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Jonathan Emmet

Eu quero a Lua
Título: Eu quero a lua

Autor: Jonathan Emmet

Editor: presença

Ano de edição: 2016

Produção Braille: CLE: Centro de Leitura Especial


Câmara Municipal de Matosinhos
Biblioteca municipal Florbela Espanca

Nota: Este livro está também disponível em formato


digital.
-- Oh, olhem só para aquilo! -- exclamou a
toupeira, certa noite ao sair da sua toca debaixo da
terra.
-- O que será?
Bem lá no alto, no céu, a lua brilhava como uma
cintilante moeda de prata. A toupeira achou que era
a coisa mais bonita que alguma vez vira em toda a
sua vida.
-- Seja lá o que for, eu quero ter aquela coisa --
decidiu a toupeira.
-- Já sei! Vou dar um pulo e puxá-la cá para
baixo. Boing, boing, boing...
A toupeira estava tão concentrada a saltar, que
nem se apercebeu do barulho que fazia e acabou
por acordar o coelho, que dormia na sua toca.
-- Toupeira -- chamou o coelho. O que estás
para aí a fazer?
-- Olá coelho -- disse a toupeira. Estou a tentar
puxar cá para baixo aquela coisa brilhante que está
lá no alto, no céu.
-- Estás-te a referir à lua? -- perguntou o coelho.
-- Ah, é assim que aquela coisa se chama! --
exclamou a toupeira.
-- Nunca irás conseguir trazê-la cá para baixo.
Ela não está tão perto como parece -- explicou o
coelho.
Mas a toupeira não estava disposta a desistir.
-- Já sei -- pensou. Vou usar um pau para tentar
puxá-la cá para baixo!
A toupeira pegou num pau muito comprido e
estendeu-o em direção à lua para tentar agarrá-la.
-- Zim! Zim, zim, zim!
Tão distraída estava a toupeira com o pau, que
até tropeçou num ouriço, que dormia na sua cama
de folhas.
-- Toupeira -- resmungou o ouriço. O que andas
para aí a fazer?
-- Olá ouriço -- respondeu a toupeira. Estou a
tentar trazer a lua cá para baixo.
-- Não vais conseguir -- explicou o ouriço. Ela
não está tão perto como parece.
Mas a toupeira estava determinada a não
desistir.
-- Já sei -- pensou. Vou atirar-lhe uma coisa que
a vai fazer cair cá para baixo.
Então a toupeira procurou e encontrou umas
bolotas que se pôs a atirar à lua.
-- Zás! Zás, zás, zás!
-- Ai! -- queixou-se o esquilo. Estás maluca,
toupeira?
-- Olá esquilo -- cumprimentou a toupeira. Estou
a tentar que a lua caia cá para baixo.
-- Olha que não vais conseguir. Ela não está tão
perto como parece -- comentou o esquilo.
Mas a toupeira queria tanto tanto ter a lua, que
não ia desistir.
-- Já sei -- pensou. Vou trepar a uma árvore
para a tentar agarrar.
A toupeira nunca tinha trepado a uma árvore.
Era difícil. E ficou com medo quando se viu tão longe
do chão, mas continuou a trepar até ver a lua
repousar nas folhas, mesmo por cima da sua
cabeça.
A toupeira esticou as patas. Mesmo no
momento em que pensava estar prestes a agarrar a
lua, escorregou e desequilibrou-se.
-- Oh, ui, oops, ai!
A toupeira deu um enorme trambolhão e
aterrou, splash!, no meio de uma poça.
-- Oh não, que azar! -- lamentou-se a toupeira.
Desta vez, quase que a agarrei!
De repente, reparou que algo flutuava na poça.
Era uma coisa pálida, um pouco encorrilhada, mas a
toupeira reconheceu-a de imediato.
-- A lua -- suspirou a toupeira. Deve ter caído
comigo. Esticou-se para a apanhar, mas, mal lhe
tocou, a lua desfez-se em bocadinhos e
desapareceu.
A toupeira ficou sentada a chorar. O coelho, o
ouriço e o esquilo, foram ter com ela.
-- Estás bem, toupeira? -- perguntou o coelho.
-- Eu estou bem -- soluçou ela, mas a lua não
está. Quando a puxei, ela caiu e partiu-se em
bocadinhos. Ela era tão bonita e agora nunca mais
vou voltar a vê-la.
-- Tem calma, toupeira -- disse o coelho.
-- Tu não deitaste a lua ao chão nem a partiste
-- disse o ouriço.
-- E podes ter a certeza de que vais voltar a vê-
la -- disse o esquilo. Olha, bem lá no alto, no céu, a
lua apareceu por trás de uma nuvem.
-- Oh -- soluçou a toupeira. Lá está ela, tão
bonita como sempre.
A toupeira, o coelho, o ouriço e o esquilo,
ficaram todos juntos a admirar a lua.
-- É tão bonita -- disse o coelho.
-- Sim, é muito bonita -- disse o ouriço.
-- É mesmo muito bonita -- disse o esquilo.
-- É sim -- disse a toupeira, mas não está tão
perto como parece.

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