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Programa de Educação

Continuada a Distância

Curso de
APICULTURA BÁSICA

Aluno:

EAD - Educação a Distância


Parceria entre Portal Educação e Sites Associados
Curso de
APICULTURA BÁSICA

MÓDULO I

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SUMÁRIO

1. A importância das abelhas


2. Biologia das abelhas
3. História da Apicultura
4. Sociedade das abelhas
5. Materiais apícolas
6. Instalação do apiário
7. Povoamento do apiário
8. Manejo do apiário
9. Flora apícola
10. Produção, extração e análise do mel
11. Produção e extração de própolis
12. Produção e extração de pólen
13. Produção e extração de cera
14. Produção e extração de geléia real
15. Produção, banco e introdução de rainhas
16. Extração do veneno das abelhas
17. Inimigos e Doenças das abelhas
18. Apiterapia
19. Planejamento e gerenciamento da atividade apícola
19.1. Legislação Apícola
20. Abelhas indígenas sem ferrão

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MÓDULO I

1ª AULA - A IMPORTÂNCIA DAS ABELHAS

Existem cerca de vinte mil espécies de abelhas descritas, distribuídas em


oito famílias que são:

U Colletidae
U Andrenidae
U Oxaeidae
U Halictidae
U Melittidae
U Megachilidae
U Anthophoridae
U Apidae

Entre as abelhas existem diferentes modos de vida, denominados graus de


sociabilidade, porém, é na família Apidae que encontramos as abelhas mais
evoluídas socialmente.
Os dois graus de sociabilidade mais extremos são as abelhas de vida
solitária e as totalmente sociais.
Das mais de vinte mil espécies de abelhas, 85% são de vida solitária, 10%
são cleptoparasitas, ou seja, “abelhas ladras”, de hábito solitário, que não constroem
seu ninho, mas sim, realizam sua postura em células construídas por outras
solitárias e apenas 5% das abelhas apresentam algum grau de sociabilidade.
As abelhas com sociabilidade bastante desenvolvida como as abelhas
européias, as africanas e as abelhas indígenas sem ferrão, representam um grupo
reduzido dentro desses 5%.

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Exemplo de algumas abelhas solitárias:

Família Sub-familia Tribo Subtribo Gênero

Apidae Apinae Tetrapediini Terapedia

Apidae Apinae Centridini Centrus

Apidae Xylocopinae Xylocopini Xylocopa

Apidae Apinae Apini Euglossina Euglossa

Apidae Apinae Apini Bombina Bombus

Colletidae Colletinae Paracolletini Tetraglossula

Megachilidae Megachilinae Megachilini Megachile

Andrenidae Panurginae Protandrenini Andrena

Megachilidae Apidae
Megachille sp Xylocopa sp
Fonte: USP, 2007 Fonte: UNICAMP, 2007

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Apidae Apidae
Euglossa Bombus
Fonte: UFV, 2007 Fonte: Gladiator, 2007

Exemplo de algumas abelhas sociais:

Família Subfamilia Tribo Subtribo Gênero Espécie

Apidae Apinae Apini Apis mellifera

Apidae Meliponinae Meliponini Meliponina Melípona Mais de


20

Apidae Meliponinae Trigonini Mais de 10 Mais de


120

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Apidae Apidae
Apis Melípona
Fonte: Zoologie, 2007 Fonte: Ambiente Brasil, 2007.

As abelhas prestam serviços ecológicos quando, ao polinizarem as mais


diversas flores, contribuem para a produção de melhores frutos e sementes, a base
da pirâmide ecológica. Na agricultura, os polinizadores são importantes para várias
culturas agrícolas.
Além disso, atualmente, quando se fala em desenvolvimento rural, a
apicultura e a meliponicultura são imagens que vêm imediatamente à mente, pois a
criação de abelhas é uma atividade de desenvolvimento sustentável. As abelhas são
indiretamente responsáveis pela produção de alimentos: frutas, legumes e grãos.
O Brasil apresenta uma enorme diversidade de abelhas, porém a maioria
das pessoas, quando perguntadas sobre elas, logo responde o que sabem sobre as
abelhas africanizadas, muitas vezes ignorando, por completo, a existência de tantas
espécies nativas.

Abelhas Solitárias

Como o próprio nome sugere, abelhas solitárias têm hábitos próprios e se


caracterizam pelo comportamento independente das fêmeas na construção e
aprovisionamento de seus ninhos. Não há cooperação, ou divisão de trabalho, entre
as fêmeas de uma mesma geração, ou entre mãe e filhas.
As abelhas solitárias medem entre 10 e 20 mm de comprimento. Sua
anatomia é diferenciada, sendo a cabeça quase tão longa como o tórax.
A maioria das fêmeas de abelhas solitárias morre logo após a postura,
mesmo antes do nascimento de sua prole. Elas são fecundadas tão logo emergem
dos ninhos e logo iniciam a busca pelo local adequado para construí-los.
Esses locais se caracterizam por serem o chão, quando as próprias abelhas
escavam, ou cavidades existentes em muros, árvores, mata entre outros.

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Encontrado o lugar ideal, a fêmea passa a construir o seu ninho, composto,
geralmente, de uma a quinze células, elaborada a partir de uma série de materiais
coletados da natureza pela abelha. Além disso, a fêmea coleta alimento para
aprovisionar e material para defesa do ninho.
A forma e disposição das células de cria são variadas e o material de
construção utilizado pode ser barro, areia com óleo ou resina vegetal, folhas de
plantas cortadas e resinadas, entre outros. Ao aprontar uma célula de cria, a mesma
é preenchida com alimento (pólen e néctar misturados). Em seguida, a fêmea faz a
postura e fecha a célula.

Apidae Megachillidae Megachillidae


Centris Osmia Megachile
Fonte: Apacame, 2007 Fonte: Zoologie, 2007 Fonte: Zoologie,
2007

Os machos das abelhas solitárias geralmente nascem alguns dias antes das
fêmeas e já estão prontos para a cópula. As fêmeas virgens, ao eclodirem,
começam a sua atividade polinizadora e ao voarem para encontrar as flores,
depara-se com os machos que, na maioria das espécies, ali as aguardam. Os
machos não têm um lar e dormem entre as folhas, geralmente em grupos e se
alimentam do néctar das flores.
No Brasil existem muitas espécies de abelhas solitárias, de tamanhos
variados, geralmente reconhecidos por suas bonitas cores metálicas.

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O gênero Centris poliniza bem flores como as da cereja selvagem e do caju;
já o gênero Xylocopa (Mamangava) é especializado em flores do maracujá e da
goiaba. O gênero Megachile na alfafa, Peponapis na abóbora, Osmia, na maçã e no
morango. Estes são alguns exemplos de possibilidades de lançar mão das abelhas
solitárias em cultivos agrícolas, num fascinante e recompensador desafio.
Essas abelhas não estocam mel, produzem a partir do néctar das flores,
apenas o suficiente para seu sustento e de sua cria, mas são de importância
incontestável, não só na ecologia como no agro-negócio, razão pela qual devem
atentar para alguns cuidados básicos:
- Não usar pesticidas sobre as culturas ou reduzir seu uso;
- Arar menos a área agriculturável;
- Não remover plantas que florescem quando a cultura-alvo não está
florida;
- Preservar a vegetação nativa dos arredores.

Apidae
Xylocopa
Fonte: Zoologie, 2007

Abelhas Sociais

As abelhas sociais vivem organizadas em colônias nas quais os indivíduos


se dividem em castas, com funções bem definidas, visando garantir a sobrevivência
e manutenção do enxame.

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™ Abelhas sem ferrão

As abelhas sem ferrão (ASF) ou Abelhas Indígenas Sem Ferrão


caracterizam-se pelo ferrão atrofiado, que as tornam inofensivas, pois são
incapazes de ferroar. Ocorrem na maioria das regiões tropicais e subtropicais do
mundo, da América Central até a Austrália. As abelhas sem ferrão pertencem à
subfamília Meliponinae e se dividem em duas tribos:
- Meliponini, que é formada apenas pelo gênero Melipona, e é
encontrada somente na região Neotropical (América do Sul, Central e Ilhas do
Caribe);
- Trigonini, que é encontrada em toda a área de distribuição da
subfamília, sendo uma tribo formada por uma dezena de gêneros e mais de 100
espécies.

Apidae Apidae
Melípona Tetragonisca
Fonte: prefeitura.sp, 2007 Fonte:farm1, 2007

Todas as espécies desta família são de vida social, vivendo em colônias,


cujos indivíduos são classificados por castas:
- operárias que realizam as tarefas de construção e manutenção da estrutura
física da colônia, coleta e processamento do alimento, cuidado com a cria e defesa;

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- rainha, responsável pela postura de ovos que darão origem às fêmeas
(rainhas e operárias);
- machos.
Os ninhos têm formatos diferentes, as células de cria podem ser agrupadas
em favos, de forma horizontal ou de cacho. A posição dos potes no ninho também
varia conforme a espécie, mas de um modo geral estão colocados na periferia da
área de cria.
Os ovos são postos em células construídas com cerume (mistura de cera e
resina vegetal) e as larvas são alimentadas com o que se denomina “alimento
larval”, constituído de uma mistura de secreção glandular, mel e pólen, depositado
nas células, pelas operárias, imediatamente antes da postura. Neste local a larva se
desenvolve, ingerindo desse alimento.
As ASF são abelhas muito importantes para a vida no planeta, pois além de
serem responsáveis por quase 90% da polinização de plantas, ainda são produtoras
de mel e outros produtos que estão sendo motivo de pesquisa, devido a suas
inúmeras aplicações, particularmente na área médica.
O gênero Tetragonisca adapta-se bem às condições do cultivo de morangos
em estufa e vem mostrando-se eficaz no trabalho de polinização e melhoramento
genético dos morangueiros.
O gênero Melipona é utilizado na polinização de tomate e pimentão.

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Entrada típica em ninho racional de Mandaçaia
Fonte: bobány, 2005

™ Abelhas com ferrão

As abelhas com ferrão são de procedência européia e africana, que, no


Brasil, deram origem à abelha africanizada.
Seu habitat é bastante diversificado e inclui: savanas, florestas tropicais,
desertos, regiões litorâneas e regiões montanhosas. Devido a essa grande
variedade de clima e vegetação, as abelhas também se diversificaram, dando
origem a diversas subespécies com diferentes características e adaptadas às
diversas condições ambientais.
As abelhas melíferas podem produzir ingredientes importantes, em
quantidade suficiente para garantir a continuidade da própria espécie. Elas praticam
polinização cruzada, contribuindo, juntamente com as ASF e as abelhas solitárias,
para a perpetuação das espécies vegetais.
Podemos, portanto, concluir que as abelhas com ferrão nos proporcionam
benefícios diretos e indiretos. Os diretos são: mel, cera, pólen, própolis, geléia

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real e apitoxina. Os indiretos, entre outros, são os vegetais para alimentação
humana e de animais, o melhoramento genético dos vegetais e o reflorestamento.
A Apicultura, criação racional de abelhas melíferas com ferrão ou abelhas
africanizadas é uma alternativa de ocupação e renda para o homem do campo, e
proporciona equilíbrio do ecossistema e manutenção da biodiversidade, através de
polinizadores naturais de espécies vegetais nativas e cultivadas. É importante para
o controle de qualidade de alimentos, pois o mel pode conter informações sobre
microorganismos e produtos químicos existentes na área de cobertura da colméia.

Apidae Apis
Fonte: Geocities, 2007

2ª AULA- Biologia das abelhas

As abelhas africanizadas, com ferrão, são classificadas em:

Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta

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Ordem: Himenóptera
Subordem: Apócrita
Superfamília: Apoidea
Família: Apidae
Subfamília: Apinae
Tribo: Apini
Gênero Apis

A espécie Apis mellifera subdivide-se em sub espécies ou raças. Raça é um


grupo de indivíduos da mesma família capaz de se reproduzir naturalmente. As
raças de abelhas mais conhecidas são:

Raças européias

Das raças européias, as abelhas das subespécies Apis mellifera ligustica L.


e Apis mellifera mellifera L. constituem as abelhas trazidas para o Brasil na época
da colonização:
U Apis mellifera ligustica L.
U Apis mellifera mellifera L.
U Apis mellifera carniça
U Apis mellifera caucásica

Fonte: Carl Hayden Bee Research

™ Apis mellifera ligustica L.Center, 2007italiana)


- (abelha

Abelhas de origem italiana têm coloração amarela intensa, são bastante


produtivas e muito mansas. Devido a estas características, são os mais populares
entre apicultores, de todo o mundo. Têm a língua comprida (6,3 a 6,6 mm),

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constroem favos rapidamente, são propensas a saques por outras abelhas e, devido
ao seu fraco sentido de orientação, são capazes de entrar em colméia errada.

™ Apis mellifera mellifera L. - (abelha real, abelha alemã, abelha


comum ou abelha negra)

Abelhas originárias do Norte da Europa e Centro-oeste da Rússia. Nervosas


e irritadas, tornam-se agressivas com facilidade quando manejadas de forma
inadequada. São altamente produtivas e prolíferas, adaptam-se com facilidade a
diferentes ambientes. Possuem língua mais curta que a italiana (5,7 a 6,4 mm), são
grandes e escuras com poucas listras amarelas.

Raças africanas

Das raças africanas, a Apis mellifera adansonni foi trazida para o Brasil na
década de 50:
U Apis mellifera adansonni
U Apis mellifera y emenitica
U Apis mellifera intermissa
U Apis mellifera capensis E.
U Apis mellifera lamarcki C

Fonte: Sheppardsoftware, 2007

™ Apis mellifera adansonni - (abelha africana)

Originárias do Leste da África são bem mais produtivas (produzem 4 a 5


vezes mais mel que as italianas), porém, muito mais agressivas.

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Ao contrário das européias, elas não armazenam muito alimento,
convertendo-o rapidamente em cria, aumentando de forma considerável sua
população.
Da união dessas duas raças, surgiu uma raça híbrida, a abelha africanizada,
Apis mellifera scutellata.

Fonte: Library.thinkquest, 2007

™ Apis mellifera scutellata – (abelha africanizada que pode ser


chamada também de abelha do Brasil)

Possui um comportamento muito semelhante ao da africana, e isso


provavelmente se deva a alta adaptabilidade em terras brasileiras, em razão da
semelhança nas condições climáticas dos dois continentes.
Embora muito agressivas, são menos que as africanas. A abelha do Brasil
herdou das abelhas africanas muitas de suas qualidades, como a facilidade de
enxamear, a alta produtividade, a tolerância a doenças e a adaptabilidade a climas
mais frios, ao contrário das européias que tendem a se recolher no inverno.
Na natureza elas buscam fazer a colméia em locais protegidos de chuva e
intempéries, e são freqüentemente localizadas habitando oco de árvores ou postes.

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1. Morfologia da Apis mellifera

As abelhas, como os demais artrópodes, apresentam exoesqueleto com


função de defesa e sustentação, além de proteger contra a perda de água. Como
todo inseto, seu corpo é dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome e possui
três pares de patas.

Aspectos da morfologia externa de operária de Apis


Fonte: Embrapa, 2007

™ Cabeça

Na parte externa da cabeça encontram-se os olhos, as antenas e o aparelho


bucal e, internamente, glândulas.
U Olhos – a abelha possui um par de olhos compostos,
localizados na parte lateral da cabeça, com a função de perceber a luz,
as cores e os movimentos. Na região frontal da cabeça, a abelha

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apresenta os olhos simples ou ocelos, em número de três, que não
formam imagens, mas servem para enxergar no escuro, dentro da
colméia;

U Antenas – as antenas, em número de duas, são


localizadas na parte frontal mediana da cabeça, dotadas de estruturas
para o olfato, tato e audição;

U Aparelho bucal – é do tipo lambedor-sugador, composto


de duas mandíbulas utilizadas para cortar e manipular cera, própolis e
pólen. Todavia também servem para alimentar as larvas, limpar os favos,
retirar abelhas mortas do interior da colméia, e a língua ou glossa, órgão
flexível, coberto de pêlos para facilitar a coleta e transferência de
alimento e a desidratação do néctar;

U Glândulas internas, denominadas hipofaringeanas, que


têm por função a produção da geléia real. Além da hipofaringeana, existe
uma porção da glândula salivar que possivelmente participa na produção
do referido alimento, bem como glândulas mandibulares, relacionado à
produção de geléia real e feromônio, destinado a sinal de alarme.

Aspectos da morfologia externa da cabeça de operária de Apis


Fonte: Embrapa, 2007

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™ Tórax

No tórax, as abelhas trazem os órgãos locomotores, representados por três


pares de patas e dois pares de asas. O tórax é recoberto de pêlos com função de
fixar os grãos de pólen nas abelhas quando estas visitam as flores.
As pernas posteriores das operárias são adaptadas para condução de
cargas, dotadas de pequenas bolsas chamadas corbículas, nas quais as abelhas
depositam pólen e resina para transporte até à colméia.
Além da função de locomoção, as pernas auxiliam também na manipulação
da cera e própolis, na limpeza das antenas, das asas e do corpo e no agrupamento
das abelhas quando formam "cachos".
As asas das abelhas são de estrutura membranosa. Uma abelha é capaz de
voar, em média, a 24 km por hora.
No tórax, também são encontrados espiráculos, que são órgãos de
respiração, o esôfago, que é parte do sistema digestivo e glândulas salivares
envolvidas no processamento do alimento.

Aspectos da morfologia interna de operária de


Apis
Fonte: Embrapa, 2007

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™ Abdome

O abdome é segmentado o que o torna bastante flexível. É uma região


especializada que concentra as principais vísceras das abelhas, e é o principal
responsável pelos movimentos respiratórios.
No abdome se encontra os órgãos do aparelho digestivo, circulatório,
reprodutor, excretor, órgão de defesa e glândulas produtoras de cera.
Os órgãos do sistema digestivo são: papo ou vesícula nectarífera - o órgão
responsável pelo transporte de água e néctar, que auxilia na formação do mel. O
papo possui grande capacidade de expansão e ocupa quase toda a cavidade
abdominal quando está cheio. O seu conteúdo pode ser regurgitado pela contração
da musculatura, movimento que propicia a desidratação do néctar, além de conduzi-
lo para as glândulas hipofaringeanas, onde receberá novas secreções para se
transformar em geléia real. Do papo para o ventrículo ou estômago verdadeiro, só
passa o necessário para a nutrição da abelha. No ventrículo acontece a digestão e
se processa a nutrição, devido a uma alta ação enzimática. A ação dessas enzimas
sobre o alimento o prepara para ser absorvido no intestino delgado. As excretas
vindas do estômago se juntam com as excretas nitrogenadas provenientes dos tubos
de Malpighi e são eliminadas pelo reto.

A circulação da abelha é simples, aberta e incompleta.


A reprodução é bastante curiosa. A abelha-rainha realiza, na maioria das
vezes, apenas um vôo nupcial, geralmente uma semana após o seu nascimento; é
seguida por um número incontável de zangões, e pode acasalar-se com até dezoito,
dependendo do tamanho da sua espermateca. Com ela repleta de sêmen (cerca de
dez milhões de espermatozóides), ela volta para a colméia contando com um
estoque de sêmen considerável, suficiente para a fecundação de óvulos durante
toda a vida da rainha. Os espermatozóides são liberados posteriormente sobre os
óvulos conforme estes passam pelo oviduto comum. Os ovos colocados em células
pequenas são fecundados, originando as abelhas fêmeas. Quando a rainha deposita
os ovos numa célula maior, eles não são fecundados pelos espermatozóides, dando

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origem a machos. Os espermatozóides podem ser mantidos viáveis, na
espermateca, por um período superior a dois anos. Num capítulo mais adiante,
veremos tudo sobre a reprodução e a determinação do sexo nas abelhas.
A capacidade de postura da rainha pode ser de dois mil e quinhentos a
três mil ovos por dia, em condições de abundância de alimento.

Os órgãos reprodutores das abelhas-rainha são:


- vagina, que tem a função de guia para a rainha colocar os ovos no fundo
do alvéolo; começa no oviduto e termina junto ao ferrão;
- espermateca, reservatório de espermatozóides;
- ovários, órgãos de produção de óvulos da rainha.
- bolsa copulativa, onde ocorre o encontro dos gametas.

Os órgãos reprodutores dos zangões são:


- testículos;
- dutos genitais - vasos deferentes e duto ejaculador;
- glândulas acessórias – glândulas de muco e vesícula seminal;
- endofa

U Glândulas ceríferas, ou glândulas produtoras de cera, em número de


quatro, localizadas na parte ventral do abdome das abelhas operárias. A cera
secretada pelas glândulas se solidifica em contato com o ar, formando escamas ou
placas, que são retiradas e manipuladas para a construção dos favos com auxílio
das pernas e das mandíbulas.

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Glândulas ceríferas de Apis
Fonte: Saúde Animal, 2007

U Ferrão (órgão de defesa das abelhas) está presente apenas nas


operárias e rainhas e é constituído por um estilete, usado na perfuração, e duas
lancetas que possuem farpas para prender o ferrão na superfície ferroada,
dificultando sua retirada. O ferrão é ligado a uma pequena bolsa (bolsa de veneno)
onde a apitoxina fica armazenada, e, por contrações musculares da bolsa, há
introdução do ferrão e injeção do veneno, mesmo depois da saída da abelha. Após a
ruptura de seu abdome e conseqüente morte. Quanto mais depressa o ferrão for
removido, menor será a quantidade de veneno injetada. Na rainha, as farpas do
ferrão são menos desenvolvidas que nas operárias e a musculatura ligada ao ferrão
é bem forte para que a rainha não o perca após utilizá-lo.

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Estrutura do ferrão de Apis
Fonte: Embrapa, 2007

2. Os sentidos

™ A visão
Como visto, as abelhas possuem cinco olhos: dois olhos compostos e três
olhos simples.
U Olhos compostos
¾ Constituem-se de omatídeos, que são lentes com corpo cristalino e
células retinianas incapazes de formar imagens como as produzidas pelas lentes
dos vertebrados, mas detectam a intensidade de luz de um campo situado
imediatamente em frente. Reproduzindo a impressão total recebida por todo o olho
na forma de mosaico, formando imagens por aposição. Os olhos compostos
possuem função de percepção de luz, cores e movimentos, percebem as cores
ultravioleta, azul-violeta, azul, verde, amarelo e laranja, mas não percebem a cor
vermelha.

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• O zangão possui treze mil omatídeos;
• A rainha três mil;
• As operárias seis miil.

U Olhos simples
¾ São estruturas pequenas, em número de três, localizadas na região
frontal da cabeça. Formando um triângulo. Não formam imagens e têm como função
detectar a intensidade luminosa. Servem para enxergar no escuro, dentro da
colméia, à noite e dentro das flores.

™Olfato e Paladar

U Olfato das abelhas - É a percepção de moléculas químicas dissolvidas


ou em suspensão no ar, em baixa concentração, à distância, através de receptores.
Estima-se que haja cinco ou seis mil receptores sobre o flagelo da antena da
operária, dois a três mil na rainha e possivelmente trinta mil no zangão. Na defesa
da colônia, as operárias utilizam os odores produzidos pela glândula de Nasanoff
que desperta excitação e agressividade.

U Paladar das abelhas - É a percepção das moléculas químicas em maior


concentração e contato. Os receptores de gosto localizam-se em sensores situados
na cavidade bucal, sendo também encontrados nos tarsos.

3. A regulação da temperatura

A temperatura é um fator importante na vida das abelhas. Elas se inativam e


perdem a capacidade de voar a menos de 10ºC e se tornam totalmente imóveis a
7ºC, sendo esta, sua temperatura crítica.

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Os ovos e as crias mostram limites muito estreito fixado entre os 32 e 36ºC,
sendo ótimo para seu desenvolvimento os 34,8ºC.
As abelhas possuem receptores que ficam localizados principalmente nos
segmentos terminais das antenas e mesmo com a temperatura exterior superior a
40ºC, o centro da colméia se mantém entre 34 e 35ºC; no inverno o interior da
colméia não é inferior a 20ºC.
Para produzir calor durante o inverno, as abelhas o obtém do calor
metabólico e para evitar sua perda por dissipação pela superfície, às abelhas se
agrupam formando bolas, reduzindo assim a superfície de esfriamento. A contração
e expansão da bola é o principal mecanismo de regulação que funcionará enquanto
mantenha um contato firme com as reservas de alimentos.
Para baixar a temperatura, caso esta esteja maior que 36º C, as abelhas
ventilam a colméia com o movimento das asas, para formar correntes de ar, saem
dela, ficam perto do alvado, penduram-se no formato que chamamos de "barba".
Elas também procuram as fontes de água, trazem-na para a colméia e a espalham
diretamente de sua língua sobre os favos.

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3ª aula – História da Apicultura

Sabe-se que as abelhas existem há pelo menos quarenta e dois milhões de


anos e que a apicultura remonta a 2.400 a.C., quando os egípcios colocavam as
abelhas em potes de barro.

Fósseis de Abelhas. À esquerda o mais antigo fóssil do ancestral das


abelhas, o “Electrapis” encontrado em âmbar (resina). À direita um fóssil
de abelhas onde se vê claramente as partes do corpo da abelha e em
destaque a corbícula (cesta onde se deposita o pólen) na pata.
Fonte: Apacame, 2007

Embora tenham sido os egípcios os primeiros a criar racionalmente abelhas,


a palavra colméia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em
recipientes com formato de sino feitos de palha trançada, chamados de colmo.

Nessa figura são mostradas pinturas com motivos apícolas em peças


encontradas no Egito e na Grécia, datadas de 540 a 600 anos antes de Cristo.
Fonte: Apacame, 2007

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Jornal Estadão – 04/09/2007

“Escavações arqueológicas no norte de Israel revelaram evidências de


apicultura praticada há 3.000 anos, incluindo restos de antigos favos de mel, cera de
abelhas e o que os pesquisadores envolvidos acreditam ser as mais antigas
colméias intactas já descobertas.”

Arqueóloga desenterra colméias usadas por apicultores da


Antiguidade em cidade do norte de Israel
Fonte: Estadão, 2007

Na Idade Média, os enxames eram registrados em cartório e deixados de


herança por escrito; o roubo de abelhas era considerado crime imperdoável,
podendo ser punido com a morte.
Nessa época, a prática de coleta de mel era feita com destruição da colméia;
com a evolução da atividade, estudos começaram a ser feitos no sentido de
melhorar o sistema de produção.
Alguns anos depois, surgiu a idéia de se trabalhar com recipientes
sobrepostos, em que o apicultor removeria a parte superior deixando para as
abelhas uma reserva na caixa inferior.

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Posteriormente, os produtores começaram a colocar barras horizontais no
topo dos recipientes, separadas por uma distância igual à distância dos favos
construídos. Assim, as abelhas construíam os favos nessas barras, facilitando a
inspeção; entretanto, as laterais dos favos ainda ficavam presas às paredes da
colméia.
Bem mais recentemente, em 1851, o Reverendo Lorenzo Lorraine
Langstroth verificou que as abelhas depositavam própolis em qualquer espaço
inferior a 4,7 mm e construíam favos em espaços superiores a 9,5 mm. À medida
entre esses dois espaços Langstroth chamou de "espaço abelha".

Espaço
Efeito
(mm)

0a4 Insuficiente para passagem, geralmente é propolisado

4,3 Impede a passagem de zangão e rainha

5 Adequado para grades de coleta de pólen

5,2 a 5,4 Impede a passagem de zangão (não de rainha)

Mínimo espaço deixado entre dois favos contíguos de


6
mel

9 Espaço usual entre dois favos contíguos de cria

Espaço-abelha é o menor espaço livre existente no interior da colméia e por


onde podem passar duas abelhas ao mesmo tempo. Langstroth produziu o quadro
móvel e, em 1851 foi criada a “Colméia Langstroth” que permitiu a criação racional
de abelhas favorecendo o avanço tecnológico da atividade como a conhecemos
hoje.
Foi nos idos de 1650 que se desvendou, pela dissecação, o sexo da rainha
que, até então, supunha-se ser um rei. Em 1771, um pesquisador denominado
Janscha descobriu que a fecundação da rainha ocorre ao ar livre e Schirach provou

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que a rainha originava-se do mesmo ovo que pode originar uma abelha operária.
Johanes Dzierzon confirmou, em 1845, a partenogênese em abelhas e, em 1857,
Johanes Mehring produziu a primeira cera alveolada. Logo depois, em 1865, Franz
Von Hruschska inventou a máquina centrífuga para tirar mel sem danificar os favos.

Fonte: Apiarioballoni, 2007

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No Brasil, as abelhas com ferrão foram introduzidas pelos padres jesuítas
que vieram da Europa para catequizar os índios.
Foi pelas mãos do Padre Antônio Pinto Carneiro que o primeiro lote de
abelhas foi importado da Europa, em 1839, para criação racional, mas foram
abandonadas depois de certo tempo, voltando à vida selvagem.
Mais tarde, em 1870 e 1880, o apicultor F. A Hanemann trouxe abelhas
italianas para o Rio Grande do Sul, mas somente a partir de 1940 o interesse
comercial e científico na cultura das abelhas começou a ganhar vulto, com as
descobertas do geneticista Warwick Estevam Kerr.

Geneticista Warwick Estevam Kerr


Fonte: UNICAMP, 2007

Em 1950, o Brasil já era uma potência apícola exportadora de mel; porém,


com a entrada das abelhas africanas em 1956, durante o governo de Juscelino
Kubitschek, os apicultores abandonaram o ramo e o Brasil passou de exportador a
importador de mel.

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A mistura de abelhas africanas com européias gerou uma abelha
africanizada com características das duas raças: mais mansas que as africanas e
mais produtivas do que as européias.
Na década de 80 houve, no Brasil, a “explosão doce” - uma superprodução
que o fez saltar de 27º para 7º produtor mundial de mel; em 2005, o Brasil exportou
14,4 mil toneladas do produto para a União Européia, o que gerou uma receita de
US$ 18,9 milhões.
Atualmente, projetos de apicultura são desenvolvidos nos vários estados do
Nordeste, com suporte de entidades como Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e
Secretarias de Agricultura. Depois da euforia vivida entre 2001 e 2004, com o quilo
do mel valendo US$ 2,90 lá fora, o ritmo caiu um pouco, o que significa que agora é
a hora na qual a população precisa se conscientizar da necessidade de consumo do
mel brasileiro, que é de ótima qualidade.

Fonte: Portal Sebrae, 2007

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4ª aula – Sociedade das Abelhas

Fonte: Saúde Animal, 2007

Abelhas sociais são seres que vivem coletivamente, harmoniosamente, em


grandes sociedades organizadas, visando a sobrevivência da própria espécie. Os
indivíduos são interdependentes, dividem-se em castas, possuindo funções bem
definidas, que são executadas visando sempre a sobrevivência e manutenção do
enxame. Numa colônia, em condições normais, existe uma rainha, cerca de cinco mil
a dez mil operárias e de zero a quatrocentos zangões.

Fonte: Embrapa, 2007

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A abelha Rainha

A função da abelha rainha é pôr ovos e manter a ordem através dos seus
feromônios. As larvas que originarão as rainhas são criadas em alvéolos
modificados, maiores que os das operárias e zangões, cuja abertura se dá para
baixo, ao contrário das células comuns, cuja abertura é para cima. Esta célula
especial chama-se realeira e a larva aí colocada é alimentado pelas operárias, com
geléia real, alimento especial, muito rico em proteínas, vitaminas minerais e
hormônios, especial para esta finalidade.

Realeiras construídas na extremidade do favo


Fonte: Embrapa, 2007

Devido a esse tratamento especial, a rainha é a única fêmea fértil da


colméia, e apresenta o aparelho reprodutor bem desenvolvido, até porque a célula
em que se desenvolve é espaçosa.

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Abelha Rainha ao centro ladeada de operárias todas viradas
de frente para a rainha
Fonte: Breyer, 2007

Sua vida produtiva inicia-se cinco a sete dias após o nascimento e tem
capacidade de postura de 2.500 a 3.000 ovos por dia, em condições de abundância
de alimento. Pode viver até cinco anos, embora sua vida produtiva média gire em
torno dos três anos.
A abelha rainha leva de 15 a 16 dias para nascer, sendo imediatamente
acompanhada e servida por algumas operárias, encarregadas de garantir sua
alimentação e seu bem-estar. Após o quinto dia de vida, a rainha começa a fazer
vôos de reconhecimento em torno da colméia e, em torno dos sete dias de vida, já
está pronta para realizar o seu vôo nupcial e ser fecundada pelos zangões. A rainha
será fecundada por tantos zangões quantos forem necessários para fornecer
espermatozóides suficientes para encher sua espermateca. A rainha possui ferrão,
embora não o utilize para ferroar, a não ser as princesas que, por ventura nasçam
em sua colméia. O ferrão das rainhas é bem mais forte do que o das operárias, o
que impede que seja separado de seu abdome no momento da ferroada e a rainha
morra.
O vôo nupcial que a rainha faz deve ser o único em sua vida já que ela só
sairá novamente da colméia para acompanhar uma enxameação que formará uma
nova colônia.

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Vôo nupcial
Foto: Expoanimais, 2007

Três dias após ser fecundada, a abelha rainha começa a postura botando
um ovo em cada alvéolo. As abelhas constroem alvéolos de dois tamanhos: um
menor destinado à criação de larvas de operárias, e outro maior, onde nascerão os
zangões. Os ovos colocados nas células menores são fertilizados, pois o abdome da
rainha é comprimido, ocasionando uma pressão na espermateca, que libera os
espermatozóides na bolsa copulatória, onde se encontrarão com os óvulos, dando
origem às abelhas operárias. Das células maiores nascerão zangões a partir de ovos
não fecundados, já que não haverá compressão do abdome da rainha por ocasião
da postura. Esse fenômeno é conhecido por partenogênese (do grego parteno =
virgem = gênese = nascimento).

O Zangão

Zangão é o nome que se dá ao macho da colméia cuja função é a


fecundação das rainhas virgens. O zangão não possui ferrão, nem possui órgãos
para trabalho, não se alimenta sozinho, e nasce de ovos não fecundados,
depositados pela rainha em alvéolos maiores. São oriundos de partenogênese.

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Apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e as antenas com maior
capacidade olfativa, asas maiores e musculatura de vôo mais desenvolvida, para
realizar a cópula a mais de 11 metros de altura, durante o vôo nupcial da rainha.
Podem viver até 80 dias, porém morrem logo após a cópula, quando seu órgão
genital fica preso no corpo da abelha rainha durante o acasalamento ou são
eliminados após a florada e na entre safra.

Alvéolos de zangão e de operária de Apis mellifera.


Fonte: Embrapa, 2007

A operária

As operárias são abelhas do sexo feminino de menor porte da família,


embora constituam o maior número da população que nasce de um ovo fecundado.
São incapazes de realizar postura de ovos fecundados, pois têm o órgão reprodutor
atrofiado.
As operárias podem viver até 120 dias, dependendo do clima, da estação do
ano, da intensidade e da distância das floradas. São responsáveis por todas as
tarefas do interior da colméia, com exceção da postura de ovos que é realizada pela

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rainha. Elas encarregam-se da higiene da colméia, garantem o alimento e a água,
coletam pólen e néctar. Por terem órgãos de trabalho perfeitamente desenvolvidos,
produzem a cera com a qual constroem os favos, alimentam a rainha, os zangões e
as larvas por nascer, aquecem as crias com o próprio corpo. Cuidam da proteção da
família por possuírem órgãos de defesa perfeitamente desenvolvidos. Além disso,
ainda mantêm uma temperatura estável no interior da colméia (entre 33º e 36ºC),
produzem e estocam o mel, e elaboram a própolis.
Todas essas tarefas são realizadas pelas operárias de acordo com a idade.
Cronologicamente dividem-se em: operárias faxineiras, nutrizes, da corte, cereiras
ou engenheiras, operárias guardas ou sentinelas e finalmente operárias campeiras.

U Entre 1º e o 3º dia de vida: faxineiras - fazem à limpeza dos favos


aquecem os ovos e as larvas;

U Do 4º ao 8° dia de vida: nutrizes -


preparam a alimentação para as larvas produzem a
geléia real e cuidam da criação de novas rainhas;

Nutriz aprovisionando mel


Fonte: Vetpermutadora, 2007

Do 9º ao 12º dia de vida - da corte real - acompanham a rainha por todo o lado da
colméia, alimentando-a com geléia real;

Do 13º ao 18° dia de vida: cereiras ou engenheiras - produzem cera, constroem


favos e as realeiras para a criação de novas rainhas;

Do 19º ao 20º dia de vida: sentinelas ou guardas - prestam serviço de sentinela no


alvado, com a finalidade de defender a família contra qualquer tipo de invasão bem
como realizam os primeiros vôos de reconhecimento;

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Do 21º ao 42° dia de vida: campeiras - fazem os serviços externos no
campo,
coletando néctar, pólen, própolis e água.

Engenheiras construindo favos Campeira enchendo as


Fonte: Acordeão, 2007 corbículas de pólen
Fonte: Lousamel, 2007

Uma abelha operária pode alcançar em vôo uma velocidade de até 24 Km/h
carregando quase o seu próprio peso com néctar e pólen em suas viagens de
trabalho no campo e pode percorrer uma distância média de 5 km para coleta de
alimento. É preciso uma abelha visitar aproximadamente duas mil flores para
produzir 100g de mel.
O período de desenvolvimento, em dias, de crias de abelhas Apis mellifera é
distinto para cada casta, porém nos três primeiros dias não há diferenciação entre
elas.
Os alvéolos são de formato hexagonal (com seis lados) de forma a permitir
menor uso de material e maior aproveitamento do espaço. Os alvéolos têm uma
inclinação de 4° a 9º para cima no sentido de não derramar o conteúdo ali
depositado.

O mecanismo básico de determinação das castas em A. mellifera é regulado


pela quantidade e pela qualidade do alimento larva. Toda larva fêmea com menos

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de três dias de idade pode se desenvolver em operária ou rainha, dependendo da
alimentação fornecida pelas abelhas nutrizes.

Tempo de desenvolvimento das abelhas segundo as castas.

Vida
Casta Ovo Larva Pupa Total
adulta

Rainha 3 5 7 15 5 anos

Operária 3 5 12 20 38-42 dias

Zangão 3 6,5 14,5 24 80 dias

Fonte: Expoanimais, 2007

A sociedade das abelhas é bastante organizada e as operárias unidas,


trabalham pela colméia como um todo.
As abelhas comunicam-se através de duas danças distintas, uma em círculo
e outra, do requebrado, em forma de 8. A dança em círculo é executada quando a
fonte de alimento está próxima, a menos de 100 metros e torna-se mais rápida, se o
alimento está perto. A dança em oito é executada quando o alimento está a mais de
100 metros; o número de voltas e o número de requebros correspondem à distância
da fonte e a inclinação corresponde ao ângulo da fonte em relação ao sol.

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Fonte: Saúde Animal, 2007

FIM DO MÓDULO I

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