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Esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com nomes, datas ou acontecimentos reais é por
mera coincidência.
“O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção
estelar.”.
Arnaldo Jabor.
Capítulo Único
Estava na cama, mas o gesso das pernas havia sumido. Se sentia leve e
era como se tudo ao seu redor estivesse coberto por uma névoa fina. Vinicius
apareceu caminhando devagar em sua direção completamente nu. Mordeu o
lábio inferior enquanto se deitava sobre ele e Pedro sentiu as batidas do
coração ficando cada vez mais fortes. Um calor começou a percorrer seu
corpo e depois se concentrou em uma área específica.
Abriu os olhos e tratou de dar ritmo à respiração pesada. Olhou para os
lados instintivamente e se encontrou sozinho em seu quarto escuro. O que
estava havendo com ele? Aquilo já era absurdo!
Alcançou a pequena toalha ao lado da cama e secou o corpo empapado
de suor. Também teve que se limpar. Sua mãe não podia ver aquela sujeira de
jeito nenhum. Não aquele tipo de sujeira.
No começo sentiu raiva, mas ela logo foi embora dando lugar a uma
familiar dor. O preconceito era o tipo de coisa que deixava uma cicatriz que
apenas alguns tinham o azar de portar.
Sua mãe abriu a porta do quarto depois de três batidas leves. — Tem
gente querendo falar com você.
Vinicius estranhou. — Tá. Eu já vou.
Saiu do quarto com curiosidade e não viu ninguém ao chegar à sala.
Sua mãe indicou a porta aberta. — Lá fora.
O carro de Fabiana estava estacionado do outro lado da rua. Ela sorriu
ao vê-lo se aproximar.
— Oi, Vini! Tudo bom?
— Oi.
Pedro estava sentado na parte traseira. Suas pernas mal cabiam no
banco e Vinicius se perguntou como a mãe havia conseguido colocá-lo ali.
— Ele queria muito falar com você. — Fabiana explicou. — Sejam
bonzinhos. — Se afastou e entrou na casa fechando a porta atrás de si.
Vinicius abriu a porta do carro e sentou no banco do carona olhando
para trás. — E aí?
— Oi. — Pedro respirou fundo. Parecia estar criando coragem para
falar. Coçou o pescoço e respirou outra vez. — Eu sou um babaca. Você
passou esse tempo todo me ajudando com as coisas da escola; Indo lá em
casa… Honestamente, você tá fazendo com que essa situação toda fique
muito mais fácil. Aí o idiota aqui vai lá e te trata daquele jeito. Devia ter dito
alguma coisa. É que eu me acovardei, sabe? Sempre gostei de menina, mas aí
você apareceu e…
— Tudo bem. — Vini interrompeu.
Pedro levantou uma sobrancelha desconfiada — Sério?
— É sério. Pra dizer a verdade eu estava bem chateado, mas pensei no
assunto e percebi que não foi culpa sua. Quer dizer, as coisas aconteceram
bem rápido, né? Sei lá, foi meio doido.
— Acho que você não tá entendo, Vini. Não vim só pra pedir desculpas
por ontem. Venho dizer que gosto de você e sei que te magoei. Me preocupei
demais com o que as outras pessoas iriam pensar, mas não ligo mais. Não
vou fingir que não aconteceu nada. Você é incrível e eu não tenho vergonha
de sentir o que sinto. Sei que não mereço, mas se você me der mais uma
chance…
— Tá dada.
— Mas você adora me cortar hein?! — Soltou exasperado. — Aqui
tentando ser romântico e o cara não deixa!
Vini riu. — Você tá com as duas pernas quebradas e ainda assim veio
até a minha casa pra se desculpar. Como é que eu vou dizer não pra isso?
Pedro abriu um sorriso.
— Além do mais, — Continuou. — Pra quê vou dizer que não senti sua
falta se seria mentira?
— Também senti saudade. Ah, tenho uma coisa pra te contar. Já que
estamos sendo sinceros e tal.
— Que coisa?
Coçou o pescoço uma vez mais. — É que eu ando tendo tipo uns
sonhos com você.
— Ah é? E como são esses sonhos?
O rosto do garoto ficou tão vermelho quanto um tomate. — Bom…
Vinicius sorriu sentindo o próprio rosto esquentar. — Vamos fazer o
seguinte, quando suas pernas melhorarem, você me conta sobre esses sonhos
com mais detalhes. Com todos os detalhes!
Os dois riram cheios de energia e felicidade.
— Quer mesmo ficar comigo?
— Quero. — Pedro esticou a mão, convidativo e Vini a tomou.
— Então se prepare. Não vai ser nada fácil. Gostaria de dizer que isso
se trata só de nós dois, mas infelizmente não é assim. As coisas vão mudar
pra você. Tá sabendo, né?
— Eu sei. — O garoto engessado falou conformado. — O meu pai
morreu quando eu tinha oito anos. Ele costumava dizer que mesmo uma coisa
ruim pode trazer algo de bom se você souber reconhecer as oportunidades
que a vida dá. — Contou. — Estava me sentindo uma droga depois do
acidente. Ficava pensando “Por quê? Eu não mereço isso!” Aí você apareceu
lá em casa e me ajudou a entender o que meu pai queria dizer. “Quando você
perde também ganha”. Sei que vai ser difícil, mas também vai ser bom.
— Vai. — Vini apertou a mão dele. Não pretendia mais soltá-la.
Fim
Sobre a autora
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