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Curso de

APICULTURA BÁSICA

MÓDULO V

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MÓDULO V

20ª AULA – ABELHAS INDÍGENAS SEM FERRÃO

Meliponia é a criação de abelhas indígenas sem ferrão (ASF) e que recebe


esse nome devido ao gênero Melípona, gênero que abrange a maioria das abelhas
indígenas.
Meliponicultores são as pessoas que se dedicam a cultivar abelhas
indígenas sem ferrão.
O principal interesse pela criação racional de abelhas sem ferrão, está no
prazer que o manejo diário proporciona, uma vez que esta atividade não representa
qualquer risco de acidentes com enxames.
Além da questão do lazer do criador e sua família, a atividade pode ainda
representar uma renda extra, através da venda do mel, ou ainda, pela
comercialização dos enxames para os interessados em iniciar ou aumentar uma
criação.

• Extrativismo X Tecnologia da criação

O homem, durante as épocas mais primitivas, mantinha apenas a atividade


extrativista e, ao longo dos tempos, destruíam as abelhas, diminuíam a polinização
das floradas, e temos hoje, como conseqüência, a baixa da produção nos pomares,
nas lavouras e nas hortas, bem como a dificuldade de recuperação das matas
nativas degradadas.
Era comum, no passado, encontrarem-se aqueles tubinhos de cera nos
muros, tocos de árvores, telhados, escadas, e onde mais as abelhas mosquito
(abelhas Jataí - Tetragonisca angustula) pudessem e quisessem fazer seus ninhos.
O mel das abelhas indígenas sem ferrão é bastante apreciado e, por serem
razoavelmente mansas e muitas vezes inofensivas, as ASF são vítimas freqüentes

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da inconsciência humana, que destroem seus ninhos em busca do precioso líquido,
e, na maioria das vezes, matam as árvores para alcançarem seus potes de mel.
Pela importância que têm como polinizadoras, são fundamentais na
produção de sementes de hortaliças, condimentos, ervas medicinais e flores; são de
fácil manejo e isentas de agressividade, podendo ser criadas, realmente, por
quaisquer pessoas, principalmente por aqueles que são alérgicos à ferroada da Apis
mellifera. As pesquisas sobre a ação medicamentosa dos produtos das ASF
apresentam tantas possibilidades, que defendemos os projetos de meliponia junto às
comunidades de trabalhadores que querem permanecer no campo apesar das
dificuldades. Eles continuam recebendo informações sobre a utilização de métodos
adequados de produção e de mecanismos de organização, que lhes permitam
alcançar maior produtividade e qualidade do produto, ampliando as opções de sua
inserção no mercado e, com isso, elevando sua renda líquida.

• ASF

As abelhas sem ferrão, assim chamadas por apresentarem este instrumento


de defesa atrofiado, são verdadeiramente insetos sociais e são encontradas na
América do Sul, América Central, Ásia, Ilhas do Pacífico, Austrália, Nova Guiné e
África.
Assim como em Apis, se dividem em castas e suas colônias possuem uma
rainha-mãe, várias gerações de operárias, além dos machos, dependendo da
condição geral da população.
As operárias de meliponíneos vivem, em média, 30 a 40 dias e são quase
brancas ao saírem dos favos, escurecendo com o passar do tempo.
Na vida adulta, desempenham diversas funções no ninho, seguindo
normalmente a seguinte ordem: faxineiras - nutrizes - arquitetas - ventiladoras -
guardas - campeiras.
A rainha, quando fecundada, apresenta o ventre bem dilatado, podendo ser
localizada facilmente a olho nu. Normalmente, habita a área de cria, circulando por
entre os favos.

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Rainha-mãe de ASF
Fonte: Apibosco, 2007

As células de cria são agrupadas formando os favos, que na maioria das


espécies de Meliponinae são horizontais e algumas espécies de Trigonini constroem
favos em forma de cacho. São construídos com cerume e as células do centro do
favo são as primeiras a serem construídas, sendo as demais dispostas à sua volta.
Dessa forma, usualmente, a cria da região central do favo é mais velha. Durante o
desenvolvimento a larva sofre quatro mudas larvais.

Fonte: UFV, 2007

Em grande parte das espécies, os favos de cria são envolvidos por um


invólucro, constituídos por camadas de cerume que os protegem, inclusive, contra
perda de calor, denominados lamelas.

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Ninho de guaraipo Arquitetura do ninho de Colméia de jataí
(Melipona bicolor) Plebeia remota – trabéculas (Tetragonisca angustula)
Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007

A estrutura e localização dos ninhos dos meliponíneos variam de acordo


com as espécies. Diversas espécies constroem seus ninhos em ocos encontrados
em troncos e galhos de árvores vivas, outras utilizam ocos existentes em árvores
secas, mourões de cerca ou cavidades existentes em paredes de pedra, alicerce de
construção e muitos outros lugares.
Os ninhos apresentam arquitetura complexa e, embora apresentem
algumas estruturas comuns às diversas espécies, existem diferenças marcantes
entre os gêneros.
O ninho apresenta uma entrada, que normalmente é característica para
cada espécie ou gênero (em muitos casos é possível a identificação das abelhas a
partir da entrada do seu ninho).
Ligando a entrada até o local de estocagem de alimentos, elas
constroem um túnel com cerume, para que o alimento armazenado fique bem
protegido. Mel e pólen são armazenados em potes separados.

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Fonte: UFV, 2007

Variações das entradas de alguns meliponíneos.

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Entrada de Mirim-preguiça Entrada de Guaraipo Entrada de Uruçu
(Friesella schrottkyi) (Melipona bicolor) (Melipona scutellaris)
Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007

Entrada de Mandaçaia Entrada de Jandaíra Entrada de Manduri


(Melipona quadrifasciata) (Melipona subnitida) (Melipona marginata)
Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007

Entrada de Jatai Entrada de Jatai-da-terra Entrada de Iraí


(Tetragonisca angustula) (Paratrigona subnuda) (Nannotrigona testaceicornis)
Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007

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Em Trigonini, as rainhas são normalmente produzidas em células especiais,
geralmente localizadas na periferia do favo de cria, denominadas realeiras ou células
reais; já em Melípona, não existem realeiras.
Nas ASF há evidências da existência de fatores genéticos envolvidos no
processo de determinação de castas. Podemos encontrar, em Meliponinae, rainhas
virgens convivendo nas colméias durante todo o ano. Já, muitas Trigonini,
aprisionam rainhas virgens em uma construção de cera conhecida como célula de
aprisionamento de rainha. Alguma dessas rainhas virgens pode substituir a rainha
da colméia, em caso de morte desta, ou enxamear junto com parte das operárias
para fundar novo ninho; as demais são mortas ou expulsas.

Rainha de Melipona quadrifasciata Corte em jataí (T. angustula)


Fonte: eco.ib.usp, 2007 Fonte: eco.ib.usp, 2007

No Brasil, existem mais de trezentas espécies de abelhas sem ferrão,


divididas em Meliponas e Trigonas. Através de algumas características gerais,
podemos distinguir esses dois grupos, como pelo tipo de entrada que constroem,
pelo tamanho da abelha, pelo número de abelhas na colônia e pela presença ou
ausência de realeiras, basicamente.

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Características Melipona Trigona

Tipo de entrada Barro Cerume

Tamanho do corpo Maior Menor

500 a 1000 Mais de 3000


Abelhas na colônia
abelhas abelhas

Tamanho do favo Iguais ao das Maior que o das


da rainha operárias operárias

Exemplos Mandaçaia Jataí

Uruçu Mirim

Jandaíra Iraí

™ Os mecanismos de defesa que as abelhas indígenas sem ferrão


adotam são:

U Constroem seus ninhos em locais de difícil acesso, como troncos com


paredes grossas, cavidades profundas no solo, dentro de ninho de insetos
agressivos, por exemplo, formigas;

U Guardam, através de sentinelas atentas, a entrada dos ninhos e


atacam inimigos que tentem entrar no ninho;

U Adornam as entradas dos ninhos com resina pegajosa que dificulta o


acesso de formigas, por exemplo;

U Algumas espécies fecham a entrada do ninho quando são atacadas;

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U Dos homens e outros animais maiores, as abelhas se defendem,
enrolam-se nos cabelo ou pêlos, tentam entrar nos ouvidos, nariz e olhos, grudam
resina nos pêlos, mordiscam a pele com suas mandíbulas cortantes e imitam som
que os afugenta;

U Algumas espécies liberam feromônio que atrai outras campeiras para o


ataque, como acontece em Scaptotrigona Oxytrigona que produz em suas glândulas
mandibulares, substância cáustica que causa sérias queimaduras.

™ Espécies mais conhecidas

U Jataí - Tetragonisca angustula

• A jataí mede aproximadamente 5mm, é dourada, e sua distribuição


geográfica vai do Rio Grande do Sul até o México. Suas colônias são populosas,
entre 2.000 e 5.000 indivíduos e nidificam em ocos variados: em muros de pedra,
tijolos vazados, cabaças e troncos de árvores.
• São bem adaptados à vida urbana, seus ninhos, perenes, podem ser
encontrados por mais de 35 anos no mesmo local.

Tetragonisca angustula Pata traseira e corbícula Cabeça


Fonte: Webbee, 200

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• Entrada da colméia: as abelhas Jataí fazem na entrada de suas
colméias um tubo de cerume rendilhado, com base firme, que, geralmente, é
fechado durante a noite. Abelhas sentinelas ficam voando nas proximidades do
tubo, formando uma pequena nuvem. As abelhas campeiras apresentam movimento
bem diferente, pois entram e saem do ninho rápida e constantemente. Elas podem
entrar carregando pólen nas patas ou néctar no abdome.

Fonte: webbee, 2007 Fonte: kuleuven, 2007

• Interior da colméia: o ninho é protegido por abundante invólucro de


cerume, constituído de várias camadas finas de lamelas de cera. O mel de Jataí é de
excelente qualidade nutricional e medicinal, inclusive com ação antimicrobiana. As
jataís constroem as células de cria em forma de favos, geralmente dispostos
paralelamente. As células de cria são construídas simultaneamente, em bateria, de
modo que ficam prontas para receber o alimento larval, todas de uma vez.

Interior da colméia de Jataí


Fonte: Webbee, 2007

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Análise do mel de Jataí comparada a Apis

Características do mel de Jataí


• Líquido, com espuma superficial, aroma e sabor forte;
• Acidez 31,66 miliequivalente/kg;
• Umidade 25,1%;
• Sólidos solúveis: 74,728%;
• Sólidos insolúveis: 0,172%;
• Açúcar invertido (frutose, dextrose, glicose): 61,807% (o
mel da Ápis tem no mínimo 72%).

200
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U Mandaçaia - Melipona quadrifasciata

A mandaçaia é uma abelha grande que mede aproximadamente 11 mm e


podem ser encontrada no interior do Nordeste, Brasil Central e sul do Brasil. As
colônias são pouco populosas, contendo uma média de 300 a 400 indivíduos. Os
locais de nidificação são principalmente ocos de árvore.

Melipona quadrifasciata Detalhe da cabeça


Fonte: webbee, 2007

• Entrada da colméia: A entrada típica apresenta ao seu redor raias


convergentes de barro, construídas pelas abelhas. Só passa uma abelha de cada
vez.

Entrada da colméia de Mandaçaia


Fonte: Webbee, 2007

201
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• Interior da colméia: apresenta favos de cria horizontais ou helicoidais
(em caracol) e um invólucro denso que protege os favos de cria. Os potes de
alimento são ovóides com 3-4 cm de altura.

Ninho e potes de alimento de Mandaçaia


Fonte: Webbee, 2007

U Jataí da terra ou Mirim sem brilho - Paratrigona subnuda

A jataí da terra é uma espécie muito comum e bem sucedida. Seus ninhos
são subterrâneos, mostrando, discretamente, entre as folhas, o seu tubo de entrada.

Paratrigona subnuda Pata com corbícula Cabeça


Fonte: webbee, 2007

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• Entrada da colméia: abrem a porta pela manhã e a fecham ao
anoitecer, quando termina o movimento. O tubo de entrada é construído com
cerume. Seus ninhos são subterrâneos.

Fonte: bobány, 2007

• Interior da colméia: as células de cria são construídas em favos,


sempre de formato espiral. Em volta do favo, alguns potes ovóides para alimento
(mel e pólen) e um invólucro formado por várias camadas de cerume. Na parte de
baixo dos favos, podemos encontrar um depósito de detritos consistente, que libera
calor, e muitas vezes, abriga os machos.

Ninho de Jataí da terra


Fonte: webbee, 2007

203
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U Manduri - Melipona marginata

A manduri mede aproximadamente 7 mm e sua distribuição geográfica vai


desde a América Central até a Argentina, Estado de Santa Catarina e São Paulo. É
uma abelha com colônias pouco populosas que nidificam, principalmente, em ocos
de árvore.

Melipona marginata
Fonte: webbee, 2007

• Entrada da colméia: forma uma típica entrada de barro com estrias


convergentes, por onde passa apenas uma abelha de cada vez.

Fonte: webbee, 2007

204
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• Interior da colméia: apresenta favos de cria horizontais ou helicoidais
envolvidos por um invólucro bem desenvolvido. Os potes de alimento têm 3-5 cm de
altura.

Ninho de Melipona marginata com alguns potes de alimentos


Fonte: webbee, 2007

U Pé-de-pau (guaraipo) - Mellipona bicolor

Apresenta mais de uma rainha fecundada no ninho, o que é raro entre as


abelhas sem ferrão. A espécie é encontrada desde a Argentina até os estados de
Minas Gerais e Espírito Santo. O ninho fica rente ao solo, dentro de cavidades de
árvores. Esta espécie é vigorosa, ativa e muito mansa, proporcionando um fácil
manejo.

Melipona bicolor Pata com corbícula Cabeça


Fonte: webbee, 2007

205
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• Entrada da colméia: a entrada do ninho de Melipona bicolor, assim
como da maioria das meliponas, é feita com barro.

Entrada da colméia de Melipona bicolor


Fonte: webbee, 2007

• Interior da colméia: os favos têm uma disposição espiral e são cobertos


por um invólucro de várias camadas de cerume. Ao redor dele estão os potes ovais,
onde ficam armazenados os alimentos (mel e pólen).

Ninho de Melipona bicolor


Fonte: webbee, 2007

206
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U Tubuna - Scaptotrigona bipunctata

Embora de distribuição geográfica ampla, que se estende do Rio Grande do


Sul até o México, a abelha tubuna inexiste em muitas regiões. Esta espécie é muito
agressiva quando há manipulação dos ninhos, que podem ser encontrados em ocos
de árvores.

Scaptotrigona bipunctata Pata com corbícula Cabeça


Fonte: webbee, 2007

• Entrada da colméia: é ampla, de cerume e com a forma de funil.

Entrada de Scaptotrigona bipunctata


Fonte: webbee, 2007

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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• Interior da colméia: os favos de cria são circundados por potes de
alimentos, têm sempre a forma espiral e o cerume que os envolve é pouco
desenvolvido em relação às outras espécies de abelhas sem ferrão.

U Iraí - Nannotrigona testaceicornis

A iraí é uma abelha pequena, que mede aproximadamente 4mm e sua


distribuição geográfica vai desde o Norte do Paraná até os EUA. As colônias são
medianamente populosas e seus locais de nidificação são ocos, variados em muros
de pedra, tijolos vazados, cabaças, ocos de árvore. É uma espécie de fácil manejo,
muito mansa e comum em locais muito quentes, freqüentemente encontradas
também nas cidades.

Nannotrigona testaceicornis Pata com corbícula Cabeça


Fonte: webbee, 2007

• Entrada da colméia: é um tubo


geralmente curto, feito com cerume pardo ou escuro.
Esta espécie constrói uma porta nova todos os dias.
Pela manhã, desmancham a rede de cerume que
construíram na tarde anterior, e as abelhas-guardas
formam um círculo em torno da entrada. No final da
tarde a entrada é construída novamente. Entrada do ninho de
Nannotrigona testaceicornis
Fonte: Webbee, 2007

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• Interior da colméia: o ninho apresenta um exoinvólucro resinoso e duro,
às vezes crivado, para permitir aeração. Os favos são em espiral e as células de cria
construídas simultaneamente. As rainhas são criadas em células reais e os potes de
alimento são pequenos e ovóides.

Ninho de Nannotrigona testaceicornis


Fonte: Webbee, 2007

U Irapuá - Trigona spinipes

Seus ninhos são aéreos, de formato oval, apoiados em forquilhas de


árvores. É espécie agressiva, podendo atacar outras abelhas sem ferrão,
principalmente nas flores. Destrói botões florais de algumas plantas.

Trigona spinipes Pata com corbícula Cabeça


Fonte: Webbee, 2007
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• Entrada da colméia: é ampla e oval, com lamelas internas de cerume.

Aparência externa do ninho de Trigona spinipes Entrada da colméia


Fonte: Webbee, 2007

• Interior da colméia: no ninho destaca-se a presença de uma


consistente massa composta de materiais diversos, tais como: restos de casulos,
abelhas mortas, excrementos e resinas. Pode conter até três agrupamentos de
células de cria grandes, no mesmo ninho.

U Uruçu nordestina - Melipona scutellaris

Os ninhos têm entrada típica, sempre com abertura no centro, de raias de


barro convergentes, sendo que também podemos encontrar ninhos cujas raias de
barro são elevadas e formam uma coroa, freqüentemente voltada para baixo. A
entrada que dá passagem para as abelhas, é guardada por uma única operária.

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Entrada de Melipona scutellaris
Fonte: ambientebrasil, 2007 Potes de alimento de Melipona scutellaris
Fonte: ib.usp.br, 2007

U Guiruçu - Schwarziana quadripunctata

Essas abelhas são muito comuns no sul e sudeste do Brasil. Ocupam


também ninhos abandonados de saúva. São muito mansas.

Schwarziana quadripunctata Pata com corbícula Cabeça


Fonte: webbee, 2007

• Entrada da colméia: é um pequeno buraco no solo, podendo ter uma


pequena elevação de barro. Internamente, a entrada é revestida de cerume.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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Entrada de Schwarziana quadripunctata
Fonte: Webbee, 2007

• Interior da colméia: O ninho todo é circundado por um invólucro que


tem uma forma característica. Os favos são em espiral ou paralelo. As células de
cria são construídas sucessivamente. O alimento, mel e pólen, são colocados em
potes ovóides de cerca de 3 cm de altura.

Ninho de Schwarziana quadripunctata


Fonte: Webbee, 2007

U Jandaíra nordestina - Melipona subnitida

Esta abelha vive em regiões relativamente secas do nordeste, mais


especificamente no Estado do Rio Grande do Norte. A origem de seu nome comum

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respectivos autores
Fonte: ib.usp.br, 2007

vem do Tupi-Guarani. Está sendo criada racionalmente, devido à quantidade


razoável de mel que produz. Habita em ocos de árvores nativas da região, formando
colônias de população mediana. É uma abelha mansa, mas ataca quando uma
família populosa é aberta.

• A entrada do seu ninho é típica das abelhas do gênero Melipona. Está


situada no centro das raias convergentes de barro, por onde passa apenas uma
abelha de cada vez.
• Os favos de cria são horizontais, possuem invólucro de lamelas de
cerume irregular, e utilizam o batume para delimitar e fechar as frestas do ninho.

Fonte: ib.usp.br, 2007

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A Jandaíra do Nordeste produz um mel saboroso, não enjoativo, muito
consumido. Esta abelha produz de um a dois litros de mel, por colônia, anualmente,
vendidos a um preço de três a seis vezes superior ao mel da Apis mellifera.

Potes de mel
Fonte: ib.usp.br, 2007
U Cupira do Sudeste - Partamona helleri

A Partamona helleri é conhecida também pelo nome popular de boca de


sapo, devido ao formato da entrada de seus ninhos aéreos que se apoiam sobre
superfícies resistentes como beirais e vasos. É encontrada na região Sudeste do
Brasil, sendo bastante agressiva, atacando a pele e pêlos das pessoas que tentam
manipulá-la.

Partamona helleri Entrada característica da colméia


Fonte: ib.usp.br, 2007

U Mirim preguiça - Friesella schrottkyi

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Esta abelhinha mede aproximadamente 3 mm, bem adaptada à vida urbana
e se distribui abrangentemente. As colônias são pouco populosas, por volta de 300
indivíduos e têm o hábito de nidificar em ocos variados, em muros de pedra, tijolos
vazados, cabaças, ocos de árvore. Recebe o nome de Mirim-preguiça porque inicia
seu trabalho somente quando a temperatura se aproxima de 20 graus, isto é,
geralmente por volta das 10h da manhã e pára por volta das 15 ou 16h. É muito
mansa.

Friesella schrottkyi Detalhe da cabeça


Fonte: ib.usp.br, 2007

• Entrada da colméia: é pouco saliente, sendo fechada à noite pelas


abelhas. Geralmente é toda de cera branca ou branco-amarelada.

Entrada da colméia de Mirim-preguiça


Fonte: ib.usp.br, 2007

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□ Interior da colméia: as células de cria podem formar favos
irregulares ou cachos. São construídas simultaneamente, em baterias, mas a
rainha fixa uma delas de cada vez, em seqüência, durante o processo de
postura de ovos. Em torno do favo não há nenhum tipo de invólucro de cerume,
tão comum em outras espécies. Esta espécie produz pequenos depósitos de
própolis viscoso, puro. Os potes de mel e pólen são feitos com uma cera muito
fina, de modo a ficarem tão transparentes que podermos caracterizar
facilmente o seu interior.

Ninho de Mirim-preguiça
Fonte: ib.usp.br, 2007

U Mirins - Plebeia sp

A Mirim-guacu - Plebeia remota - é uma das tantas abelhas nativas


conhecidas pelo nome de Mirim, ocorrendo na região subtropical e nidificando em
troncos de árvores.

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Plebeia remota Pata com corbícula Cabeça
Fonte: Webbee, 2007

• Entrada da colméia: é constituída por um pequeno orifício de cerume,


que permite a passagem de uma única abelha por vez.

Entrada de Mirim-guaçu
Fonte: ib.usp.br, 2007

□ Interior da colméia: os ninhos desta abelha sempre possuem


grandes quantidades de resina, o que resulta em um odor muito característico.
Os favos são em forma de cacho, dispostos em camadas horizontais ou em
espiral. Nos períodos frios, quando ainda há células no favo, ela os recobre
por uma ou várias camadas de cerume, que desaparece na primavera quando
as atividades de construção e postura são reiniciadas.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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Ninho de Mirim-guaçu
Fonte: ib.usp.br, 2007

U Iratim, limão - Lestrimelitta limão

Estas abelhas não possuem corbícula nas tíbias posteriores, têm os olhos
relativamente pequenos e não trabalham nas flores, vivendo de roubos. Assim como
outras espécies ladras, não colhem pólen - roubam-no de outras colônias e o
transporta suspenso num meio líquido.

Lestrimelitta limao Pata sem corbícula Cabeça


Fonte: Webbee,

• A Iratim habita ocos de pau, em geral a boa altura do chão e apresenta


um cheiro característico de limão, particularmente quando é esmagada.

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• Seu ninho pode ter mais de uma entrada e, geralmente, são grandes
construções feitas de substância escura e não muito dura.

Orientação de manejo em caso de ocorrência de Abelha Iratim


• Caso o enxame esteja sendo atacado (início do ataque):
a) Fechar a entrada do cortiço;
b) Após cessar o movimento das Limão, recolocar a caixa atacada no local
e inspecionar para remover com o sugador as invasoras que ficaram aprisionadas no
interior ou colocar uma armadilha na entrada da colméia, para capturar as que ainda
estão lá dentro, batendo forte na caixa.

Fonte: bobány, 2007

• Caso o ataque tenha se concretizado, e as Iratim já ocupam o cortiço,


estabelecendo o controle do ninho:
a) Proceder como descrito acima nas letras (a) e (b);
b) Abrir a colônia atacada e transferir o cortiço para uma caixa nova;
procurar a Rainha e abrigá-la em um recipiente previamente preparado para tal fim.
Procurar remover os discos de cria e favos que não contenham Iratim.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
respectivos autores
c) Mel e pólen podem ser colocados em um recipiente plástico com tampa
ou toalha de pano, para posterior inspeção, não devendo ser colocados na nova
caixa.
d) Capturar as abelhas com dois sugadores:
- um para as Iratim, que posteriormente serão eliminadas.
- outro para as abelhas atacadas, para repovoar a caixa nova.
e) Substituir a caixa atacada por uma nova, colocada na mesma posição, a
fim de que as campeiras, ao retornarem para o cortiço, possam ser capturadas para
reorganizarem o ninho.
f) Devolver o mel e pólen, após inspeção de caça ao Limão.

• Se o ataque já se consumou, e não há mais ninho, rainha e operárias


para reconstruir a família atacada:
a) Destruir o que resta da colônia.

• Tentar localizar o enxame de IRATIM que está promovendo as


invasões.
a) Se for de criador particular, explicar os motivos porque estas abelhas não
devem ser criadas e procriadas racionalmente;
b) Se houver resistência por parte do criador, tentar oferecer como permuta,
enxames não nocivos às criações racionais;
c) Explicar sobre a falta de qualidade do seu mel e, ao mesmo tempo,
mostrar a vantagem de criar Jataí ou Mandaçaia, por exemplo;
c) Se a colméia de Limão estiver abrigada em árvore ou em outro local,
poderá ser neutralizada.
A eliminação de uma colônia de Iratim pode parecer antiecológica, mas,
considerando que as Lestrimelita limao perderam a sua função natural de controle
da população das espécies atacadas, não há sentido em deixá-las atacando
colméias produtoras de mel que, muitas vezes, estão ameaçadas de extinção.

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U Caga-fogo - Oxytrigona tataira tataira

Esta abelha pode ser identificada por ter a cabeça muito grande e o espaço
entre os olhos muito maior que o comprimento do olho. A superfície do seu corpo é
lisa e polida, suas mandíbulas são bidentadas. É uma das espécies mais agressivas
que deposita sobre a pele, com suas mandíbulas, uma secreção cáustica. Possui
hábitos anti-higiênicos além de já ter sido vista saqueando o ninho de outros
meliponíneos.

Fonte: ib.usp.br, 2007

Oxytrigona tataira tataira


Fonte: webbee, 2007

Fonte: bobány, 2005

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™ Porque criar abelhas indígenas?

• Apesar das abelhas sem ferrão serem nativas, ainda é pouco criado
racionalmente por apicultores e também pouco estudados e pesquisados;
• O mel da maioria das ASF, apesar de pouco em quantidade, valem
muito, não só pelo valor nutritivo quanto pelo valor medicinal modernamente
estudado, alcançando, muitas vezes, preço 4 vezes maior que o mel das Apis;
• A meliponicultura é uma atividade sustentável e ecologicamente correta,
e criar estas abelhas significa atuar em sua preservação;

™ Como criar abelhas indígenas?


U Antes de iniciar a criação de meliponínios é necessário que o
interessado receba treinamento para sua qualificação;
• Aprender a transferir uma colônia de um tronco para uma colméia
racional, sem destruir o vegetal;
• Aprender a manter, alimentar e combater o forídeo Pseudohypocera
kerstezi e evitar o saque por outras abelhas;
• Aprender a dividir;
• Entrar em contato com outros meliponicultores para promover a troca
de rainhas e informações;
• Aprender a criação em caixas racionais.

™ Regulamentação

Por serem abelhas nativas, existe todo um cuidado dos órgãos competentes
no sentido de preservar e conservar. O Ministério do Meio Ambiente, na voz do

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Fonte: Embrapa, 2007

Fonte: Apacame, 2007 Fonte: Usp, 2007

Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, em sua resolução n°


346, de 06 de julho de 2004:
Considerando que as abelhas silvestres nativas, em qualquer fase do seu
desenvolvimento, e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituem parte da
fauna silvestre brasileira;
Considerando que essas abelhas, bem como seus ninhos, abrigos e
criadouros naturais são bens de uso comum do povo nos termos do art. 225 da
Constituição Federal;
Considerando o valor da meliponicultura para a economia local e regional
e a importância da polinização efetuada pelas abelhas silvestres nativas na
estabilidade dos ecossistemas e na sustentabilidade da agricultura; e
Considerando que o Brasil, signatário da Convenção sobre a Diversidade
Biológica-CDB, propôs a "Iniciativa Internacional para a Conservação e Uso
Sustentável de Polinizadores". Aprovada na Decisão V/5 da Conferência das
Partes da CDB em 2000 e cujo Plano de Ação foi aprovado pela Decisão VI/5 da
Conferência das Partes da CDB em 2002, resolve:

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CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1° Esta Resolução disciplina a proteção e a utilização das abelhas
silvestres nativas, bem como a implantação de meliponários.
Art. 2° Para fins dessa Resolução entende-se por:
I - utilização: o exercício de atividades de criação de abelhas silvestres
nativas para fins de comércio, pesquisa científica, atividades de lazer e ainda
para consumo próprio ou familiar de mel e de outros produtos dessas abelhas,
objetivando também a conservação das espécies e sua utilização na polinização
das plantas;
II - meliponário: local destinado à criação racional de abelhas silvestres
nativas, composto de um conjunto de colônias alojadas em colméias
especialmente preparadas para o manejo e manutenção dessas espécies.

Art. 3° É permitida a utilização e o comércio de abelhas e seus produtos,


procedentes dos criadouros autorizados pelo órgão ambiental competente, na
forma de meliponários, bem como a captura de colônias e espécimes a eles
destinados por meio da utilização de ninhos-isca.
Art. 4° Será permitida a comercialização de colônias ou parte delas
desde que sejam resultado de métodos de multiplicação artificial ou de captura
por meio da utilização de ninhos-isca.

CAPÍTULO II
DAS AUTORIZAÇÕES
Art. 5° A venda, a exposição à venda, a aquisição, a guarda, a
manutenção em cativeiro ou depósito, a exportação e a utilização de abelhas
silvestres nativas e de seus produtos. Assim como o uso e o comércio de favos
de cria ou de espécimes adultos dessas abelhas serão permitidos quando
provenientes de criadouros autorizados pelo órgão ambiental competente.
§ 1° A autorização citada no caput deste artigo será efetiva após a
inclusão do criador no Cadastro Técnico Federal-CTF do IBAMA e após obtenção

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de autorização de funcionamento na atividade de criação de abelhas silvestres
nativas.
§ 2° Ficam dispensados da obtenção de autorização de funcionamento
citada no parágrafo anterior os meliponários com menos de cinqüenta colônias e
que se destinem à produção artesanal de abelhas nativas em sua região
geográfica de ocorrência natural.
§ 3° A obtenção de colônias na natureza, para a formação ou ampliação
de meliponários, será permitida por meio da utilização de ninhos-isca ou outros
métodos não destrutivos mediante autorização do órgão ambiental competente.
Art 6° O transporte de abelhas silvestres nativas entre os Estados será
feito mediante autorização do IBAMA, sem prejuízo das exigências, sendo
vedada a criação de abelhas nativas fora de sua região geográfica de ocorrência
natural, exceto para fins científicos.
Art. 7° Os desmatamentos e empreendimentos sujeitos ao licenciamento
ambiental deverão facilitar a coleta de colônias em sua área de impacto ou enviá-
las para os meliponários cadastrados mais próximos.
Art. 8° O IBAMA ou o órgão ambiental competente, mediante justificativa
técnica, poderá autorizar que seja feito o controle da florada das espécies
vegetais ou de animais que representam ameaça às colônias de abelhas nativas,
nas propriedades que manejam os meliponários.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 9° O IBAMA no prazo de seis meses, a partir da data de publicação
desta resolução, deverá baixar as normas para a regulamentação da atividade de
criação e comércio das abelhas silvestres nativas.
Art. 10. O não-cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os
infratores, entre outras, às penalidades e sanções previstas na Lei no 9.605, de
12 de fevereiro de 1998 e na sua regulamentação.
Art. 11. Esta Resolução não dispensa o cumprimento da legislação que
dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao

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conhecimento tradicional associado e a repartição de benefícios para fins de
pesquisa científica desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção.
Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
MARINA SILVA

Ser um meliponicultor!

Os princípios da Agroecologia primam pelo rasgaste e fortalecimento de


conhecimentos endógenos das comunidades tradicionais, pela diversidade dos
agroecossistemas e pelas interações ecológicas ( CAPORAL e COSTABEBER
2002; 2004) , portanto, podemos dizer que a Meliponicultura respeita estes
princípios.
Devemos, sempre que possível, escolher o local destinado à criação racional
de abelhas indígenas sem ferrão, que seja instalado no entorno de Áreas de
Preservação Permanentes (APPs) ; próximo a Reservas Legais; (3), próximo a
hortas e cultivos de plantas medicinais e distante de culturas modificadas
geneticamente ou que utilizem agrotóxicos, mas sem nos esquecermos que o
meliponário pode ser instalado em jardins ou em pequenas áreas próximas a jardins,
de forma a facilitar o acesso das abelhas às floradas, já que muitas dessas abelhas
são totalmente adaptadas ao ambiente urbano, como as abelhas Jataí, por exemplo.
Tradicionalmente, destaca-se o uso do mel de abelhas sem ferrão, tanto na
alimentação quanto na medicina popular, particularmente em locais pequenos, de
pouca circulação de produtos industrializados, gerando para o homem do campo
uma renda extra na comercialização do mel destas abelhas.
O incentivo à meliponicultura faz surgir interesse comercial e científico nos
produtos das ASF e gera a preservação dos ambientes.
O homem pode obter, na natureza, sem necessidade de destruí-la, suas
primeiras colméias, adquiridas por meio de extração conservadora e através das
técnicas de divisão e multiplicação, aumentarem sua criação, contribuindo para a
manutenção da biodiversidade, preservando, particularmente, as abelhas regionais.

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A caixinha racional de hoje, desenvolvida por vários pesquisadores, foi
proposta pelo professor Paulo Nogueira Neto, há 55 anos, e apresenta inúmeras
variações, sempre em busca de maior conforto para as abelhas e,
conseqüentemente, maior produção.
Em termos de medidas, as gavetas são todas iguais, com exceção da última,
que contém uma tábua para fechar, por baixo, o espaço da cria, e outra para fechar
o vão ao lado oposto da cria.
Deve-se observar também que as medidas das gavetas são internas.
Modelo de caixa PNN

Fonte: Apacame, 2007

227
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Modelo Kerr

Fonte: Apacame, 2007

Modelo Capel horizontal

Fonte: Apacame, 2007

Modelo Baian

Fonte: Apacame, 2007


228
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Modelo Isis

Fonte: Apacame, 2007

Modelo Maria

Fonte: Apacame, 2007

229
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Modelo Juliane

Fonte: Apacame, 2007

Revisões

O material necessário para fazer as revisões periódicas, assim como na


criação de Apis, deve ser para facilitar o descolamento das partes das caixas,
geralmente propolisadas, material para colher mel, dividir colméias quando
necessário e limpeza. São eles:
a) O formão - é usado na abertura das caixas e na raspagem, retirada
dos excessos de própolis, cerume e batume;
b) Uma faca de ponta fina ou uma pequena espátula - para remover
cuidadosamente o invólucro que envolve os favos de cria. Quanto menos estrago
nesta estrutura de proteção, melhor para as abelhas manterem o calor ideal no
ninho;

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Revisão de Jataí Revisão de Mandaçaia
Fonte: bobány, 2005 Fonte: bobány, 2005

As revisões em meliponineos são muito importantes devido ao seu maior


inimigo, o forídeo.
□ Os forídeos ( Pseudohypacera) são moscas muito pequenas,
que põem seus ovos na colméia; sua postura é muito mais rápida que a da
abelha, chegando a botar cerca de 300.000 ovos; as larvas dessa mosca se
desenvolvem também mais rapidamente que as larvas das abelhas, comendo
todo o alimento destas, levando-as à morte.
As medidas são quase sempre preventivas:
□ Evitar abrir as lamelas que protegem o ninho, os potes de
pólen ou favos de cria nova. Isso atrai os forídeos;
□ As capturas, transferências ou divisões, são manobras que
devem ser feitas o mais rápido possível e com o máximo cuidado para não
ferir células de crias. Após o trabalho feito, vedar com fita crepe as frestas da
colméia e colocar iscas como potes furadinhos com vinagre de maçã. Isto atrai
os forídeos;

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Capturas

O meliponicultor deve coletar apenas as colméias que estejam correndo


risco ou aquelas instaladas em troncos mortos, procurando, sempre que possível,
não derrubar árvores, para não favorecer a extinção destas abelhas, pois muitas
delas não se adaptam às condições de criação.
Antes de cortar o tronco onde a colméia está instalada, é importante fechar
a entrada da colméia com tela ou algodão, para impedir que as abelhas escapem.
No caso de muitas abelhas estarem fora do ninho após a captura da colônia, o
tronco ou galho contendo o ninho deve ser deixado com a entrada aberta, o mais
próximo possível de onde se encontrava originalmente, para que as campeiras
retornem.

Divisão de colônias
1)Divisão em Trigonas
a) Procurar se existe realeiras (favos maiores, localizados na extremidade
dos discos) e transferir esse disco e mais 2 a 3 favos de coloração mais clara (cria
madura) para a colônia-filha (caixa vazia);

Localizar o ninho Localizar os discos com realeiras


Fonte: bobány, 2004

232
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b) Dividir os potes de alimento entre as duas caixas de modo que nenhuma
seja favorecida ou prejudicada;

Dividir os potes de alimento Se necessário, dar alimentação artificial.


Fonte: bobány, 2004

c) Transferir o canudo da entrada da colméia mãe para a colméia filha;

Fonte: bobány, 2004

d) Levar a colônia-mãe, que ficou com a rainha, para um local distante


de 3 a 6 metros da colônia-filha. Desta forma, estaremos reforçando a nova
caixa com a chegada das campeiras que estavam trabalhando durante a
divisão.

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Colheita do mel

A colheita do mel dos meliponíneos é artesanal e pode ser feita, por


exemplo, com seringa, como nas figuras (a) e (b) ou com bomba de sucção, como
na figura (c).

Fonte: Souza et al, 2006

-----------------FIM DO MÓDULO V--------------

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Bibliografia consultada:

ABELHAS. Site construído e mantido pela Empresa Brasileira de Pesquisa


Agropecuária - EMBRAPA. Disponível em:
<http://www.embrapa.br/kw_storage/keyword.2007-06-
05.5167400286/keyword_context_view>

APACAME. Site construído e mantido pela Associação Paulista de Apicultores.


Disponível em: <http://www.apacame.org.br>

APIACTA. Site construído e mantido pela University of Mary Washington. Disponível


em: <http://www.beekeeping.com/apimondia/index_us.htm>

APIÁRIO CENTRAL. Site construído e mantido pela Universidade Federal de Viçosa


- UFV. Disponível em: <http://www.ufv.br/dbg/bee/bem-vindo.htm>

CRANE, E. Bees and beekeeping: Science, practice and world resources. Oxford,
UK: Heinemann Newnes. 1990. 614 p.

LABORATÓRIO DE ABELHAS. Site construído e mantido pela Universidade de São


Paulo -USP. Disponível em: <http://eco.ib.usp.br/beelab>

MORSE, RA; FLOTTUM, K. Honey bee pests, predators & diseases. Medina, USA:
A. I. Root Company. 1997. 718 p.

MORSE, RA; HOOPER, T. The illustrated encyclopedia of beekeeping. New York,


USA: E. P. Dutton, Inc. 1985. 432 p.

NASCIMENTO JR, A. V. Abelhas. Como criar? Contagem, MG: Companhia da


Abelha Ltda. 2002. 200p.

235
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respectivos autores
RINDERER, T. E. Bee genetics and breeding. New York, USA: Academic Press,
Inc.1986. 413 p.

SEBRAE. Mel de abelhas e derivados de mel. Disponível em:


<http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/DowContador?OpenAgent&unid=E
A7383B94355812D8325730E00580182>

SPURGIN, A. Apicultura. Lisboa: Editorial Presença. 1997. 112 p.

WIESE, H. Nova Apicultura. Porto Alegre, RS: Livraria e Editora Agropecuária Ltda.
1984. 485 p.

----------------FIM DO CURSO--------------

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