de Mel Helitzer com Mark Shatz “Cada estudioso da comédia interpreta seu fenômeno subjetivo nos termos de sua própria disciplina”. (p.31). “O denominador comum entre as teorias é que o humor é tão subjetivo que nenhuma teoria única poderia abranger todas as suas instâncias”. (p.31). “Se quiser escrever engraçado, primeiro você precisa entender como as plateias reagem ao humor”. (p.32/33). “Patricia Keith-Spiegel identificou dois motivos primários para rirmos: • Rimos quando somos pegos de surpresa • Rimos quando nos sentimos superiores”. (p.33). “A surpresa é universalmente uma das fórmulas mais aceitas para o humor: a piada é uma história, cujo final geralmente é surpreendente”. (p.34). “Qualquer peça de humor rapidamente perde a graça devido à repetição ou quando o final é muito previsível”. (p.34). “As técnicas que mais provocam a surpresa são: a reversão de expectativa (...)e a incongruência”. (p.34). “Parece que há grande necessidade de as pessoas se sentirem superiores. O humor satisfaz essa necessidade”. (p.35). “‘O humor é uma reação à tragédia e a piada é sempre às custas de outra pessoa’– afirmou o antropólogo Alan Dundes”. (p.35). “Muitas vezes o humor ridiculariza a inteligência, posição social e enfermidades físicas ou mentais daqueles que consideramos inferiores a nós”. (p.35/36). “Existem duas maneiras de se sentir superior: a primeira é por realizar um trabalho exemplar, que receba aclamação pública (...) a segunda maneira (...) é criticar publicamente as realizações dos outros. Isso diminui o prestígio deles e focaliza a atenção sobre nós.”. (p.37). “Como indivíduos (...), nosso humor geralmente mira para cima, contra as figuras de maior autoridade. Num grupo, nosso humor mira para baixo, em direção aos grupos que não correspondem aos nossos costumes sociais, religiosos, nacionais ou sexuais”. (p.38). “O riso é um instinto inato, um fenômeno da evolução”. (p.39). “Para os seres humanos, o riso evoluiu como um substituto para a agressão. O triunfo geralmente vem acompanhado de um sorriso largo (boca aberta) seguido imediatamente por um urro de alegria”. (p.39). “Segundo o dicionário, algo é incongruente quando é inconsistente consigo mesmo. Por exemplo, sempre que alguém se comporta de maneira rígida, que de repente se torna inadequada para a lógica da situação, essas esquisitices resultam numa cena ridícula. Esse efeito cômico pode surgir de uma incongruência de fala, de ação ou de caráter”. (p.40). “Muitas situações incongruentes provocam o riso, porque permitem que o observador se sinta superior”. (p.40). “(...) Câmera Indiscreta. Esses programas são elaborados para nos fazer rir de pessoas tentando manter a dignidade em circunstâncias bizarras”. (p.40). “O riso nervoso disfarça o nosso reconhecimento das convenções rígidas, que nos fazem parecer idiotas quando desnudados pela luz estroboscópica dos humoristas”. (p.41). “Enquanto a incongruência é o confronto de ideias, a ambivalência é a presença simultânea de emoções conflitantes, como os relacionamentos de amor e ódio”. (p.41). “Esse tipo de humor mascara nossa culpa ou nossos erros idiotas; é uma tentativa de manter a dignidade. O humor autodepreciativo é apenas um recurso para deixar o público à vontade e para que você possa assumir o controle”. (p.42). “O nosso riso acanhado acontece quando deixamos um copo cair ou quando um erro inocente é descoberto; nessas situações, o riso serve para aliviar a tensão”. (p.42). “O alívio vem sempre com a aprovação final do grupo”. (p.42). “Nós sorrimos, (...) quando experimentamos aquela visão súbita de ter solucionado um mistério, (...)ou finalizando uma tarefa difícil. Os teóricos chamam isso de humor de configuração: quando conseguimos resolver as charadas, rimos em voz alta, porque ficamos encantados com a solução (surpresa) e queremos que o mundo saiba que somos muito espertos (superioridade)”. (p.43). “O psicólogo J. C. Flugel escreveu: ‘Rimos para poder regredir à infância sem parecermos idiotas. Adotamos um jeito brincalhão, porque é uma forma de relaxamento’. É por isso que, universalmente, as histórias em quadrinhos são o formato de humor mais aceito entre adultos, independente de cultura ou nacionalidade”. (p.44). “Raramente apreciamos a comédia que não agrada a multidão”. (p.44). “O humor agressivo é parâmetro, porque a comédia é uma crítica socialmente aceitável, uma catarse que combina notabilidade com respeitabilidade”. (p.45).
“O mistério do que é realmente ‘engraçado’ nunca será resolvido, porque o senso de
humor é tão único quanto uma impressão digital. (p.47). “O humor negro sempre emerge de uma situação trágica”. (p.47). “O consenso é que o humor é uma maneira de lidar com a tragédia. Quanto maior o medo, maior a necessidade de criar piadas para afastá-lo”. (p.47). “Muitas das piadas ofensivas, dessas tragédias por exemplo, formam uma espécie de “humor proibido”, contadas somente de pessoa para pessoa, mas raramente em espetáculos públicos”. (p.47). “Muitas vezes rir das desgraças substitui pensamentos negativos por positivos, quer estejamos rindo dos outros ou das nossas próprias desgraças”. (p.48). “Mas quanto ao humor negro, o verdadeiro motivo das pessoas contarem esse tipo de piada é mais simples: angariar respeito ou, pelo menos, atenção”. (p.48).