Câmara Municipal de Matosinhos Biblioteca municipal Florbela Espanca
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digital. -- Oh, olhem só para aquilo! -- exclamou a toupeira, certa noite ao sair da sua toca debaixo da terra. -- O que será? Bem lá no alto, no céu, a lua brilhava como uma cintilante moeda de prata. A toupeira achou que era a coisa mais bonita que alguma vez vira em toda a sua vida. -- Seja lá o que for, eu quero ter aquela coisa -- decidiu a toupeira. -- Já sei! Vou dar um pulo e puxá-la cá para baixo. Boing, boing, boing... A toupeira estava tão concentrada a saltar, que nem se apercebeu do barulho que fazia e acabou por acordar o coelho, que dormia na sua toca. -- Toupeira -- chamou o coelho. O que estás para aí a fazer? -- Olá coelho -- disse a toupeira. Estou a tentar puxar cá para baixo aquela coisa brilhante que está lá no alto, no céu. -- Estás-te a referir à lua? -- perguntou o coelho. -- Ah, é assim que aquela coisa se chama! -- exclamou a toupeira. -- Nunca irás conseguir trazê-la cá para baixo. Ela não está tão perto como parece -- explicou o coelho. Mas a toupeira não estava disposta a desistir. -- Já sei -- pensou. Vou usar um pau para tentar puxá-la cá para baixo! A toupeira pegou num pau muito comprido e estendeu-o em direção à lua para tentar agarrá-la. -- Zim! Zim, zim, zim! Tão distraída estava a toupeira com o pau, que até tropeçou num ouriço, que dormia na sua cama de folhas. -- Toupeira -- resmungou o ouriço. O que andas para aí a fazer? -- Olá ouriço -- respondeu a toupeira. Estou a tentar trazer a lua cá para baixo. -- Não vais conseguir -- explicou o ouriço. Ela não está tão perto como parece. Mas a toupeira estava determinada a não desistir. -- Já sei -- pensou. Vou atirar-lhe uma coisa que a vai fazer cair cá para baixo. Então a toupeira procurou e encontrou umas bolotas que se pôs a atirar à lua. -- Zás! Zás, zás, zás! -- Ai! -- queixou-se o esquilo. Estás maluca, toupeira? -- Olá esquilo -- cumprimentou a toupeira. Estou a tentar que a lua caia cá para baixo. -- Olha que não vais conseguir. Ela não está tão perto como parece -- comentou o esquilo. Mas a toupeira queria tanto tanto ter a lua, que não ia desistir. -- Já sei -- pensou. Vou trepar a uma árvore para a tentar agarrar. A toupeira nunca tinha trepado a uma árvore. Era difícil. E ficou com medo quando se viu tão longe do chão, mas continuou a trepar até ver a lua repousar nas folhas, mesmo por cima da sua cabeça. A toupeira esticou as patas. Mesmo no momento em que pensava estar prestes a agarrar a lua, escorregou e desequilibrou-se. -- Oh, ui, oops, ai! A toupeira deu um enorme trambolhão e aterrou, splash!, no meio de uma poça. -- Oh não, que azar! -- lamentou-se a toupeira. Desta vez, quase que a agarrei! De repente, reparou que algo flutuava na poça. Era uma coisa pálida, um pouco encorrilhada, mas a toupeira reconheceu-a de imediato. -- A lua -- suspirou a toupeira. Deve ter caído comigo. Esticou-se para a apanhar, mas, mal lhe tocou, a lua desfez-se em bocadinhos e desapareceu. A toupeira ficou sentada a chorar. O coelho, o ouriço e o esquilo, foram ter com ela. -- Estás bem, toupeira? -- perguntou o coelho. -- Eu estou bem -- soluçou ela, mas a lua não está. Quando a puxei, ela caiu e partiu-se em bocadinhos. Ela era tão bonita e agora nunca mais vou voltar a vê-la. -- Tem calma, toupeira -- disse o coelho. -- Tu não deitaste a lua ao chão nem a partiste -- disse o ouriço. -- E podes ter a certeza de que vais voltar a vê- la -- disse o esquilo. Olha, bem lá no alto, no céu, a lua apareceu por trás de uma nuvem. -- Oh -- soluçou a toupeira. Lá está ela, tão bonita como sempre. A toupeira, o coelho, o ouriço e o esquilo, ficaram todos juntos a admirar a lua. -- É tão bonita -- disse o coelho. -- Sim, é muito bonita -- disse o ouriço. -- É mesmo muito bonita -- disse o esquilo. -- É sim -- disse a toupeira, mas não está tão perto como parece.