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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE LICENCIATURA EM AGROPROCESSAMENTO 3°ANO

AZIMEL EDUARDO TABUA


BRÍGIDA JOHN MAKASI
DEOLINDA JOÃO EDUARDO
MICHELA SARAIVA
ZACARIAS JOÃO ZACARIAS

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO PESCADO

QUELIMANE

2024
Índice
AZIMEL EDUARDO TABUA

BRÍGIDA JOHN MAKASI

DEOLINDA JOÃO EDUARDO

MICHELA SARAIVA

ZACARIAS JOÃO ZACARIAS

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO PESCADO

O presente trabalho é de carácter avaliativo, sendo


requisito para a obtenção de Licenciatura em
Agroprocessamento na Faculdade de Ciências
Agrárias pelo Departamento de Ciências
Alimentares na cadeira de Processamento de
pescado e seus derivados.

Orientador, Dr. Jaússe Camunacossa

QUELIMANE

2024
1. Introdução..................................................................................................................................4
2. Objetivos...................................................................................................................................4
2.1. Geral...........................................................................................................................................4
2.2. Especifico..............................................................................................................................4
3. Metodologia...............................................................................................................................4
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................................5
4.1. Introdução ao estudo do Pescado................................................................................................5
4.1.1. Características Gerais..............................................................................................................5
4.1.2. Pesca, Aquicultura e os Sistemas de Produção...................................................................6
4.1.3. A Pesca..............................................................................................................................6
4.1.3.1. Tipos e métodos de pesca...............................................................................................6
4.1.4. Aquicultura........................................................................................................................7
4.1.5. Sistemas de Produção........................................................................................................8
4.2. Caracterização do sector pesqueiro em Moçambique............................................................9
4.2.2. Sector produtivo.................................................................................................................9
4.2.3. Zonas de pesca e padrões de operação.............................................................................10
4.2.4. Captura de pescado no País..............................................................................................10
4.2.4.1. Pesca industrial............................................................................................................11
4.2.4.2. Pesca semi-industrial...................................................................................................12
4.2.4.3. Pesca artesanal.............................................................................................................13
4.2.5. Destino das capturas........................................................................................................13
4.2.5.1. Exportação de pescado.................................................................................................13
4.2.5.2. Principais recursos exportados de 2010-2019..............................................................14
4.2.6. Consumo interno..............................................................................................................14
4.3. Estratégia para o desenvolvimento de Aquicultura..............................................................15
4.3.2. Princípios orientadores para o desenvolvimento da aquicultura.......................................16
4.3.3. Pilares da Estratégia para o Desenvolvimento da Aquicultura.........................................16
5. Considerações finais................................................................................................................17
6. Referências Bibliográficas.......................................................................................................18
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1. Introdução
Peixe é um excelente alimento para o desenvolvimento escolar de crianças e não pode
faltar na alimentação de idosos, visto que seu consumo reduz o risco de desenvolvimento a
doença de Alzheimer, demência, cansaço mental, além de reduzir hormônios do tecido
adiposo e controlar o apetite (RINCO, 2008).

A indústria de pescado tem crescido consideravelmente, tanto pela demanda do


consumidor como pelas inovações tecnológicas que a mesma vem passando. O pescado
apresenta algumas características peculiares inerentes ao modo de captura, biologia e tipo de
processamento, tornando-se diferente de outros tipos de carnes, necessitando, por tanto, de
processamento adequado, pois é tido como um alimento de fácil deterioração, devido as suas
características.

Portanto, neste presente trabalho, trouxemos uma visão introdutória sobre o pescado
desde as suas características gerais até as estratégias para o desenvolvimento da aquicultura
em Moçambique.

2. Objetivos

2.1. Geral
 Compreender a breve introdução ao estudo do pescado.

2.2. Especifico
 Compreender as características gerais do pescado;
 Analisar a pesca, aquicultura e os sistemas de produção;
 Compreender a caracterização do sector pesqueiro em Moçambique;
 Entender as estratégias para o desenvolvimento da Aquicultura em Moçambique.

3. Metodologia
A metodologia de pesquisa nada mais é do que a descrição do processo de pesquisa do
trabalho. Isto é, a definição de quais serão os procedimentos para a coleta e para a análise de
dados.

Portanto, para a realização deste trabalho, utilizou-se de métodos como: consulta


bibliográfica, entrevistas e debate em grupo.
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4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Introdução ao estudo do Pescado

4.1.1. Características Gerais


De acordo com o Portal Embrapa 2021, pescado é todo animal que vive normalmente
em água doce ou salgada e que é utilizado para a alimentação. Pescado fresco é aquele que
não sofreu qualquer processo de conservação, exceto pelo resfriamento, e que mantém seus
caracteres essenciais inalterados. Pescado compreende peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios,
quelônios e mamíferos de água doce ou salgada, usados na alimentação humana.

Os pescados, de um modo geral, são denominados pela expressão “fresco”, que se


refere ao fato de não ter sido armazenado, podendo, no entanto, ter sofrido a proteção de gelo.
Podem ter a classificação de “pescado resfriado” que é aquele armazenado sob refrigeração
(–0,5 a –2,0ºC) e “pescado congelado” que é aquele armazenado em temperaturas inferiores a
–25ºC (PORTAL EMBRAPA, 2021).

A mesma autoria afirma que, diversas pesquisas têm relatado benefícios do consumo de
pescado tais como redução do risco de doenças cardíacas, artrite, psoríase e trombose, além
de possuir ação anti-inflamatória graças à presença de ácidos graxos poli-insaturados em sua
composição. A carne de pescado é rica também em proteínas de alto valor biológico e possui
reduzido teor de gordura.

O consumo de pescado é considerado mais saudável quando comparado com os outros


tipos de carnes, já que seu perfil proteico supera em valor biológico outras fontes de origem
animal, como a carne bovina e o leite (SANTOS et al, 2019).

Os valores médios para peixes, crustáceos e moluscos variam entre 70 a 85% de água,
20 a 25% de proteínas, 1,0 a 10% de gordura, 0,1 a 1,0 % de carboidratos e 1,0 a 1,5% de
minerais.

Por outro lado, o pescado é um produto altamente perecível, quando fresco, com uma
vida útil máxima de 15 dias, sob refrigeração. Por isso, é muito consumido sob a forma de
conservas, permitindo seu armazenamento por longos períodos à temperatura ambiente
(FERREIRA et al., 2002).
6

De acordo com Markore et al., 2002 & Huidobro et al., 2002, o pescado de ótima
qualidade com características físicas, químicas, sensoriais e microbiológicas próprias de
peixe fresco requer captura ou despesca, procedimentos apropriados de abate e
acondicionamento em gelo, para que o peixe mantenha as suas características físicas e
químicas.

4.1.2. Pesca, Aquicultura e os Sistemas de Produção

4.1.3. A Pesca
Na perspectiva de Santana & França pesca é uma atividade extrativista de organismos
aquáticos, a qual tem o objetivo de capturar ou coletar o pescado (peixes, crustáceos,
moluscos, algas, entre outros). Essa atividade é realizada, principalmente, para fins de
alimentação, recreação, ornamentação, industrialização e pesquisa científica.

4.1.3.1. Tipos e métodos de pesca


a) Redes de cercar

É uma arte de pesca de superfície utilizada na captura de espécies pelágicas, ou seja,


organismos que habitam a coluna d’água e não dependem do fundo para sobreviver. É uma
arte de pesca que frequentemente possui um grande desenvolvimento vertical e em que o
processo de captura consiste em envolver o peixe pelos lados e por baixo, impedindo a sua
fuga pela parte inferior da rede, mesmo quando operada em águas profundas (SANTANA &
FRANÇA, 2014).

b) Redes envolventes

É uma arte de pesca que é normalmente largada a partir de uma embarcação, podendo
ser manobrada a partir da própria embarcação. A técnica de captura consiste em cercar uma
superfície de água com uma rede muito comprida, a qual pode estar dotada de um saco
colocado normalmente no centro da rede (SANTANA & FRANÇA, 2014).

c) Redes de arrastar

Tipo de arte de pesca rebocada que é constituída por um corpo de forma


aproximadamente cônica, fechado por um saco e prolongado por asas até a boca (abertura). O
princípio de funcionamento das redes de arrasto baseia-se na filtração. A rede de arrasto
constitui um filtro que, em movimento na água, captura as espécies que se acumulam no saco
da rede (SANTANA & FRANÇA, 2014).
7

d) Dragas

É um termo genérico utilizado para se referir às artes de pesca rebocadas, a pé ou por


embarcações, sobre o fundo para a captura de moluscos bivalves. São artes constituídas por
um saco de rede cuja abertura está ligada a uma estrutura rígida, de forma e dimensões
variáveis dotada, na parte inferior, de um painel com ou sem dentes, que revolve o fundo
(SANTANA & FRANÇA, 2014).

e) Redes de sacada

É uma rede operada à mão ou mecanicamente, a partir de terra ou de embarcações,


constituída por um pano de rede horizontal ou por um saco com forma de paralelepípedo,
piramidal ou cônica, com a abertura virada para cima. A rede é submergida à profundidade
desejada e são içadas na vertical, à mão ou mecanicamente, a partir de terra ou de
embarcações (SANTANA & FRANÇA, 2014).

4.1.4. Aquicultura
Segundo a definição da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
desenvolvimento (FAO), a aquicultura pode ser definida como:

O cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos,


crustáceos e plantas aquáticas. Ou seja, é a intervenção do homem no
processo de cultivo para aumentar a produção em operações como:
estocagem, alimentação, proteção contra predadores, entre outras. A
atividade de cultivo também pressupõe que os indivíduos ou
associações que a exercem são proprietários da população sob cultivo.
Admite-se que uma determinada produção de organismos aquáticos
constitui uma contribuição à aquicultura, quando estes são colhidos por
indivíduos ou associações que têm sido os seus donos durante o
período de criação (FAO, 1999 apud VINATEA, 2004, p. 25).

Em outras palavras, a aquicultura, assim como a pesca, tem como produto os


organismos aquáticos. O diferencial está na forma de obtenção desse produto. A pesca realiza
a extração da natureza, considerada um bem comum de todos, enquanto que na aquicultura os
organismos são cultivados e, portanto, pertencem a alguém (SANTANA & FRANÇA, 2014).
8

A aquicultura também pode ser praticada por grandes ou pequenos produtores, pode ser
ainda uma atividade sustentável ou mesmo causar sérios danos ambientais.

4.1.5. Sistemas de Produção


Os sistemas de produção podem ser:

 Sistema intensivo: nesse sistema, os tanques são pequenos, com as paredes


geralmente revestidas com plástico ou concreto, as trocas de águas são constantes,
através de bombeamento, e o número/peso de animais por área de unidade ou volume
é bastante alto. A alimentação é exclusivamente artificial, exige mão de obra
capacitada e o investimento inicial, nesse tipo de empreendimento, é alto (SANTANA
& FRANÇA, 2014).
 Sistema superintensivo: os chamados sistemas superintensivos compõem um conjunto
de produção quase sempre em ambientes de águas claras, transparentes e que podem
ser subdivididos em diversas modalidades, de acordo com as estruturas físicas
apresentadas. Assim como no sistema intensivo, a densidade de estocagem é bastante
alta e o custo de produção elevado, principalmente pelo uso de rações caras e pela
impossibilidade de uso de suplementação natural (ZIMMERMANN;
FITZSIMMONS, 2004).
 Sistema semi-intensivo: nesse caso, os viveiros são de tamanho médio, com fundos e
paredes de terra, a troca de água é mínima por bombeamento, o número/peso de
animais por área de unidade ou volume já é moderado, a alimentação natural é
complementada com ração balanceada, o investimento inicial é médio e a exigência
com relação à mão de obra especializada já não é tão grande (SANTANA &
FRANÇA, 2014).
 Sistema extensivo: viveiros grandes ou gigantescos (de 10 a 100 ha), sem nenhum
tipo de infraestrutura, sem troca de água, o enchimento dos viveiros é feito por
derivação ou pela maré. A alimentação é exclusivamente natural e a oxigenação da
água baseada no fito plâncton e na ação do vento. Nesse tipo de empreendimento, o
investimento inicial é mínimo (SANTANA & FRANÇA, 2014).
9

4.2. Caracterização do sector pesqueiro em Moçambique


Moçambique tem um vasto território com costa marítima e águas continentais de
grande potencialidade pesqueira e diversidade de recursos. A zona costeira tem três secções
nas quais a actividade de pesca apresenta algumas diferenças:

a) a costa Norte, tem um litoral de fundos coralíferos e rochosos e uma plataforma continental
estreita, com algumas baías abrigadas e águas interiores, e ilhas litorais, principalmente em
Cabo Delgado, e em algumas áreas dos distritos setentrionais e centrais de Nampula;

b) a costa Centro, desde os distritos mais meridionais de Nampula até o norte de Govuro,
constitui o Banco de Sofala, é rasgada por numerosos rios e canais orlados de florestas de
mangal que proporcionam áreas estuarinas abrigadas e litorais de praias, por vezes protegidas
por algumas ilhas litorais; e,

c) a costa Sul, na sua parte central com águas profundas, vai desde Govuro até ao sul da
província de Maputo, é espraiada em algumas áreas, apresenta fundos litorais com bancos de
coral e rocha, possui algumas baías abrigadas e encontra-se exposta a fortes ventos, em
especial a partir de Inhambane até ao extremo meridional (MP, 2010)

Na parte continental do país, existem duas importantes massas de águas interiores – o


lago Niassa, compartilhado com a Tanzânia e o Malawi, e a albufeira de Cahora Bassa. Cerca
de 25 grandes rios com caudal permanente, correndo em grande parte do território,
numerosas lagoas, litorais e interiores, e planícies de cheia, proporcionam recursos pesqueiros
ao longo de grande parte do ano. Entre todos os rios, o Zambeze destaca-se pelo volume de
água que lança ao Oceano Índico, na faixa entre Zambézia e Sofala, estimando-se que seja
cerca de dois terços do total de descargas dos rios (MP, 2010).

4.2.2. Sector produtivo


De acordo com o autor CAPAINA (2021), o país dispõe de quatro Portos Pesqueiros
para a pesca industrial e semi-industrial, nomeadamente: Angoche, Quelimane, Beira e
Maputo. Alguns portos comerciais, como o de Nacala, têm capacidade para atracagem das
embarcações e desembarque das capturas da pesca industrial, mas não dispõem de estruturas
de descarga ou conservação de pescado. As embarcações da captura de kapenta, na albufeira
de Cahora Bassa, desembarcam o pescado nas pontes-cais das empresas a que pertencem.

O autor diz ainda que, embora existam estes portos de pesca, as insuficiências
encontradas nas infraestruturas de apoio, nomeadamente no porto de pesca de Quelimane,
10

limitam o desembarque do pescado da frota industrial, pelo que, a quase totalidade da


pescaria industrial no Banco de Sofala é desembarcada no porto de pesca da Beira. O porto
de Angoche tem sido pouco utilizado, devido à sua pequena dimensão e pelas dificuldades de
acesso terrestre de e para o interior, pois os transportes terrestres que poderiam escoar o
pescado a partir deste porto.

4.2.3. Zonas de pesca e padrões de operação


As zonas de pesca e padrões de operação da frota dependem da complexidade dos
meios de captura e conservação do pescado e do tipo de pescado desejado. Embora se
destaque no Banco de Sofala, a pesca industrial também opera ao longo da costa entre as
províncias de Gaza e Inhambane. Dado que a maioria das embarcações possui sistema de frio
a bordo para congelamento do pescado, podem realizar a pesca por mais de duas semanas
sem atracar num porto (CAPAINA, 2021).

A disponibilidade de portos e estruturas de apoio ao desembarque do pescado e


atracagem da frota das embarcações industriais é limitada aos portos de Quelimane, Beira e
Maputo, sendo que cerca de 70% das embarcações industriais têm o porto de pesca da Beira
como ponto base de descarga do pescado; as outras 30% desembarcam no porto de pesca de
Maputo.

A frota da pesca semi-industrial realiza a pesca em quase toda a costa. Na albufeira de


Cahora Bassa, as embarcações estão associadas a empresas com instalações em terra e
pontes-cais privadas, onde descarregam o pescado capturado. Na costa, muitas embarcações
efectuam a descarga do pescado ao largo das praias ou nos portos de pesca onde este é de
imediato transaccionado ou transportado para as unidades de processamento, sendo depois
comercializado (CAPAINA, 2021).

As embarcações da pesca artesanal fazem, em geral, viagens diárias a pouca distância


do seu porto base. Mas algumas regiões, como Inhassoro, Vilanculos e Beira, destacam-se
por ter unidades de pesca motorizadas que efectuam viagens de 2 a 5 dias a pontos pesqueiros
mais distantes, conservando o pescado em gelo ou em sal. Em geral, as embarcações deste
segmento encostam directamente nas praias e aí descarregam o pescado (CAPAINA, 2021).

4.2.4. Captura de pescado no País


Como tem sido referida, a produção pesqueira é dividida em três subsectores, cada um
com seus métodos de captura, processamento e conservação. Com alguma excepção na pesca
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à linha, os subsectores industrial e semi-industrial têm uma espécie como alvo principal nas
suas capturas, constituindo todo o resto a chamada fauna acompanhante. Relativamente à
cadeira de valor, praticamente toda a captura das pescas industrial e semi-industrial,
principalmente os crustáceos (camarão e lagosta), é processada a bordo dos barcos, entrando
nas instalações de conservação em terra apenas para o seu armazenamento e/ou trânsito. O
processamento em terra ocorre nos casos em que os barcos não estão equipados com sistemas
de refrigeração. Quase totalidade do pescado da pesca artesanal é desembarcada e processada
em terra, e apenas uma pequena parte da produção artesanal é processada a bordo usando-se o
gelo.

A pesca artesanal apresenta uma cadeia de valor que vai desde os carpinteiros navais até
aos consumidores, passando pela captura do pescado propriamente dita. Significa que existe
um grupo de actividades relacionadas com a produção, que integra a carpintaria naval, a
produção dos aprestos de pesca (artes de pesca), a disponibilização do gelo, da isca, do
combustível e a captura do pescado; e, um segundo grupo, relacionado com o processamento
e comercialização, integrando o processamento, conservação, transporte e venda do pescado,
incluindo, a natureza do mercado (local e externo) onde o pescado é transaccionado
(CAPAINA, 2021).

4.2.4.1. Pesca industrial


A pesca industrial no país tem sido dominada pela procura de espécies marinhas com
grande valor comercial ao nível regional e internacional. Espécies, como o camarão tigre, a
gamba, a lagosta, têm-se destacado nesta procura (gráfico abaixo). Outras espécies, como o
atum e o caranguejo, também se têm mostrado de interesse para os armadores industriais.
12

4.2.4.2. Pesca semi-industrial


A pesca semi-industrial ocorre ao longo da costa marítima e na albufeira de Cahora
Bassa, neste caso principalmente para a captura de kapenta e um pouco de tilápia. Tal como
na pesca industrial, a semi-industrial também sofreu uma redução (gráfico abaixo). Durante o
período aqui analisado, o pico de crescimento das capturas foi de 20 353 toneladas em 2011.
As capturas mais baixas ocorreram em 2017, em que a produção foi de apenas 8 806
toneladas (CAPAINA, 2021).

Tradicionalmente, este sub-sector de pesca persegue duas espécies com valor comercial
no mercado externo: o camarão e a kapenta. Estes recursos tiveram comportamentos
diferentes na contribuição para o total das capturas do subsector, durante a série temporal.
Entre os anos 2010 e 2016, a kapenta teve uma produção média anual de 14 635 toneladas,
com a produção mais alta observada em 2011, quando as capturas atingiram as 18 330
toneladas. O camarão teve uma produção média de 577 toneladas, com o volume mais baixo
de 385 toneladas, observado em 2013. As capturas mais altas de camarão foram observadas
em 2018 com 988 toneladas, valor que, no ano seguinte, viria a cair para menos da metade
(412 toneladas) (CAPAINA, 2021).

A produção de peixe teve uma oscilação moderada, com uma média anual de 770
toneladas, não obstante a redução que se observa desde 2016, passando de 738 toneladas para
507 em 2019. A fauna acompanhante26 tem tido alguma expressão nas estatísticas das
capturas no subsector semi-industrial, tratando-se de pesca não alvo. Até ao ano 2017, a
fauna acompanhante teve uma produção média anual de 525 toneladas, tendo atingido, nos
dois últimos anos (2018 e 2019), a média anual de 14 267 toneladas (CAPAINA, 2021).
13

4.2.4.3. Pesca artesanal


O manancial de peixes alvo da pesca artesanal tem sido constituído por recursos
pelágicos e demersais acessíveis a esta pesca, não existindo qualquer menção que oriente, no
acto de licenciamento, a determinação das espécies e quantidades de capturas a observar para
a respectiva Unidade de Pesca. A produção da pesca artesanal apresenta-se como a única que
segue um crescimento continuado em termos de capturas globais. Ela teve uma variação
anual média de 11.8%, onde o crescimento mais alto aconteceu em 2017, tendo atingido
16.8%, enquanto o mais baixo foi de 4.9% alcançado em 2013 (CAPAINA, 2021).

De forma desagregada, as capturas de peixe de águas marítimas e de águas interiores,


destacaram-se no total de produção da pesca artesanal, com uma média anual de 150 000 e 72
000 toneladas, respectivamente.

Entre 2012 e 2016, a captura da lagosta observou queda acentuada, tendo atingido o
valor negativo de -30%, situação normalizada nas três épocas anos seguintes, em que a média
anual foi de 1 301.6 toneladas. O camarão teve um comportamento regular ao longo dos dez
(10) anos, pese embora alguma tendência de redução entre 2011 e 2014 (CAPAINA, 2021).

4.2.5. Destino das capturas

4.2.5.1. Exportação de pescado


De um modo geral, a informação disponível indica que, entre 2010 e 2019, o país
exportou cerca de 137 895 toneladas de pescado (gráfico abaixo), numa média anual de 13
789.5 toneladas. O maior crescimento das exportações foi de 19.7%, observado em 2018,
quando o Sector atingiu 17 774 toneladas. No ano seguinte, o volume teve um crescimento
negativo (-6,9%).
14

4.2.5.2. Principais recursos exportados de 2010-2019

As exportações do camarão tiveram como principais mercados: a China (44.6%), que


nos últimos dois anos foi o destino de cerca de 20 000 toneladas, Espanha (24.7%), Portugal
(22.7%), França (3.8%) e África do Sul (1.8%). Os restantes 2.4% foram repartidos por
países asiáticos e latino-americanos. O Zimbabwe (83.3%), o Congo Democrático (7.9%), a
Zâmbia (5.4%) e o Malawi (2.5%) foram os principais destinos da kapenta (CAPAINA,
2021).

4.2.6. Consumo interno


O consumo per capita de pescado varia de forma significativa dentro do país, devido à
influência de factores culturais, económicos e até geográficos. O consumo é maior na zona
costeira e de águas interiores, e é menor nas regiões do interior, onde não existem rios e a
acessibilidade é limitada. Questões económicas podem limitar as populações na altura de
escolher entre os vários tipos de produtos pesqueiros, dada a diferença de preços (CAPAINA,
2021).

O consumo de pescado é calculado adicionando à produção nacional as importações


líquidas que o país realiza. Ao mesmo tempo em que a produção nacional para o consumo foi
aumentando, as importações de pescado foram crescendo de 37 258 toneladas, em 2010, para
77 769 toneladas, em 2019 (gráfico abaixo), a uma taxa média anual de 10%. O gráfico
também mostra que as importações contribuíram numa média anual de 24.2% para o total do
15

pescado consumido, impactando significativamente na redução do déficit alimentar


(CAPAINA, 2021).

4.3. Estratégia para o desenvolvimento de Aquicultura


De acordo com o MINISTÉRIO DO MAR, ÁGUAS INTERIORES E PESCAS (2020),
diz que, a EDA orienta a intervenção do Estado para a promoção de uma aquicultura
comercial, com envolvimento dos produtores de pequena escala e atracção do sector privado
a investir na actividade da aquicultura, através de definição de pacotes de incentivos,
facilitação do processo de realização do investimento, melhoria do ambiente de negócios,
mitigação dos riscos do investimento inicial, por via da criação de infraestruturas de produção
de insumos aquícolas (ração e alevinos), facilitação do acesso ao financiamento,
disponibilização de fundos para linhas de crédito específicas para a actividade.

A EDA tem como principal objectivo promover o desenvolvimento da aquicultura em


Moçambique, com vista a explorar o potencial nacional existente, de forma sustentável,
contribuindo para a segurança alimentar e nutricional, criação de emprego, contribuição na
balança comercial e reduzir a pressão sobre a pesca extrativa.

Os esforços a serem empreendidos pelo Governo, através do aprimoramento de


políticas orientadas para a facilitação de investimento privado, mobilização de financiamento
a baixo custo e com envolvimento dos pequenos produtores irão assegurar o desenvolvimento
do subsector da aquicultura, com enfoque para uma aquicultura industrial praticada por
grandes empresas. Paralelamente, como resultado dessas intervenções a aquicultura
comercial praticada por pequenas e médias empresas irá também crescer.

Assim, haverá uma transformação estrutural da aquicultura em Moçambique passando


de uma aquicultura de subsistência para uma aquicultura comercial. Neste contexto, a visão a
longo prazo da aquicultura é a seguinte:
16

 Um subsector aquícola próspero e competitivo, capaz de oferecer respostas


sustentáveis aos desafios da segurança alimentar e nutricional e o abastecimento do
mercado local e exportação com produtos da aquicultura.

A missão do subsector da aquicultura é a seguinte:

 Contribuir para a segurança alimentar e nutricional, geração de emprego, receitas


fiscais e balança comercial através do aumento da produção de pescado proveniente
da aquicultura.

4.3.2. Princípios orientadores para o desenvolvimento da aquicultura


O desenvolvimento da aquicultura poderá ser alcançado através do seguimento de um
conjunto de princípios que devem orientar a actuação dos envolvidos na promoção da
actividade de modo a assegurar um rápido e sustentável crescimento. Os princípios são os
seguintes:

1. Gestão sustentável;
2. Foco na satisfação do publico alvo;
3. Equilíbrio regional;
4. Transferências tecnológicas;
5. Coordenação interinstitucional.

4.3.3. Pilares da Estratégia para o Desenvolvimento da Aquicultura


Os pilares de aposta estratégica são um conjunto de acções macro que devem ser
realizadas para assegurar a prossecução dos objectivos estratégicos e foram definidos na base
da análise da situação actual que permitiu a identificação dos problemas que devem ser
resolvidos para assegurar o desenvolvimento sustentável de uma aquicultura que contribua de
forma significativa na produção de pescado, segurança alimentar e nutricional, geração de
emprego, aumento da renda das comunidades, receitas fiscais e divisas. Os pilares são os
seguintes:

1. Produção e produtividade;
2. Investimento privado e acesso ao financiamento;
3. Acesso ao mercado;
4. Capacitação institucional e formação de quadros.
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5. Considerações finais
A indústria de pescado tem crescido consideravelmente, tanto pela demanda do
consumidor como pelas inovações tecnológicas que a mesma vem passando. O pescado
apresenta algumas características peculiares inerentes ao modo de captura, biologia e tipo de
processamento, tornando-se diferente de outros tipos de carnes, necessitando, por tanto, de
processamento adequado, pois é tido como um alimento de fácil deterioração, devido as suas
características.
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6. Referências Bibliográficas
1. RINCO, N. B. O uso da tilápia em uma alimentação saudável. Brasília, 2008. 59f.
Monografia (Centro de Excelência em Turismo) – Universidade de Brasília.
2. PORTAL EMBRAPA “Pescados”, 2021.
3. FERREIRA, M. W. et al. Pescados processados: maior vida de prateleira e maior valor
agregado. Disponível na Internet:
http://www.editora.ufla.br/BolExtensao/pdfBE/bol_66.pdf, capturado em 22 de Janeiro de
2010.
4. HUIDOBRO, A.; PASTOR, A.; LÓPEZ- CABALLERO, M. E.; TEJADA, M. Washing
effect on teh quality index method (QIM) developed for raw gilthead seabream (Sparus
aurata). European Food Research Technology, Berlin, v.2112, p.408-412, 2001.
5. MORKORE, T.; HANSEN, A. A.; UNANDER, E.; EINEN, O. Composition, liquid
leakage, and mechanical properties of farmed rainbow trout: Variation between fillet
sections and impact of ice and frozen storage. Journal of Food Science, Chicago, v.67,
n.5, p. 1933-1934, 2002.
6. JOÃO VICENTE MENDES SANTANA & MARLON CARLOS FRANÇA. Introdução
a pesca e aquicultura, 2014.
7. VINATEA, L. A. Fundamentos de aquicultura. Florianópolis: EDUFSC, 2004. v. 1.
8. ZIMMERMANN, S.; FITZSIMMONS, K. Tilapicultura Intensiva. In: CYRINO, J. E. P.
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9. MINISTÉRIO DAS PESCAS (2010). Plano Director das Pescas (2010-2019). Maputo,
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10. Nelson Capaina “CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR DAS PESCAS EM
MOÇAMBIQUE” 2021.
11. MINISTÉRIO DO MAR, ÁGUAS INTERIORES E PESCAS (2020).

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