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Catálogo de borboletas

IMAGEM: ALMIR CÂNDIDO DE ALMEIDA

PARQUE ESTADUAL INTERVALES

SÃO PAULO, BRASIL


O PARQUE ESTADUAL INTERVALES

A Mata Atlântica tem uma biodiversidade riquíssima,


IMAGEM: ANDRÉ LUIS CASARIN ROCHELLE
com muitos seres vivos endêmicos, isto é, encontrados

apenas nesta floresta. Hoje ela ocupa cerca de 10%

dos 150 milhões de hectares originais, em fragmentos

pequenos e dispersos. Áreas naturais vastas são

centrais para conservação da diversidade biocultural.

O Parque Estadual Intervales, com 42 mil hectares de

floresta contínua, faz parte do maior remanescente de

Mata Atlântica, na Serra do Mar. "Intervales" pois está

entre os vales das bacias dos rios Paranapanema e

Ribeira de Iguape, no Contínuo Ecológico de

Paranapiacaba. O Contínuo foi tombado como

Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO em 1999 e é

um dos poucos locais com populações viáveis do

predador de topo da Mata Atlântica, a onça pintada.

Em 2008, foram registradas 101 espécies endêmicas do

parque e muita riqueza, como as 101 espécies de

anfíbios, 121 de mamíferos e 751 de invertebrados. Há

também mais de 400 espécies de aves, um paraíso

para observadores de aves, ou birdwatchers! Nosso

projeto de pesquisa, fruto da parceria do parque com

a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp), encontrou mais de

300 espécies de borboletas em Intervales e arredores!


IMAGEM: ALMIR CÂNDIDO DE ALMEIDA
IMAGEM: ELENA MARIA PATTACINI

IMAGEM: CANVA

IMAGEM: ELENA MARIA PATTACINI

COMO DIFERENCIAR BORBOLETAS DE MARIPOSAS?

Borboletas e mariposas são insetos do grupo Lepidoptera. Elas são parecidas mas, por exemplo, as

mariposas são mais noturnas, enquanto borboletas, mais diurnas. Mariposas podem polinizar e frequentar

muito as hortas, borboletas menos. Algumas mariposas têm lagartas peludas que queimam, lagartas de

borboletas não. E como diferenciar mariposas e borboletas? Olhe para a antena! A antena da borboleta

é fininha, com um bastãozinho na ponta, tipo um cotonete. As mariposas têm antenas de todo jeito!
ADIEMLA ODIDNÂC RIMLA E ASOR ATSITAB EUQIRNEH OTSUGUA :SNEGAMI

PAP Heraclides thoas HES Pythonides lancea LYC Leptotes cassius

PIE Pereute swainsoni NYM Methona themisto NYM Dione juno

AS BORBOLETAS

Borboletas são muito curiosas! Elas têm 4 fases de vida: o ovo, a lagarta que anda e come folhas, a

crisálida ou pupa imóvel que não se alimenta, e o adulto que voa e suga néctar de flores, frutos, e até

fezes. Elas podem ter rotina, visitando suas plantas favoritas diariamente. Elas também podem se

agregar, ficam juntinhas para acasalar, dormir ou hibernar. Algumas são venenosas, mas seu "pózinho"

não é capaz de nos cegar - esse "pó" são as escamas coloridas do seu corpo. Vamos conhecê-las?
AS FAMÍLIAS DE BORBOLETAS

No Parque Estadual Intervales há seis das sete famílias

de borboletas brasileiras: Lycaenidae ( LYC),


Papilionidae ( PAP), Hesperiidae (HES), Pieridae (PIE),
Riodinidae ( RIO ) e Nymphalidae ( NYM )- usaremos

suas siglas nas fotos, ok?


ATOM E AMIL ASÍUL :MEGAMI

Apesar de todas as famílias terem sua diversidade,

cada uma tem um "jeitão". Nestas páginas explicamos

algumas características com exemplos. Todas as fotos

do catálogo são de espécies do Parque Estadual

Intervales, menos as que estão aqui com um (*).

LYC Arawacus meliboeus


ASOR ATSITAB EUQIRNEH OTSUGUA :MEGAMI

OTNEMICSAN LEGNAR ÉRDNA :MEGAMI

PAP Eurytides bellerophon* HES Vettius sp.*


LYC: pequenas e delicadas, com expansões na asa

que se movem como se fossem antenas.

PAP: grandes, voo rápido e elegante, com longas

caudas ou "rabos de andorinha", seu nome popular.

ADIEMLA ED ODIDNÂC RIMLA :MEGAMI


HES: família muito rica, muitas são marrons, de voo

rápido e ágil, ponta da antena como agulha de crochê.

PIE: comuns em bando nas praias de rios, ágeis, no

Brasil são brancas, amarelas e laranjas, muitas migram.

RIO: família muito rica especialmente na Amazônia,

ficam na parte de baixo das folhas.

NYM: pernas anteriores reduzidas, frugívoras e

nectarívoras, muito diversas em forma, cor, hábito, etc. NYM Anartia amathea
ASOR ATSITAB EUQIRNEH OTSUGUA :MEGAMI

ACCAZ ARAMAHT :MEGAMI


PIE Colias lesbia* RIO Riodina lycisca*
NYM Catonephele numilia NYM Danaus erippus NYM Taygetis mermeria NYM Heliconius sara

IARIHS OKURET ALIEL :SNEGAMI


PIE Dismorphia crisia HES Vettius umbrata PIE Pereute swainsoni NYM Hamadryas fornax

NYM Blepolenis batea NYM Memphis appias NYM Pseudodebis celia NYM Hypothyris ninonia

NYM Dryas iulia NYM Actinote pyrrha NYM Fountainea ryphea NYM Vanessa braziliensis

A barrinha preta em cada borboleta corresponde a 1 cm. Quanto menor a barra, maior a borboleta!
NYM Carminda paeon NYM Zaretis strigosus PAP Parides agavus NYM Pseudodebis euptychidia HES Spicauda procne

NYM Temenis laothoe NYM Forsterinaria pronophila NYM Myscelia orsis PIE Phoebis philea HES Heliopetes americanus

PIE Eurema albula NYM Tegosa sp. NYM Callithomia lenea NYM Doxocopa laurentia NYM Adelpha syma

RIO Rhetus periander HES Theagenes dichrous HES Heliopetes ochroleuca NYM Catonephele numilia NYM Diaethria eluina
AS BORBOLETAS Morpho SÃO
CONHECIDAS POR ONDE PASSAM,
COM SEU VÔO ELEGANTE DE
GRANDES ASAS AZUIS.

NO PARQUE ESTADUAL INTERVALES


HÁ CINCO ESPÉCIES DE Morpho : M.
aega , M. anaxibia , M. epistrophus ,
M. helenor , E M. hercules .

IARIHS OKURET ALIEL :SNEGAMI


NYM Morpho anaxibia

VOCÊ SABIA QUE SEMPRE QUE SE


VÊ UMA Morpho , HÁ FLORESTA POR
PERTO?
0 1 2 3 CM

MAS NÃO HÁ APENAS Morpho


AZUIS! O PARQUE É UM DOS
NYM Morpho aega
POUCOS LOCAIS COM GRANDES
POPULAÇÕES VISÍVEIS DA Morpho
BRANCA. VISITE O PARQUE DE
NOVEMBRO A ABRIL PARA VÊ-LAS,
ASSIM COMO SUAS GRANDES
LAGARTAS VERMELHAS! A COR
FORTE É PARA ASSUSTAR OS
PREDADORES, MAS ELAS NÃO SÃO
PERIGOSAS NEM QUEIMAM, OK?

NYM Morpho epistrophus


IMAGENS: ALMIR CÂNDIDO DE ALMEIDA

Morpho epistrophus lagarta Morpho epistrophus pupa


IMAGEM: ALMIR CÂNDIDO DE ALMEIDA
AGREGAÇÃO DE Epityches eupompe
Além da Morpho branca, outra espécie pode
ser vista em grandes quantidades no parque,
mas esta de milhares de indivíduos! A equipe
do Parque Estadual Intervales descobriu uma
agregação da borboleta transparente Epityches
eupompe - procure esse nome no youtube ou
aponte a câmera do seu celular no QR code e
veja o vídeo da revoada!

Esse era um fenômeno desconhecido pela


ciência, e é provável que só ocorra por conta
da grande extensão de floresta do parque.

IMAGENS: LEILA TERUKO SHIRAI


QUANTAS ESPÉCIES VOCÊ
CONTA NESTA PÁGINA?

IMAGENS: LEILA TERUKO SHIRAI


Machos e fêmeas da mesma espécie podem ser muito diferentes. Isso é o dimorfismo
sexual! Mesmo taxonomistas, que são os cientistas que nomeiam as espécies, podem se
confundir. Vários já foram classificados como espécies diferentes!

E sabia que borboletas também se imitam? O mimetismo foi descoberto no Brasil, pelo
naturalista Henry Walter Bates. Às vezes, só uma espécie é toxica para seus predadores.
Outra espécie apenas imita suas cores, sem ser venenosa, e se beneficia dessa proteção.
Chamamos esses grupos de espécies que se imitam de anéis miméticos.

Confira abaixo as espécies da página anterior!

Anel mimético: 1 8 6 Dimorfismo sexual:


3
tigrado NYM Catonephele acontius
4 12
1 NYM Mechanitis lysimnia 9 8 fêmea
2 NYM Hypothyris ninonia 10 9 macho
transparente NYM Eteona tisiphone
3 NYM Epityches eupompe 11
10 fêmea
4 NYM Pseudoscada erruca

5 NYM Ithomia drymo 5 7 11 macho


13
preto e vermelho 2
NYM Epiphile orea

6 NYM Heliconius erato 12 fêmea


7 NYM Heliconius besckei
13 macho
OLÁ! EU SOU A Mechanitis polymnia
E VOU TE MOSTRAR O MEU CICLO DE VIDA
Eu e meus irmãos começamos nossas vidas na
mamãe. Ela colocou ovos brancos pequeninos,
um deles sou eu. Viramos lagartas brancas e
depois de quatro mudas comendo muita folha,
ficamos amareladas. Daí nos transformamos em
pupas amarelas e depois prateadas, parecemos
espelhos! Nossa parente, a Mechanitis lysimnia,
também, mas ela é dourada. Refletir o ambiente
à nossa volta nos esconde de predadores
enquanto fazemos
a metamorfose.
Então, nos
transformamos
numa borboleta
tigrada e saímos
voando por aí!

IMAGEM: MÁRCIO ROMERO MARQUES CARVALHO


pupa
lagarta última muda

pupa primeiros dias


lagarta
mamãe e ovos

ovos
SATIERF ICCUL ROTCIV ÉRDNA E OHLAVRAC SEUQRAM OREMOR OICRÁM :SNEGAMI
A comunidade do Parque Estadual Intervales conhece essas matas como

ninguém. Com muitos autônomos e monitores, alguns trabalhando desde

quando a Fazenda Intervales pertencia ao Banco Banespa, uma rica e

inspiradora história se desenrolou. Da exploração dos recursos e da terra,

como o ameaçado palmito juçara, agropecuária ou mineração, muitos

passaram a viver da conservação e a olhar sua casa de uma maneira

diferente. Hoje são observadores atentos, educando visitantes e a nova

geração sobre os segredos da natureza. As fotos destas páginas são deles!


IMAGEM: PEDRO ANTONIO DE ALMEIDA JUNIOR

IMAGEM: J. ALEJANDRO DE PROENÇA CUEVAS

IMAGEM: ELENA MARIA PATTACINI IMAGEM: ELENA MARIA PATTACINI


IMAGEM: LEILA TERUKO SHIRAI
VENHA NOS VISITAR E VOLTE SEMPRE!

As cachoeiras, cavernas, trilhas, e

exuberante biodiversidade do Parque

Estadual Intervales se somam à extensas

paisagens, à cultura e à tradição local,

promovendo uma experiência espiritual e

enriquecedora a quem o visita.

Além de energias renovadas, você pode

levar um pouco da Mata Atlântica, com as

mudas cultivadas no viveiro. Lá tem

espécies que atraem borboletas! Elas

podem ser plantadas em cidades e chamar

seres multicoloridos para sua casa :)

As flores da lantana chamam várias borboletas, e as folhas da juçara são

prato cheio para lagartas de borboletas crepusculares (tribo Brassolini)!

IMAGENS: LEILA TERUKO SHIRAI E JACKSON DELPHINO


Criado por: IMAGENS: MARCO AURELIO PIZO

Leila T. Shirai

Mariana A. Stanton

Agradecimentos:
Lydia F. Yamaguchi

Massuo J. Kato

Dimitre Ivanov
2021
André V. L. Freitas

Thiago B. Conforti

equipe Parque Estadual Intervales

autores das imagens, todos amantes de Intervales

Fontes/referências das informações:


Beisiegel & Nakano-Oliveira 2020. Histórias de vida e guia fotográfico das onças-

pintadas (Panthera onca, Carnivora: Felidae) do Contínuo de Paranapiacaba, São

Paulo. Boletim da Sociedade Brasileira de Mastozoologia, 87, 11-19.

Brown & Freitas 1999. Lepidoptera, pp. 227-243 pp. In Joly, C. A. & C. E. M. Bicudo

(orgs.), Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao

final do século XX, FAPESP. São Paulo

Carvalho et al. 2019. Immature stages of Mechanitis polymnia casabranca

(Nymphalidae, Danainae). Tropical Lepidoptera Research 29: 12-18.

Plano de Manejo do Parque Estadual Intervales 2008. Resumo Executivo.

https://cutt.ly/bmtX7Co

Nisi 2006. Parque Estadual Intervales. Implantação e projeto paisagístico das

edificações revitalizadas. Centro Universitário Senac, São Paulo.

Ribeiro et al. 2009. The Brazilian Atlantic Forest: how much is left, and how is the

remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation

142: 1141-1153.

Shirai et al. 2019. Aggregation of Epityches eupompe (Nymphalidae: Ithomiini) in

southern Brazil. Tropical Lepidoptera Research 27: 111-114.

Shirai et al. The butterflies (Lepidoptera, Papilionoidea) of the Parque Estadual

Intervales and surroundings, São Paulo, Brazil - a ser submetido para Biota Neotropica.

Shirai et al. Interaction gardens and butterfly catalogues: a joint strategy to promote

capacity development in protected areas and reduce the extinction of experience in

cities - a ser submetido para Cities & the Envrionment.

UNESCO http://whc.unesco.org/en/list/893/

AS OPINIÕES, HIPÓTESES
E CONCLUSÕES OU
RECOMENDAÇÕES EXPRESSAS
NESTE MATERIAL SÃO DE
RESPONSABILIDADE DOS
AUTORES E NÃO
NECESSARIAMENTE REFLETEM
A VISÃO DA FAPESP

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