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A nova escola do Pedro

Naquele primeiro dia de aulas, o Pedro estava


ainda mais ansioso do que nos anos anteriores.
Aliás, ele sentia-se tão nervoso que não parava
quieto! Acordou algum tempo antes de o despertador
tocar; não lhe apeteceu tomar o pequeno-almoço; e
quase se esqueceu da mochila, não fosse a irmã tê-
lo avisado. No carro, a caminho da escola, a mãe
decidiu falar com o Pedro, tentando acalmá-lo:

- Vais ver que vai correr tudo bem, Pedro –


começou ela.

- Não sei, mamã. Eu não conheço ninguém! E a


escola é tão grande… – disse ele, com a voz a
tremer.

- Eu sei que esta mudança não está a ser fácil.


Mas, hoje, vais conhecer colegas novos e, quando
começares a aprender coisas novas, até pode ser
que gostes mais desta escola!

O Pedro não ficou lá muito convencido, mas


sabia que não havia nada que ele pudesse fazer.
Quando o carro chegou à porta da escola, ele
despediu-se da mãe, pegou na mochila e saiu.
Olhou para um lado e para o outro, suspirou e entrou
no edifício. Ainda faltava algum tempo até as aulas
começarem. O que havia de fazer? Procurou a sala
de aula e, quando a encontrou, parou, à espera da
chegada do professor. Envergonhado, não falou com
ninguém, e ninguém falou com ele. Aqueles minutos
pareceram-lhe uma eternidade!

No final do dia, quando o Pedro chegou a casa,


a mãe notou que ele estava triste. Ao jantar, ele
explicou que não se sentiu bem naquela escola, que
não conhecia ninguém e que os colegas não
gostavam dele.

- Ó Pedro, mas como é que os teus colegas não


gostam de ti, se nem sequer te conhecem? –
argumentou a mãe. – Ainda só passou um dia; é
normal que tudo seja estranho.

- Talvez seja uma boa ideia seres tu a


apresentares-te, em vez de esperares que eles
venham brincar contigo – acrescentou o pai.
O pai do Pedro contou que lhe tinha acontecido
o mesmo, quando mudou de escola. Durante uns
dias, não brincava no recreio, tinha vergonha de falar
na sala de aula, comia sozinho no refeitório…
Custou bastante a habituar-se. Até que, um dia,
resolveu levar a sua bola de futebol, novinha em
folha, para a escola. Convidou todos os meninos
para jogarem com ele e criou muitos amigos a partir
daí.

- Aproxima-te dos teus colegas, Pedro. Vais ver


que, daqui a uns dias, já tens muitos amigos –
incentivou o pai.

O Pedro achou a sugestão do pai bastante


sensata. Mas como é que ele podia aproximar-se
dos colegas? Tinha tanta vergonha… Adormeceu e
acordou a pensar nisso.

No dia seguinte, quando chegou a hora do


recreio, sentou-se no banco, a ver os colegas a
descerem no escorrega. De repente, um deles
tropeçou ao subir as escadas e caiu. Rápido como
uma seta, o Pedro saltou do banco e correu até ele,
preocupado.
- Estás bem? Magoaste-te? – perguntou.

- Ai! Ui! Dói-me o joelho! Olha, está a sangrar! –


respondeu o colega, aflito.

- Tem calma. Eu ajudo-te a ires até à torneira


para lavarmos a ferida. Depois, vou chamar a
Senhora Auxiliar, para ela ver o que se deve fazer.
Acho que é preciso pôr um penso.

O Diogo, colega do Pedro, agradeceu muito o


gesto. E disse, em frente a todos os meninos que,
mais tarde, se juntaram à sua volta:

- Já conhecem o Pedro? É novo cá na escola. É


o melhor colega que se pode ter por perto!

A partir daquele momento, o Pedro e o Diogo


tornaram-se nos melhores amigos… e tudo mudou.

Naquela tarde, quando o Pedro contou aos pais,


os seus olhos brilhavam de alegria. Ele disse:

- Realmente, é muito mais fácil fazer amigos


quando os procuramos e os ajudamos!

“Nosso Amiguinho”
Rosa-Dos-Ventos, Agosto-Setembro, 2020, Ano 52,
Nº 572, Santa casa da Misericórdia do Porto, CPAC,
Edições Braille.

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