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PROJETOS E

VOLUME 12 - EDIÇÃO 12 DEZEMBRO DE 2023 ISSN 25959042

PROJEÇÕES

iteqescolas.com.br
1
EXPEDIENTE
1-
EXPEDIENTE
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO12- O CUIDAR E O EDUCAR NA EDUCA-
E LETRAMENTO COMO PRÁTICAS EDUCA- ÇÃO INFANTIL
CIONAIS AURISTELIA DE SANTANA SOUSA
ADRIANA AMANDA DOS SANTOS BISPO
13- DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIO-
2- O ENSINO DE ARTE NA EDUCAÇÃO NAL DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES
INFANTIL: TEORIA E PRÁTICA CARLA APARECIDA RULIM FERRARI
ALDENICE JOSÉ DOS SANTOS ARRUDA
14- EDUCAÇÃO ESPECIAL: INCLUSÃO DA
3- A INFLUÊNCIA DAS ARTES VISUAIS DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
NA EDUCAÇÃO INFANTIL CARLA CRISTINA GONZAGA VALDO
ALESSANDRA BIZACO
15- O TEMPO E O ESPAÇO NA EDUCAÇÃO
4- A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL
INFANTIL NA FORMAÇÃO DOS PEQUENOS CARMEM SANTOS REIS
LEITORES
ALINE ISIDORO DE FRANÇA 16- O CORPO, O MOVIMENTO E A IM-
PORTÃNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
5- O TRABALHO DOCENTE NA EDUCA- CÍNTIA DA CRUZ RAMOS PINTO
ÇÃO INFANTIL E O CURRÍCULO DA CIDADE
ANA ARAÚJO OLIVEIRA GONÇALVES 17- MEIO AMBIENTE E A IMPORTÂNCIA
DA ÁGUA
6- A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA CLAUDEMIR NUNES GUALBERTO
EM ESCOLAS DEMOCRÁTICAS
ANA LUCIA PIMENTEL DO NASCIMENTO 18- A ARTE E A EDUCAÇÃO ESPECIAL
CLÁUDIA SIMÃO LEITE
7- O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCA-
ÇÃO INCLUSIVA 19- A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ANA PAULA PINCERNI FANTONI CRISTIANE DE NOVAIS

8- INFLUÊNCIAS DO USO EXCESSIVO DE 20- PROGRAMAÇÃO NEUROLÍNGUISTI-


TELAS DURANTE A PRIMEIRA INFÂNCIA CA: SEU POTENCIAL PARA APRENDER E EN-
ÂNGELA PAGANINI SANTOS SINAR
CRISTIANE DI DONÉ PERONI
9- EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I 21- A LUDICIDADE NOS ANOS INICIAIS
ANGÉLICA RODRIGUES VALENTIN DO ENSINO FUNDALMENTAL
DALVA ROSEMEIRE DA SILVA GALASSI
10- ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPE-
CIALIZADO E AUTISMO 22- A EDUCAÇÃO FÍSICA E SUAS CONTRI-
ÂNGELO STEFANINI MENDES BUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO PSI-
COMOTOR
11- CULTURA AFRO-BRASILEIRA: EX- DENIS RICARDO BEZZERRA
PRESSÕES ARTÍSTICAS, RELIGIOSAS E SO-
CIAIS NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE 23- O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO
NACIONAL INTEGRAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
AURÉLIO BORBA DE OLIVEIRA DIVANICE PEREIRA LIMA

3
24- REGISTRO DE REPRESENTAÇÃO SE- 36- O DOMÍNIO DA LEITURA DE IMAGENS
MIÓTICA NA TEORIA DE RAYMOND DUVAL NO ENSINO DE ARTES VISUAIS ATRAVÉS DA
E MORETTI: IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO FOTOGRAFIA
DE MATEMÁTICA GISELE SOARES
ED CARLOS OLIVEIRA MOTA
37- A IMPORTÂNCIA DOS CANTINHOS
25- AS TÉCNICAS E MÉTODOS DE ENSINO DIFERENCIADOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
DA MATEMÁTICA GLÓRIA RODRIGUES DA SILVA
EDNA DOS SANTOS GALANTE
38- PRÁTICA PEDAGÓGICA E TEA
26- DISCALCULIA – UM DISTÚRBIO EXIS- GRAZIELA REGINATO RIOS
TENTE NO PROCESSO DE ENSINO DA MA-
TEMÁTICA 39- OS CAMINHOS PARA A EQUIDADE
EDSON JOSÉ CAVICHIOLI GRAZIELLA MELITO FACCI

27- AS VIVÊNCIAS COM ARTE NA EDUCA- 40- A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO DURAN-


ÇÃO INFANTIL TE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
ELAINE BERNARDETE DE LIMA IEDA CRISTINA BENEVIDES

28- A ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO 41- O BRINCAR É COISA SÉRIA


INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAIS JOÃO ALEXANDRE DE ANDRADE
ELIANE FELIZARDO SILVA
42- A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGO-
29- A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA EDU- GO COM CRIANÇAS COM TDAH
CAÇÃO INFANTIL JULIANA AFONSO DE ALMEIDA
ELINEIDE VASQUES GUDES
43- AS ARTES VISUAIS E A APRENDIZA-
30- O ESTUDO DA PEDAGOGIA WALDORF GEM SIGNIFICATIVA
FABIANA PEREIRA ACIOLI JULIANA MOREIRA SILVA

31- O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ES- 44- EDUCAÇÃO INCLUSIVA


PECIALIZADO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA JULIANA MORELO MARON
FERNANDA TORTELLI ORLANDI
45- DIREITO DAS CRIANÇAS E ADOLES-
32- ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTA- CENTES À EDUCAÇÃO: A EDUCAÇÃO COMO
ÇÃO NO MEIO ESCOLAR UM MEIO PARA O PROTAGONISMO INFAN-
FLAVIA NERI ROSA TO-JUVENIL TENDO A MEDIAÇÃO DE CON-
FLITOS E A EDUCAÇÃO RESPEITOSA COMO
33- O ENSINO DA MATEMÁTICA NO EN- FERRAMENTAS
SINO MÉDIO LÍGIA DE SOUZA BERTOGNE DE ANDRADE
GABRIEL MASCARENHAS SANTOS
46- A CULTURA INDIGENA EDUCACIO-
34- O DIREITO DAS MULHERES AO VOTO NAL E SUAS CONCEPÇÕES
E AS HABILIDADES DA BASE NACIONAL CO- LILIAN ALVES PRECRIMO
MUM CURRICULAR (BNCC)
GILDO FERREIRA SANTOS 47- O CURRÍCULO EDUCACIONAL BRASI-
LEIRO
35- OS IMPACTOS DAS RELAÇÕES AFE- LILIAN SOARES MAGALHÃES RODRIGUES
TIVAS ENTRE ALUNOS E PROFESSORES NO
PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM 48- A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE
NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDA- NA APRENDIZAGEM
MENTAL LILIANE PIRES DE OLIVEIRA FRANÇA
GISELE OLIVEIRA DE BRITO

4
49- O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO 61- JOGOS E BRINCADEIRAS
INFANTIL: IMPORTÂNCIA DOS BRINQUE- NAYARA RODRIGUES
DOS, BRINCADEIRAS E JOGOS
LUCELI FREITAS PASSUAN 62- O USO DE PARQUES ADAPTADOS
PARA CRIANÇAS
50- A FUNÇÃO DO ATELIÊ NA EDUCAÇÃO NILCE TELINI DE MELO
INFANTIL
LUCIANA RUFINO 63- INFÂNCIA E NATUREZA: O BRINCAR
HEURÍSTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
51- A CRIANÇA EM CONTATO COM A NA- PAMELA CRISTINA AMARAL DOS SANTOS
TUREZA NA PRIMEIRA INFÂNCIA
LUCIMEIRE GIMENES LEON 64- RODA DE HISTÓRIAS PARA BEBÊS
PATRÍCIA DA SILVA OLIVEIRA
52- A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA
NA INFÂNCIA E O IMPACTO NA VIDA ADUL- 65- OS JOGOS COMO ESTIMULADORES
TA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
LUCINEIDE DA CONCEIÇÃO GENTIL PAULA MARIA DA SILVA

53- DIREITO EDUCACIONAL BRASILEIRO 66- AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFAN-


MARCELA CRISTINA MARCUCCI DE FREITAS TIL
PRISCILENE RAMOS DA SILVA SANTOS
54- DESCONSTRUINDO PRECONCEITOS
E CONSTRUINDO IGUALDADE: O CAMINHO 67- EDUCAÇÃO COMO DIREITO SOCIAL:
DA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DEMOCRÁ-
MARCIA GONÇALVES CARVALHO TICA, SOBRETUDO NA ESCOLA PÚBLICA,
PARA O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS
55- A PEDAGOGIA E A PSICOMOTRICIDA- PÚBLICAS E CIDADANIA
DE: UMA CONVERSA SOBRE A IMPORTÂN- RAQUEL DE SOUZA NASCIMENTO
CIA DO DESENVOLVIMENTO PARA ALUNOS
COM TDAH 68- CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA
COGNITIVA NA EDUCAÇÃO DA PRIMEIRA
MARIA MADALENA IOVONOVICH INFÂNCIA
56- O BRINCAR E IMAGINAR NA EDUCA- REGINA LOPES DE LIMA BALDI
ÇÃO INFANTIL
MARIA ODETE RIBEIRO DOS SANTOS 69- BULLYING: REALIDADE E PERSPECTI-
VA NO AMBIENTE EDUCACIONAL
57- ENSINO DE HISTÓRIA AFRO-BRASI- RENATA RODRIGUES DE LIMA
LEIRA: UMA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS 70- A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
MARTA GOMES DE LIMA FORMAÇÃO DE LEITORES O EDUCADOR
COMO AGENTE TRANSFORMADOR
58- O TRABALHO DOCENTE NA PRÉ-ES- ROBERTA SCHMID TUCKMANTEL
COLA
MICHELE DA SILVA ANDRADE SOUSA 71- AS INTERFACES DAS ARTES NA EDU-
CAÇÃO INFANTIL
59- JOGOS DIDÁTICOS; UMA PROPOSTA ROBERTA YOSHIHARA
PARA FAVORECER A APRENDIZAGEM
MICHELY COSTA FARIAS 72- A INFLUÊNCIA DO MIGRANTE NOR-
DESTINO NO MUNICÍPIO DE ITAQUAQUE-
60- A ARTETERAPIA E SUAS CONTRIBUI- CETUBA
ÇÕES PARA CRIANÇAS COM TEA E NECESSI- RODRIGO DA SILVA ALEIXO
DADES ESPECIAIS
NATÁLIA DE SOUZA LIMA

5
73- O DIREITO EDUCACIONAL NO BRA- 85- PEDAGOGIA HOSPITALAR
SIL SUZANA KELLY ALMEIDA DO NASCIMENTO
ROGÉRIO GONÇALVES LOPES
86- OS RETROCESSOS DAS NOVAS DIRE-
74- A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS NA TRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA
EDUCAÇÃO INFANTIL FORMAÇÃO DE PROFESSORES
ROSANGELA MARIA DOS SANTOS TAÍS PATRÍCIA VIEGAS DE ANDRADE

75- O CONTEÚDO NO PROCESSO ENSI- 87- A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL


NO APRENDIZAGEM TAMARA DA SILVA BONFIM FERREIRA
ROSENILDA BESSA DE JESUS BRANDÃO
88- O BRINCAR COMO FERRAMENTA PE-
76- A LINGUAGEM MUSICAL COMO FER- DAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RAMENTA DE APRENDIZAGEM NA EDUCA- TÂNIA NASCIMENTO SODRÉ DIAS
ÇÃO INFANTIL
SANDRA IZABEL ADÃO SALVIANO 89- HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
TATIANE DE SOUZA PRADO
77- ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO IN-
FANTIL 90- O DEFICIENTE AUDITIVO E A INCLU-
SANDRA TAINO SÃO NO MERCADO DE TRABALHO
VILMA OLIVEIRA DA SILVA
78- DANÇATERAPIA: A ARTE DO MOVI-
MENTO PARA O DESENVOLVIMENTO HU- 91- O BRINCAR HEURÍSTICO
MANO VIVIANE BATISTA DE CARVALHO
SELENI OLBERGA DE OLIVEIRA
92- EDUCAÇÃO INFANTIL: DESENVOLVI-
79- REFLEXÕES ACERCA DA FORMAÇÃO MENTO DA LINGUAGEM PELA ALFABETIZA-
DOCENTE ÇÃO E LETRAMENTO
SELMA JORGE COSTA MIRANDA ZILDA ARAÚJO DA SILVA DIAS

80- A EDUCAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTI-


CA EDUCATIVA NOS PRIMEIROS ANOS ES-
COLARES
SIMONE MOLINA DA PAIXÃO

81- A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO IN-


FANTIL
SOLANGE BEZERRA TORRES PRADO

82- CULTURA INDÍGENA E PATRIMÔNIO


CULTURAL EM SALA DE AULA: UMA PERS-
PECTIVA PRÁTICA
SÔNIA REGINA DE JESUS BARBOSA

83- OS IMPACTOS DAS TELAS NA EDUCA-


ÇÃO INFANTIL
SONIA REGINA RIBEIRO GONZALEZ

84- O PROTAGONISMO ESTUDANTIL


DOS ESTUDANTES TRANSGÊNERO
SORAIA SANTANA MOTA

6
9
SUMÁRIO
1- A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO 11- CULTURA AFRO-BRASILEIRA: EX-
E LETRAMENTO COMO PRÁTICAS EDUCA- PRESSÕES ARTÍSTICAS, RELIGIOSAS E SO-
CIONAIS CIAIS NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
ADRIANA AMANDA DOS SANTOS BISPO.............18 NACIONAL
AURÉLIO BORBA DE OLIVEIRA..............................84
2- O ENSINO DE ARTE NA EDUCAÇÃO
12- O CUIDAR E O EDUCAR NA EDUCA-
INFANTIL: TEORIA E PRÁTICA
ÇÃO INFANTIL
ALDENICE JOSÉ DOS SANTOS ARRUDA...............26
AURISTELIA DE SANTANA SOUSA.........................92

3- A INFLUÊNCIA DAS ARTES VISUAIS


13- DESENVOLVIMENTO SOCIOEMOCIO-
NA EDUCAÇÃO INFANTIL NAL DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES
ALESSANDRA BIZACO............................................31 CARLA APARECIDA RULIM FERRARI.....................98

4- A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA 14- EDUCAÇÃO ESPECIAL: INCLUSÃO DA


INFANTIL NA FORMAÇÃO DOS PEQUENOS DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
LEITORES CARLA CRISTINA GONZAGA VALDO...................103
ALINE ISIDORO DE FRANÇA..................................39
15- O TEMPO E O ESPAÇO NA EDUCAÇÃO
5- O TRABALHO DOCENTE NA EDUCA- INFANTIL
ÇÃO INFANTIL E O CURRÍCULO DA CIDADE CARMEM SANTOS REIS.......................................110
ANA ARAÚJO OLIVEIRA GONÇALVES....................45
16- O CORPO, O MOVIMENTO E A IM-
PORTÃNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
6- A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA
CÍNTIA DA CRUZ RAMOS PINTO..........................116
EM ESCOLAS DEMOCRÁTICAS
ANA LUCIA PIMENTEL DO NASCIMENTO................52
17- MEIO AMBIENTE E A IMPORTÂNCIA
DA ÁGUA
7- O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCA-
CLAUDEMIR NUNES GUALBERTO......................122
ÇÃO INCLUSIVA
ANA PAULA PINCERNI FANTONI..........................59 18- A ARTE E A EDUCAÇÃO ESPECIAL
CLÁUDIA SIMÃO LEITE.........................................126
8- INFLUÊNCIAS DO USO EXCESSIVO DE
TELAS DURANTE A PRIMEIRA INFÂNCIA 19- A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ÂNGELA PAGANINI SANTOS.................................64 CRISTIANE DE NOVAIS.........................................131

9- EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ANOS 20- PROGRAMAÇÃO NEUROLÍNGUISTI-


INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL I CA: SEU POTENCIAL PARA APRENDER E EN-
ANGÉLICA RODRIGUES VALENTIN.......................71 SINAR
CRISTIANE DI DONÉ PERONI..............................139
10- ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPE-
21- A LUDICIDADE NOS ANOS INICIAIS
CIALIZADO E AUTISMO
DO ENSINO FUNDALMENTAL
ÂNGELO STEFANINI MENDES.........................................76
DALVA ROSEMEIRE DA SILVA GALASSI..............145

11
22- A EDUCAÇÃO FÍSICA E SUAS CONTRI- 34- O DIREITO DAS MULHERES AO VOTO
BUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO PSI- E AS HABILIDADES DA BASE NACIONAL CO-
COMOTOR MUM CURRICULAR (BNCC)
DENIS RICARDO BEZZERRA................................152 GILDO FERREIRA SANTOS...................................228

23- O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO 35- OS IMPACTOS DAS RELAÇÕES AFE-


INTEGRAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL TIVAS ENTRE ALUNOS E PROFESSORES NO
PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM
DIVANICE PEREIRA LIMA.....................................157
NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDA-
MENTAL
24- REGISTRO DE REPRESENTAÇÃO SE- GISELE OLIVEIRA DE BRITO.................................234
MIÓTICA NA TEORIA DE RAYMOND DUVAL
E MORETTI: IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO 36- O DOMÍNIO DA LEITURA DE IMAGENS
DE MATEMÁTICA NO ENSINO DE ARTES VISUAIS ATRAVÉS DA
ED CARLOS OLIVEIRA MOTA...............................163 FOTOGRAFIA
GISELE SOARES....................................................239
25- AS TÉCNICAS E MÉTODOS DE ENSINO
DA MATEMÁTICA 37- A IMPORTÂNCIA DOS CANTINHOS
EDNA DOS SANTOS GALANTE...............................................170 DIFERENCIADOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
GLÓRIA RODRIGUES DA SILVA...........................247
26- DISCALCULIA – UM DISTÚRBIO EXIS-
TENTE NO PROCESSO DE ENSINO DA MATE- 38- PRÁTICA PEDAGÓGICA E TEA
MÁTICA GRAZIELA REGINATO RIOS.................................253
EDSON JOSÉ CAVICHIOLI.....................................178
39- OS CAMINHOS PARA A EQUIDADE
GRAZIELLA MELITO FACCI.......................................260
27- AS VIVÊNCIAS COM ARTE NA EDUCA-
ÇÃO INFANTIL
40- A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO DURAN-
ELAINE BERNARDETE DE LIMA...........................184
TE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
IEDA CRISTINA BENEVIDES.................................266
28- A ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL E NAS SÉRIES INICIAIS 41- O BRINCAR É COISA SÉRIA
ELIANE FELIZARDO SILVA............................................190 JOÃO ALEXANDRE DE ANDRADE........................271

29- A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA EDU- 42- A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGO-


CAÇÃO INFANTIL GO COM CRIANÇAS COM TDAH
ELINEIDE VASQUES GUDES.................................197 JULIANA AFONSO DE ALMEIDA..........................276

30- O ESTUDO DA PEDAGOGIA WALDORF 43- AS ARTES VISUAIS E A APRENDIZA-


FABIANA PEREIRA ACIOLI....................................203 GEM SIGNIFICATIVA
JULIANA MOREIRA SILVA.....................................282
31- O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ES-
PECIALIZADO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA 44- EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FERNANDA TORTELLI ORLANDI.........................209 JULIANA MORELO MARON.........................................288

32- ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTA- 45- DIREITO DAS CRIANÇAS E ADOLES-


ÇÃO NO MEIO ESCOLAR CENTES À EDUCAÇÃO: A EDUCAÇÃO COMO
FLAVIA NERI ROSA...............................................215 UM MEIO PARA O PROTAGONISMO INFAN-
TO-JUVENIL TENDO A MEDIAÇÃO DE CON-
33- O ENSINO DA MATEMÁTICA NO EN- FLITOS E A EDUCAÇÃO RESPEITOSA COMO
SINO MÉDIO FERRAMENTAS
GABRIEL MASCARENHAS SANTOS.....................223 LÍGIA DE SOUZA BERTOGNE DE ANDRADE......295

12
46- A CULTURA INDIGENA EDUCACIO- 57- ENSINO DE HISTÓRIA AFRO-BRASI-
NAL E SUAS CONCEPÇÕES LEIRA: UMA AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS
LILIAN ALVES PRECRIMO..............................................299 PÚBLICAS
MARTA GOMES DE LIMA.....................................369
47- O CURRÍCULO EDUCACIONAL BRASI-
LEIRO 58- O TRABALHO DOCENTE NA PRÉ-ES-
LILIAN SOARES MAGALHÃES RODRIGUES........304 COLA
MICHELE DA SILVA ANDRADE SOUSA...............374
48- A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE
NA APRENDIZAGEM 59- JOGOS DIDÁTICOS; UMA PROPOSTA
LILIANE PIRES DE OLIVEIRA FRANÇA.......................311 PARA FAVORECER A APRENDIZAGEM
MICHELY COSTA FARIAS......................................380
49- O LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL: IMPORTÂNCIA DOS BRINQUE-
60- A ARTETERAPIA E SUAS CONTRIBUI-
DOS, BRINCADEIRAS E JOGOS
ÇÕES PARA CRIANÇAS COM TEA E NECESSI-
LUCELI FREITAS PASSUAN..................................317
DADES ESPECIAIS
NATÁLIA DE SOUZA LIMA...................................388
50- A FUNÇÃO DO ATELIÊ NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
61- JOGOS E BRINCADEIRAS
LUCIANA RUFINO.................................................324
NAYARA RODRIGUES................................................393

51- A CRIANÇA EM CONTATO COM A NA-


TUREZA NA PRIMEIRA INFÂNCIA 62- O USO DE PARQUES ADAPTADOS
LUCIMEIRE GIMENES LEON................................329 PARA CRIANÇAS
NILCE TELINI DE MELO........................................397
52- A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA
NA INFÂNCIA E O IMPACTO NA VIDA ADUL- 63- INFÂNCIA E NATUREZA: O BRINCAR
TA HEURÍSTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LUCINEIDE DA CONCEIÇÃO GENTIL..................337 PAMELA CRISTINA AMARAL DOS SANTOS........402

53- DIREITO EDUCACIONAL BRASILEIRO 64- RODA DE HISTÓRIAS PARA BEBÊS


MARCELA CRISTINA MARCUCCI DE FREITAS.....344 PATRÍCIA DA SILVA OLIVEIRA..............................408

54- DESCONSTRUINDO PRECONCEITOS 65- OS JOGOS COMO ESTIMULADORES


E CONSTRUINDO IGUALDADE: O CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
DA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA PAULA MARIA DA SILVA......................................414
MARCIA GONÇALVES CARVALHO...............................352
66- AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFAN-
55- A PEDAGOGIA E A PSICOMOTRICIDA- TIL
DE: UMA CONVERSA SOBRE A IMPORTÂN- PRISCILENE RAMOS DA SILVA SANTOS.............418
CIA DO DESENVOLVIMENTO PARA ALUNOS
COM TDAH 67- EDUCAÇÃO COMO DIREITO SOCIAL:
MARIA MADALENA IOVONOVICH..............................359 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DEMOCRÁ-
TICA, SOBRETUDO NA ESCOLA PÚBLICA,
56- O BRINCAR E IMAGINAR NA EDUCA- PARA O DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS
ÇÃO INFANTIL
PÚBLICAS E CIDADANIA
MARIA ODETE RIBEIRO DOS SANTOS......................364
RAQUEL DE SOUZA NASCIMENTO.....................424

13
68- CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA 79- REFLEXÕES ACERCA DA FORMAÇÃO
COGNITIVA NA EDUCAÇÃO DA PRIMEIRA DOCENTE
INFÂNCIA SELMA JORGE COSTA MIRANDA........................492
REGINA LOPES DE LIMA BALDI..........................428

80- A EDUCAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTI-


69- BULLYING: REALIDADE E PERSPECTI-
CA EDUCATIVA NOS PRIMEIROS ANOS ES-
VA NO AMBIENTE EDUCACIONAL
RENATA RODRIGUES DE LIMA..............................434 COLARES
SIMONE MOLINA DA PAIXÃO.............................499
70- A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
FORMAÇÃO DE LEITORES O EDUCADOR 81- A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO IN-
COMO AGENTE TRANSFORMADOR FANTIL
ROBERTA SCHMID TUCKMANTEL........................439 SOLANGE BEZERRA TORRES PRADO.................505

71- AS INTERFACES DAS ARTES NA EDU-


82- CULTURA INDÍGENA E PATRIMÔNIO
CAÇÃO INFANTIL
CULTURAL EM SALA DE AULA: UMA PERS-
ROBERTA YOSHIHARA.........................................444
PECTIVA PRÁTICA
72- A INFLUÊNCIA DO MIGRANTE NOR- SÔNIA REGINA DE JESUS BARBOSA...................510
DESTINO NO MUNICÍPIO DE ITAQUAQUE-
CETUBA 83- OS IMPACTOS DAS TELAS NA EDUCA-
RODRIGO DA SILVA ALEIXO................................450 ÇÃO INFANTIL
SONIA REGINA RIBEIRO GONZALEZ..................515
73- O DIREITO EDUCACIONAL NO BRA-
SIL
84- O PROTAGONISMO ESTUDANTIL
ROGÉRIO GONÇALVES LOPES............................454
DOS ESTUDANTES TRANSGÊNERO
74- A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS NA SORAIA SANTANA MOTA....................................522
EDUCAÇÃO INFANTIL
ROSANGELA MARIA DOS SANTOS.....................461 85- PEDAGOGIA HOSPITALAR
SUZANA KELLY ALMEIDA DO NASCIMENTO.....529
75- O CONTEÚDO NO PROCESSO ENSI-
NO APRENDIZAGEM 86- OS RETROCESSOS DAS NOVAS DIRE-
ROSENILDA BESSA DE JESUS BRANDÃO..................467
TRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
76- A LINGUAGEM MUSICAL COMO FER-
TAÍS PATRÍCIA VIEGAS DE ANDRADE.................537
RAMENTA DE APRENDIZAGEM NA EDUCA-
ÇÃO INFANTIL
SANDRA IZABEL ADÃO SALVIANO.....................476 87- A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
TAMARA DA SILVA BONFIM FERREIRA...............543
77- ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO IN-
FANTIL 88- O BRINCAR COMO FERRAMENTA PE-
SANDRA TAINO....................................................481 DAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
TÂNIA NASCIMENTO SODRÉ DIAS.....................549
78- DANÇATERAPIA: A ARTE DO MOVI-
MENTO PARA O DESENVOLVIMENTO HU-
89- HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
MANO
SELENI OLBERGA DE OLIVEIRA............................487 TATIANE DE SOUZA PRADO...............................556

14
90- O DEFICIENTE AUDITIVO E A INCLU-
SÃO NO MERCADO DE TRABALHO
VILMA OLIVEIRA DA SILVA...................................565

91- O BRINCAR HEURÍSTICO


VIVIANE BATISTA DE CARVALHO........................570

92- EDUCAÇÃO INFANTIL: DESENVOLVI-


MENTO DA LINGUAGEM PELA ALFABETIZA-
ÇÃO E LETRAMENTO
ZILDA ARAÚJO DA SILVA DIAS.............................574

15
ARTIGOS
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COMO PRÁTICAS EDUCACIONAIS
ADRIANA AMANDA DOS SANTOS BISPO

RESUMO: in which he can contribute to social transfor-


mation. To explain the failure that occurs at
O permanente desafio, enfrentado the beginning of schooling, in which a large
mundialmente, para a universalização do contingent of students are not literate, social,
letramento do acesso pleno as habilidades economic, cultural and educational causes
e práticas de leitura e de escrita está intima- are being evoked.
mente relacionado com outro desafio: o de
avaliar e medir o avanço em direção a essa Keywords: Pedagogical; Literacy; Lite-
meta. Dados tornam se assim, necessários, racy.
tanto para evidenciar se os objetivos estão
sendo alcançados como para estabelecer po-
líticas ou controlar programas de alfabetiza- INTRODUÇÃO
ção e letramento. Por essa razão, desde esco-
las até instituições e organizações nacionais e Letramento e a palavra recém-chega-
internacionais estão continuamente buscan- da ao vocabulário da educação e das ciências
do dados e produzindo índices e estatísticas linguísticas: e na segunda metade dos anos
sobre níveis de domínio de habilidades de lei- 80, há cerca de apenas dez anos, portanto,
tura e de escrita e de uso de práticas sociais que ela surge no discurso dos especialistas
que envolvem a escrita, por meio de avalia- dessas áreas.
ções e medições. Concluindo que é possível A escrita, tal como a conhecemos hoje,
atingir a qualidade da educação nas classes desenvolveu se por necessidade econômica
de alfabetização, com práticas educacionais e administrativa e, desde o princípio, foi uma
que utilizem diferentes metodologias, que forma de poder político e religioso. A escrita
proporcionem tanto o desenvolvimento da desenvolveu se de variadas formas, num pro-
alfabetização quanto o desenvolvimento do cesso gradual de ressignificação da realida-
letramento de cada sujeito, no qual ele possa de, e esse fato demandou um processo que
contribuir para a transformação social. Para levou a escrita a relacionar-se de forma mais
explicar o fracasso que ocorre logo no início próxima com o oral.
da escolarização, em que um grande contin-
gente dos alunos não é alfabetizado, estão A palavra letramento ainda não está
sendo evocadas causas de natureza social, dicionarizada porque foi introduzida muitos
econômica, cultural e educacional. recentemente na língua portuguesa, tanto
Palavras-chave: Pedagógicas; Alfabeti- que quase podemos datar com precisão sua
zação; Letramento. entrada na nossa língua, identificar quando
e onde essa palavra foi usada pela primeira
vez. Depois da referência de Mary Kato, em
1986, a palavra letramento aparece em 1988,
ABSTRACT no livro que, pode se dizer, definição de le-
The permanent challenge, faced worl- tramento e busca distinguir letramento de
dwide, for the universalization of literacy alfabetização.
and full access to reading and writing skills Socialmente e culturalmente, a pessoa
and practices is closely related to another letrada já não e a mesma que era quando
challenge: that of evaluating and measuring analfabeta ou iletrada, ela passa a ter outra
progress towards this goal. Data are therefo- condição social e cultural não se trata pro-
re necessary both to show whether the ob- priamente de mudar de nível ou de classe so-
jectives are being achieved and to establish cial, cultural, mas de mudar seu lugar social,
policies or control literacy programs. For this seu modo de viver na sociedade, sua inserção
reason, from schools to national and interna- na cultura sua relação com os outros, com o
tional institutions and organizations are con- contexto, com os bens culturais torna se di-
tinuously searching for data and producing ferente. Há a hipótese que torna se letrado
indexes and statistics on levels of mastery of e também torna se cognitivamente diferente:
reading and writing skills and the use of social a pessoa passa a ter uma forma de pensar
practices that involve writing, through asses- diferente da forma de pensar de uma pessoa
sments and measurements. Concluding that analfabeta ou iletrada.
it is possible to achieve the quality of educa-
tion in literacy classes, with educational prac- Torna se letrado traz, também, con-
tices that use different methodologies, which sequências linguísticas: alguns estudos tem
provide both the development of literacy and mostrado que o letrado fala de forma dife-
the development of literacy of each subject, rente do iletrado e do analfabeto, por exem-

18
plo: pesquisas que caracterizam a língua oral racterizam a qualidade da educação, logo, a
de adultos antes de serem alfabetizados e a escola não somente influência a sociedade,
comparam com a língua oral que usavam de- mas também é por ela influenciada, ou seja,
pois de alfabetizados concluíram que, após este conjunto de possíveis causas que estão
aprender a ler e a escrever, esses adultos dentro e no entorno da escola, realmente,
passaram a falar de forma diferente, eviden- afetam o ensino-aprendizagem há algumas
ciando que o convívio com a língua escrita décadas, a principal causa que apontava para
teve como consequências mudanças no uso a baixa qualidade da alfabetização era o ensi-
da língua oral, nas estruturas linguísticas e no no fundamentado na Pedagogia Tradicional.
vocabulário.
Atualmente, entre outros fatores que
envolvem um bom ensinoaprendizagem, as
principais causas estão ligadas à perda da es-
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS QUE pecificidade da alfabetização, devido à com-
CONCILIAM ALFABETIZAÇÃO E LETRA- preensão equivocada de novas perspectivas
MENTO teóricas e suas metodologias, que foram
O que explica o surgimento recente surgindo em contraposição ao tradicional, e
dessa palavra? Novas palavras são criadas a grande abrangência que se tem dado ao
(ou a velhas palavras da se um novo sentido) termo alfabetização. Magda Soares, em seu
quando emergem novos fatos, novas ideias, artigo Letramento e Alfabetização: as muitas
novas maneiras de compreender os fenôme- facetas (2003), a expansão do significado de
nos. Que novo fato, ou nova ideia, ou nova alfabetização em direção ao conceito de le-
maneira de compreender a presença da es- tramento, levou à perda de sua especificida-
crita no mundo social trouxe a necessidade de.
desta nova palavra, letramento. O termo Al- [...] no Brasil a discussão do letra-
fabetização, segundo Soares (2007), etimo- mento surge sempre enraizada no conceito
logicamente, significa: levar à aquisição do de alfabetização, o que tem levado, apesar
alfabeto, ou seja, ensinar a ler e a escrever. da diferenciação sempre proposta na pro-
Assim, a especificidade da Alfabetização é a dução acadêmica, a uma inadequada e in-
aquisição do código alfabético e ortográfico, conveniente fusão dos dois processos, com
através do desenvolvimento das habilidades prevalência do conceito de letramento, [...] o
de leitura e de escrita. que tem conduzido a certo apagamento da
Na história do Brasil, a alfabetização alfabetização que, talvez com algum exagero,
ganha força, principalmente, após a Procla- denomino desinfeção da alfabetização [...].
mação da República, com a institucionaliza- (SOARES, 2003, p.8).
ção da escola e com o intuito de tornar as Essa fusão dos dois processos, que
novas gerações aptas à nova ordem política leva à chamada “desinfeção da alfabetização”,
e social. A escolarização, mais especificamen- aliada à interpretação equivocada das novas
te a alfabetização, se tornou instrumento de perspectivas teóricas acarretou na prática a
aquisição de conhecimento, de progresso e negação de qualquer atividade que visasse
modernização do país. (MORTATTI, 2006) à aquisição do sistema alfabético e ortográ-
Com o passar do tempo muito se de- fico, como o ensino das relações entre letras
senvolveu no campo da alfabetização, sur- e sons, o desenvolvimento da consciência
giram conceitos, teorias, metodologias etc. fonológica e o reconhecimento das partes
Porém, mesmo com toda evolução, o Brasil menores das palavras, como as sílabas, pois
e outros países não desenvolvidos, ainda en- eram vistos como tradicionais.
frentam um problema de muita relevância: a Passou-se a acreditar que o aluno
qualidade da educação básica, especialmen- aprenderia o sistema simplesmente pelo
te, a dos anos iniciais do ensino fundamental. contato com a cultura letrada, como se ele
São evidências dessa baixa qualidade os índi- pudesse aprender sozinho o código, sem en-
ces de fracasso, reprovação e evasão escolar, sino explícito e sistemático. Atualmente, se
que nunca deixaram de se perpetuar nestas reconhece a importância de se usar algumas
sociedades. práticas da escola tradicional, que são en-
Este problema tão concreto, histori- tendidas como as facetas da alfabetização
camente, já foi muito abordado. Artigos aca- segundo Soares, assim como os equívocos
dêmicos tentaram indicar possíveis causas de compreensão do construtivismo foram
desta baixa qualidade, colocando a “culpa”, percebidos e ajustados e muitos aspectos da
às vezes, no método utilizado, no aluno que escola nova tidos como essenciais. Com tudo
apresenta muitas dificuldades, na má for- isso, não se pode negar uma prática ou outra,
mação do professor, nas condições sociais só por ela estar fundamentada em uma ou
desfavoráveis ou, ainda, em outras causas di- em outra concepção, mas, sim, avaliar quais
versas. Enfim, foram muitas as tentativas de são as suas contribuições e se convêm serem
superação, embora, nenhuma apresentasse utilizadas para um processo de alfabetização
grande êxito. (Mortatti, 2006) significativa.
Com certeza, esses estudos foram de Dermeval Saviani, em seu livro Escola
muita valia, pois todos os fatores citados ca- e Democracia (2008), apresenta que aspectos

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da escola tradicional são importantes para a em qualquer idioma, não sendo assim con-
educação. Com a teoria da curvatura da vara, sideradas aquelas que apenas assinassem o
ele mostra que para a educação ter mais próprio nome.” (FERRARO, 2002, p. 31).
qualidade, a “vara” deve permanecer reta, e
não curvada para a teoria nova, nem para a Como se observa, a definição de anal-
teoria tradicional, mas sim, alinhada. E ainda fabetismo, ou as formas de se considerar um
argumenta que uma pedagogia comprome- indivíduo analfabeto, vem sofrendo altera-
tida com a qualidade educacional e voltada ções com o passar dos anos, baseadas nas
para a transformação social, deve incorporar transformações ocorridas no mundo. Esse
aspectos positivos e relevantes da pedagogia processo de mudanças tecnológicas fez sur-
tradicional e da pedagogia nova, de modo gir novas e diferentes formas de leitura e es-
que o ponto de partida seja a prática social crita, suscitando o debate segundo o qual so-
sincrética e o de chegada uma prática social mente a capacidade de decifrar letras, isto é,
transformada. estar alfabetizado, não seria suficiente para
participar efetivamente da vida na sociedade
Assim, se faz necessário resgatar a sig- moderna. No Brasil, este fenômeno foi discu-
nificação verdadeira da alfabetização e deli- tido por diferentes autores que perceberam
near corretamente o conceito de letramento, e vivenciavam a necessidade da ampliação
de forma que eles não se fundam e nem se do conceito de alfabetização e buscaram por
confundam, apesar de, como já foi dito, ne- um termo que pudesse explicar o processo
cessitarem acontecer de maneira inter-rela- que envolvesse, além do acesso ao sistema
cionada. Com uma prática educativa que faça linguístico, às demandas por práticas sociais
uma aliança entre alfabetização e letramen- de leitura e escrita.
to, sem perder a especificidade de cada um
dos processos, sempre fazendo relação entre Nos anos 80, Ferreiro (1996), em seus
conteúdo e prática e que, fundamentalmen- estudos sobre a psicogênese da língua escri-
te, tenha por objetivo a melhor formação do ta, contrapondo-se a uma educação restritiva
aluno. como a dos métodos, ressalta a necessidade
de ultrapassar o sentido restrito de alfabe-
De acordo com Soares, 2003, a palavra tização como mera aquisição do código. De
letramento é de uso ainda recente e significa acordo com a referida autora, precisaríamos
o processo de relação das pessoas com a cul- de um termo para definir:
tura escrita. Assim, não é correto dizer que
uma pessoa é iletrada, pois todas as pessoas [...] algo que envolve mais que apren-
estão em contato com o mundo escrito. Mas, der a produzir marcas [...] algo que é mais que
se reconhece que existem diferentes níveis decifrar marcas feitas pelos outros, porque é
de letramento, que podem variar conforme a também interpretar mensagens [...]; algo que
realidade cultural. também supõe conhecimento acerca deste
objeto tão complexo – a língua escrita – que
Este termo ganha espaço a partir da se apresenta em uma multiplicidade de usos
constatação de uma problemática na educa- sociais (FERREIRO op. cit., p.79).
ção, pois através de pesquisas, avaliações e
análises realizadas, chegou- se à conclusão A preocupação com a ampliação do
de que nem sempre o ato de ler e escrever conceito de alfabetização pôde também ser
garante que o indivíduo compreenda o que observada em texto publicado por Soares em
lê e o que escreve. 19859, no qual se verifica a diferenciação de
dois processos: um refere-se à aquisição da
O termo letramento surgiu no mundo língua e o outro ao desenvolvimento da lín-
moderno complementando o conceito de al- gua.
fabetização, uma vez que este se tornou in-
satisfatório. Isto porque nossa sociedade é No que se refere à aquisição da língua
centrada no uso da escrita e exigem de seus escrita, “seria um processo de representação
indivíduos diversas formas de exercer as de fonemas em grafemas (escrever) e de gra-
práticas sociais de leitura e escrita. Assim, a femas em fonemas (ler)”. Em contrapartida,
noção de letramento foi sendo incorporada o desenvolvimento da língua requer a “com-
como uma forma de explicar e acompanhar o preensão/expressão de significados”. Para a
desenvolvimento social, econômico e cultural autora, no entanto, o processo de alfabetiza-
do país e do mundo. Para indicar o desenvol- ção seria a combinação destes dois conceitos
vimento socioeconômico, muitos países têm (SOARES, 2008, p.15).
como foco as taxas de analfabetismo. Paulo Freire também compreendia a
Segundo Ferraro (2002), no Brasil, alfabetização numa concepção mais ampla.
desde as primeiras décadas do século XX, es- Em seu livro “A importância do ato de ler”
sas taxas eram observadas a partir de ava- (1988), o autor discute as questões relativas
liações censitárias, as quais tomavam como à leitura e define-a como um processo que
indicadores de alfabetização, a assinatura do vai além da significação das letras. Nas pala-
próprio nome. Somente no censo de 1950, vras do autor “a leitura de mundo precede a
por influência da UNESCO que o conceito de leitura da palavra”. Em consonância com os
alfabetizado passou a representar a capaci- estudos atuais do letramento, o referido au-
dade de “ler e escrever um simples bilhete tor defende uma educação que seja capaz de
transformar o homem e de conscientizá-lo.

20
Isso implica em uma educação como prática usuário do texto.
de libertação, um projeto político capaz de
desenvolver a consciência crítica dos alunos, Para exemplificar essa situação no
levando-os a analisar os problemas de forma país, destaca-se Salla, 2011, que traz o resul-
a superá-los. tado da prova de leitura do PISA de 2009, no
qual metade dos avaliados obteve no máxi-
Soares (2008) propõe o uso do termo mo nota de proficiência. Deve-se cuidar para
“alfabetismo” para definir mais precisamente não privilegiar um ou outro processo (alfabe-
as características do indivíduo que não so- tização/letramento) e entender que eles são
mente sabe ler e escrever, mas que usa so- processos diferentes, mas, indissociáveis e
cialmente esta função. A autora ressalta que simultâneos. Assim, como descreve Soares
a palavra “analfabetismo” como estado ou (2003, p.11):
condição de analfabeto não possui um cor-
respondente contrário. Assim, o termo “alfa- Entretanto, o que lamentavelmente
betismo” é utilizado para qualificar parece estar ocorrendo atualmente é que a
percepção que se começa a ter, de que, se as
“estado e ou condição que assume crianças estão sendo, de certa forma, letra-
aquele indivíduo que aprende a ler e escre- das na escola, não estão sendo alfabetizadas,
ver” (SOARES, op. cit., p.29). Nesse sentido, parece estar conduzindo à solução de um re-
o termo é utilizado para caracterizar uma torno à alfabetização como processo autôno-
ressignificação do conceito de alfabetização, mo, independente do letramento e anterior a
aproximando ao entendimento do que, atu- ele. SOARES (2003, p.11).
almente, compreendemos por letramento.
Analisando dialeticamente a evolução
No Brasil, o termo surge atrelado ao humana, fica explícito que o homem antes
conceito de alfabetização, isso devido à “ne- mesmo de aprender à escrita, apreende o
cessidade de reconhecer e nomear práticas mundo a sua volta e faz a leitura crítica desse
sociais de leitura e de escrita mais avançadas imenso mundo material. Por isso, é incorreto
e complexas, que as práticas do ler e escrever dizer que uma pessoa é iletrada, mesmo que
resultantes da aprendizagem do sistema de ela ainda não seja alfabetizada, pois ela des-
escrita” (SOARES, 2004, p.6). de o princípio da vida reflete sobre as coisas.
O letramento está intimamente ligado às prá-
A palavra letramento vem do inglês ticas sociais, exigindo do indivíduo, uma visão
literacy, que quer dizer estado ou condição do contexto social em que vive. Isso faz da
daquele que é literate - que possui a habilida- alfabetização uma prática centrada mais na
de de ler e escrever. Letrado é, então, aquele individualidade de cada um e do letramento
que além de saber ler e escrever faz uso com- uma prática mais ampla e social. Assim, ‘’o le-
petente da leitura e da escrita. Letramento é tramento se torna uma forma de entender a
utilizado para designar o resultado da ação si e aos outros, desenvolvendo a capacidade
de ensinar e aprender as práticas sociais de de questionar com fundamento e discerni-
leitura e escrita. mento, intervindo no mundo e combatendo
O termo foi incorporado ao discurso situações de opressão’’. (Freire, 1996).
da pedagogia e da linguística no Brasil a par- Nesse sentido, destacamos o papel do
tir da metade dos anos 80. Conforme consta- professor dentro desse processo. Este pro-
ta Kleiman (1995), foi utilizado pela primeira fissional deve acreditar e promover a cons-
vez por Kato (1986) em seu livro “No mundo trução de pensamento crítico em si próprio
da escrita: uma perspectiva psicolinguística”. e em seus alunos. Partindo das reflexões de
Após essa ocorrência observa-se seu empre- Brandão (2004), sobre a metodologia freiria-
go por diversos autores (cf. Tfouni 1988; Klei- na de se alfabetizar, é possível compreender
man 1995; Rojo 1998; Soares 1998 e outros). a importância da indissociabilidade e simul-
Estas obras contribuíram para as reflexões e taneidade destes dois processos. Em seu
discussões acerca da alfabetização na pers- método de alfabetização, ele propõe que se
pectiva do letramento, buscando caracterizar parta daquilo que é concreto e real para o su-
e viabilizar a compreensão destes dois con- jeito, tornando a aprendizagem significativa,
ceitos por parte dos educadores e pesquisa- mas utilizando também os mecanismos de
dores de um modo geral. Mas foi somente alfabetização.
em 2001, que a palavra foi inserida ao dicio-
nário Houaiss, aproximando sua definição Ele ainda coloca em sua obra Pedago-
aos estudos atuais do letramento. gia da Autonomia (1996), que o sujeito quan-
to mais amplia sua visão de mundo, mais se
Não há como viver num mundo grafo liberta da opressão, ou seja, o sujeito letrado
cêntrico como o nosso e aprender com tex- que já possui seus conhecimentos prévios,
tos desprovidos de sentido e distantes da com um determinado ponto de vista, quan-
realidade. Por isso, as atividades que tratam do alfabetizado, pode modificar seus pensa-
do domínio do sistema alfabético precisam mentos, ampliando-os de forma que passa
acontecer paralelamente àquelas que vi- a refletir criticamente sobre a prática social.
sam o letramento. O importante é que, nos Freire acreditava ser fundamental que as pes-
primeiros anos do Ensino Fundamental, ao soas compreendam o seu lugar no mundo e
mesmo tempo em que o aluno vai se apro- sua função social nele. O professor, portan-
priando do sistema, vá também se tornando

21
to, tem um papel muito importante a reali- É considerado alfabetizado aquele que
zar, para que esse pensamento crítico se de- aprendeu o sistema convencional de uma es-
senvolva em seus alunos. Para Freire (1996, crita alfabética e ortográfica, ou seja, adqui-
p.14): “[...] percebe-se, assim, a importância riu a natureza linguística deste objeto, sendo,
do papel do educador, o mérito da paz com portanto, capaz de ler e escrever. Já o letra-
que viva a certeza de que faz parte de sua ta- do é “não só aquele que sabe ler e escrever,
refa docente não apenas ensinar os conteú- mas aquele que usa socialmente a leitura e a
dos, mas também ensinar a pensar certo.”. escrita, pratica a leitura e a escrita, responde
adequadamente às demandas sociais de lei-
É fundamental que o educador escla- tura e escrita.” (SOARES, op. cit, p.40).
recido de uma realidade de opressão, não
torne o processo de ensino bancário e im- Entretanto sabe-se que o fenômeno
produtivo, mas uma educação que desven- do letramento é complexo, pois abrange uma
de o mundo material e liberte as pessoas da gama de conhecimentos, capacidades, valo-
opressão, como defende Freire (1970). res, usos e funções sociais, sendo desta for-
ma, difícil defini-lo e, sobretudo, avaliá-lo.
Para isso, as práticas de alfabetização
e letramento são necessárias, cada uma com Subjacente a estas proposições, estão
suas especificidades, como explicita Tfouni as duas principais dimensões que se referem
(1995). “Enquanto a alfabetização se ocupa ao letramento: a dimensão individual e a di-
da aquisição da escrita por um indivíduo, ou mensão social. Na dimensão individual o le-
grupo de indivíduos, o letramento focaliza os tramento é visto como um atributo do indiví-
aspectos sócio-histórico da aquisição de um duo, um conjunto de habilidades as quais ele
sistema escrito por uma sociedade.” (TFOU- lança mão para ler e escrever. Desta forma,
NI, 1995 apud MORAES, 2005, p.4). é “simples posse individual das tecnologias
mentais complementares de ler e escrever”
Logo, o letramento vai além do ler e (WAGNER APUD SOARES, 2006, p.66).
escrever, ele tem sua função social, enquan-
to a alfabetização encarrega-se em preparar A dimensão social compreende o le-
o indivíduo para a leitura e um desenvolvi- tramento não somente como um atributo
mento maior do letramento do sujeito. Nes- pessoal, mas como uma prática social que
sa perspectiva, alfabetização e letramento se está relacionada ao contexto histórico e so-
completam e enriquecem o desenvolvimento cial dos indivíduos. Pode-se dizer que é aqui-
do aluno. lo que as pessoas fazem ou como utilizam a
leitura e a escrita no ambiente em que vivem,
Alfabetizar letrando é uma prática ne- no seu dia a dia. Ainda para Soares (2006), na
cessária nos dias atuais, para que se possa dimensão social do letramento, encontramos
atingir a educação de qualidade e produzir interpretações conflitantes sobre as quais ele
um ensino, em que os educandos não sejam pode ser compreendido. Existe, assim, a ver-
apenas uma caixa de depósito de conheci- são fraca ou liberal e a versão forte ou revo-
mentos, mas que venham a serem seres pen- lucionária.
santes e transformadores da sociedade.
A versão fraca compreende as habili-
Práticas Pedagógicas que conciliam dades e conhecimentos que os indivíduos ad-
alfabetização e letramento Um ponto pri- quirem como necessárias para funcionarem
mordial ao se tratar de prática pedagógica é adequadamente em determinado contexto
reconhecer que os alunos já possuem conhe- social. Assim como é apresentado pelo mo-
cimentos prévios, assim, é importante que delo autônomo
os professores façam um diagnóstico do co-
nhecimento de seus alunos, para saberem de (Street apud Kleiman, 1995, p. 21), em
onde devem partir e planejar suas atividades. que o letramento está associado “quase que
Partindo da prática social, o conteúdo terá casualmente com o progresso, a civilização, a
sentido para os alunos, que irão construindo mobilidade social.”
conhecimentos gradativamente e desenvol-
vendo uma atitude transformadora da socie- Na versão forte, no entanto, as ha-
dade, pois ele perceberá que conhecimento bilidades de leitura e escrita não são vistas
científico faz parte da sua vida e pode contri- como neutras, mas como um conjunto de
buir para melhorá-la. práticas socialmente desenvolvidas que le-
vam o indivíduo a reforçar ou questionar va-
As atividades devem promover tanto lores, tradições, padrões de poder presentes
a alfabetização como o letramento, de ma- na sociedade. Esta também é a visão do mo-
neira, que o ensino do código alfabético seja delo ideológico (Street apud Kleiman, 1995),
conciliado com o seu uso social em diferen- que não pressupõe uma relação causal do
tes ocasiões. Enfim, o professor alfabetizador progresso e letramento, mas “[...] um meio
deve também utilizar, criar estratégias de en- de tornar-se consciente da realidade e trans-
sino de acordo com as características de seus formá-la.” (SOARES, 2008, p.36).
alunos, sem esquecer que a educação é um
ato político e deve romper com as situações Compreende-se, diante desta discus-
de opressão que muitas vezes as pessoas so- são, que letramento é um fenômeno que en-
frem e nem a percebem. volve saberes que estão presentes nos con-
textos sociais de leitura e escrita. O fato do

22
indivíduo não saber ler e escrever, não signi- processo de estruturas linguísticas, é prazer,
fica que ele não utilize práticas subjacentes à lazer, ler em lugares diferenciados, não só na
leitura e à escrita. Segundo Soares (2008), um escola, mas em exercícios de aprendizagem.
adulto analfabeto ao ditar uma carta ou ao
pedir que alguém leia uma carta para ele, co- Letramento é obter informações atra-
nhece as funções, as convenções e as estru- vés de leituras de diferentes gêneros textu-
turas textuais próprias da leitura e da escrita. ais, buscando da informação, buscar a leitura
Este indivíduo não é alfabetizado, mas possui para seguir certas instruções, usar a escrita
um nível de letramento capaz de atender a para se orientar no mundo, descobrir a si
sua demanda, no seu contexto social. mesmo pela leitura e pela escrita. Por fim,
letramento é o estado ou condição de quem
Disso decorre a noção de que não te- não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e
mos um letramento, mas sim, letramentos, exerce as práticas sociais que usam a escrita.
no plural ou, níveis de letramento. Da mes- Embora o debate sobre o letramento esteja
ma forma, a criança mesmo antes de entrar avançando, ainda há autores que defendem
na escola já teve algum contato com a leitura que esta preocupação com o letramento é de
e com a escrita, participa de práticas de letra- certo modo exagerada.
mento. O que irá diferenciar no seu grau de
letramento é o contexto social em que vive, Assim Demo (2007, p. 29), rebate este
já que o nível social, econômico e cultural da posicionamento reforçando o conceito de al-
população está diretamente relacionado com fabetização de Paulo Freire e afirma que este
o letramento. movimento de continuidade e processo que
os defensores do letramento fazem, também
O que se depreende desta constata- ocorre na alfabetização:
ção, é a importância da escola, como princi-
pal agência de letramento e como fator deci- Desde que se entenda a alfabetização
sivo na promoção do letramento. De acordo como processo de ler o mundo, o que exige
com Soares (2008): Para entrar no mundo le- domínio do código, mas na condição de sim-
trado é preciso que haja, primeiramente, es- ples instrumento formal. O que importa é a
colarização real e efetiva da população e, em habilidade de dar conta da realidade circun-
segundo lugar, deveria haver disponibilidade dante pela via da interpretação e intervenção
de material de leitura, ou seja, ter acesso a questionadoras, reconstrutivas.
livros, revistas, jornais, livrarias e bibliotecas. Hoje no Brasil se busca muito nas es-
Portanto, no mundo atual, não basta colas reduzir os índices de reprovações do
dar aos indivíduos acesso ao sistema linguís- que os do analfabetismo e isso mascara a
tico, de modo que eles possam decifrar as realidade. A sociedade precisa dar mais aten-
palavras, é preciso ir além: letrar, e isto são ção à formação de cidadãos que saibam ler
feitos em consonância com propostas peda- e escrever de tal maneira que possam apro-
gógicas que levem em conta os diferentes priar-se destas práticas sociais no seu coti-
textos que circulam na sociedade, com pro- diano.
cedimentos metodológicos definidos e ade- É neste sentido que letramento se
quados. Como propõe o modelo ideológico, torna importante no processo de aprendiza-
a versão forte do letramento e a concepção gem, não apenas na leitura e da escrita, mas
libertadora de Paulo Freire, “conduzir o tra- também nas áreas do conhecimento que
balho de alfabetização na perspectiva do le- compõem o currículo escolar. É importante
tramento, mais do que uma decisão individu- ressaltar que a entrada da criança com seis
al é uma opção política [...]” (Maciel e Lúcio, anos no ensino fundamental implica numa
2008, p.31). busca mais avançada na aprendizagem, onde
O letramento, para Kleimam (2007), professores junto da escola necessitam per-
tem como o objetivo a reflexão de ensino e correr barreiras, caminhos positivos a serem
da aprendizagem considerando os aspectos alcançados na área da alfabetização, princi-
sociais da língua escrita. Assumir o letra- palmente o fato de que a alfabetização do
mento, segundo a autora, no espaço esco- aluno deverá acontecer nos três primeiros
lar é adotar o processo de alfabetização no anos do ensino fundamental.
processo social da escrita, em detrimento a “A avaliação, constituída como um mo-
uma concepção tradicional que considere a mento necessário de construção de conheci-
aprendizagem de leitura e produção textual, mentos assumirá forma processual, gradual,
a um percurso de habilidades de aprendiza- cumulativa e diagnóstica, sendo redimensio-
gens individuais. nada a da ação pedagógica” (BRASIL, 2008).
Atividades que envolvem letramento, No entanto, conversando com profes-
não se diferenciam das demais atividades de sores e observando o processo de alfabeti-
vida social, ou seja, são sempre atividades zação em algumas escolas, observa-se um
coletivas, cooperativas, envolvendo vários trabalho ainda bastante fragmentado e des-
participantes e diferentes saberes. Ainda se- continuado, um descontentamento quanto
gundo a autora, letramento não é alfabetiza- ao processo de implantação, principalmente
ção, e sim um trabalho onde se estabelece pelo fato de vir “de cima para baixo, sem a
as relações entre os fonemas, grafemas, um participação dos professores nos debates”.

23
Gestores denunciam a falta de infraestrutura. de qualidade, proporcionando aos educan-
O fato é que neste ano de 2014, a maioria das dos um aprendizado de grandes conquistas
escolas já concluíram um ciclo de formação e e caminhos a serem seguidas.
poucos falam dos impactos sobre a aprendi-
zagem das crianças, pois, como escreve Sch-
neider e Durli, 2009, p. 200): CONCLUSÃO
[...] obviamente, a obrigatoriedade le- A contribuição de Freire é considera-
gal não assegura que todas as crianças em da um exemplo no contexto da alfabetiza-
idade escolar tenham acesso à educação e ção. Visto que ele foi um grande pensador e
possam concluir o ciclo obrigatório. De igual até hoje influência a educação. Ele, com sua
forma, o aumento da escolarização obrigató- filosofia existencialista, com traços da feno-
ria não se traduz, necessariamente, em me- menologia e do marxismo, nos mostra que
lhoria de qualidade do ensino. é possível fazer uma conexão do mundo da
Por outro lado, a UNESCO: OREALC escrita com o mundo real, levando ao desen-
(2001) defende a ampliação da escolaridade volvimento através da relação entre o pró-
obrigatória, pode sim melhorar o nível de prio eu e o mundo. De maneira, que a alfa-
aprendizagem. O EF9 teve além de outros betização e a educação em geral, promovam
interesses, a melhoria da aprendizagem das a desmistificação da realidade, que nos livre
crianças por várias razões, a realidade es- das vendas e opressões, tornando os sujeitos
colar ainda está muito distante daquilo que cada vez mais críticos e transformadores da
está proposto, entre as causas que podería- sociedade, numa sociedade melhor e mais
mos apontar foi a forma de sua implantação, justa para todas as pessoas.
principalmente pela falta de sensibilização e Por fim, acredita-se que é possível,
mobilização dos professores. Atualmente o sim, atingir a qualidade na educação das
Governo vem fazendo grandes investimen- classes de alfabetização, com práticas educa-
tos na formação continuada dos professores, cionais que utilizem diferentes metodologias,
entre estes destacamos o Pacto Nacional de que proporcionem tanto o desenvolvimento
Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, o qual da alfabetização quanto o desenvolvimen-
poderá contribuir para que todas as crianças to do letramento de cada sujeito, através
brasileiras não só antecipem seu ingresso ao do qual ele possa ser autor de sua vida e de
ensino fundamental, mas que este tempo re- transformações.
almente traga resultados mais positivos.
Reconhecendo que a educação brasi-
O Pacto Nacional pela Alfabetização leira passa por uma problemática, a falta de
na Idade Certa (PNAIC) é um compromisso qualidade da alfabetização, necessita-se que
formal assumido pelos Governos Federal, do surjam novos olhares e práticas transforma-
Distrito Federal, dos Estados e Municípios de doras. Logo, a educação das séries iniciais,
assegurar que todas as crianças estejam alfa- que coincide com o período de início da al-
betizadas até os oito anos de idade, ao final fabetização, é o alicerce de toda estrutura da
do 3º ano do ensino fundamental. Observa- educação que se desenvolverá depois, neces-
-se diante deste processo de formação que: sita de uma atenção especial.
Os professores alfabetizadores preci-
Aos oito anos de idade, as crianças sam estar habilitados, serem competentes,
necessitam ter a compreensão do funciona- criativos e cientes de sua responsabilidade
mento do sistema de escrita; o domínio das de formação dos sujeitos como intelectuais e
correspondências grafofônicas, mesmo que cidadãos comprometidos com a transforma-
dominem poucas convenções ortográficas ção social. É essencial, também, que haja dis-
irregulares e poucas regularidades que exi- cussões sobre o tema alfabetização e letra-
jam conhecimentos morfológicos mais com- mento nos cursos de formação de docentes
plexos; a fluência de leitura e o domínio de e nos cursos ou reuniões de formação conti-
estratégias de compreensão e de produção nuada, de modo que gerem reflexões sobre o
de textos escritos. (PNAIC, MEC.PACTO. MEC. tema e a prática docente, buscando soluções
GOV.BR). para problemas específicos da alfabetização
e procurando desenvolver os profissionais e
as instituições de ensino para que a educa-
ção tenha cada vez mais qualidade.
Segundo as ações do Pacto, este ofe-
rece além da formação continuada aos pro- À medida que se conhece seu mundo,
fissionais da área da alfabetização, recursos é possível ampliá-lo, oferecendo novas pro-
didáticos através de materiais que possam postas, maneiras e diferentes tipos textuais.
dar auxílio no processo de ensino e aprendi- Para que o processo de letramento ocorra,
zagem, buscando a avaliação sistemática dos é preciso, portanto, levar em consideração
mesmos através das atividades e construção a cultura em que a criança está inserida,
dos alunos. Entretanto, esta proposta de en- adequando-a aos conteúdos a serem traba-
sino-aprendizagem vinda do Pacto, busca ca- lhados, às produções de diferentes gêneros
minhos onde os profissionais na área da edu- textuais e à sua utilização social, tendo como
cação possam se inserir mais em um ensino estratégia uma linguagem interativa, criativa

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e descobridora, abandonando os métodos BRANDÃO, C.R. O que é o método Pau-
repetitivos e descontextualizados. Ao utilizar lo Freire. São Paulo: Brasiliense, 2004.
as práticas sociais para aquisição da leitura e
da escrita, a criança vivencia o conhecimento, BRASIL. Lei n. 9.394, 20 de dezembro
interpretando diferentes contextos que cir- de 1996. Estabelece as diretrizes e bases para
culam socialmente, aprendendo, dessa for- a educação nacional. Diário Oficial da União,
ma, a relacioná-los com diferentes situações. Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em:
www.mec.gov.br.
O educador como mediador, que par-
te da observação da realidade para, em se- _______. Lei n. 10.172, 9 de janeiro de
guida, propor respostas diante dela, estará 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação
contribuindo para a formação de pessoas e dá outras providências. Diário Oficial da
críticas e participativas na sociedade e para União, Brasília, DF, 10 jan. 2001. Disponível
uma prática significativa, em que o professor em: www.mec.gov.br.
planeja suas aulas com coerência, visando à _______. Lei n. 11.114, 16 de maio de
construção de conhecimentos com os alu- 2005. Altera os arts. 6º, 30, 32 e 87 da Lei n.
nos. Nessa perspectiva, a aquisição do códi- 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com o ob-
go escrito passa a ser compreendida como jetivo de tornar obrigatório o início do ensino
atividade de expressão, comunicação e regis- fundamental aos seis anos de idade. Diário
tro de experiências, conectando a escrita ao Oficial da União, Brasília, DF, 17 maio 2005.
mundo real da criança, sem separar algo que Disponível em: www.mec.gov.br/cne
está social e culturalmente interligado.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Edu-
O ensino da leitura e da escrita deve cação em língua materna: a sociolinguística
ser entendido como prática de um sujeito na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.
agindo sobre o mundo para transformá-lo,
afirmando, dessa forma, sua liberdade e fu- _____________. O professor pesquisa-
gindo da alienação. Observa-se a alfabetiza- dor: introdução à pesquisa qualitativa. São
ção como o domínio dos usos e funções so- Paulo: Parábola Editorial, 2009.
ciais da leitura e da escrita para aproximar ________Pró-Letramento: Programa de
o aprendiz da cultura escrita. Nessa concep- Formação Continuada de Professores dos
ção, os educadores precisam planejar a me- Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental:
lhor forma para tratar a notação alfabética alfabetização e linguagem – Brasília: Ministé-
e a apropriação da linguagem dos gêneros rio da Educação, Secretaria de Educação Bá-
textuais com as crianças. Os gêneros são ex- sica, 2007. (Fascículo 1)
celentes ferramentas de ensino, apresentan-
do-se como um meio de articulação entre as FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio
práticas sociais e os objetos escolares, mais de Janeiro: Paz e Terra, 1970.
particularmente no ensino da produção de
textos orais e escritos. ______ Pedagogia da autonomia: sabe-
res necessários a uma prática educativa. São
Diante de uma proposta que visa uma Paulo: Paz e Terra, 1996.
educação de qualidade para a Educação In-
fantil, que deixa de lado uma prática assisten- FREIRE, Paulo. A importância do ato de
cialista para dedicar igual atenção ao cuidar e ler: em três artigos que se completam. São
ao educar no jardim essa pesquisa mostrou Paulo: Cortez, 1988. 87
como é importante considerar o conheci- MAGDA. S. Letramento: um tema em
mento prévio da criança quando ela entra na três gêneros. 2 ed. Belo Horizonte Autentica
escola, porque se sabe que ela não é uma ta- 2001.
bula rasa, ao contrário ela é proveniente de
uma cultura escrita e traz muito conhecimen-
to de sua vivência. Para tanto, a escola pre-
cisa ter uma sala de aula que contemple um
ambiente rico em materiais de letramento.

REFEÊRENCIAS
ANA. C. Letramento e minorias. 3 ed.
Porto alegre: mediação, 2009
BAGNO, Marcos. Preconceito linguísti-
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BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação
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BAKHTIN, Mikhail /VOLOCHINOV. Mar-
xismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo:
Hucitec, 2004.

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