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Curso de

APICULTURA

MÓDULO II

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MÓDULO II

5ª AULA – MATERIAIS APÍCOLAS

A apicultura é um tipo de criação que reúne biologia, manejo e produção de


abelhas e produtos apícolas, de modo geral.
Para se trabalhar com abelhas de maneira segura, é necessário respeitar
algumas práticas de proteção individual e coletiva e utilizar material próprio para
esse tipo de criação, chamado material apícola. Também é necessário que se
conheça um pouco da biologia das abelhas, de sua organização social, de seus
hábitos. para que o manejo seja feito de forma racional e segura.
Barulhos normais não incomodam as abelhas, porém barulhos ou vibrações
fortes (motores, máquinas, música estridente), odores fortes como perfumes, roupas
escuras, condições naturais (falta de sol, presença de chuva, ventos fortes), podem
incomodá-las e torná-las agressivas.
Materiais apícolas necessários ao desenvolvimento da atividade de
apicultura:

• Equipamento de Proteção Individual – EPI

Essa é a vestimenta do apicultor. Ela se compõe basicamente de macacão,


máscara, luvas e botas.

™ Macacão

Pode ser de brim ou nylon, cobrindo todo o corpo desde o calcanhar até o
pescoço e deste ao fim dos braços. Deve ser largo e estar sem buracos ou

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rasgados. Pode ser inteiro ou calça e jaquetão. As extremidades do macacão
(mangas e pernas) devem ser arrematadas com elástico, para impedir a entrada de
abelhas na vestimenta.

Conjunto em nylon de
jaqueta e calça
Macacão inteiro de brim

Fonte: Bobány, 2006

™ Máscara

A máscara pode ser de pano, com visor de tela metálica, pintada com tinta
preta e fosca, que permite melhor visibilidade, sustentada por chapéu de palha ou
vime e é fechada com um longo cadarço, que é amarrado sobre o macacão.
Atualmente, as máscaras já vêm acopladas aos chapéus que são feitos também de
nylon.
Abaixo, alguns tipos de máscaras.

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Fonte: Bobány, 2006

™ Luvas

As luvas devem ser finas o suficiente para que o apicultor não perca
totalmente o tato, mas ao mesmo tempo grossas, para não permitir ferroadas.
U As luvas de plástico, muitas vezes não são resistentes às
ferroadas, e têm o inconveniente de não permitir a evaporação do suor das
mãos, o que dificulta os trabalhos. Seu odor pode irritar as abelhas;
U As luvas de borracha sintética de látex protegem bem as mãos
das ferroadas;
U As luvas de couro fino, brancas, são as mais indicadas;
U As luvas de cor azul são menos atacadas pelas abelhas do que
as luvas de cor amarela ou verde.

Luva de borracha Luva de couro Luva em napa


Fonte: Apiagro, 2007 Fonte: Igempresas, 2007 Fonte: Igempresas, 2007

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™ Botas

As melhores botas são as de borracha, branca, de cano médio ou longo,


sobre o qual é ajustada a bainha do macacão. Devem-se evitar as botas pretas, pois
atiçam a agressividade das abelhas. Não se deve usar tênis com meias, pois a
segurança não será 100%. As abelhas encontram um caminho, geralmente perto do
calcanhar.

Fonte: Apiagro, 2007 Fonte: Arican, 2007

Para um bom manejo e aproveitamento do seu tempo, o apicultor deve


levar para o apiário todo o material necessário para sua lida. Além do EPI completo,
é necessário que leve:

• Materiais

™ Fumigador ou fole – é o principal equipamento para o trabalho


nas colméias. Sua função é diminuir a agressividade das abelhas. A fumaça é
utilizada, principalmente, para criar a falsa impressão de um incêndio na
colméia e fazer com que as abelhas encham o estômago com mel para
poderem fugir. Dessa forma, com o abdome repleto de alimento, a abelha não
consegue dobrá-lo para ferroar. Além do fumigador, o apicultor deve levar
restos vegetais bem secos, como palha ou maravalha de madeira bruta ou até
mesmo galhos e folhas secas espalhadas pelo caminho, para servir de

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combustível. Faz-se necessário o cuidado com restos de compensados ou
aglomerados, inclusive MDF, pois eles são produzidos com cola. E de nada
adianta levar fumigador e material combustível, se não levar uma caixa de
fósforos e jornal para facilitar a combustão;

Fonte: bobány, 2006 Partes que compõem um fumigador: (A) tampa, (B) fole, (C)
fornalha, (D) grelha, (E) bico de pato.
Fonte: embrapa, 2007

™ Ferramentas para limpeza - enxada, enxadão, facão, foice para limpar


a trilha, o apiário e seus arredores;

™ Sacos plásticos - para guardar a própolis da bandeja ou outros


objetos e recolher lixo;

™ Formão - para manipular a tampa, quadros, colher o mel, raspar a


própolis, sem trauma nem prejuízo para as abelhas;

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™ Escova – utilizada para escovar as abelhas dos quadros, removendo-
as com delicadeza, sem machucá-las;

™ Faca e garfo desoperculador - para cortar pedaços de favo, isolar


uma possível realeira e destampar os alvéolos, liberando, assim, o mel armazenado.

™ Bandeja - para receber própolis que venha a ser raspada da tampa ou


quadros. Deve ser de aço inox ou galvanizado.

Garfo
Formão do apicultor (A) e vassoura (B). desoperculador
Fonte: Embrapa, 2007 Fonte: Apiagro,

O trabalho sempre deve ser realizado em dupla e o companheiro auxiliar


pode ser um ajudante ou outro apicultor.

• Equipamentos

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™ Colméia – é composto de um fundo, um ninho que se apóia sobre ele
e é compartimento reservado ao desenvolvimento da família; proporciona um
espaço com uma pista de pouso para a entrada ou saída das abelhas, denominado
alvado. A melgueira é o compartimento onde é armazenado o mel excedente. Os
quadros, cerca de dez por compartimento, nos quais são moldados os favos de mel
ou de cria, e uma tampa, que reveste toda a colméia. A colméia tipo Langstroth é a
mais utilizada.

Colméia Langstroth aberta


mostrando a disposição dos
quadros dentro do ninho (A) e o
alvado (B).
Fonte: embrapa, 2007

Partes da colméia Langstroth: tampa (A), melgueira (B),


ninho (C), fundo (D).
Fonte: embrapa, 2007

Colmeia Langstroth vista de frente


Fonte: embrapa, 2007

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™ Núcleo - pequena colméia, com a metade do tamanho do ninho,
composta de cinco quadros. Utilizado para transporte, para colméias fracas, para
captura.

Fonte:: iceal,

™ Tela excluidora - usada nos períodos de produção para impedir que a


rainha, estimulada à postura, suba para as melgueiras para botar ovos, porque
compromete parte da produção de mel.

Telas excluidoras
Fonte: iceal, 2007

™ Melgueiras

U Melgueira comum;
U Melgueira coletora de própolis – igual a uma melgueira comum, porém
com quatro cavidades laterais, onde as abelhas depositam própolis;
U Melgueira coletora de pólen - substitui a melgueira e o alvado, onde há
uma grade que raspa o pólen que a abelha carrega nas patas. Uma gaveta recebe
esse pólen.

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Melgueira para mel Melgueira para coleta Substituidor de alvado para
Fonte: Guerreiros da colheita, de própolis coleta de pólen
2007 Fonte: Iceal, 2007 Fonte: Iceal 2007

™ Alimentadores

U Alimentador de Boardman - peça que se encaixa na entrada do alvado,


com base para receber um vidro com tampa perfurada, para alimentação artificial;
U Alimentador de cobertura – peça que se encaixa como tampa da
colméia;
U Alimentador Doolitle - cocho interno do tamanho de um quadro de
melgueira.
U

Alimentador Doolitle Alimentador de Alimentador de Boardman


Fonte: Embrapa, cobertura Fonte: Iceal,2007
2007 Fonte: Apiagro, 2007

™ Material para preparar os quadros para ninho e melgueira

U Tábua para incrustar cera em quadros;


U Cera alveolada;
U Limpador de ranhuras;

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U Esticador de arame;
U Arame galvanizado nº 24;
U Carretilha manual;
U Soldador elétrico de cera no arame;
U Caneco soldador;
U Tachinhas nº 8.

Carretilha do apicultor
Fonte: embrapa, 2007

Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das


colméias: (A) martelo de marceneiro, (B) alicate, (C) arame, (D)
esticador de arame, (E) quadro de melgueira.
Fonte: Embrapa, 2007

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Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B).
Fonte: Embrapa, 2007

™ Equipamentos para colher, homogeinizar e embalar o mel

Todos os equipamentos devem ser feitos dentro de um padrão de higiene e


com material de qualidade, como o aço inox, para que o mel seja livre de impurezas
e perfeito para o consumo.

Associado a isso, é necessária higiene pessoal do manipulador e utilização


de material para apropriada proteção.

U Avental descartável;
U Máscara descartável;
U Touca descartável;
U Luva látex descartável;
U Bota branca;
U Centrífuga ou extrator de mel - equipamento em aço onde se
colocam os favos de mel, para extração por centrifugação;
• Manuais - capacidade para 4, 8,12 e 16 quadros;
• Motorizadas - capacidade para 20, 36 e 60
quadros;
U Mesa desoperculadora;

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U Decantador - recebe o mel depois de centrifugado;
U Balde para receber mel da centrífuga;
U Peneira para coar mel.

Fonte: Arican, 2007 Fonte: Arican, 2007

Mesa desoperculadora
Decantador Centrífuga para mel integral Fonte: Apilani, 2007
Fonte: Apilani, 2007 Fonte: Apilani, 2007

6ª aula – Instalação do Apiário

Apiário é o conjunto racional de colméias, devidamente instalado em local


seco, batido pelo sol, de fácil acesso, suficientemente distante de pessoas e
animais.
A escolha do local deve obedecer às exigências das abelhas e visar a
segurança do homem e seu entorno.
U Condições ideais para um apiário: relevo do terreno, fácil acesso, falta
ou excesso de sol, existência ou não de água próxima, segurança, presença de

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outros apiários próximos, existência de matas e conseqüente floradas, disposição
das colméias.

• Relevo do terreno, acesso e segurança do apiário

O lugar escolhido para instalar o apiário deve ser relativamente plano; caso
o terreno seja acidentado, evitar a colocação das colméias nos topos dos relevos,
que dificulta o retorno das abelhas campeiras carregadas de pólen e néctar.
Escolher, de preferência, locais com diferentes floradas em diferentes períodos do
ano e procurar aproveitar as áreas reflorestadas, de fruteiras e plantas silvestres. O
local onde vai ser instalado o apiário, deve ser de fácil acesso para facilitar o
carregar e descarregar de apetrechos, materiais, caixas, baldes, ninhos, e outros.
Deve procurar respeitar um mínimo de 400 m de casas, igrejas, escolas e criadouros
de animais (cocheiras, baias, currais) ou fazer barreiras naturais com sansão do
campo, por exemplo, ou outra mata que impeça a abelha de voar em linha reta. Não
instalar apiários muito próximos a rodovias, por segurança e para evitar os
“meleiros”, assaltantes de colméias, ladrões de mel.
Escolha local sombreado, com sol da manhã. O sombreamento pode ser
natural ou artificial, com água natural a uma distância de 100 a 500 m. Se não
houver água natural, fornecer bebedouros numa proporção suficiente para
disponibilizar a uma colméia aproximadamente 20 litros de água por semana.
O local escolhido deve ser bem estudado quanto aos ventos. O excesso de
vento dificulta o vôo das abelhas, resfria as colméias e resseca o néctar. Quando o
vento for inevitável, usar quebra-ventos.

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Fonte: Bobány, 2006

É aconselhável que o apiário disponha de uma placa de identificação e aviso


em relação à presença de abelhas na área. Essa placa deve estar em lugar visível,
escrita de forma legível e de preferência a uma distância segura em relação às
colméias.

™ Disposição das colméias

A melhor disposição das colméias no apiário é com o alvado voltado para o


nascer do sol. É recomendável que a disposição não seja simétrica, mas em zigue-
zague, observando-se a distância de 4 a 5 metros entre as colméias. O que facilita a
observação do apicultor e seu trânsito pelo apiário durante o manejo.

01 04 07 10

03 06 09
02 05 08

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Disposição em
diagonal

Distância
entre
colméias

Fonte: Bobány, 2006

Fonte: Apiguarda, 2007 Fonte: Mielypolen, 2007

Fonte: Amavp, 2007


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7ª AULA – POVOAMENTO DO APIÁRIO - CAPTURA

• Como obter abelhas?

™ Comprando enxames

Podem-se obter enxames adquirindo uma colméia inteira, de rainha


selecionada ou não, com uma população fraca, média ou forte ou por meio de
captura de enxames.

™ Capturas

U Captura em cupinzeiros, telhados e outros lugares


U A captura de enxames instalados em lugares diversos, muitas
vezes oferece perigo para a população; deve ser feita por pessoas
experientes, com ajuda do corpo de bombeiros para providenciar o
isolamento da área onde o enxame está instalado. É um método complexo,
que exige a participação de, pelo menos, duas pessoas devidamente
trajadas com equipamento de proteção individual, fumigador e apetrechos
diversos para facilitar a captura.

Captura em telhado
Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2007

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Cupinzeiro abrigando colméia
Fonte: Senna, 2007

Apicultor procedendo à abertura de acesso aos favos


Fonte: Senna, 2007

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Captura em fogão à lenha
Fonte: Bobány, 2006

Captura de enxame fugidio


Fonte: Wikipedia, 2007

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™ Por divisão artificial – na entrada da florada

U Características de colméia para divisão artificial


• População grande;
• Rainha vigorosa;
• Boa produção;

Quadro de crias com poucas falhas, demonstrando rainha vigorosa, ao contrário


doquadro da direita, com falhas na postura, típico de rainha fraca ou velha.
Fonte: Embrapa, 2007

• Abelha mansa.
U Forma de dividir
1. Retirar 5 quadros da colméia A, sendo 3 com crias de todas as idades
e dois com provimentos (mel e pólen) e colocar na colméia B. Sacudir todas as
abelhas na colméia A. Colocar uma tela excluidora de rainha no Teto da colméia, a
fim de se ter a certeza de que ela está na colméia A;

Tela excluidora

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2. Completar a colméia A com 5 quadros de cera alveolada. Observar que
a colméia B não deve ter fundo;
3. Acima de a tela excluidora colocar uma melgueira com favos. Isso é
importante para evitar que o cheiro da rainha chegue à colméia B.

melgueira

4. Colocar sobre a melgueira a colméia B com os 5 quadros que eram da


caixa A e completar a mesma com 5 quadros de cera alveolada;
5. Obtêm-se assim duas colméias, uma com rainha (A) e outra sem
rainha (B). Introduzir uma rainha fecundada na colméia B ou uma rainha virgem;
neste último caso, deixar uma abertura no teto a fim de que a rainha virgem saia
para seu vôo nupcial. Evitar que na volta do vôo nupcial ela entre na colméia A,
colocando uma tela excluidora no alvado desta colméia.

melgueira

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™ Por caixa-isca - na época da enxameação

Distribuir algumas caixas (que podem ser de papelão, madeira, compradas


ou fabricadas) com três a cinco quadros, com cera alveolada e pincelar com
feromônio; deixá-las presas em árvores a uma altura de aproximadamente 1,5 a 2
metros, durante umas semanas, fazendo vistoria periódica. Depois de instalado o
enxame, levá-lo à noite para o apiário. A cada dez enxames capturados, seis têm
possibilidades de habitar o núcleo e encher os cinco quadros em uma semana. Os
outros enxames ou precisarão de um pouco mais de tempo ou irão embora.

Núcleo instalado em árvore


Fonte: Embrapa, 2007

• Enxameação

Enxameação é o período natural de divisão e deslocamento de enxames.


Um enxame é uma pequena porção de 5000 a 6000 abelhas provenientes de

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colônias ainda não alojadas em ninhos ou núcleos racionais. Chamamos esses
enxames de fugidos. A enxameação acontece sob condições que lhe são favoráveis:

U Alimentação abundante – época das floradas;


U Falta de espaço – Super população - colméias fortes e muito
populosas;
U Época do ano (julho a setembro);
U Instinto de preservação da espécie – divisão natural de
enxames.

Sob essas condições, a colméia começa a se excitar pela enxameação. Se o


apicultor não estiver fazendo revisões constantes em seu apiário, corre o risco de
perder um enxame. É nessa hora que o apicultor deve proceder à divisão (para
duplicar suas colméias) e à colocação de caixas-isca (para capturar enxames
fugidios).
A rainha, que está prestes a enxamear, convoca aproximadamente 5.000
abelhas para deixarem a colméia com ela e se instalam provisoriamente em galhos
de árvores, cercas de arames, beiras de telhados. O enxame fugidio é uma bola de
abelhas, umas grudadas às outras, com a rainha ao centro. Na natureza,
aproximadamente quinhentas delas, o que chamamos de abelhas batedoras, sairão
à procura de um ninho para se instalarem, ou seja, um lugar seco, quente e escuro,
onde possam crescer e reproduzir. Se o apicultor colocou caixas-isca, ele estará
adquirindo enxames da natureza.

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Fonte: Sotaodaines, 2007 Fonte: Apiários, 2007

8ª aula – Manejo do Apiário

Todo negócio precisa de uma boa administração, conhecimento e, no caso


de animais, um bom manejo. A apicultura não exige muita mão de obra e,
dependendo do tipo de produção que se pretende explorar, o trabalho será
proporcional à maior ou menor lucratividade.

O apiário precisa ser inspecionado e sofrer revisões periódicas, de acordo


com o tipo de produto que se explora. De modo geral, se faz revisão para detectar:
U Postura;
U Entrada de néctar;
U Necessidade de alimento;
U Espaço;
U Problemas na limpeza;
U Invasores.

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P
A

Quadro com postura (P) e alimento (A)


Fonte: adaptado de University of Utah -Dept.
of Physics, 2007

Para essa atividade, deve-se dar preferência a dias de céu azul e sol,
evitando fazer revisões em dias chuvosos. O melhor horário para essa tarefa é na
parte da manhã, entre oito e dez horas ou à tardinha, entre 14:00 e 17:00 horas.
A revisão do apiário deve ser efetuada sempre pelo menos por duas
pessoas, com indumentária completa, fumigador e demais matérias apícolas que se
fizerem necessárias.
Para não estressar as abelhas, deve-se manter a periodicidade de 60 dias.
Durante as revisões, o apicultor anota a situação de cada colméia, investiga
a eficiência da rainha (constatando postura e novas crias) , o aprovisionamento de
néctar e mel, verifica superlotação (constatando a presença de ovos de princesas
em realeiras puxadas pelas operárias), verifica a necessidade de passar a colônia do
núcleo para o ninho ou vice-versa, a necessidade de colocação de melgueiras,
controla a enxameação (constatando colônias órfãs), investiga se há necessidade de
troca de favos velhos, enfim, todos os cuidados necessários para manter uma boa
produção.

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Verificação do estado dos quadros, de postura e de presença de alimento
Fonte: Bobány, 2006

Colocação de melgueira
Fonte: Bobány, 2006

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Colocação de alimentador de cobertura
Fonte: Bobány, 2006

Troca de quadros velhos


Fonte: Bobány, 2006

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• Troca de quadros velhos

Para a troca de quadros velhos, pode-se usar uma técnica de renovação,


aos poucos. para não causar estresse na colméia. Partindo-se do princípio de que
os dois quadros do canto se destinam à reserva de mel (01 e 10), que os dois
seguintes são metade mel, metade crias (02 e 09) e os seis restantes reservados às
crias (03, 04, 05, 06, 07, 08), deve-se:

10
09
08
07
06
05
04
03
02
01

U Retirar os dois quadros de fora (quadros 1 e 10);


U Transportá-los para a casa do mel ,onde este é separado e levar
o favo preto para derretimento;
U Arrastar os quadros 2, 3 e 4 para o canto do quadro 1 retirado,
de forma que a posição do quadro 4 fique livre;
U Arrastar os quadros 7,8 e 9 para o canto do quadro 10 retirado,
de maneira que a posição 7 fique livre;

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01 10
02 03 04 07 08 09

05 06

U Pegar 2 quadros novos com cera alveolada inteira ou cortada na


diagonal, colocá-los nas posições 4 e 7 e alimentá-los com ração estimulante. Em
uma semana as abelhas constroem os favos e, em 15 dias, a rainha faz postura
nesses quadros;

U Vinte dias depois, eliminar novamente os quadros da posição 1 e 10


(que anteriormente eram 2 e 9, quadros mistos, com mais alimentos do que crias, as
quais já nasceram);
U Arrastar o quadro 5 (que tinha crias novas e estará com crias maduras)
para o lugar do 1, o quadro 6 para o lugar do 10, o quadro 4 (recém trocado) para o
lugar do 5, o quadro 7 (recém trocado) para o lugar do 6 e a posição 4 e 7 ficam
livres novamente. Introduzir quadros novos com cera alveolada nessas posições.
Alimentação estimulante para todo o mês. Consegue-se assim, quatro quadros
novos para as crias em menos de um mês;

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U Após dois anos, repetir a operação, mantendo-se esta periodicidade.

• Orfandade

No caso de orfandade (cujos sinais são: um zumbido característico das


abelhas; presença de postura irregular nos favos e presença de mel verde em favos
de ninho) tomar providências. Isto pode acontecer:

U No momento do vôo nupcial, porque a rainha pode perder o local exato


da colméia;
U Um predador como o bem-te-vi pode comer a rainha no momento do
vôo nupcial;
U Uma princesa recém-nascida pode abandonar a colméia.

™ O que fazer?

U Introduzir uma realeira fechada de outra colônia;


U Introduzir uma rainha fecundada;
U Introduzir um quadro de cria madura e um de cria nova.

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Fonte: Beyer, 2007

Se durante a revisão, encontrar-se colônias extremamente fracas, por


orfandade ou por falta de alimento (super safra seguida de entre safra), deve-se
proceder à recuperação da colméia, ou por introdução de rainha com alimentação
artificial, ou por união de colméias, conforme uma das técnicas descritas abaixo:
Para unir duas colméias fracas deve-se escolher aquela com melhor rainha
para permanecer ou orfanar as duas e introduzir rainha nova. Colocar as duas
caixas juntas, uma em cima da outra, tendo o cuidado de retirar o fundo da que vai
ficar em cima e a tampa da que vai ficar em baixo e separá-las com duas a três
folhas de jornal lambuzado de mel. Bater um odorizador à base de capim cidreira
para confundir os odores. Ao final de uns dois dias, as abelhas já roeram o jornal e
se uniram.
Num ninho novo, colocar os cinco melhores quadros de uma colméia de um
lado e os cinco melhores da outra, na outra metade do ninho. Fazer um reforço com
alimentação artificial para garantir o fortalecimento da colméia.

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• Alimentação artificial

A alimentação artificial é necessária em várias situações: na entressafra, nas


divisões ou uniões de colméias, na produção de própolis e cera, entre outras.
Existem, basicamente, dois tipos de alimentação artificial. A alimentação de
subsistência, que substitui a fonte de carboidratos (néctar) e a alimentação
estimulante, que substitui a fonte de proteínas (pólen). Os apicultores e estudiosos
fazem diversas variações em cima da base nutricional, açúcar ou aminoácido.

U Alimentação de subsistência - 50% água + 50% açúcar


U Alimentação estimulante - xarope ou pasta protéica

Concentrado composto de proteínas, hidratos de


carbono e vitamina de soja na forma de pó seco para evitar
fermentação que provoquem diarréia. Em algumas
Protéico
oportunidades se aplicam pastas de pólen ou soja preparados
com mel ou água, que estimula a formação de tecidos para as
crias.

Qualquer xarope em concentrações que se


Energético assemelhem a do néctar, para estimular a postura da rainha.
Xarope de açúcar cristal, garapa de cana, xarope de frutose.

™ Receitas de alimentação de subsistência - energética

Para evitar que se estrague, o xarope deve ser fornecido no dia em que for
feito e consumido pelas abelhas em 24 horas. Em geral, as colméias consomem 0,5
litros de xarope nesse período de tempo.

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Ingredientes: Água e açúcar na mesma quantidade.

Modo de fazer: Colocar a água no fogo e adicionar o


Xarope de açúcar assim que levantar fervura. Mexer até o açúcar se
açúcar dissolver por completo; desligar o fogo e deixar esfriar; misturar
a solução antes de colocar nas colméias. Fornecer duas vezes
por semana.

Ingredientes: 5 kg de açúcar; 1,7 litros de água e 5 g


de ácido tartárico ou ácido cítrico.
Xarope de Modo de fazer: Levar o açúcar e a água ao fogo.
açúcar invertido Quando começar a liberação do vapor, adicionar ácido tartárico
e mantiver a mistura no fogo baixo por 40 a 50 minutos.
Fornecer 1 litro a cada 2 dias.

Fonte: Adaptado da Embrapa, 2007

™ Receitas de alimentação estimulante - protéica

Ingredientes: 3 partes de farelo de soja, 1 parte de


farinha de milho e 6 partes de mel
Receita 1 Modo de fazer: Misturar bem os dois farelos e
adicionar o mel devagar até formar uma pasta mole. Fornecer
200 g do alimento duas vezes por semana.

Ingredientes: 3 partes de farelo de soja, 2 partes de


farinha de milho e 15 partes de mel.
Receita 2
Modo de fazer: Misturar bem os dois farelos e adicionar
o mel devagar até formar uma pasta mole. Fornecer 200 g do

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alimento duas vezes por semana.

Ingredientes: 7 partes de farelo de trigo, 3 partes de


farelo de soja e 15 partes de mel.

Modo de fazer: Misturar os farelos e acrescentar o mel.


Receita 3
Deixar em repouso por uma semana em local limpo e
refrigerado. Fornecer 200 g do alimento duas vezes por
semana.

Ingredientes: 6 kg de açúcar refinado, 3 kg de açúcar


invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-açúcar.
Receita 4
Modo de fazer: Misturar bem os ingredientes para
formar a pasta

Ingredientes: 2 partes de pólen seco moído, 5 partes


de açúcar, 10 partes de farelo de soja e 3 partes de mel.
Receita 5 Modo de fazer: Misturar bem o farelo, o pólen e o
açúcar e adicionar o mel devagar até formar uma pasta mole.
Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana.

Ingredientes: 1 parte de pólen seco e moído, 4 partes


de farelo de soja, 4 partes de açúcar e 2 partes de água
Receita 6
Modo de fazer: Misturar bem os ingredientes secos e
adicionar a água lentamente, mexendo sempre.

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Os alimentadores coletivos devem ser instalados a cerca de 50 metros do
apiário e a uma altura aproximada de 50 cm do chão. Para proteger o alimento de
formigas, o apicultor poderá colocar uma proteção em cada pé do suporte. Para
evitar o afogamento das abelhas, esses alimentadores devem conter flutuadores,
que podem ser pedaços de folhas de isopor, madeiras leves ou telas plásticas.

™ Outros alimentos

Pasta cândi - é o alimento que se coloca nas gaiolas de transporte de


rainhas; serve para alimentar as abelhas operárias que acompanham a mesma. É
preparado com açúcar, glacê e algumas gotas de mel líquido.

• Mudança de local

Em muitas ocasiões o apicultor vê a necessidade de fazer mudanças e


rearranjos no seu apiário. Essas situações são por:
U Questão de segurança;
U Mudança de todo o apiário;
U Apicultura migratória.

Numa arrumação por questão de segurança ou mudança de endereço,


verficando-se a necessidade de transferência de uma colméia ou apiário para
distâncias inferiores a 3.000 metros. Deve-se proceder a esse manejo à noite,
depois que todas as campeiras já se recolheram, e usar um alvado invertido para
permitir apenas a entrada das abelhas, sem chance para saírem. Ao chegar ao
novo local, deve-se permanecer com o alvado fechado durante pelo menos 24
horas, com alimento artificial com alimentador interno, e permanecer. Após esse
período, por mais 24 a 48 horas com alvado excluidor, já que uma área de diâmetro
menor que 3.000 metros estão dentro da área de vôo de uma abelha e sua memória
geográfica deve ser apagada.

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A transferência para áreas entre 3.000 a 100.000 metros se dá em casos de
mudança de local do apiário e até de cidade ou estado. A caixa é fechada à noite e
transportada durante a mesma.

™ Apicultura Migratória

Transferências para áreas acima de 100.000 metros são denominadas


apicultura migratória, técnica de manejo utilizada por profissionais no assunto,
bastante difundida nos Estados Unidos e Europa. Com ela se obtém o máximo de
produtividade em relação ao mel. O apicultor se guia pela época das floradas das
monoculturas, contata o agricultor que, pouco antes da florada pára de usar
produtos químicos e aguarda o apicultor, para se beneficiar com a polinização, o que
garantirá boas safras futuras e melhoramento genético de seus cultivares.
O Brasil, como um dos principais produtores de alimentos do mundo, não
pode dispensar a participação das abelhas para garantir a produção, quando os
outros insetos de polinização estão sendo destruídos progressivamente pela
aplicação cada vez mais intensa e descontrolada dos defensivos agrícolas.
Para a apicultura migratória, torna-se necessária uma tecnologia adequada,
complementada por equipamentos apropriados para facilitar a manipulação das
colméias, permitirem fácil transporte e proporcionar a necessária resistência para os
constantes deslocamentos das colméias.

Embarcando colméias para a apicultura migratória


Fonte: Apiguarda, 2007

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U Vantagens
Melhor aproveitamento das floradas;
Proporcionam maior produção de mel com média entre
100/200 quilos colméia/ano;
Contribui para manter as colméias sempre populosas;
Possibilita uma estrutura técnica e operacional para
contratação de serviços de polinização;
Dispensa qualquer alimentação artificial de subsistência
ou estimulante.

Fonte: Tecnologiaetreinamento, 2007

U Desvantagens
Maior custo operacional para transporte e manutenção
dos apiários;
Necessidade de equipamentos especiais;
Necessidade de técnica especial;
Substituição antecipada das rainhas pelo esgotamento
físico da constante atividade de postura.

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U Exigências
Veículo equipado com guincho especial para o transporte
das colméias de acionamento mecânico, elétrico ou hidráulico;
Dispositivos especiais para fixação dos conjuntos de
colméias para viagem. O sistema mais usado é o de fitas metálicas ou
plásticos fixados com esticador ou fivelas;
Uso de quadros com armação reforçada para evitar o
rompimento ou quebra durante a viagem;
Necessidade de estradas para o acesso às áreas de boa
pastagem apícola;
Levantamento prévio e arrendamento das áreas para a
localização dos apiários.

9ª aula – Flora Apícola - O papel das flores na apicultura

O mel é o alimento das abelhas. Os homens retiram o excesso da produção


de mel das abelhas para obtenção de vantagens nutricionais e econômicas.
O néctar é a matéria prima para a produção de mel pelas abelhas, e se
localiza nos nectários florais. A secreção de néctar dentro da flor inicia-se na hora da
abertura da flor e cessa logo após a fertilização, feita pelos agentes polinizadores
naturais; entre eles, os insetos são os mais importantes, principalmente as abelhas,
que desenvolveram na sua evolução, mecanismos apropriados como pêlos em todo
o corpo. Os quais favorecem o transporte dos grãos de pólen de uma flor para outra,
e o seu eficiente sistema de comunicação, que permite a uma abelha campeira
indicar rapidamente a todas as outras a localização de uma florada.
Sem flores não há néctar; sem néctar não há abelhas, sem néctar não há
mel, sem mel não há abelhas.
A flora é, portanto, um dos mais importantes fatores de progresso de uma
exploração apícola, e, se o local é inadequado para a apicultura, devido à ausência

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de pasto para as abelhas. Elas não conseguirão o indispensável para sua própria
alimentação e conseqüentemente nada reverterão para lucro do apicultor.
Denomina-se flora apícola, ao conjunto de plantas, arbustos e ervas que
crescem em uma determinada região e são de interesse econômico para a
apicultura.
A flora apícola de uma região é composta de espécies com diferentes graus
de importância, determinados por fatores diversos que vão desde o número de
plantas existentes, até concentrações diferentes de açúcares no néctar.
A monocultura deve ser evitada, por proporcionar alimento às abelhas
durante uma única época do ano. Ela só se justifica quando o apicultor realiza a
apicultura migratória.
Não existem muitos dados sobre as plantas nectaríferas e poliníferas quanto
à sua variedade, suas espécies, épocas de florescimento, concentração dos
açúcares que compõem o néctar, e outras características importantes para o
desenvolvimento de uma apicultura de importância para a economia nacional.
A maior parte do néctar aproveitado na apicultura brasileira provém de
plantas nativas, não cultivadas ou de essências florestais. É natural que o apicultor
possa melhorar o pasto para suas abelhas, através de propagação de plantas
apícolas (nectaríferas ou poliníferas) nas suas terras bem como nas terras vizinhas.
Segundo Goldschmidt e Burkert, o néctar apresenta os seguintes açúcares,
perfeitamente identificados: sacarose, cpies-tose, melezitose e rafinose.

A procura das plantas pelas abelhas se baseia em diversos fatores:


U Concentração de açúcar do néctar - as abelhas preferem os
néctares com elevada concentração de açúcar;
U Gosto das abelhas - as abelhas preferem o néctar de certas
plantas ao de outras;
U Possibilidade de acesso aos nectários - as abelhas não
podem sugar o néctar em flores com nectários de difícil acesso e se
desinteressam pela planta;

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U Escassez de alimentos - na falta completa de néctares de
elevada atração para as abelhas, elas recorrerão às plantas de néctares
inferiores.

As plantas com néctares mais concentrados permitem obter, com igual


número de viagens para colher o néctar e mesma atividade para evaporar a água,
maior quantidade de mel. Dessa forma, podemos deduzir que, uma seleção das
espécies de plantas mais ricas em néctar para a composição do pasto apícola pode
garantir um mel mais valioso e de maior rentabilidade.
Os fatores principais para que o vegetal se prepare adequadamente para
uma boa floração são:
U Solo adequado, rico em nutrientes para a planta;
U Umidade adequada.

Os dias quentes são os melhores para a produção de néctar; temperaturas


excessivamente altas ou baixas são prejudiciais.
A ação da umidade relativa na fase de floração apenas dá maior volume de
água ao néctar.
A umidade adequada do solo, diversamente da umidade relativa (isto é, do
ar), é fator importantíssimo na secreção de néctar, podendo inclusive acarretar um
decréscimo considerável na mesma, se for exagerada ou deficiente.
As chuvas em plena florada são prejudiciais à secreção de néctar e
fortemente à produção de mel.
Dias mais longos proporcionam maiores secreções de néctar e também
maiores colheitas.
Em resumo, para uma boa secreção nectarífera, devemos ter: dias longos,
de temperatura entre 26 e 30ºC, sem ventos ou chuvas.
A maior parte do pólen e do néctar colhidos pelas abelhas no Brasil, provém
de vegetações espontâneas; poucas são as plantas cultivadas de real valor para a
apicultura nacional. A laranjeira e o eucalipto são exceções. Os pastos sujos e as
matas são as áreas mais importantes para a nossa apicultura, e sua diversificação

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pode garantir alimento às abelhas continuamente, ainda que, em pequenas
quantidades. Cabendo ao apicultor promover o melhoramento dessa pastagem,
introduzindo variedades de maior valor apícola, desde que adaptadas à região onde
se situa a propriedade. Culturas de médio porte e arbustivas, de alto potencial
apícola, devem ser cultivadas próximas ao apiário.

• Flora Apícola

Algumas plantas conhecidas serão descritas abaixo e, para boa parte delas
já existe estudo de seu valor apícola e até mesmo a intensidade da visitação pelas
abelhas.

Fonte: Toptropicals, 2007 Fonte: toptropicals, 2007

™ Carambola – Averrhoa carambola L.

U Família: Oxalidaceae;
U Florescimento: janeiro/fevereiro;

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U Fornece: Néctar;
U Concentração de açúcar: 18% a 25%;
U Visitação pelas abelhas: 19 abelhas em 5 minutos;
U Porte da planta: árvore baixa;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: em pomares ou como mata ciliar.

™ Assa-peixe - Vernonia polyanthes, Less.

Fonte: Fmlo, 2007

U Familia: Compositae;
U Florescimento: julho/agosto;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 25% a 35%;
U Visitação pelas abelhas: 15 abelhas em 5’;
U Porte da planta: erva;
U Valor apícola: 8 - muito bom;
U Onde plantar: em áreas descampadas, vegetação intermediária.

™ Milho - Zea mays, Linn.

U Família: Graminae;

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U Florescimento: novembro a janeiro;
U Fornece: pólen;
U Concentração de açúcar: 0;
U Visitação pelas abelhas: 10 abelhas em 5’;
U Porte da planta: arbusto;
U Valor apícola: 2 – fraco;
U Onde plantar: em campos destinados normalmente a essa
cultura.

Fonte: Life.uiuc, 2007 Fonte: Life.uiuc, 2007

™ Camboatá - Cupania vernalis, Cambess

U Familia: Sapindaceae;
U Florescimento: abril/maio;
U Fornece: Néctar;
U Concentração de açúcar: 38%;
U Visitação pelas abelhas: 25 abelhas em 5’;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;

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autores
U Onde plantar: mata ciliar.

™ Goiabeira - Psidium guajava, L.

U Familia: Myrtaceae;
U Florescimento: setembro a janeiro;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 28%;
U Visitação pelas abelhas: 5 abelhas em 5’;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: mata ciliar.

Fonte: Fiocruz, 2007

™ Amor agarradinho - Antigonon leptopus, Hook e Arn.

U Família: Poligonocease;
U Florescimento: primavera;
U Fornece: néctar;
U Concentração de açúcar: 28% a 40%;

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autores
U Visitação pelas abelhas: acentuada;
U Porte da planta: trepadeira;
U Valor apícola: 8 - muito bom;
U Onde plantar: jardins, bosques, praças.

Fonte: Ruhr-uni-bochum, 2007 Fonte: Toptropicals, 2007 Fonte: Toptropicals, 2007

™ Pitangueira – Eugenia uniflora

U Familia: Myrtaceae;
U Florescimento: julho a agosto;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 40%;
U Visitação pelas abelhas: 50 abelhas em 5’;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: em pomares ou como mata ciliar.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos
autores
Fonte: Underutilized, Fonte: Baixaki, 2007

™ Pessegueiro - Prunus persica, Stocks

U Família: Rosaceae;
U Florescimento: junho a setembro;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 38%;
U Visitação pelas abelhas: sem dados;
U Porte da planta: arbusto;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: em regiões de maior altitude.

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autores
Fonte: Jeantosti, 2007 Fonte: Netstates, 2007

™ Laranjeira - Citrus aurantium, L

U Família: Rutaceae;
U Florescimento: agosto a setembro;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 15;
U Visitação pelas abelhas: acentuada;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: em pomares ou mata ciliar.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos
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Fonte: Rbolesornamentales, 2007

™ Candeia - Vanillosmopsis erythropappa

U Família: Asteráceas;
U Florescimento: agosto a outubro;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 8 - muito bom;
U Onde plantar: altos dos morros.

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos
autores
Fonte: Ibitipoca.tur, 2007

™ Astrapéia, aurora - Dombeya wallichii

U Família: Sterculiaceae;
U Florescimento: junho;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 28%;
U Visitação pelas abelhas: 21 abelhas em 5’;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: mata ciliar - mudas de galho;
U Em dias úmidos e nublados, a astrapéia fornece muito néctar.

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Fonte: Biologie, 2007 Fonte: Sebg, 2007

™ Aroeira - Lithraea molleoides, Martch.

U Familia: Myrtaceae;
U Florescimento: setembro a janeiro;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 28%;
U Visitação pelas abelhas: 5 abelhas em 5’;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: mata ciliar.

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Fonte: Fiocruz, 2007

™ Eucalipto - Eucaliptus sp.

U Família: Myrtaceae;
U Florescimento: março a outubro
variando conforme a espécie;
U Fornece: Néctar e pólen;
U Concentração de açúcar: 30% a 50%;
U Visitação pelas abelhas: 160 abelhas em 5’;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 10 – excelente;
U Onde plantar: altos dos morros
(nunca em mata ciliar).
Fonte: Fitoterapia,
2007

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™ Mamica de porca - Zanthoxilum rhoifolium, Lam.

U Família: Rutaceae;
U Florescimento: dezembro a janeiro;
U Fornece: Néctar;
U Concentração de açúcar: 31%;
U Visitação pelas abelhas: 32 abelhas em 5’;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: 5 - como estimulante;
U Onde plantar: altos dos morros.

Fonte: Rain-tree, 2007

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™ Acácia - Acácia mearnsii

U Família: Mimosaceae;
U Florescimento: outubro a dezembro;
U Fornece: Néctar;
U Concentração de açúcar: 64%;
U Visitação pelas abelhas: sem dados;
U Porte da planta: árvore;
U Valor apícola: sem dados.

Pode-se explorar a apicultura desde os seis meses após o plantio. Pode-


se também fazer o consórcio da Acácia com o gado (sistema silvopastoril),
juntamente com a apicultura, até a idade de corte do povoamento. A acácia
produz até 110 kg de mel por colméia por ano - 10 colméias por hectare a partir
do segundo ano de plantio.

Fonte: Fiocruz, 2007

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™ Alecrim - Baccharis dracunculifolia

U Família: Labiateae;
U Florescimento: março a maio;
U Fornece: Néctar;
U Concentração de açúcar: sem dados;
U Visitação pelas abelhas: sem dados;
U Porte da planta: arbusto;
U Valor apícola: 6 - como estimulante;
U Onde plantar: campos abertos, pastos.

Fonte: Propos-nature, 2007

U Cresce em áreas degradadas, argilosa e arenosa, impróprias


para outras culturas;
U É conhecida como “planta pioneira”;
U Época de produção de resina: estação fria;

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Fonte: Propos-nature, 2007
U

U A semente necessita ser plantada no inverno para haver “quebra


de dormência”;
U Brota na época das chuvas;
U Seqüestra CO2 em altas quantidades e libera O2.

• Territórios apícolas

É importante para o apicultor obter informações sobre a caracterização


dos territórios apícolas, no seu particularismo ecológico regional para poder
desenvolver sua atividade mais direcionada no sentido da viabilidade,
rentabilidade, lucratividade e sustentabilidade.

FIM DO MÓDULO II

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