona fatos ou indicativos para a
composição de trajetórias de pessoas comuns, pertencentes às minorias, que por diversos
fatores não tiveram seus feitos registrados nos documentos oficiais. A História Oral e a História
Pública Digital surgem para dar voz aos objetos da contemporaneidade que foram silenciados
ao longo da história, por não atenderem aos interesses de uma classe dominante. Dessa forma,
para este estudo, fizemos uso de postagens e comentários de usuários da rede social Facebook,
sobre o funcionamento da Escola das Militão, como fontes de pesquisa, cuja análise dessas
fontes, resultou na identificação de marcas da cultura escolar e memórias de práticas
educativas, compondo assim uma narrativa descritiva e analítica sobre a Escola Santa
Terezinha. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, as conclusões ainda serão melhor
delineadas. No entanto, é possível afirmar que a Escola Santa Terezinha ou Escola das Militão,
como era conhecida, constitui uma referência na História da Educação de Senhor do Bonfim
por ter sido espaço de alfabetização e formação para um grande número de crianças, jovens e
adultos, durante um amplo recorte temporal e tornando-se inesquecível para quem conheceu
e frequentou o referido espaço educacional.

Palavras-chave: Casa-escola; Irmãs Militão; Memórias; Facebook; Senhor do Bonfim.

130
A EDUCAÇÃO NA PRODUÇÃO ESCRITA DE MANOEL BOMFIM DE 1905-1931: PELO
CONTRADISCURSO A FORMAÇÃO DA NAÇÃO BRASILEIRA

Marcela Cockell (UERJ)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Manoel Bomfim (1868-1932) foi um intelectual brasileiro engajado em múltiplas frentes,


escritor, médico, professor e político, era um intérprete e um observador do país, em especial,
da transformação urbana, social, política e econômica que se desenvolveram na Primeira
República (1898-1930), bem como a Belle Époque tropical (1889-1914) – conforme Needell
(1993) – na Capital Federal, em que os ideais de modernidade e progresso emergiam como um
modo de pensar uma nação civilizada e democrática. Suas críticas em torno dos atenuantes
problemas sociais e educacionais existentes no Brasil também se voltaram para a América
Latina, especialmente a partir de sua obra A América Latina: males de origem (1905). Escrita na
França, demonstra toda a preocupação do autor em relação à formação social brasileira de
uma perspectiva diferenciada: do continente europeu enxergou o Brasil e a América Latina com
outra silhueta em relação às suas proximidades latinas. Em seu ponto de vista, os
latino-americanos, como os brasileiros, sofriam o que denominou “parasitismo social” em
relação às nações ibéricas, estabelecendo uma relação de submissão entre classes dominadas
e dominantes. Nesta obra, seu contradiscurso foi evidenciado ao ir de encontro à teoria do
branqueamento e das etnias inferiores do povo brasileiro, afirmando que a questão do atraso
não era um problema racial, mas social e que apenas a educação seria capaz de curar os
atrasos sofridos pelo Brasil e as demais nações latinas para se tornarem independentes.
Consideramos esta obra como o ato inaugural do pensamento de Bomfim e permanecerá em
seus escritos posteriores, até 1932 quando viria a falecer. Este trabalho pretende compreender
como a ação e o discurso deste intelectual no campo da educação, refletido em sua ação,
como professor e diretor do Pedagogium, e produção, em obras que apresentam em sua
discursividade os debates sobre a criança educanda, identidade nacional e o progresso. O
recorte proposto é referente à obra A América Latina: males de origem (1905), que marca seu
pensamento contracorrente e a sua última obra, Cultura e educação do povo brasileiro (1931),
publicada postumamente. Sua produção dialoga com os avanços em relações às concepções
educacionais, como o caráter formativo do professorado e estudos de psicologia e pedagogia,
além da higiene e moral da criança e com as concepções escolanovistas. Podemos dizer que a
partir da sua teoria do parasitismo social buscou compreender aspectos da desigualdade
brasileira pelo viés da tradição e cultura, os matizes que fermentam e conectam as ideias do
autor e o seu engajamento com as possibilidades que configuram um sujeito, um intelectual e
um projeto para o Brasil no campo da história da educação que se mostra contracorrente.

Palavras-chave: Manoel Bomfim; Intelectual; História da educação; Identidade nacional.

131
UM RESGATE HISTÓRICO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA RELIGIÃO (UERN) NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO

Marcos Aurélio Ribeiro Dantas (UFRJ)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Do início da nossa colonização até os dias atuais, a questão da religião na educação foi alvo de
muita discussão. O Ensino Religioso percorre o mesmo caminho. Esse tipo de educação
religiosa por meio da disciplina funcionou como uma forma de doutrinação e imposição das
ideologias dos colonizadores baseadas em seus valores sociais cristãos daí com a proclamação
republicana (1889) e com a nova concepção de Estado laico, as influências da Escola Nova que
separava as questões religiosas da escola, o Ensino Religioso traçou caminhos diferentes do
que até então estava sendo utilizado no Brasil. Novos pontos críticos e questionamentos
passam a fazer parte das diversas formas de manifestações culturais e religiosas,
principalmente dentro da sala de aula. A formação do Professor de Ensino Religioso dá-se pela
orientação disposta no Artigo 33 da LDB 9394/96, e é importante destacar como se tem
promovido estas formações no cenário brasileiro. Na LDB 9394/96 que rege a Educação
Nacional temos no Art. 1º: que “O Ensino Religioso, disciplina da área de conhecimento da
educação religiosa e parte integrante da formação básica do cidadão e da educação de jovens e
adultos, é componente curricular de todas as séries ou todos os anos dos ciclos do ensino
fundamental.” E seguindo as orientações presentes na LBD 9394/96, temos também a Lei de nº
9475 que disserta sobre a formação e atuação desses profissionais nas unidades escolares. É a
partir das orientações presentes na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, que
acontece o processo de habilitação (Formação) e atuação desse profissional dentro do espaço
escolar. A constituição de área do conhecimento para o Ensino Religioso e consequentemente
sua integração ao ensino de graduação, justifica-se em resposta à demanda social criada a
partir da exigência na oferta de uma disciplina da formação básica escolar. Essa oferta deve
compreender a diversidade cultural e religiosa do Brasil e assim eliminar proselitismo. Diante
de tais afirmações, as aulas de Ensino Religioso precisam de planejamento, com base em
conteúdos selecionados a partir de critérios educativos e não apenas para uma determinada
religião. Assim, a formação docente indicará práticas educativas devendo partir de uma
proposta crítica e reflexiva. Nesse sentido, a história do Curso de Ciências da Religião na UERN
tem relação direta para os sistemas de ensino no Brasil com a oferta do Ensino Religioso
gerando seus reflexos na educação pública no Rio Grande do Norte. Daí a importância de
entender as origens desse curso superior, sendo necessário recuperar alguns determinantes
que se colocam na constituição de sua demanda. De início é fundamental dizer que o Ensino
Religioso experimenta ao longo da história do país diferentes modelos de oferta na educação
brasileira e isso tem relação com questões de ordem política, cultural, social, econômica e
religiosa que são decisivos na produção desses modelos (JUNQUEIRA, 2002). No nosso estado
não é diferente e as condições de oferta do Ensino Religioso reproduz os direcionamentos
estabelecidos com base nas normas e leis vigentes que regem a educação nacional. Na década
de 1970, o estado tem uma iniciativa de desenvolver um modelo de ensino religioso que está
articulado com da Arquidiocese de Natal, a qual tem uma forte atuação política inspirada em

132
um modelo de Igreja voltado para a ação social (ANDRADE, 2000). No ano de 1973 Igreja
Católica e a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Norte se unem para a
institucionalização do Ensino Religioso nas escolas da rede pública. Então cria-se a Escola
Superior de Ensino Religioso (ESER), no ano de 1977 era destinado à formação do professor de
1º grau e posteriormente ampliando para a formação de agentes de pastorais. A ESER é
sediada em Natal e ficando fica sob a tutela do Instituto de Teologia Pastoral de Natal - ITEPAN,
que era vinculado à Arquidiocese de Natal. Essa parceria se manteve ativa até o ano de 2000,
exclusiva na construção de um modelo de Ensino Religioso crítico e responsável que contou
com a condução do Padre Lucas Batista Neto e da professora Maria Augusta de Sousa Torres,
ambos designados para compor a Comissão de Ensino Religioso da Secretaria de Educação do
Estado (OLIVEIRA, 2013). Com a promulgação da LDBEN 9.394/96 e com a reforma do Art. 33
pela Lei 9.475/97 que, com a nova redação, cria um cenário desafiador para a oferta do Ensino
Religioso e traz consequências para a formação do profissional que atuará nesse componente
curricular. Nesse cenário de lutas e definições pelo novo modelo de ensino religioso é criado o
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso - FONAPER, em 1995, que conta com
representantes de diversas regiões do país proponho, analisando, discutindo e refletindo
documentos e subsídios, dentre eles os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso -
PCNER (FONAPER, 2006), que definirão o fazer do Ensino Religioso emergente. No ano 2000,
cria-se a Comissão Estadual de Ensino Religioso através da nomeação oficial de vários
professores que vinham atuando com muito empenho no trabalho e condução do Ensino
religioso. A essa altura havia sido publicado o Parecer Normativo 050/00 do conselho Estadual
de educação do RN (08.11.2000) onde recomendava que todo profissional para atuar deveria
ter nível superior destacando a Licenciatura em Ciências da Religião. Com isso a ESER já não
atendia aos critérios da legislação educacional vigente então cria-se um curso para atender
essa demanda. Criando-se aí um Projeto Pedagógico de Curso de Ciências da Religião formado
por alguns professores da comissão de Ensino Religioso. O primeiro vestibular ofertado para o
Curso de Ciências da Religião acontece e o ingresso dessa turma acontece no semestre 2002.1.
Onde os concluintes da primeira turma de Ciências da Religião se formaram no ano de 2005.
Depois dessa conquista começou a tramitar o processo de Reconhecimento de Curso no
Conselho Estadual de Educação. Simultaneamente a esse processo o curso passa pela sua
primeira reforma curricular e ganha um novo Projeto Pedagógico (2006). No mesmo ano o
Conselho Estadual se posiciona favoravelmente ao Reconhecimento do curso (29.11.2006), o
qual é publicado através do Decreto 19.818/2007 (21.05.2007). No âmbito da UERN o novo
projeto é aprovado e homologado através da Resolução 048/2008(CONSEPE, 10.09.2008). No
ano de 2011 o curso inicia processo de Renovação de Reconhecimento e conquista e a
aprovação através de ato publicado no ano seguinte pelo Decreto 22.946/2012 (29.08.2012).
Esse processo foi submetido à avaliação do Conselho de Estadual de Educação uma versão
atualizada do projeto pedagógico anterior (2011) trazendo poucas mudanças, pois nesse
momento o curso atendia ajustes da legislação vigente, sobretudo, o nascente Regulamento
dos Cursos de Graduação (2013). Esse resultado coloca em um novo processo de avaliação e
encaminhamentos que põe em revisão questões de ordem pedagógicas, administrativas e infra
estruturais, todas expressas nas alterações que compõem o mais recente projeto pedagógico
do curso (2014). No ano de 2013 o encaminha-se proposta de subprojeto PIBID recebendo sua
aprovação definitiva nos últimos dias desse mesmo ano. 2014 se inicia com a estruturação do
PIBID selecionando 20 estudantes para atuar como bolsistas e 4 professores de Ensino
Religioso da rede municipal de ensino para atuar como supervisores. Com essa chegada do
PIBID no curso representou uma importante conquista, além de constituir um passo
importante e decisivo para a formação e para a melhoria das atividades de ensino nas escolas
regulares da educação básica. Destacamos que as conquistas que o curso vem alcançando em

133
todos esses anos de existência e que justificam seu papel social protagonista na formação
superior. O curso nasceu diante de uma demanda de que era preciso formar o profissional com
conhecimentos específicos para atuar na educação básica, no componente de Ensino Religioso.
A inclusão dos egressos oriundos do curso de Ciências da Religião, trazem conquistas para o
Ensino Religioso uma vez que ao mesmo tempo em que consolida o espaço profissional do
docente favorece o reconhecimento e valorização de uma área de conhecimento que precisa
ser percebida e exercitada como importante na formação do cidadão no espaço escolar, como
bem preconizado na legislação educacional. Nesse contexto, a formação da Licenciatura em
Ciências da Religião está cumprindo com seu propósito de formar com qualidade, profissionais
comprometidos com o exercício ético de promover o conhecimento da diversidade religiosa
tornando o exercício do magistério como agente de inclusão social. Pouco mais de uma década
depois o curso diplomou mais de 210 estudantes e esses vêm se inserindo profissionalmente
no sistema de ensino público, através de concursos promovidos, sobretudo, pelas secretarias
municipais de educação. O conjunto de competências ora apresentado pontua demandas
importantes, oriundas da análise da atuação profissional e assenta-se na legislação vigente e
diretriz curricular nacional, mas não pretende esgotar tudo o que uma escola de formação
pode oferecer aos seus alunos. Elas devem ser complementadas e contextualizadas pelas
competências específicas próprias de cada etapa e de cada área do conhecimento a ser
contemplada no processo de capacitação. O Ensino Religioso oferece elementos ao ser
humano para o desenvolvimento de uma postura articulada na moderna sociedade brasileira.
Nesta perspectiva, deve contribuir para que o estudante possa construir um sentido, um
significado na vida, subsidiando-o para que possa produzir sua síntese pessoal entre fé e vida,
entre conhecimentos e valores transmitidos na escola, o profissional deve proporcionar ao
educando elementos necessários ao desenvolvimento de suas potencialidades e
auto-realização, além de qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da
cidadania. Dentro deste contexto, encontramos a questão do professor do Ensino Religioso,
pois este componente curricular passou a ser uma área do conhecimento não como mera
informação sobre determinada religião, mas como mediação para o desenvolvimento completo
do ser humano. O Ensino Religioso pretende ser serviço que serve para o crescimento global da
pessoa, mediante uma cultura, que atenta também à dimensão religiosa da vida. Pois este é
um serviço educativo e cultural oferecido a todos aqueles que estão dispostos a considerar o
grande problema do homem e da cultura. Enfim, o professor de Ensino Religioso como parte
de uma educação integral. Todo e qualquer profissional que seja responsável por aulas neste
campo deve ser formado com o mesmo parâmetro dos demais professores.

Palavras-chave: Formação; Educação; Religião.

134
A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO COSME NO LIVRO DIDÁTICO NO ESTADO DO MARANHÃO

Marcos José Soares de Sousa (UEM)

Najla Cristina Sousa Magalhães (UEM)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

A centralidade e a complexidade do livro didático nas escolas brasileiras é objeto de pesquisas


na academia, sobretudo no que concerne às discussões sobre as particularidades desse
recurso, seus desafios e suas possibilidades. Assim sendo, observamos que os livros didáticos
são frutos de várias escolhas e visões e as diferentes funções ocupadas são definidas em
virtude das orientações escolares. Devido aos vários interesses que permeiam a construção
desse material didático e por exercer vários papéis, seu uso na sala de aula deve vir
acompanhado de criticidade e problematizações sobre seu conteúdo, forma e aporte
pedagógico. Essa desconstrução pode e deve ser iniciada a partir da indagação sobre a
ausência ou pouca representatividade de grupos formadores do Brasil, como os povos
indígenas e a população negra, no livro didático. A importância de termos o registro do
protagonismo negro nos livros didáticos vai para além de construirmos uma representação
positiva desta população no processo escolar. Pois, dessa forma, os alunos negros podem se
sentir pertencentes a uma história que transcende daquela que categoriza seus antepassados
somente na condição de escravizados, submissos, animalizados. Nesse sentido é preciso o
alerta que a inexistência de aspectos positivos sobre os negros nos livros didáticos coopera
para a baixa autoestima e para a disseminação de um sentimento de inferioridade entre
alunos(as) negros(as). É, portanto, a partir desse olhar, que questionamos a representação do
negro no livro didático, especificamente, por meio da figura histórica do Negro Cosme,
personagem da história maranhense e fio condutor de uma discussão sobre a invisibilidade e a
permanência da narrativa marginal do povo negro no Brasil. Assim, a representatividade de
Cosme Bento das Chagas na história é objeto de estudos desse trabalho e de discussões, as
quais têm como mote a sua trajetória de vida, defesas ideológicas, luta e, essencialmente, a
sua participação no evento histórico da Balaiada (1838-1841). Assim sendo, nosso objetivo é
analisar como sua imagem nos é apresentada no livro didático de história utilizado nas escolas
municipais na cidade de Caxias que foi alvo dos integrantes da Balaiada no Maranhão, no 8º
ano do ensino fundamental II, no ano de 2018. A delimitação desse recorte temporal se
justifica pela necessidade de análise da aplicabilidade da Lei 10.639/2003, após 15 anos de sua
promulgação.

Palavras-chave: Livro didático; Negro Cosme; Lei 10.639/2003.

135
DERMEVAL SAVIANI: UM MARCO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Marecilda Bezerra de Araújo (UFRN)

Marta Bezerra de Araújo (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo analisar a trajetória profissional e acadêmica do professor e
pesquisador Dermeval Saviani e suas contribuições para o debate educacional no Brasil, a
partir da consideração de que ele se constituiu em um intelectual contemporâneo atuando de
forma propositiva em inúmeras questões educacionais do país. A pesquisa se justifica mediante
seu pensamento social, político e pedagógico, sobretudo na virada do século XX para XXI diante
dos debates no campo educacional destacando as áreas da Filosofia, Estrutura e Organização
da Educação brasileira e História da Educação. Procurou-se conhecer os principais momentos
da vida e da trajetória universitária de Saviani, relacionando-a aos contextos históricos,
econômicos e políticos em que suas pesquisas e produções acadêmicas se desenvolveram.
Fundamenta-se em estudos a partir de textos autobiográficos, memorial, artigos científicos,
dissertações e teses que versam sobre o legado deste intelectual brasileiro em diferentes
Universidades, utilizando com critério de seleção as produções vinculadas a Capes. Esta
discussão busca respaldo em uma revisão bibliográfica a partir de: (ALMEIDA, 2015), (BATSITA E
LIMA, 2012), (GASPARIN, 2015), (SAVIANI, 1983, 2006, 2013), (VIDAL, 2011). A pesquisa revela
que Saviani é um intelectual contemporâneo na história educacional brasileira que continua
em pleno exercício de suas atividades profissionais e acadêmicas. Como militante nos
movimentos educacionais e sociais, vem superando as repressões políticas e dominantes,
afirmando que é possível mesmo em tamanha desigualdades de classes, lutar, acreditar e fazer
educação pública, fundamentada na mediação da transformação social. Conclui-se, portanto,
que Saviani tem grandes e importantes contribuições para a Educação Brasileira tanto nos
aspectos Filosóficos, Históricos como Pedagógicos.

Palavras-chave: Intelectual da educação; Dermeval Saviani; História da Educação.

136
CONSIDERAÇÕES SOBRE O LABORATÓRIO DE INFORMAÇÃO, ARQUIVO E MEMÓRIA DA
EDUCAÇÃO (LIAME): UM ARQUIVO ESCOLAR À SERVIÇO DA PESQUISA NA HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO

Maria Apparecida Franco Pereira (UNISANTOS)

Gabriela Cordeiro Santos (UNISANTOS)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo apresentar o Laboratório de Informação, Arquivo e Memória
da Educação (LIAME) como uma instituição arquivística instituída em novembro de 2006 por
professores e alunos da Pós-graduação em Educação da Universidade Católica de Santos
(UNISANTOS, SP, Brasil). Criado com a finalidade de salvaguardar as histórias e as memórias de
instituições escolares da Baixada Santista (SP, Brasil), o LIAME é constituído por documentos
que denunciam parcelas do processo de escolarização dessa região, sendo eles de cunho
escrito, sonoro, pictóricos, arquitetônico, de utilidade escolar e audiovisuais. A metodologia
utilizada neste trabalho é a histórico-documental, buscando evidenciar a relevância desse
arquivo para a produção de pesquisas que gravitam em torno da história e historiografia da
Educação da região da Baixada Santista. Essa investigação fundamenta-se nos estudos de: a)
Nora (1993) quando este problematiza os locais de memória; b) Mogarro (2005) quando a
autora apresenta as possibilidades de pesquisa que os arquivos escolares oferecem e c)
Escolano Benito (2010) quando o autor evidencia a cultura escolar e faz significativas
referências ao patrimônio histórico-educativo. Desde sua criação, a manutenção, arquivamento
e organização do LIAME ocorre por meio da ação voluntária de professores e alunos que se
solidarizam pela preservação do patrimônio histórico-educativo da região da Baixada Santista.
Além disso, por ser considerado um local de memória, o LIAME apresenta-se como um
significativo instrumento de pesquisa e um considerável aliado em debates e discussões sobre
a guarda, preservação, acesso e divulgação de arquivos escolares.

Palavras-chave: LIAME; Arquivo Escolar; História e Memória Escolar.

137
ENSINO PRIMÁRIO EM CONCEIÇÃO DO ARROIO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX: AS
MEMÓRIAS DE ANTONIO STENZEL FILHO EM SUA OBRA “A VILA DA SERRA”

Maria Augusta Martiarena de Oliveira (IFRS)

Valesca Brasil Costa (IFRS)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Antônio Stenzel Filho era natural do município de Conceição do Arroio, hoje denominado
Osório, localizado no litoral norte do Rio Grande do Sul. O escritor nasceu a 8 de junho de
1862, apenas quatro anos após a emancipação do município em relação a Santo Antonio da
Patrulha. Em 1924, o autor publicou um livro de memórias denominado “A Vila da Serra
(Conceição do Arroio): sua descrição física e histórica. Usos e costumes até 1872.
Reminiscências”, no qual apresenta lembranças sobre diversos aspectos do município.
Conforme o autor, tais rememorações remontam ao período anterior a 1872, quando era ainda
uma criança. O objetivo deste trabalho é analisar, com base em tais memórias, o contexto do
ensino primário na localidade. Para tanto, além da obra do autor, utilizou-se como fontes de
pesquisa os regulamentos que pautavam a instrução pública na província de São Pedro, atual
estado do Rio Grande do Sul (tais regulamentos foram compilados por Tambara e Arriada), os
censos do período, os quais foram organizados e disponibilizados pela extinta Fundação de
Economia e Estatística do Rio Grande do Sul e o Álbum do Partido Republicano Castilhista,
publicado em 1932. Deve-se ter em conta que, ainda que tal documento encontre-se
deslocado do período pesquisado, o mesmo apresenta muitas informações sobre Stenzel. Para
a realização desta investigação, buscou-se em basar teoricamente o estudo de memorialistas a
partir de Domingues (2011) e Goulart (2007), além de memória, com Pollack (1989). Buscou-se
identificar, ainda, estudos sobre educação no século XIX no Rio Grande do Sul e para tanto, este
estudo pautou-se em Tambara (2002) e Arriada e Tambara (2012). Verificou-se que, conforme
presente nas disposições do Regulamento da instrução de 1857, o município contava com uma
aula para meninas e uma aula para meninos, além de possíveis aulas privadas. Essas aulas
localizavam-se na zona central da cidade e encontravam-se próximas umas as outras. A obra de
Stenzel indica que os locais onde se realizavam provavelmente havia sido locado pelo governo
da província. Além disso, punições e brutalidade são mencionados. Dessa forma, entende-se
que ainda que a obra de Stenzel não conte com um capítulo dedicado ao tema educação ou
instrução, ao delinear o traçado urbano em sua descrição das ruas, as quais provavelmente
receberam a nomenclatura do ano de sua publicação, foram indicados os locais das aulas e
casas de professoras e professores. Algumas menções a cada um deles, alguns com mais
detalhes. em-se em conta que há muito o que investigar para que seja lançada luz a essa região
pouco estudada no âmbito da História da Educação, o que se constitui em justificativa para a
continuidade das pesquisas sobre a História da Educação no século XIX em Conceição do
Arroio.

Palavras-chave: Ensino primário; Século XIX; Memorialistas.

138
PERMANÊNCIAS E ALTERAÇÕES IDENTIFICADAS NAS PRÁTICAS MATEMÁTICAS NO ENSINO
MÉDIO EM TEMPO INTEGRAL NO RN (1978-2019)

Maria Betânia Valentim Moreira (UFRN)

Liliane dos Santos Gutierre (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A pesquisa aqui apresentada é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências


Naturais e Matemática (PPGECNM), da Universidade do Rio Grande do Norte (UFRN). Centrada
na História da Educação Matemática (GOMES, 2007), e na História do Tempo Presente (LOHN;
CAMPOS, 2017), tem como objetivo identificar e analisar a existência de alterações e/ou
permanências ocorridas nas práticas dos professores de Matemática que atuaram/atuam em
escolas do ensino médio em tempo integral, no Rio Grande do Norte (RN), delimitado o
período de 1978 a 2019. A pesquisa possui caráter qualitativo (LAVILLE; DIONE, 1999),
amparada nos seguintes procedimentos metodológicos para composição de fontes e coletas
das entrevistas: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa de campo e entrevistas
semiestruturadas. Apresentamos uma discussão sobre o ensino em tempo integral no que diz
respeito à ampliação da jornada de atividades nos espaços destinados à aquisição do
conhecimento e o cumprimento de um currículo integrado. Compreende-se que o
atendimento em espaços de convivências pode vir a propiciar uma formação integral para os
sujeitos, atuando como referências importantes para essa modalidade de ensino (CAVALIERE,
2010). Norteados pelo conteúdo da referida discussão e desejosos de conhecer sobre o ensino
da Matemática desenvolvido ao longo dos anos no RN, trazemos um contexto da história da
educação em nível nacional e local. Para tanto, realizamos uma extensa pesquisa bibliográfica e
documental e, paralelamente, integramos a história do ensino de matemática ao longo do
tempo. Foram identificadas e selecionadas três escolas de modalidades de tempo integral (das
redes: privada, estadual e federal); realizadas entrevistas (LAVILLE; DIONE, 1999) com três
professores de Matemática das instituições selecionadas e com três ex-alunos de uma destas
instituições. As práticas matemáticas são demonstradas através das falas dos professores e das
vivências dos ex-alunos entrevistados (PIERRON, 2010). Como Produto Educacional (PE),
requisito do Mestrado Profissional, apresentamos um vídeo (ALMEIDA, 2004) intitulado:
Práticas Docentes em Matemática do Ensino Médio em Tempo Integral no RN, contendo
relatos de experiências atuais de alguns professores de Matemática, correlacionando-as com as
práticas matemáticas identificadas nas entrevistas realizadas nesta pesquisa. O objetivo do
vídeo é apresentar para professores em formação inicial e continuada, bem como outros
professores que estão no ensino da Matemática, as permanências e alterações identificadas
nessas práticas. A produção do vídeo está na etapa final de edição para a posterior aplicação e
avaliação. A pesquisa, recentemente, foi aprovada no exame de qualificação e encontra-se na
fase de alterações finais, a partir das sugestões apresentadas pela banca de avaliação.

Palavras-chave: Ensino de Matemática em Tempo Integral; História da Educação Matemática;


Práticas Matemáticas.

139
CARLOS ROBERTO DA SILVA MONARCHA: HISTORIADOR DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Maria Claudia Lemos Morais do Nascimento (UFRN)

Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O presente trabalho objetiva investigar a participação do professor Carlos Roberto da Silva


Monarcha no cenário educacional e suas contribuições no campo da historiografia da educação
no Brasil. Utilizamos como aporte teórico os estudos de Jean-François Sirinelli (2003)
justificado pelo interesse em apresentar intelectuais da educação brasileira. A metodologia
utilizada se constituiu de levantamento bibliográfico, e coleta de fontes que informasse acerca
de sua trajetória educativa. Foram consultados documentos nos repositórios online, a exemplo
de artigos, notícias e livros publicados pelo autor. Essa documentação forneceu informações
acerca da carreira profissional e produções acadêmicas do referido professor. Carlos Monarcha
detém autoria dos seguintes livros premiados: ‘’Lourenço Filho e a organização da psicologia
aplicada à educação’’ (Prêmio Lourenço Filho concedido pela Academia Brasileira de Educação,
1998); ‘’Brasil arcaico, escola nova: técnica, ciência e utopia nos anos 1920-1930’’ (Prêmio
Jabuti, 2010 - categoria Educação, Psicologia e Psicanálise); e ‘’A instrução pública nas vozes dos
portadores de futuros: Brasil séculos XIX e XX’’ (Prêmio Jabuti 2017 - categoria Educação e
Pedagogia). Constatou-se na investigação significativa colaboração aos estudos no campo da
história da educação no Brasil, tais como: Ensaio histórico centrado nas contribuições de
Manoel Lourenço Filho no domínio da psicologia aplicada à educação; Ensaio sobre o
movimento da Escola Nova; Narrativa expositiva e crítica sobre os discursos públicos em favor
da educação popular; Percurso histórico de funcionamento da Escola Normal de São Paulo
desde sua criação, em 1846, até 1930; Ensino; Lourenço Filho; Clemente Quaglio; Anísio
Teixeira; Infância, entre outros. Esta pesquisa buscou apresentar reflexão entre a história
intelectual e a história da educação, ao inserir o professor Carlos Monarcha como intelectual
da educação. Se constituindo como intelectual a partir das suas produções e circulação de
ideias que estão inseridas nas redes de sociabilidade disponíveis no campo educacional,
permitindo reconhecimento na construção da historiografia da educação brasileira.

Palavras-chave: Educação; História da educação; História dos intelectuais.

140
LIVRO DIDÁTICO E DISCIPLINA ESCOLAR: CONHECIMENTO E IMAGENS NA “CIÊNCIA PARA O
MUNDO MODERNO”

Maria Cristina Ferreira dos Santos (UERJ)

Inara Alves Veiga (UERJ)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

O estudo se apoia em aportes teórico-metodológicos da história das disciplinas escolares:


Goodson (1995, 1997, 2001) e Chervel (1990); livros didáticos (CHOPPIN, 2004, 2009) e
ilustrações em livros didáticos (PERALES; JIMENEZ, 2002). O objetivo foi compreender como a
disciplina escolar Ciências está materializada nos conhecimentos e imagens de um livro
didático da década de 1970. A pesquisa teve natureza qualitativa e foi realizada a análise
documental, tomando como principal fonte o volume da 6ª série do 1º grau da coleção Ciência
para o mundo moderno: iniciação à ciência, de Oswaldo Frota-Pessoa e Rachel Gevertz,
publicado em 1975 pela Livraria Francisco Alves Editora S.A. Foram analisados: a materialidade,
os conteúdos e as ilustrações da obra. As ilustrações foram classificadas de acordo com o grau
de iconicidade e as funções: decorativa - quando torna mais atrativo o livro; descritiva - quando
descreve situações ou fenômenos; e explicativa - quando explica as situações descritas,
conforme Perales e Jiménez (2002). Este livro foi selecionado por ser destinado ao ensino de
Ciências e pela autoria de Oswaldo Frota-Pessoa. Ele foi professor e cientista, formado em
História Natural pela Universidade do Distrito Federal (1938) e doutorado em História Natural
pela Faculdade Nacional de Filosofia. Autor de livros didáticos e divulgação cientifica, recebeu
os prêmios “José Reis de Divulgação Científica” do CNPq e “Kalinga” da UNESCO. O livro foi
impresso com tinta predominantemente de cor preta, e em parte com tinta azul, destacando
atividades práticas e ilustrações. A capa colorida tem a imagem de um homem trabalhando em
um trator no campo, com o céu azul como fundo. O livro tem quatro unidades e 12 capítulos
distribuídos páginas em 157. As unidades são denominadas: I - A vida das plantas, II - O
ambiente, III - A vida dos animais e IV - A saúde. As quatro unidades são divididas em três
capítulos: a primeira trata de conhecimentos botânicos; na segunda abordam-se fatores
abióticos e estações do ano - chuva, vento, fogo, inverno e verão; na terceira são desenvolvidos
temas de Zoologia e Bioquímica, e na quarta Biologia Celular e saúde. O livro apresenta 202
imagens, sendo 184 dentro das quatro unidades. Em relação ao grau de iconicidade, a maioria
é de desenhos figurativos, algumas com signos, de fácil compreensão pelos leitores; também
fotografias coloridas estão entre as quatro unidades. Em relação às funções, as imagens foram
classificadas como: 182 decorativas, 11 descritivas e 9 explicativas. A maioria tem caráter
decorativo em relação aos conteúdos, de forma a torná-los mais atrativos para os leitores. Há
a predominância de elementos de didatização no texto e nas imagens, e na sua organização,
diferenciando-se de compêndios publicados em décadas anteriores. Tal aspecto pode ser
relacionado à ampliação do número de estudantes matriculados após a LDB de 1971, que
tornou o ensino de 1º grau obrigatório.

141
Palavras-chave: Livro didático; História da Disciplina Escolar; Ciências; Imagem; Conhecimento
escolar.

142
CONSTRUINDO A HISTÓRIA DA ESCOLA PROFESSOR APRÍGIO: UM DIÁLOGO ENTRE MEMÓRIA
E EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SANTANA DO SERIDÓ/RN

Maria das Vitórias Pereira Souza Bezerra (UVA)

Marecilda Bezerra de Araujo (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho estudou a história do Grupo Escolar Professor Aprígio no município de


Santana do Seridó-RN. A questão que nos inquieta é: Quem foi professor Aprígio? Porque este
professor até então desconhecido pelos moradores da comunidade a qual a escola está
inserida como também pela população Santanense foi homenageado como Patrono de uma
escola na zona rural do município de Santana do Seridó-RN? Nessa perspectiva propomos
conhecer a Biografia e História de Professor Aprígio e as contribuições que a referida escola
apresenta em sua construção histórica e social para a comunidade Tuiuiú. Analisamos a
Educação do Campo no contexto da história da Educação do Brasil e das Políticas Públicas. O
procedimento metodológico adotado foi a Pesquisa Bibliográfica e Documental,
fundamentadas nas obras de Gois (2019), Oliveira (2014), Gil (2008, 1999), Freire (2005),
Aróstegui (2006), dentre outros pesquisadores que possibilitaram o aprofundamento e a
reflexão crítica da temática em questão. Também foram consultados para a pesquisa
documental Decretos, Leis, Arquivo Municipal da Prefeitura de Jardim do Seridó-RN, e
Prefeitura Municipal de Santana do Seridó-RN. Através de pesquisa Bibliográfica e Documental
percebe-se o reflexo da passagem do Professor Aprígio Câmara no ano de 1918, pelo Grupo
Escolar Antônio de Azevedo, no Município de Jardim do Seridó, o qual encontrava suas
atividades paralisadas. Desta forma, o Professor Aprígio Câmara foi visto pela sociedade local
como alternativa de transformação do ensino, quando este se apresentava em colapso.
Conclui-se que o jovem Educador Professor Aprígio Câmara teve seu trabalho educacional
reconhecido, na educação do município de Jardim do Seridó-RN e por isso foi homenageado
com o nome da Escola em comunidade da zona rural no município de Santana do Seridó-RN
que era distrito de jardim do Seridó-RN.

Palavras-chave: Educação do Campo; História da Educação; Aprígio Câmara.

143
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA LITERÁRIA NO ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

Maria de Fátima da Silva Nunes Pereira (UERN)

Antonia Lenilma da Silva Gomes (UERN)

Marina de Carvalho Silva (UERN)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

O presente trabalho vem analisar “Qual papel da leitura no espaço escolar” a partir do
pressuposto que a leitura já vem sendo estudada ao longo dos anos, tentando ser provado a
partir de pesquisas feitas por pesquisadores e mostrado em Congressos como o COLE que a
leitura é um processo que todo aluno deve passar e que o professor deve saber como
desenvolver essa leitura de forma que o aluno possa reconhecer textos e autores da Literatura
desde o Ensino Médio. Em estudos anteriores como a pesquisa da autora ELIZABETH D’ANGELO
SERRA no Congresso da COLE realizado sobre O Direito da Leitura Literária que vem trazer que
a leitura deve ser trabalhada pelo professor que deve ensinar sem fazer perguntas sobre o
texto que o professor trabalha em sala de aula, logo para o autor Daniel Pennac que defende a
leitura compartilhada entre os leitores em voz alta, já para Rildo Cosson a leitura encontra-se
restrita sendo mais usada no cotidiano de sociedades que desde as sociedades mais antigas a
leitura já existia nas sociedades. Deixo claro que concordo com os autores que a leitura já
existia nas sociedades humanas porque sabemos que até os animais tem uma linguagem e a
partir desta linguagem ocorre o processo de leitura, e que a leitura deve ser trabalhada de
forma que venha trazer algum tipo de ensino da leitura, um dos métodos de se trabalhar o
ensino de leitura seria através de rodas de leituras com os alunos.

Palavras-chave: Leitura; Literária; Ensino.

144
CONSCIENTIZAR PARA TRANSFORMAR: A EDUCAÇÃO PELO RÁDIO NO SERTÃO DO SERIDÓ

Maria Dolores de Araújo Vicente (UFRN)

Juciene Batista Félix Andrade (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O Movimento de Educação de Base – MEB, no sertão do Seridó, apresentou sua proposta de


alfabetização através das Escolas radiofônicas. A Rádio Rural de Caicó foi o espaço educativo,
utilizado para o desenvolvimento das ações do MEB no sertão seridoense. O objetivo desse
trabalho é apresentar o conceito de conscientização que é referenciado na documentação de
elaboração do MEB, a exemplo do relatório que traz publicações sobre o desenvolvimento do
MEB entre os anos de 1961 a 1966. Servirá de análise teórica o trabalhado de Paulo Freire
(2001). A documentação do Movimento de Educação de Base encontra-se sob a custódia do
LABORDOC (Laboratório de Documentação Histórica do CERES/UFRN), sua trajetória entre os
anos de 1960 a 1980, na cidade de Caicó. Apresentamos também como proposta teórica o
trabalho de Fávero (2006). A metodologia aplicada se dará através da análise das grades dos
programas de rádio elaborados pelos professores/locutores e os relatórios do Movimento de
Educação de Base, realizados no decorrer dos primeiros anos de atuação do MEB no Brasil.
Analisar o conceito de conscientização através da grade dos programas transmitidos pela Rádio
Rural nas décadas de 1960 a 1980 nos permite observar quais dinâmicas são apresentadas sob
a influência do conceito de conscientização nas referidas programações. Programas que
apresentam temas como: saúde popular, politização, evangelização, educação, nos coloca a
pedagogização utilizada para a erradicação do analfabetismo da população rural do Seridó,
precisamente na cidade de Caicó.

Palavras-chave: MEB; Rádio; Educação; Conscientização.

145
DE INSTITUIÇÃO ESCOLAR A ABRIGO: MEMÓRIAS DA ESCOLA JOSÉ COSME IRMÃO

Maria Emília Andrade de Medeiros (UFCG)

Vívian Galdino de Andrade (UFPB)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Neste trabalho traçamos como objetivo principal investigar a Escola José Cosme Irmão.Uma
antiga instituição escolar, situada em Pedro Velho, um velho distrito pertencente a cidade de
Aroeiras, na Paraíba. O referido distrito foi inundado em 2004 com a chegada das águas da
Barragem Argemiro de Figueiredo (Acauã) de modo que a maioria do que lá existia também foi
submerso. Nesse contexto, a referida escola não ficou de fora, teve seu prédio “engolido” pelas
águas, e suas atividades “regulares” só retornaram ao novo prédio, que preservou o seu nome,
em 2005, no novo lugar para onde os ribeirinhos foram assentados, nesse caso, no Novo Pedro
Velho, situado a aproximadamente 3 km do antigo e velho distrito pedrovelhense. Assim, neste
estudo buscamos compreender aspectos culturais do antigo Pedro Velho, especialmente para
refletir sobre o contexto cultural e educacional do lugar onde a escola estava situada,
posteriormente problematizaremos a escola José Cosme Irmão e a importância de suas
práticas para o povoado e, finalmente, refletiremos sobre as mudanças, permanências e
ressignificações que perpassaram pela escola no novo lugar. Para tanto, trabalharemos com os
conceitos de cultura segundo Pesavento (entendendo-a como um conjunto de significados
partilhados e construídos pelos homens para explicar o mundo), instituição escolar, segundo
Justino Magalhães e cultura escolar a partir de Faria Filho (que vê nesta cultura não só os
conhecimentos, mais também as sensibilidades, os valores a serem transmitidos e a
materialidade). Metodologicamente, trabalharemos com a história oral temática e
abordaremos segundo a perspectiva de Meihy e Holanda. Neste trabalho, apontamos a Escola
José Cosme Irmão como uma importante instituição escolar e social para os ribeirinhos.

Palavras-chave: Pedro Velho; Instituição Escolar; Escola José Cosme Irmão

146
A ESCOLA COMO INSTITUIÇÃO DE CONTROLE?! UMA ANÁLISE DE MEMÓRIAS EDUCATIVAS

Maria Gabriella Guimaraes da Silva (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente trabalho propõe a discussão e a análise de como a escola se utiliza dos dispositivos
de controle social. Para tal, far-se-á a análise de memórias produzidas no contexto do “Projeto
Suplementar de Ensino: História e Historiografia da Educação no Rio Grande do Norte”. O
referido projeto foi realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, durante o
período de ensino suplementar de 2020.3. Durante uma atividade de finalização do projeto,
intitulada “Minhas Memórias Educativas”, que consistiu em um relato escrito, foi produzido
pelos alunos textos memoriais sobre suas trajetórias escolares; com o objetivo dos alunos
desenvolverem uma reflexão sobre suas situações vividas em sua trajetória escolar, desde a
educação infantil até a graduação. Partindo deste princípio a análise foi realizada em três
etapas. A primeira é denominada pré-análise e consiste, basicamente, em na organização dos
materiais e definição dos temas a serem trabalhados, que ocorrem a partir da escolha dos
memoriais e definição do tema. A segunda etapa, sendo a exploração, consiste de maneira
geral na leitura, decodificação e na catalogação desse material escolhido. Já a terceira etapa é
onde se encontra o Tratamento dos resultados obtidos e interpretação, em que o autor traz
suas análises e interpretações sobre o tema que foi pesquisado. Apresentando como
conclusão, que apesar do passar de anos ainda podemos observar a escola como uma
instituição de controle. Porém, não da mesma maneira absurdamente engessada como era na
época em que Foucault escreveu sobre isso, mas sim uma versão repaginada e envolta nas
novas formas de controles em que nossa sociedade é cercada. Podemos sim hoje ser a
sociedade do desempenho, mas esse desempenho que é nós cobrado pode ser visto como
mais um dispositivo de controle que vivenciamos.

Palavras-chave: Instituição de Controle; Memórias; Memoriais; Memórias Educativas.

147
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO DE IGUATU (1925 – 1960)

Maria Luciene Ferreira Lima (UFPB)

Charliton José dos Santos Machado (UFPB)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho teve como objetivo fazer um levantamento de fontes que contribuam para
o registro da história da Educação de Iguatu, município localizado na Região Centro Sul do
estado do Ceará, no período compreendido entre os anos de 1925 a 1960. O foco central foi
mapear as primeiras experiências educativas implementadas no município. Os registros
encontrados sobre as primeiras iniciativas coincidem com o momento histórico da reforma
educacional no estado do Ceará realizada por Lourenço Filho. Os indícios para este registro
foram surgindo no decorrer da pesquisa de doutoramento em andamento, a partir de
pesquisas feitas na Hemeroteca Digital e no Jusbrasil, quando algumas informações nunca
exploradas foram se apresentando em algumas páginas dos jornais pesquisados. Esse primeiro
momento da pesquisa será de cunho bibliográfico e utilizaremos como fontes notícias
publicadas no Almanaque Laemmert de 1929, volume IV; o jornal A Razão Independente e
Noticioso (1929 a 1938); e algumas publicações do Diário oficial da União das décadas de 1950
e 1960 o que possibilitou rastrear os primeiros indícios da trajetória educacional do município
ao longo dos anos pesquisados e fazer um paralelo com as reformas educacionais ocorridas
nesse percurso. Para a análises das fontes, lançamos mão da vertente historiográfica do
Paradigma Indiciário Ginzburg (1989; 2008), aporte teórico utilizado no sentido de ajudar a
preencher algumas lacunas deixadas pelas memórias expressas em nossos arquivos. Nosso
referencial teórico contou também com as contribuições dos pressupostos da História Cultural,
por meio de autores como Chartier (1990); Le Goff (1990); Bloch (2001) e Burke (2004), de
autores que pesquisam sobre instituições escolares como Stamatto (2012); Nosella e Buffa
(2013); Castanha e Magalhães (2013) e Saviani (2013) e autores que contam a história de
Iguatu a exemplo de Montenegro (2008) e Lima Verde (2011). Os resultados da pesquisa
revelaram que a história da educação do município de Iguatu se desenvolveu paralelamente ao
desenvolvimento de suas forças produtivas, fruto da instalação dos primeiros estabelecimentos
industriais com a atividade algodoeira e que será necessário prosseguir com a nossa
investigação, de modo que possamos perscrutar os arquivos das instituições escolares
encontradas ao longo da pesquisa para sanar algumas lacunas e apresentar resultados mais
concretos.

Palavras-chave: Educação de Iguatu; Instituições Escolares; História e Memória da Educação.

148
A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA A INFÂNCIA POBRE NO PARÁ E SEUS DESDOBRAMENTOS EM
UMA INSTITUIÇÃO ESCOLAR (1943 - 1975)

Maria Lucirene Sousa Callou (UFPA)

Laura Maria Silva Araújo Alves (UFPA)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Este estudo insere-se no campo da História da Educação e seu objetivo é analisar a política de
assistência a infância pobre e sua relação com a educação em uma instituição escolar voltada
para a infância pobre, órfã e abandonada no município de Belém, admitida em regime de
internato na Instituição Pia Nossa Senhora das Graças, no período de 1943 a 1975. A pesquisa é
documental e a análise das fontes pauta-se na história cultural de Roger Chartier, com base nas
práticas e representações constituídas nos documentos. No Referencial teórico ainda
utilizamos autores da História da Infância como Alessandra Schueler, Irene Rizzini, Irrna Rizzini,
José Gondra e Sônia Câmara. Para discutir o campo das Instituições educativas, elencamos
autores como Gatti Junior, Erving Goffman e Dermeval Saviani. As fontes documentais
analisadas foram Atas, Estatutos, Fichas de Admissão de Menores, Fotografias, Regimento
Interno, Relatórios de Trabalho e Reportagens em Jornais. Entre os Resultados identificamos
que a Instituição Pia Nossa Senhora das Graças, surgiu em um período crítico em Belém, no
qual pobreza, doenças e o abandono eram recorrentes no cotidiano das crianças. Sua origem
ocorre com a criação da Associação da Juventude Antoniana pertencente à Ordem Menor dos
Frades Capuchinhos no Pará. Institucionalizar crianças pobres estava vinculado ao projeto de
nação da modernidade que visava civilizá-las pelo trabalho. A referida Instituição atravessa
diferentes momentos em sua jornada de amparo à infância Pobre. No Primeiro Momento
(1943 1950), como uma associação, ofertava as crianças pobres oriundas do Bairro do Guamá,
vestuário e alimentação. Em um segundo momento (1950 – 1975), desloca-se dos serviços de
Caridade para tomar forma de uma instituição que em parceria com órgãos do Estado,
funcionaria em Regime de Internato. O isolamento, as práticas religiosas vinculadas à
propagação da fé cristã em Belém e o ensino de um ofício, transformariam crianças pobres,
órfãs, abandonadas em cidadãos de grande valor para o estado, meninas trabalhadoras,
livrando-os de tornarem-se nocivos e perigosos à sociedade. Durante a Ditadura Militar no
Brasil Instituições como Fundação Papa João XXIII, Fundação do Bem estar do Menor, Fundação
do Bem Estar Social do Pará e Legião Brasileira de Assistência, revelaram seu modus operandi
enquanto política perversa que por meio de convênios com a Instituição Pia Nossa Senhora das
Graças, transferiu verbas e enviou meninas para que vivessem em regime de internato e
fossem amparadas e educadas. Além da assistência material e espiritual, as crianças recebiam
ensino primário e educação doméstica para as meninas admitidas. Por outro lado, a Instituição
era o único caminho para que essas crianças pudessem ser amparadas, educadas e protegidas
dos perigos do abandono, da orfandade e da pobreza em que viviam em Belém do Pará.

Palavras-chave: História das Instituições Educativas; Política de Assistência; Educação da


Infância Desvalida.

149
O TRABALHO COM AS FOTOGRAFIAS NO ENSINO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: UM
ESTUDO COMPARADO DAS COLEÇÕES DO PNLD 2018

Maria Luiza Pérola Dantas Barros (UFRJ)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Esta comunicação apresenta os resultados das investigações, a partir de uma perspectiva


comparada, em torno de como as fotografias que representam a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), vistas aqui como fontes que colaboram na narrativa dos fatos, foram trabalhadas
nos livros didáticos de História, aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
2018, e que teve por público alvo os alunos e professores do ensino médio das escolas públicas
brasileiras. Objetivou-se compreender de que maneira as coleções aprovadas materializaram as
exigências do Edital 2018, no que se refere ao trabalho dessas fotografias em suas obras, a
partir do conceito de ancoragem da imagem pelo texto, proposto por Barthes (1964;1990). Os
livros didáticos utilizados foram os manuais do professor, que tanto comportam a parte
destinada ao discente, quanto o suporte pedagógico ao docente, tendo em vista estes
possibilitarem uma visão geral de cada obra. A partir disto, a metodologia utilizada nesta
pesquisa foi a História Comparada (KOCKA, 2003; BARROS, 2007), tendo em vista fornecer
condições para uma observação mais sistematizada do objeto em questão, no que se refere as
semelhanças e, principalmente, as diferenças existentes no trato das fotografias por cada
coleção, sujeitas, por sua vez, a um mesmo edital. Esta pesquisa acaba por demonstrar que,
diferente da proposta inicial do Edital 2018, no que se refere as fotografias serem tratadas
pelas coleções como fonte no ofício de narrar os fatos históricos, por vezes algumas das
coleções aprovadas acabaram negligenciando informações, o que poderia prejudicar o
entendimento de aspectos importantes do conflito em questão.

Palavras-chave: Ensino da Segunda Guerra; Fotografia; Livro didático; PNLD 2018.

150
A CONSTITUIÇÃO DA ESCOLARIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ORLÂNDIA-SP DE 1914 A 1946: UM
ESTUDO POR MEIO DE ASPECTOS DA HISTÓRIA DO GRUPO ESCOLAR “CORONEL FRANCISCO
ORLANDO”.

Maria Paula Martelli Giraldes (UNESP-Marilia)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Apresentam-se neste texto, o trabalho realizado no âmbito do Curso de Mestrado do Programa


de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), da Universidade
Estadual Paulista-UNESP “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Marília/SP. O objetivo consistiu
em reconstituir aspectos escolares especificamente da escola Coronel Francisco Orlando, a
primeira escola primária na cidade de Orlândia/SP, localizada no Brasil, no interior Paulista,
entre 1914 a 1946 (período de funcionamento desse instituto). Para isso, mediante abordagem
histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, a partir dos procedimentos de
localização, identificação, reunião, seleção e sistematização foram sistematizadas as elaboradas
nas pesquisas conteúdo sobre as referências e as fontes localizadas no arquivo permanente do
Instituto de Educação “Coronel Francisco Orlando” e outro contendo referências de textos
sobre essa instituição. A partir disso, para integrar o corpus documental da investigação, foram
selecionadas atas, exames realizados pelos alunos, livro de correspondência, livro de
compromisso, livros de matrícula, planta do IE “Coronel Francisco Orlando”, encaixa os locais,
além dessas fontes sistematizadas nos instrumentos de pesquisas, foram reunidos a legislação
educacional orientadora e normatizadora desse instituto, figuras e bibliografia sobre o tema e
um período pautado que circulou no período centralmente sobre as histórias das instituições
escolares. A análise das fontes foi realizada considerando a História Cultural, compreendendo a
importância de pesquisar os cotidianos das instituições escolares a partir da utilização de
diversas fontes. Portanto, constatou-se que para o desenvolvimento até o momento da
pesquisa que há ausência de estudos sobre a escolarização no município de Orlândia/SP.
Partindo de conceitos cunhados sobre a história da escola e de cultura escolar (Carvalho, Vidal,
Faria Filho, Chartier) focaremos nossa análise nos aspectos intrínsecos ao processo de
escolarização, num momento que vai da crise proposta republicana da escolarização à
publicação da Lei Orgânica do Ensino Primário (1946).

Palavras-chave: Educação; História da Educação; História das Instituições Escolares; Escola


Primária; Grupo Escolar.

151
REFLEXÕES SOBRE A MATERIALIDADE ESCOLAR DO INSTITUTO GENTIL BITTENCOURT EM
BELÉM DO PARÁ: HISTÓRIA, ARTEFATOS E ARQUITETURA ESCOLAR

Marlucy do Socorro Aragão de Sousa (UNAMA/SEDUC-PA)

Maria do Socorro Pereira Lima (UFPA)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Este estudo discorre sobre a materialidade circulante no Instituto Gentil Bittencourt em Belém
do Pará no início do século XX, período em que a sociedade experimentou grandes
transformações e conflitos promovidos pelos anseios de um projeto civilizatório de sociedade e
que utilizou a educação como ferramenta de doutrina em suas dimensões prática, científica e
política. No Pará, estas estratégias se articularam originalmente ao longo do século XIX com
lucros oriundos da exploração da borracha, impulsionaram a construção de uma sociedade
republicana, urbanizada e que teve na construção das escolas um ambiente de materialização e
difusão das estratégias de formação de um cidadão engajado aos interesses do estado. Desta
forma, nos empenhamos em investigar a educação no estado do Pará no momento de
transição entre os regimes monárquico e republicano tangenciando o campo da cultura
material escolar. Objetiva-se então analisar a arquitetura, a presença dos materiais e as práticas
contidas na organização do cotidiano escolar no Colégio Gentil Bittencourt a época de sua
inauguração, em 1906. Metodologicamente utilizam-se dois momentos: primeiramente, a
realização de estudo exploratório permitirá identificar as fontes no Museu do Instituto Gentil
Bittencourt e na biblioteca da referida instituição; posteriormente, apresentamos breve
articulação teórica com os estudos de Castro (2011), que reúne pesquisas que mostram os
esforços realizados por pesquisadores para avançar na compreensão sobre o universo de
produção da escola, dentre eles, os prédios e seus significados; os estudos de Certeau (1982),
Forquin (1993), Julia (1995), Escolano (1998); Vidal (2005) e demais teóricos que discutem
sobre a cultura da escola e suas práticas. Neste sentido, tomando como objeto de investigação
a materialidade da escola, tem-se a seguinte problemática: como a cultura material escolar se
configura no espaço escolar com suas práticas e artefatos escolares? As análises realizadas para
o desenvolvimento deste trabalho acerca da cultura material escolar, nos permite perceber
como o desenvolvimento histórico, cultural e social do Pará interferiu na materialidade do
cenário educacional. Constatou-se que a utilização e disposição dos objetos e artefatos
expostos na estrutura do edifício escolar, bem como a as práticas escolares, revelam a
organização das aulas e a formação moral, cívica e científica, voltada para os preceitos
pedagógicos estabelecidos nos regulamentos da instrução pública do Pará em meados do
século XX.

Palavras-chave: Cultura Material Escolar; Arquitetura Escolar; Pará.

152
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NA CIDADE DE CAMPO GRANDE, SUL DE MATO GROSSO
(2005-2018): UMA ANÁLISE DAS TESES E DISSERTAÇÕES

Mauro Cunha Júnior (UFMS)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Em Campo Grande, cidade que fora localizada ao Sul de Mato Grosso até 1977, quando passa
ser capital do estado de Mato Grosso do Sul, a história da escola pública tem início no ano de
1922, com a implantação do Grupo Escolar Joaquim Murtinho e, em 1938, com a instalação do
primeiro estabelecimento de ensino secundário público estadual, o Liceu Campo-Grandense.
Em vista disso, este texto toma como objeto a história da educação pública em Campo Grande,
sendo seu objetivo levantar e examinar teses e dissertações relacionadas à educação pública
nessa cidade, elegendo como categorias de análise as fontes utilizadas e o referencial teórico
adotado pelos trabalhos. Para tal, foram compulsadas teses e dissertações na Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD); no Portal Brasileiro de Publicações Científicas em
Acesso Aberto (Oasisbr) e nos sites de universidades de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Cabe ressaltar que foram selecionados para análise um total de 19 trabalhos, sendo três teses
e 16 dissertações, de 2005 a 2018. A maioria das teses e dissertações selecionadas (18
trabalhos) foram produzidas no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), enquanto apenas uma dissertação selecionada foi
produzida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB). Em conclusão, menciona-se que a história da educação pública nessa cidade foi
marcada pela implantação de duas instituições que ao longo da história foram consideradas
como modelos de um ensino de qualidade e de prestígio social, nesse caso, as Escolas
Estaduais Maria Constança Barros Machado (Liceu Campo-Grandense) e Joaquim Murtinho,
criadas em função do processo desenvolvimento urbano verificado em Campo Grande, ainda
Sul de Mato Grosso, durante a primeira metade do século XX. Por fim, frisam-se que a maioria
dos trabalhos trataram de analisar instituições, disciplinas escolares e sujeitos, utilizando como
principais fontes os documentos escolares e a história oral, dedicando-se ao estudo da história
de instituições e disciplinas escolares, tendo como referencial teórico a história cultural.

Palavras-chave: História da Educação; Campo Grande; Educação pública.

153
OS DISCURSOS PRODUZIDOS SOBRE A ORGANIZAÇÃO DAS ESTATÍSTICAS EDUCACIONAIS NA
REVISTA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS ENTRE OS ANOS DE 1944 E 1965

Nara Lidiana Silva Dias Carlos (UFRN)

Rafael Duarte Falcão (UFRN)

Rosilda da Silva Feliciano (UFRN)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

As estatísticas educacionais são elemento importante para a organização dos sistemas


escolares no Brasil e tendo em vista essa relevância, o presente trabalho tem como objetivo
principal compreender as narrativas e discursos sobre a organização das estatísticas
educacionais existentes na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) para o âmbito do
Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP). O período de pesquisa foi determinado pelas edições disponíveis no site
da revista desde a sua criação até a Ditadura Civil Militar, só voltando a ser publicadas novas
edições no formato digital na década de 1990. Para tanto, utilizamos como fonte a RBEP. A
metodologia de análise aplicada no processo de mapeamento dos documentos a serem
manuseados neste estudo ocorreu no site da revista citada usando como descritor a palavra
“estatística”, sem as aspas. Acerca da questão de pesquisa nos indagamos: Quais as
narrativas/discursos sobre as estatísticas educacionais na RBEP para o MEC/INEP? Ou ainda,
como a revista apresentava os elementos organizacionais para a Estatística da Educação no
âmbito do INEP? Esta pesquisa é de revisão bibliográfica e análise documental, tendo a RBEP
como fonte primária. Resultados parciais indicam a existência de dez documentos entre artigos
e legislações que tratam sobre a temática da organização das estatísticas no espaço do
MEC/INEP dos anos de 1944 a 1965. Concluímos também que ao ser criado o Convênio
Interestadual de Estatísticas Educacionais em 1931 e o Serviço de Estatística da Educação e
Cultura (SEEC) responsável pelas estatísticas da educação em todo o país no Ministério da
Educação e Saúde em 1937 se evidencia a importância da temática para a organização do
ensino, bem como para melhor conhecer as nuances e especificidades de cada local.

Palavras-chave: Estatísticas Educacionais; Impressos Pedagógicos; História da Educação.

154
ENSINO RELIGIOSO: REFLEXÕES ADVINDAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR EMMANUEL BEZERRA

Nelson Soares de Lima (UERN)

Antonio Max Ferreira da Costa (IFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Antes da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Nº 9.394/96) a disciplina de Ensino
Religioso, era tida como o ensino de uma determinada religião, espécie de catequese. Mas,
com o advento do artigo 33, da Lei Nº 9.394/96, o ensino religioso, passa a se configurar como
disciplina, devendo se fazer presente no currículo das escolas de educação básica e mais que
isso, valorizando a pluralidade e a diversidade cultural religiosa do cidadão brasileiro. Sabendo
desse contexto evidenciado a partir dos anos de 1990 e a demora em implantar as ideias legais
de um conhecimento no cerne das escolas, é que se objetiva refletir sobre a disciplina de
Ensino Religioso no cerne da Escola Municipal Estudante Emmanuel Bezerra (EMEEB), durante
a experiência do estágio supervisionado, ofertado pelo curso de licenciatura em Ciências da
Religião da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) no ano de 2020. Para
embasar esse estudo inserido na história da educação, ancora-se em Magalhães (2004), Saviani
(2005) e Freire (1994) assim como nas fontes documentais: Projeto Político Pedagógico da
Escola M. Estud. Emmanuel Bezerra (2017), Referenciais Curriculares de Ensino Religioso Para o
Ensino Fundamental (2018) e a Lei Nº 9.394/96. Na fase de observação na instituição (EMEEB)
que se deu de forma remota devido a pandemia da Covid-19, muitas indagações surgiram: A
disciplina de Ensino Religioso está alinhada aos documentos legais estabelecidos a partir de
1996? O que tem sido feito institucionalmente para abastecer as escolas de recursos
didático-pedagógicos, uma vez que existe uma emergência pelo uso das novas tecnologias da
informação e comunicação (Tics) para mediar o ensino-aprendizagem do 1º ao 5º ano nessa
instituição escolar? Com essas provocações levantadas, verificou-se que na Escola Municipal
Estudante Emmanuel Bezerra, o Ensino Religioso é desenvolvido em consonância com as
legislações educacionais e mais que isso, permite-se a investigação do fenômeno religioso,
valorizando a sabedoria de cada cidadão. Quanto aos recursos didático-pedagógicos e as Tics
esses são escassos, é reduzido a oferta de fotocopias para produção de atividades, não existe
ainda na EMMEB livro didático para o Ensino Religioso, nem literários específicos, e as Tics para
a mediação do ensino-aprendizagem nesse período remoto foi viabilizado pelos próprios
professores, estes para lecionar utilizavam seus equipamentos, chips de celular, energia e
internet pessoal sem auxílio algum de política pública.

Palavras-chave: História das Instituições; Ensino Religioso; LDB Nº 9.394/96; História da


Educação; Política Pública Educacional.

155
PRÁTICAS EDUCATIVAS NAS COMEMORAÇÕES ESCOLARES NO ESTADO DE SERGIPE DO
SÉCULO XX

Patrícia Batista dos Santos (UNIT)

Cristiano Ferronato (UNIT)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

As comemorações escolares como espaço de revelações de saberes e práticas educativas é o


objeto desta pesquisa. Essas comemorações são reconhecidas, nos estudos historiográficos, a
partir do movimento dos Anallles surgido no século XX, movimento esse que trouxe outras
percepções à interpretação da história como ciência, ao possibilitar a expansão do uso das
fontes documentais, a interdisciplinaridade e a subjetividade na pesquisa científica. Esse
alargamento, aplicado ao uso das fontes, deu abertura ao estudo de temáticas do cotidiano
como os sentimentos, a infância, as práticas escolares, dentre outros. Em nossa análise a
educação, está além do ato de educar e ser educado, ela constitui um espaço formal
institucionalizado de ações, que envolve agentes, e reúne instituições, ação e produto. Assim, é
necessário entender as diferentes especificidades destas, para melhor estabelecer as reflexões
a respeito das comemorações escolares enquanto signo educativo. A estrutura dos objetivos
do projeto de forma geral visa investigar no campo dos estudos históricos educacionais o
fenômeno, Festas, realizadas no contexto escolar no estado de Sergipe durante o século XX.
Quanto aos objetivos específicos procura identificar quais as festas escolares aconteciam nas
instituições de ensino de Sergipe do século XX; analisar os elementos que compõe e se
repetem nas comemorações das diferentes instituições escolares de Sergipe; estudar as Festas
escolares enquanto práticas pedagógicas nas escolas públicas e privadas; perceber quais
elementos são espelhados de outras comemorações sociais tais como: festas religiosas e
cívicas. Trata-se de uma pesquisa documental de caráter qualitativo. O procedimento de
pesquisa foi dividido por etapas: levantamento e leituras da bibliografia sobre o tema;
categorização da fonte; pesquisa em repositórios digitais e coletas em arquivos. À pesquisa de
cunho historiográfico as fontes representam subsídios de valor inestimável para a análise e
compreensão de um determinado tema. Entre as fontes possíveis para a observação do tema
festas escolares, optamos nesta pesquisa documental com o uso dos jornais e relatórios dos
inspetores e diretores de ensino como também fotografias. Entendemos, que essa é uma
maneira possível de visualizar o papel dessas escolas e das festividades no estado de Sergipe.
Como base para as discussões, elegemos os conceitos de Cultura Escolar de Antonio Escolano e
Dominique Julia, de Roger Chartier o conceito de Representação, de Eric Hobsbawm o de
Tradição. Considerando que nossa pesquisa encontra-se em andamento, apontamos alguns
elementos para a compreensão do tema, a saber: A constituição do conceito de infância e a
Pedagogia da Festas como meio constituinte das práticas de educação e instrução para
escolares em Sergipe.

Palavras-chave: História da Educação; Festas Escolares; Símbolos Educativos.

156
A OBRA DE PAULO FREIRE COMO PROPOSTA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ÂMBITO
DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NA UNESP

Paulo César Gomes (Unesp)

Mariana Aparecida de Santi (Unesp)

Rafael Otávio Dantas Téu da Silva (Unesp)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Este texto se refere a problematização e pesquisa acerca da obra bibliográfica produzida pelo
educador Paulo Freire. Nossos trabalhos se desenvolveram no âmbito do Programa Residência
Pedagógica - Subárea Ciências Biológicas da Unesp, no campus de Botucatu - São Paulo, entre
os meses de outubro de 2020 a agosto de 2021. Ao longo dos encontros, embasamos as
discussões teóricas na concepção humanista proposta por Paulo Freire e a articulação dessa
proposta à formação dos professores da área de ciências biológicas. É importante destacar que,
durante o período, realizamos o estudo e retomada de fatos históricos ocorridos com Paulo
Freire, inclusive, o exílio durante o período da ditadura militar no Brasil. Destacamos que foi
muito importante destacar aspectos relevantes de suas obras e possíveis adaptações
curriculares para o ensino de ciências e biologia, na relação professor(a)-aluno(a). Os bolsistas
e voluntários vinculados, bem como os professor e professora preceptores do programa
residência pedagógica, foram convidados a realizar leitura, apresentação e discussão dos livros
publicados por Paulo Freire. As discussões decorrentes das reuniões de trabalho realizadas
foram muito produtivas, pois os participantes disseram que muitas vezes, ao longo do curso
não tem tempo de um aprofundamento teórico, especialmente da obra de Paulo Freire. O
professor e a professora participantes do projeto disseram que foi muito importante discutir a
obra desse educador brasileiro, pois traz ideais humanistas e de emancipação na área de
Educação, tomada de consciência crítica em relação aos problemas que interferem na
organização escolar e mesmo na relação educador e educando. Os encontros foram frutíferos
ao possibilitar a compreensão de diferentes aspectos da marginalização da classe trabalhadora
e dos processos de exclusão social no interior da escola. Todos os encontros do referido projeto
foram desenvolvidos durante o período da pandemia da Covid-19. Desta forma, os encontros
foram mediados pela ferramenta do Google Classroom, na qual os participantes dos encontros
elaboraram, apresentaram e discutiram as ideias do educador Paulo Freire. As gravações dos
encontros permaneceram num repositório para participantes que não tinham condição de
participação síncrona. As obras estudadas foram: “Educação como prática de liberdade”
(1967); “Extensão ou comunicação?” (1971); “Pedagogia do oprimido” (1974); “Ação cultural
para a liberdade e outros escritos” (1976); “Cartas à Guiné-Bissau” (1977); “A importância do
ato de ler (em 3 artigos que se completam)” (1982); “Pedagogia da Esperança um reencontro
com a pedagogia do oprimido” (1992); “Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar”
(1993). Ao longo da realização dos trabalhos, os estudantes e professores teceram comentários
sobre o impacto e sobre a importância de se discutir alguns dos livros da obra de Paulo Freire
em meio a pandemia da Sars-CoV-2 e do contínuo período de crises marcada pelo sistema

157
Capitalista. Discutimos ainda a aplicação das ideias neoliberais na Educação e da visão da
escola enquanto empresa, marcada pelo “mínimo investimento com um máximo de
resultados”, dos severos cortes de gastos com a Educação, pelo período de recessão que o país
está passando agravado pandemia, desemprego em massa, fome e ampliando o número de
estudantes pobres alijados dos processos educativos e da escola.

Palavras-chave: Paulo Freire; Formação de Professores; Ensino de Ciências e Biologia;


Humanização; Emancipação.

158
CAPE – CURSO DE ARTES PLÁSTICAS NA EDUCAÇÃO E A PERSPECTIVA DE SER O ANTECESSOR
DO CURSO DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

Perci Cristina Klug Lima (UFPR)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Em relação ao contexto do ensino da arte no Paraná, o objetivo deste resumo é apresentar o


Curso de Artes Plásticas na Educação – CAPE, que era promovido pelo Governo do Estado do
Paraná com o propósito de aperfeiçoar professores normalistas para o exercício da disciplina de
arte nas escolas. O CAPE possuía a mesma apreciação do Curso Intensivo de Arte na Educação
– CIAE, o qual considerava as Escolinhas de Arte espaços privilegiados para o ensino de arte.
Iniciado em 1962, detinha a necessidade de formar educadores versados na concepção de arte
como livre-expressão, assim inicia a Escolinha de Arte do Brasil, por meio de um curso de
formação de professores, denominado CIAE. Desta forma, o CIAE estava vinculado à EAB, que
iniciou anteriormente, em 1961, com o objetivo de formar como professores, os artistas,
estudantes de arte, artesãos, psicólogos e pedagogos de todo o Brasil e de outros países. A
metodologia empregada nas Escolinhas de Arte era baseada na livre expressão, que é definida
como uma prática baseada na espontaneidade criadora. Fundamenta-se nos trabalhos dos
pensadores Herbert Read e Viktor Lowenfeld que tiveram influência sobre as práticas
pedagógicas, no contexto da Escola Nova no Brasil, até a metade do século XX. Nesse aspecto,
as atividades no CAPE iniciaram no dia 25 de maio de 1964 e orientado pelos decretos
estaduais 14.639, de 13/4/1964 e 15.444, de 13/7/1964, e tinha como finalidade nos anos de
1970, o ensino e aperfeiçoamento artístico pedagógico dos professores que lecionaram
Educação Artística para os alunos do Ensino de 1º grau. O programa do CAPE tinha seu
currículo definido da seguinte forma: a) Desenho do Natural; b) Desenho Decorativo; c)
Desenho Geométrico; d) Modelagem e Cerâmica; e) Xilogravura e Artes Gráficas; f) Aplicação
de Técnicas de Desenho e Pintura, Desenho Pedagógico e Anatomia; g) História da Arte; h)
Psicologia; i) Didática e Prática de Ensino (PARANÁ, 1963b). O currículo do CAPE tinha o
propósito de unir teoria e prática através da estruturação do seu currículo, sendo composto
por disciplinas com prática artística, que tinham por objetivo desenvolver nos futuros
professores a apreciação artística, assim como orientação e aplicação no processo de ensino e
aprendizagem. A percepção da arte era desenvolvida nas aulas de História da Arte e as
disciplinas pedagógicas tinham o mesmo peso e eram ministradas, junto com a prática de
ensino, psicologia e didática. Todas as disciplinas eram consideradas igualmente importantes
com a finalidade primordial de formar o profissional arte-educador. A metodologia do trabalho
consolidou-se em analisar a bibliografia a respeito do CAPE, partindo pela análise da Lei
Federal nº 5.692 de 1971, na qual a arte tornou-se disciplina obrigatória no currículo das
escolas primárias e secundárias e, após a aprovação do currículo mínimo do Curso de Educação
Artística, o CAPE viabilizou a continuidade do Curso Superior em Arte por meio de uma
parceria com a Faculdade de Educação Musical do Paraná (FEMP), que recebeu o curso de
licenciatura plena em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas. Foi transferida
para a FEMP a estrutura do CAPE e o seu corpo docente. Como conclusão foi possível perceber
que as práticas desenvolvidas pelo CAPE ajudaram a difundir a ideia da livre-expressão e

159
auxiliaram a formação de uma nova classe profissional: o professor especializado no ensino da
arte, visto que suas atividades antecederam à criação de um Curso Superior de Licenciatura em
Arte. Esse empreendimento deu uma grande contribuição para o desenvolvimento artístico e
cultural no estado do Paraná.

Palavras-chave: CAPE; Ensino da Arte no Paraná; Educação Artística.

160
O ALVARÁ DE 28 DE JUNHO DE 1759: QUAL REFORMA À EDUCAÇÃO?

Rafael Duarte Falcão (UFRN)

Olivia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O propósito deste trabalho é analisar a reforma dos estudos a partir do Alvará régio de 28 de
junho de 1759. Este Alvará régio extinguiu as escolas reguladas pelo método dos Jesuítas,
estabelecendo um novo regime que instaurou um Diretor dos Estudos, professores de
Gramática Latina, Grega e o ensino de Retórica. O método utilizado para a investigação foi o da
interpretação histórica na acepção de Jörn Rüssen. Laerte de Carvalho e Carlota Boto
corroboraram com os entendimentos de reforma pombalina e Sérgio Rouanet com a
concepção de iluminismo. As fontes são o Alvará régio de 28 de junho de 1759, leis e decretos
reais acessados em acervos virtuais, sejam portugueses ou brasileiros. Pelas análises,
destacamos que Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, extinguiu as
escolas regulares regidas pelo método dos jesuítas ao passo que estabeleceu um novo regime a
partir de ideias como as de Dom Luís da Cunha (1662-1749), António Nunes Ribeiro Sanches
(1699-1785) e Luís António Verney (1713-1792), criando aulas régias ou avulsas. Ressalta-se o
ideal iluminista associado, por exemplo, ao principal objetivo das Reformas Pombalinas da
Instrução Pública que era o desenvolvimento de uma escola pública laica, em detrimento de
uma escola eclesiástica. Concluímos que do Alvará decorreu, a partir de 1759, uma frente
correspondente às reformas ocorridas nos estudos menores e houve, em 1772, uma frente
correspondente às reformas ocorridas nos estudos maiores ou Universitários.

Palavras-chave: Pombalismo; Reformas; Educação Pública.

161
POLÍTICAS DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NAS CONSTITUIÇÕES DO
IMPÉRIO (1824) E DA PRIMEIRA REPÚBLICA (1891)

Ramon Igor da Silveira Oliveira (IFRN)

Maracy Oliveira de Santana (IFRN)

Maria Aparecida dos Santos Ferreira (IFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Este estudo tem como objetivo analisar as políticas de financiamento da Educação Profissional
no período Imperial e na Primeira República do Brasil, tomando como base as Constituições de
1824 e de 1891, respectivamente. Para tanto, a pesquisa qualitativa utilizou-se de revisões
bibliográfica e documental. A Carta de Lei de 25 de março de 1824, que observou a
Constituição Política do Império, assegurava a instrução primária e gratuita a todos os cidadãos
(Art. 179, § 32), e garantia colégios e universidades para o ensino de elementos das ciências,
letras e artes (Art. 179, § 33). Os recursos necessários para a efetivação desse direito, porém,
nunca foram devidamente providos, visto que único apontamento acerca do financiamento da
educação era o de que os recursos sairiam dos orçamentos encaminhados pelos Ministros de
Estado ao Ministro de Estado da Fazenda (Art. 172). No que diz respeito a Educação
Profissional, a Constituição interferiu negativamente em suas possibilidades ao restringir a
abertura e atividades das Corporações de Ofícios (Art. 179, § 25), associações organizadas por
operários que possuíam um ofício em comum, e que detinham o monopólio sobre seu
exercício e ensino. Os estabelecimentos possuíam financiamento próprio, advindo de
gratificações prestadas aos mestres pelas famílias dos aprendizes. O Decreto nº 1 de 15 de
novembro de 1889 instituiu, como forma de governo, a República (Art. 1°), e como forma de
Estado, o federalismo (Art. 2°), extinguindo o Império e sua Constituinte. Assim, a Constituição
de 1891 distribuiu responsabilidades e competências arrecadatórias entre os entes da
administração. Com isso, competiu a União e aos Estados legislar sobre a Educação, incidindo,
sobre a primeira, as responsabilidades relacionadas ao ensino superior (Art. 34), e aos Estados,
ao ensino primário e secundário (Art. 35). A Constituinte silenciou sobre a gratuidade do
ensino e determinou a laicidade na educação e a liberdade do exercício, medidas próprias do
modelo de estado mínimo e da autonomia do federalismo. Do ponto de vista legal, o que se
observou foi um retrocesso em relação à Constituição Imperial, que previa o acesso gratuito à
educação. Destaca-se também o mutismo da Carta Magna em relação à Educação Profissional.
Quanto ao financiamento, ao promover a autonomia dos Estados para prover, a expensas
próprias, as necessidades de seu Governo e administração (Art. 5), manteve-se o
aparelhamento organizacional utilizado pelo Império, que, a partir do Ato Adicional de 1834,
determinou que as províncias arcassem com o financiamento da educação em seus territórios.
Assim, os Estados-membros continuaram com a atribuição de financiar a educação com os
escassos recursos advindos da Receita Tributária e de doações particulares, beneficiando, por
meio de transferências de recursos, a educação pública ofertada nos municípios. Ambas as

162
Constituições não trouxeram, portanto, políticas direcionadas para a Educação Profissional ou
seu financiamento.

Palavras-chave: Políticas de Financiamento da Educação Profissional; Financiamento da


Educação; Educação Profissional; Brasil Imperial; Primeira República.

163
A ESCOLA DE APRENDIZES ARTÍFICES E A CIDADE DO NATAL: DIÁLOGOS ENTRE A HISTÓRIA
URBANA E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Renato Marinho Brandão Santos (IFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A pesquisa tem o objetivo de compreender as relações estabelecidas entre a Escola de


Aprendizes Artífices e a cidade do Natal, no contexto de transformações vivenciadas pela
capital potiguar na transição do século XIX para o XX. Investiga também como a urbe cumpre
uma função pedagógica através de seu traçado, seus planos urbanísticos e leis, associando-se à
tarefa de educar uma massa de homens desfavorecidos de fortuna, aqueles mesmos que, em
essência, eram o público-alvo da Escola de Aprendizes. Trata-se de pesquisa de caráter
essencialmente qualitativo. Foram analisadas diversas fontes primárias, entre as quais
podemos destacar matérias do jornal A Republica, órgão do Partido Republicano Federal no Rio
Grande do Norte; o periódico oposicionista Diário do Natal, comandado pelo Coronel Elias
Souto; as resoluções municipais publicadas em Natal entre 1892 e 1930, com destaque para
aquelas que visavam reformar hábitos e costumes praticados pelos caminhantes; fontes
produzidas pela Escola de Aprendizes de Natal ou pelos sujeitos que passaram pela instituição,
tais como livros de matrícula, fotografias e o relato do ex-aluno e mestre da oficina de
sapataria, Evaristo Martins de Souza. Entende-se, a partir de Le Goff que o documento não é
inócuo. Assim, coube-nos inquirir e confrontar as fontes, questionando quem são seus autores,
a que grupo(s) se vinculavam, que interesses possuíam, em que contexto se inseriam, entre
outros pontos. Como resultados parciais, temos o mapeamento de alguns espaços da cidade
que se dedicavam a educar (controlar, disciplinar) aqueles que eram denominados de
desfavorecidos de fortuna, bem como das leis/resoluções municipais voltadas à reforma de
costumes desse mesmo grupo social. Conclui-se que aqueles que geriam a cidade, que a
planejavam e a viam do alto temiam os ditos desafortunados, tidos como uma massa de
homens que precisavam ser reformados para viver numa nova cidade. Os conflitos entre esses
distintos grupos refletem a dicotomia entre a cidade ideal/utópica e a cidade real/praticada.

Palavras-chave: Escola de Aprendizes Artífices; História da Educação Profissional; História


Urbana; Legislação Urbana; Desfavorecidos de Fortuna.

164
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NAS AULAS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO NA PEDAGOGIA
LIBERTADORA DE PAULO FREIRE

Ricardo Pinto de Paula (UFMG)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Proponho apresentar resultados de meus estudos, com meu projeto de pesquisa no Mestrado
Profissional em Educação e Docência, da Faculdade de Educação - Universidade Federal de
Minas Gerais. Tem por objetivo refletir as importâncias dos Lugares de Memória do centro da
cidade de Belo Horizonte e possibilidades de contribuir com o desenvolvimento de
conhecimento histórico, fruição cultural e experiências cidadãs locais por meio de ações
significativas de Educação Patrimonial. Parte da expectativa de encontrar na pedagogia
libertadora de Paulo Freire, considerando a seguinte problemática: - As culturas que fazem
parte do contexto histórico da Praça da Estação, Parque Municipal, Rua da Bahia e Mercado
Central, da cidade de Belo Horizonte, não são contempladas com abrangência e profundidade
no currículo de História do Ensino Médio das escolas desta cidade o que pode vir a
desestimular o reconhecimento desses lugares de memórias culturais para uma maior
valorização do patrimônio cultural dentro do processo de formação humana das juventudes
estudantis desta etapa escolar. Diante desta situação, suscita-se a seguinte questão motivadora
para a pesquisa: Como o patrimônio cultural do centro de Belo Horizonte pode ser articulado
nas aulas de História do Ensino Médio, por meio de ações de Educação Patrimonial em práticas
complementares à proposta curricular adotada na atualidade?

Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem em História; Paulo Freire; Educação Patrimonial; Lugares


de Memória; Centro de Belo Horizonte.

165
O DESPERTAR DO SENTIMENTO DE PERTENÇA E IDENTIFICAÇÃO DA COMUNIDADE
ANGICANA COM AS 40 HORAS DE PAULO FREIRE

Rita Diana de Freitas Gurgel (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Nos anos finais da década de 1950 e início dos anos 60 do século XX, intensificam-se as
iniciativas de enfrentamento ao problema do analfabetismo no Brasil. Nesse sentido, no Rio
Grande do Norte, em 1958, foram criadas as Escolas Radiofônicas, que evoluíram para uma
ação mais abrangente denominada de Movimento de Educação de Base (MEB), em 1961. Em
Natal, na administração do então prefeito Djalma Maranhão aconteceu a Campanha de Pé no
Chão também se Aprende a Ler. No interior do estado, em 1963, o educador pernambucano
Paulo Freire colocou em prática um audacioso projeto de alfabetização: as 40 horas de Angicos.
Anteriormente, na cidade de Recife no ano de 1962, Freire já havia aplicado seu método de
alfabetização em menor. Todavia, em Angicos, a experiência foi expressiva pela eficácia nos
resultados (alfabetizou cerca de 300 homens e mulheres) e revolucionária quanto ao tempo
empregado para alfabetizar um adulto. Dado o sucesso da experiência, a ação de Freire
integrou o ambicioso Plano Nacional de Alfabetização, no governo do então presidente João
Goulart. Outrossim, em 1964, o golpe civil militar, interrompeu bruscamente o projeto
nacional, visto que a alfabetização não significava apenas apropriação dos códigos para leitura
e escrita das palavras, mas que empoderava as pessoas para ler o mundo não mais de uma
forma ingênua, mas consciente. A ideia de alfabetização era atravessada pela compreensão de
que a educação não é neutra, mas possuidora de politicidade. Em Angicos, pós-golpe militar, a
ideologia governamental atuou na intenção de cancelar a memória da experiência, aplicando
aos atores do sucesso (coordenadores dos círculos de cultura e educandos), o terror da
designação de subversivos e punindo-os com a imposição do silêncio obsequioso à sua força
ostensiva. Todo o material encontrado da experiência foi destruído. Algumas décadas depois,
com a instalação do primeiro campus fora da sede da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA) - Campus de Angicos, em 2009, o trabalho de constituição das ações de Freire foi
necessário, uma vez que, lá chegando, nos causou estranheza que se Paulo Freire é o educador
brasileiro mais conhecido internacionalmente, como é que em Angicos, não se encontrava
nenhuma referência à sua passagem por lá, considerando a existência de inúmeras escolas,
associações, institutos e tantas outras instituições que levam o seu nome em todo o mundo e
lhe prestam homenagens? Assim, a Universidade passou a realizar eventos com a finalidade de
criar espaços de diálogo com a comunidade, ou seja, é dado início aa um processo de
sensibilização da sociedade angicana para a importância de se trazer ao debate o significado
das 40 horas. Assim, em 2012, foi realizado I Encontro de Educação de Jovens e Adultos e de
Educação Popular de Angicos: contribuição e apropriação da Pedagogia de Paulo Freire no
combate hodierno ao analfabetismo. Esse evento foi o pontapé para a criação de uma agenda
nacional alusiva às comemorações do cinquentenário das 40 horas de Angicos, em 2013.
Inspirados na metodologia freireiana, criamos círculos de culturas na avenida principal de
Angicos com o objetivo de dialogar com as pessoas do lugar, pois pertencer a um lugar
constitui dividir vivências e experiências de pertencimento com outros membros da

166
comunidade. Por meio do sentimento de pertencimento, as pessoas passam a valorizar e a
cuidar do lugar, do patrimônio (material e imaterial), da memória. Portanto, o senso de
pertencimento é importante no processo de constituição da identidade. Além disso,
considerando que a comunidade angicana não havia despertado para a construção de um
marco identificador de sua importância na história da educação e por considerar que valorizar
a própria história é reconhecer-se protagonista e não mero espectador, além dos eventos,
aprovamos junto ao Ministério da Educação, o projeto de criação do Memorial Paulo Freire:
museu e centro de formação. A construção do Memorial Paulo Freire é antes de tudo um
projeto identitário, pois constituir-se-á um marco identificador que se utilizará da educação, da
arquitetura, da história, da museologia, da arquivologia, da comunicação, da engenharia, do
urbanismo, da cultura, dentre outros campos do saber, para narrar às gerações presentes e
futuras a memória e história desse importante educador. Alinhada a essas iniciativas, foi
aprovado o Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Pedagogia, ancorado nos
princípios freireanos. Assim, neste trabalho, a partir de documentos e imagens, bordaremos o
conjunto de ações empreendidas que contribuíram na história recente para a construção do
senso de pertencimento e identificação da comunidade angicana com a trajetória das 40 horas,
que constituíram não apenas uma simples experiência de alfabetização, mas de resistência e
luta pela construção de um país democrático e menos desigual.

Palavras-chave: 40 horas de Angicos; Paulo Freire; Pertencimento; História recente.

167
A ESCOLARIZAÇÃO DAS INFÂNCIAS NO COXIPÓ DA PONTE - CUIABÁ (1930-1945)

Roberto Costa Silva (UFMT)

Elizabeth Figueiredo de Sá (UFMT)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho teve como temática a escolarização das infâncias no Coxipó da Ponte/Cuiabá-MT,
onde buscou responder a seguinte pergunta: como ocorreu o processo de escolarização das
infâncias no Coxipó da Ponte, região de Cuiabá-MT durante o período de 1930 a 1945?
Justificou-se o período compreendido no ano de 1930, marco histórico em que Coxipó da
Ponte se torna Distrito de Cuiabá, bem como dá-se também início à Era Varga, década também
em que implementam mudanças na instrução primária e secundária por meio do Regulamento
de 1927, do Decreto nº 759, de 22 de abril de 1927, concluindo a análise no ano de 1945, final
da Era Vargas. Elencou-se como objetivo geral compreender o processo de escolarização das
infâncias no Distrito do Coxipó da Ponte – Cuiabá, durante o período delimitado, e os objetivos
específicos delineados foram: Conhecer como era o Coxipó da Ponte desde quando se tornou
distrito de Cuiabá; identificar quais foram as instituições escolares existentes na localidade que
ofereciam atendimento às infâncias à luz do novo Regulamento de 1927 e analisar a
escolarização das infâncias atendidas no Distrito do Coxipó da Ponte. A metodologia utilizada
foi a pesquisa documental e bibliográfica, baseada em Michel de Certeau (1999) e sua
Operação Historiográfica que ajuda na compreensão de que a pesquisa utilizando fontes
documentais precisa de uma operação que organize as ideias através de uma lógica de
entendimento. O referencial teórico está embasado nos pressupostos da História da Cultural,
onde utilizou-se os principais autores que discutem os estudos sobre escolarização das
infâncias em Mato Grosso, como Sá (2007), Silva (1998), Sanfelice (2007), Magalhães (2004),
Nosela e Buffa (2009); Verri (2010). Assim, a escolarização das infâncias no Coxipó da Ponte –
Cuiabá foi, basicamente, por escolas rurais, mesmo a região sendo muito precária, o governo
passou a aumentar o número de instituições escolares para oferecerem o ensino primário para
as crianças, desta forma, foi possível perceber que a região não deixou este público sem a
devida escolarização.

Palavras-chave: Escolarização; Infância; Coxipó da Ponte.

168
VALNIR CHAGAS E AS REFORMAS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA A PARTIR DA LEI
5.692/71

Rodrigo Wantuir Alves de Araújo (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Raimundo Valnir Cavalcante Chagas nasceu aos 21 de junho de 1921 em Morada Nova-CE e
faleceu aos 04 de julho de 2006 em Brasília-DF. Graduou-se em Direito e Pedagogia pela
Universidade Federal do Ceará – UFC e fez duas especializações: uma na Universidade de
Columbia nos Estados Unidos e a outra na Universidade de Londres, Inglaterra. Chagas
escreveu três livros na área da educação: Didática Especial das Línguas Modernas (1956), A
Formação do Novo Magistério: Novo Sistema (1976) e o Ensino de 1º e 2º Graus: Antes, Agora
e Depois (1978). Dedicou boa parte de sua vida ao trabalho na educação pública brasileira
atuando, ora como docente em Universidades públicas, na Faculdade de Educação da UFC
(1961 – 1974) e na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília – UNB (1974 – 1991);
ora como conselheiro no Conselho Federal de Educação-CFE entre os anos de 1962 a 1976. O
objetivo desse trabalho corresponde ao de analisar as mudanças da reforma no ensino público
brasileiro e o processo de formação de professores a partir da década de 1970. Assim, se torna
imprescindível a discussão e a reflexão acerca da Lei 5.692/71, de 11 de agosto de 1971, na
qual Chagas foi relator desde o seu esboço como anteprojeto de Lei. A partir dessa legislação,
houve a expansão do ensino, reformulações da organização escolar, a criação da escola de 1º e
2º graus, além da mudança curricular. A expansão da escolarização nesse período também
pode ser considerada muito importante, pois houve uma ampliação das salas de aula e
também de escolas, urbanas e no campo, além de um processo que previa uma maior
participação dos municípios no ensino, prevendo a sua responsabilidade para a organização e
administração do ensino de 1º grau. A concepção de Chagas sobre a Educação era de uma
“modernização” do sistema educacional, crítica a Escola Normal e valorização da habilitação e
profissionalização do estudante no 2º grau gerou o intenso debate acerca da proposta da
profissionalização a nível de 2º grau, momento em que fora criada as habilitações profissionais,
incluindo a de Magistério como formação mínima para atuação docente. Houve
transformações substanciais como o método de ensino, currículo, escolarização, entre outros
instrumentos que podem auxiliar, inclusive na compreensão tanto do ponto de vista histórico
do processo de formação de professores, quanto da cultura escolar. Outro fator a ser
considerado foi o tempo de atuação dessa política educacional que perdurou pelas décadas
finais do século XX e isso dá margem para um campo fértil da pesquisa acadêmica, pois nos faz
refletir a atuação docente nas escolas brasileiras e o campo da memória, história e afetividade
com o ensino, escola e a educação.

Palavras-chave: História da Educação; Lei 5.692/71; Ensino de 1º e 2º Graus; Magistério; Valnir


Chagas.

169
AUTONOMIA, EDUCAÇÃO E TRABALHO: APROXIMAÇÕES POSSÍVEIS ENTRE AS EXPERIÊNCIAS
EDUCACIONAIS LIBERTÁRIAS E A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE

Rogério Cunha de Castro (Colégio Pedro II)

Leonardo Leonidas de Brito (Colégio Pedro II)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Entre os aforismos de Adolfo Lima que integram o espólio de Deolinda Lopes Vieira, patrimônio
incorporado ao acervo da biblioteca da Universidade de Lisboa, consta uma assertiva segundo
a qual não fomos feitos para produzir;fomos feitos para criar. Nesse sentido, de acordo com o
celebrado professor da Escola Oficina de Lisboa, a educação profissional defendida pela
pedagogia consagrada com o epíteto “Racionalista” ensejou uma instrução não alienante e
ancorada no conceito proudhoniano de “demopedia”. De acordo com Pierre-Joseph Proudhon,
uma vez que a emancipação da classe depende dos próprios trabalhadores, também a
pedagogia comprometida com nossa emancipação deve ser fruto desses mesmos autores. Ao
considerar tais proposições desse pensador francês, os trabalhadores/militantes anarquistas
que organizaram Escolas Modernas de inspiração Racionalista em São Paulo propuseram uma
pedagogia que, de acordo com nossa análise, apresenta pontos de aproximação com os
postulados reivindicados, décadas mais tarde, pelo educador Paulo Freire. O que pretendemos
demonstrar é que na mesma direção apontada pelo marxista Paulo Freire, os educadores de
corte libertário reconheceram décadas antes que a emancipação da classe trabalhadora não
pode prescindir dos próprios trabalhadores. Além disso, ambos identificaram o caráter
revolucionário da educação e sua capacidade de transformar a luta social numa ação cotidiana.
Diante do exposto, sublinhamos que o marxismo reivindicado por Freire, bem como
anarquismo propalado por educadores como João Penteado e Adelino de Pinho,
respectivamente diretores das Escolas Modernas no. 1 e no. 2 de São Paulo, fizeram da
Educação uma trincheira de luta contra a exploração capitalista, a partir da formulação e
execução de perspectivas educacionais embasadas pelo princípio da autonomia. Ao fim e ao
cabo, o presente artigo pretende analisar comparativamente os pontos de aproximação entre
as concepções educacionais de Paulo Freire e aquela almejada pelos círculos libertários, ambos
comprometidos com a elaboração de projetos pedagógicos emancipadores e radicais na defesa
da autonomia e do trabalho enquanto eixos centrais para a execução das suas estratégias.
Longe de diminuir o papel de Freire na construção de uma pedagogia crítica e libertadora,
sublinhamos, à guisa de conclusão o que é central em nossa hipótese: o pioneirismo dos
círculos libertários na defesa de uma pedagogia emancipadora para a qual o trabalho e a
politecnia figuravam como aspectos axiais do esforço envidado na autoformação de sujeitos
cônscios de si.

Palavras-chave: Paulo Freire; Pedagogia Crítica; Pedagogia Racionalista; João Penteado;


Adelino de Pinho.

170
O MOVIMENTO ESTUDANTIL NA PARAÍBA: A ATUAÇÃO DOS ESTUDANTES DE ESPECTRO
“DIREITA” NA PARAÍBA NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR (1964-1974)

Rosicleide Henrique da Silva (UFPB)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Este trabalho é parte de uma proposta de pesquisa em História da Educação, cuja temática está
relacionada ao estudo acerca do Movimento Estudantil de “espectro” Direita na Paraíba. O
trabalho buscará evidenciar a importância da temática no campo da Educação, uma vez que foi
constatada a inexistência de pesquisas nesse campo de estudo. Seguindo os caminhos
percorridos pela História Cultural e relacionando ao nosso objeto de pesquisa, evidenciaremos
o conceito de Representação do historiador francês Roger Chartier para entendermos como os
estudantes terão suas representações forjadas a partir dos interesses de determinados grupos
sociais. Utilizaremos também do conceito de Memória do historiador Jacques Le Goff por
compreendermos que a memória coletiva “não é apenas uma conquista, mas um instrumento
e um objetivo de poder”. Tendo como recorte temporal aos anos que vão de 1964 a 1974,
utilizaremos de fontes escritas (jornais) e também de fontes Orais (depoimentos) para dar
legitimidade ao nosso objeto de estudo e por entendermos ser de suma importância a
entrecruzamentos de fontes.

Palavras-chave: Educação; Estudantes; Paraíba; Ditadura Militar.

171
POR UMA HISTÓRIA DE MULHERES DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO (1924-1959)

Rosivania Maria da Silva (UFRN)

Genilson de Azevedo Farias (UFRN)

Olívia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O presente estudo surge do desejo de conhecer a história das mulheres que fizeram parte da
Associação Brasileira de Educação (ABE), com intuito de fomentar e fortalecer os debates em
torno das memórias e histórias dessas mulheres que por muito tempo atuaram nesta
instituição educacional e que ainda hoje estão silenciadas pela historiografia sobre a ABE. A
Associação Brasileira de Educação foi fundada, em 16 de outubro de 1924, sob inspiração do
professor Catedrático da Escola Politécnica e da Escola Nacional de Belas Artes, Heitor Lyra da
Silva. Fruto de um movimento organizado por cientistas e intelectuais da época, a ABE tinha
como objetivo criar um espaço na sociedade civil para promover a divulgação e o
aprimoramento de debates intelectuais a respeito das políticas educacionais elaboradas pelos
estados e, depois, a nível federal. Portanto, a ABE na época em que foi fundada reuniu
professores e um grupo de intelectuais interessados em educação, constituído por jornalistas,
políticos, médicos, engenheiros, escritores e funcionários públicos que dedicaram seus
conhecimentos e experiências para nortear as discussões sobre a educação que se queria para
o Brasil naqueles idos. Portanto, o objetivo principal do nosso estudo é apresentar uma
reflexão sobre as vozes silenciadas das mulheres da ABE. Diante dessa inquietação
questiona-se: Por que as mulheres da ABE tiveram suas falas e histórias de vida silenciadas nos
estudos que se fizeram sobre esta instituição? Esta indagação foi primordial, e para respondê-la
utilizamos como metodologia uma pesquisa pautada na análise bibliográfica e documental.
Respaldamo-nos teoricamente nas autoras: Perrot (2005, 2007) e Duarte (2007) que discorrem
no campo da história das mulheres. Além destas, recorremos a estudiosos que desenvolveram
pesquisas sobre a história da ABE. Todavia, quando nos debruçamos sobre os estudos que
matizaram a história desta instituição vemos que estes enfatizam a presença e atuação dos
homens em detrimento das mulheres que são meramente mencionadas. A ABE desde a sua
fundação contou com a participação de mulheres, entre elas destacamos: Isabel Jacobina
Lacombe (1869-1961), Armanda Álvaro Alberto (1892-1974), Alice Souza de Carvalho de
Mendonca (1881-1951), Branca de Almeida Fialho (1896-1965), Bertha Maria Júlia Lutz
(1894-1976) e Jerônima Mesquita (1880-1972) cujas ações junto a ABE são tidas como objeto
de estudo neste trabalho. Muitas dessas mulheres exerceram cargos de liderança tais como
presidentes e diretoras de cursos, no entanto, essas trajetórias ainda se encontram envolvidas
numa névoa de esquecimento nos estudos historiográficos. Ressaltamos ainda que, a atuação
das mulheres na ABE, de 1924 a 1959 se deu, principalmente, em encontros promovidos pela
ABE e participação em cursos, publicações, pesquisas, conferências e congressos nacionais.

Palavras-chave: História; Mulheres; Memórias; Associação Brasileira de Educação.

172
QUARENTA HORAS DE ANGICOS/RN: TRILHANDO A HISTÓRIA E A MEMÓRIA DE UMA
EXPERIÊNCIA EDUCACIONAL PARA A CONSCIENTIZAÇÃO POPULAR

Rossana Farias Queiroz Ferrer (UFPB)

Maria Elizete Guimarães Carvalho (Orientadora/UFPB)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Resumo: Este trabalho tem por intuito rememorar a experiência educacional “Quarenta Horas
de Angicos”, movimento de educação popular que ocorreu no início dos anos 1960, voltado
para a alfabetização e conscientização de jovens e adultos da população carente da cidade de
Angicos/RN. Para tal, são considerados os resultados adquiridos por meio do Projeto de
Iniciação Científica Quarenta horas de Angicos/RN: rememorando uma experiência educacional
para a conscientização popular (1963), desenvolvido no período de agosto/2018 a julho/2019,
na Universidade Federal da Paraíba. As reinterpretações de experiências educacionais
concebidas nos anos 1960 dialogam com o dever e o direito de memória, evidenciando o
entendimento dessa categoria em seus vários aspectos, como ato político, como
reinvindicação, como resistência. A cidade de Angicos embora pouco desenvolvida e
apresentando uma realidade sociopolítica gritante tornou-se, ambiguamente, um terreno
fértil, pois serviu como local para o desenvolvimento de práticas educacionais orientadas por
Paulo Freire que marcaram a educação de jovens e adultos ao promover a alfabetização de 300
trabalhadores rurais, em 40 horas de aula e em apenas 45 dias. Um legado freiriano que
rompeu com a concepção de uma educação bancária, na qual o aluno é agente passivo no
processo ensino-aprendizagem. A proposta de alfabetização orientava-se por uma educação
problematizadora, permeada pela ação-reflexão-ação, tendo em vista a estruturação de uma
conscientização política de modo a promover a emancipação. Na década de 1960, o contexto
histórico brasileiro era marcado por mobilizações educacionais e político-culturais e
especificamente no Nordeste, campanhas de educação e movimentos de cultura popular
ocorriam em maior intensidade dada a crise econômica e social da região. O projeto de
alfabetização denominado “Quarenta Horas de Angicos” surge neste cenário de lutas tendo
como núcleo experimental a cidade de Angicos, localizada no interior norte-rio-grandense,
representando um marco na educação de jovens e adultos, em nível nacional e mundial. Nesse
entendimento, rememorar não resulta num exercício de expor algo que já é conhecido.
Rememorar possui uma função social, pois são as preocupações do presente que, de certa
forma, exigem a retomada do passado. Nessa articulação, a história se configura e a memória
se apresenta com múltiplas expressões, podendo ser propriedade de conservação ou de
transformação servindo de subsídio essencial para a construção de identidades, para a revisão
da versão histórica e para ressignificação de acontecimentos e saberes. Nessa perspectiva, a
pesquisa teve por objetivo geral rememorar a experiência educacional “Quarenta Horas de
Angicos” atentando para os seguintes objetivos específicos: analisar a experiência “Quarenta
Horas de Angicos” desenvolvida no início dos anos de 1960 para a efetivação da alfabetização e
conscientização de jovens e adultos; avaliar a importância dessa experiência para a produção
de processos educativos voltados para a memória; desenvolver reflexões sobre a prática

173
pedagógica das “Quarenta Horas de Angicos”, produzindo um conhecimento renovado sobre a
ação educacional. Como aporte, desenvolveu-se na pesquisa historiográfica os caminhos
teórico-metodológicos, utilizando fontes escritas (bibliográficas, documentais, legais) e
iconográficas. A pesquisa historiográfica é reconhecida como importante instrumento de
reconstituição histórica, por se tratar de um enfoque que promove a articulação de contextos e
discursos, por meio da investigação das práticas educativas desenvolvidas, promovendo um
diálogo entre experiências passadas e presentes. Neste intento, a história é considerada como
representação do real possibilitando a compreensão do legado freiriano embasado numa
educação problematizadora permeada pela ação-reflexão-ação concebendo estruturar uma
conscientização política de modo a promover a emancipação. Contemplava-se uma educação
permeada pelo diálogo e respeito mútuo entre professor e aluno que possibilitava adquirir
conjuntamente uma consciência crítica da realidade através de uma prática pedagógica não
fundamentada em cartilhas prontas e estáticas, mas nas palavras geradoras vivas, ditas assim,
por estarem presentes no cotidiano dos alunos, sendo dotadas de significado. A origem das
Quarentas Horas de Angicos remonta a Campanha de Pé no Chão também se Aprende a Ler,
pois foi devido ao êxito de seu desenvolvimento na educação municipal de Natal, com o então
prefeito Djalma Maranhão, que impulsionou o Governador Aluízio Alves a pensar um Projeto
que atendesse à população mais carente. Nesse sentido, o Secretário de Educação do Estado
foi orientado a procurar e convidar o professor Paulo Freire para orientar e organizar o projeto
educacional em Angicos, cidade natal do governador e além disso, o município possuía um alto
índice de analfabetos, cerca de 75 % da população local. Portanto, o alvo mais imediato era o
interesse político nas urnas (FERNANDES; TERRA,1994). Tal projeto foi estruturado pelo Serviço
Cooperativo da Educação do Rio Grande do Norte (SECERN), sendo custeado pelo Governo do
Estado com o dinheiro da “Aliança para o Progresso”, Programa dos Estados Unidos, que tinha
o propósito de viabilizar o desenvolvimento econômico mediante a contribuição financeira
para a América Latina. Paulo Freire exigiu, então, uma integral autonomia pedagógica, pois
acreditava na concepção de uma educação libertadora não dimensionando os possíveis
benefícios que a “Aliança para o Progresso” poderia obter (GUERRA, 2013). O trabalho
começou já em outubro de 1962, mas teve início em 18 de janeiro de 1963 com a aula de
abertura declarada pelo governador Aluízio Alves. O método de Paulo Freire buscava
alfabetizar a partir de palavras existentes no vocabulário de seus educandos, por isso, foi
realizada uma pesquisa inicial para se definir as palavras geradoras em torno das quais
ocorreriam os debates e a aprendizagem da leitura e da escrita. Após esta etapa, foi elaborado
um roteiro das 40 horas que se estruturava trabalhando as palavras geradoras e, para cada
uma, existia um desenho tipificando a situação abordada sendo convertido em slide e
projetado (LYRA, 1996). A equipe possuía além de coordenadores do Círculo de Cultura, os
monitores representados por estudantes universitários voluntários que foram para Angicos
trabalhar como professores desenvolvendo a prática pedagógica do Método Paulo Freire. O
Círculo de Cultura, por sua vez, representava o método pelo qual o professor estimulava
debates sobre a realidade existencial do grupo estimulando sua criticidade. A proposta de
Paulo Freire era de uma “educação libertadora” uma “educação problematizadora”, a fim de,
promover o diálogo entre professor e aluno, de modo que, conjuntamente, pudessem adquirir
uma consciência crítica da realidade. Desta maneira, a educação era concebida como um ato
político, norteada pela interação de respeito entre os sujeitos, em que se promovia um
processo de alfabetização sem o uso de cartilhas, mas sim, na dialogicidade na qual se
organizava o arcabouço vocabular por meio de palavras utilizadas no cotidiano do grupo. Dado
o exposto, pode-se tomar como exemplo a Quinta Hora do projeto educacional em Angicos em
que foram utilizadas as palavras geradoras: Voto e Povo. Havia uma projeção de seção eleitoral
e um nordestino votando; o intuito não era de “dar aula sobre povo, democracia, etc”, mas

174
compreender o que os alunos “pensam de povo, de democracia, de participação no projeto
político”, promover um diálogo “sem nenhuma preocupação de fixar as palavras povo” e que
eles compreendam a “diferença entre povo e massa” e a “importância do voto para a
emancipação política” (LYRA, 1996). Para tal, foram feitos questionamentos de forma a
estimular a criticidade e promover o debate: “Em Angicos, todos são iguais?”, “Todos têm
direitos mínimos? Como fazer?”; “O voto é a arma do povo. A venda do voto tira o seu valor.
Nossos avós lutaram por esse direito será que nós o estamos honrando?” Diante desta
perspectiva, os alunos adquiriam consciência enquanto cidadãos. Tendo por resposta: “Povo é
o que nós é na época da eleição” (LYRA, 1996). Esta prática pedagógica era inovadora, pois
eram promovidos processos de alfabetização e conscientização popular por meio de uma
metodologia diferente baseada no diálogo, na troca mútua entre professor e aluno
promovendo um desenvolvimento do trabalho pedagógico com jovens e adultos.
Representava, portanto, a concepção de resistência e de emancipação. É importante destacar,
o empenho da equipe envolvida neste projeto, em especial os monitores, pois não se
restringiam somente a conhecer a aplicabilidade da proposta, mas em estarem engajados a
compartilhar, a colaborar voluntariamente indo em visitas a casa de algum aluno que faltasse
para incentivá-lo a voltar e, assim, contribuindo para o progresso dos educandos enquanto
sujeitos críticos em meio a dura situação sociopolítica daquele município. Nessa direção, Paulo
Freire e sua equipe de educadores concretizavam entre janeiro e abril de 1963, um legado
excepcional culminando em 300 trabalhadores rurais alfabetizados, em 40 horas de aulas e em
apenas 45 dias. Este é o legado deixado por Paulo Freire por meio da experiência educacional
em Angicos em que rompe com práticas de ensino e aprendizagem mecanicistas, promovendo
uma prática pedagógica de conscientização popular, na premissa ação-reflexão-ação,
valorizando a autonomia, o saber do educando, sua forma de conceber o mundo. Nessa
configuração, justifica-se o presente estudo acerca da memória histórica dessa experiência
educacional, pois na medida em que os alunos eram alfabetizados também eram politizados, o
que demonstra a importância adquirida pelo projeto na vida das pessoas que dele
participaram. O movimento “Quarenta Horas de Angicos” representou um marco na história da
educação brasileira, numa perspectiva voltada para a conscientização da população carente da
cidade de Angicos, interior norte-rio-grandense. Daí a importância de exercer esse processo de
rememoração de acontecimentos que ocuparam/ ocupam maior espaço na memória da
humanidade, por permitir a reconstituição de práticas educativas vivenciadas que marcaram
um momento histórico, contribuindo para que sejam reavivadas, para que não se percam no
silêncio, considerando suas contribuições para o presente educacional.

Palavras-chave: Pesquisa historiográfica; Memória; Quarenta Horas de Angicos;


Conscientização Popular.

175
O ATO SENSORIAL COMO OBJETO DE REPRESENTAÇÃO DE UM SENTIMENTO

Rudy Kohwer (UESB)

Edvania Gomes da Silva (UESB)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O estudo científico do ato sensorial objetiva realizar uma distinção entre a relação das
sensações com as Séries de Sentimentos, presentes de maneira permanente na consciência, e
a relação das sensações com os grupos de Possibilidades Permanentes de Sensação, os quais
intervêm de maneira intermitente na consciência. Para tanto, partimos da descrição desses
dois conceitos, específicos da psicologia científica e atribuídos à teoria psicológica de William
Hamilton, aos quais o olhar crítico de John Stuart Mill (1869) nos levou. A partir daí, buscamos
analisar nosso objeto de estudo, que é o ato sensorial, de acordo com esse segundo fenômeno
de relação, a fim de contribuir para os estudos científicos em duas perspectivas, quais sejam: a)
sobre o comportamento, pois, segundo as leis internas da causalidade de David Hume (1739),
principalmente, no que se refere à doutrina da causalidade, que é a base teórica inicial para
sustentar o estudo de nosso objeto, o comportamento é o efeito dos atos sensoriais, que são a
causa dele, o que faz com que o comportamento se realize pelas ações de pensar ou de agir
diferentemente no mundo efetivo; b) sobre a memória dos fenômenos psíquicos
imediatamente passados, pois, segundo a descrição científica da representação do sentimento,
que é a segunda base teórica de nosso estudo, sustentada por Franz Brentano (2008), o
sentimento tem necessariamente um objeto para produzir sua representação. Essa concepção
do sentimento concorda com nossos dois interesses: primeiramente, o segundo fenômeno de
relação e, em segundo lugar, a doutrina humeana da causalidade, segundo a qual a
representação é o efeito da causa do ato sensorial como objeto do sentimento. Assim,
Brentano (2008) concede, para forma deste trabalho, o caráter descritivo, que o referido autor
submete ao estudo do ato sensorial; e fornece, para o conteúdo do referido trabalho, o ponto
de ancoragem, indicando a direção de um objeto na mente. Os resultados serão o produto de
observações sobre os efeitos do ato sensorial, isto é, sobre as percepções dos sentidos ou das
ações efetivas, e isso por um modo de raciocínio interpretativo, conforme os preceitos do
método a respeito da doutrina física de Francis Bacon (1851). Defendemos, em suma, que se
descobrem as causas pelas propriedades nos corpos e pelas faculdades nas almas. Pois, se as
Possibilidades Permanentes de Sensação se realizam somente de maneira intermitente na
consciência, as conclusões do estudo serão a respeito da pertinência das condições de acordo
com as quais essas possibilidades se realizam na consciência. Embora as impressões de
reflexão, portanto, as operações da mente preencham essas condições, nossa intuição nos leva
a considerar que a memória pode ter impacto sobre os momentos de realização dessas
possibilidades, e isso quando as percepções internas do presente se servem das sensações
quanto às experiências do passado, afim de realizar a existência do ser ou as ações dele no
presente.

Palavras-chave: Espírito; Matéria; Psicologia Descritiva; Sensação; Sentimento.

176
ROBERTO MANGE, A CRIAÇÃO CENTRO FERROVIÁRIO DE ENSINO E SELEÇÃO PROFISSIONAL E
AS TRANSFORMAÇÕES DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONAL NAS DÉCADAS DE 1930 E 1940

Sandra Maria de Assis (IFRN)

Karoline Louise Silva da Costa (IFRN)

Olivia Morais de Medeiros Neta (UFRN)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O objetivo deste artigo é explicitar as articulações que envolveram a criação e o funcionamento


do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP), criado através do Decreto
Estadual nº 6537, de 04 de julho de 1934, para formar e selecionar trabalhadores para as
ferrovias no Brasil. A pesquisa insere-se no campo da História da Educação Profissional e
justifica-se pela importância do CFESP para qualificação e racionalidade da formação dos
operários das ferrovias, bem como a adesão de outras empresas ao projeto, num contexto em
que já se discutia a massificação da formação técnica e profissional no Brasil. O CFESP deu
origem a outros Centros Ferroviários de Ensino e Seleção Profissional que se tornaram escolas
técnicas criadas por diversas companhias férreas do estado de São Paulo, voltadas para a
formação de jovens ferroviários. A metodologia utilizada é a pesquisa documental e
bibliográfica e os principais conceitos utilizados foram o de intelectual para Sirinelli (2003) e
formação profissional para Fonseca (1961); Cunha (2000), e Ciavatta (2009). A análise de leis e
decretos, jornais e pesquisa bibliográfica, indica que a trajetória de Roberto Mange fora
marcada, em 1923, pela sua atuação no curso de Mecânica Prática do Liceu de Artes e Ofícios
de São Paulo; passando pela criação da Escola Profissional Mecânica, em 1924; por uma
viagem à Europa, em 1930, para aperfeiçoamento sobre a formação da mão de obra das
ferrovias alemãs até a criação do Curso de Ferroviários de Serviço de Ensino e Seleção
Profissional da Sorocabana e criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT),
ambos em 1931; até, finalmente, a criação do CFESP. Assim, conclui-se que, o engenheiro e
intelectual da educação Roberto Mange atuou como professor da Politécnica de São Paulo e
teve inserção nas Ferrovias Paulistas; que os CFESP colaboraram com a formação de
trabalhadores para as ferrovias em São Paulo e outros estados brasileiros; Mange difundiu
ideias de racionalização do trabalho e aplicação dos métodos de gestão científica, favorecendo
a cooperação entre as estradas de ferro e os poderes públicos e privados no contexto de
transformações sócio econômicas que refletiam as necessidades de mudanças no ensino
técnico profissional brasileiro.

Palavras-chave: Roberto Mange; CFESP; Intelectual da Educação; Ensino Técnico Profissional.

177
ESTÁGIO REMOTO E A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS: REFLEXÕES E POSSIBILIDADES DE
FONTE PARA A HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA (2020-2021)

Sarah Karolina Sucar Ferreira (UFRN)

Elaine Alves da Silva (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Em tempos pandêmicos, diversas áreas da sociedade precisam se repensar para se adaptar à


nova realidade. Isso não foi diferente para os estágios obrigatórios de História-licenciatura.
Levando isto em consideração, este trabalho objetiva refletir sobre as dificuldades enfrentadas
no estágio no formato remoto vivenciado por nós entre 2020 e 2021. Desde março de 2020, as
aulas presenciais foram suspensas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e
retomadas meses depois no formato remoto. Essa nova realidade trouxe consigo diversas
mudanças para educação, e modificou pelo menos temporariamente a forma dos estágios
obrigatórios. Pensando nessa situação adversa, pretende-se nesta análise expor algumas
possibilidades que os relatórios de estágio construídos ao longo dessa pandemia, podem
contribuir para a escrita da história do Ensino de História tanto no âmbito da educação básica,
quanto do Ensino Superior. A metodologia deste trabalho consiste em refletir sobre nossas
experiências que ocorreram no estágio supervisionado em turmas do ensino médio, e apontar
quais informações presentes em nossos relatos e que também podem aparecer em outros
relatos podem ajudar a contar a como a Pandemia afetou os alunos que estavam fazendo o
estágio, como os alunos das escolas em que os estágios foram realizados. Considerando aqui, a
interseção de duas experiências de estágio para perceber também as diferenças e
proximidades dessas. Até o presente momento percebeu-se que os relatos se aproximam no
que se refere a dificuldade de adaptação ao estágio remoto, mesmo com o apoio dos
professores.

Palavras-chave: Estágio Remoto; Ensino de História; História do Ensino de História; UFRN.

178
MEMÓRIAS PARA UM CONCURSO: APONTAMENTOS SOBRE INSTRUÇÃO PÚBLICA NA OBRA
DE JOÃO RIBEIRO (1890)

Shayenne Schneider Silva (UERJ)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Interpretar as ideias defendidas por João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes (1860 – 1934) –
professor, literato, historiador, jornalista, escritor – na obra A Instrucção Pública, de 1890, é o
objetivo do presente trabalho. Ao escrever essas memórias, o autor pretendia concorrer ao
cargo de diretor da instrução pública de Minas Gerais, fato este que não fora mencionado nas
biografias a respeito desse homem de letras, como as organizadas por Múcio Leão (1942; 1954)
e a escrita pelo seu próprio filho, Joaquim Ribeiro, 9 mil dias com João Ribeiro (1934). O
silêncio biográfico teria sido pelo fato de ter declinado ao cargo pretendido? Editado pela
tipografia Montenegro, a tese que procuro analisar aqui não obtém sumário, porém
encontra-se dividido em três capítulos, sendo eles: Escola Primária, Ensino Secundário (Escolas
Normais Primárias) e Ensino Técnico; questões estas que o autor pretendia desenvolver no dia
de sua banca. Dentre elas, estava tratar sobre algumas políticas a respeito de como deveria
estar organizada a instrução pública deste estado, apresentando também à banca competente
alguns modelos estrangeiros que o país deveria seguir, como França, Inglaterra, Alemanha,
entre outros, pensando como estes aspectos serviriam para o progresso da nação que se
constituía após a Proclamação da República brasileira. Sendo este concurso noticiado nos
periódicos oficiais do estado de Minas Gerais, para a presente pesquisa foi necessário também
entrecruzar tais fontes com a obra aqui investigada. Com isso, me baseei em autores de
referência sobre a instrução pública no Estado de Minas Gerais e no Brasil em geral no início da
República, tais como: José Ricardo Pires de Almeida, com o livro Instrução pública no Brasil
(1500 – 1889) e Jorge Nagle, em Educação e Sociedade na Primeira República; bem como,
outros autores que já se debruçaram na vida desse sujeito multifacetado, como Hansen (2000)
e Rodrigues (2013; 2016). O estudo em questão visa contribuir para minimizar lacunas na
historiografia da educação brasileira a respeito da instrução pública no país durante esse
período e sobre o sujeito aqui investigado.

Palavras-chave: João Ribeiro; Instrução Pública; Concurso; Primeira República.

179
MOÇAS GRACIOSAS E RAPAZES DISCIPLINADOS: PAPÉIS SOCIAIS DE GÊNERO E INTERSEÇÕES
COM A HISTÓRIA DAS RIVALIDADES ENTRE AS ESCOLAS ESTADUAIS EM BELÉM-PA NAS
IMAGENS DO JORNAL “O LIBERAL” (1971-1980)

Sheila Nascimento da Silva (UFPA)

Livia Sousa da Silva (UFPA)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho investiga questões de gênero no âmbito da história das rivalidades entre
as escolas estaduais em Belém-Pa, que atualmente se configura como problema notadamente
de violência escolar. Ante tal iniciativa, aponta-se como questão norteadora do estudo, saber:
Quais os sentidos e imagens produzidos nas matérias de jornal da década de 1970, no âmbito
da midiatização das festas cívicas escolares em Belém-Pa, acerca de jovens mulheres
estudantes e sua relação com o contexto social do período histórico em análise? Com o
objetivo de: a) Investigar os sentidos e imagens produzidos sobre jovens mulheres estudantes
nas matérias de jornal da década de 1970, no âmbito da midiatização das festas cívicas
escolares em Belém-Pa, e sua relação com o contexto social do período histórico em análise; b)
Analisar os discursos textuais e imagéticos produzidos pelo jornal impresso, acerca de jovens
mulheres estudantes, na década de 1970; c) Sobrelevar os significados e sentidos
empreendidos pelo discurso midiático de “O Liberal” no período proposto; d) Discutir o sentido
e a imagem do gênero feminino produzidos nas matérias midiáticas supracitadas, e sua relação
com o contexto social do período histórico em análise. A partir de uma pesquisa de natureza
documental, intenta-se que o corpus da pesquisa venha a se constituir de matérias midiáticas
impressas da década de 1970. Cuja análise dar-se-á à luz da análise temática. Pelo que se
espera contribuir com subsídios materiais e históricos para melhor compreender a construção
da imagem da mulher – jovem estudante – a partir da tessitura midiática e sua relação com o
contexto socioeducacional experimentado durante o período ditatorial, e assim reconduzir à
própria história da educação no Estado do Pará.

Palavras-chave: História da Educação na Amazônia; Festas Cívicas; Ditadura Militar; Gênero.

180
A EDUCAÇÃO DO CORPO NA FRONTEIRA BRASIL-PARAGUAI NA DÉCADA DE 1940:
HISTORIOGRAFIA REGIONAL

Shirley Ferreira Marinho Silva (UFGD)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Esta comunicação consiste ser parte da pesquisa de doutorado intitulada Educação Do Corpo e
Civilidade No Território Federal DE Ponta Porã (1944-1946), que está em andamento no
programa de pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande
Dourados – PPGEdu/UFGD sob aporte teórico de Norbert Elias com destaque para os conceitos
de civilidade, interdependência e figuração. Objetivamos analisar acerca da educação do corpo
a partir de suas relações sociais construídas e estabelecidas em diferentes figurações e espaços
por meio de práticas corporais, ora num ambiente escolarizado, ora num ambiente esportivo
ou de lazer. Buscamos compreender, com um olhar processual como ocorreu a educação do
corpo considerando as características inerentes de uma região fronteiriça sob a necessidade de
modernidade e civilidade. Por meio da leitura do Relatório Federal de Ponta Porã, composto
por 214 páginas, com estratégias e planos de ação política que visava modernizar e
principalmente civilizar a população, verificamos indícios de uma educação do corpo numa
região de fronteira entre Brasil e Paraguai na década de 1940. Selecionamos conteúdos que
interessam para nossa análise, a saber: imagens da prática de educação física nas escolas,
desfiles cívicos e esportivos, cuidados com a saúde, segurança, entre outros; para analisarmos
com nosso aporte teórico em Norbert Elias, trabalhos resultantes do levantamento sobre o
tema, entre outros. A fronteira a qual falamos aqui , a referida fronteira está localizada na
porção sul do antigo Mato Grosso, considerada como uma região em processo, permeável e
com múltiplas interdependências (FERREIRA, 2019). O espaço geográfico que compreende a
vigência do RFPP são os municípios de Porto Murtinho, Bela Vista, Ponta Porã, Dourados,
Miranda, Nioaque e Maracaju, na porção meridional do estado de Mato Grosso do Sul. O RFPP
durou três anos apenas, mas suas obras provocou grandes mudanças no comportamento das
sociedades em questão. Como hipótese inicial observamos o programa Marcha para Oeste,
que objetivava integrar, desenvolver e proteger as regiões interiores do país. Com isso, os
territórios federais iriam garantir tanto o povoamento de áreas supostamente desabitadas
quanto o controle do Estado brasileiro sobre suas áreas fronteiriças, um dilema recorrente
desde o século XIX já fazia parte da política de nacionalização do Estado Novo. Evidencia-se a
educação do corpo como categoria historiográfica, em especial na fronteira Brasil-Paraguai no
sul de Mato Grosso possui suas peculiaridades, que necessita de análises que consideram os
processos das questões de fronteira juntamente com as relacionadas ao corpo como processo
educativo, formador e civilizador de uma sociedade.

Palavras-chave: Educação do Corpo; Fronteira Brasil-Paraguai; Processo Civilizador; Norbert


Elias.

181
PAULO FREIRE E SEU PENSAMENTO, PAULO FREIRE E SEUS SENTIMENTOS: NOTAS SOBRE A
PEDAGOGIA DA ESPERANÇA

Silvano Fidelis de Lira (UFPB)

Patrícia Cristina de Aragão Araújo (UFPB)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

O texto busca propor uma reflexão sobre a obra de Paulo Freire, levando em conta as suas
principais contribuições para se pensar a educação na atualidade, mas, não se limita a estudar
o seu método, mas refletir também sobre aqueles sentimentos que autor desperta ao falar de
uma educação voltada para a emancipação humana, para autonomia e para a liberdade. Ao fim
do texto, discutiremos a capacidade que Paulo Freire tem em nos fazer esperançar nesses dias,
em tempos de negacionismos e injustiças sociais. Para a construção do texto revisitamos
algumas de suas obras, bem como a análise que alguns educadores fazem de sua obra,
sobretudo, de sua “Pedagogia da Esperança”. Propomos ainda uma reflexão sobre o atual
contexto em que vivemos, a pandemia, os desafios a que professores e estudantes foram
submetidos e as dificuldades enfrentadas no contexto do, agora, ensino híbrido. Cada escola e
cada professor tem feito as suas escolhas metodológicas e pedagógicas, de acordo com o seu
público escolar para chegar até os estudantes, para criar pontes humanas em um ambiente
virtual, podemos dizer que existe uma tentativa de humanizar a educação, de torná-la mais
acessível e eficaz. Em meio a essas decisões, o que não podemos perder de vista é que a escola
precisa ser democrática e igualitária, precisa de veículos que cheguem a todos sem exceção; e
que, chegando até todos os estudantes, o ensino e a aprendizagem sejam reais e significativos
para eles. Temos que parar de focar em conteúdos compartimentados e dissociados da
realidade e sim propiciar que as crianças sejam afetadas e movidas à construção do interesse
pelas oportunidades reais de aprendizagem. Buscamos, então, mostrar como Paulo Freire nos
convida a pensar a educação para além das paredes da escola, percebendo o ser humano como
ponto de partida e ponto de chegada.

Palavras-chave: Paulo Freire; Pedagogia da Esperança; Ensino Híbrido.

182
A EXPANSÃO DAS ESCOLAS RURAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (1908-1930)

Soraia Araújo da Costa (UFRN)

Laísa Fernanda Santos de Farias (UFRN)

Marcelly Kathleen Pereira Lucas (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente trabalho tem como objetivo analisar a expansão das escolas rurais do estado do Rio
Grande do Norte entre os anos de 1908 a 1930. O recorte temporal justifica-se pelas diversas
mudanças que ocorreram na organização da educação norte-rio-grandense, tendo em vista ter
sido no ano de 1908 a primeira medida da reforma da educação primária no Estado através da
criação do Grupo Escolar Augusto Severo visando ser modelo de ensino público para todo o
Estado. No período pós 1930 temos significativas mudanças nas esferas política e social. As
seguintes questões norteiam essa investigação: Como se deu a expansão das escolas rurais do
estado do Rio Grande do Norte entre os anos de 1908 a 1930? Quais condutas foram aplicadas
pelo Estado para as escolas rurais? De que forma as escolas rurais foram organizadas no Rio
Grande do Norte? Como desenvolvimento metodológico será adotado a análise documental,
segundo Arostegui (2006), orientando o processo de mapeamento, análise e entrecruzamento
das fontes. Para o tratamento dessas fontes, nos apoiaremos no entendimento de Ragazzini
(2001) a respeito das “fontes para a história da escola e da educação”. Ademais, nos
apoiaremos no método indiciário de Ginzburg (1989) na busca através dos indícios.
Constituem-se como fontes para este estudo as Mensagens apresentadas anualmente pelos
governadores do estado à Assembléia Legislativa, além da legislação educacional do período e
estudos que abordam a mesma temática. Isto posto, para este trabalho operacionalizado no
âmbito da Nova história cultural e inserido na temática da História da Educação, foi convocado
o historiador Jean-François Sirinelli (1996) a fim de problematizar os microclimas pensantes e
as Redes de Sociabilidades estabelecidas pelos governadores do período analisado no que
concerne a expansão das escolas rurais. Neste sentido, após as análises das fontes trabalhadas,
elencamos que os resultados iniciais dessa pesquisa estão relacionados à intervenção do
governo federal na expansão do ensino primário nas zonas rurais, através das políticas para a
construção das escolas e formação dos professores.

Palavras-chave: História da Educação do Rio Grande do Norte; Educação Rural; A Expansão das
Escolas Rurais.

183
O DIREITO À EDUCAÇÃO: UMA CONQUISTA FEMININA

Sthefany Matheus da Silva (UNESPAR)

Márcia Marlene Stentzler (UNESPAR)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de lutas e conquistas das mulheres
ao direito à educação letrada e como esse direito propiciou novas conquistas sociais, em
particular no Brasil e no estado do Paraná. Tem por base pesquisa de mestrado que está em
desenvolvimento. Destacamos que principalmente em tempos mais antigos, as mulheres
vivenciavam papéis secundarizados e não dispunham de direitos como o de frequentar os
bancos escolares e serem educadas formalmente em uma escola, visto que esse modelo de
educação no Brasil destinou-se quase que exclusivamente ao sexo masculino até as primeiras
décadas do século XIX, quando, então, no ano de 1827, o Imperador publica a Lei de 15 de
outubro que “Manda crear escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais
populosos do Império” No Art.11 diz que “Haverão escolas de meninas nas cidades e vilas mais
populosas [...]” (BRASIL, 1827, s.p.). Até então a educação feminina era prioritariamente
voltada para os cuidados com a casa, o marido e os filhos. Algumas poucas mulheres
aprendiam a ler, mas a leitura era destinada apenas aos livros de rezas. No entanto, essa
realidade passou a ser modificada por meio das lutas e reivindicações femininas por igualdades
de direitos. Logo após nascer a escola primária também começava a se organizar as escolas
normais, com destaque para a primeira, fundada em 1835 em Niterói. Essa modalidade de
escola disseminou-se por vários estados brasileiros, sendo criada também no Paraná no ano de
1870. (MIGUEL, 2006; MARTINS, 2009). Em meados do século XX essas escolas são instaladas
em vários municípios do interior do estado, como por exemplo, na cidade de Paranavaí, na
região noroeste do Paraná, contribuindo para a escolarização e profissionalização da mulher.
Podemos considerar que a educação foi fundamental para que elas conquistassem novos
espaços na sociedade. Esse estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica e
documental, segundo Gil (2002, p.44), “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em
material já elaborado, principalmente de livros e artigos” e a “[...] documental vale-se de
materiais que não recebem ainda um tratamento analítico [...]” (GIL, 2002, p.46). Dessa forma
nos embasamos em publicações sobre o tema. No campo metodológico, trabalhamos com a
história social e cultural, as quais possibilitam o diálogo entre as distintas áreas do
conhecimento e uma ampla compreensão do objeto de estudo no contexto social e histórico,
tendo como principais referenciais Thompson (1998) e Chartier (1990). Aos poucos as
mulheres passaram a ocupar os espaços no âmbito educacional, a escolarização também abriu
outras possibilidades como, por exemplo, a participação na vida política, votar e ser votada.

Palavras-chave: Mulher; Educação; Lutas Femininas.

184
QUILOMBO BOA VISTA DOS NEGROS: CULTURA, ESCOLA E CIDADANIA

Suély Gleide Pereira de Souza (UM)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

A sociedade brasileira contemporânea pode ser representada como um grande palco de


embates ideológicos, ou seja, de vozes de agregação ou segregação. De modo mais específico,
é possível perceber uma sociedade de contradições identitárias, conflitos sociais e negações
frequentes de direitos elementares à condição humana. Nesse sentido, a obra Quilombo Boa
Vista dos Negros: Cultura, Escola e Cidadania é um exercício de humanidade e reflexão diante
de um espaço social que não garante, efetivamente, direitos e lugares de protagonismo aos
povos de origem africana.

Palavras-chave: Cultura; Escola; Cidadania.

185
A OUSADIA DA SELEÇÃO – ESCRITORES MODERNISTAS NA ANTOLOGIA ESCOLAR DE ESTEVÃO
CRUZ (1933)

Suzete de Paula Bornatto (UFPR)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

O Brasil tem uma tradição consistente de antologias literárias, algumas associadas à


necessidade de construção de nossa história literária, como as oitocentistas estudadas por
Janaína Senna (2006), outras vinculadas diretamente aos programas de ensino de língua, como
a “Antologia Nacional”, investigada por Márcia Razzini (1992, 2000); um terceiro grupo seria
composto por antologias “paradidáticas”, de apoio ao ensino, e por aquelas destinadas ao
público em geral, construídas sob as mais variadas perspectivas, desde região, geração, estilo,
gênero até opção ideológica. O estudo aqui anunciado tem por objeto uma antologia escolar, a
“Antologia da Língua Portuguesa” (ALP), de Estevão Cruz, publicada em 1933 e reeditada até
1942 pela Livraria do Globo, de Porto Alegre. Destinada a “alunos das cinco séries do curso de
português”, essa obra se distingue de suas contemporâneas e da maior parte das que a
sucederam até os anos 1960, por seu caráter inovador, traduzido pela inclusão, na seção de
“literatura contemporânea”, de escritores vivos, dentre os quais os modernistas Mário de
Andrade, Manuel Bandeira e Jorge de Lima. A análise da obra considerou as prescrições
voltadas ao ensino, mas se baseou principalmente na análise do paratexto e no cotejo com
edições destinadas ao mesmo público, a partir do qual se evidenciou a singularidade das
escolhas do autor, afinado com a produção e com as disputas da crítica literária da época. O
descompasso entre a lista de autores e autoras que os livros didáticos apresentam como
literatura contemporânea e a literatura que é, de fato, contemporânea aos e às estudantes é
tema de debate que se estende ao longo do século XX, servindo de justificativa para novas
obras e coleções (que acenam com a “literatura viva”); assim se procurou, a partir da ALP,
refletir sobre o gênero antológico (FRAISSE, 1998; CANTATORE, 1999) e sobre a importância
cultural dessas escolhas autorais, sem abstrair as condições editoriais e mercadológicas que as
tornaram possíveis.

Palavras-chave: Antologias; Leitura; História da Disciplina de Língua Portuguesa; Estevão Cruz.

186
AS PESQUISAS SOBRE A EDUCAÇÃO PROTESTANTE NO BRASIL: O CASO DA REGIÃO
CENTRO-OESTE

Tamiris Alves Muniz (UFU)

Sauloéber Társio de Souza (UFU)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

A educação foi um importante elemento para a inserção protestante no Brasil entre a segunda
metade do século XIX e a primeira metade do século XX, sendo ainda um instrumento de
promoção dos valores e interesses norte-americanos. Embora não tenha tido a mesma
expressão católica em termos quantitativos na criação de escolas e de impacto social, e,
possivelmente, por isso, não tenha sido tratada como fenômeno de grande proporção e
privilegiada nas pesquisas acadêmicas como fora a educação católica, a presença protestante
na história da educação brasileira resultou na criação de escolas por todo o país e ajudou a
pensar o ensino e seu processo de modernização. Uma presença que chama ainda a atenção
pela influência sobre setores da elite e para o poderio das instituições religiosas, para seu papel
na formação do educando, bem como para os seus projetos educacionais, que são elementos
que permanecem um tanto desconhecidos e/ou carecem de maior investigação. Nesse sentido,
o presente trabalho busca identificar e analisar as produções stricto sensu que versam sobre a
educação protestante no Brasil, em particular, no Centro-Oeste do país. Para tanto, tomamos
como referência os dados levantados por Muniz (2020) no Catálogo de Teses e Dissertações da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) com vistas a categorizar essas pesquisas por região,
temática e programa de forma a mapear os estudos na área, pensar os aspectos da organização
educacional analisados e o entendimento dessas pesquisas sobre a importância da educação
protestante no Brasil. Os resultados apontam para um crescimento gradual no número de
estudos sobre a educação protestante e suas instituições escolares no país a partir dos anos
2000, ao passo que revelam uma centralização das produções nas regiões Sudeste e Sul, a
despeito do protestantismo missionário ter atuado em todas as regiões do Brasil, inclusive por
meio da criação de escolas em municípios mais interioranos. Constatamos também a
predileção por instituições e intelectuais mais renomados, o que aponta para a importância de
pesquisas sobre a educação protestante, sobretudo, que tomem as experiências processadas
nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país e as instituições menores e/ou menos
conhecidas. Portanto, consideramos que há muito que ser explorado no campo da educação
protestante no Brasil, que passa pela sua pedagogia e métodos de ensino, pelos seus valores
religiosos e sociais, pela cultura e educação religiosa, pelo papel de seus educadores e
missionários, pela história de suas instituições escolares, entre outros, que são elementos que
nos ajudam a pensar a história de nossa educação, como também a influência
protestante/evangélica no cenário atual.

Palavras-chave: História da Educação no Brasil; Educação Protestante; Educação Protestante no


Centro-Oeste; Pesquisas Stricto Sensu.

187
A UTILIZAÇÃO DO RÁDIO COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO COMUNITÁRIA: O POTENCIAL
EDUCATIVO DAS TÉCNICAS E ELEMENTOS RADIOFÔNICOS NAS COMUNIDADES RURAIS.

Tarcísio Henrique Souza Sant'Ana (UFBA)

Kelly Ludkiewicz Alves (UFBA)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Entre os anos de 1949 e 1970 diversos manuais foram publicados pela UNESCO, contendo
escritos sobre a utilização do rádio com finalidades educativas em diversas partes do mundo,
incluindo no Brasil. Tais publicações tratavam da implementação de amplos programas de
educação fundamental via rádio, orientando como profissionais deveriam atuar em políticas
educativas, elencando os elementos da linguagem radiofônica e buscando incentivar a
utilização destes elementos para seu emprego na radioeducação em países ditos
subdesenvolvidos. No mesmo período, se intensificava no Brasil o uso do rádio como
ferramenta educacional formativa e alfabetizadora, para atingir às comunidades rurais, diante
da ausência de uma política pública efetiva de expansão do acesso à escolarização nos meios
rurais. Este processo ocorre em grande parte, através de emissoras católicas que desde a
década de 1950 passam a veicular programas educativos, sobretudo na região Nordeste do
Brasil, e de projetos como o Movimento de Educação de Base (MEB), que nasceu de uma
parceria feita em 1961, entre o governo federal e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB). A partir deste conjunto de manuais, que estão disponíveis na biblioteca do Conselho
Superior de Investigações Científicas (CSIC-Espanha), de roteiros de aulas radiofônicas
veiculadas pelo MEB, e de outras fontes sobre radioeducação brasileira e baiana, este trabalho
apresenta quais elementos desta linguagem radiofônica foram mobilizados na radioeducação
com o objetivo de promover um diálogo com as comunidades, destacando também aspectos
do potencial do uso do rádio na educação. A partir do trabalho realizado no projeto “História e
memória da radioeducação baiana (1960-1989): o rádio como veículo de educação”, com
financiamento do CNPQ, no qual é feito o levantamento, catalogação e divulgação de fontes
ligadas à radioeducação baiana, identificamos a utilização de técnicas específicas para o uso do
rádio, voltadas a aproximar o ouvinte dos programas radioeducativos. Técnicas como a
dramatização (também chamada de radiodrama), a participação dos ouvintes, opinando nos
programas radiofônicos por meio de cartas, a utilização de músicas e novelas populares, a
construção de programas por produtores locais, entre outros recursos, buscavam empregar os
elementos da linguagem radiofônica – formada pela combinação da tríade palavra, música e
ruído – para potencializar seu uso na educação. O trabalho compreende, portanto, a utilização
do rádio como uma ferramenta educativa e como política pública de inclusão e formação,
utilizando-se de técnicas e elementos radiofônicos de formas específicas, com o fim de
potencializar a educação junto às comunidades rurais.

Palavras-chave: Radioeducação; Educação e Tecnologia; Políticas Educacionais.

188
O PERCURSO HISTÓRICO DA ESCOLA NORMAL DE GOIÁS (1858-1888)

Tarsio Paula dos Santos (UEG)

Sandra Elaine Aires de Abreu (UEG/UniEVANGÉLICA)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente estudo tem como objetivo analisar o percurso histórico de criação,


estabelecimento, fechamento e as ações posteriores de formar professores primários,
compreendendo o período de 1858 a 1888. Metodologicamente, considerando a abordagem
qualitativa, o estudo utiliza a pesquisa bibliográfica e análise documental, debruçando-se sobre
os seguintes documentos: os relatórios dos presidentes da província de Goiás (anos 1839,
1849, 1850 e 1851), as leis de criação da Escola Normal goiana no século XIX (Resolução n. 15,
de 28 de julho de 1858, e Resolução n. 676, de 3 de agosto de 1882), o Correio Official de Goiás
do ano de 1884 (números 17 e 24), o Regulamento da Escola Normal de 1884 e o Ato n. 1 de
1888 (Criação da Cadeira de pedagogia no Lyceu goiano). Segundo Tanuri (2000) e Villela
(2000), a primeira escola normal do Brasil foi criada em Niterói – RJ no ano de 1835 com o
objetivo de formar professores primários, sendo esta atitude seguida por outras províncias do
Império. Em Goiás, pela Resolução n. 15 de 1858, criou-se a Escola Normal na Cidade de Goiás,
capital goiana a época, que não foi efetivada, tendo em vista o quadro de dificuldades
financeiras, materiais e de pessoal habilitado para esse ensino (BRETAS, 1991). Ademais, pela
Resolução n. 676 de 1882, (re)criou-se a escola na capital goiana no prédio do Lyceu de Goiaz e
em sistema de coeducação, rapazes e moças estudando juntos, o que não prosperou devido à
oposição das elites locais e das lideranças intelectuais (BRETAS, 1991). Sob ameaças da coroa
brasileira de fechamento dos exames preparatórios na província, a Escola Normal de Goiás foi
criada em 1884. Para tanto, elaborou-se um regulamento que organizava o ensino normal com
aulas mistas, curso de três anos de duração e regalias para os normalistas ali formados (GOYAZ,
1884). Entretanto, as oposições e críticas por parte das lideranças locais e dos liceanos, somado
às poucas matrículas realizadas e baixa frequência dos alunos, culminaram no fechamento da
Escola Normal, sem formar nenhum normalista, e a criação da cadeira de Pedagogia anexa ao
Lyceu de Goyaz em 1886 e 1888 (BRETAS, 1991; GOYAZ, 1886; 1888). Essas últimas tentativas
de formar normalistas em Goiás não tiveram sucesso, pois não houve docente regente e alunos
matriculados nos anos de seu funcionamento (BRETAS, 1991; CANEZIN; LOUREIRO, 1994). Por
fim, como resultados obtidos, tem-se que o percurso histórico da Escola Normal de Goiás de
1858 a 1888 foi marcado por ações de insucessos, pois as primeiras leis de criação não se
efetivaram e a primeira instalação não alcançou os objetivos pretendidos, além de que a
organização da Escola Normal goiana sofreu críticas devido ao sistema de ensino misto e pela
ocupação do prédio do Lyceu. Outro insucesso verificado foi a criação da cadeira de Pedagogia
no educandário dos liceanos, que não resolveu o problema de formação dos professores
primários goianos.

Palavras-chave: Escola Normal; Província de Goiás; Percurso Histórico; Século XIX.

189
POLÍTICAS DE FORMAÇÃO PARA SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS DA EDUCAÇÃO DO BRASIL:
EM BUSCA DE INDÍCIOS SOBRE FORMAÇÃO DE SERVIDORES DO IFRN NOS MARCOS LEGAIS
REGULAMENTADORES

Tatiana Dantas dos Santos (IFRN)

Maria Helena Bezerra da Cunha Diógenes (IFRN)

Lenina Lopes Soares Silva Lopes (IFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

Este estudo tem como objetivo fazer um levantamento histórico dos marcos legais de formação
de servidores públicos da educação no Brasil, com ênfase nas formações desenvolvidas pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte de 1909 a 2016,
inseridas no campo da educação profissional, considerando-se aqueles programas, cursos e
ações executados por essa instituição. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental,
com procedimentos que se inserem na perspectiva indiciária, bem como na técnica bola de
neve aplicada à pesquisa documental (um marco legal, conduz a outro), na qual interpreta-se
os marcos legais/regulamentadores por meio de uma abordagem histórico-crítica. Optou-se
por fazer o mapeamento consultando as Bibliotecas Digitais do Congresso Nacional (do Senado
e da Câmara dos Deputados), o portal do Palácio do Planalto, o repositório da Escola Nacional
de Administração Pública, o portal do Ministério da Educação, o Memória - repositório
institucional do IFRN, recorrendo também a pesquisa em buscadores genéricos, e consultas a
trabalhos acadêmicos em domínio público, sendo, dessa forma, a investigação enquadrada na
categoria de pesquisa na internet. Os resultados preliminares indicam que, as políticas de
servidores públicos no Brasil têm início com uma Lei de 15 de outubro de 1827, ainda no
Império, passando pelo Decreto nº 981, de 8 de novembro de 1890, que instituiu o
Pedagogium. Esses vão pontuando o percurso dos marcos do século XX, partindo-se da criação
da Escola de Aprendizes Artífices, até chegarmos no século XXI, pelos caminhos dos marcos
legais que antecederam à instituição do Plano de Formação Continuada dos Servidores da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (PLAFOR), em 2016. Tem-se a
expectativa de que o trabalho resultante dessa pesquisa promoverá facilidade de acesso a
quem busca por dados histórico-legais acerca das políticas de formação de servidores federais
da educação no Brasil, na área da educação profissional, no sentido de que esses dados estarão
agregados em um recurso digital, facilitando a visualização pelos pesquisadores, para colaborar
com a promoção de estudos que tenham como objeto o referido tema.

Palavras-chave: Políticas de Capacitação; Servidores Federais; História das Políticas de


Formação; Marcos Legais.

190
KINDERCULTURA E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA NAS HISTÓRIAS DE FAZ DE
CONTA DAS CRIANÇAS DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO INFANTIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE: 1988-2006

Thábata Araújo de Alvarenga (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Neste trabalho iremos analisar as histórias de faz de conta produzidas pelas crianças das
turmas de alfabetização do Núcleo de Educação Infantil, escola de aplicação vinculada ao então
Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, publicadas pela
instituição nos livros da turma 5, entre os anos de 1988 e 2006, procurando demonstrar como
a cultura de massa e a kindercultura influenciaram o imaginário infantil, tornando-se parte da
vivência e da experiência das crianças. Neste trabalho consideramos de fundamental
importância compreender o currículo cultural por detrás da cultura produzida para as crianças,
tanto a partir da cultura escolar, quanto por meio da kindercultura. Compreendemos nossas
fontes como instrumentos importantes para os estudos no âmbito da nova história cultural,
pois constituem matéria-prima passível de ser trabalhada numa abordagem que privilegie a
cultura escolar, desvelando as normas de funcionamento da escola, as práticas pedagógicas, as
representações da infância e as culturas infantis que se desenvolvem no espaço escolar. Além
de tal abordagem adotada por nós neste trabalho, tais fontes podem também ser utilizadas nas
pesquisas no âmbito da história da alfabetização, na história da leitura e da escrita como
práticas culturais e sociais, na história do livro, e na história social da criança e da infância. Para
analisar as representações da infância no NEI, procuramos categorizar as principais temáticas
que fazem parte do enredo das histórias de faz de conta produzidas pelas crianças das turmas
de alfabetização. Nesse sentido, buscamos mapear as histórias que se inspiram nos saberes e
conteúdos curriculares trabalhados em sala de aula, histórias que nos falam da vida cotidiana
na infância, tanto no âmbito doméstico, familiar, quanto no espaço escolar e nos demais
espaços de sociabilidade infantil, histórias que foram inspiradas pelos meios de comunicação
de massa, fruto do consumo cultural na infância e histórias que tratam acerca da percepção do
mundo e da descoberta das coisas. Constatamos, a partir da análise de nossas fontes que os
programas televisivos que atingiam as crianças que estudavam no NEI tinham larga influência
sobre suas representações de mundo e seu imaginário, determinado, em alguma medida,
modificações em sua infância, como resultado de seu contato com a kindercultura e com
outras manifestações mais adultas da cultura da mídia. No entanto, constatamos também que,
apesar de tal influência, as crianças eram ainda permeáveis à autoridade familiar que
controlava suas experiências culturais, procurando moldar seus valores e suas visões de
mundo.

Palavras-chave: Cultura Escolar; História da Infância; Cultura de Massa; kindercultura; Núcleo


de Educação Infantil.

191
A EDUCAÇÃO POPULAR DE PAULO FREIRE E SUA RELAÇÃO COM O ACESSO E PERMANÊNCIA
NA ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA MARECI GOMES DOS SANTOS COM ALUNOS NEGROS E
PARDOS DO 5º ANO

Tiago da Silva Bezerra (UECE)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

De modo geral, o objetivo geral deste estudo científico foi compreender a relação da Educação
Popular de Paulo Freire com a cultura negra. Nesse sentido, o estudo científico decorreu que
foi necessária a pesquisa da origem da Educação Popular. Em se tratando disto, levou em conta
a Educação Popular que é desconsiderada pela classe dominante e que têm impactos, por
exemplo, na atualidade devido à pandemia da Covid 19. Pode ser acrescentado ainda que este
contexto pandêmico trouxe mais desigualdades sociais, visto que o (a) pedagogo (a) em
formação continuada deve promover este debate para que esta temática traga contribuições
na elaboração de projetos sociais para a cidade de Natal, em especial a Comunidade Passo da
Pátria. Além disso, outro dado de suma relevância consistiu em refletir o contexto social e
político na contemporaneidade em detrimento dos impactos que a pobreza afeta diretamente
as pessoas que são excluídas da sociedade. Esta abordagem é de suma relevância porque
contribui para que sejam refletidas sobre aspectos relacionados aos problemas que as pessoas
oriundas de periferias vivem em detrimento aos caos sanitário que assola o Brasil mesmo com
o início a imunização de toda a população brasileira. Partindo destas proposições, o objetivo
específico consistiu em pesquisar sobre a origem de Movimentos Populares. Dentro desta
perspectiva, são oriundos de variados aspectos, como por exemplo, etnia, gênero, entre
outros. Pode ser salientado ainda que surgiu a partir de variadas ideias de ordem social. Além
disso, o último objetivo específico consistiu em relacionar a Educação Popular ao atual
contexto pandêmico. Nessa situação, procurou levar em conta o acesso ao ensino remoto de
estudantes negros e pardos no contexto pandêmico em vigor. Este tema é de grande
relevância porque aborda a questão do acesso e permanência de alunos que estudam na
Escola Municipal Professora Mareci Gomes dos Santos situada na cidade de Natal – RN. Além
disso, esta instituição escolar se localiza na zona leste da capital potiguar na Comunidade Passo
da Pátria. Quanto à metodologia foi qualitativa e exploratória por meio da coleta e análise dos
dados. Em se tratando desta pesquisa foi considerada muito pertinente e relevante a
abordagem da temática ensino remoto com alunos do 5º ano da Escola Municipal Professora
Mareci Gomes dos Santos, uma vez que abordar questões educacionais desta natureza deveria
ser discutida em espaços de educação extraescolar, como por exemplo associações, sindicatos
de professores da educação básica, secretarias de educação, entre outras. Isto tinha relação
com o exercício da reflexão, criticidade e cidadania. Nesse sentido, a abordagem da tríade
relação foi considerada pertinente no estudo científico porque a reflexão consistiu num
aspecto em que a educação escolar formal tinha seus limites e os espaços extraescolares
exerceram um papel muito importante neste processo de ressignificação do fazer pedagógico.
Vale ressaltar ainda que, a partir destas reflexões poderiam ocorrer melhorias nas políticas
públicas em relação ao ensino remoto. Dentro desta perspectiva, o objetivo não consistiu em
fazer críticas, mas trazer soluções eficazes, pois a construção da docência è um processo que

192
leva em conta não somente os conhecimentos organizados e sistematizados que são
provenientes dos aspectos teóricos e práticos da formação de pedagogos, mas também da
experiência profissional do professor que atua na educação básica, e experiências deste
profissional fora da escola. Quanto à criticidade se referiu ao fato de que o ensino remoto não
tinha relação com o ensino presencial, visto que no ensino presencial os alunos interagiam com
o professor na sala de aula de variadas formas, como por exemplo, dinâmicas, conhecimentos
prévios, entre outros, ao passo que no ensino remoto o professor necessitou desenvolver
outras competências profissionais para interagir com os discentes. Estas novas competências
profissionais diziam respeito à utilização do Google Meet através de inúmeros recursos
tecnológicos que ele proporcionava aos seus usuários, tais como uso do microfone e da
câmera, conversar pelo chat, entre outros. Somado a tudo isto estava o fato de que poderia ser
acessado por meio de aplicativo baixado em dispositivos móveis e pelo computador ou
notebook sem precisar executar esta função. Convêm lembrar que, a formação inicial e
continuada de pedagogos (as) tinha limites e as demandas educacionais impossibilitam de
articular teoria e prática, tendo em vista que as necessidades escolares levaram em
consideração somente a criatividade, inovação e ludicidade no fazer pedagógico. Podem ser
salientadas outras questões de ordem educacional, tais como desenvolvimento cognitivo,
aspectos de ordem social, política e cultural. Ao se tratar do exercício da cidadania, por sua vez,
decorreu que foi essencial para que de modo efetivo, a professora do 5º ano do ensino
fundamental da instituição escolar cuja pesquisa qualitativa e exploratória foi realizada,
considerar que houve a possibilidade de compreensão sobre as demandas escolares eram
complexas e multifacetadas. Em relação a sua complexidade, ficou compreendido que as
escolas públicas de modo geral têm suas peculiaridades socioculturais, já que abordar o ensino
remoto por meio de práticas pedagógicas de caráter inclusivo deveriam levar em conta os
interesses dos discentes, assim como outros pontos de extrema relevância na aprendizagem.
Com relação aos aspectos multifacetados, por sua vez, tratavam das singularidades de cada
aluno em detrimento aos ritmos de aprendizagem deles. Nessa situação, o ensino híbrido
trouxe para a família deles outra responsabilidade em relação as suas rotinas cotidianas de
trabalho formal. A partir desta constatação, muitos discentes tinham dificuldades de
acompanhar as aulas remotas, como também outras circunstâncias contribuam para a falta de
interesse nos estudos, como por exemplo, a insônia. Quanto aos resultados contribuíram para
repensar que a Pedagogia não está apenas nas instituições escolares de ensino. Nesse sentido,
ela está presente nos espaços extraescolares que promoviam o estudo sobre temáticas que
não estão na escola por meio dos conhecimentos organizados e sistematizados que se
materializam por meio de componentes curriculares da educação básica. Vale salientar que, a
formação de pedagogos (as) deveria contemplar a Educação Popular porque é uma abordagem
da Pedagogia Freiriana tão relevante e importante no processo de ressignificação do fazer
didático-pedagógico. Diante disto, esta formação deve considerar os variados temas fora da
instituição escolar, tais como impactos educacionais do ensino híbrido em Natal –RN, bem
como aprendizagem no ensino remoto, entre outros. Isto dependia do interesse e motivação
desta instituição escolar da educação básica cuja pesquisa foi realizada. Outra questão é que os
conhecimentos provenientes do senso comum deveriam servir de subsídios teóricos e práticos
na formação de professores da educação básica, visto que é uma área muito relevante e
pertinente das questões que perpassam a sala de aula, bem como promoviam a reflexão,
criticidade e originalidade diante do processo de ensino-aprendizagem das inúmeras realidades
que permeavam o território brasileiro com seus desafios e expectativas. Pode ser salientado
ainda que, as universidades e escolas poderiam se articular no sentido de planejar e
desenvolver projetos de extensão direcionados para os saberes oriundos das comunidades
quilombolas e indígenas para que de fato as tradições orais não sejam esquecidas pelas

193
próximas gerações. Todos estes resultados contribuíram para se repensar a docência na
educação básica no contexto brasileiro e suas ressignificações considerando questões de
diversificadas naturezas, como por exemplo, social, política, cultural e política. Além disso,
pode ser acrescentado que apresentavam implicações didático-pedagógicas nas concepções de
homem, sociedade e educação. A partir do estudo realizado foram concluídas que a docência
é um processo inacabado, visto que a cada dia surgem novos desafios profissionais. Em se
tratando disto, os saberes oriundos das variadas realidades extraescolares deveriam ser
valorizados pelo docente, como também necessitavam ser direcionados para a reflexão e
criticidade. Diante das assertivas propostas, decorreu que a gestão escolar democrática deveria
considerar estas peculiaridades socioculturais que permeavam a cultura escolar e que
demandavam em novas metodologias de ensino, relacionadas aos saberes populares. No que
se refere à pesquisa acadêmica decorreu que necessitavam ser realizados mais estudos nesta
área de discussão, pois é um eixo dentro da Pedagogia de Paulo Freire que demandou em
inúmeras possibilidades de abordagem de conteúdos escolares na contemporaneidade. Em
termos concretos, não se relacionava apenas à realidade pandêmica da Covid 19, mas também
em outros assuntos de extrema relevância no processo de ensino-aprendizagem, Isto poderia
ser exemplificado por meio de temas associados ao ensino escolar e a pobreza: impactos no
processo de ensino-aprendizagem dos alunos da educação básica Convém lembrar que, este
contexto educacional extraescolar em vigência deveria, proporcionar aos professores que
tinham perfil profissional de abordar estudos científicos na temática de educação popular
subsídios teóricos e práticos destinados a planejar, desenvolver, aplicar e avaliar políticas
publicas no âmbito educacional aos alunos que viviam em situação de vulnerabilidade social.
Era preciso ressaltar que, a formação permanente de professores da educação básica deveria
ser outro ponto a ser considerado, uma vez que a temática em discussão foi de extrema
relevância para o planejamento, elaboração, concretização, avaliação e ressignificação dos
currículos destinados ao negro e a índio. Para isto, deveria existir a sensibilização por parte do
corpo docente das escolas, bem como o estudo de inúmeros temas associados à educação
popular. Para minha formação enquanto pedagogo foi de muito significativo, já que os
conhecimentos provenientes do senso comum não poderiam ser desprezados. Pelo contrário
deveriam ser valorizados e respeitados porque cada região do Brasil tem suas características
específicas quando se tratava do aparato cultural herdado do negro e do índio, Não estou
desvalorizando a cultura europeia que herdamos principalmente dos portugueses. Cada uma
destas culturas deve ser respeitada porque vivemos num país em que predomina a diversidade
de saberes.

Palavras-chave: Educação Popular; Saberes; Docência; Reflexão Ação.

194
INTERFACE ENTRE O MOVIMENTO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO E O PENSAMENTO FREIREANO

Tiago José Vasconcelos de Farias (UFCG)

Danilo de Souza Farias (UFCG)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Introdução: Este trabalho é resultado das pesquisas e debates realizados na Disciplina Estudos
Sobre a Escola Pública Brasileira, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e tem como objetivo tecer considerações
sobre a Pedagogia do Oprimido, conceito formulado por Paulo Freire, como uma das matrizes
pedagógicas do Movimento da Educação do Campo. Nas últimas décadas cresceu o movimento
de resistência contra a educação bancária (FREIRE, 1987) e a necessidade de um discurso
pedagógico a favor da emancipação das classes populares. O educador mais conhecido dessa
perspectiva é Paulo Freire (1921-1997), cujas contribuições para a Educação Popular
apresentam e discutem uma pedagogia do oprimido, que tem como pressuposto os processos
de construção, criação e reinvenção de e nas diferentes experiências de luta e organizações das
classes populares, com vistas à emancipação humana. Assim, observamos que o pensamento
político-pedagógico freireano continua inspirando diferentes experiências em Educação
Popular no Brasil. São experiências em contextos escolares e não escolares, como: Movimentos
Sociais Populares, Gestão Democrática, Universidades, Escolas Públicas, Práticas de Economia
Solidária, Educação do Campo, Quilombola e Indígena, dentre outras. Estudos de Calazans
(1993) demonstraram que, historicamente, a implementação de projetos educacionais para o
campo esteve sucessivamente conectada a projetos econômicos de fortalecimento do capital,
indicando que a escola faz parte de uma totalidade e tende a incorporar a forma como se
estruturam as relações de trabalho na sociedade, o que resultou na organização de uma rede
escolar voltada para a elite do país, enquanto a maioria da população ficou à margem do
acesso aos direitos políticos, civis e sociais, dentre os quais o acesso à escolarização. Nas
décadas compreendidas entre 1930 e 1960, o Brasil passou por uma transição do modo
capitalista de produção, de um modelo agrário exportador para um industrial-urbano, que
trouxe uma série de mudanças para a educação. A Educação Rural, que emergiu na esfera das
políticas governamentais, e no embate entre urbano-rural, indústria-agricultura,
científico-popular, atrasado-moderno, expressa esse jogo de interesses entre a burguesia
industrial emergente, a oligarquia agrária e o movimento dos pioneiros da educação, que
passam a reivindicar escola pública e laica no país. (SILVA, 2000). As reformas educacionais
vivenciadas neste momento vão expressar, de um lado, a Igreja Católica e setores
conservadores pretendendo manter a hegemonia histórica na condução da política nacional e
do ideário da pedagogia tradicional; de outro, setores liberais e progressistas, aderindo ao
ideário da Escola Nova. Esse embate também vai repercutir na educação destinada às
populações rurais. Por um lado, o desinteresse da oligarquia agrária de manter a escola
distante do espaço rural, a burguesia industrial estimulando o letramento para ter mão de obra
para inserção na industrialização e eleitores e os pioneiros da educação na luta pela escola
pública. (SILVA, 2000). Essa disputa pela oferta da Educação Rural vai se refletir nos discursos

195
pedagógicos para esta política. Por um lado, o Ruralismo Pedagógico atribuindo a falta de
desenvolvimento do campo e a não fixação do homem na terra à inexistência de escolas rurais
e, portanto, a escola teria o papel de realizar uma mudança no campo, tirando-o do atraso e
da ignorância, impedindo assim a migração de sua população para a cidade, o que se constituía
numa perspectiva cultural e redentora da escola; e por outro, o discurso urbanizador
(ABRAÃO, 1986), defendendo que as populações migrantes rurais têm uma mentalidade que
não se ajusta ao racionalismo da cidade, cabendo à escola preparar culturalmente aqueles que
residem no campo para o inevitável êxodo rural e, portanto, para o processo de urbanização e
industrialização que em décadas extinguiria o rural enquanto uma realidade socioeconômica e
cultural. Assim, a Educação Rural se propaga não para atender aos sujeitos do campo, mas sim
para atender aos interesses de oligarquias rurais e conter o fluxo migratório. Essa necessidade
do homem do campo de ir para cidade com a industrialização é consequência da desigualdade
e exclusão carregada desde o período colonial, no qual negros, indígenas e lavradores não
tinham acesso à terra que não fosse de forma subordinada à elite. A partir da década de 1960,
a Pedagogia do Oprimido contribui com uma análise crítica e incisiva da dívida histórica que o
Estado brasileiro tem com as camadas populares do país, dentre as quais os Povos do Campo,
que foram excluídos do acesso à escolarização básica e superior ao longo da história. Paulo
Freire chama de Pedagogia do Oprimido: Aquela que tem de ser forjada com ele e para ele,
enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade. Pedagogia
que faça da opressão e de suas causas objeto da reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu
engajamento necessário na luta por sua libertação, em que está pedagogia se fará e refará.
(FREIRE, 2011, p.43). Assim, embora tenha origem nas práticas educativas não escolares, ou
seja, principalmente nas organizações populares, seus fundamentos emancipatórios e suas
metodologias foram gradativamente adentrando na escola, inicialmente na Educação de Jovens
e Adultos, e passaram a influenciar projetos e práticas educativas escolares, com maior ênfase
a partir da década de 1980. A emergência do debate sobre a Educação do Campo na agenda
pública contemporânea ocorre a partir da década de 1990, com diferentes ações, dentre as
quais destacamos: inserção do debate das políticas específicas, como uma questão de interesse
nacional e como direito desses povos; a expansão e articulação nacional dos Centros de
Formação Familiar em Alternância; o fortalecimento da articulação entre as organizações não
governamentais que trabalham com escolarização no campo; as experiências alternativas de
escolarização em acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária; a constituição de
Fóruns Estaduais de Educação do Campo ; e a instituição de programas governamentais
específicos do campo, como, por exemplo, o Programa Nacional de Educação na Reforma
Agrária (Pronera) . Assim, “A Educação do Campo nasceu se posicionando contra a lógica e o
modelo de desenvolvimento gerador de assimetrias sociais, políticas e econômicas construídas
historicamente no Brasil. O entendimento de que o campo comporta uma diversidade de
agroecossistemas, etnias, culturas, relações sociais, padrões tecnológicos, formas de
organização social e política, e da necessidade de fortalecer uma ruralidade pautada pela
agricultura familiar/camponesa se contrapõe ao discurso hegemônico da modernização pela
urbanização e pelo agronegócio, portanto, a subjugação do trabalho e da natureza atrelada à
lógica capitalista.” (SILVA, 2018, p. 30). Se por um lado essa dominação econômica e
inferiorização cultural agiram sobre o “campesinato brasileiro, caracterizado pela pobreza,
exclusão de direitos, o isolamento, uma extrema mobilidade espacial e uma produção centrada
na subsistência mínima” (WANDERLEY, 1999, p. 23), por outro, gerou uma resistência a partir
das lutas e da organização de movimentos sociais populares e camponeses (SILVA, 2018). A
Educação do Campo jornadeou, e tem trilhado um caminho de luta e resistência, em busca de
uma sociedade mais justa, para que seja efetivado o direito à educação, reconhecendo e
valorizando o campo como um espaço de produção de conhecimento, culturas, valores, entre

196
outros aspectos importantes na vida destes sujeitos. Desenvolvimento: A luta pela
redemocratização da sociedade brasileira na década de 1980 coloca na agenda do país a pauta
da luta pelos direitos sociais, dentre estes a Educação Pública. No processo de discussão e
organização dos mais variados segmentos da sociedade política e da sociedade civil, o Brasil
promulgou a sua nova Constituição (1988), denominada ‘Constituição Cidadã’, que traz a
educação como um direito público subjetivo e um dever do Estado. A renovação do
sindicalismo rural, o surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e a
organização de pastorais sociais vinculadas à Teologia da Libertação vão trazer para o debate
da organização das comunidades camponesas, da agricultura familiar junto com a luta pela
terra, por direitos trabalhistas, por política agrícola, a problematização sobre as escolas
existentes no campo, ou sobre a inexistência destas escolas, principalmente nos assentamentos
que começaram a surgir em várias partes do país. Na visão freireana, a educação, na sua
essência, deve ser dinâmica, em constante movimento, em busca pela transformação de tudo
aquilo que se apresenta imutável ou se reproduz de forma passiva, sobretudo nas estruturas
sociais, dentro do sistema capitalista, que cada vez mais aprofunda as desigualdades entre as
classes sociais. Para que haja uma superação da divisão de classes torna-se estratégica a
ocupação do campo educacional, pois é a partir desta que os sujeitos têm (ou deveriam ter) a
possibilidade de uma formação ampla de compreensão de mundo, pensando sobre as
estruturas sociais marcadas pela desigualdade, conforme explica FREIRE (1987): A educação
que, não podendo jamais ser neutra, tanto pode estar a serviço da decisão, da transformação
do mundo, da inserção crítica nele, quanto a serviço da imobilização, da permanência possível
das estruturas injustas, da acomodação dos seres humanos à realidade tida como irretocável
(FREIRE, 1987, p. 58). A educação é considerada uma ferramenta que possibilita construir a
sociedade que desejamos. Seguindo uma lógica progressista tentamos cotidianamente romper
com todas as formas de preconceito, de intolerância, lutando pelo direito à diversidade,
superando as desigualdades sociais e favorecendo conhecimentos que possibilitem uma
compreensão ampla da realidade (conhecimento libertador), com ideias que estão expressas
na base do pensamento de Paulo Freire. É com essa perspectiva que surge, nos finais dos anos
90, o conceito de Educação do Campo no Brasil. Os Movimentos Sociais organizados do campo
reivindicaram junto ao Estado uma proposta de educação se contrapondo ao modelo
hegemônico (pedagogia tradicional), expressa no modelo da Educação Rural. Sendo assim,
Silva (2021) infere que: No Brasil a partir da década de 1990, tendo uma influência substancial
da Pedagogia Freireana emerge o Movimento da Educação do Campo, no qual os movimentos
sociais campesinos passam a propor uma Escola que represente os interesses da classe
trabalhadora do campo. É no contexto da luta pela terra, pelas águas e pela floresta que a luta
por escolas se constitui como motor de mobilização no campo (SILVA, 2021, S/P). A proposta
da educação do campo vem acompanhada não somente de uma educação que reconhece o
camponês, preservando suas crenças, modo de vida e costumes, mas significa tratar a disputa
entre agronegócio e campesinato, nos seus diferentes modelos de desenvolvimento para o
campo. Falar de Educação do Campo, de acordo com sua materialidade de origem, significa
falar da questão agrária; da Reforma Agrária; da desconcentração fundiária; da necessidade de
enfrentamento e de superação da lógica de organização da sociedade capitalista, que tudo
transforma em mercadoria: a terra; o trabalho; os alimentos; a água, a vida... (MOLINA, 2015,
p. 381). Seguindo essa linha de entendimento, infere-se que o controle cultural imposto pela
classe dominante revela-se na busca contínua do favorecimento de uma concepção imutável
acerca dessa racionalidade excludente, invasora, unilateralista, que procura o tempo todo
conservar essa relação entre dominador e dominado. Contribuindo com essa discussão, Freire
(1987) destaca que: A invasão cultural, que serve à conquista e à manutenção da opressão,
implica sempre a visão focal da realidade, a percepção desta como estática, a superposição de

197
uma visão do mundo na outra. A ‘superioridade’ do invasor. A ‘inferioridade do invadido. A
imposição de critérios. A posse do invadido. O medo de perdê-lo (FREIRE, 1987, p. 91). Diante
desse contexto, torna-se substancial destacar que o projeto societário proposto pela classe
dominante é pensado a partir de um binarismo no qual a individualidade sobrepõe a
coletividade; o explorador afana o explorado; o burguês apropria-se do proletário, daí a
urgente necessidade de intensificar-se a luta por uma educação pública popular que seja capaz
de converter essa fatídica realidade. Em meio ao explicitado, insiste-se na necessidade de
efetivar-se no campo uma educação que seja construída com a participação ativa dos
campesinos, respeitando seus modos de vida, produzindo conhecimentos a partir do contexto,
atendendo as necessidades cotidianas e conservando sua historicidade. Freire (1980) contribui
com essa discussão quando evidencia que: é preciso que a educação esteja – em seu
conteúdo, em seus programas e em seus métodos – adaptada ao fim que se persegue: permitir
ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer
com os outros homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a história (FREIRE, 1980, p.
39). Sendo assim, legitima-se a importância de um novo projeto político, social e educacional
no/do campo, que rompa com a visão estereotipada desse espaço enquanto lugar meramente
de produção agrária e, consequentemente, recanto do atraso, para o desenvolvimento de um
ideário de campo enquanto lugar onde a vida pulsa e manifesta-se das mais variadas formas.
Diante do exposto, certifica-se que a Pedagogia Freireana é um marco fulcral na constituição do
movimento da Educação do Campo, fornecendo subsídios teórico-metodológicos para que os
povos do campo percebam a posição de inferioridade que factualmente vem lhes sendo
imposta e, simultaneamente, reajam a tais imposições a partir de ações denunciativas
ancoradas numa posição anunciativa, guiada pela seguinte máxima: “o caminho não é fácil,
porém é preciso caminhar!”. Considerações Finais: É importante que se reconheça a Educação
do Campo como uma grande conquista dos movimentos sociais e, a partir de então,
conquistamos não apenas uma proposta pedagógica que compreende as diferenças regionais e
locais do nosso país, mas um amplo projeto de sociedade contra-hegemônica. Dentre as pautas
que a Educação do Campo defende podemos citar a reforma agrária, a luta por uma escola que
compreenda o campo nas suas especificidades, perpassando o direito dos movimentos sociais
camponeses em possuir terra para viver com dignidade. O discurso hegemônico de
modernização prioriza o dito “desenvolvimento urbano”, em detrimento do campo. A luta
camponesa perpassa um desenvolvimento que respeita os modos de vida destes sujeitos, na
busca por um conhecimento que seja libertário, que possibilite compreender o mundo na sua
complexidade e contradições. É por esse projeto de sociedade que tanto Paulo Freire como a
Educação do Campo se colocam de forma crítica, propondo uma educação de classe, visando
assim superar a educação hegemônica no contexto brasileiro. Faz parte do projeto de
sociedade da classe dominante uma escola homogênea, de um currículo, que deve ser aplicado
massivamente, voltado para a lógica urbana, com o campo sempre visto como apenas um local
de subordinação produtiva e cultural; e, por esse motivo, não há interesse de investir em
infraestrutura adequada para as instituições rurais. Sobre a precarização das escolas
localizadas no campo, podemos considerar dois aspectos importantes: o primeiro diz respeito à
responsabilização do poder público pela oferta deficiente do ensino, com alguns agravantes: a
falta de formação continuada para os (as) professores que já atuam nessas escolas, a falta de
concursos públicos para professores (as) atuarem pedagogicamente de acordo com a dinâmica
campesina, nucleação/fechamento de escolas e, por último, talvez um dos mais graves, que é o
desconhecimento das políticas da Educação do Campo. O segundo aspecto está ligado à
superação desta forma arbitrária na qual o poder público, sobretudo as gestões municipais, as
secretarias de educação, vêm tratando essas instituições localizadas no campo. Tais ações vêm
ocorrendo historicamente, muitas vezes por falta de conhecimento das legislações por parte

198
das pessoas que integram as comunidades rurais, tendo em vista que todas essas questões
discutidas anteriormente são normalizadas. Em alguns estudos recentes têm se iniciado uma
contraposição dessas comunidades em defesa das políticas educacionais do campo. Perante o
explicitado, reafirma-se o compromisso da Educação do Campo, assim como da Pedagogia
Freireana, de estarmos ao lado da classe trabalhadora, lutando, resistindo, reivindicando
direitos, propondo uma educação de classe compromissada com a superação das
desigualdades sociais. Paulo Freire foi, é, e sempre será sinônimo de esperança, de
continuarmos acreditando que podemos nos tornarmos e termos sujeitos melhores nessa
sociedade desigual. Uma das ferramentas para alcançar esse feito é o fenômeno “Educação”!

Palavras-chave: Educação do Campo; Pensamento Freireano; Pedagogia do Oprimido.

199
A CONSTITUIÇÃO DA CRIANÇA CIVILIZADA: UM ENSAIO SOBRE OS LIVROS ESCOLARES

Tiziana Ferrero (USP)

Eixo temático: 4) Livros, leitura e impressos escolares

Resumo:

Difundindo valores e ideologias, o livro didático se insere no seio de uma cultura. Ele é um
instrumento pedagógico por excelência, sujeito às prescrições dos programas oficiais e ligado a
uma trama de interesses econômicos e políticos. Logo, descrever o percurso deste impresso e
de sua história é imprescindível aos pesquisadores que tencionam desvendar os saberes
considerados legítimos por uma sociedade em determinada época. No domínio da investigação
que considera as obras didáticas como objeto e fonte de estudo, o presente trabalho se propôs
a examinar a produção, circulação e difusão dos livros de leitura destinados ao ensino primário
nos anos entre 1889 e 1971. Aventou-se a hipótese de que estes se destinavam a instruir e
moldar a sociedade que se almejava formar, através da leitura de textos adequados.
Objetivou-se, com o presente estudo, reconstituir as práticas de leitura e examinar a
contribuição das obras didáticas enquanto instrumento alinhado ao projeto civilizatório. As
ideias centrais da história cultural e das disciplinas escolares possibilitaram lançar luz sobre o
contexto social, histórico, pedagógico e cultural do período em questão. Tais referenciais
viabilizaram, ainda, investigar os indícios de uso, de modo a abarcar as múltiplas facetas das
fontes. Após o levantamento e fichamento dos livros escolares situados na Biblioteca do Livro
Didático da FE-USP, foram elencadas algumas categorias operatórias para direcionar a análise
dos impressos: métodos de ensino; professor e aluno; comportamentos ensinados e códigos de
civilidade; materiais, utensílios e artefatos escolares. Os resultados revelaram os modos de
organização educacional que denunciam em parte o funcionamento da antiga escola primária.
Por meio da leitura de obras pertinentes e próprias à infância, as fontes apontaram para a
intenção de civilizar a infância, na medida em que buscavam inculcar certos conhecimentos,
normas e valores nas novas gerações.

Palavras-chave: História da Educação; Leitura; Cultura Escolar; Livro Didático.

200
UM MOMENTO HISTÓRICO DA ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES DO ESTADO DO MARANHÃO
(APEMA) NA URDIDURA DA TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA (1985-1986)

Vanessa Pereira Amorim (SEDUC-MA)

Carlos Bauer de Souza (UNINOVE)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

Lançando mão de fontes primárias provenientes de matérias jornalísticas, fotografias,


entrevistas e documentos sindicais, a proposta de comunicação tem como objetivo reconstruir
os caminhos de luta política dos professores públicos maranhenses, de forma crítica e
contextualizada, além de trazer à tona alguns aspectos da trajetória histórica da formação e da
consolidação do movimento docente no Maranhão, identificando as condições objetivas e
subjetivas que desencadearam as mobilizações contra o patronato governamental. Esse
movimento paredista foi deflagrado em 1º de novembro de 1985, com adesão de perto de cem
por cento da categoria pertencente aos quadros da rede estadual de ensino e contou com o
destacado papel da Associação de Professores do Estado do Maranhão (APEMA) na urdidura e
no desenvolvimento desse significativo instante histórico educacional. Esse movimento se
apresenta como inédito devido a algumas características particulares inexistentes nos
movimentos que haviam eclodido no estado até então. A participação espontânea de
professores da rede estadual atuantes nos vários municípios fortaleceu o movimento. Os
debates, antes centralizados nos problemas locais, agora se mostravam parte de um todo,
exigindo-lhes tanto a compreensão e o posicionamento diante das políticas educacionais,
quanto das táticas e comportamentos sindicais que passariam a ser compreendidos como,
igualmente, importantes. Diante da escassez de estudos analíticos sobre o movimento
associativista e sindical de professores maranhenses identificamos a necessidade de levantar
acontecimentos históricos, mas reconhecemos que tal carência dificulta o estabelecimento de
relações mais gerais entre o contexto micro e macroestrutural, entre o fato histórico narrado e
as demais lutas, passadas e contemporâneas, travadas pelos trabalhadores da educação
pública que atuam nessa unidade da federação.

Palavras-chave: Associativismo; Sindicalismo; História da Educação; Maranhão.

201
O IDEAL SOCIAL DA ESCOLA DOMÉSTICA DE NATAL/RN - RELATOS DE UMA MEMÓRIA.

Vanessa Souza de Miranda (UFRN)

Kilza Fernanda Moreira de Viveiros (UFRN)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente trabalho trata da fundação da Escola Doméstica de Natal/RN e evidencia o ideal de


escola feminina a partir do ensino da Puericultura. Objetivando analisar a trajetória da referida
escola, com vistas a entender o percurso até a sua fundação (1914) e os avanços para os quais
contribuiu nos campos social, tecnológico e intelectual observados após sua inserção na capital
do Rio Grande do Norte. A Escola Doméstica foi fundada com viés de modernidade motivada
pelo discurso de progresso republicano, apresentando os benefícios desses avanços para a
sociedade à época. Entendia-se que por meio da educação escolar podia se formar uma
sociedade mais voltada para o desenvolvimento esperado. Uma concepção no modelo de
educação feminina a ser seguido estava entre os objetivos, principalmente após os relatos de
Henrique Castriciano sobre conhecer pessoalmente a educação suíça. Crescia no Brasil os
princípios de uma educação com uma abordagem curricular voltada para um ensino que
tornasse os cidadãos em seres organizados e desenvolvidos, dando especial atenção a
educação feminina, inserindo os aspectos de uma escola moderna nos âmbitos social,
econômico e cultural, conforme era a educação europeia. Almejando a fundação de uma
escola ideal, homens da sociedade potiguar, Francisco de S. Meira e Sá, José Augusto Bezerra
de Medeiros, dentre outros, com o apoio do governador Alberto Maranhão, fundaram a Liga
de Ensino do Rio Grande do Norte (1911), com o intuito de criar escolas femininas por todo o
Estado. No entanto, a única instituição fundada pela Liga foi a Escola Doméstica de Natal. A
escola pensada por homens para formar cidadãs cultas, trazendo ensinamentos adequados
que oferecesse os cuidados a sua saúde e também promovendo um crescimento saudável para
as crianças a partir do estudo da puericultura. Nosso trabalho justifica-se pela importância da
instituição Escola Doméstica para a sociedade natalense e também para a educação feminina, e
o resultado desse projeto foi torná-la referência para as escolas de todo o país. Diante do
exposto, entendemos que a temática tem relevância para o campo da História da educação e
da mulher potiguar. Concluímos que o desejo em proporcionar uma educação moderna e laica
de formação científica com conhecimentos teóricos e práticos necessários para a educação das
jovens moças do Estado do RN, foi um marco para a educação feminina. Essa pesquisa
desenvolve-se no campo da História Cultural fundamentada teórico-metodologicamente a
partir de fontes documentais e bibliográficas sobre a Escola Doméstica de Natal. Sendo
alicerçada nos conceitos de Memória; Modernização; Contexto Social, Cultural, Histórico e
Político que marcaram a época analisada; Educação feminina.

Palavras-chave: Escola Doméstica; Educação Feminina; Puericultura; Memória; Modernização.

202
“HISTÓRIA PRA QUÊ?”: O PAPEL DO ENSINO DE HISTÓRIA E A INTERDISCIPLINARIDADE NO
CONTEXTO EDUCACIONAL DO ENSINO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19

Vitória Maria Targino Filgueiras (UFRN)

Ana Laura de Souto Lira (UFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente trabalho busca pensar as diferentes possibilidades da interdisciplinaridade na


educação, a partir da experiência proporcionada pelo estágio supervisionado em História, na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus Caicó. Todavia, discute à luz das
vivências e reflexões provenientes do estágio supervisionado III, os desafios encontrados no
espaço laboratorial e no ensino de história nesse contexto das novas demandas educacionais.
Objetiva-se retratar a experiência interdisciplinar nas aulas, compreender o espaço de
ensino-aprendizagem oferecido aos alunos nos estudos, de forma remota e, sobretudo, quais
dificuldades estão sendo encontradas. Dessa forma, os estágios mostraram-se enquanto parte
fundamental no campo prático e teórico, desde a abordagem em sua perspectiva de
aplicabilidade do conhecimento em sala de aula, quanto às dimensões teóricas e
metodológicas dialogadas e fundamentais a partir de diferentes bibliografias. Também serão
incluídas nesse diálogo, o campo crítico e de análise sobre o saber histórico produzido em sala
de aulas, as dimensões teóricas e práticas, o papel da história na produção de conhecimento e
olhares críticos para a realidade. Em conclusão, o texto defende o quanto o ensino remoto
ainda encontra-se em fase de experimentação, logo, a educação deve ser entendida enquanto
referência para a mudança de problemas atuais.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado; História; Ensino de História; Sala de aula;


Interdisciplinaridade.

203
COMPÊNDIO ELEMENTOS DE GRAMMATICA INGLEZA: O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO
ATHENEU SERGIPENSE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Waldinei Santos Silva (UFS)

Eixo temático: 1) História e historiografia da educação

Resumo:

O presente estudo tem como objetivo analisar o compêndio Elementos de grammatica ingleza
do Dr. Antônio Franco da Costa Meirelles adotado, em 1877, no Atheneu Sergipense, instituição
que assumiu contornos de modelo de educação na instrução secundária da província de
Sergipe, durante a segunda metade do século XIX. Para alcançar o objetivo proposto, utilizou-se
a metodologia de pesquisa documental baseada em documentos arquivados no Centro de
Educação e Memória do Atheneu Sergipense (CEMAS), Relatórios da Província de Sergipe
disponibilizados no Center for Research Libraries (CRL) da Universidade de Chicago e o
compêndio Elementos de grammatica ingleza, sendo sua primeira edição de 1863. Essa
pesquisa se insere no campo da História Cultural e toma as análises segundo Munkata (2012),
Chervel (1990) e Chartier (2009). O compêndio Elementos de grammatica ingleza foi um dos
livros utilizados pelos lentes que passaram por aquela instituição para o ensino de Língua
Inglesa no Atheneu Sergipense.Sua indicação ocorreu com base nos planos de estudos da
referida escola. O compêndio Elementos de grammatica ingleza, reflete o modelo de ensino
pautado no Grammar translation method, método em voga no século XIX. O compêndio se
caracteriza por uma preocupação acentuada com normas e regras gramaticais, no entanto,
utiliza de linguagem simples e acessível com exemplos concisos e tradução para língua
materna, buscando, dessa forma, a valorização da língua portuguesa através da tradução da
língua estrangeira para o português e não mais para o latim, no intuito de facilitar a
aprendizagem e aquisição de uma segunda língua, embora o eixo central da aprendizagem
girasse em torno da gramática. Esse compêndio veio substituir os textos antigos por textos
mais simples. De acordo com Chervel (1990) a gramática é uma criação secular dos lingüistas,
serve como elemento multidisciplinar e base de explicação para as diversas áreas do
conhecimento e por isso assumia papel de destaque no ensino de línguas. O livro adotado no
Atheneu Sergipense em 1877 revela o que se pretendia em relação ao aprendizado dos alunos
na cadeira de Língua Inglesa a partir dos conteúdos trabalhados no referido compêndio. Assim,
um estudo sobre o compêndio Elementos de grammatica ingleza, nos permite ampliar o
conhecimento sobre o que se ensinava, os objetivos, bem como as finalidades atribuídas a
escolha de determinado compêndio no Atheneu Sergipense na segunda metade do século XIX.

Palavras-chave: Compêndio; Atheneu Sergipense; História da Educação.

204
LENTE DA HISTÓRIA DO ATHENEU SERGIPENSE: O MÉDICO PROFESSOR ASCENDINO ANGELO
DOS REIS (1874-1880)

Waldinei Santos Silva (UFS)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

A presente pesquisa apresenta os registros da atuação docente de Ascendino Angelo dos Reis
no Atheneu Sergipense nos anos de 1874 a 1880, período que demarcaram sua carreira como
lente de Língua Inglesa e de História naquela instituição de ensino. Ascendino Angelo dos Reis
se notabilizou pela preparação de alunos da província de Sergipe para ingresso nas academias
superiores e para assumir cargos de destaque na sociedade sergipana a partir da segunda
metade do século XIX. O Jornal do Aracaju, os relatórios de Presidente da Província e as Atas da
Congregação do Atheneu Sergipense dão a dimensão dos feitos desse intelectual na sociedade
aracajuana. A pesquisa se inseriu no campo da História Cultural e tomou as análises segundo
Chervel (1990), Goodson (1997), e Julia (2011), como referencial teórico. Segundo Chervel
(1990), é necessário entender que as finalidades da educação é parte da cultura escolar, e, é
essa cultura que se constrói na instituição de ensino e que passa a ser difundida a partir dessa
mesma instituição. A atuação dos professores enquanto mediadores do conhecimento formal e
agente conhecedor das finalidades da educação se consolidou no Atheneu Sergipense durante
o século XIX. Era a figura do professor que estava no centro do processo que transformava as
finalidades em ensino (Chervel, 1990). Ascendino Angelo dos Reis, enquanto membro de uma
congregação de educadores decidia sobre compêndios, abono de faltas, exames, entre outras
situações. Essa representação refletia na concorrência por alunos, e a disciplina de ensino se
traduzia em status. O papel do professor Ascendino Angelo dos Reis enquanto intelectual,
conhecedor de uma língua estrangeira e historiador, também contribuiu para permanência
dessas cadeiras no plano de estudos do Atheneu Sergipense, com variações no horário e no
número de horas ofertadas. Várias eram as atribuições de Ascendino Angelo dos Reis: médico,
lente, delegado de preparatórios e secretário da instituição. Porém, uma das grandes
contribuições do referido lente para a Congregação do Atheneu Sergipense foi a elaboração do
regimento especial para o concurso de cadeiras de ensino secundário para ingresso de
professores na Instituição em 1874. O Dr. Ascendino Angelo Reis tornou-se um dos lentes mais
influentes, renomado educador e médico na sociedade sergipana do século XIX. Durante o
período que esteve na província de Sergipe enquanto mestre, os episódios relacionados ao
lente Ascendino Angelo dos Reis indicam um profissional que valorizou e criou espaço que
favoreceu as disciplinas que lecionou no Atheneu Sergipense, sendo notado a maior
concorrência de alunos durante sua permanência nessas cadeiras. O lente foi símbolo de
educador, médico e cidadão, deixando registros por onde passou.

Palavras-chave: Ascendino Reis; Atheneu Sergipense; Intelectual.

205
A EDUCAÇÃO DA AFROPERSPECTIVA DOS POVOS BANTU NO ENSINO DE HISTÓRIA: LEI
FEDERAL 10.639/03 NO CHÃO DA ESCOLA “RELATOS DE EXPERIMENTAÇÕES”.

Wudson Guilherme de Oliveira (UFRRJ)

Eixo temático: 3) Intelectuais e projetos educacionais

Resumo:

Esta atividade pretende apresentar as dinâmicas amparadas na implementação da Lei Federal


nº 10.639/2003, que altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) na educação através do Artigo
26-A, onde torna obrigatório a inclusão das temáticas da História da África e Cultura
Afro-brasileira, como mecanismo possíveis para propor mudanças estruturais no sistema
educacional brasileiro, em todos os currículos escolares da Educação Básica, aqui em especial o
Ensino de História. Para o sucesso, trabalhamos com os valores ligadas aos aspectos culturais,
filosóficos, históricos, linguísticos e geográficos do Continente Africano, e as contribuições
transportadas para o Brasil, pelos grupos étnicos chamados Bantus com uma turma do 1º Ano
do Ensino Médio, composta por Jovens Negros (as), Pardos (as) e Brancos (as) inseridos em
uma instituição privada de educação, em um município da Baixada Fluminense, região
metropolitana do Rio de Janeiro, onde tivemos o intuito de promover o fortalecimento da
identidade e autoestima dos estudantes afro-brasileiros e a promoção do respeito à nossa
ascendência africana por parte dos Alunados Negros e os não Negros, onde evidenciamos uma
pedagogia antirracista e decolonial amparados na afroperspectiva. A metodologia utilizada foi a
criação de Oficinas, Rodas de Diálogos, exibições de vídeos, textos e slides afrocentrados, onde
serviram de subsídio para propor as discussões na “Luta Contra o Racismo”. Onde os Alunados
se organizaram em grupos para descolonizarem os olhares eurocêntricos, racistas, machistas,
homofóbicos entre outros. Os resultados alcançados, foram os surgimentos de pesquisas, onde
os Educandos entenderam sobre os problemas das violações dos Direitos Humanos, em
especial o Racismo e os olhares estereotipados aos grupos afrodescendentes. Consideramos
ser, de suma importância descolonizar os pensamentos baseados em moldes eurocêntricos,
para que possamos revisar as correntes hegemônicas presentes em nossa sociedade e em
especial nos Currículos utilizados no Chão da Escola, que se articulam na Disciplina de História.
Nesse sentido, este trabalho levanta uma discussão acerca de uma Educação Étnico-Racial,
combatendo as reversões e construindo estratégias sólidas para a redução do Racismo.

Palavras-chave: Afroperspectivas; Povos Bantu; Ensino de História.

206
HISTÓRIA DA FACULDADE DE NUTRIÇÃO, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE EM 1976

Zandra Lorenna Coutinho de Melo Costa (UNI-RN; IFRN)

Antonio Max Ferreira da Costa (IFRN)

Eixo temático: 2) Instituições escolares e política educacional

Resumo:

O presente escrito tem por objetivo a (re) construção historiográfica da fundação da Faculdade
de Nutrição, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), situado na cidade de
Natal, Rio Grande do Norte. A Faculdade de Nutrição foi inaugurada no ano de 1976, por meio
da Resolução Nº 29/1976 do CONSUNI, estando inicialmente vinculada ao Centro de Ciências
da Saúde e ao Departamento de Medicina Preventiva, que depois passou a ser denominado de
Departamento de Saúde Coletiva e Nutrição. Em 1976 a administração da UFRN estava sob o
comando do Reitor Professor Domingos Gomes de Lima, que atendeu prontamente os esforços
empreendidos pelo Professor Lauro Gonçalves Bezerra autorizando a criação do Bacharelado
em Nutrição. Professor Lauro se tornou uma referência, passando a ser conhecido pela
comunidade desta instituição como o fundador do curso de Nutrição, destaca-se também o
coordenador pro tempore da época Professor e Médico Ayron de Barros Gibson que esteve à
frente das atividades até 1978. Para a fundamentação teórico-metodologicamente dessa
pesquisa historiográfica usa-se a Nova História com destaque para a história das instituições
escolares amparadas em Justino Magalhães (2004), dialogando com as fontes documentais,
como por exemplo, o Projeto Pedagógico do Curso de Nutrição e a Resolução Nº 29 de 6 de
julho de 1976, compondo o corpus desse estudo. As questões de pesquisa a qual se procura
são: Porque a oferta do curso de Bacharelado em Nutrição na capital potiguar? Quais
contribuições sociais e políticas essa faculdade traria para o RN? Com o desenvolvimento da
investigação concluiu-se que a inauguração do curso de Nutrição já era um movimento
impulsionado desde a década de 1930, no governo de Getúlio Vargas, quando foi criado o
primeiro curso de Nutrição da Universidade de São Paulo (USP), que mais tarde por volta dos
anos de 1970 expande suas ofertas, é nesse tempo que chega a região do Nordeste, primeiro
em Recife, depois em Natal, tendo por intenção formar profissionais nutricionistas para
atuarem em questões sanitárias, fortalecendo o compromisso com a saúde pública, uma vez
que a maioria das pessoas apresentavam nos anos de 1970 altas prevalências de doenças
carenciais e o Brasil idealizava ser uma potência emergente em consonância com o binômio
desenvolvimento e segurança, materializados na ideia de modernidade.

Palavras-chave: História das Instituições; Faculdade de Nutrição; Educação em Saúde; História


da Educação Profissional.

207

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