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EXPEDIENTE
1-
EXPEDIENTE
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS10- EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA NA EDU-
E ADULTOS CAÇÃO INFANTIL - “PARA CONSTRUIR UM
ADRIANA AMANDA DOS SANTOS BISPO FUTURO MAIS JUSTO, COMEÇAMOS NA IN-
FÂNCIA, ONDE SEMEAMOS A IGUALDADE E
2- HORTA NA ESCOLA COLHEMOS A DIVERSIDADE.”
ALINE DE SOUZA FELIX BOZZO CAMILA SENA DOS SANTOS
3
18- A EDUCAÇÃO INFANTIL INCLUSIVA 27- A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE
ELAINE BERNARDETE DE LIMA FADAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - PSICA-
NÁLISE DOS CONTOS DE FADAS
19- ALFABETIZAÇÃO PRECOCE ISABEL CRISTINA DA CRUZ BATISTA
ELIANE FELIZARDO SILVA
28- EDUCAÇÃO FINANCEIRA: O CAMI-
20- O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA NHO PARA A ESTABILIDADE FINANCEIRA E
AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCO- PROSPERIDADE
LAS BRASILEIRAS DE ACORDO COM A LEI JONATHAN CARDOZO SQUILANTE
10639/2003 DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO E
GARANTIA DE DIREITOS 29- PRÁTICA DE LEITURA E ESCRITA
FABÍOLA RODRIGUES LIMA JULIANA MORELO MARON
4
37- A CRIANÇA COM SÍNDROME DO ES- 47- O PAPEL DO PEDAGOGO EM AUXÍLIO
PECTRO AUTISTA NA ESCOLA PÚBLICA A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVI-
LOURDES DAS GRAÇAS MOTA LEITE MENTO INFANTIL
MICHELE DA SILVA ANDRADE SOUSA
38- A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM
PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 48- DESPERTANDO IMAGINAÇÕES: O PA-
LUCIMEIRE GIMENES LEON PEL DA LITERATURA INFANTIL NOS ANOS
INICIAIS DA EDUCAÇÃO
39- INCIDÊNCIA DO AUTISMO NAS ESCO- MICHELY COSTA FARIAS
LAS
LUCINEIDE DA CONCEIÇÃO GENTIL 49- OS DESAFIOS DE SE TRABALHAR COM
A SUSTENTABILIDADE E O MEIO AMBIENTE
40- ESCOLA E SOCIEDADE: GESTÃO ESCO- EM SALA DE AULA
LAR COMO ELEMENTO AGREGADOR VALO- NAIMA ALEXANDRA DE ASSIS
RATIVO DAS POTENCIALIDADES DO SUJEI-
TO 50- PARQUE INCLUSIVO
LUIS RICARDO SOUZA DE MELO NAYARA RODRIGUES
46- ARTERAPIA: PRÁTICAS DO BEM VIVER 56- PROJETO DE LEITURA PARA EDUCA-
MARISA PIMENTA PEREIRA ÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
RODRIGO DA SILVA ALEIXO
5
57- AUTISMO DESAFIOS PEDAGÓGICOS 69- INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RODRIGO SOARES ROCHA TATIANE PAVÃO ONGARO BORGES
CAPA E ELABORAÇÃO DO
66- ARTE DE CONTAR HISTÓRIA PROJETO GRÁFICO
SONIA REGINA RIBEIRO GONZALEZ Kaíque Iengo Marinho
6
Revista Iteq Educacional: Projetos e Projeções [recurso eletrônico] / Instituto
Total de Educação e Qualificação Profissional. – Vol. 13, n. 13 (jan. 2024) –
São Paulo: Iteq, 2024.
Mensal
Disponível em: <https://issuu.com/iteqleste>
e-ISSN 25959042
CDD 370
CDU 37
8
SUMÁRIO
1- DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS 10- EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA NA EDU-
E ADULTOS CAÇÃO INFANTIL - “PARA CONSTRUIR UM
ADRIANA AMANDA DOS SANTOS BISPO.............15 FUTURO MAIS JUSTO, COMEÇAMOS NA IN-
FÂNCIA, ONDE SEMEAMOS A IGUALDADE E
2- HORTA NA ESCOLA COLHEMOS A DIVERSIDADE.”
ALINE DE SOUZA FELIX BOZZO.............................23 CAMILA SENA DOS SANTOS...........................................71
10
18- A EDUCAÇÃO INFANTIL INCLUSIVA 27- A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE
ELAINE BERNARDETE DE LIMA...........................119 FADAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL - PSICA-
NÁLISE DOS CONTOS DE FADAS
19- ALFABETIZAÇÃO PRECOCE ISABEL CRISTINA DA CRUZ BATISTA..................176
ELIANE FELIZARDO SILVA....................................126
28- EDUCAÇÃO FINANCEIRA: O CAMI-
20- O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA NHO PARA A ESTABILIDADE FINANCEIRA E
AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCO- PROSPERIDADE
LAS BRASILEIRAS DE ACORDO COM A LEI JONATHAN CARDOZO SQUILANTE...........................183
10639/2003 DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO E
GARANTIA DE DIREITOS 29- PRÁTICA DE LEITURA E ESCRITA
FABÍOLA RODRIGUES LIMA................................132 JULIANA MORELO MARON.................................188
11
37- A CRIANÇA COM SÍNDROME DO ES- 47- O PAPEL DO PEDAGOGO EM AUXÍLIO
PECTRO AUTISTA NA ESCOLA PÚBLICA A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVI-
LOURDES DAS GRAÇAS MOTA LEITE.................234 MENTO INFANTIL
MICHELE DA SILVA ANDRADE SOUSA...............291
38- A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM
PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 48- DESPERTANDO IMAGINAÇÕES: O PA-
LUCIMEIRE GIMENES LEON................................241 PEL DA LITERATURA INFANTIL NOS ANOS
INICIAIS DA EDUCAÇÃO
39- INCIDÊNCIA DO AUTISMO NAS ESCO- MICHELY COSTA FARIAS......................................297
LAS
LUCINEIDE DA CONCEIÇÃO GENTIL......................247 49- OS DESAFIOS DE SE TRABALHAR COM
A SUSTENTABILIDADE E O MEIO AMBIENTE
40- ESCOLA E SOCIEDADE: GESTÃO ESCO- EM SALA DE AULA
LAR COMO ELEMENTO AGREGADOR VALO- NAIMA ALEXANDRA DE ASSIS.............................305
RATIVO DAS POTENCIALIDADES DO SUJEI-
TO 50- PARQUE INCLUSIVO
LUIS RICARDO SOUZA DE MELO........................254 NAYARA RODRIGUES...........................................310
46- ARTERAPIA: PRÁTICAS DO BEM VIVER 56- PROJETO DE LEITURA PARA EDUCA-
MARISA PIMENTA PEREIRA...........................................285 ÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
RODRIGO DA SILVA ALEIXO................................344
12
57- AUTISMO DESAFIOS PEDAGÓGICOS 69- INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RODRIGO SOARES ROCHA..................................349 TATIANE PAVÃO ONGARO BORGES......................418
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ARTIGOS
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
ADRIANA AMANDA DOS SANTOS BISPO
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ça, o desenvolvimento econômico, a coesão uma pedagogia democrática que partia das
social e a solidariedade continuam a serem ansiedades, dos desejos, dos sonhos, das ca-
metas e obrigações indispensáveis que terão rências das classes populares”.
de ser perseguidas, reforçadas por meio da
educação e da aprendizagem dos adultos. A pedagogia de Paulo Freire inspirou
os principais programas de alfabetização e
educação popular, empreendidos por inte-
lectuais, estudantes e católicos, entre elas a
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS campanha de erradicação do analfabetismo
E ADULTOS NO BRASIL em 1957, e em 1958 no segundo congresso
Segundo a literatura, o início dos pro- de educação de adultos, surgiu o questiona-
gramas voltados à educação de jovens e adul- mento das campanhas de alfabetização até
tos no Brasil começou no período colonial no então desenvolvidas que, no entendimento
ano de 1549 quando os jesuítas chegaram ao dos participantes do congresso se limitavam
Brasil é nesse período que se dá início aos apenas ao ensino de assinar o nome. Porém
trabalhos de catequização e ministração de era necessária para eles uma reflexão sobre
aulas aos índios adultos e para habitantes o aspecto de sua participação política nos
que possuíam muitos bens na colônia, mas acontecimentos nacionais.
é a partir do ano 1759, ou seja, no período Com a pedagogia de Paulo Freire, nas-
pombalino que a educação de Jovens e Adul- ce, nesse clima de mudança no início dos
tos começa a passar por desafios, pois o mar- anos sessenta, a Educação Popular, que se
quês de Pombal Sebastião José de Carvalho articulava à ação política junto aos grupos
e Melo expulsa os jesuítas com isso pouca populares: intelectuais, estudantes, pessoas
coisa restou da prática educativa. Porém his- ligadas à igreja Católica e a CNBB. Em 1964,
toricamente, a Educação de Jovens e Adultos, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetiza-
no cenário brasileiro, nasce da união e com- ção, que deveria atingir todo o país, orienta-
promisso estabelecido entre a alfabetização do pela proposta pedagógica de Paulo Freire,
e a educação popular. mas, foi suprimida pelo golpe militar de com
Aquela concebida como um processo o golpe militar, todos os movimentos popu-
de grande extensão e profundidade, desti- lares de Educação de Jovens e Adultos foram
nando-se a grandes contingentes populacio- extintos, assumindo os militares a responsa-
nais, ao mesmo tempo em que contribuísse bilidade pela escolarização. Criando assim no
para que estas pessoas voltassem a acreditar ano de 1967 o (MOBRAL) Movimento Brasi-
na possibilidade de mudança e melhoria de leiro de Alfabetização, o MOBRAL foi um pro-
suas vidas ao poderem “ler o mundo e, ao lê- grama nacional, normatizado pelo Ministério
-lo, transformá-lo” (FREIRE, 1976). de Educação, e que deveria ser implementa-
do em todos os municípios de forma descen-
Entretanto, é a partir do Governo Var- tralizada, com cada localidade sendo respon-
gas, em especial da promulgação da Consti- sável pela implementação e contratação de
tuição de 1934, onde a constituição instrui a pessoas, que somente tinha como finalidade
obrigatoriedade do ensino primário a todos fazer com que os alunos aprendessem a ler e
os brasileiros, mas com o golpe do estado a escrever sem uma preocupação maior com
novo, Getúlio Vargas rasga a constituição a formação do homem, mas que acabou es-
e anula todos os avanços conseguidos pelo barrando em inúmeras dificuldades, práticas
conselho nacional de educação. Várias cam- e ideológicas, que levaram a sua extinção em
panhas foram criadas para acabar com o 1985 (Di Pierro & Haddad, 2000).
analfabetismo, entre elas a de 1947 que ali-
mentou a reflexão e o debate em torno do Somente no ano de 1996 é promulga-
analfabetismo e a educação de jovens e adul- da a lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Base da
tos no Brasil, no ano de 1949 aconteceu o se- Educação com a atenção devida à Educação
minário internacional de educação de adul- de Jovens e Adultos que afirma na Seção V
tos incentivando a criação da Missão Rural da Educação de Jovens e Adultos: Art. 37. A
de Educação de Adultos, o que deu origem educação de jovens e adultos será destina-
à campanha de Educação Rural, com o obje- da àqueles que não tiveram acesso ou con-
tivo de combater a doença do analfabetismo tinuidade de estudos no ensino fundamental
que assolava o país. Na década de cinquenta e médio na idade própria. § 1º. Os sistemas
desse século, a Campanha de Educação de de ensino assegurarão gratuitamente aos jo-
Jovens e Adultos sofreu muitas críticas pelos vens e aos adultos, que não puderam efetuar
métodos usados e foi extinta por não obter os estudos na idade regular, oportunidades
resultados positivos. Surge nesse momento educacionais apropriadas, consideradas as
uma referência no panorama da educação características do alunado, seus interesses,
para Jovens e Adultos: Onde se discutiu a condições de vida e de trabalho, mediante
Educação de Jovens e Adultos como proces- cursos e exames. § 2º. O Poder Público viabi-
so de educação e libertação da opressão. Foi lizará e estimulará o acesso e a permanência
discutida também a Lei de Diretrizes e Bases do trabalhador na escola, mediante ações in-
da Educação Nacional e mais de duzentas te- tegradas e complementares entre si. Art. 38.
ses foram apresentadas, entre elas a de Pau- Os sistemas de ensino manterão cur-
lo Freire. Contava Paulo Freire: “Eu defendia sos e exames supletivos, que compreen-
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derão a base nacional comum do currículo, vezes inviabilizaram a sua execução. E não
habilitando ao prosseguimento de estudos são poucos os motivos: falta de corpo docen-
em caráter regular. § 1º Os exames a que se te especializado, currículo inexpressivo, nú-
refere este artigo realizar-se-ão: I – no nível meros elevados de evasão e desistência e a
de conclusão do ensino fundamental, para heterogeneidade de seu público.
os maiores de quinze anos; II – no nível de
conclusão do ensino médio, para os maiores No âmbito da permanência e progres-
de dezoito anos. § 2º Os conhecimentos e são dos educandos, a LDB (2º parágrafo, ar-
habilidades adquiridos pelos educandos por tigo 37) indica além da necessidade de apro-
meios informais serão aferidos e reconheci- fundamento teórico sobre os processos de
dos mediante exames. Mesmo assegurando cognição de adultos, a possibilidade de oferta
vários direitos para que o jovem e o adulto de ações integradas e complementares que
continuem na escola os desafios que essas promovam a sua efetiva participação, a partir
pessoas encontram ainda é grande, Rui Bar- da criação de incentivos aos empregadores
bosa, em 1834, apud Leôncio Soares, argu- para facilitar o acesso dos trabalhadores aos
menta que: estudos “ao lado de mecanismos de gratui-
dade ativa, como a provisão de assistência de
A nosso ver a chave misteriosa das saúde, transporte, alimentação, material es-
desgraças que nos afligem é esta: a ignorân- colar e didático-pedagógico” (Di Pierro, 2008,
cia popular, mãe da servilidade e da miséria. p. 405a).
Eis a grande ameaça contra a existência cons-
titucional e livre da nação, eis o formidável A heterogeneidade da população
inimigo, o inimigo intestino, que se asila nas atendida pela EJA – jovens e adultos –, que
entranhas do país. Para vencê-lo, releva ins- compreende as diferentes idades, a diversi-
tauramos o grande serviço da “defesa nacio- dade de níveis de escolarização, as distintas
nal contra a ignorância”, serviço a cuja frente trajetórias escolares e, sobretudo, humanas
incumbe ao parlamento à missão de colocar- apresentam-se como desafios para a prática
-se, impondo intransigentemente à tibieza docente (Dayrel, 2005).
dos nossos governos o cumprimento do seu O aumento significativo de ingresso
supremo dever para com a pátria (LEÔNCIO de jovens que abandonam o ensino regular
SOARES, 2002, p.45). em busca da EJA foi percebido, especialmen-
A formalização da Educação de Jovens te, desde a implantação da lei 9394/96. Nes-
e Adultos em modalidade de educação, ga- te caso, Haddad e Di Pierro (2000) ressaltam
rantido pela Lei de Diretrizes e Bases da Edu- que os educadores da EJA encontram na di-
cação Nacional (Lei 9.394/96), representou minuição da idade mínima dos alunos um
uma conquista social, pois indicava a supe- novo desafio: trabalhar concomitantemente
ração de uma história concebida a partir de com dois sujeitos muito distintos, os jovens
programas pontuais e fragmentada. No en- e os adultos. Problematizar o “fenômeno da
tanto, se por um lado, entendemos que re- juventude” tornou-se fundamental para o
presentou uma conquista pela ampliação da entendimento de um público cada vez mais
noção de EJA, por outro se restringiu ao con- presente nas salas de aula de Educação de
texto escolar, excluindo o conceito de edu- Jovens e Adultos.
cação profissional e outras modalidades da A Educação de Jovens e Adultos sem-
Educação Social (sócia educação; educação pre compreendeu um conjunto muito diver-
comunitária; educação prisional, medidas so de processos e práticas formais e não for-
socioeducativas, educação para a paz; entre mais relacionadas à aquisição ou ampliação
outras). Souza (2003, p. 14) afirma que: de conhecimentos básicos, de competências
Para essa lei, a EJA é a feição própria técnicas e profissionais, de habilidades socio-
que adquire a educação básica ao ser oferta- culturais e de acesso e garantia de direitos
da àqueles que não tiveram acesso ou conti- sociais.
nuidade de estudos na idade própria. Passa, A EJA, em sua acepção real, se caracte-
assim, a significar apenas os processos peda- riza por uma modalidade de educação para
gógicos escolares que se destinam a garantir sujeitos concretos, em contextos concretos,
os conteúdos do ensino fundamental e do com histórias concretas, com configurações
ensino médio, de maneira apropriada, àque- concretas. A expressão Educação de Jovens
les que não tiveram acesso ou continuidade e Adultos, em nosso meio, designa um cam-
de estudos até o final da educação básica. po de conhecimento e de prática social que
diz respeito às condições e oportunidades
educacionais relacionados às pessoas desfa-
Os obstáculos mais prováveis aos vorecidas econômica e socialmente. A EJA se
desafios colocados à implementação e efe- constitui muito mais como produto da misé-
tivação da Educação de Jovens e Adultos se ria social do que dos “desafios” do desenvol-
mostra, especialmente, no que diz respeito à vimento (Haddad, 1992).
rigidez e homogeneidade da oferta escolar,
predominante, nos diferentes níveis educa- De fato, o analfabetismo e a baixa es-
tivos. Assim, não tardou para que a escola colaridade estão associados a Os referenciais
encontrasse na EJA dificuldades que muitas que identificam as práticas da EJA como re-
cuperarão do tempo perdido, infantilização
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pedagógica e aceleração de estudos revela para todas e quaisquer formas de Educação
a face compensatória de “pessoas em atraso de Adultos.
escolar” que constitui este campo de prática
social e pedagógica. Ao focalizar a escolarida- A educação de adultos engloba todo
de não realizada ou interrompida no passa- o processo de aprendizagem, formal ou in-
do, o paradigma compensatório acabou por formal, onde pessoas consideradas ‘adul-
enclausurar a escola para jovens e adultos tas’ pela sociedade desenvolvem suas ha-
nas rígidas referências curriculares, meto- bilidades, enriquecem seu conhecimento e
dológicas, de tempo e espaço da escola de aperfeiçoam suas qualificações técnicas e
crianças e adolescentes, interpondo obstácu- profissionais, direcionando-as para a satis-
los à flexibilização da organização escolar ne- fação de suas necessidades e da socieda-
cessária ao atendimento das especificidades de. A educação de adultos inclui a educação
desse grupo sociocultural e recuperando o formal, a educação não formal e o espectro
legado dos movimentos de educação e cul- da aprendizagem informal e incidental dis-
tura popular. ponível numa sociedade multicultural, onde
os estudos baseados na teoria e na prática
A visão de EJA sugerida está ancorada devem ser reconhecidos (DECLARAÇÃO DE
a uma noção de desenvolvimento social, de- HAMBURGO, 2004, p. 163).
clarando que a aprendizagem e formação de
adultos são a chave para o século XXI e para É importante atentar, nesse contexto,
a nova sociedade da informação. O potencial para a diversidade de tradições de Educação
da aprendizagem e formação de adultos é de Adultos. Na tradição inglesa, por exemplo,
apresentado como a mola propulsora para o sua origem está associada com a revolução
desenvolvimento ecologicamente sustentá- industrial que deslocou grandes contingen-
vel, para a promoção da democracia, da jus- tes populacionais de áreas rurais para as
tiça, da igualdade entre mulheres e homens cidades, sendo parte significativa desses mi-
e o do desenvolvimento científico, social e grantes analfabetos.
econômico: Art. 2º – A educação de adultos, Devido a questões de ordem política e
dentro desse contexto, torna-se mais que administrativa, esse sistema de ensino encer-
um direito: é chave para o século XXI; é tanto rou suas ações no final da década de 60. Na
consequência para o exercício da cidadania mesma época, o pensamento de Paulo Frei-
como condição para uma plena participação re, e a sua proposta para a alfabetização de
na sociedade. adultos inspiram os principais programas de
[…] é um poderoso argumento em fa- alfabetização do país. Em 1964, aprovou-se o
vor desenvolvimento ecológico sustentável, Plano Nacional de Alfabetização, que previa a
da democracia, da justiça, da igualdade en- disseminação por todo o Brasil de programas
tre os sexos, do desenvolvimento socioeco- de alfabetização orientados pelos ensina-
nômico e científico, além de ser um requisito mentos de Freire. Contraditoriamente, nessa
fundamental para a construção de um mun- mesma década, essas ações foram interrom-
do onde a violência cede lugar ao diálogo e à pidas pelo golpe militar e os seus promoto-
cultura de paz baseada na justiça […] (DECLA- res foram duramente reprimidos. No ano de
RAÇÃO DE HAMBURGO, 2004, p. 159). 1967, o governo assume o controle dos pro-
gramas de alfabetização de adultos, tornan-
do-os assistencialistas e conservadores.
No que diz respeito à realidade bra- Nesse período foi lançado o MOBRAL
sileira, após a promulgação da nova Lei de – Movimento Brasileiro de Alfabetização. No
Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96), a ano de 1969, houve campanhas massivas de
cultura nacional ainda encontrava-se impreg- alfabetização. Na década de 70 o MOBRAL
nada pela concepção compensatória. Quan- expandiu-se por todo o território nacional,
do, em 1997, a V Conferência Internacional diversificando sua atuação. Das iniciativas
de Educação de Adultos proclamou o direito que derivaram desse programa, o mais im-
de todos à educação continuada ao longo da portante foi o PEI – Programa de Educação
vida, ainda não havia, no Brasil, consenso em Integrada, caracterizado como forma con-
torno desse paradigma. Ainda que lentamen- densada do antigo primário. Na década de 80
te, porém, a transição de referências vem emergiram os movimentos sociais e o início
sendo impulsionada pelo resgate da contri- da abertura política. Os projetos de alfabeti-
buição da Educação Popular, ao lado de um zação se desdobraram em turmas de pós al-
conjunto de mudanças no pensamento pe- fabetização. Em 1985, desacreditado, o MO-
dagógico e nas relações entre educação e BRAL foi extinto e seu lugar foi ocupado pela
trabalho na sociedade contemporânea. Fundação Educar, que apoiava financeira e
tecnicamente as iniciativas do governo, das
A Educação de Adultos, enquanto um entidades civis e das empresas no processo
conceito mais amplo contém a Educação de de alfabetização de jovens e adultos.
Jovens e Adultos, mas a ela não se reduz. No
entanto, é importante construir conceitos su- Com a extinção de a Fundação Educar
ficientemente consistentes, de modo a não na década de 90, criou-se um enorme vazio
criar confusões com o conceito legal, nem na EJA. Alguns estados e municípios assumi-
tampouco tentar ampliar o conceito de EJA ram a responsabilidade de oferecer esses
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programas, os quais chegam aos nossos dias cimentos. Desenvolve estratégias de educa-
reclamando reformulações pedagógicas. No ção que incentivam a participação, como um
ano de 1990 acontece na Tailândia-Jomtiem, meio de promoção da cidadania, compreen-
a Conferência Mundial de Educação para To- dida em suas dimensões crítica e ativa. Neste
dos, momento em que foram estabelecidas sentido, a Educação Popular faz da margem
diretrizes planetárias para a educação de o seu lugar preferencial e historicamente tem
crianças, jovens e adultos. No ano de 1997, revelado dificuldades de conviver com a insti-
realizou-se na Alemanha-Hamburgo, a V tucionalidade.
Conferência Internacional de Jovens e Adul-
tos, promovida pela UNESCO. Esse evento re- Muito se discutiu se a Educação Po-
presentou um importante marco, à medida pular pode ser realizada na escola e os resul-
que estabeleceu a vinculação da educação tados das discussões parecem apontar para
de adultos ao desenvolvimento sustentável e dois fatos aparentemente incompatíveis. Um
equitativo da humanidade. deles, de que numa sociedade democrática
a escola pode ser um lugar de educação po-
Para Sérgio Haddad (2007, p. 8), “A pular, desde que propicie condições para os
EJA é uma conquista da sociedade brasilei- requisitos básicos da Educação Popular, tais
ra”, pois durante o processo histórico da como: tomar a realidade do educando como
educação brasileira, esta modalidade de en- ponto de referência para o currículo; inse-
sino sempre esteve à margem das políticas rir-se numa proposta político-pedagógica
públicas nacionais de educação, e sua oferta transformadora no sentido da justiça social,
em forma de campanhas de massa, visava o da igualdade e do respeito da diferença; co-
atendimento de objetivos imediatistas de di- locar o diálogo como princípio metodológico
minuição do índice de analfabetismo. e epistemológico.
A partir da Constituição Brasilei- O outro, que essa prática não pode ser
ra de 1988 e da Lei das Diretrizes e Bases da “decretada” e por isso dificilmente a escola
Educação Nacional de 1996, é que a EJA dei- ou uma rede de escolas consegue praticar a
xou de ser suplementar e tornou-se um di- Educação Popular. Essa sempre se realiza na
reito fundamental, elemento essencial para tensão entre o instituído e o institui-te, por-
a construção de uma sociedade mais justa e tanto, nas fronteiras da institucionalidade.
igualitária, tendo como princípio primordial a (Baquero; Fischer, 2004).
garantia da cidadania.
Entendemos que a Educação Popu-
Para Paulo Freire (2005, p.19), “A his- lar se constitui como uma importante refe-
tória é tempo de possibilidades e não de de- rência para a EJA no sentido da mobilização
terminismo, o futuro é problemático e não social. Conceber a EJA desde a Educação Po-
inexorável”. O desafio da qualidade do pro- pular significa alicerçar-se numa concepção
cesso ensino aprendizagem na EJA, além das de educação em que a transformação his-
diversidades culturais dos alunos e o know- tórica e cultural faz parte de sua substância.
-how dos educadores, vinculam-se ainda a Assim, desde essa ótica, a EJA, inspirada na
superação do analfabetismo digital, frente a Educação Popular ocupa um lugar de posicio-
uma sociedade invadida e dominada pelas namento político de mudança e libertação,
novas tecnologias. explicitamente assumido. No entanto, a com-
plexidade social traz exigências que desafiam
Entabular um diálogo entre Educação as práticas educativas sob o ponto de vista
Popular e Pedagogia Social e de ambas com do enfrentamento das desigualdades e dos
a Educação de Jovens e Adultos implica em sofrimentos por ela infligidos à população.
alargar o modo de conceber a educação, res-
gatando e enfatizando sua função social e A Pedagogia Social pode ser inserida
política, na história, na cultura e nas relações nessa discussão para contribuir para a elabo-
Inter geracionais. ração de suportes teóricos e metodológicos
de intervenção no campo da educação geral
A Educação Popular tem sua origem e, especialmente, no campo da Educação de
no movimento de libertação do povo frente Jovens e Adultos. A Pedagogia Social, ainda
às situações de injustiça social, questionan- recente no Brasil, tem sua origem e assume
do e agindo sob o ponto de vista do modelo crescente relevância em diferentes países eu-
econômico e político dominante e buscando ropeus. Ela se constitui a partir do princípio
a criação de uma nova hegemonia. Seu pon- de educação como direito, desenvolvendo-se
to de partida é a cultura popular, entendida no ambiente escolar e não escolar. Interna-
como a codificação e expressão de um coti- cionalmente, a Pedagogia Social é um campo
diano de resistência e de lutas por dignida- de ação interdisciplinar, reconhecida como
de e justiça. Na Educação Popular, como a ciência, como disciplina curricular, como área
dimensão pedagógica do próprio Movimento de intervenção sócio pedagógica, como cam-
Popular, o processo de produção do saber é po de pesquisa e como profissão. Na defini-
pedagogicamente mais importante do que o ção de Mollenhauer (1993, p. 28), a Pedago-
seu produto (Brandão, 1995). gia Social seria.
Ela se interessa pela compreensão de “[…] o mais avançado campo experi-
como as pessoas se organizam para produzir mental da sociedade, porque sua incumbên-
e viver as experiências criadoras de conhe-
19
cia não é a de transmitir conteúdos culturais, em torno de três eixos: educação de adultos,
mas exclusivamente ocupar-se com a supe- incluindo a terceira idade, inserção e adapta-
ração de problemas emergentes das pessoas ção social e ação socioeducativa (Sáez, 1994).
em formação com vistas a seu desenvolvi-
mento e integração.” Os olhos do educador As aproximações entre Educação de
estariam assim disponíveis para olhar e ex- Jovens e Adultos, Educação Popular e Peda-
perimentar novas visões de futuro, uma so- gogia Social, sugerem a dimensão do social
ciedade que pudesse acolher a todos como como locus8 da prática e o popular como a
cidadãos de fato e de direito. perspectiva e projeto. Cabem, por isso, algu-
mas reflexões sobre esses dois adjetivos para
A Pedagogia Social, à semelhança a educação que, conforme nosso argumento
da Educação de Adultos, tem sua origem pode contribuir para revisar o entendimento
na sociedade industrial (Mollenhauer, 1993, da EJA.
p. 19). Ela atua a partir de uma perspectiva
pedagógica junto aos problemas sociais, ma- Para Castel (1998), a questão social
terializados como situações de risco e vulne- seria mais uma inquietação quanto à capa-
rabilidade, abandono e indiferença, que se cidade de manter a coesão de uma socieda-
manifestam nas formas da pobreza, da mar- de. O autor refere que “a questão social se
ginalidade, do consumo de drogas, entre ou- põe explicitamente às margens da socieda-
tras. Segundo Caliman (2009, p. 59): de e questiona o seu conjunto.” Pinheiro e
Dias (2009) confirmam as palavras de Castel
[…] a Pedagogia Social tem como fi- (1998, p. 4) e acrescentam que. “[…] o lugar
nalidade de pesquisa a promoção de condi- do social é visto entre organização política e
ções de bem-estar social, de convivência, de o sistema econômico, deixando clara a ne-
exercício de cidadania, de promoção social cessidade de construir sistemas de regula-
e desenvolvimento, de superação de condi- ção não-mercantil com o objetivo de tentar
ções de sofrimento e marginalidade. Tem a preencher este espaço […]” Na América La-
ver com a construção, aplicação e avaliação tina a questão social e as suas consequên-
de metodologias de prevenção e recupe- cias problemáticas se misturam na diferen-
ração. A figura do educador social emerge ça das relações sociais em suas dimensões
como mediador do processo de apropriação econômicas, política, culturais, entre outras.
dos educandos do seu lugar de ator social. Isto configura uma forma de desigualdade
Fazem parte da formação do educador social extrema e com profundos impactos sobre a
áreas como: cuidado, planejamento, diag- vida cotidiana (Oliveira, 2010). A apropriação
nóstico; proteção das pessoas em situação desigual do produto social se materializa de
de vulnerabilidade (os direitos das crianças, diversas formas: Desemprego; analfabetis-
jovens, idosos, mulheres, negros); teorias da mo; fome; violências; pobreza extrema, entre
formação humana; o aconselhamento como outras. Nesse contexto, constituiu-se o lugar
arte de ouvir e intervir; as instituições sociais do social com objetivo de intervir nas expres-
e seu funcionamento. No campo de ação da sões cotidianas do trabalho, da família, da
Pedagogia Social, podemos citar interven- habitação, da saúde, da assistência social e
ções pedagógicas desenvolvidas no âmbito do acesso a bens e serviços públicos. Junto
dos sistemas penitenciários (público adulto), com o adjetivo social (de Pedagogia Social),
cumprimento de medidas socioeducativas colocamos o adjetivo popular (de Educação
(juventude) e o sócio educação (crianças). Popular), sinalizando a perspectiva pela qual
se deseja compreender a questão social. Fa-
Essas intervenções exigem uma dinâ- z-se necessário reconhecer que nos últimos
mica educativa específica, na perspectiva do anos houve deslocamentos na compreensão
desenvolvimento humano junto a um siste- do popular (Mejia, 2006; Wanderley, 2009).
ma de garantia e acesso de direitos. Exemplo
disso é o trabalho desenvolvido pelos Círcu- Assim como os centros de poder se
los Operários, cuja raiz histórica é originada modificam, movimentam-se também as suas
nos Movimento Social de Educação Popular periferias. Quer usemos as metáforas de
e, na atualidade, assume características da centro e margem, norte e sul, desenvolvido
Pedagogia Social, quando opta pelo desen- e subdesenvolvido (ou em desenvolvimento),
volvimento de programas e projetos voltados opressor e oprimido, hegemônico e contra
para a intervenção socioeducativa e desen- hegemônico, todas elas apontam divisões e
volvimento local. desigualdades sociais. O popular, conforme a
nossa compreensão de Educação Popular in-
López (2009) procura associar a Peda- dica o lado “fraco” desses binômios, ou seja,
gogia Social e a Educação de Pessoas Adultas daqueles que desejam promover mudanças
(EPA) a uma perspectiva de desenvolvimento e que, como se sabe, constituem a maior par-
humano sustentável, aludindo às potencia- te do público da EJA.
lidades que esta modalidade de educação
pode oferecer em termos de inserção e de
participação na sociedade global de conheci-
mento. A Pedagogia Social na Espanha, por CONCLUSÃO
exemplo, com a atenção da comunidade cien- Os jovens e adultos que procuram os
tífica pedagógica envolvida nas discussões programas de ensino fundamental nunca ti-
referentes à teoria e à práxis, se estruturou veram acesso à escola, vivendo o estigma so-
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cial da condição de analfabetos, ou a frequen- 2008. Brasília, DF: MEC, 2008.
taram por curtos períodos, nela percorrendo
uma trajetória descontínua, marcada por ex- BRASIL. Constituição (1988). Constitui-
periências de insucesso e exclusão igualmen- ção da República Federativa do Brasil. Brasí-
te estigmatizadoras. Por esse motivo, um as- lia, DF, Senado, 1998.
pecto fundamental da inserção de jovens e BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da
adultos nesses programas é o fortalecimento Educação Nacional. Lei n. 9.394, de 20 de de-
de sua autoestima, a afirmação de sua iden- zembro de 1996. Curso de formação de alfa-
tidade como cidadãos de direitos e como se- betizadores BB educar, textos, complemen-
res produtivos e criativos, intelectualmente tares, p. 26-57; 2005.
capazes, detentores e produtores de cultura.
A recuperação da autoestima, da identidade CASTEL, Robert. La inseguridad social.
pessoal e cultural e o reconhecimento mútuo Qué és estar protegido? Buenos Aires: Ma-
dos educandos envolve a rememoração de nantial, 2004.
suas histórias de vida, de seus projetos e ex- ______. Metamorfoses da questão so-
pectativas. cial: uma crônica do salário. Petrópolis: Vo-
Vale lembrar que o aluno não deve ser zes, 1998.
forçado a expor sua situação pessoal, mas CONSELHO NACIONAL DE EDU-
sim ser estimulado a fazê-lo como um meio CAÇÃO. DIRETRIZES CURRICULARES NA-
de integrar-se ao grupo. Em turmas hetero- CIONAIS. Parecer n. 11. Brasília, DF: CNE/CEB,
gêneas, é provável que esse processo faça 2000.
emergir conflitos entre diferentes modos
de ser. A diversidade de características dos DECLARAÇÃO de Hamburgo sobre
educandos, que muitas vezes é vista como Educação de Adultos e Agenda para o Futuro
um obstáculo ao processo de ensino-apren- da V Conferência Internacional sobre Educa-
dizagem deve ser encarado como uma opor- ção de Adultos (Hamburgo, Alemanha: 1997).
tunidade para que o educador enfrente com
o grupo os preconceitos e discriminações In: Educação de Jovens e Adultos: uma
sociais, desenvolvendo valores e atitudes de memória contemporânea (1996-2004). Brasí-
solidariedade e tolerância perante as diferen- lia, DF: Unesco, Mec, set. 2004, p. 41-82 (Edu-
ças de gênero, geração, etnia e estilo de vida. cação para Todos).
Na recuperação das histórias de vida PIERRO, Maria Clara. Educação de Jo-
dos alunos, tem papel importante à valoriza- vens e Adultos na América Latina e
ção das tradições culturais e do saber prático Caribe: trajetória recente. In: Cadernos
que os educandos detêm. Adquiridos na vi- de Pesquisa, v. 38, n. 134, maio/ago. 2008 a.
vência familiar, comunitária ou profissional,
esses saberes são de extrema importância ______. Luta social e reconhecimen-
para a relação dos alunos com o meio físico to jurídico do Direito Humano dos jovens e
e social; eles não podem, portanto, ser igno- adultos à educação. In: Educação. Revista do
rados ou desqualificados frente aos conheci- Centro de Educação, Universidade Federal de
mentos transmitidos pela escola. Santa Maria, v. 33, n. 3, p. 395-410, 2008b.
O desafio que se apresenta ao profes- DI PIERRO, M. C. & Haddad, S. Escola-
sor é o de estabelecer conexões entre esses rização de jovens e adultos. Revista Brasileira
dois universos de conhecimento, permitindo de Educação, 14, 108-130. 2000.
que o aluno amplie suas possibilidades de
atuação, fortalecendo sua autoconfiança. Ao FREIRE, Paulo. Pedagogia da autono-
recuperarem suas histórias de vida, os edu- mia: saberes necessários à prática educativa.
candos podem localizar data e local de nasci- 24ª Ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2002.
mento, os vários locais de moradia, motivos HADDAD, Sérgio. et al. Novos Cami-
das mudanças realizadas, situação familiar, nhos em Educação de Jovens e Adultos – EJA:
vida profissional e escolar e tantas outras in- Um estudo de ações do poder público em ci-
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