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Mason
Série Fire
Volume 2
Jennifer Souza
NACIONAIS-ACHERON
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Jennifer Souza
1. Romance
2. Adulto
3. Suspense
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Prólogo
Mason
Aquilo só podia ser uma piada. Uma brincadeira de mau gosto que meus
colegas idiotas estavam fazendo comigo. A ficha ainda não tinha caído.
Encarei a mulher à minha frente; aquela que eu não via faziam mais de cinco
anos.
— Você pode repetir o que acabou de dizer?
Ela revirou os olhos impaciente e bufou.
— Eu disse que essa menina é sua filha, e que estou indo embora. — Ela
empurrou a menina na minha direção. A criança me encarou assustada, e seus
olhos cor de chocolate, amedrontados, me trouxeram lembranças de meu
passado sombrio. — Já a criei até agora sozinha. É sua vez. — Ela largou
uma mochila velha na minha frente.
— Allison, você só pode estar louca se pensa que vou acreditar nessa
história. Tivemos uma noite juntos no dia de São Patrício a séculos atrás.
— Uma noite bastou para que Emma nascesse.
— E por que você não me procurou antes?
— Eu estava casada, Mason. Só que não deu certo, e agora eu consegui
uma ótima oportunidade de emprego em Vegas. Óbvio tive de mentir que não
tinha filhos ou então perderia a vaga. — Allison trocava o peso do corpo de
um pé para o outro. — Eu preciso ir, tá legal?! Cuide da garota.
— Eu não posso, entregue ela para alguém da sua família. — Falei
desesperado. — Não tenho a menor experiencia com crianças.
— Se vira, meu amigo. Eu não fiz ela sozinha, e também tive de me virar
quando ela nasceu. — Ela empurrou a menina mais uma vez na minha
direção. Ela tinha um olhar desafiador e ao mesmo tempo assustado.
— Quem me garante que essa menina é minha filha? — Ela fez sinal para
um taxi.
— Faça o DNA se você tem dúvidas. — E então ela entrou no taxi
deixando a menina na minha frente como se fosse apenas um objeto que
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Um
O que você faria se o personagem do livro que você está lendo tomasse
forma e surgisse em sua porta?
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“Desta vez quando sua língua o acariciou, ele abriu os lábios, e sua
própria língua a encontrou hábil e cálida. Uma volta lenta começou... e
então ele estava em sua boca, pressionando, procurando. Sentiu a agitação
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sexual nele, o calor e a urgência que cresciam em seu grande corpo. ”
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Dois
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Ela está me deixando louco. Por que meu coração está acelerado?
Mason
Cara, aquilo era uma incrível bosta. Estávamos recém no dia 14 do mês, e
era o segundo incêndio criminoso que atendíamos. Todos os dois vieram
acompanhados daquele laço vermelho irritante. Todos em casas de pessoas
ricas. Cara, eu sei que os ricos são todos um bando de escrotos, mas esse
incendiário estava me deixando nos nervos. Não bastava os meus problemas
pessoais, agora esse também. Juro que se pegasse o maldito, iria quebrar a
cara dele.
Acendi um cigarro e encarei o sol. Daqui a pouco ele iria embora, e
chegaria para iluminar a terra natal de Minah. Aquela garota me surpreendeu
bastante. Quando a vi chegar no batalhão pensei que ela seria apenas um peso
entre nós, mas ela era muito útil e habilidosa.
— Hey, Monstro... apaga esse câncer e vá falar com Duke, ele está te
chamando. — Falou Tyler.
— Não vem você me encher também. É só um cigarro, porra. Se eu ficar
com câncer, a culpa será só minha e de mais ninguém. — Disse irritado.
— Hey, calma aí, amigão... Eu sempre chamei essa coisa nojenta de
câncer e você nunca falou nada.
Dei minha última tragada e apaguei a brasa com o pé antes de jogar o
resto de cigarro na lixeira.
— Eu sei, idiota; mas agora parece que todos querem me encher por causa
disso. — Principalmente uma menininha geniosa que tinha os meus olhos e o
meu sorriso, e que no último mês bagunçou minha vida e minha casa.
— Desculpa, cara, mas você deveria parar com essa bosta. Um cara
inteligente como você, fumando... isso coloca sua inteligência à prova.
— Vá lavar as suas saias e me deixe em paz. — Bufei e passei por ele
para entrar no batalhão e conversar com Duke.
— É kilt, idiota! — Gritou Tyler nas minhas costas.
Bati na porta de Duke e logo entrei. Ele estava sentado, imponente, diante
da sua mesa; usava óculos de leitura e estava com a testa franzida encarando
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— Mason, você hoje vai para um novo lar. — Minha mãe disse meio
cambaleante ao sair do quarto. — Eu tenho um novo namorado agora, e não
tenho tempo para cuidar de você. Se sua amada irmã estivesse aqui, ela
cuidaria de você... mas não, ela nos abandonou para casar aquela
desgraçada! É por culpa dela que estou te mandando embora, é tudo culpa
dela.
Comecei a chorar, sentia falta da minha irmã. Ela era a única que me
dava carinho, a que me dava banho e comida. Eu por vezes fantasiei que ela
fosse minha mãe, pois Brit era minha mãe de verdade, já que ela cuidou de
mim desde que nasci.
— Pare de chorar, seu idiota! Sua irmã não te ama. Por isso ela te
abandonou, por causa de um homem.
Tocaram a campainha e minha mãe sorriu. Ela ficava tão bonita quando
sorria, porém, ela nunca sorria para mim.
— Eles chegaram. — Satisfeita, ela foi até a porta e recebeu um homem e
uma mulher estranhos. — Ali está ele, e aqui estão as bolsas. — Os dois
olharam na minha direção e então a mulher sorriu para mim, calorosa.
— Você deve ser o Mason. Mason, agora você é o meu filho. — Ela me
pegou no colo, e ela era tão cheirosa.
O homem entregou um envelope a minha mãe, que sorriu ainda mais, e
então eles me levaram embora. Minha mãe sequer me olhou ou se despediu
de mim. E por mais que eu a odiasse, aquilo perfurou minha alma e me
marcou para o resto da vida.
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— Hey Mason, tem algo quente para você conter. — Disse Trevor. Ele
sorriu sugestivamente. — Agora que descobrimos seu lado Tribbiani, vá...
— Do que está falando, idiota?
— Alerta de incêndio no mesmo local daquele dia.… com aquela
mulher... Vá...
— De novo? — Aquela doida iria se matar.
— Sim, vá...— Falou Trevor.
— Vá você. Por que tem que ser eu? — Vi todos os idiotas ali de pernas
para o ar.
— Ela é a sua garota. Vá, seu idiota. — Disse Trevor.
— Sim, ela provavelmente causou esse incidente para te ver. — Disse
Caleb. — Vi a forma como vocês se olhavam.
— Não vou para lugar nenhum. — Falei mal-humorado.
— Você vai sim, é uma ordem. — Disse Duke da porta.
— Duke, mas...
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— Vá, Mason. Michael está esperando você. Ele vai dirigir até lá.
— Oh, Mason, salve-me com sua mangueira. — Disse Henry imitando
uma voz fina.
— Oh, Mason, peguei fogo pensando em você. — Zoou Tyler.
— Idiotas! — Bufei e sai antes que batesse em alguém. Entrei no veículo
com Michael, que acelerou no mesmo instante.
— Eles estão pegando pesado com você, não é mesmo? — Perguntou ele.
— Ah, cara, você não faz ideia. — Bufei.
— Eles só querem que você se de bem.
— Claro, namorando uma doida que vive colocando fogo na casa.
— Que é linda pra caralho. — Falou ele.
— Você nem a conhece. Como sabe que é linda? — Perguntei. um tanto
possessivo.
— Caleb falou, e acredito no julgamento dele, afinal ele está com a Karen.
— Assenti. Quem diria que aquele idiota conseguiria uma namorada tão boa.
Gostava de Karen, apesar de não conhecê-la tão bem.
— Chegamos.
Desci do carro ainda mal-humorado, e em segundos estava diante da porta
da casa daquela mulher, doida e linda.
Bati na porta com força, e ela logo a abriu para mim.
— Oi...
Deus, por que ela tinha que ser tão linda?
Invadi a casa dela em busca do foco do fogo, e logo localizei algo que
deveria ser uma lasanha, mas que virou carvão. O forno estava aberto e as
janelas escancaradas.
— Eu vim, pois recebi um chamado de incêndio. — Falei, encarando-a.
— O que aconteceu desta vez?
— Eu me distraí lendo um livro e aconteceu...
— Aconteceu? — Perguntei, incrédulo. Ela mordeu o lábio inferior e
desejei beijar seus lábios para saber se eram tão doces quanto eu imaginava.
— Ops. — Foi tudo o que saiu dos seus lábios.
— Ops? Você quase causou um incêndio grave e diz apenas “ops”.
— Isso pode acontecer com qualquer um. — Explicou ela.
— Estou começando a achar que os meus colegas têm razão. — Disse
dando um passo na direção dela.
— Razão sobre o que? — Perguntou.
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Três
Você é linda, minha deusa, mas você está fechada, sim, sim. Eu vou bater,
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então, você me deixará entrar? Irei te dar uma emoção escondida
Brooke
Sentei no chão. Eu não tinha força nas pernas, e por Deus, quem teria
força nas pernas depois daquilo? Meus lábios estavam em chamas. Aliás,
dizer que meus lábios estavam em chamas era um verdadeiro eufemismo,
pois meu corpo inteiro estava em chamas... eu estava pegando fogo. Na
verdade, eu estava prestes a me transformar em cinzas.
—...se você fazer o alarme soar novamente vou fazer muito mais do que
apenas beija-la.
Ofeguei com a lembrança de sua ameaça. Mordi meu lábio, e seu gosto
estava ali ainda, tinha gosto de bala de menta e sua pele tinha um leve aroma
de cigarro de canela. Sua pele era tão quente que eu pude sentir seu calor
através de seu uniforme de bombeiro. E ele era forte, e Deus, grande como
um armário. Ele era tão grande... Deus, como ele era grande.
Escutei batidas leves na minha porta. Ele teria voltado? Logo essa
pontinha de esperança se foi, ele não bateria na porta com tanta delicadeza...
ele era o tipo de homem que colocaria a porta abaixo, arrancaria as minhas
roupas e me devoraria ali mesmo no chão da cozinha. A cena veio na minha
cabeça completa e desejei que isso de fato acontecesse, quando comecei a
viajar em minha própria ilusão novamente as batidas na porta ficaram
insistentes.
— Já estou indo. — Gritei, me levantei do chão. Minhas pernas ainda
estavam tremulas e meus lábios formigavam de desejo. Eu queria mais.
Abri a porta e dei de cara com Martha, minha vizinha enxerida.
— Oh, minha menina, você está bem? — A senhorinha de cinquenta e
poucos anos passou por mim como um jato e olhou apavorada para a minha
cozinha. — Você precisa ter mais cuidado com essas coisas, poderia ter
morrido.
— Senhora Martha, foi a senhora quem chamou os bombeiros? — Aquela
baixinha me encarou com um brilho nos olhos, o que a fez rejuvenescer uns
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dez anos.
— Sim, só cumpri o meu dever cívico.
Suspirei e sorri.
— Senhora Martha, já havia lhe dito da outra vez que as vezes eu posso
queimar a comida e deixar meu alarme de incêndio soar... isso me desperta,
eu venho até o fogão, desligo o fogo, e pronto tudo volta ao normal de novo.
— Apontei para ela o aparelho branco e arredondado no preso ao meu teto.
— É para isso que servem os alarmes de incêndio, para nos alertarem, e
assim nós podermos conter a fumaça.
— Algo mais sério poderia acontecer, então chamei eles. — Disse ela.
— Mas se a senhora os chamar toda a vez que eu queimar a comida, eles
não vão ficar contentes. — Expliquei. — Eles têm trabalhos mais sérios para
fazer.
— Bobagem, o trabalho deles é virem quando são chamados. — Ela
suspirou como uma adolescente. — Foi assim que conheci meu Willie, meu
falecido marido. Ele trabalhava para o 17° batalhão e veio resgatar meu
gatinho que estava em cima de uma árvore alta... nos apaixonamos e nos
casamos em menos de um mês. — Ela suspirou novamente.
— Eu sei que sua história de vida é linda, senhora Martha, mas por favor,
não chame mais os bombeiros por bobagens.
Mas que diabos eu estava fazendo? Se ele voltasse na minha casa iria
acabar comigo, e era uma das coisas que eu mais desejava em meu íntimo.
Queria ter longas horas prazerosas ao lado de um homem quente como ele,
afinal depois nós nunca mais nos veríamos mesmo. Por que eu estava
pedindo para a senhora Martha não ligar mais para os bombeiros? Qual era o
meu problema?
— Se eu ver fumaça e escutar seu alarme eu irei chamar sim, assim posso
admirá-los de longe, filha; e isso conforta meu coração.
Ah sim, foi exatamente por isso que eu disse a ela sobre não chamar mais,
pois eu sabia que ela não me daria ouvidos de qualquer jeito.
— Bem, não posso controlar suas ações, admito senhora Martha. —
Respondi. — Prometo tentar não queimar mais nada.
— Certo. Cuide-se, menina. — Ela seguiu até a porta.
— Senhora Martha, quando quiser, pode vir conversar comigo, tudo bem?
— Uma velha viúva e uma solteirona... — Disse a senhora Martha. —
Vou lhe apresentar meu neto, Malcolm. Você precisa de um namorado, para
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assim esquecer um pouco esses livros. — Disse ela apontando para a minha
entulhada estante de livros.
— Está certo, senhora Martha.
Ela saiu e girou nos calcanhares para me dar um aviso.
— E não esqueça, se eu ver fumaça novamente ou o alarme de incêndio
soar, vou chamar os homens do fogo. — Assenti e fechei a porta.
Suas palavras ecoando na minha cabeça.
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Era loucura, mas eu precisava fazer isso. Faria bem para a minha alma,
faria bem para o meu corpo, e minha pele, sem dúvidas, iria brilhar no dia
seguinte. E então depois de um bom banho, coloquei um vestido justinho da
época da faculdade e liguei os incensos. Cinco deles e aproximei-os do
alarme.
Por favor, senhora Martha, cumpra com a sua palavra desta vez. Por
favor ligue para os bombeiros. Por favor.
O alarme de incêndio começou a soar tão alto que chegou a doer meus
ouvidos. Espiei para a casa da frente e fiquei tão feliz com a cena que vi que
quase pulei de alegria.
A senhora Martha olhava em direção a minha casa e estava com o telefone
colado ao ouvido. Ela estava chamando os bombeiros. E eu fiquei ansiosa e
quente.
Em poucos minutos uma batida violenta soou na minha porta. Era ele, eu
senti na minha pele que era ele do outro lado da porta. Abri a porta e o
encarei com fogo nos olhos. Aquele uniforme de bombeiro certamente tinha
sido feito sob medida... eu duvidava e muito que houvesse outro homem do
tamanho dele no batalhão.
Ele entrou na minha casa. Seu olhar percorreu meu corpo inteiro e senti as
chamas me consumirem. Ele sacou um celular do bolso e discou um número,
sem tirar os olhos de mim.
— Michael, pode ir sem mim... tenho algo para resolver. — Ele então
desligou o aparelho e me pegou pela cintura. Dei um grito de surpresa. Suas
mãos eram tão grandes e firmes. Ele me colocou em cima sentada sobre a ilha
da cozinha. — Eu avisei a você o que te aconteceria se eu fosse chamado
aqui novamente. — Disse ele, mantendo seus lábios a centímetros dos meus.
Suas mãos se moveram e pararam nos meus joelhos.
— Eu sei. — Falei ofegante.
— E ainda assim você não tomou cuidado. — Disse ele, seus olhos
escureceram e suas mãos começaram a subir pelas minhas coxas.
— Desde a sua ameaça, eu só tenho pensado nas várias formas de causar
um incêndio.
Ele me encarou entre a surpresa e o desejo nu e cru.
— Ou você é muito tola, ou muito maluca.
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Quatro
Em algum momento eu comecei a olhar mais para o chão do que para o
céu. É difícil até mesmo respirar. Eu estendo a minha mão, mas ninguém
segura. Eu sou um perdedor solitário; um covarde que finge ser durão.
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Um solitário, um otário coberto de cicatrizes...
Mason
Eu me escondi no guarda roupa. Talvez se ele não me encontrasse
facilmente, desistisse de me procurar. Escutei seus passos no quarto, e
minhas mãos pequenas demais tremiam e suavam. Meu coração estava
acelerado. Eu queria gritar por socorro, mas fazia tempo que já que eu havia
me conformado que gritar não adiantaria.
— Eu sei que você está aqui, pirralho. Você está no guarda roupa, não é
mesmo? — Disse ele. Sua voz estava falhando e sua língua um tanto
enrolada devido as duas garrafas de vodca que eu havia visto vazias na pia
da cozinha.
Cobri minha boca com a mão para evitar que ele ouvisse qualquer som.
Tremi, abraçando as minhas pernas; até que a porta do guarda-roupa foi
aberta com violência.
— Ah, você está ai mesmo! Já disse que não deve se esconder do papai.
— Ele me arrancou de dentro do guarda-roupa e me jogou no chão de
madeira. Meu ombro doeu e meu cotovelo ralou, mas fiquei quieto. Lágrimas
silenciosas rolavam do meu rosto.
Quando ele ergueu a mão para me bater, fechei os olhos e lembrei do
sorriso de minha irmã... eu estava quase me esquecendo dela... Mas no
momento aquilo era a única coisa que me fazia aguentar.
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Depois de deixar Emma na escola fui para o trabalho. Ela ainda estava
chateada comigo, como em todos os dias, eu me sentia uma porcaria, mas não
sabia o que fazer... não sabia como agir para que ela se sentisse melhor.
— Hey, Fera, como está? — Cumprimentou-me Caleb.
— Esse apelido de novo não. — Queixei-me. — Não estou nada bem,
principalmente depois de ver essa sua cara feia. — Falei carrancudo.
Eles me apelidaram de Fera desde meu encontro com aquela bela mulher
cinco dias atrás.
— O que podemos fazer? Não tem como chamar você de monstro... não
depois que você encontrou a sua Bella. — Falou Caleb.
— Por que você não cuida da sua vida e da sua mulher? — Retruquei
irritado. — Ah, ela não é sua mulher ainda, não é? Vocês apenas namoram.
— Oh, agora você pegou pesado, Mason. — Disse Trevor.
— O fato de você ficar tão irritado com esse assunto a ponto de se voltar
contra mim só mostra o quanto você ficou abalado. — Disse Caleb, que
sorriu como um garotinho que havia acabado de cometer uma travessura.
Quis bater nele e tirar aquele sorriso da cara dele.
— Isso não é verdade. — Respondi.
Não totalmente verdade, mas eu nunca admitira para aqueles imbecis que
desde aquele dia não conseguia tirá-la da minha mente. Pensava nela nas
horas aleatórias dos meus dias, na textura da sua pele, no sabor dela, no seu
aroma, seus gritos e gemidos. E como ela me encarava como se quisesse ler
minha alma.
Eu já tinha problemas demais, já era fodido demais para me envolver com
uma mulher que certamente sonhava com o príncipe encantado. Ou talvez,
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O dia seguinte foi terrível, tive mais pesadelos e acordei atrasado. Levei
Emma para a escola, e ela continuava chateada comigo por algo que nem sei
que fiz. No batalhão os idiotas continuavam e me zoar, e isso me fazia apenas
lembrar daquela mulher linda que nunca seria minha. Uma senhorinha nos
chamou três vezes naquele dia para resgatar seu gato de cima do telhado, e
Duke disse que eu deveria ir, já que iria sair mais cedo por causa da maldita
reunião de pais e mestres.
Foi um dia de cão, e eu estava pronto para xingar e muito aquela
professorinha metida a besta. Emma ficou na casa de Daniel e sua esposa
para que eu pudesse ir a reunião, e logo cheguei na escola.
Segui para a sala em que os outros pais seguiam. Todos me encaravam
com desconfiança, mas eu estava acostumado a isso; um homem do meu
tamanho, usando jeans gastos, camiseta preta e com a minha expressão
supersimpática fazia com que todos me temessem.
Sentei em uma das cadeiras no fundão da sala, mas a cadeira era pequena
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demais para mim. Os outros pais entraram, e logo a sala ficou quase cheia, e
os únicos lugares que ficaram desocupados foram as duas cadeiras do meu
lado. O lado bom de se parecer com um monstro era esse, as pessoas me
deixavam em paz.
Uma senhora entrou na sala e se apresentou; disse que era a diretora
Schaefer e que a reunião iria começar em cinco minutos.
Cinco minutos depois a diretora levantou-se e anunciou.
— Bem, como todos já devem conhecer a professora da turma dos filhos
de vocês, senhorita Brooke Valentine. — Encarei a porta, pronto para encarar
aquela velha que ficou me repreendendo, mas fiquei sem fala no mesmo
instante.
Era ela. Aquela que não saia da minha cabeça, aquela que tinha o sabor do
mais doce mel. Aquela que era perigosa demais para mim.
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Cinco
Eu preciso de você, garota. Por que eu me apaixono e digo adeus
sozinho? Eu preciso de você, garota; por que eu preciso de você mesmo
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sabendo que vou me machucar?
Brooke
Aquelas mãos grandes e bronzeadas contra meu corpo, a aspereza de seus
dedos me deixando louca, sua boca em mim, me devorando por completo...
— Senhorita Valentine! — Ergui meu olhar do livro didático que eu
estava encarando sem ler e me deparei com o olhar inquisidor da diretora
Schaefer.
— Desculpe, a senhora falou comigo?
Senti as bochechas ficarem quentes, como se eu tivesse sido pega fazendo
algo muito errado.
— Faz cinco minutos que estou chamando pela senhorita, mas a senhorita
estava tão distraída que sequer se moveu.
— Desculpe. — Falei apenas.
— Você está passando por algum problema, professora? Posso fazer algo
para ajudar.
Oh Deus, somente um certo homem poderia me ajudar com o meu
problema... mas eu sequer sabia seu nome e não era tão ousada a ponto de
chamar os bombeiros na minha casa de novo, só para perguntar aos seus
colegas quem era ele.
— Estou bem, foi só uma distração mesmo. — Respondi.
— Sabe que se precisar, estou aqui. Sou mais que apenas sua chefe, sou
também sua amiga. — Sorri para aquela senhora incrível.
Diane Schaefer era uma mulher incrível. Ela era durona com todos, mas
uma manteiga derretida quando algo de ruim acontecia com os seus. Ela tinha
cinquenta e três anos e era uma verdadeira rocha. Quando entrei na escola
anos atrás eu a temia, mas hoje a adoro e respeito muito.
— Obrigada. — Sorri. — Agora, o que a senhora queria falar comigo.
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lavar, ele só podia estar lindo. Eu nunca entendi porque o cabelo ficava mais
bonito quando ficávamos alguns dias sem lavar. Passei um lápis de olho
apenas para destacar e um batom rosa claro, e peguei meu velho sedan
vermelho e dirigi até a escola.
— Professora Brooke, eu vou até a sua sala me apresentar aos pais e falar
as pautas da reunião. Depois seguirei para as outras salas das outras turmas
como de costume.
Assenti, para a diretora.
— Estarei lá em cinco minutos. — Falei pegando minha prancheta, três
canetas extras, meu bloco de anotações, meu celular, os trabalhos das
crianças e minha garrafinha de água mineral.
Segui pelo corredor bem iluminado cumprimentei o senhor Noah Carter, o
zelador, no caminho para a minha sala. Eu estava milagrosamente
conseguindo carregar todas aquelas coisas sem derrubar e fiquei orgulhosa
comigo mesma. É só focar no que está carregando, Brooke, pensei comigo
mesma.
Entrei na sala e me posicionei ao lado da diretora, e então me preparei
para dar boa noite a todos quando perdi a fala.
O que ele estava fazendo ali?
Eu estava alucinando de novo?
Bela hora para alucinar, Brooke Pisquei algumas vezes para que aquela
miragem desaparecesse, sempre funcionou nas vezes que o imaginei na
minha frente. Então por que não estava funcionando agora? Ele balançou a
cabeça me encarando. Espera aí. Minhas miragens não se mexiam, aquela
era a primeira vez. Ele estava ali mesmo.
A garrafa de água escapou das minhas mãos, os trabalhos dos alunos
caíram no chão, e quando me ergui para tentar segurá-los, o meu celular
quicou em cima da mesa. Fechei os olhos por alguns segundos temendo que
outra tela fosse quebrada, eu era a campeã de quebrar telas de celulares.
Depois de pagar esse mico astronômico, consegui colocar tudo em cima da
mesa e encarei a todos, tentando evitar o olhar daquele homem, ou então eu
iria ficar maluca.
— Boa noite a todos. Para quem não me conhece sou Brooke Valentine,
professora dos filhos de vocês. — Todos deram boa noite em uníssono como
se fossem meus alunos, com exceção do bombeiro. Nervosa por conta disso,
quando fui me sentar, esbarrei na mesa e derrubei as minhas canetas.
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Ouvi o som da porta sendo fechada. Ele foi embora. Então eu poderia
finalmente respirar aliviada. Suspirei e me virei para a porta, mas ele ainda
estava lá. Na verdade ele havia trancado a porta da sala e estava a centímetros
de mim.
— O que devo fazer? Eu não tenho como ficar vindo aqui sempre. — Ele
deu dois passos na minha direção e agora eu podia sentir seu hálito contra
meu rosto. — E quero a minha reunião particular com você, Brooke.
— Se-se-Senhor eu...
— Mason, meu nome é Mason. — E por Deus eu sabia disso. Caramba,
aquele nome combinava perfeitamente com ele.
Só percebi que eu estava me afastando dele quando esbarrei na minha
mesa.
— Eu sei...
— Então me chame como tal, acho que já somos íntimos o suficiente, não
é mesmo? — Ele colou seu corpo ao meu, e senti seu membro rijo contra
meu umbigo. Mason passou a língua em meus lábios e arfei, surpresa.
— Você é o pai da minha aluna, e esse é o meu local de trabalho.
Ele sorriu, um sorriso perverso.
— Você invadiu meu trabalho de certa forma. — Ele segurou minha
cintura com as duas mãos e me colocou sentada na mesa. Ele suspirou. —
Sinto de longe seu cheiro. — E então ele ergueu meu vestido e mergulhou
dois dedos dentro da minha calcinha de algodão. — Molhadinha? Por que,
professora Valentine? — Arfei.
— Esse é o meu local de trabalho. — Repeti.
— Então me peça para parar. — Desafiou-me.
Mas não consegui. Eu estava tão perto de gozar que não consegui pedir
para que ele parasse. Ele moveu os dedos dentro de mim até que eu gozasse,
e calou meu grito com seus lábios, chupando minha língua, mordendo meus
lábios. Em seguida, ele colocou seus dedos na boca e grunhiu.
— Você é tão doce quanto eu me lembrava. — Falou com a voz rouca. —
Não acredito em coincidências. Primeiro eu pensei que você já soubesse que
eu era o pai da Emma, e por isso armou todo esse teatro; mas então quando vi
o quão surpresa você ficou ao me ver pensei: ninguém sabe fingir tão bem,
não é mesmo?
— E-eu...não sabia. — Assim como não sabia como ele podia estar tão
calmo depois do momento quente que tivemos ali.
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Seis
Em todo lugar o ar é sombrio e frio. Estou preso nesta dor de separação;
estou prestes a sufocar, dói tanto que eu perdi a minha força...O único
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remédio é o seu sorriso...
Mason
Quatro dias haviam se passado. Quatro dias e eu não conseguia tirar
aquela mulher da minha cabeça. Eu estava ficando louco, pois nesses quatro
dias que se passaram tentei organizar meus pensamentos. Eu me questionava
a todo o tempo, afinal, sempre fui um cara controlado com as minhas fodas
anteriores, por que eu perdia a cabeça sempre que a via? Eu disse que não
poderia me envolver, principalmente agora que descobri que ela era
professora de Emma tudo se complicava para mais além. Eu iria enlouquecer,
era fato.
Emma tomava seu café da manhã em silêncio. Fiquei observando-a; eu era
uma droga de um pai que não sabia como começar um assunto. Eu detestava
essa minha falha, essa minha falta de jeito de começar uma conversa sem ser
grosseiro.
— Meu rosto está sujo? — Perguntou Emma, tocando em sua face e me
encarando.
— Não, está limpo. — Respondi.
— Eu fiz algo errado? — Perguntou ela.
— Não, nada... — Ela me encarou preocupada. Eu estava encarando a
menina... o que eu poderia dizer? — Eu só queria te fazer uma pergunta.
— Tá. — Disse ela e ficou esperando que eu perguntasse.
— A sua professora, ela é boa? — Emma me encarou surpresa.
— Uhum. — Respondeu ela apenas.
Eu queria saber mais e mais, não apenas esse simples comentário.
— E ela é boa com você?
— Sim. — Emma continuou comendo seu cereal, mas com uma expressão
estranha.
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— Por que você ficou assim? Desde que eu perguntei pela professora.
— É que...— Ela brincou com o cereal um pouco antes de me encarar. —
Você nunca perguntou.
Deus, hoje era quarta-feira, e eu só queria saber mais e mais. Eu senti o
comentário de Emma dentro do peito... eu só estava pensando em mim
mesmo, querendo saber mais daquela mulher, e estava me tornando a mãe
cretina de Emma. Como eu posso nunca ter perguntado sobre a professora
para ela?
— Desculpe. — Falei.
— Tá tudo bem.
— Eu vou perguntar mais coisas a partir de hoje. — Prometi.
— Você vai parar de buscar pessoas para me levarem? — Perguntou ela.
— Bem...eu....
— Hum... — Emma ficou me observando por alguns segundos antes de
sair da mesa e ir escovar os dentes. Logo ela estava de volta com a mochila
nas costas e pronta para ir.
Eu era um verdadeiro fracasso mesmo, não pude nem responder a Emma.
— Não esqueça seu lanche. — Entreguei a ela a lancheira na qual eu
preparei sanduíches, suco de laranja natural e coloquei uma maçã.
Dizem que comer uma maçã por dia evita muitas doenças. Indiferente,
Emma pegou a lancheira e seguiu para a porta.
Eu não sabia como me aproximar dela. Na verdade, eu não sabia se queria
de fato me aproximar dela... em breve ela iria embora e eu voltaria a ficar
sozinho.
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estava realmente ficando irritado com todos se metendo na minha vida. Eles
não sabiam pelo que eu tinha passado, eles não sabiam que a Emma não
gostava de mim, que ela queria partir... Ou não queria? Eu estava tão
confuso.
— Você pode, por favor, cuidar da sua vida! — Falei irritado.
— Mason, não grite com ela. — Um Trevor muito irritado se colocou na
minha frente e me encarou com uma fúria sem igual.
— Então cuide da sua garota para que ela me deixe em paz. — Apaguei o
cigarro com a sola do sapato e o joguei numa lixeira próxima junto com o
copo de café.
Todos estavam opinando em minha vida ultimamente, e eu detestava
pessoas metidas. Se Trevor estava caidinho por aquela garota, por que não
admitia logo? Ficava ali em cima do muro e ela nem sequer percebia o que o
cara sentia. Que idiotas, pensei.
O alarme soou, e agradeci aos céus por isso. Ocupar minha mente e meu
corpo era o essencial agora.
Era uma casa pequena comparada as outras casas daquela rua, branca e
com as portas e janelas com detalhes em preto. Era uma casa comum, poderia
ser chamada de casinha de boneca já que era tão pequena. Mas não me
interessava o gramado verde na frente, e menos ainda a arquitetura da casa...
o que me interessava era a mulher que estava lá dentro. Ela iria acalmar meus
demônios que me atormentaram durante todo o dia; iria me perder em seus
braços e então... Não sei.
Toquei a campainha, e em pouco tempo ela apareceu diante da porta. Ela
vestia uma camisa branca, e calças jeans, e estava linda e irresistível.
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Sete
Desde a criação do universo, tudo foi destinado. Apenas deixe-me te
14
amar (deixe-me te amar, deixe-me te amar)
Brooke
De todas as reações do mundo, chorar diante de mim e pedir ajuda era a
última da lista. Na verdade, essa alternativa nunca havia passado pela minha
mente. Quando estava determinada a tratar do assunto de Emma com seu pai,
listei as diversas reações que ele poderia ter. Número um: gritar comigo e
dizer que cuidava bem da sua filha. Número dois: levar aquilo a sério e dizer
que conversaria com ela. Número três: ficar furioso e deixar Emma de castigo
por lhe causar esse incomodo. Número quatro: ignorar as minhas palavras e
me arrastar para a cama.
Em todas elas eu ainda me sentiria atraída por ele, ou ao menos meu corpo
sentiria a atração, pois isso era algo que eu não conseguia controlar; mas ele
ter se ajoelhado diante de mim, chorado e pedido para que eu o ajudasse...
Aquilo foi a gota d’água. Mason, aquele homenzarrão fez com que meu
coração balançasse de uma forma que eu soube lá no fundo que jamais seria a
mesma.
— Está tudo bem, eu vou ajudar você. — Acalmei-o e acariciei sua
cabeça conforme ele umedecia minha camisa branca com suas lágrimas.
Eu nunca, em toda a minha vida havia visto um homem chorar. Claro que
em livros, filmes e séries eles choravam e muito. Na vida real, porém, a
história era outra... eles sempre mantinham aquela pose de machões que
nunca derramariam uma lágrima sequer; esquecendo-se que um dia foram
menininhos cheios de medos e que choravam muito. Mason parecia um
menininho nesse momento. Ele tinha tanta dor em suas lágrimas que eu
queria salvá-lo daquela escuridão.
— Shhh... tudo vai dar certo... You are not alone, I am here with you,
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Though we’re far apart, You’re Always in my heart, you are not alone... —
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silenciei com a ponta dos dedos; o que quase foi um erro, pis esse homem era
injustamente irresistível. — Olhe dentro do seu coração. Você consegue
mesmo ver sua vida sem Emma?
Ele ficou em silêncio antes de responder.
— Não importa como eu me sinto, e sim o que é o melhor para Emma. Ela
não quer ficar comigo, e eu não sou um bom pai.
— Imbecil. — Falei mais para mim do que para ele.
— Como é? — Revirei os olhos.
— Eu vou contrariar todas as minhas regras como educadora, e vou
convidar você e a Emma para virem almoçar aqui no sábado. — Ele me
encarou confuso.
— E qual o objetivo disso?
— Vou te provar que Emma quer ficar com você e sobre você ser um
péssimo pai... — Suspirei. — O cara que prepara os lanches da Emma, deu
um lar para ela quando poderia a ter colocado num lar de adoções... Você não
é um péssimo pai, acredite. — Falei encarando-o. — Tem muitos homens por
aí que se estivessem na sua situação iriam levar a Emma para um lar de
adoções. Você não precisaria ter esse problema em sua vida; mas não, você
está cuidando dela... apesar de ser um pouco lerdo e tapado para notar que ela
precisa do seu amor, e de você e de mais ninguém. Você é um bom pai.
— Eu não sei se você está me insultando ou elogiando. — Disse ele,
sorrindo, e retribui seu sorriso.
— Um pouco dos dois.
Ele pensou um pouco, e vi que estava provavelmente pesando as minhas
palavras.
— Eu vou pensar em tudo o que você disse e vou vir aqui no sábado com
Emma... assim te direi o que decidi.
— Eu espero que você tome a decisão certa. Levar Emma para longe não
é a resposta.
— Eu não sei, não sou bom com as pessoas, não sei o que é o amor... sou
oco por dentro, e por isso não me aproximo de ninguém. Emma ficar perto de
mim só irá fazê-la sofrer. — Ele levantou-se e veio na minha direção, dei
alguns passos para trás até encostar na parede. — E você também não deve
tentar se aproximar... eu sou um monstro e nada de bom virá disso.
— Você não percebe que já estamos próximos o suficiente. Mason, há
muito tempo que deixei de ser uma garotinha que tem medo de monstros...
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Um policial veio até a minha casa e me encheu de perguntas. Você vai ter
que me dar mais dinheiro se quiser que eu mantenha a boca fechada.
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Haveria uma pequena peça a mais no meu plano para dali sete dias, mais
um cadáver. Eu iria eliminar quem resolvesse se colocar no meu caminho. O
mundo precisava ser limpo de pessoas sujas.
Deitei na cama e adormeci imediatamente.
Flashback
Era meu aniversário de onze anos, mas ninguém lembrou... me colocaram
em frente a Tv com um videogame ligado. Eu estava sozinho novamente,
como sempre estava.
Papai tinha ido em uma viagem de negócios, e mamãe foi para o Spa
descansar a mente, pois ela disse que eu havia a estressado ao quebrar seu
copo de cristal. Com o canto do olho encarei a caixa azul com aquele
enorme laço vermelho. O videogame veio ali dentro, uma distração para
mim. Eu era uma inconveniência, então o vídeo game me manteria ocupado
para que eu não reclamasse da ausência deles.
Peguei o videogame idiota e seus jogos e controles; joguei tudo dentro
daquela caixa idiota e resolvi fazer o meu próprio jogo, o meu jogo favorito.
As empregadas já haviam adormecido, e então peguei tudo e fui até a
cozinha, onde peguei álcool de limpeza e fósforos.
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Segui até a varanda e joguei o álcool sobre o vídeo game, salvei o laço
vermelho... ele era tão perfeito e bonito. Joguei o fósforo e vi as chamas
começarem a se formar, tomando conta do vídeo game, transformando
aquilo tudo em plástico derretido e algumas partes em cinzas. Depois que o
fogo apagou, encarei o laço em minha mão. Ele tinha o aperto forte como um
abraço, um abraço que nunca recebi. Ele era a coisa mais bela em minha
vida, com seu tecido de cetim macio e suas pontas perfeitamente alinhadas.
Pensei no que eu deveria pedir de aniversário desta vez. Sabia que eles
me dariam qualquer coisa que fizesse com que eu não reclamasse... há muito
tempo parei de reclamar de saudades.
Como seria queimar algo vivo? Perguntei a mim mesmo, e então decidi:
naquele ano eu pediria um cachorrinho. Sorri e me perguntei que cheiro
teria sua carne queimando? Talvez fosse mais divertido com algo vivo, pois
teria gritos de dor. E a dor dele curaria a minha.
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Oito
Mason
Minha cabeça estava estourando, isso já fazia dias. Uma dor que não
melhorava, ela simplesmente mudava, ficava de certa forma mais densa,
menos intensa; e eu quase poderia me acostumar a ficar com aquela dor de
cabeça para todo o sempre se ela continuasse. Era culpa dos meus
pensamentos. Eu pensava, pensava e pensava sem parar em tudo o que
Brooke havia me dito. Comecei a observar Emma, mas nunca fui tão
inteligente assim a ponto de compreender o que ela sentia.
Sabia que ela adorava doces, ela sempre estava com algum livro infantil
nas mãos, que não gostava muito de televisão, sempre acordava sozinha para
ir para a escola e ia tomar seu banho sem eu precisar mandar. Para mim tudo
aquilo parecia normal. Quando eu tinha sua idade, tinha até mesmo que me
preocupar com o que comer, pois se eu não achasse algo em casa para comer
passaria fome.
Aquela lembrança me perturbou e fez a minha cabeça latejar ainda mais.
Não gostava nem de lembrar toda a crueldade que aquele homem cometeu
comigo. Se ele ainda estivesse vivo, eu o mataria sem dúvidas.
— Está tudo bem, Mason? — Abri os olhos quando Duke me perguntou
isso. Ele sentou-se ao meu lado.
— Estou com dor de cabeça já tem três dias, estou enlouquecendo de tanto
pensar; e sim, estou bem. — Falei com ironia.
— Essa é a vida de quem cria um filho sozinho. Acredito que as mulheres
não fiquem assim pois elas são dez vezes mais corajosas e fortes do que nós.
— O encarei, e ri.
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— Ela não tem nada a ver com a história, Mason. Por que ela perderia
tempo te oferecendo ajuda se não fosse sério?
Não tive tempo de responder, pois Daniel entrou correndo no refeitório e
nos disse que houve um acidente grave próximo ao shopping e precisávamos
ir já que éramos o batalhão mais próximo do local. Eu detestava atender essas
ocorrências, mas segui com meus colegas e chegamos lá em cinco minutos.
Dois carros colidiram, e um deles estava na contramão, com o motorista
alcoolizado. O motorista alcoolizado teve ferimentos leves, mas a família de
cinco pessoas no outro carro estava gravemente ferida.
Com um trabalho demorado conseguimos soltá-los das ferragens, e apenas
três dos cinco sobreviveram, a mãe e dois dos seus filhos. O pai e a
menininha de cinco anos de idade já estavam mortos antes mesmo de
chegarmos. Aquilo acabou com o meu dia. Senti tanta raiva do homem que
dirigia alcoolizado e que tinha destruído uma família que senti vontade de ir
até o hospital onde o maldito estava e matá-lo.
— Você está bem, Mason? — Perguntou Michael.
— Não. Se ele queria se matar dirigindo embriagado deveria ter jogado
seu carro da ponte e não matar outras pessoas.
— Concordo com você, mas cara...vamos embora. — Michael me puxou
pelo braço, mas eu estava vendo tudo em vermelho, encarando o carro do
maldito. Ele destruiu uma família com sua irresponsabilidade. Eu estava
muito puto, já tinha tantos problemas, e essas pessoas irresponsáveis estavam
me irritando ao máximo. Quando elas não estavam embriagadas, estavam
mexendo em seus celulares enquanto dirigiam. As pessoas precisavam ter
mais consciência, não era apenas elas que estavam na estrada.
— Mason, vamos, cara. — Henry me puxou também.
— Mason! — Daniel gritou impaciente.
— Você parece que vai matar alguém. Vamos, cara. — Disse Trevor.
— Me soltem. — Falei, me soltando de Michael e Henry. — Eu estou
indo. — Entrei no caminhão ao lado de Caleb.
— Você está bem, cara? — Perguntou ele.
— Eu estou bem, parem de me olhar como se eu estivesse louco. —
Andrew bufou.
Logo todos estavam no caminhão com Michael na direção. Todos estavam
abalados, tão abalados que nem mesmo Henry, o rei das piadinhas sem graça,
ficou em silêncio.
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O sábado chegou, e com ele a minha dor de cabeça evoluiu para uma
enxaqueca que fez com que meu estômago embrulhasse. Eu estava enjoado,
com dor de cabeça e nervoso.
— Onde a gente vai? — Perguntou Emma. Ela havia colocado as roupas
que comprei para ela, e parecia uma princesa.
Demorei alguns segundos para responder.
— Almoçar na casa da senhorita Valentine, sua professora. — Ela
assentiu e ficou me encarando. — Você está pronta? — Perguntei o óbvio.
— Sim. Vamos? — Assenti, e Emma pegou um livro e colocou em sua
pequena bolsinha.
Chegamos no carro e ajudei-a a colocar o cinto, ela sentou no banco de
trás e dei partida no carro em seguida. Logo estávamos no transito tranquilo
de Chicago, que no sábado era sempre mais tranquilo. Encarei Emma pelo
espelho retrovisor, pronto para puxar assunto, nem que fosse sobre o clima,
mas ela estava com o livro na frente do rosto, então pensei que ela não
gostaria de ser perturbada por um assunto tão banal quanto o clima. Dirigi em
silêncio, pensando que minha filha ainda era uma estranha para mim e que
deveria ter medo de mim.
Com esse pensamento negativo segui até a casa de Brooke. Logo
chegamos, e Emma saiu do carro antes mesmo que eu abrisse a porta para
ela. Pensei em segurar na mão dela, mas eu ainda tinha receio de pegar na
mão da minha filha e dela me rejeitar e soltar a minha mão. Então seguimos
lado a lado e tocamos a campainha da casa de Brooke. Em menos de dois
minutos ela abriu a porta e sorriu para nós dois.
— Emma, oi... e Mason... — Disse ela com um sorriso caloroso. — Que
prazer vocês virem almoçar comigo hoje. Por favor, entrem.
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Nove
Bem, você acabou comigo e pode apostar que senti isso.
Tentei ficar frio, mas você é tão quente, que derreti
18
Caí nas rachaduras, agora estou tentando me recompor
afogou com o café, ficou corada e respondeu rápido demais. — Ela deu de
ombros. — Me conte logo, quem é ele?
Praguejei por dentro por ser esse desastre ambulante que qualquer um
conseguia ler. Era por isso que eu era péssima no Poker, nunca conseguia
blefar. Sobre Mason, porém, não sabia se a senhora Schaefer iria aprovar,
afinal ele era o pai de Emma.
— Ele é apenas um amigo, e não acho que poderemos seguir a diante;
seria contra as regras. — Resolvi ser sincera, afinal, de que adiantaria tentar
mentir se eu iria falhar miseravelmente.
— Regras? É um amor proibido? — Os olhos da diretora brilharam. —
Brooke, eu nunca pensaria que você é desse tipo. — Ela piscou para mim.
— Não exatamente proibido, senhora Schaefer.
— Por favor, sou sua amiga agora e não a diretora... me chame de Diane.
— Diane, é que eu... — Suspirei. — Ele é o pai de um dos meus alunos.
— Oh! — Diane Schaefer tirou seus óculos e pousou-os na mesa, ela fazia
aquele gesto quando queria pensar em algo. Apertei a xícara com o mascote
do time da escola, um coelho sorridente, e fiquei a observando nervosa.
— Por favor, Diane, diga qualquer coisa. — Falei. Estava ficando maluca
com aquele suspense todo.
— Não vejo o porquê desse relacionamento ser contra as regras. — Disse
ela.
— Ele é pai da minha aluna, como isso pode não ser contra as regras?
— Ele não é seu aluno nem nada. E vocês vão namorar lá fora e não aqui
dentro, não é mesmo? — Corei com a lembrança de Mason me colocando
sobre a minha mesa na sala de aula e me tocando de uma forma obscena.
— Sim, vamos namorar lá fora...
— Então não vejo motivos de você não namorar o pai da Emma. —
Encarei Diane surpresa. Eu havia dito que era o pai de Emma sem perceber?
— Como?
— Então é ele mesmo?
Eu cai como um patinho na isca de Diane.
— Sou tão transparente assim?
— Foi meio fácil de descobrir. Primeiro ele ficou olhando para você de
uma forma nada discreta na reunião de pais e mestre, segundo ele é o único
pai com quem você teve o primeiro contato agora, já que a maioria dos outros
pais você já conhecia; e sou velha, sei dessas coisas.
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quarta-feira.
— Sim, Emma vai cedo para a cama. — Porquê de toda a frase, tudo o
que captei foi cama, cama e cama?
— Certo, então até daqui a pouco.
— Até.
Ele parecia muito feliz ao encerrar a ligação, e eu também não consegui
deixar de sorrir como uma boba a ponto de minha mandíbula doer um pouco
quando cheguei em casa. Fui para o chuveiro tomar uma ducha, e quando saí,
olhei o celular, e Mason já havia me enviado sua localização e também um
emoticon sorrindo. Eu estava me sentindo muito boba, como uma adolescente
apaixonada pronta para seu primeiro encontro.
Coloquei meu jeans justo e escuro, uma blusa amarela e uma jaquetinha
preta. Logo estava pronta após passar um lápis de olho, uma sombra clarinha
e um batom coral. Não queria mostrar que eu havia me arrumado tanto, mas
também queria estar linda para me encontrar com Mason.
Aquele jogo era perigoso, eu estava me apaixonando por ele e me
afeiçoando muito a Emma. Se algo desse errado, eu iria perder duas pessoas,
seria doloroso demais. Porém aquele pensamento não perdurou muito em
minha mente, pois sempre fui de agir segundo meu coração, e não seguindo a
minha mente. Se não desse certo e se fosse um erro, pelo menos eu
aprenderia alguma coisa no final.
Com pensamentos positivos, segui para o batalhão.
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Dez
Oh não, rezo para que o manhã não venha; gradualmente, fiquei com medo,
tudo parece que vai; desaparecer. Parece que se eu tirar meus olhos de
você por um momento, eu vou acordar desse sonho;
E eu não sei o que é. Nunca senti esse tipo de sentimento; você e eu,
apenas dois de nós
19
Quero continuar a dançar com você neste mundo
Mason
Brooke estava tão linda. Acho que nunca havia visto em toda a minha vida
mulher tão bela quanto ela. Brooke estava fazendo eu mudar. Quando isso
começou? Como ela conseguiu perfurar minha casca? Em que momento isso
aconteceu?
— Tia Brooke. — Emma, que estava ao meu lado correu para os braços
de Brooke. Elas haviam combinado no último sábado que quando não
estivessem na escola, Emma a chamaria de tia Brooke. Fiquei hipnotizado
vendo minha filha e Brooke se abraçarem aos risos. Aquilo me tocou
profundamente, apenas por ver as duas abraçadas e o som da risada delas fez
meu coração parece ter dobrado de tamanho, pois apertava em meu peito
como se não tivesse mais espaço ali dentro.
— Elas chegaram. — Olhei para o lado e vi que Duke estava me
observando. — Quem é ela?
— Já disse, é a professora da Emma. — Por que ele estava fazendo eu me
repetir?
— O que ela é para você? Ela é alguém que é mais que a professora da
Emma, certo? — Duke sorriu diante do meu silêncio.
— Sabe, Duke, com todo o respeito...— Eu o encarei, sério. — Mas você
anda muito intrometido ultimamente. — Achei que seria repreendido pela
minha atitude, mas Duke apenas sorriu como se tivesse todas as respostas
para todas as perguntas do mundo.
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— Tudo bem. — Disse Emma. Ela estava tão animada com toda a atenção
recebida que seus olhos não paravam de brilhar.
— Bom trabalho, Mason. — Disse Michael antes de partir.
Ao que parece todos estavam loucos para opinar sobre meu tratamento
com Emma, mas só quem tinha coragem de falar na minha cara era Duke.
— Oi mocinha, seu pai está te tratando bem? — Perguntou o sempre tão
calado Andrew, e Emma assentiu. — Muito bem. — Ele me encarou com
atenção antes de prosseguir. — Sou o Andrew, o tenente, e vou embora para
a casa agora. Só queria me certificar se teria que bater ou não no seu pai. —
Se Emma ficou assustada não demonstrou.
— Vá embora, Andrew. Você não é pai para ficar opinando na minha
vida. — Recebi um olhar mortal dele antes de ele sair dali, e o clima ficou
tenso; mas foi quebrado quando Minah apareceu.
— Emma, você é uma princesinha linda. — Emma encarou Minah com
atenção.
— Você é muito bonita. — Disse Emma.
— Obrigada, eu sou a Min Ah, mas todos me chamam de Minah. Sou
bombeiro aqui a pouco tempo. — Minah encarou Brooke. — Muito prazer.
— As duas se cumprimentaram. — É bom ver que alguém está quebrando o
gelo em volta do coração de Mason. — Disse ele à Brooke. — Vocês duas
são incríveis, até parecem mãe e filha.
— Minah, você não tem que ir para a casa? — Perguntei bruscamente e
ela me encarou sorrindo.
— Verdade, preciso ir. Até mais. — Minah piscou para Brooke e deixou o
batalhão.
— Quem é aquele? — Perguntou Emma. Segui a direção em que seu dedo
apontava e vi Kevin. Havia me esquecido por completo de Kevin.
— Ele é o Kevin, ele é bombeiro e trabalha há anos conosco. Ele não
gosta muito de conversar, mas é um cara competente. — Kevin nem olhou na
nossa direção quando falei dele, e continuou focado em seu livro com seus
fones de ouvido no volume máximo no ouvido.
— Oi, princesa. Eu sou o cara mais legal daqui e seu pai esqueceu de me
apresentar. — Tyler apareceu e sorriu para Emma. — Ele Às vezes precisa
levar uns cascudos por ser tão negligente, você não acha? — Emma riu. —
Muito prazer menino linda, sou o Tyler, capitão do batalhão. Sou o cara que
quando Duke ou Dan não estão, conduz os rapazes para apagar os incêndios.
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assustadores me encarou.
— Onde estou? — Falei, só então me toquei como minha garganta estava
seca de sede e como doía.
— Pelo visto seus pais lhe colocaram no lixo. Esse é o lar para crianças
abandonadas e você vai ter que trabalhar se quiser comer. — Disse o homem
bruscamente.
Eles me abandonaram? Nunca senti tanto alívio em minha vida. Aquele
homem nunca mais iria brincar comigo daquela forma suja? Eu nunca havia
sentido tanto alívio na vida.
— Eu faço todo o trabalho. — Falei. — Só não me mande de volta. —
Implorei.
— Ótimo. — Disse o homem. — Mas antes você precisa comer.
Eu tinha dez anos de idade quando fui largado naquele lar. Trabalhava
como um escravo por um pão e um bocado de arroz, e dava sorte quando
tinha carne. Apanhava quando descansava, mas nada se comparava aos
abusos daquele homem. Eu aguentei tudo, pois ninguém nunca me adotaria,
e eu não queria uma família.
A família que me adotara no passado e me abandonara agora. Deveriam
me proteger dos monstros, mas na verdade eles eram os verdadeiros
monstros.
Lembro-me de ler uma frase parecida como esses anos depois, em uma
das obras de Stephen King. e ela havia se encaixado perfeitamente em minha
vida. Família. Eu nunca teria uma família novamente, eu ficaria para sempre
sozinho e assim ficaria bem.”
pergunta.
— Como assim?
— Você é linda, inteligente e maravilhosa. Pode ter o homem que quiser...
por que eu? Por que um monstro como eu? Um cara corrompido e quebrado?
— Porque não te vejo como um monstro, mas sim um homem com um
coração puro e enorme, que está desesperado por amor. Que só quer ser feliz.
— Você não sabe nada sobre mim. — Falei, fechando meus olhos com
força. Eu a senti tocar meu rosto com a palma de sua mão.
— Eu sei o que eu vejo, e gosto de você, Mason. — Disse ela. — Quero te
conhecer por inteiro, quero entrar se você me der uma chance.
— O que você verá não é nada bonito. — Falei.
— Eu não me importo.
— Não sei se serei capaz de ir até o final. — Falei, sentindo meu coração
quebrar em mil pedaços.
— Você é capaz de fazer o que quiser.
— Não sei se sou tão forte, Brooke; e a última coisa que quero é machucar
você; mas por mais que eu diga que devo manter distância de você, não
consigo... penso em você o dia inteiro.
— O que você tem a perder por nos dar uma chance? — Disse ela. Eu a
admirava tanto por ser tão ousada.
— Tudo...
Ela se inclinou na minha direção e plantou um beijo casto em meus lábios,
o que me aqueceu como o calor do sol sobre a neve.
— Boa noite, Mason. — Ela desceu do carro e não me deu chance de falar
mais nada.
Eu queria tanto ser dela, mas temia tanto mostrar a ela meu pior lado, a
minha infância suja e corrompida. Eu tinha tantos demônios... eu tinha tanto
medo.
Eu nunca quis uma família, mas agora era tudo o que eu mais queria, e
isso era assustador. Seria tudo um sonho? Se fosse, eu não queria acordar.
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Onze
Você é meu paraíso; você é linda, garota. Eu estou olhando para você,
20
mas eu sinto falta de você. Você é minha única garota.
Brooke
Era sábado, e por sorte o dia estava lindo, o céu azul estava sem nuvens,
um dia perfeito para um passeio no parque. Eu segurava a mão de uma Emma
muito excitada e Mason estava estacionando o carro e logo chegaria até nós.
— Tia Brooke, eu posso ir lá em cima? — Emma apontou para uma
grande roda gigante.
— Se o seu pai não ver problema, podemos ir sim. — Ela sorriu e seus
olhos, que brilhavam sem parar, encaravam para todas as direções. O cheiro
de pipoca doce chegava as nossas narinas.
— Vamos. — Mason chegou, e Emma logo o encarou.
— Podemos ir lá? — Ela apontou para a grande roda gigante e Mason fez
uma careta.
— Lá é tão alto. Você não gostaria de ir em algo tipo... o carrossel?
— Depois, vamos lá primeiro, parece divertido. — Mason encarou Emma,
que sorria e estava com uma expressão iluminada, e enfim assentiu.
— Tudo bem, nós iremos.
— Oba! — Emma bateu palmas e correu na nossa frente.
A seguimos até a roda gigante e percebi que Mason estava tenso.
— Você tem medo de altura? — Perguntei.
— Medo de altura? Que bobagem, claro que não. — Respondeu ele
rapidamente.
— Tudo bem se você tiver. Eu posso ir com a Brooke e você fica aqui em
baixo. — Falei.
— Eu estou bem, de verdade. — Não havia convicção em suas palavras,
mas resolvi não insistir.
Compramos as entradas para a roda gigante, e depois de esperar um tempo
na fila entramos no carrinho nós três. Com apenas uma barra de proteção na
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Eu pensei muito tempo depois que minha entrega tinha sido no momento
em que ele me beijou, mas não, minha entrega foi em todos os pequenos
momentos. Desde que ele se ajoelhou diante de mim em minha casa algumas
noites atrás, que ele se esforçou para se aproximar de Emma, quando ele
sorria como um menino ao ver Emma sorrir. Sim, eu me entreguei antes
mesmo de ele pedir que eu ficasse com ele aquela noite, e antes que ele me
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podem ser descritos, pois palavras apenas o diminuiriam. Era assim com
Mason, era algo tão grande que não poderia ser descrito e nem explicado,
apenas sentido.
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Doze
Antes da escuridão me aprisionar. Não me deixe
Você ainda me ama?
Se você sente o mesmo, não me deixe hoje; não me pergunte porque tem
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que ser você; apenas fique comigo
ser um menino de seis anos de idade, e aquele monstro me puxava para trás
enquanto Emma e Brooke ficavam cada vez mais distantes.
Emma e se conheçam melhor. Vou sentir sua falta, mas vou usar o domingo
para preparar as aulas da semana e ler um pouco.
Obrigada pelo sábado incrível.
Com carinho..
Brooke Valentine
— Tiana?
— Sim, bem... eu não sei muito, sei que Tiana vivia com seu pai em Nova
Orleans e eles adoravam cozinhar juntos... mas o ponto aqui é que Tiana não
tem a pele clara, não é loira e nem tem cabelos lisos, e ela é uma princesa.
— É mesmo? — Emma estava fascinada.
— Procure esse livro na biblioteca da sua escola, deve estar com o título
de “A princesa e o sapo”.
— Tudo bem.
— Agora vá se lavar se quer me ajudar com as panquecas.
Emma pulou da cama e correu para o banheiro.
Segui para a cozinha animado e peguei os ingredientes. Emma chegou em
seguida me ajudou, e logo estávamos cobertos de farinha e a cozinha estava
uma zona; nossas gargalhadas poderiam ser ouvidas do lado de fora. No rádio
22
começou a tocar Jailhouse Rock e comecei a dançar fazendo Emma
gargalhar até se curvar na cadeira. Eu a peguei no colo e começamos a
rodopiar na cozinha. Aquela se tornou minha música favorita da vida, e
aquele dia o melhor de todos.
— Pai eu posso ser a princesa Tiana? Porque gosto muito de cozinhar
contigo como ela gosta com o pai dela.
— Só tem um problema, Emma. — Falei, e ela me encarou séria. — Você
é muito mais bonita e especial que a Tiana.
Emma abriu um sorriso enorme, depois de tomarmos nosso café ela foi
tomar um banho. Depois de limpar tudo e me banhar também, nos sentamos
no sofá e assistimos Shrek no aparelho de dvd.
satisfeito. Tive um fim de semana maravilhoso, fazia tempo que não tinha um
fim de semana inteiro livre e aquele foi o melhor. Fui direto na sala de Duke
quando cheguei.
— Bom dia, Mason. Pelo visto está de bom humor. — Cumprimentou-me
Duke.
— Quero te agradecer. — Falei.
— Me agradecer pelo que?
— Por todos os seus conselhos. Vou ficar com Emma, não vou deixar
ninguém tirar ela de mim. — Duke levantou-se e veio até mim me abraçando,
aquilo me surpreendeu.
— Eu sabia que você faria a escolha certa. Já estava me irritando com
aquele papo de mandar ela para os parentes. — Duke me encarou. — Um pai
precisa ser pai, não pode passar a responsabilidade para outra pessoa.
— Eu sei, Duke. Eu a amo e vou cuidar dela para sempre. — Duke me
deu tapinhas no braço.
— Muito bem. Agora já para o trabalho. — Sorri.
— Sim, senhor.
Eu estava animado para começar aquela semana longa de trabalho.
Esbarrei com Crystal na hora em que sai da sala de Duke.
— Mason, o cara que eu estava procurando. E aí, vamos fazer a foto para
o calendário?
— Sim. — Respondi e ela me encarou incrédula.
— Sim?
— Se a minha namorada não se importar, sim. — Dei de ombros e fui
assoviando para o refeitório, deixando uma Crystal de queixo caído no meio
do corredor.
Nem tive tempo de sentar, pois em seguida o alarme soou e tive que ir
para mais um trabalho. Me sentindo um homem diferente, pela primeira vez
em que entrei em um prédio em chamas, temi por minha vida. Eu precisava
sair vivo dali, para voltar para as minhas garotas.
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Treze
Quando isso começou não tem importância. Eu só vejo a perfeição nos
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meus olhos. Neste mundo cinzento, apenas seus lábios vermelhos brilham
Abri a porta e lá estava ele, em toda a sua glória. Ele usava uma camiseta
branca, o que evidenciava seus músculos e sua pele bronzeada; e tinha um
sorriso estampado no rosto ao mesmo tempo em que seu olhar era tão intenso
que fez com que minha garganta secasse. Me arrependi de não colocar meus
saltos. Ele deveria ter mais que um metro e noventa, e eu com os meus
1,63mts parecia uma anã perto dele.
— Não vai me convidar para entrar? — Perguntou ele. Eu o tinha visto no
sábado e na madrugada de domingo, mas ainda parecia que era a primeira vez
que eu o encarava pois sempre me surpreendia com seu tamanho, sua beleza
e sua força.
— Entre. — Dei espaço para ele passar, e ele sentou-se na grande
poltrona. — Quer algo para beber?
— Você. — Ele me puxou pela cintura e dei um gritinho assustado.
Mason me colocou sobre seu colo e beijou minha boca com vontade, e me
entreguei ao beijo no mesmo instante, sentindo sua língua penetrando minha
boca e provocando a minha. Agarrei-me aos seus braços fortes, e logo o beijo
foi interrompido com ambos ofegantes e querendo mais. — Senti sua falta.
— Ele disse.
— Eu também senti sua falta. — Ele me abraçou forte e apoiou sua
cabeça em meu peito.
— Queria ficar com você um pouco hoje, mas Emma está me esperando.
— Sim. Emma parecia radiante hoje na escola, aconteceu alguma coisa?
— Sim, nós cozinhamos, dançamos e vimos desenhos animados juntos
ontem. — Disse ele. e pude notar o sorriso em sua voz mesmo sem estar
vendo seu rosto, que estava no meu peito. Eu sabia que ele estava sorrindo.
— Nós nos conectamos. — Disse ele, sorri também.
— Eu estou tão feliz por vocês dois. — Senti meu peito inflar. Já amava
aqueles dois... era tão fácil amar a eles, me apaixonar por Mason e Emma foi
mais rápido do que preparar um miojo, levou menos de 3 minutos.
— É tudo graças a você. — Disse ele, que afastou-se um pouco e me
encarou. — Nossa Bela Brooke, o anjo que apareceu no nosso caminho. —
Fiquei vermelha igual a um tomate.
— Eu não fiz nada demais.
— Você fez tudo. Se não fosse por você, eu ainda estaria encarando
minha própria dor e não enxergaria Emma. Obrigado, Brooke. — Sorri e
acariciei seu rosto.
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— Quer dizer que aquele Mason que conheci antes era apenas uma casca
de proteção? Esse cara que conversa e é carinhoso é que é o verdadeiro
Mason?
— Eu não queria deixar que ninguém se aproximasse. Se eu deixasse
alguém entrar, quando essa pessoa me abandonasse seria doloroso demais.
— Por que alguém abandonaria você? Depois que te conhecemos melhor
é impossível deixar você ir. — Falei com sinceridade. Mason estava colado
em minha pele e alma, eu jamais poderia deixa-lo ir... não sem perder parte
de mim no processo.
Ele me encarou em silêncio por um longo tempo antes de falar.
— Quer ser minha namorada? — Eu o encarei, surpresa. — Eu também
não posso deixá-la ir... não paro de pensar em você desde aquele dia em que
vim conter o incêndio. — Ele falava tudo isso me olhando nos olhos, e vi ali
toda a sua sinceridade. — Não pense que é por gratidão por ter me ajudado
com Emma, não é nada disso; você me deixou louco desde a primeira
chamada para conter o incêndio, e desde então minha afeição apenas cresceu
mais e mais. Claro que você se dar bem com minha filha é um bônus, mas
saiba, Brooke, que gosto de você por quem você é, e quero muito namorar
com você. Quer ser a minha primeira namorada?
— Primeira namorada? — Meu coração batia tão forte que eu não
conseguia raciocinar direito.
— Isso, nunca namorei ninguém, nunca deixei ninguém chegar perto o
bastante; então esteja ciente que vai ter que me ensinar essa coisa de namoro,
sou uma negação para isso.
— Eu quero. — Respondi e beijei sua boca. Mason agarrou em minha
cintura e aprofundou o beijo, e tive de lembrar de me afastar, afinal Emma
esperava por ele. — Vamos aprender a namorar juntos. — Falei.
— Você nunca namorou também? — Perguntou ele.
— Eu namorei, mas há uns seis anos, e nem me lembro como se faz. —
Ele parecia chateado. — O que foi?
— Queria ser seu primeiro namorado. — Ele parecia um menininho que
foi negado doce, e eu ri antes de o abraçar forte.
— Você é um ursão fofo. — Falei.
— Eu não sou nada fofo.
— Ah, você é sim, um grande ursão. — Dei um beijo em sua testa e
levantei do seu colo. — Agora vá para a casa, Emma está te esperando.
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Quatorze
Eu quero isso, esse amor, eu quero isso, amor verdadeiro, eu só me
concentro em você; você está me atraindo com mais força. Meu DNA te
quer desde o início. Isso é inevitável, eu amo nós dois juntos. Somos os
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únicos e verdadeiros amantes
Mason
Mais um incêndio criminoso foi atendido naquela semana. Os policiais
estavam agitados, e já tinham formado o perfil do incendiário: ele
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provavelmente tinha TOC , ele teve problemas com os pais na infância, veio
de uma família de classe média alta, não sente remorso ao matar, tem um
objetivo, e na sua mente doentia ele está limpando a sujeira do mundo; mas o
que mais me deixou impressionado no profiler que os detetives criaram é ele
era um bombeiro ou tinha um grande conhecimento sobre substâncias
inflamáveis e acelerantes; e sua assinatura o laço vermelho e era algo que
tinha relação a sua infância.
Eu não sabia dizer se tudo aquilo era uma fantasia da mente dos detetives
que criam perfis de assassinos em série, mas o fato deles dizerem que poderia
ser um bombeiro, apesar de diminuir as probabilidades, me deu medo.
Existiam bombeiros demais em Chicago e levaria muito tempo para eles
encontrarem o culpado e pior, e se fosse um dos meus colegas?
— Não vai para a casa, Mason? — Perguntou-me Caleb.
— Já vou, hoje vou jantar com as minhas meninas. — Falei satisfeito.
— Você mudou da água para o vinho desde que essas duas entraram na
sua vida. Estou feliz por você, cara. — Disse ele.
— Obrigado, mas não pense que vou mudar muito o tratamento que tenho
com vocês imbecis. — Ele gargalhou.
— Eu de forma alguma esperava por isso. Hoje vou jantar com minha
namorada em um restaurante bacana, depois vamos passar a noite juntos. —
Ele sorriu satisfeito.
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Emma.
— Pizza? — Questionei.
— Sim, eu comi pizza só uma vez, e eu realmente gostei. — Fiquei me
perguntando como Emma vivia antes de vir para a minha vida, para nunca ter
ido ao parque de diversões e ter comido pizza apenas uma vez. Resolvi que
descobriria isso naquela noite.
— Ótimo, então vamos de pizza. Tudo bem para você, Brooke?
— Claro, pizza me parece uma ótima escolha.
Em poucos minutos elas decidiram o sabor e pedimos a pizza.
— Onde você morava antes para só ter comido pizza uma vez, Emma? —
Perguntei casualmente.
Estávamos na sala, elas acomodadas no meu velho, mas confortável, sofá
e eu sentado na minha grande poltrona.
— O meu antigo pai era doente da barriga e não podia comer pizza ou
beber leite. — Disse ela.
— Intolerante a lactose. — Brooke falou.
— Isso. E então nós nunca comíamos pizza.
— Seu antigo pai, ele era bom para você? — Perguntei. Iria matar o
desgraçado se ele tivesse maltratado Emma, nem que tivesse que procurá-lo
nos confins do inferno.
— Ele era normal, nunca estava em casa, só trabalhava, mas era legal...
até ele e a mamãe começarem a brigar depois que ele foi ao médico. —
Emma ficou pensativa e voltou a falar. — Mamãe estava tentando me dar um
irmão, mas demorou demais. O papai foi no médico, então voltou furioso
com a mamãe, e eles foram num lugar com pessoas de gravata e que tinha
papéis e carimbos.
— Cartório? — Brooke estimulou Emma a continuar.
— Isso, e então daquele dia em diante ele disse que não podia mais ser
meu pai, me abraçou e foi embora. — Emma baixou o olhar e parecia triste.
— Você deve sentir muito a falta dele. — Falei.
— Um pouco, mas agora estou feliz. — Ela veio até mim e sentou no meu
colo. — Agora tenho você, papai.
— E eu prometo nunca deixar você. — Falei olhando a nos olhos. — Por
isso temos que em breve ir até o cartório, para registrar você como minha
filha.
— Eu sou sua filha, por que temos que colocar em um papel? —
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Quinze
Oh, baby; o amor nunca foi tão legal. E eu duvido que seja meu; Não
como você me abraça, me abraça
E a noite vai ficar tudo bem. Tenho que voar, tenho que ver, não posso
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acreditar
Brooke
Mason começou a se mover em cima de mim. Adormecemos daquela
forma, com ele deitado em meu peito, e os pesadelos não voltaram. As luzes
da manhã começaram a invadir através das frestas da veneziana da janela. Ele
levantou a cabeça e me encarou com um sorriso sonolento.
— Bom dia. — Falei para ele.
— Bom dia. Desculpe amassar você. — Ele se moveu e deitou ao meu
lado na cama.
— Tudo bem, você me aqueceu pela noite inteira. — Virei de lado para
olhar para ele, que encarava o teto. — Você sempre tem pesadelos?
— Sempre. Quando sonho são pesadelos, ou então é tudo escuro. — Disse
ele me encarando.
— Me conte seus pesadelos; assim posso te ajudar a espantá-los. — Pedi e
ele desviou o olhar.
— Tenho medo de te contar e você sair correndo por essa porta.
— Eu sou louca por você, é tarde demais para fugir. — Segurei em seu
braço. — Confie em mim.
Ele me encarou por alguns momentos antes de suspirar e olhar para o teto.
— Tudo bem. Se for para você desistir de nós, que seja agora do que
depois que será mais doloroso.
— Eu não vou a lugar algum. — Falei com convicção.
— Isso é porque você não sabe o quão quebrado estou. — Disse ele.
— Eu... — Fiquei insegura de falar aquilo tão depressa; mas por que eu
estava adiando o óbvio? Por que as pessoas faziam esses joguinhos hoje em
dia? Não vou dizer que o amo primeiro, sendo que elas sentiam isso em seus
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— Ele me tocava, de uma forma que não se deve tocar em uma criança.
— Ele chorava em silêncio, e tapei minha boca para conter um soluço. — Eu
cheguei a sentir falta das surras. Apanhar era mais suportável do que brincar
com o papai. — Ele limpou a garganta. — E então quando eu já tinha quase
dez anos de idade, ele não me queria mais. Eu era muito velho para brincar
com ele, ele gostava de mais novos que dez anos. Ele e aquela mulher foram
procurar minha mãe, mas descobriram que ela morreu após uma overdose de
cocaína, e então em uma noite acordei na porta de uma casa de adoção. Lá
me batiam e me faziam trabalhar na limpeza do orfanato. Eu comia pão e
mingau, carne quando tinha sorte. Foram os anos dourados da minha vida,
pois só não queria voltar para aquela casa. Obviamente ninguém me adotou,
afinal eu já era bem grande para dez anos de idade... acho que aquela cara
pensava que eu iria espancá-lo se continuasse a brincar comigo. — Ele
suspirou cansado. — Eu apenas decidi estudar e estudar. Eu queria ser um
juiz, acabaria com essa escória do mundo, e com esses seres desprezíveis que
fazem isso com crianças.
— O que te fez mudar de ideia e se tornar um bombeiro?
— Duke. Ele não sabe disso, mas o conheci antes mesmo de começar a
trabalhar com ele. — Ele deu um sorriso triste. — Um dia voltando do
colegial passei em frente a uma dessas tvs que passam notícias, e Duke estava
lá. Ele tinha salvo muitas vidas e todos estavam horados em ter um herói
27
como ele no país. Até mesmo o presidente, se não me engano era o Clinton
na época, enviou uma medalha a Duke, e pensei em como queria que aquele
cara fosse meu pai. Então resolvi ser bombeiro e trabalhar no batalhão dele,
lutei tanto e consegui.
Mason levantou da cama, vi que estava fugido de mim. Levantei rápido na
cama e o abracei por trás, entrelaçando as pernas ao redor da sua cintura e os
braços ao redor do seu pescoço.
— Eu te amo, eu ainda estou aqui, e eu nunca vou embora. — Ele ficou
parado sem reação alguma, e eu o apertei firme. — Você não pode me afastar
mais.
— Brooke... eu sofri abuso na infância. Mulher nenhuma vai querer ficar
com um cara assim... não fique comigo por pena.
— Pena? Tenho vontade de te bater nesse momento homem ridículo! Eu
amo você e quero construir uma vida com você. Acha mesmo que eu abriria
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Mason foi trabalhar naquela manhã de sábado. Ele pretendia levar Emma
para a casa de Daniel, já que a esposa dele tomaria conta dela, mas não
permiti... eu poderia muito bem ficar com Emma e assim não ficaria sozinha.
Pedi apenas que Mason me levasse até em casa para que eu recolhesse meu
material e pudesse trabalhar na casa dele. Tinha de preparar aulas no sábado,
para que assim eu pudesse ficar descansada no domingo.
Emma ficou lendo livros e fazendo o dever de casa, e logo ela estava
concentrada em seu quarto brincando de Barbie. Terminei de organizar quase
todas as aulas quando a hora do almoço chegou, e preparei para nós duas,
purê de batatas e carne de panela.
— Tia Brooke isso está muito bom. — Sorri para ela. — Eu nunca comi
purê de batatas.
— Nunca?
— Não. Como eu disse, meu pai tinha dor de barriga e minha mãe só
cuidava dele. Depois que ele foi embora, eu comia só miojo, e mamãe se
zangava se eu dissesse que estava com fome. Ela dizia ser culpa minha o
papai ter ido embora, que ele foi embora porque eu era uma filha ruim.
— Emma, quando os adultos se separam é porque não se amam mais. Seu
pai não foi embora por sua causa, mas sim porque ele e sua mãe não se
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amavam mais. — Expliquei. — Não pense em momento algum que foi sua
culpa... sua mãe estava com raiva, e as pessoas com raiva falam coisas sem
pensar. Tenho certeza de que ela está arrependida do que disse.
— Você e o papai vão deixar de se amar um dia? — Ela perguntou
inesperadamente.
— Não sei o que o destino nos reserva, Emma; mas uma coisa é certa. —
Ela me encarava com atenção. — Meu amor por você nunca vai acabar. e
sempre irei vê-la mesmo se eu e seu pai não dermos certo; e o amor que ele
sente por você também é para todo o sempre, ele nunca vai te deixar.
— De verdade, tia Brooke? Papai nunca vai me deixar?
— De verdade, Emma. — Garanti.
Ali naquela casa estavam dois corações quebrados, que unidos se
tornariam um só. Cada dia que passava eu tinha cada vez mais determinação
de fazer os dois felizes e com isso encontrar a minha própria felicidade.
Depois do almoço colocamos um filme no aparelho de DVD, e então
escutei a campainha do apartamento e fui atender a porta.
Na minha frente estava uma mulher magra e alta. Seus cabelos eram
negros, lábios carnudos, e seu olhar entediado.
— Em que posso ajudá-la? — Perguntei.
— Aqui é o apartamento de Mason Pollack? — Perguntou ela.
— Sim é. Você é quem? — Perguntei. Vi que Emma veio até a porta de
curiosa, e então logo agarrou minha mão com força e arregalou os olhos.
— Olha se não é a minha filhinha. — Disse a mulher.
— Tia Brooke, eu quero meu pai, eu quero meu pai. — Disse Emma
nervosa e saiu correndo batendo a porta do seu quarto.
— Como vê, sou a mãe dessa garota. — Disse ela, que já ia entrando, mas
a impedi.
— Mason não está em casa. — Respondi. — Agora se me der licença, vou
acalmar Emma.
— E você por acaso acha que é quem para mandar? — Falou ela. — Eu
sou a mãe da garota, e tenho o direito de entrar.
— Você perdeu esse direito quando abandonou Emma. Com licença. —
Bati a porta na cara dela e tranquei a porta.
Ela continuou batendo na porta histérica, peguei o celular e mandei uma
mensagem para Mason. Fui até o quarto de Emma, que me agarrou no
pescoço e implorou para que não deixasse que sua mãe a levasse embora.
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Dezesseis
Ei, garotinha, preto e branco, certo e errado. Só vivem dentro de uma
canção, que eu cantarei para você. Você não precisa se sentir só. Você
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nunca perderá nenhuma lágrima. Você não precisa se sentir triste
Mason
Depois de conter as chamas ali perto do batalhão que alguns adolescentes
idiotas fumando maconha causaram, peguei meu celular e vi a mensagem.
A mãe de Emma está na porta do seu apartamento. Por favor, venha logo.
Emma está nervosa.
Meu coração parou e toda a minha alegria foi drenada do meu corpo.
Corri na hora para a sala de Duke e lhe mostrei a mensagem.
— Poxa, eu estava tão perto. Por que ela voltou agora? — Falei frustrado.
— Mason, acalme-se. — Disse Duke. — Perder a calma agora não é uma
boa.
— Minha vontade é de matá-la. — Disse com raiva.
— E passar o resto da sua vida na cadeia enquanto sua filha é enviada
para alguma instituição do governo? Seja racional e se acalme. Só vou deixar
você sair daqui se se acalmar. — Frustrado, bufei.
— Você sabe que não pode me prender aqui.
— Eu sei. Mas use a razão. De jeito algum a deixe levar Emma embora.
— Eu nunca cogitei deixá-la levar Emma de mim. Se fosse a um tempo
atrás até poderia chegar a isso, mas não agora.
— Então vá até lá, sua filha deve estar com medo. Ela precisa que você
esteja calmo. Seja uma rocha para ela, Mason.
Assenti e ao entrar no carro peguei meu velho maço de cigarros no porta
luvas e acendi um. Havia prometido a mim mesmo não fumar mais, pois
Emma não gostava do meu vício, mas naquele momento de tensão, pedi
perdão a Emma mentalmente e traguei com vontade.
Ao chegar no apartamento encontrei Allison plantada diante da porta
furiosa. Ela me encarou no momento que subi as escadas.
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Eu havia cometido dois pecados, pois fumei dois cigarros, mas aquilo
ainda assim não me acalmou.
— Tem uma vagabunda no seu apartamento que não me deixa entrar. —
Disse ela e senti vontade de acertar um tapa em sua cara, mas não batia em
mulheres, por mais que Allison merecesse uns bons tabefes.
— A única vagabunda que vejo aqui é você.
Peguei o celular e liguei para Brooke que atendeu em dois toques.
— Onde você está? — Ela perguntou.
— Como está Emma? — Perguntei.
— Está bem. Ela adormeceu depois que lhe contei uma história.
— Vou sair com Allison para conversar. Volto quando resolver isso.
— Tudo bem. — Disse Brooke.
— Obrigado, por tudo.
— Não precisa me agradecer. — Disse ela.
— Eu volto assim que isso for resolvido.
— Tudo bem. — Desliguei o celular e peguei Allison pelo braço.
— Venha comigo.
— Gosto quando você é mandão assim. — Disse ela rindo. Senti asco.
Como pude um dia me envolver com uma mulher assim? Bem, pelo menos
algo de bom ela havia feito, ela havia me dado Emma.
Chegamos em um café a duas quadras do meu apartamento, e logo pedi
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café forte e puro, e ela pediu um café irlandês . Era óbvio que ela já ia beber.
— O que você quer, Allison? — Perguntei diretamente.
— Eu senti saudades de vocês dois e vim visitar. Agora, quem é aquela
vadia que...
— Eu que faço as perguntas aqui. — Falei e ela sorriu.
— Sim, senhor.
— Você não estava bem em Vegas? Por que apareceu de repente?
— Saudades da família é claro.
— Não me venha com esse papinho. Você abandonou sua filha com um
homem que nem conhece direito, com um caso de uma noite, e sequer se
despediu ou se preocupou em como ela estava.
— Você é o pai dela.
— Tem homens que não nasceram para ser pai. E se eu fosse um pedófilo
ou algo do tipo?
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— A menina iria aprender mais cedo o que é ser mulher. — Disse ela e
deu de ombros.
Eu cravei as unhas nas palmas das mãos. Eu estava com muita raiva
daquela mulher, e Deus, imaginei minhas mãos em sua garganta e vendo a
vida ir embora dos seus olhos.
— Você é doente. — Falei. — Vá embora, Emma não quer ver você, e ela
vai ficar comigo para sempre.
— Quer dizer que você é um bom pai afinal?
— Estou tentando ser. Garanto que serei bem melhor que você e o idiota
com quem era casada.
— Ele era um idiota mesmo. — Ela disse gargalhando alto. — Acreditou
que eu estava grávida dele e vivi confortável por anos, sem contar quantos
chifres coloquei naquele paspalho... e então ele descobriu que nasceu estéril.
Aquela pamonha levou mais de cinco anos para se dar conta de que Emma
não era sua filha. — Ela riu alto novamente, como se tudo aquilo fosse uma
grande piada.
— O que preciso fazer para você sumir das nossas vidas de uma vez por
todas? — Questionei impaciente. — Ou melhor, quanto você quer?
— Ah, agora você está magoando meus sentimentos. Acha que eu
venderia minha filhinha para você?
— Não me venha com falsidades, você não a ama.
— Amo tanto que quero ela de volta para mim. — Meu coração parou por
alguns milésimos de segundo, e quase cai em um poço escuro de dor. —
Você precisava ver a sua cara de apavorado agora. — Allison gargalhou.
— Não brinque comigo. — Eu estava perdendo a paciência.
Paramos de falar por uns segundos enquanto a garçonete colocava nossos
cafés na nossa frente.
— Você deve ter se apegado a pirralha. — Disse ela, encarando as unhas.
— Afinal, a gente se apega até mesmo a um cachorro e...
Bati na mesa com força.
— Fala logo, porra, antes que eu me irrite de verdade com você. —
Alterei minha voz e algumas pessoas nos encararam, Allison pela primeira
vez pareceu levemente assustada. — O que diabos você quer?
— Tudo bem, preciso de cinco mil dólares. — Ela disse e bebeu o café. —
Acabei jogando no cassino... Sabe como é Vegas, a gente se empolga. Cinco
mil dólares e sumirei da vida de vocês.
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Abracei minha menina e chorei junto dela. Brooke nos observava com
lágrimas nos olhos. Em pensar que quase poderia ter perdido Emma. Se fosse
outro tipo de mãe teria levado ela embora... na verdade se fosse outro tipo de
mãe nem a teria abandonado para começo de conversa.
— Eu disse para você, nunca irei deixar você ir, nunca. Você é a minha
filha, e vai viver comigo até se casar um dia.
— Eu nunca irei me casar, papai, irei viver para sempre aqui. —
Gargalhei pela primeira vez naquele dia eu ri com vontade.
— Eu espero que nunca namore também. — Falei.
— Nunca irei namorar também. — Satisfeito com a promessa da minha
filha de nunca namorar e nunca casar, eu a abracei feliz.
Deixando-me iludir por aquela promessa, chamei Brooke com um aceno e
ela se juntou ao abraço. Éramos uma família em construção. Eu iria ficar com
as minhas meninas para sempre, e tentaria esquecer o passado de vez.
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Dezessete
Eu sinto sua falta. Quando eu digo isso. Eu sinto ainda mais. Estou
olhando sua foto, mas ainda sinto saudades.
30
O tempo é tão cruel
Brooke
Eu havia me tornado parte da família. Desde que me mudei para Chicago
me sentia um tanto sozinha, já que os meus pais viviam no interior. Claro eu
tinha amigos ótimos na escola, mas depois de jantar com o batalhão nessa
noite, me senti mais inclusa.
— Acho que devemos fazer uma espécie de clube da Luluzinha para nós.
— Disse Crystal. — Esses homens vivem se unindo, vai que falam mal de
nós.
— Eu gosto da ideia. Podemos sair vez ou outra para beber. — Disse uma
moça muito bonita de cabelos negros e sorriso fácil, que conheci naquela
noite como Karen. Ela era namorada de Caleb e parecia durona como uma
rocha.
— Beber é comigo mesma. — Disse a moça chamada Phoebe. Ela estava
saindo com o bombeiro Michael, mas foi no jantar pois era melhor amiga de
Karen e amiga de escola de Crystal.
— O que você acha, Camille? Brooke? — Perguntou Crystal.
— Hey, por que não estou inclusa? Sou um homem agora? — Minah que
descobri recentemente que era sul-coreana. Ela estava um pouco alta na
bebida, suas bochechas estavam coradas devido ao álcool.
— Desculpe, Minah... claro que você está inclusa. — Disse Karen.
— Sim, você pode ser nossa infiltrada no batalhão. — Disse Crystal de
modo conspiratório.
— Eu estou dentro. — Disse Camille. Era a primeira vez que eu via
Camille. Ela era filha de Duke e parecia ser uma pessoa tão incrível quanto
seu pai. Ela tinha pele negra, cabelos longos e cacheados, lábios cheios e
olhos cor de avelã que brilhavam quando ela sorria.
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— Certo. — Sorri. — Meu namoro está ótimo, e é bom que poderei contar
para todos ano que vem quando Emma for para o segundo ano e deixar de ser
mais minha aluna.
— Já disse, seria errado namorar um aluno ou namorar dentro da escola;
agora um paizão daqueles e namorar fora, não há problemas.
— Paizão, é? — Ri e ela ajeitou seus cabelos ruivos encaracolados atrás
da orelha e sorriu sonhadora.
— Sim, nunca vi homem tão grande em meus cinquenta e três anos de
vida. — Ela me encarou. — Me pergunto se ele é todo grande. — E piscou
para mim.
— Diane! — Repreendi ela que gargalhou alto.
— Você acha que só você tem imaginação fértil?
— A senhora me surpreende cada dia que passa. — Ela balançou a cabeça
rindo.
— Mas mudando de assunto, queria te agradecer por não sair da nossa
escola apesar dos problemas que ela sofre. — Ela suspirou. — Por sorte
conseguimos uma verba maior para o semestre seguinte.
— Eu não trocaria nossa escola por nada.
— Eu sei. Mas você é jovem, poderia estar lecionando em uma escola
particular e ganhando muito dinheiro.
— Não trabalho por dinheiro, mas sim por amor. E no momento em que
entrei na escola primária de South Loop, senti uma conexão... me senti em
casa. Talvez por ela me lembrar muito a minha escola da infância.
— Bem, estou feliz por isso. — Disse ela. — Percebi que nunca saímos
para beber juntas, o que acha de irmos beber um dia desses nas férias.
— Claro! Vou para a minha cidade natal no feriado, mas quando voltar
marcamos algo.
— E quem sabe você não me apresenta algum bombeiro bonitão. — Ela
se remexeu no banco. — Sei que estou um pouco acima do peso, mas sou
bonita e uma ótima companhia.
— Eu conheço a pessoa perfeita para lhe apresentar. — Sorri ao lembrar
de Duke e dos caras zoando ele no jantar.
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— Sabe Diane, acho que conheço o cara perfeito. — Falei. — Vamos sair
para beber nós quatro quando eu voltar do feriado. Sinto cheiro de um
romance aí.
— Hum, isso é interessante, conte-me mais.
Falei para ela o pouco que eu sabia sobre Duke e logo chegamos a fábrica.
Outras escolas estavam ali também, escolas particulares entre outras.
Queríamos ver de onde vinham os fogos do 4 de julho. E no final do passeio
teria uma pequena demonstração da queima de fogos.
Fomos guiados por um senhor chamado Clark Benson, que foi nos
mostrando o processo de criação de fogos passo a passo.
— Tia Brooke. — Emma puxou minha mão e a encarei.
— Sim, querida? — Ela estava pálida. — Você não está se sentindo bem?
— Perguntei.
— Eu estou enjoada. Pode me levar ao banheiro? — Pediu ela.
— Diretora Schaefer vou acompanhar Emma ao banheiro. Ela está
enjoada. — Alertei-a.
— Tudo bem, querida, qualquer coisa me chame. — Ela e as outras
professoras guiaram as turmas para adentro da fábrica e fui procurar o
banheiro com Emma.
Emma vomitou todo o seu conteúdo do estômago e segurei seus cabelos,
lavei seu rosto e umedeci sua nuca.
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— Desculpa, tia Brooke, é culpa minha que estou assim. — Disse ela com
lágrimas nos olhos.
— Do que está falando, linda? Como pode ser culpa sua?
— Você e o papai disseram que eu não podia comer mais chocolates
ontem à noite, mas levei duas barras para o meu quarto escondida e comi
tudo.
Fiz um carinho em seu rosto.
— Você realmente errou em não nos obedecer, mas fez algo bonito agora,
que foi confessar seu erro. Então desta vez está perdoada.
— Podemos ficar aqui um pouco? Acho que quero vomitar mais. —
Emma correu para um reservado e me concentrei nela.
Fiquei tão concentrada em Emma que fui perceber só tarde demais a
fumaça. Toda aquela fumaça.
— Tia Brooke, de onde vem toda essa fumaça? — Perguntou ela; e foi
quando vi o banheiro todo branco, e dei um pulo quando escutei a primeira
explosão. Caí no chão ao lado de Emma e senti meus ouvidos zumbirem.
— Acho que está havendo um incêndio na fábrica. — Falei o óbvio.
Minha voz estava trêmula e meu coração acelerado.
— Meu pai vai vir nos salvar? — Perguntou Emma assustada. — Meus
ouvidos doem. — Ela começou a tossir.
— Sim, vamos sair daqui. — Peguei ela no colo e corri para a porta do
banheiro, e foi ali que minhas pernas ficaram fracas. A porta estava
bloqueada por algo pesado demais, certamente aquele era o resultado da
explosão.
— O que houve? — Perguntou Emma.
— Estamos trancadas aqui, e meu celular ficou na bolsa dentro do ônibus.
— Amaldiçoei-me em pensamento.
— Nós vamos morrer? — Perguntou Emma, e lágrimas escorreram por
sua face.
— Nós não vamos morrer. — Garanti a ela. — Me dê seu casaco. —
Emma o tirou e o molhei na pia do banheiro. — Respire aqui. — Encarei as
venezianas no alto, pequenas demais e altas demais, mas eu teria que dar um
jeito. — Respire nesse pano para que não piore.
— E você? — Eu vou ficar bem.
— Não, fique com meu pano. — Disse Emma.
— Não, amor, preciso salvar você.
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Dezoito
Perto, longe, onde quer que você esteja. Creio que o coração segue em
frente. Uma vez mais, você abre a porta. E você está aqui, no meu
31
coração. E o meu coração continuará e continuará
Mason
— Combinamos que Brooke estaria presente. — Falei para Crystal, que
estava com uma câmera na minha cara.
— E ela vai estar, mas estou vendo qual o melhor ângulo.
Revirei os olhos e mordi meu sanduíche. Encarei o relógio e calculei que
elas deveriam ter chegado na fábrica há uns vinte minutos, e provavelmente
estavam agora explorando o local.
— Sabe, vocês dois combinam muito. — Continuou tagarelando Crystal.
— Se um dia quiserem fazer um ensaio sensual juntos, eu espero ser a
primeira a ser lembrada.
Eu a encarei, carrancudo.
— Você é bem ambiciosa se pensa que farei mais alguma foto com você.
— Poxa, que pena... Eu adoraria fotografar vocês juntos. — Ela fez um
quadrado com os dedos e semicerrou um dos olhos. — Sim, ficaria realmente
perfeita uma foto de vocês, quem sabe no casamento.
— Tudo bem, tanto faz. — Suspirei.
— Tem alguma foto de vocês no seu celular para eu ver e ter ideias? —
Perguntou Crystal.
— Não. — Franzi a testa.
— Vocês estão desde maio ou abril juntos, e não há uma foto? Como isso
é possível.
— Acho que gostamos de gravar nossos momentos aqui. — Apontei para
a minha cabeça.
— Mesmo assim, é bom ter registros desses momentos. — Crystal se
afastou quando Caleb a chamou e me deixou pensativo.
Realmente não ter uma foto nossa ou com Emma era algo que me
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incomodava agora. Não tínhamos uma foto juntos nós dois ou nós três.
Coloquei meu celular a carregar, e naquela noite quando elas já tivessem
retornado do passeio e estivéssemos comendo a pizza que combinamos em
comprar, iriamos tirar muitas fotos. Meu celular ficaria cheio de fotos das
minhas meninas.
Os momentos de tranquilidade do meu dia terminaram três minutos depois
deste meu pensamento, quando Duke apareceu pálido no refeitório e
começou a gritar com todo mundo. Quando ele disse incêndio na fábrica de
fogos de artifício em que a escola de Emma estava fiquei travado por uns
dois minutos. Sabe quando temos aquela sensação de semiconsciência, como
se as pessoas à nossa volta, por mais perto que estejam, parecem estar falando
ao longe, e suas vozes parecem abafadas? Senti isto.
Levei um tapa em cheio na cara e doeu muito. Meu rosto ardia, e me
surpreendi ao ver que quem me estapeou foi a pequena, porém forte, Minah.
— Acorda, Mason! Temos que salvar aquelas crianças e as suas meninas.
— Ela gritou comigo como um general do exército e despertei do meu torpor,
sentindo a adrenalina tomar conta do meu corpo.
Eu estava vestido e logo estávamos no caminhão. Outros caminhões
estavam a caminho do incêndio, porém ocorreram diversas explosões devido
aos fogos e eles precisavam de reforços. Meu coração estava doendo, eu
sentia vontade de chorar como um grande bebezão, mas entrei no modo
profissional, e estava decidido a salvar todos, ninguém morreria hoje.
Peguei o celular de Michael e pedi que ele corresse mais. Tentei ligar para
o celular de Brooke, mas ninguém atendia. Ela deve ter deixado na bolsa
dentro do ônibus, pensei, e usei aquilo para me confortar.
Quando chegamos no local, a fábrica inteira já havia sido tomada pelas
chamas e a fumaça negra. Algumas crianças saiam carregadas de dentro da
fábrica.
— Eu vou entrar. — Avisei.
— Mason, já há homens lá dentro para o resgate. — Alertou-me Tyler.
— Eu disse que vou entrar, porra! E quero ver quem vai me impedir.
Todos eles me ignoraram e começaram a fazer os seus trabalhos.
— Eu vou com você. — Disse Duke. Assenti e colocamos nossas roupas.
Entramos no prédio em chamas em poucos minutos. Não dava de enxergar
muita coisa, e parte do teto havia desabado. Encontrei uma mulher
protegendo uma criança, com a perna presa sobre uma barra de metal.
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*********
— Não agradeça a mim, mas sim a mãe dela, que se não tivesse feito o
que fez, você teria perdido as duas hoje.
Com Emma adormecida, fui até o quarto de Brooke. Ela estava agitada,
mas previ que sua agitação em breve iria acabar, afinal o médico estava
injetando algo em seu soro.
Meu coração bateu acelerado e corri até ela.
— Brooke, meu amor. — Beijei sua mão. Ela também usava uma máscara
de oxigênio, e quando falou, sua voz estava rouca.
— Emma?
— Emma está bem, graças a você. — Lágrimas escorreram por sua face e
limpei com a ponta dos dedos. — Você foi maravilhosa hoje, tão corajosa.
Ela negou com um gesto de cabeça.
— Não, eu estava morrendo de medo. — Mais lágrimas escorreram por
sua face.
— Shh, está tudo bem. Agora descanse, tudo bem? Eu amo você, Brooke.
— Eu amo você. — Acariciei seus cabelos e pedi que ela fechasse os
olhos, e logo ela também adormeceu.
Conversei com os dois médicos para saber se Emma e Brooke estavam
realmente fora de perigo. Então fui para o lado de fora, lá encontrei com
Duke e Daniel.
— Elas estão bem?
— Sim, estão ótimas.
— Minah disse que quando entrou no banheiro, Brooke havia fechado o
ralo de todas as pias e ligou as torneiras. Ela acha que foi uma ideia de como
deixar o fogo longe... uma ideia desesperada, claro, pois se houvesse algum
fio elétrico no chão seria o fim. — Disse Daniel.
— E ela jogou os vidros de sabonete líquido nas venezianas para que
assim a fumaça pudesse sair. — Disse Duke. — Sua mulher é muito
inteligente.
— Eu sei, e graças a Deus por isso. — Sentia meu corpo todo estava
dolorido agora que a tensão havia passado. — E as chamas? Conseguiram
conter?
— Sim. Há peritos agora no local para investigar. — Disse Duke.
— Parece que houve uma explosão de um gás de cozinha, mas ainda estão
investigando o acidente. — Disse Daniel.
— Quantas mortes? — Perguntei, pois sempre haviam mortes.
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Dezenove
Eu voltarei para você. Cantando esta canção. Se eu pudesse ver você
de novo. Eu dançaria uma última dança. Com esta canção. Lembre-se
32
deste momento. Para sempre se puder. Apenas uma última dança
machucava a minha alma era muito mais, mas acabei adormecendo após uma
medicação ser colocada em meu soro.
Os dias que se passaram após o incêndio foram como um borrão para
mim. Mason vinha todos os dias me ver e me confortar. Eu sempre chorava
em seu ombro, um choro menos desesperado agora, porém tão doloroso
quanto.
Ele me contou que graças a Diane nenhuma criança veio a óbito, que
Diane arriscou sua vida entrando e saindo do prédio várias vezes para ajudar
33
as crianças. Uma heroína de verdade .
34
Nosso atual presidente, Barack Obama , após saber do ato heroico de
Diane, fez com que houvesse uma estátua dela na praça da escola, como a
heroína do terrível incêndio, para que ela jamais fosse esquecida. Seu ato
heroico seria lembrado por todos da cidade durante séculos.
Uma semana depois eu recebi alta, Emma veio com Mason me buscar no
hospital. Ela teve alta dois dias antes de mim, e quando a vi, chorei, mas de
alegria.
— Mamãe. — Ela correu para os meus braços e a abracei com força. —
Que bom que você está boa, mãe. — Ela me encarou. — Por que está
chorando?
— Porque você está me chamando de mãe. — Ela me encarou com
atenção.
— Você não gosta?
— Eu adoro! Pode me chamar de mãe para sempre. — Falei. — Estou
chorando de alegria.
— Sabe, tem a Júlia na escola, e o pai dela está morando com uma moça
que não é a mãe de Júlia de verdade, mas a Júlia chama ela de mãe e sabe por
quê?
— Por que Emma?
— Júlia me disse que mãe de verdade é quem cuida, e quem ama. Ela
disse que sua avó contou. — Emma suspirou. — E então me dei conta que a
minha mãe de verdade é você, tia Brooke. — Disse ela tímida.
— Pode me chamar de mãe, pois pretendo amar e cuidar de você por
muito tempo ainda. — Emma me abraçou mais uma vez, e Mason sorria,
encarando nós duas, parado no umbral da porta.
Mason me levou para o apartamento dele, e disse que o médico ordenou
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que alguém ficasse de olho em mim por mais um tempo, e que ele seria o
enfermeiro.
Mais tarde, à noite deitada nos braços de Mason, contei para ele.
— Ela estava empolgada, sabe? Contei sobre o Duke para ela, e tenho
certeza de que eles se dariam muito bem juntos. Ela estava animada, e
combinamos que iriamos a um encontro duplo. — Lágrimas quentes e
pesadas escorriam pelo meu rosto conforme eu falava. — É tão injusto ela ter
morrido assim, ter a vida arrancada, sendo que ela era tão cheia de vida, tão
cheia de alegria.
— Eu sei, minha bela, eu sei... — Mason acariciava meus cabelos, me
confortando.
— Ela amava tanto as crianças e trabalhar com elas.
— Pense que ela se foi fazendo o que mais amava, cuidando das crianças.
Graças a esse ato heroico muitas crianças foram salvas.
Meu peito doía sempre que lembrava do sorriso de Diane, de suas broncas
quando eu me distraia demais, sobre o encontro que ela nunca teve a chance
de ir com Duke, sobre o passeio de verão no ano seguinte que seria no parque
aquático... Coisas, pequenas coisas que ela deixaria de fazer por ter partido
cedo demais.
Mas a vida era assim, não é mesmo? Nunca sabemos quando a morte irá
chegar. Podemos estar começando um curso, marcando um encontro, fazendo
planos para o natal e num piscar de olhos não estarmos mais nesse mundo. O
que me confortava era que Diane não havia morrido em vão, ela era uma
heroína, e seria lembrada para sempre pelo seu ato heroico.
Um mês depois...
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Emma estava assistindo Cosmos pela décima vez naquele mês, desde que
35
meu pai havia lhe apresentado a série em nossa ida a casa deles. Emma
ficou completamente apaixonada pelo universo e suas peculiaridades.
Mason estava preparando nosso almoço. Era uma segunda-feira, um dia
de folga dele, e eu estava observando-o costurar o grande pedaço de carne
para colocar no forno quando tocaram a campainha.
— Eu atendo. — Falei e levantei.
Segui até a porta, e ao abrir só encontrei uma caixa de presente destinada
a Mason. Franzi a testa, não havia ninguém no corredor, e segui para a
cozinha.
— Quem era? — Perguntou Mason.
— Não sei, tinha apenas essa caixa lá com o seu nome; mas quem
entregou já estava fora de vista. — Falei.
— Não abra. — Alertou Mason.
— Eu não pretendia mesmo. — Falei, encarando a caixa com
desconfiança. — Quando uma caixa suspeita chega assim, boa coisa não é. —
Falei.
— Eu vou abrir, só fique afastada. — Pediu ele. Eu me afastei da caixa e
Mason abriu-a. — Eu não posso acreditar nisso! — Disse ele, e curiosa, me
aproximei dele para espiar dentro da caixa.
Lá dentro estava um laço vermelho impecável e muito bonito, e um papel
com a seguinte frase em letras garrafais.
— Maldito!
— Mason, isso é... — Eu vi notícias sobre o incendiário na Tv. Mason me
comentou sobre o caso algumas vezes, mas nunca imaginaria que algo assim
surgiria.
— O incendiário. — Disse ele. — O maldito me tinha como alvo. Quem
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Vinte
Eu não nasci para viver sozinho. Torne esta casa em um lar. Quando eu
subir as escadas e virar a chave,
36
Ah, por favor, esteja lá ainda apaixonada por mim.
Mason
Um mês depois...
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presente, um filhote de labrador que Duke lhe deu de presente, e ela o batizou
carinhosamente de Duke.
— Desculpe ela dar seu nome ao cão, Emma não é muito criativa com
nomes... já temos como exemplo o senhor Panda. — Duke deu uma
gargalhada alta.
— Não se desculpe, fico honrado de um cachorro tão bonito ter o meu
nome.
Sorri de volta, mas logo me lembrei de um assunto delicado.
— Então, Duke, o seu amigo policial não descobriu nada?
Duke me encarou sério. Ele havia pedido para que eu deixasse aquele
assunto de lado.
— Não. — Ele suspirou. — Você sabe que o zelador que encontraram
carbonizado em uma das casas era um bombeiro aposentado do 13º batalhão.
Eles estão investigando por esse caminho, para saber quem era o cumplice
dele.
— O cara deixou um laço e uma ameaça na porta da minha casa. —
Repeti impaciente como sempre fazia.
— Vire os hambúrgueres. — Disse ele, apontando para a churrasqueira.
Eu estava quase queimando o churrasco. — Mason. — Começou Duke com
toda a paciência do mundo. — Os policiais já disseram que o incendiário
observa as famílias semanas antes de cometer o ato. Para ele, observar você
seria fácil, assim como foi com os outros.
— Eu sei, mas ainda sinto que essa pessoa está mais perto de nós do que
imaginamos. — Falei e cocei a nuca. Era algo que me incomodava e não me
deixava descansar à noite.
— Os policiais são competentes, tenho certeza que logo irão prender o
maldito.
— Assim espero, Duke. Assim espero.
— Rapazes, a salada já está na mesa, e todos os acompanhamentos. —
Disse Camille, enlaçando a cintura de Duke. — Estou com fome, papai.
Duke a abraçou de volta e sorriu. Seus olhos brilhavam.
— Mason, acelere logo. Minha bebê está com fome. — Disse Duke, e isso
me fez rir.
Camille era quase da altura do pai, e ver Duke chamando-a de bebê era
engraçado.
— Sim, senhor! Dentro de cinco minutos a carne estará pronta. — Voltei
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milhas de Chicago. Ela estava casada com o homem que a salvou da mulher
horrível que nos colocou no mundo, e tinha três filhos: uma menina de
dezenove anos, e dois meninos, de vinte e sete e trinta anos.
Eles não puderam vir juntos nessa viagem, mas em breve viriam, já que os
convidei para o dia de ação de graças em nossa casa. Minha irmã era diretora
de um orfanato, e logo teria que retornar. Ela quis trabalhar nesse ramo para
ver se assim me localizava mais rápido, porém o destino quis que nos
encontrássemos apenas agora, e iriamos voltar a conectar laços que a muito
foram desfeitos. Mas assim como eu nunca a esqueci, Britanny jamais me
esqueceu também. Emma amou sua tia, e contou sobre a história de Tiana.
Foi um dia muito feliz, com pessoas que eu amava; e aquilo fez com que
eu me esquecesse sobre o incendiário, pelo menos por ora.
Naquela noite, com Brooke nos meus braços, eu a amei e venerei seu
corpo com todo o amor que eu tinha.
Quando Brooke voltou para a escola no semestre seguinte foi nomeada
como vice-diretora, já que o antigo vice-diretor assumiu o lugar de Diane.
Para Brooke foi difícil voltar a escola e não encontrar Diane. Ela disse que
ainda fazia café com pouco açúcar como Diane gostava, e achava que isso
jamais iria mudar. Iriamos nos casar na primavera do ano seguinte, e eu
estava tentando convencer Brooke a morar conosco desde já. Esperava que
ela aceitasse logo. Assim nossa família estaria completa, Emma, Brooke, eu,
e nosso cãozinho Duke.
Eu nunca desejei uma família, pois aquela que nasceu para ser minha mãe
nunca foi minha família, aquele nunca foi meu lar mas eu agora tinha total
certeza de que família é aquela que escolhemos, com o coração.
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Vinte e Um
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Emma, e Allison havia ligado um mês antes avisando que iria embora para a
França, pois estava cansada de Las Vegas, e que Mason poderia ficar
tranquilo pois ela não pretendia voltar nunca mais, já que conheceu um
francês que estava apaixonado por ela.
Os pesadelos de Mason cessaram. Chegamos a conversar sobre terapia
para que ele superasse seus traumas; fomos a algumas sessões, mas não era
mais necessário ir. O que realmente curou Mason foi o amor.
Estávamos montando a biblioteca da Bela e a Fera em casa, uma sala era
apenas para os livros, meu cantinho e de Emma. Eu não sabia o que o futuro
estava nos reservando; mas tinha certeza que se houvessem obstáculos, todos
nós iriamos enfrentá-los juntos.
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FIM!
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Nota da autora
Olá pessoas lindas do meu Brasil e do mundo! A temporada 2 da série
Fire terminou, e logo vamos iniciar a temporada 3, que será com nosso casal
quente Minah e James Lennox. Parece que algo grande aconteceu com eles.
Bem, espero publicar o livro 3 ainda esse ano, antes do Natal, quem sabe.
Quanto ao incendiário, vocês têm alguma pista de quem é? Ainda não? Creio
que no livro 3 muitas coisas ficarão mais claras para vocês.
Parte das coisas que aconteceram com Mason aconteceram na vida real. É
uma história de vida verídica, e algumas coisas foram inventadas, outras não.
A homenagem a professora foi um pequeno gesto meu para que ela jamais
seja esquecida. Ela foi uma verdadeira heroína e merece ser lembrada para
sempre.
Obrigada por acompanharem até aqui. E até o próximo livro! Um beijão
no coração. Amo vocês.
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Notas
[←1]
O nome da escola é fictício, criado pela autora.
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[←2]
Cedar Falls é uma cidade localizada no estado americano de Iowa.
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[←3]
911 é o número para emergências nos EUA.
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[←4]
Página 97 – Amante desperto – Irmandade da adaga negra – Volume 3
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[←5]
Música Monster - EXO
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[←6]
Música Monster – EXO
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[←7]
Música LOSER – BIG BANG
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[←8]
Nos EUA as datas são colocadas de forma diferente, enquanto no Brasil seria 23/04; Nos EUA o
mês vem antes do dia.
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[←9]
Música I Need U - BTS
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[←10]
Nome fictício.
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[←11]
Nome fictício.
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[←12]
Lover Revealed de J.R.Ward( em português Amante Revelado) é o 4º livro da série de livros
conhecida como Irmandade da adaga negra no Brasil.
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[←13]
Baby Don’t Cry – EXO
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[←14]
Serendipity - BTS
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[←15]
Música: You are not alone – Michael Jackson - Você não está sozinho/Eu estou aqui com
você/Mesmo nós estando distantes/Você sempre estará em meu coração/Você não
está sozinho
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[←16]
Guerra e Paz – Liev Tolstoi/ Livro com aproximadamente 700 páginas, cada volume.
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[←17]
Música: Darling - TaeYang
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[←18]
I’m Yours – Jason Mraz
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PERIGOSAS
[←19]
Wake me up – Taeyang
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PERIGOSAS
[←20]
Paradise – GOT7
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[←21]
Stay – Black Pink
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PERIGOSAS
[←22]
Jailhouse Rock – Elvis Presley
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PERIGOSAS
[←23]
Dream Girl - Shinee
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PERIGOSAS
[←24]
DNA - BTS
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PERIGOSAS
[←25]
Transtorno obsessivo compulsivo.
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PERIGOSAS
[←26]
Love never felt so good – Michael Jackson feat Justin Timberlake
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PERIGOSAS
[←27]
Bill Clinton foi o 42º presidente dos EUA entre os anos de 1993 e 2001.
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PERIGOSAS
[←28]
My Little girl – Jack Johnson
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PERIGOSAS
[←29]
É uma bebida á base de café, uísque irlandês, açúcar e chantilly.
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PERIGOSAS
[←30]
Spring Day – BTS
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[←31]
My Heart Will GO On - Celine Dion
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[←32]
Last Dance – Big Bang
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[←33]
Essa é uma pequena homenagem à professora Heley Abreu, que arriscou sua vida para salvar as
crianças na creche em Janaúba – MG. Para que seu ato nunca seja esquecido, ao menos será
eternizado neste livro. (Nota da autora: Muitos chamam os jogadores de futebol de heróis, mas
os verdadeiros heróis estão entre nós, uma pena eles não receberem o devido reconhecimento.
Meus sentimentos às famílias que sofreram essa terrível tragédia).
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[←34]
Essa história se passa no ano de 2015, quando Obama era o presidente.
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[←35]
Cosmos uma odisseia no espaço-tempo é uma série americana de documentário científico.
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[←36]
A house is not a home – Dionne Warwick
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[←37]
Aproximadamente três mil e duzentos quilômetros.
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[←38]
You’re my - Taeyang
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