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O garoto e o

barquinho

Thyllon Wilker
Capítulo
1
Águas flamejantes

Quanto mais fria é a água, maior


queimação ela trará..............

01
Após chegar da escola muito cansado, Péricles
vai logo tomar um banho e se limpar para jantar
com seus avós, ele sempre morou com eles
desde pequeno.
Seus avós nunca contaram o que aconteceu com
seus pais, "É algo que você ainda não está
preparado para saber". Péricles sempre se sentia
confuso e deprimido por não saber o paradeiro
de seus pais, sempre quando saia da escola; ele
via todos seus colegas indo abraçar seus
responsáveis para ir pra casa, quando via isso,
colocava um sorriso no rosto e caminhava
sozinho para sua humilde residência de
madeira.
Quando acabou seu jantar, foi fazer sua lição de
casa, ele estava no 7° ano, "Já sou praticamente o
homem da casa" -falava Péricles com um sorriso
no rosto.
A atividade era de artes, lá pedia para fazer um
barquinho, com passo a passo das dobras do
papel. Péricles se encantou, "nunca imaginei
fazer um barco de papel, deve ser incrível!", ele
disse que iria fazer o maior e mais bonito
barquinho de papel do mundo, começou a pegar
várias folhas coloridas nas gavetas de seu vô.
Depois de muitas tentativas frustradas, a única
coisa que ele conseguiu foi ter muitas folhas
amassadas, já tava dando a hora de dormir e ele
não conseguiu fazer nada, era uma noite de
segunda e o trabalho era para quinta-feira,
então ele descidiu ir dormir porque ainda tinha

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dois dias inteiros para fazer o barquinho.
Na manhã seguinte ele acordou primeiro que
todo mundo, e já estava lá tentando fazer o
barco, não conseguia fazer de jeito nenhum,
mesmo usando o passo a passo que estava no
livro. Depois de muito tempo, ele decidiu pedir
ajuda sua avó, "me ajuda a fazer um barquinho
pra uma atividade de artes aqui por favor, vó
Ester", ao ouvir essa frase ela sentou no sofá e
começou a chorar em silêncio, tampando sua
boca com a mão, ele questiona o porquê do
choro, e sua vó permanece em silêncio. Ele
então vai para seu quarto, "o que eu falei
demais?" -Péricles pergunta a si mesmo.
Depois de um tempo a sua avó para com o choro
e vai pedir desculpas a ele, "a culpa não foi sua
amorzinho, a vovó que é sensível demais, vou
preparar seu almoço para ir pra escola.",
Nesse momento, Péricles lembra que vai ter um
passeio de campo na escola, ele irá ver um lago
bem famoso da sua cidade, lá existem Jacarés,
peixes e vários tipos de animais marinhos. Ele se
arruma todo e pega um casaco, pois está muito
frio hoje, no caminho da escola, encontra uns
moleques que sempre fazem bullying com ele
sem motivo algum, xingando e até mesmo
agredindo ele, os moleques apenas falam mal
dos dentes dele, que são separados e do seu
cabelo bagunçado. Ao chegar na escola, ele
encontra todos seus colegas com os barcos de
papel na mão, "não era para quinta o barco?"

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Todo mundo diz que não. Por sorte uma colega
dele fez dois e deu um de seus barcos pra ele,
"prazer, me chamo Carolina." Péricles agradece
e fala seu nome pra ela, ficando todo corado.
Dez minutos depois o professor chega, pede pra
deixar os barcos na sala, porque quando
voltarem, o professor vai ver qual é o mais
bonito, e o ganhador irá ganhar uma caixa de
bombom, ele leva a turma pro passeio, são trinta
minutos andando a pé, na metade do caminho o
professor fala umas lendas sobre o local;
"antigamente, muitos viram um peixe mutante
que andava sobre duas pernas e levava pessoas
más pra água, mas é Claro que isso é só um mito,
pessoal.", Chegando no lago eles observaram
uma água cristalina e bem brilhante refletindo o
sol, jacarés boiando por todos os lados, e uma
grande cabana de madeira na frente do lago. Em
volta de tudo isso era cercado de uma densa
grade de aço, para evitar que os animais saíssem
para cidade. Péricles se encanta com toda aquela
água azul, prestando atenção no lago, ele se
separa da turma e derrepente uma garrafa de
vidro encosta no seu pé, é aí que ele se deu
conta que estava sozinho, ao olhar pra trás ele
vê os moleques que só querem encrenca com
ele, um deles o derruba no chão e fala "Você é
tão inútil, acho que seus pais tinham vergonha
de Você e resolver deixar o bebezinho com os
avós", depois disso tudo, começaram a cair na
gargalhada.

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Após ouvir isso, Péricles fica cheio de ódio e dá
um murro no estômago de um deles;
derrubando ele no chão, depois de ver isso, os
outros dois pegam Péricles e jogam no lago, os
garotos começam a correr e levar seu amigo
junto, estava muito frio na hora, ele sentiu como
se tivesse jogado óleo fervendo em todo seu
corpo. Algum tempo depois, Carolina começa a
sentir falta de Péricles e ouve seus gritos de
socorro, "me ajudem, a água está fervendo,
jacarés vão me comer!!", Com a mão levantada,
ele pede socorro mais uma vez, no mesmo
instante seu professor puxa ele pelo braço, ele
começa a vomitar muita água e a tremer de frio,
o professor leva a turma de volta para escola e
Péricles pro diretor. Lá eles perguntam quem
tinha feito isso com ele, ele, por medo, não fala
que foram os garotos e sim que estava muito
curioso para ver os animais de perto e acabou
escorregando, o diretor e professor só falaram
para ter mais cuidado da próxima vez, e lhe deu
uma advertência. Quase na hora de ir embora, o
professor vai de mesa em mesa olhando os
barquinhos, Depois de 3 voltas na sala, ele
finalmente escolheu o de Péricles, disse que em
todos os anos que ele deu aula, nunca tinha
visto um barco tão bonito e robusto como
aquele, Ele pega a caixa de bombom e guarda na
mochila. Na saída, ele tentou encontrar Carolina
para dividir os bombons, mas ela já tinha ido
embora com seu pai, então decide ir para casa.

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