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TEATRO DE REVISTA

Teatro de revista é um gênero teatral popular que teve importância na história das artes cênicas,
tanto no Brasil como em Portugal, até meados do século 20, quando alcançou o seu auge. No
entanto, foi na França, na segunda metade do século 18, que este gênero teatral surgiu. Já nesta
fase, a sua função era protestar, tal como aconteceu mais adiante no Brasil e em Portugal, neste
caso contra o poder do estado francês em vigor. Caracteriza-se pelo frequente apelo à
sensualidade e pela sátira social e política. Geralmente os espetáculos constituem-se de esquetes
com músicas e dança.

Tal como nas operetas ou nos musicais, a revista junta as contribuições da música, da dança e do
teatro numa atuação global.

Um tema geral serve de justificação para uma sequência descontraída de números, em que as
atuações individuais se alternam com grupos de dança.

Com diferentes vertentes artísticas, o teatro de revista é mantido hoje em dia especialmente por
teatros de variedade tradicionais como o Lido, o Moulin Rouge e o Friedrichstadt-Palast Berlin, mas
também em shows em Las Vegas.

Em Portugal

O teatro de revista chega a Portugal no século 19 mas foi no século 20 que este teve mais sucesso,
muito devido regime do Estado Novo. Em termos gerais, consta de várias cenas de carater cômico,
satírico e de crítica política e social, com números musicais. É caracterizada também por um certo
tom Kitsch, com bailarinos vestidos de forma mais ou menos exuberante (plumas e lantejoulas),
além da forma própria de declamação do texto, algo estridente. Algumas revistas marcaram época -
no Estado Novo português por exemplo, por conta da censura, o espetáculo de revista conseguia
passar mensagens mais ou menos revolucionárias e de crítica ao regime vigente. Nessa situação,
algumas revistas foram protagonizadas, por exemplo, por Raul Solnado, no Parque Mayer, "catedral
da revista à portuguesa". Além de Raul Solnado, grandes nomes do teatro de revista, tais como
Ivone Silva, Eunice Muñoz, Vasco Santana e Camilo de Oliveira, entre outros.
O primeiro teatro de revista à portuguesa subiu ao palco do extinto Teatro Gymnasio, no fim do séc.
20.
Se a arte consegue mudar mentalidades e consciencializar, este tipo de teatro não foi exceção
disso mesmo. Foi muito graças a este teatro que o povo começou a refletir sobre conceitos tais
como a liberdade de expressão e a igualdade de gênero.
Atualmente o teatro de revista subsiste em espaços como o Teatro Maria Vitória, em Lisboa –
Portugal.
No Brasil

Esse gênero teatral alcançou grande popularidade no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, pela
crítica bem-humorada com que enfocava certos aspectos do cotidiano do país. O teatro de revista
brasileiro surgiu em 1859, no Teatro Ginásio, no Rio de Janeiro, com o espetáculo "As Surpresas do
Sr. José da Piedade", de Justiniano de Figueiredo Novaes. A revista recorre a um modelo francês
denominado voudeville: um enredo frágil que serve como ligação entre os quadros que,
independentes, marcam a estrutura fragmentada do gênero. Seu ingrediente mais poderoso é a
paródia, recurso do teatro popular que consiste em denegrir um aspecto, fato, personagem,
discurso ou atitude da cultura e erudita ou, em outras palavras, da classe dominante

Fases
O teatro de revista brasileiro pode ser dividido em três fases. A primeira, que teve seu auge com as
peças de Arthur Azevedo, é caracterizada pela valorização do texto em relação à encenação e pela
crítica feita com versos e personagens alegóricos. Nas revistas de ano - apresentadas no início de
cada ano, como resumo cômico do período anterior -, as cenas curtas e episódicas que parodiavam
acontecimentos reais eram ligadas por uma história conduzida, em geral, por um grupo de
personagens que transita pelo Rio de Janeiro à procura de alguma coisa. A segunda foi marcada
por duas características importantes. Uma delas é a influência norte-americana na música, com a
companhia com a companhia de Jardel Jércolis substituindo a orquestra de cordas pela banda de
jazz e a performance física do maestro, que passou a fazer parte do espetáculo. Outra foi a vinda
da companhia francesa Ba-ta-clan, na década de 1920, que trouxe novas influências para o gênero:
desnudou o corpo feminino, despindo-o das meias grossas. O corpo feminino passou então a ser
mais valorizado em danças, quadros musicais e de fantasia, não apenas como elemento
coreográfico, mas também cenográfico. Nessa fase, a revista foi marcada pela existência de uma
"rivalidade amigável" entre as primeiras estrelas de cada companhia, na disputa pela preferência
dos espectadores
A terceira e última fase foi a do investimento em grandes espetáculos, em que um elenco formado
por numerosos artistas se revezava a cada temporada. Havia a ênfase à fantasia, por meio do luxo,
grandes coreografias, cenários e figurinos suntuosos. A maquinaria, a luz e os efeitos passaram a
ser tão importantes quanto os atores. Aos poucos, contudo, a revista começou a apelar fortemente
para o escracho, para o nu explícito, deixando de lado uma de suas bases: a comicidade. Assim,
entrou em um período de decadência, praticamente desaparecendo na década de 1960.

O teatro de revista no Brasil, também chamado simplesmente "revista", com produção das
companhias como as de Walter Pinto e Carlos Machado, foi responsável pela revelação de
inúmeros talentos artísticos, desde a cantora luso-brasileira Carmem Miranda, sua irmã Aurora, às
chamadas vedetes de imenso sucesso como Virgínia Lane, Wilza Carla, Dercy Gonçalves, Elvira
Pagã, Mara Rúbia, Luz del Fuego, Suzy King, Riva Keter, Sarita Santiel, Sônia Mamede, Celeste
Aída e outras, na variante conhecida como teatro rebolado, compositores como Dorival Caymmi,
Assis Valente e Noel Rosa, Chiquinha Gonzaga e humoristas como Costinha.

Entre os principais escritores de revista estava Arthur Azevedo. Em uma de suas revistas,
intitulada A Fantasia (1896), ele apresenta a seguinte definição para o gênero:
"Pimenta sim, muita pimenta
E quatro, ou cinco, ou seis lundus,
Chalaças velhas, bolorentas,
Pernas à mostra e seios nus"....

Histórico

O teatro de revista brasileiro tem início em 1859, no Teatro Ginásio, no Rio de Janeiro,
com o espetáculo As Surpresas do Sr. José da Piedade, de Justiniano de Figueiredo
Novaes. Assim como o nosso teatro musicado surge como um derivado da opereta
francesa, a revista também recorre ao modelo francês: um enredo frágil serve como elo
de ligação entre os quadros que, independentes, marcam a estrutura fragmentária do
gênero. Seu ingrediente mais poderoso é a paródia, recurso do teatro popular que
consiste em arremedar um aspecto, fato, personagem, discurso ou atitude proveniente
da cultura erudita ou, em outras palavras, da classe dominante.
Nessa primeira fase do gênero, que tem seu apogeu com as revistas e burletas de
Artur Azevedo, a linguagem é marcada pela valorização do texto em relação à
encenação, e pela crítica de costumes abordada com versos e personagens alegóricos.
Nas revistas de ano, apresentadas ao início de cada ano como resumo cômico do ano
anterior, as cenas curtas e episódicas que parodiam acontecimentos reais são ligadas
por um tênue fio narrativo em geral conduzido por um grupo de personagens que
transita pelo Rio de Janeiro à procura de alguma coisa - o que possibilita a abordagem
de lugares distintos como a rua, os teatros, a imprensa, o jóquei.
Na segunda década do século XX, Pascoal Segreto funda a Companhia Nacional de
Revistas e Burletas, no Teatro São José, na Praça Tiradentes. Na década de 20, a
vinda da companhia francesa Ba-ta-clan traz novas influências para o gênero: desnuda
o corpo feminino, despindo-o das grossas meias. O corpo feminino passa então a ser
mais valorizado em danças, quadros musicais e de fantasia, não apenas como
elemento coreográfico, mas também cenográfico. A companhia de Jardel Jércolis
substitui a orquestra de cordas pela banda de jazz e a performance física do maestro
passa a fazer parte do espetáculo, demonstrando a influência dos ritmos americanos.
Em 1924, Manoel Pinto se instala no Teatro Recreio e inicia um período de grandes
espetáculos, que passa a abrigar autores e atores próprios. Em seguida, transfere-se
para o Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, como Companhia de Revistas
Margarida Max. Nessa segunda fase, a revista é movida por poucos e grandes nomes
que levam o público ao teatro: existe mesmo uma "rivalidade amigável" entre as
primeiras estrelas de cada companhia na disputa pela preferência dos espectadores. É
uma fase em que a revista se equilibra entre quadros cômicos e de crítica política, e os
números musicais e de fantasia. O elemento espetacular começa a ganhar força, e tem
seu apogeu na fase seguinte, a da féerie.
A terceira fase do teatro de revista se deve à gestão de Walter Pinto, à frente dos
negócios do pai, que falece em 1938. Sua companhia substitui o interesse dos
primeiros atores pela credibilidade da empresa na produção de grandes espetáculos,
em que um elenco formado por numerosos artistas se reveza em cada temporada. A
direção investe na ênfase à fantasia, por meio do luxo, de grandes coreografias,
cenários e figurinos suntuosos. A maquinaria, a luz e os efeitos equivalem ao intérprete
em importância. Mas, aos poucos, a revista começa a apelar fortemente para o
escracho, para o nu explícito, em detrimento de um de seus alicerces: a comicidade, e,
assim, entra em um período de decadência, praticamente desaparecendo na década
de 1960.
A pesquisadora assim resume a alma e a importância do teatro de revista:Neyde
Veneziano
Ao se falar em teatro de revista, que nos venham as ideias de vedetes, de bananas, de
tropicália, de irreverência e, principalmente, de humor e de música, muita música. Mas
que venha também a consciência de um teatro que contribuiu para a nossa
descolonização cultural, que fixou nossos tipos, nossos costumes, nosso modo
genuíno do falar à brasileira. Pode-se dizer, sem muito exagero, que a revista foi o
prisma em que se refletiram as nossas formas de divertimento, a música, a dança, o
carnaval, a folia, integrando-os com os gostos e os costumes de toda uma sociedade
bem como as várias faces do anedotário nacional.

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