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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E

METODOLÓGICOS DA
EDUCAÇÃO INFANTIL

Priscila Chupil

IESDE BRASIL S/A


Curitiba
2015
© 2014 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________________
P489f

Chupil, Priscila
Fundamentos teóricos e metodológicos da educação infantil / Priscila Chupil. - 1. ed. -
Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2015.
110 p. : il. ; 21 cm.

ISBN 978-85-387-4891-5

1. Educação de crianças. 2. Psicologia infantil. 3. Educadores. I. Título.

15-22902 CDD: 372.2


CDU: 372.2
________________________________________________________________________
20/05/2015    26/05/2015   

Capa: IESDE BRASIL S/A.


Imagem da capa: Shutterstock

Todos os direitos reservados.

Produção

IESDE BRASIL S/A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Apresentação

O Guia de Estudo da disciplina Fundamentos Teóricos e Metodológicos da


Educação Infantil tem como objetivo auxiliar o professor na sua práxis pedagó-
gica, disponibilizando informações sobre a importância e as diferentes possibili-
dades de trabalho na Educação Infantil.
Valorizar essa etapa de ensino, que é considerada como a base do desenvol-
vimento humano, é essencial. Por isso, este guia tem por objetivo colaborar com
os profissionais da Educação Infantil dando subsídios teóricos para a reflexão de
uma prática inovadora e significativa, contribuindo com a construção de uma
escola de qualidade.
Dentro desse contexto, a consciência política dos educadores deve convergir
para o trabalho que se faz dentro da escola, no coletivo, intencional e transfor-
mador da realidade. É na prática da reflexão que a escola de qualidade constrói/
reconstrói/socializa com competência e cumpre sua função social.
Os docentes são profissionais da educação essenciais para os processos de
mudança da sociedade, pois contribuem com seus saberes, seus valores e suas
experiências desde a base da Educação Infantil, para melhorar a qualidade da
educação.
Esperamos que o material suscite reflexões, auxiliando os docentes a criar
novas práticas modernas e contextualizadas que abriguem a diversidade de for-
ma democrática e garantam a todos o acesso a uma educação de qualidade.
Sobre a autora

Priscila Chupil

Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).


Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Instituto Brasileiro de
Pós-Graduação e Extensão (IBPEX) e em Organização do Trabalho Pedagógico
pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduada em Pedagogia pela UFPR.
Sumário

Aula 01 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA 9


PARTE 01 | TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL 11
PARTE 02 | PANORAMA SOBRE AS CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA E DE CRIANÇA 16
PARTE 03 | PRESSUPOSTOS DA APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 19

Aula 02 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 23


PARTE 01 | OS ESPAÇOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 25
PARTE 02 | O TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 28
PARTE 03 | FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO 31

Aula 03 A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 35


PARTE 01 | O TEMPO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 37
PARTE 02 | EDUCAÇÃO INFANTIL – ATO EDUCATIVO INTENCIONAL 40
PARTE 03 | CUIDAR E EDUCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 43

Aula 04 GARANTIAS PARA EFETIVAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 47


PARTE 01 | A EDUCAÇÃO INFANTIL EMBASADA PELA LEI 49
PARTE 02 | DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL 53
PARTE 03 | LDB/1996: EDUCAÇÃO INFANTIL COMO PARTE DA EDUCAÇÃO BÁSICA 57

Aula 05 REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL 61


PARTE 01 | INTRODUÇÃO AO RCNEI 63
PARTE 02 | RCNEI: EIXOS NORTEADORES 66
PARTE 03 | CONHECIMENTO E CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 69
Sumário

Aula 06 PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO E A ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES 73


PARTE 01 | A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 75
PARTE 02 | PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 78
PARTE 03 | PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 84

Aula 07 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL 87


PARTE 01 | ASPECTOS LEGAIS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL 89
PARTE 02 | IMAGENS DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL – EDUCADOR OU PROFESSOR 93
PARTE 03 | AÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL 96

Aula 08 FORMAÇÃO INTEGRAL DO ALUNO DE EDUCAÇÃO INFANTIL:


FAMÍLIA – ESCOLA – SOCIEDADE 99
PARTE 01 | TRÍADE: FAMÍLIA – ESCOLA – SOCIEDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL 101
PARTE 02 | RELAÇÕES DA INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL COM A COMUNIDADE 104
PARTE 03 | RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NA FORMAÇÃO DO ALUNO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 107
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Aula 01

A EDUCAÇÃO INFANTIL
NO TEMPO E NA
HISTÓRIA
Objetivo:

Conhecer a trajetória, o desdobramento


histórico e os pressupostos da Educação
Infantil.
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A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA
01
TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Na Idade Média, as crianças eram consideradas adultos em
miniatura, sem distinção ou respeito à fase. Os adultos as tra-
tavam de igual para igual e a aprendizagem acontecia por meio
dessas interações. Aos sete anos, elas eram colocadas em es-
colas para aprender costumes, valores humanos e trabalhos, o
que desfavorecia o vínculo afetivo com a família.
Com a ascensão do cristianismo, o modo de lidar com as
crianças mudou, mas em passos lentos. Somente após a Segunda
Guerra Mundial, o atendimento pré-escolar começou efetiva-
mente, pois as mães começaram a trabalhar na indústria. A
partir desse momento, começou a surgir a preocupação com
relação a métodos de ensino e desenvolvimento da linguagem.
Grandes pensadores como Montessori, Pestalozzi e Froebel co-
meçaram a dar sua contribuição para delinear o atendimento
voltado para a criança.
No Brasil, as primeiras escolas de educação infantil foram
baseadas na filosofia de Frederico Guilherme Froebel, que fun-
dou a primeira Kindergarten (instituição pré-escolar educativa)
em 1840 na Alemanha. Para ele, os jardins de infância deveriam
propiciar o desenvolvimento físico, social, emocional, intelec-
tual e moral, constituindo assim uma educação integral.
A educação é o processo pelo qual o indivíduo
desenvolve a condição humana, com todos seus
poderes funcionando em harmonia e de forma
integral em relação à natureza e à sociedade.
Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a

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01 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA

humanidade, como um todo, elevando-se do pla-


no animal, continuaria a desenvolver-se até sua
condição atual. Implica tanto a evolução indivi-
dual quanto a universal. Por meio da educação, a
criança vai-se reconhecer como membro vivo do
todo. (BASTOS, 2001, p. 317)

Com base nas ideias de Froebel, em 1875, o educador


Joaquim José de Menezes Vieira e sua esposa, Carlota, fun-
daram o Colégio Menezes Vieira, que funcionava no Centro do
Rio de Janeiro. Nele eram oferecidos os ensinos primário, se-
cundário e profissional, podendo ser no regime de internato,
semi-internato e externato. Essa escola foi o primeiro jardim
de infância do Brasil.
Nessa época, as primeiras iniciativas para formação de uma
ideia sobre a importância da escolaridade infantil rondavam a
sociedade e pensadores da época.
Ainda no final do século XIX, período da aboli-
ção da escravatura no país, quando se acentuou
a migração para grandes cidades e o início da
República, houve iniciativas isoladas de proteção
à infância, no sentido de combater os altos índi-
ces de mortalidade infantil. [...] As tendências
que acompanharam a implantação de creches e
jardins de infância, no final do século XIX e duran-
te as primeiras décadas do século XX no Brasil,
foram: a jurídico-policial, que defendia a infância
moralmente abandonada, a médico-higienista e a
religiosa, ambas tinham a intenção de combater
o alto índice de mortalidade infantil tanto no in-
terior da família como nas instituições de aten-
dimento à infância. (KUHLMANN Jr., 1998, p. 88)

12 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL


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Par te
A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA
01
O surgimento da Educação Infantil no Brasil está ligado di-
retamente ao processo de industrialização nacional. As mães,
que iniciavam seu ingresso no mercado de trabalho, precisavam
de algum lugar para deixar seus filhos. Por isso, historicamente
pensa-se nesse surgimento relacionado a objetivos sociais, po-
líticos e educativos da época.
• Objetivo social: associado à questão da mulher como
participante da vida social, econômica, cultural e
política;
• Objetivo educativo: organizado para promover a
construção de novos conhecimentos e habilidades da
criança;
• Objetivo político: associado à formação da cidadania
infantil, em que, por meio deste, a criança tem o di-
reito de falar e ouvir, de colaborar e respeitar e ser
respeitada pelos outros (DIDONET, 2001).
A partir dos anos 80, com a abertura política, as camadas
populares passaram a exigir ampliação do acesso à escola, in-
cluindo a oferta da Educação Infantil, que até então apresenta-
va ainda ideia de atendimento assistencialista.
Já nos anos 90, a concepção de criança toma outra forma.
Agora ela é vista como um ser sócio-histórico. Sua aprendiza-
gem ocorre pelas interações. Essa perspectiva sociointeracio-
nista tem como principal teórico Vygotsky, que enfatiza a crian-
ça como sujeito social. A partir daí inicia-se um movimento que
mobiliza a comunidade educacional em busca da identidade
pedagógica para a Educação Infantil.
A reestruturação da LDB 9.394/96, no artigo 21 coloca a
Educação Infantil como primeiro nível da Educação Básica, e
formaliza a municipalização dessa etapa de ensino.
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01 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA

Em 1998, é criado o Referencial Curricular Nacional para


Educação Infantil (RCNEI) documento que tem o intuito de dire-
cionar o trabalho pedagógico realizado com crianças que se en-
contram na fase da Educação Infantil. As orientações nele con-
tidas trazem contribuições valiosas para o trabalho pedagógico
e explicita quem é o aluno da Educação Infantil. Dessa forma,
as instituições passam a contar com um documento norteador
que encaminhou o atendimento em nível nacional, a exemplo
dos demais níveis de ensino.

Extra

Assista ao vídeo A trajetória da Educação Infantil no Brasil,


que trata da implementação desse sistema de ensino em nosso país
e os desafios vivenciados. Disponível em: <www.youtube.com/
watch?v=StpeXn5lqio>. Acesso em: 8 abr. 2015.

Atividade
Em que contexto histórico surgiu a necessidade de existi-
rem as escolas de Educação Infantil?

Referências
BARRETO, Angela Maria Rabelo Ferreira. Situação atual da educação infantil
no Brasil. In: MEC/SEF. Subsídios para reconhecimento e funcionamento
de instituições de educação infantil v. 2. Brasília, 1998. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume_II.pdf>. Acesso em:
14 maio 2015.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional. Publicada no Diário Oficial da União de 23 dez.
1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>.
Acesso em: 14 maio 2015.

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A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA
01
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
v. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/
arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 14 maio 2015.

DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In: Educação Infantil: a
creche, um bom começo. Revista Em Aberto. Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais, Brasília, v. 18, n. 73, p. 11-28, 2001. Disponível em:
<www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/1107/1007>.
Acesso em: 14 maio 2015.

FARIA, Sonimar C. de. História e política da educação infantil. In: FAZOLO,


Eliene. et al. Educação infantil em curso. Rio de Janeiro: Ravil, 1997. (Coleção
da Escola de Professores).

FROEBEL, F. W. A. A educação do homem. Tradução de: Maria Helena Câmara


Bastos. Passo Fundo: UFP, 2001.

KUHLMANN JR., Moisés. Infância e educação infantil: uma abordagem


histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: Fundamentos e Metodologias.


São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção Docência em Formação).

Resolução da atividade

A partir do início da era industrial, após a Segunda Guerra


Mundial, com a abertura do mercado de trabalho para as mulhe-
res. Dessa forma, surge a necessidade de existirem locais ade-
quados para as crianças ficarem enquanto as mães trabalham.

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02 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA

PANORAMA SOBRE AS CONCEPÇÕES DE


INFÂNCIA E DE CRIANÇA
Ao tratarmos de concepção de infância, podemos nos ba-
sear inicialmente no RCNEI:
A concepção de criança é uma noção historica-
mente construída e consequentemente vem mu-
dando ao longo dos tempos, não se apresentando
de forma homogênea nem mesmo no interior de
uma mesma sociedade e época. Assim é possível
que, por exemplo, em uma mesma cidade exis-
tam diferentes maneiras de se considerar as crian-
ças pequenas dependendo da classe social a qual
pertencem, do grupo étnico do qual fazem parte.
(BRASIL, 1998, p. 21)

Assim, criança é um sujeito social, humano e histórico, que


faz parte da sociedade, com determinada cultura, em deter-
minado momento histórico. Dessa forma, ao buscarmos meios
para compreender a concepção de infância, muitos autores são
referência nesse contexto, entre eles Vygostsky e Piaget.
Por meio da psicologia genética de Piaget, a criança desen-
volve-se mediante a interação com ações cognitivas concretas.
Esse autor classifica o desenvolvimento intelectual/cognitivo
das crianças em etapas ou estágios. Para a idade de Educação
Infantil, cabem os dois estágios a seguir:
1. Sensório-motor (0 a 2 anos) — ocorre a exploração do
mundo pela criança por meio dos sentidos. Ela precisa
tocar, provar os objetos.

16 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL


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A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA
02
2. Período pré-operatório (2 a 7 anos) — essa fase apre-
senta dois estágios diferenciados: estágio egocêntrico
(2 a 4 anos) e estágio intuitivo (5 a 7 anos). É a fase
pré-escolar.
Para Vygotsky, a interação ocorre pelo contato com o outro
e a criança passa a aprender e agir conforme essas interações.
De qualquer forma, a cada fase de desenvolvimento infan-
til, cabe uma preocupação e necessidades específicas a serem
desenvolvidas. Hoje, a grande preocupação ao tratar da con-
cepção de criança é considerar suas fases do desenvolvimento
e adaptar ações adequadas a cada fase.
As crianças possuem uma natureza singular, que
as caracteriza como seres que sentem e pensam o
mundo de um jeito muito próprio. Nas interações
que estabelecem desde cedo com as pessoas que
lhe são próximas e com o meio que as circunda,
as crianças revelam seu esforço para compreender
o mundo em que vivem, as relações contraditó-
rias que presenciam e, por meio das brincadei-
ras, explicitam as condições de vida a que estão
submetidas e seus anseios e desejos. No processo
de construção do conhecimento, as crianças se
utilizam das mais diferentes linguagens e exer-
cem a capacidade que possuem de terem ideias e
hipóteses originais sobre aquilo que buscam des-
vendar. Nessa perspectiva as crianças constroem
o conhecimento a partir das interações que esta-
belecem com as outras pessoas e com o meio em
que vivem. (BRASIL, 1998, p. 21-22)
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 17
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Pa r te
02 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA

Extra

Recomendamos palestra A criança em seu mundo, de Mário


Sergio Cortella. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=
-y1-o_kJ5Kk>. Acesso em: 8 abr. 2015.

Atividade
Quais as principais características das crianças que se en-
contram no estágio sensório-motor, que ocorre dos 2 aos 4 anos?

Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
v. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/
arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 14 maio 2015.

SPENGLER, Fernanda. Fases do Desenvolvimento Infantil. Publicado em 11 jan.


2014. Disponível em: <http://psicoinfantil.net/fases-do-desenvolvimento/>.
Acesso em: 8 abr. 2015.

Resolução da atividade

Nessa idade, a criança explora o mundo por meio dos senti-


dos, ela precisa tocar, provar os objetos. Nesse estágio, as ações
geralmente não são intencionais, a aprendizagem ocorre “aci-
dentalmente”, por reflexos. O contato com objetos de diferen-
tes formas e tamanhos enriquece o desenvolvimento dessa fase.

18 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL


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Par te
A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA
03
PRESSUPOSTOS DA APRENDIZAGEM E
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Inicialmente, faz-se necessário compreender que em cada
fase do desenvolvimento a criança apresenta necessidades e
capacidades específicas. Aprender é algo que faz parte do seu
dia a dia e deve estar voltado para práticas que tragam sentido
à realidade e à compreensão infantil.
Entre as diversas possibilidades de aprendizagem e desen-
volvimento, está o ato de brincar, que segundo o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI – MEC/SEC,
1998), é umas das principais atividades para o desenvolvimen-
to da identidade e da autonomia da criança. Brincando, ela
interage e se comunica, desenvolve a atenção, a imitação, a
imaginação e a memória.
Dentre as teorias que buscam a compreensão do desen-
volvimento infantil, há três que oferecem grandes subsídios:
sócio-histórica (Vygotsky), cognitiva (Piaget) e psicanalítica
(Winnicott). Vamos compreender um pouco mais de cada uma.
Teoria cognitiva — os estudos de Piaget estão voltados ao
desenvolvimento cognitivo. Para ele, quando a criança brinca,
ela assimila o mundo da sua maneira, não havendo compromis-
so com a realidade. Ela vive um mundo seu, expressando senti-
mentos e fatos do cotidiano.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 19


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Pa r te
03 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA

Teoria sócio-histórica — Vygotsky, principal autor dessa


corrente, refere-se ao fato de que o pensamento, a memória,
a atenção, a linguagem etc., devem ser desenvolvidos nas rela-
ções sociais. A criança deve ser ativa em suas relações sociais, e
uma forma disso acontecer é por meio do ato de brincar.
Teoria psicanalítica — para a psicanálise, segundo
Winnicott, o brincar é entendido como forma de expressão,
de fala, onde a criança consegue manifestar seu inconsciente.
Freud, o pai da psicanálise, já dizia que a criança brinca com
aquilo que ela vivencia. Por isso, a interpretação do brincar da
criança é importante.

Extra

Sobre a aprendizagem e o desenvolvimento humano, leia a


reportagem A neurociência já pode predizer o comportamen-
to. Mas deve fazê-lo?, de Javier Sampedro, publicado em 19
de janeiro de 2015. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/
brasil/2015/01/12/ciencia/1421053581_532953.html>. Acesso
em: 8 abr. 2015.

Atividade
Escreva um pequeno resumo sobre a concepção de cada
uma das teorias do desenvolvimento humano.

20 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL


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Par te
A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA
03
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
v. 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/
arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 14 maio 2015.

VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

POLETTO, Raquel Conte. A ludicidade da criança e sua relação com o contexto


familiar. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 1, p. 67-75, jan./abr. 2005.
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/pe/v10n1/v10n1a08.pdf>. Acesso em: 14
maio 2015.

Resolução da atividade

Na teoria sócio-histórica, o desenvolvimento ocorre nas


relações sociais que o homem mantém. Para a teoria cognitiva,
quando a criança brinca, ela assimila o mundo da sua maneira,
não havendo compromisso com a realidade. Na teoria psica-
nalítica, a ludicidade da criança e sua relação com o contexto
familiar, o brincar, é entendido como forma de expressão, de
fala da criança, que consegue manifestar questões inconscien-
tes que ainda não podem ser expressas em palavras.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL 21


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Pa r te
03 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO TEMPO E NA HISTÓRIA

22 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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