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PERIGOSAS

Mason
Série Fire
Volume 2

Jennifer Souza

NACIONAIS-ACHERON
PERIGOSAS

Copyright © 2017 Jennifer Souza


Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob
quaisquer meios existentes sem a autorização por escrito da autora.

Revisão e Sinopse: Beka Assis


Diagramação: Jennifer Souza
Capa: Jéssica Gomes

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+18
Jennifer Souza
1. Romance
2. Adulto
3. Suspense

Todos os direitos reservados á Jennifer Souza


Essa é uma obra de ficção.
Quaisquer semelhanças com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência.

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Prólogo

Mason
Aquilo só podia ser uma piada. Uma brincadeira de mau gosto que meus
colegas idiotas estavam fazendo comigo. A ficha ainda não tinha caído.
Encarei a mulher à minha frente; aquela que eu não via faziam mais de cinco
anos.
— Você pode repetir o que acabou de dizer?
Ela revirou os olhos impaciente e bufou.
— Eu disse que essa menina é sua filha, e que estou indo embora. — Ela
empurrou a menina na minha direção. A criança me encarou assustada, e seus
olhos cor de chocolate, amedrontados, me trouxeram lembranças de meu
passado sombrio. — Já a criei até agora sozinha. É sua vez. — Ela largou
uma mochila velha na minha frente.
— Allison, você só pode estar louca se pensa que vou acreditar nessa
história. Tivemos uma noite juntos no dia de São Patrício a séculos atrás.
— Uma noite bastou para que Emma nascesse.
— E por que você não me procurou antes?
— Eu estava casada, Mason. Só que não deu certo, e agora eu consegui
uma ótima oportunidade de emprego em Vegas. Óbvio tive de mentir que não
tinha filhos ou então perderia a vaga. — Allison trocava o peso do corpo de
um pé para o outro. — Eu preciso ir, tá legal?! Cuide da garota.
— Eu não posso, entregue ela para alguém da sua família. — Falei
desesperado. — Não tenho a menor experiencia com crianças.
— Se vira, meu amigo. Eu não fiz ela sozinha, e também tive de me virar
quando ela nasceu. — Ela empurrou a menina mais uma vez na minha
direção. Ela tinha um olhar desafiador e ao mesmo tempo assustado.
— Quem me garante que essa menina é minha filha? — Ela fez sinal para
um taxi.
— Faça o DNA se você tem dúvidas. — E então ela entrou no taxi
deixando a menina na minha frente como se fosse apenas um objeto que

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deixou aos meus cuidados. Ela sequer se despediu, simplesmente abandonou


a filha e se foi.
— Eu... hã... — Eu não sabia o que fazer com a menina em minha frente.
— Cara, vá para a casa. — Michael disse, se aproximando. — Desculpa,
mas eu ouvi tudo... não teve como não ouvir. Vá que eu cubro seu turno, e
também está tranquilo hoje.
— Eu... eu vou fazer isso.
— E tem os outros batalhões também. Vai nessa cara.
— O Duke... eu...
— Eu explico para ele.
Apenas assenti. Estava um tanto anestesiado para mencionar qualquer
coisa.
Peguei um Dunhill no meu bolso. Eu precisava de um cigarro; na verdade,
necessitava. Coloquei-o sobre os lábios, e com um isqueiro acendi a brasa.
— Você sabia que isso vai te matar? — Uma voz doce e decidida me
disse.
Encarei a menina de cabelos encaracolados. Ela me encarava de volta.
— E o que isso tem a ver com você? — Perguntei, irritado. — Vamos
embora. — Indiquei a ela minha velha Chery vermelha. Ela olhou para o
carro com desconfiança. — Anda garota, pegue sua bolsa e vamos. — Insisti.
A tragada no cigarro fez meus nervos relaxarem ao menos um pouco.
— Está muito pesada. — Respondeu ela. — E meu nome é Emma.
— Tanto faz. — Peguei a bolsa no chão. — Vamos.
Ela me seguiu um tanto quanto irritada.
Joguei a mochila no porta-malas e mandei-a sentar no banco de trás. Ela
não me obedeceu.
— Vou sentar aqui. — Ela entrou no carro e acomodou-se no banco do
carona como uma rainha.
Dei mais uma tragada profunda no cigarro e o joguei no chão, apagando-o
com a sola do sapato. Entrei no carro. O que eu farei com aquela garota?
Dei partida no carro para encarar o transito noturno de Chicago e segui
para o sul, para o meu velho apartamento alugado em Chinatown.
— Você não tem parentes onde possa ficar? — Perguntei para a garota ao
meu lado.
— Não. Ao que parece, só tenho você. — Disse, mal-humorada.
— Você é bem articulada para uma menina de seis anos. — Comentei. —
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Mas eu vivo em um apartamento apertado, e no momento não sei bem o que


fazer contigo.
— Pode me deixar em uma casa de adoções, um lar para crianças... Eu vi
na tv que tem muitos por aí, e não parecem tão ruins assim e.…— Ela parou
de falar quando eu soltei uma risada sem humor.
— Acredite, nem tudo o que dizem na tv é verdade.
— Eu não sou burra para acreditar em tudo o que está na tv, e o lar para
crianças parece melhor do que uma casa na qual não sou bem-vinda.
Fiquei impressionado com a inteligência daquela menina.
— Não vou te abandonar em um lar para crianças. — Falei decidido. Já
havia passado por tal coisa e não fora nada bonito. — Vou te levar comigo
até descobrir o que fazer com você.
— Mason, não é? — Olhei para ela rapidamente. — O seu nome? Como
devo chamar você?
— Mason, pode me chamar de Mason. — Retruquei.
— O que você pretende fazer comigo? — Perguntou ela.
— No momento, vou te dar um teto para dormir e comida.
— E depois?
— Depois vou encontrar algum parente para tomar conta de você. Eu
passo o dia inteiro fora e não tenho como ficar com você. — Meu maxilar
ficou rígido. Por Deus, eu adoraria mais um cigarro agora, mas nunca fumava
dentro do carro.
— Eu também não estou feliz com isso. — Disse ela.
— Eu não sirvo para ser pai.
Ela apenas encarou a paisagem pela janela, e ficamos em silêncio o resto
do caminho.
Eu nunca tive um pai e uma mãe, como eu poderia ser um pai? Eu iria
arranjar um lar para aquela menina, e iria seguir com a minha vida. Ela era
boa do jeito que estava.

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Um
O que você faria se o personagem do livro que você está lendo tomasse
forma e surgisse em sua porta?

Brooke Caminhei pelo longo corredor da escola


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primária de South Loop , cumprimentando a
todos com um sorriso no rosto. Era mais uma semana
que se iniciava e uma nova aluna iria começar em
nossa turma. Programei atividades divertidas
para aquele dia, para fazer Emma Mayfield
sentir-se bem-vinda.
Entrei na sala, e todos os alunos já estavam em seus devidos lugares. Dei-
lhes um bom dia animado e organizei o meu material em cima da mesa antes
de começar mais um dia de aula. Quando peguei o giz para começar as
atividades, a diretora Schaefer bateu na porta. Ao seu lado estava uma linda
menininha de cabelos encaracolados e olhos cor de avelã. Ela usava uma
camiseta amarrotada e calça jeans. Certamente foi seu pai quem a vestiu.
— Bom dia, senhorita Valentine. Trouxe mais uma aluna para a sua
turma.
Levantei da minha mesa e fui receber a aluna.
— Seja bem-vinda, Emma. — Ela estava séria e acuada. — Eu sou a
senhorita Valentine, mas pode me chamar de professora Brooke. — Virei
para os outros alunos e falei: — Por favor crianças, deem as boas-vindas a
Emma.
— Seja bem-vinda, Emma. — Todos falaram em uníssono.
— Pode sentar-se ao lado da Julia, Emma. — Indiquei o lugar e ela
sentou-se.
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E assim iniciei a aula.

******

Cinco dias depois...sábado.

— Não mãe. Eu não vou no casamento de Kayleen. — Minha mãe insistia


no telefone que eu tirasse uma semana de licença para ir ao casamento da
minha prima. — Mãe, não vou deixar a escola na mão. Já te disse que eles
estão com as verbas baixas, não há condições de eles colocarem uma
substituta no meu lugar.
— Você deveria arrumar um emprego em uma escola melhor. Há tantas
por aí que dariam mais oportunidades para você.
— Mãe, eu já disse que amo aquela escola e as pessoas nela. Sou feliz
assim, não vou mudar para outra escola só pelo dinheiro... imagine o quão
infeliz eu seria por trabalhar só pelo dinheiro?
— Você e seu pai sempre foram sonhadores, mas não é isso que coloca
comida na mesa.
Suspirei impaciente, minha mãe nunca iria entender.
— Por falar nisso, como está o papai? — Ela bufou.
— Está na garagem construindo outro telescópio. Ele insiste que dessa vez
irá encontrar algo.
Sorri. Meu pai foi professor de astronomia antes de se aposentar, e já
descobrira duas estrelas. Uma delas ele batizou com meu nome e a outra com
o nome do meu irmão, Trent. Agora que estava aposentado e apenas escrevia
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pequenos artigos quinzenais para o jornal local de Cedar Falls , e em seu
tempo livre construía telescópios, procurava por vidas alienígenas, e
pesquisava sobre teorias da conspiração na internet.
— Diga a ele que irei visita-los em breve. — Prometi.
— Quando?
— No quatro de julho.
— Ainda faltam três meses para o dia da independência. Sua prima vai
ficar desolada por você não vir para o casamento dela. — Suspirei.
— Acredite mamãe, ela vai entender. — Levantei do sofá. Estava com

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fome, iria fazer um macarrão ao alho e óleo. — Vou mandar um presente


com um cartão para ela. Ai! — Me encolhi toda ao topar com meu dedo
mindinho na mesinha ao lado do sofá.
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— O que houve? Alguém entrou aí? Devo ligar para o 911 ?
— Porr... — Engoli o palavrão. — Não, mãe. Só bati com meu dedinho
naquela mesa estúpida.
— Meu Deus, Brooke, você sempre faz isso. Sempre que vem nos visitar
está sempre cheia de roxos. Que desastrada!
— Estou mais cuidadosa agora. mãe. — Falei encarando o roxo na minha
canela e massageando meu dedinho.
— Sei.
— Mãe, agora preciso ir cozinhar, estou faminta.
— Vê se não vai colocar fogo na casa, hein. — Eu ri.
— E quando foi que fiz isso?
— Quer mesmo que eu responda? — Perguntou ela.
— Não. Te amo, mãe. Manda um beijão para o papai.
— Te amo também, filha. Cuide-se.
Desliguei o celular e segui até a cozinha. Coloquei a água no fogo e cortei
o alho e os temperos. Além deles, cortei meu dedo, mas já estava acostumada
a isso. Também quase me queimei com o vapor. Coloquei o macarrão no
fogo e fui até o quarto me vestir, pois tinha recém-saído do banho quando
minha mãe ligou, então optei por usar minha velha camisola dos ursinhos
carinhosos.
Meu celular estava ficando sem bateria, peguei o carregador na minha
bolsa e o livro caiu... Aquele livro que eu havia comprado na livraria caiu da
minha bolsa.
E sem resistir, comecei a lê-lo...

“Desta vez quando sua língua o acariciou, ele abriu os lábios, e sua
própria língua a encontrou hábil e cálida. Uma volta lenta começou... e
então ele estava em sua boca, pressionando, procurando. Sentiu a agitação
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sexual nele, o calor e a urgência que cresciam em seu grande corpo. ”

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Escutei sons altos, batidas na porta, e um apito... só então me dei conta da


fumaça. Havia fumaça entrando em meu quarto. Estava tão envolvida na
leitura e naquela cena em si que não notei que quase havia colocado fogo na
casa. Joguei o livro na cama e sai correndo, triste por parar no meio de uma
cena que seria o ápice. Desliguei o fogo do fogão e notei que a água da massa
havia secado, que o macarrão havia virado carvão, e ainda batiam na porta
com força. Eu ainda estava com o gigante Zsadist na cabeça, mas comecei a
tossir. Abri a porta e encontrei o meu Zsadist... era como eu imaginava o
personagem do livro que estava lendo, com a pele bronzeada, grande feito um
armário, seus lábios eram carnudos. Por um momento pensei que talvez eu
estivesse dentro de um sonho, mas tossi novamente, e isso me fez ter certeza
de que não estava sonhando.
— Oi...
— Espere no lado de fora que vou conter o fogo.
Ele praticamente me empurrou para o lado de fora, sem qualquer vestígio
de gentileza.
Eu não conseguia tirar os olhos dele. O bombeiro abriu as janelas da
minha casa para que a fumaça fosse contida e jogou minha panela de
macarrão no lixo.
— Você está bem? — Ele perguntou-me.
— Sim.
— Agora me explique como diabos isso foi acontecer? — Perguntou
irritado, mudando de humor de uma hora para outra.
— Eu... eu... estava lendo um livro e devo ter me distraído.
— Você sabia que poderia ter se matado? Ou pior, causado um incêndio
no quarteirão inteiro e matado mais pessoas? Quanta irresponsabilidade.
— Hey, eu não fiz por querer.
— Tenha mais cuidado da próxima vez, não é apenas a sua vida que está
em jogo. Nós nos deslocamos até aqui sendo que poderíamos estar salvando
outras vidas.
— Acidentes acontecem, sabia? — Falei. Aquele homem era lindo, e eu
me senti totalmente atraída por ele, mas nem por isso iria permitir ser tratada
com grosserias. — E você está apenas fazendo seu trabalho, pago impostos
para isso.
— Espero que seja mais cuidadosa a partir de hoje. — Disse ele dando
dois passos na minha direção. — Eu poderia estar em casa, mas precisei vir
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aqui atender essa emergência por causa da sua irresponsabilidade.


— Repito, você só está fazendo seu trabalho. Não deveria tratar as pessoas
assim se o seu dia foi terrível. — Falei.
— Seja mais responsável, moça.
Ele estava tão próximo de mim que eu podia sentir o calor do seu corpo.
Minha cabeça estava erguida para encará-lo, e bastaria ele baixar o rosto para
unir nossos lábios.
Umedeci os lábios com a língua e sonhei por um momento que o
bombeiro grosseirão iria, de fato, me pegar nos braços e beijar minha boca.
Seu olhar desceu para os meus lábios e notei uma pequena faísca ali... ele
pensou o mesmo que eu. Eu queria tanto ser beijada e tomada por aquele
homão, e ele desejava o mesmo.
— Precisa de ajuda? — Um homem falou na porta. O grandão,
desconcertado, se afastou de mim.
— Não, Caleb. — Disse ele irritado.
— Percebi. Desculpe interromper. — O homem bonito e mais jovem
sorriu, e então girou nos calcanhares.
— Ahn... — Eu não conseguia parar de olhar para aquele homem, nem
articular palavras ou frases completas.
— Seja mais responsável. Espero que tenha aprendido a lição. — Disse
ele. Então, com um aceno saiu.
Fiquei observando suas costas largas quando saia de casa. Eu precisava
olhar para ele, como precisava de ar para respirar. Que homem.
Eu nem sabia seu nome, ele sequer tinha educação. Mas meu corpo o
desejava com todas as forças. Aquele bombeiro se tornou a minha fantasia
mais secreta. Ele veio conter o incêndio, mas me deixou em chamas. Eu
adoraria vê-lo novamente.
Tranquei a porta e voltei para o meu quarto. O livro estava jogado em
cima da cama. Poderia não ver aquele homem novamente, mas eu, sem
dúvidas, o veria em minha imaginação.
Peguei o livro e voltei a lê-lo, comendo um salgadinho em cima da cama.

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Dois
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Ela está me deixando louco. Por que meu coração está acelerado?

Mason
Cara, aquilo era uma incrível bosta. Estávamos recém no dia 14 do mês, e
era o segundo incêndio criminoso que atendíamos. Todos os dois vieram
acompanhados daquele laço vermelho irritante. Todos em casas de pessoas
ricas. Cara, eu sei que os ricos são todos um bando de escrotos, mas esse
incendiário estava me deixando nos nervos. Não bastava os meus problemas
pessoais, agora esse também. Juro que se pegasse o maldito, iria quebrar a
cara dele.
Acendi um cigarro e encarei o sol. Daqui a pouco ele iria embora, e
chegaria para iluminar a terra natal de Minah. Aquela garota me surpreendeu
bastante. Quando a vi chegar no batalhão pensei que ela seria apenas um peso
entre nós, mas ela era muito útil e habilidosa.
— Hey, Monstro... apaga esse câncer e vá falar com Duke, ele está te
chamando. — Falou Tyler.
— Não vem você me encher também. É só um cigarro, porra. Se eu ficar
com câncer, a culpa será só minha e de mais ninguém. — Disse irritado.
— Hey, calma aí, amigão... Eu sempre chamei essa coisa nojenta de
câncer e você nunca falou nada.
Dei minha última tragada e apaguei a brasa com o pé antes de jogar o
resto de cigarro na lixeira.
— Eu sei, idiota; mas agora parece que todos querem me encher por causa
disso. — Principalmente uma menininha geniosa que tinha os meus olhos e o
meu sorriso, e que no último mês bagunçou minha vida e minha casa.
— Desculpa, cara, mas você deveria parar com essa bosta. Um cara
inteligente como você, fumando... isso coloca sua inteligência à prova.
— Vá lavar as suas saias e me deixe em paz. — Bufei e passei por ele
para entrar no batalhão e conversar com Duke.
— É kilt, idiota! — Gritou Tyler nas minhas costas.
Bati na porta de Duke e logo entrei. Ele estava sentado, imponente, diante
da sua mesa; usava óculos de leitura e estava com a testa franzida encarando
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um papel. Duke era o único homem no batalhão que eu temia e respeitava. Eu


admirava-o como um filho que admira seu pai. Ele, na verdade, foi a única
figura paterna que tive para me espelhar, então eu o admirava como se ele
fosse meu pai, mesmo eu tendo trinta e um anos, sem ter idade para ser seu
filho. Pigarrei para chamar sua atenção e ele me encarou, deixando os papéis
largados na mesa.
— Mason. — Ele tirou os óculos. — Sente-se, por favor. — Pediu ele. Fiz
o que ele me pediu.
— Queria falar comigo. — Não foi uma pergunta, mas ainda assim Duke
assentiu.
— Na verdade, eu gostaria de saber como está Emma e você.
— Chefe, eu...
— Não, nesse momento não sou seu chefe, sou seu amigo... Então fale...
— Suspirei.
— Tudo está bem, eu estou bem, Emma está bem também... Sabe, é uma
coisa temporária, e logo ela irá embora, então...
— Por que ela precisa ir embora? — Ele sempre me fazia aquela pergunta.
— Você sabe, Duke, não sirvo para ser pai. — Passei a mão na cabeça e
desejei outro cigarro. Deus, desse jeito eu iria fumar dois maços por dia. —
Eu não consigo nem manter uma namorada perto de mim. Sou um monstro,
não é mesmo? Todos sabem que sou intragável.
— Para de drama, Mason. Você sabe que ganhou esse apelido só porque é
grandão e mal-humorado. — Disse Duke. — O verdadeiro monstro nessa
história toda é esse maldito incendiário. Monstro são assassinos,
estupradores... esses seres são chamados de monstros, pois nem podemos
considerar chamá-los de pessoas.
— Duke, isso não vem ao caso. Estou procurando parentes de Allison para
tomar conta de Emma.
— Já se passou um mês e você ainda não encontrou ninguém. Fique com
sua filha, Mason... sei que é difícil, mas você logo vai notar que não consegue
viver sem ela. — Duke encarou a fotografia na parede e acompanhei seu
olhar. Lá estava ele com um sorriso orgulhoso ao lado de sua filha Camille.
— Eu não sou como você, Duke.
— Você é mais parecido comigo do que imagina. Quando fiquei viúvo,
quase surtei e...
— Duke. — O interrompi. — Eu preciso ir, tenho de pegar Emma na
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escola, e meu horário de trabalho já acabou mesmo.


— Tudo bem, pode ir.
— E Duke? — Falei, levantando-me.
— Sim.
— Não insista nesse assunto. Em breve vou encontrar algum parente de
Emma... ela merece alguém melhor do que um fodido que nem eu como pai.
— Falei e virei-me para abrir a porta.
— Emma precisa do pai dela e de amor... isso é o suficiente para ela. —
Disse ele antes que eu deixasse a sala.
— Eu não conheço essa palavra chamada amor.
Deixei a sala de Duke. Nem me despedi dos imbecis, apenas peguei
minhas coisas no armário e saí de lá.
Entrei no carro e fiquei alguns minutos lá dentro em silêncio. Minha
mente sombria foi inundada por pensamentos de um passado distante, que eu
tentava a cada dia me esquecer. Porra, eu tinha quatro anos! Por que tinha
que me lembrar de coisas que ninguém lembra? Pergunte a qualquer um se
eles têm lembranças de quando tinha quatro anos de idade, e a resposta
sempre será um não. Ninguém se lembra. Mas como minha mente era fodida,
é claro que eu me lembrava com perfeição.

Eu sentia saudades dela. Ela sempre me abraçava forte e dizia o quão


bonito eu era. Então, por que ela se foi? Eu odiava aquele homem que a
levou para longe de mim, minha mana... sentia saudades da minha mana...
Agora mamãe estava sempre agressiva comigo, mais do que o normal de
agressividade. Eu estava com fome, meu estomago doía muito, mas fiquei em
silêncio, pois se eu pedisse comida para a mamãe, ela pegaria o cinto de
novo e eu não gostava daquele cinto.
— Você se casou, não é mesmo? Deixou o seu irmão para eu cuidar!
Quem vai cuidar dele agora? — Minha mãe gritava ao telefone. — Era sua
obrigação cuidar do seu irmão! Mas agora eu vou dar ele, espero que você
esteja satisfeita com o que causou, Britanny. — Minha mãe ficou em silencio
um pouco mais e então voltou a gritar. — Eu vou dar ele, espero que esteja
satisfeita. — E então o telefone voou longe, espatifando-se no chão ao meu
lado, e por pouco não me atingiu.

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— Mason, você hoje vai para um novo lar. — Minha mãe disse meio
cambaleante ao sair do quarto. — Eu tenho um novo namorado agora, e não
tenho tempo para cuidar de você. Se sua amada irmã estivesse aqui, ela
cuidaria de você... mas não, ela nos abandonou para casar aquela
desgraçada! É por culpa dela que estou te mandando embora, é tudo culpa
dela.
Comecei a chorar, sentia falta da minha irmã. Ela era a única que me
dava carinho, a que me dava banho e comida. Eu por vezes fantasiei que ela
fosse minha mãe, pois Brit era minha mãe de verdade, já que ela cuidou de
mim desde que nasci.
— Pare de chorar, seu idiota! Sua irmã não te ama. Por isso ela te
abandonou, por causa de um homem.
Tocaram a campainha e minha mãe sorriu. Ela ficava tão bonita quando
sorria, porém, ela nunca sorria para mim.
— Eles chegaram. — Satisfeita, ela foi até a porta e recebeu um homem e
uma mulher estranhos. — Ali está ele, e aqui estão as bolsas. — Os dois
olharam na minha direção e então a mulher sorriu para mim, calorosa.
— Você deve ser o Mason. Mason, agora você é o meu filho. — Ela me
pegou no colo, e ela era tão cheirosa.
O homem entregou um envelope a minha mãe, que sorriu ainda mais, e
então eles me levaram embora. Minha mãe sequer me olhou ou se despediu
de mim. E por mais que eu a odiasse, aquilo perfurou minha alma e me
marcou para o resto da vida.

Talvez essa fosse a razão de eu lembrar tão claramente de algo que me


aconteceu aos quatro anos de idade, afinal foi um evento traumático.
Lembrei-me um mês atrás, quando Emma foi entregue em minhas mãos. Sua
mãe também nem olhou para trás ou se despediu dela. Eu vi na força do olhar
de Emma a mesma dor que havia em mim.
Dei partida no carro e segui em direção a escola da minha filha. A minha
vida era uma bosta, e por isso eu precisava encontrar e logo os parentes de
Emma, para que eles tomem conta dela e eu volte a minha antiga e
organizada vida.

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— Como foi a escola? — Perguntei naquela noite durante o jantar.


— Normal. — Emma deu de ombros e continuou comendo o macarrão
que eu havia preparado.
— Você tem dever de casa? — Perguntei. Imaginava que fosse isso que os
pais perguntavam.
— Isso importa? Eu logo vou embora mesmo. — Disse ela, irritada; e
então levantou-se da mesa e correu para o quarto de hospedes, batendo a
porta com força.
Por que ela estava tão irritada? Ela mesma disse que não estava nem um
pouco contente com tudo aquilo. Deus, eu estava tão frustrado que iria ficar
louco. Levantei da mesa, fui até o quarto e bati na porta.
— Emma, venha terminar seu jantar. — Chamei.
— Não estou com fome.
— Emma, você precisa se alimentar para ficar saudável. — Insisti.
— Eu disse que não estou com fome.
— Emma, não seja malcriada! — Falei impaciente. — Abra essa porta e
seja educada!
Ela abriu a porta e me encarou furiosa.
— Que diferença faz se sou educada ou não? Se a escola está indo bem ou
não? Se faço o dever de casa ou não? Logo eu vou embora, então por que
devo me esforçar?
Os olhos de Emma estavam cheios de lágrimas e eu não sabia o que fazer.
— Emma...eu... — Eu não sabia como lidar com aquela situação. Ela
parecia tanto comigo quando eu era criança. Ela, assim como eu, havia
amadurecido rapidamente a duras penas.
— Eu vou dormir. Amanhã tenho que ir para a escola. Boa noite. — Ela
fechou a porta novamente e o estrondo fez com que meu coração ficasse

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ainda mais apertado.


Eu nem sabia que tinha um coração, mas ele parecia bem vivo, já que
havia palpitado nesse último mês por duas mulheres diferentes... primeiro por
minha filha, e depois por aquela desconhecida e bela mulher.
As duas perfeitas demais para alguém como eu. Belas, inocentes e
inalcançáveis.

Limpei a mesa e lavei as louças. Verifiquei meu computador em busca de


algum parente de Emma e não encontrei nenhum. Ela precisava de um lar
decente e logo, de uma família que pudesse lhe dar amor e carinho. Frustrado
por mais uma vez minha busca não ter levado em nada, fui me deitar.
Amanhã era um novo dia, e eu precisava ir trabalhar.

— Hey Mason, tem algo quente para você conter. — Disse Trevor. Ele
sorriu sugestivamente. — Agora que descobrimos seu lado Tribbiani, vá...
— Do que está falando, idiota?
— Alerta de incêndio no mesmo local daquele dia.… com aquela
mulher... Vá...
— De novo? — Aquela doida iria se matar.
— Sim, vá...— Falou Trevor.
— Vá você. Por que tem que ser eu? — Vi todos os idiotas ali de pernas
para o ar.
— Ela é a sua garota. Vá, seu idiota. — Disse Trevor.
— Sim, ela provavelmente causou esse incidente para te ver. — Disse
Caleb. — Vi a forma como vocês se olhavam.
— Não vou para lugar nenhum. — Falei mal-humorado.
— Você vai sim, é uma ordem. — Disse Duke da porta.
— Duke, mas...
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— Vá, Mason. Michael está esperando você. Ele vai dirigir até lá.
— Oh, Mason, salve-me com sua mangueira. — Disse Henry imitando
uma voz fina.
— Oh, Mason, peguei fogo pensando em você. — Zoou Tyler.
— Idiotas! — Bufei e sai antes que batesse em alguém. Entrei no veículo
com Michael, que acelerou no mesmo instante.
— Eles estão pegando pesado com você, não é mesmo? — Perguntou ele.
— Ah, cara, você não faz ideia. — Bufei.
— Eles só querem que você se de bem.
— Claro, namorando uma doida que vive colocando fogo na casa.
— Que é linda pra caralho. — Falou ele.
— Você nem a conhece. Como sabe que é linda? — Perguntei. um tanto
possessivo.
— Caleb falou, e acredito no julgamento dele, afinal ele está com a Karen.
— Assenti. Quem diria que aquele idiota conseguiria uma namorada tão boa.
Gostava de Karen, apesar de não conhecê-la tão bem.
— Chegamos.
Desci do carro ainda mal-humorado, e em segundos estava diante da porta
da casa daquela mulher, doida e linda.
Bati na porta com força, e ela logo a abriu para mim.
— Oi...
Deus, por que ela tinha que ser tão linda?
Invadi a casa dela em busca do foco do fogo, e logo localizei algo que
deveria ser uma lasanha, mas que virou carvão. O forno estava aberto e as
janelas escancaradas.
— Eu vim, pois recebi um chamado de incêndio. — Falei, encarando-a.
— O que aconteceu desta vez?
— Eu me distraí lendo um livro e aconteceu...
— Aconteceu? — Perguntei, incrédulo. Ela mordeu o lábio inferior e
desejei beijar seus lábios para saber se eram tão doces quanto eu imaginava.
— Ops. — Foi tudo o que saiu dos seus lábios.
— Ops? Você quase causou um incêndio grave e diz apenas “ops”.
— Isso pode acontecer com qualquer um. — Explicou ela.
— Estou começando a achar que os meus colegas têm razão. — Disse
dando um passo na direção dela.
— Razão sobre o que? — Perguntou.
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— Que você anda causando incêndios só para que eu venha apagá-los.


Ela engasgou com a saliva e começou a tossir.
— Que coisa ridícula de se dizer. — Disse ela.
Eu só queria mergulhar meus dedos naqueles cabelos dourados, puxá-la
para mim, colar meu corpo no seu e beijar sua boca cor de cereja com
vontade.
— Será mesmo? — Perguntei. — Ou é isso, ou você é realmente estúpida
por deixar que algo queime em seu fogão duas vezes na mesma semana.
— Eu...— Ela esbarrou em um balde que estava no chão e teria caído se
eu não tivesse a segurado pela cintura. Puxei seu corpo contra o meu. Ela era
realmente tão macia quanto eu imaginava, tinha o aroma da primavera e um
olhar que pedia que eu a beijasse. Então foi exatamente o que eu fiz.
Cobri sua boca com a minha. O beijo começou suave, leve, e logo foi
tornando-se mais selvagem. Mergulhei minha língua dentro de sua boca
macia, e ela acariciou minha língua com a sua... foi o paraíso. Ela era como
água fresca em um dia de verão, como sorvete num dia de praia, como uma
brisa em um dia quente... Deus, ela era deliciosa, macia e doce. Mordi seu
lábio e a soltei bruscamente antes que eu perdesse o controle.
— Eu espero não ter que voltar aqui novamente, moça. Se você fizer o
alarme soar novamente, vou fazer muito mais do que apenas beijá-la. —
Alertei-a e vi o brilho em seu olhar. — Vou devorar você todinha e depois
irei embora sem olhar para trás, pois não sou como os homens dos livros que
você tanto se distrai lendo. Sou um monstro, e se você soar esse maldito
alarme novamente, vou comer você e ir embora, pois sou esse tipo de
homem. Cuide-se e fique longe de mim, você é doce demais para alguém
amargo como eu.
Sai da residência dela. Eu sequer sabia seu nome, e era bom assim. Eu
estava excitado, e tudo o que eu desejei quando a beijei foi estar dentro dela e
esquecer minha vida fodida.
— Vamos embora logo! — Falei para Michael assim que entrei no carro.
— E então, como foi? — Perguntou Michael.
— Não foi nada. Vamos embora, porra!
Eu estava de saco cheio, porque de repente minha vida tão tranquila
estava uma verdadeira bagunça. Eu só queria voltar a ficar sozinho como
sempre fui... Quando não se tem pessoas em sua vida, não há decepções,
expectativas ou abandonos. Eu só queria voltar a ficar só em minha casa, eu
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estava bem assim.

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Três
Você é linda, minha deusa, mas você está fechada, sim, sim. Eu vou bater,
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então, você me deixará entrar? Irei te dar uma emoção escondida

Brooke
Sentei no chão. Eu não tinha força nas pernas, e por Deus, quem teria
força nas pernas depois daquilo? Meus lábios estavam em chamas. Aliás,
dizer que meus lábios estavam em chamas era um verdadeiro eufemismo,
pois meu corpo inteiro estava em chamas... eu estava pegando fogo. Na
verdade, eu estava prestes a me transformar em cinzas.
—...se você fazer o alarme soar novamente vou fazer muito mais do que
apenas beija-la.
Ofeguei com a lembrança de sua ameaça. Mordi meu lábio, e seu gosto
estava ali ainda, tinha gosto de bala de menta e sua pele tinha um leve aroma
de cigarro de canela. Sua pele era tão quente que eu pude sentir seu calor
através de seu uniforme de bombeiro. E ele era forte, e Deus, grande como
um armário. Ele era tão grande... Deus, como ele era grande.
Escutei batidas leves na minha porta. Ele teria voltado? Logo essa
pontinha de esperança se foi, ele não bateria na porta com tanta delicadeza...
ele era o tipo de homem que colocaria a porta abaixo, arrancaria as minhas
roupas e me devoraria ali mesmo no chão da cozinha. A cena veio na minha
cabeça completa e desejei que isso de fato acontecesse, quando comecei a
viajar em minha própria ilusão novamente as batidas na porta ficaram
insistentes.
— Já estou indo. — Gritei, me levantei do chão. Minhas pernas ainda
estavam tremulas e meus lábios formigavam de desejo. Eu queria mais.
Abri a porta e dei de cara com Martha, minha vizinha enxerida.
— Oh, minha menina, você está bem? — A senhorinha de cinquenta e
poucos anos passou por mim como um jato e olhou apavorada para a minha
cozinha. — Você precisa ter mais cuidado com essas coisas, poderia ter
morrido.
— Senhora Martha, foi a senhora quem chamou os bombeiros? — Aquela
baixinha me encarou com um brilho nos olhos, o que a fez rejuvenescer uns
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dez anos.
— Sim, só cumpri o meu dever cívico.
Suspirei e sorri.
— Senhora Martha, já havia lhe dito da outra vez que as vezes eu posso
queimar a comida e deixar meu alarme de incêndio soar... isso me desperta,
eu venho até o fogão, desligo o fogo, e pronto tudo volta ao normal de novo.
— Apontei para ela o aparelho branco e arredondado no preso ao meu teto.
— É para isso que servem os alarmes de incêndio, para nos alertarem, e
assim nós podermos conter a fumaça.
— Algo mais sério poderia acontecer, então chamei eles. — Disse ela.
— Mas se a senhora os chamar toda a vez que eu queimar a comida, eles
não vão ficar contentes. — Expliquei. — Eles têm trabalhos mais sérios para
fazer.
— Bobagem, o trabalho deles é virem quando são chamados. — Ela
suspirou como uma adolescente. — Foi assim que conheci meu Willie, meu
falecido marido. Ele trabalhava para o 17° batalhão e veio resgatar meu
gatinho que estava em cima de uma árvore alta... nos apaixonamos e nos
casamos em menos de um mês. — Ela suspirou novamente.
— Eu sei que sua história de vida é linda, senhora Martha, mas por favor,
não chame mais os bombeiros por bobagens.
Mas que diabos eu estava fazendo? Se ele voltasse na minha casa iria
acabar comigo, e era uma das coisas que eu mais desejava em meu íntimo.
Queria ter longas horas prazerosas ao lado de um homem quente como ele,
afinal depois nós nunca mais nos veríamos mesmo. Por que eu estava
pedindo para a senhora Martha não ligar mais para os bombeiros? Qual era o
meu problema?
— Se eu ver fumaça e escutar seu alarme eu irei chamar sim, assim posso
admirá-los de longe, filha; e isso conforta meu coração.
Ah sim, foi exatamente por isso que eu disse a ela sobre não chamar mais,
pois eu sabia que ela não me daria ouvidos de qualquer jeito.
— Bem, não posso controlar suas ações, admito senhora Martha. —
Respondi. — Prometo tentar não queimar mais nada.
— Certo. Cuide-se, menina. — Ela seguiu até a porta.
— Senhora Martha, quando quiser, pode vir conversar comigo, tudo bem?
— Uma velha viúva e uma solteirona... — Disse a senhora Martha. —
Vou lhe apresentar meu neto, Malcolm. Você precisa de um namorado, para
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assim esquecer um pouco esses livros. — Disse ela apontando para a minha
entulhada estante de livros.
— Está certo, senhora Martha.
Ela saiu e girou nos calcanhares para me dar um aviso.
— E não esqueça, se eu ver fumaça novamente ou o alarme de incêndio
soar, vou chamar os homens do fogo. — Assenti e fechei a porta.
Suas palavras ecoando na minha cabeça.

No dia seguinte estava incentivando a turma a levar um livro da biblioteca


para a casa para na semana seguinte falaram o que mais gostaram no livro.
Isso lhes daria uma boa nota na média e os incentivaria a ter amor pela
leitura.
— Lembrem-se, quem tem um livro como amigo, nunca está sozinho. —
Todos assentiram e guardaram na mochila o livro.
Eu estava observando Emma. Ela estava distraída de novo, preocupada
com algo. Ela parecia tão solitária e perdida, que foi de partir o coração vê-la
guardando o livro na mochila sem entusiasmo algum.
Teríamos uma reunião de pais e mestres dali uma semana e iria falar com
seus pais. Ela precisava de atenção extra em casa, pois não parecia bem.
Quando liberei a turma, chamei Emma antes que ela saísse.
— Emma, diga aos seus pais que é muito importante que eles venham a
reunião, certo?
— Eu não moro com meus pais, só com meu pai. — Disse ela cabisbaixa.
— Certo, sem problemas. Diga ao seu pai para vir pois é importante.
— Não sei se ele vai ligar para isso. — Disse ela, dando de ombros. —
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Mas vou dizer.


Emma deixou a sala antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Ela era
diferente dos meus outros alunos, como se ela fosse mais madura que os
outros, e eu acreditava que esse amadurecimento veio devido a muito
sofrimento na vida. Eu só esperava estar enganada quanto a isso.
Senti um estalo e sai correndo da sala. Vi quando Emma entrou no carro
de um homem alto e grande e o chamei.
— Você, pai da Emma, eu...
— Não sou o pai da Emma. — Disse ele e sorriu para mim. Ele era bem
alto, mais alto que os homens normais, e tinha cabelos pretos na altura dos
ombros.
— E quem é você? — Perguntei desconfiada, já que Emma havia entrado
em seu carro.
— Sou amigo do pai dela. Meu nome é Daniel; e você é?
— Sou Brooke, professora da Emma. — Trocamos um aperto de mãos. —
Eu gostaria de ressaltar a importância da reunião da semana que vem, o pai
dela precisa vir.
— Certo, vou avisar ao Mason que ele precisa vir.
— Por favor, diga para ele não faltar. — Insisti.
— Certo... bem, agora preciso levar essa pequena para a minha casa e
voltar para o trabalho. — Segurei-o pelo braço antes que ele saísse.
— Desculpe, mas porque o pai dela não vem busca-la?
— Ele está atendendo uma emergência e é longe. Como minha esposa
toma conta de Emma até o pai dela sair do trabalho, vim buscá-la hoje.
— Tudo bem. — Assenti. — Não esqueça de falar...
— Da reunião. Eu sei, pode deixar.
Ele entrou no carro e saiu com Emma.
A minha parte eu havia feito, voltei para dentro da escola e me preparei
para a minha próxima aula.

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Era loucura, mas eu precisava fazer isso. Faria bem para a minha alma,
faria bem para o meu corpo, e minha pele, sem dúvidas, iria brilhar no dia
seguinte. E então depois de um bom banho, coloquei um vestido justinho da
época da faculdade e liguei os incensos. Cinco deles e aproximei-os do
alarme.
Por favor, senhora Martha, cumpra com a sua palavra desta vez. Por
favor ligue para os bombeiros. Por favor.
O alarme de incêndio começou a soar tão alto que chegou a doer meus
ouvidos. Espiei para a casa da frente e fiquei tão feliz com a cena que vi que
quase pulei de alegria.
A senhora Martha olhava em direção a minha casa e estava com o telefone
colado ao ouvido. Ela estava chamando os bombeiros. E eu fiquei ansiosa e
quente.
Em poucos minutos uma batida violenta soou na minha porta. Era ele, eu
senti na minha pele que era ele do outro lado da porta. Abri a porta e o
encarei com fogo nos olhos. Aquele uniforme de bombeiro certamente tinha
sido feito sob medida... eu duvidava e muito que houvesse outro homem do
tamanho dele no batalhão.
Ele entrou na minha casa. Seu olhar percorreu meu corpo inteiro e senti as
chamas me consumirem. Ele sacou um celular do bolso e discou um número,
sem tirar os olhos de mim.
— Michael, pode ir sem mim... tenho algo para resolver. — Ele então
desligou o aparelho e me pegou pela cintura. Dei um grito de surpresa. Suas
mãos eram tão grandes e firmes. Ele me colocou em cima sentada sobre a ilha
da cozinha. — Eu avisei a você o que te aconteceria se eu fosse chamado
aqui novamente. — Disse ele, mantendo seus lábios a centímetros dos meus.
Suas mãos se moveram e pararam nos meus joelhos.
— Eu sei. — Falei ofegante.
— E ainda assim você não tomou cuidado. — Disse ele, seus olhos
escureceram e suas mãos começaram a subir pelas minhas coxas.
— Desde a sua ameaça, eu só tenho pensado nas várias formas de causar
um incêndio.
Ele me encarou entre a surpresa e o desejo nu e cru.
— Ou você é muito tola, ou muito maluca.
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— Me identifico mais com o maluca.


— Você não quer se envolver com alguém como eu.
Seus dedos chegaram a minha calcinha e ele esfregou o polegar contra o
tecido úmido.
— Eu só quero um momento de prazer louco e impulsivo.
— E é só isso que você vai ter. — Garantiu ele, e me esfreguei contra seus
dedos.
— Então me beija logo de uma vez.
E foi o que ele fez. Seus lábios carnudos e macios tomaram os meus e sua
língua mergulhou em minha boca. Com um puxão ele rasgou minha calcinha
e esfregou os dedos em meu centro de prazer. Seus dedos eram longos,
grossos e ásperos; sua barba mesmo rala estava arranhando a minha pele, e
aquilo estava me deixando louca.
Ele arrancou a jaqueta amarela e a jogou no chão da cozinha. Nós nos
livramos dos suspensórios, e arranquei sua regata branca por cima da sua
cabeça. Ele era absurdamente grande, bronzeado e forte. Agarrei suas costas e
senti com a ponta dos dedos duas grandes cicatrizes. Por um minuto meu
coração ficou tocado, tentado a perguntar o que havia acontecido com aquele
homem.
Toda a concentração caiu por terra quando ele moveu com um ritmo
frenético o seu dedo em meu clitóris, fazendo-me ver estrelas ali mesmo na
minha cozinha. Gozei feito louca, e os espasmos não abandonaram meu
corpo, já que ele continuava a me tocar, não deixando meu corpo acalmar-se.
Com um só braço ele me ergueu e me levou para o meu quarto, ainda com
seus dedos mergulhados dentro de mim.
Ele arrancou meu vestido e fiquei completamente nua e a sua mercê,
jogada na cama. Ele arrancou as calças e chutou seus coturnos para algum
lugar que não tinha importância, pois minha atenção toda se voltou para
aquele membro, longo, grosso e duro entre as suas pernas. Ele realmente era
muito grande, tanto que fiquei com água na boca. Ele deve ter notado minha
surpresa no olhar pois deu uma risada.
— Arrependida de ter acionado o alarme? — Questionou ele.
— Eu seria maluca se estivesse arrependida. — Respondi, ousada.
— Que bom, pois eu não iria parar mesmo que você estivesse arrependida.
— Alertou ele, e então veio para cima de mim. O bombeiro colocou meu
mamilo dentro da boca e o sugou com vontade. Gemi alto. — Você me
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provocou, então teria que aguentar as consequências.


— Sei que você pararia se eu pedisse. — Falei sem folego.
— Eu não pararia, eu sou o cara mau aqui... achei que já tivesse deixado
isso claro.
Antes que eu pudesse responder, ele colocou o outro mamilo na boca e o
sugou com vontade. Seus dedos voltaram a trabalhar entre as minhas pernas,
e ele me fez gozar novamente sem trabalho algum.
— Você goza de um jeito tão belo. — Ele disse. — Eu quero ver isso de
novo. — Aquele desconhecido mergulhou sua boca entre as minhas pernas e
passou a língua nos cantos mais delicados do meu corpo. Sua barba roçou nas
minhas coxas. e ele continuou me lambendo como um gato faminto; Suas
mãos, que estavam contra meu traseiro apertavam minha carne para que ele
não perdesse nada de mim. Aquela cena, aquele homenzarrão de joelhos
diante da minha cama com os lábios em mim me levou a outro orgasmo, onde
ele deliciou-se com gosto com meu sumo que escorria.
Escutei o som de uma embalagem sendo aberta e logo ele estava
posicionado entre as minhas pernas. Senti sua ponta inchada na minha
entrada e me contraí de desejo. Eu precisava dele dentro de mim, por inteiro.
Puxei seu traseiro com as mãos e o fiz entrar quase que todo dentro de
mim. Eu me senti dolorida, uma dor gostosa e maravilhosa. Tê-lo por inteiro
dentro de mim era delicioso demais. Ele grunhiu, estava tão excitado quanto
eu, tão maluco quanto eu, e começou a mover-se dentro de mim. Minhas
unhas o seguravam firme no traseiro, para que ele continuasse a me penetrar
com força e velocidade.
Eu não queria ser tratada como uma princesinha, eu queria que ele fosse
selvagem, que me pegasse com força. Deus, como eu fantasiei com isso.
— Vire de quatro.
Obedeci, pois teria que ser um cubo de gelo para não obedecer aquela
ordem tentadora.
Ele puxou meus cabelos e investiu dentro de mim com força, mas sem me
machucar. O bombeiro segurou em meu traseiro com as duas mãos, me
mantendo firme no lugar. Eu atingi o orgasmo de novo e de novo. Aquele
grandão me fez ter orgasmos múltiplos, coisa que eu nunca havia tido, e
sempre acreditei ser lenda... Uma lenda inventada por mulheres que não
tinham o que fazer.
Então eu o senti vibrar dentro de mim. Ele rugiu como um leão e ficou um
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tempo em silêncio em seguida. Aquele foi o melhor sexo da minha vida...


uma pena que seria apenas uma vez. Eu não iria vê-lo novamente, pois era
uma romântica que acabaria confundindo as coisas. Eu iria me apaixonar por
ele, e com certeza teria meu coração partido em mil pedaços em seguida.
Ele saiu de dentro de mim, e eu me joguei na cama suspirando satisfeita.
Não era hora para pensar em romances e corações partidos, era hora apenas
de aproveitar o torpor que os orgasmos me causaram. Ele começou a se
vestir, então vi suas cicatrizes nas costas e me perguntei o que aconteceu com
ele.
Não é da sua conta, Brooke; disse a voz da minha consciência.
— Você foi espetacular. — Disse ele, colocando a camiseta regata. —
Mas espero realmente que não cause mais problemas. Você é linda, parece
uma boa pessoa... Arrume um homem bom e deixe o que aconteceu hoje ser
apenas um momento de loucura que um dia você vai contar para as suas
amigas e rir disso.
— Eu sei, nada de expectativas. Eu sei. — Falei.
— Não cause mais incêndios, é sério.
— O que acontece se eu causar mais algum incêndio? — Perguntei
descarada.
— Vou mandar um dos meus colegas vir. Eu não colocarei mais os pés
aqui. Acredite, é melhor assim.
— Não vou mais causar incêndios. Obrigada por me dar um momento
inesquecível de loucura.
— Às ordens, moça.
— Meu nome é...
— Não precisamos trocar nomes, nunca mais vamos nos ver de qualquer
forma. — Disse ele.
— Nunca mais. — Ele se aproximou de mim na cama e beijou meus
lábios.
— Acredite, é melhor assim. — Ele se afastou. — Adeus, moça dos
incêndios.
— Adeus.
E então ele se foi. Eu estava eufórica pela loucura que fiz, e satisfeita
demais.
O problema comigo era que eu sempre queria mais, eu sempre desejava
mais. Lá no fundo me senti um tanto vazia quando aquele desconhecido se
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foi. Eu sequer sabia seu nome, e se um dia eu chamasse os bombeiros


novamente, ele não voltaria. Eu tinha que me conformar que nunca mais
iriamos nos ver.

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Quatro
Em algum momento eu comecei a olhar mais para o chão do que para o
céu. É difícil até mesmo respirar. Eu estendo a minha mão, mas ninguém
segura. Eu sou um perdedor solitário; um covarde que finge ser durão.
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Um solitário, um otário coberto de cicatrizes...

Mason
Eu me escondi no guarda roupa. Talvez se ele não me encontrasse
facilmente, desistisse de me procurar. Escutei seus passos no quarto, e
minhas mãos pequenas demais tremiam e suavam. Meu coração estava
acelerado. Eu queria gritar por socorro, mas fazia tempo que já que eu havia
me conformado que gritar não adiantaria.
— Eu sei que você está aqui, pirralho. Você está no guarda roupa, não é
mesmo? — Disse ele. Sua voz estava falhando e sua língua um tanto
enrolada devido as duas garrafas de vodca que eu havia visto vazias na pia
da cozinha.
Cobri minha boca com a mão para evitar que ele ouvisse qualquer som.
Tremi, abraçando as minhas pernas; até que a porta do guarda-roupa foi
aberta com violência.
— Ah, você está ai mesmo! Já disse que não deve se esconder do papai.
— Ele me arrancou de dentro do guarda-roupa e me jogou no chão de
madeira. Meu ombro doeu e meu cotovelo ralou, mas fiquei quieto. Lágrimas
silenciosas rolavam do meu rosto.
Quando ele ergueu a mão para me bater, fechei os olhos e lembrei do
sorriso de minha irmã... eu estava quase me esquecendo dela... Mas no
momento aquilo era a única coisa que me fazia aguentar.

— Hey, está na hora de me levar para a escola! — Abri os olhos


assustado. Meu corpo inteiro estava suado e meu coração estava acelerado.

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— Está doente? — Senti uma mão me tocando e o toque queimou minha


pele. Desviei de sua mão, que parecia me machucar.— Saia de perto de mim!
— Só quando vi quem me tocava que notei a besteira que eu havia feito.
Emma me encarava com mágoa no olhar. — Eu, Emma...
Ela saiu correndo do meu quarto, e amaldiçoei a mim mesmo e aos
malditos pesadelos que não me abandonavam.
Sem saber o que fazer e sem ter jeito com qualquer situação, fui direto
para o chuveiro para tirar o suor do corpo. Depois de fazer minha higiene
matinal e me aprontar para o trabalho, fui para a cozinha preparar nosso café
da manhã. Emma encarava a televisão rígida e com os olhos vermelhos.
Merda, eu era um merda de pai mesmo. Quem pensou que eu poderia criar
um filho? Me machucava demais ver Emma daquela forma. Eu só esperava
encontrar logo algum familiar que pudesse lhe dar o amor e o carinho que eu
não possuía em mim.
— Emma, venha tomar seu café da manhã. — Chamei.
— Não estou com fome. — Disse ela, carrancuda.
— Emma, por favor, venha tomar seu café. — Pedi. — O café da manhã é
a refeição mais importante do dia.
— Tsc-tsc. — Emma deu de ombros.
Suspirei e fui até a sala.
— Emma, desculpe se te chateei de alguma forma. Eu estava tendo um
pesadelo, e por isso gritei com você. — Expliquei, pois essa era a única
forma de faze-la comer. — Agora, por favor, venha tomar seu café da
manhã... não quero que você adoeça.
Ela me encarou; na verdade me fuzilou com os olhos. Fiquei me
perguntando o que eu havia feito errado agora.
— Sim, se eu ficar doente serei um incomodo maior aqui.
Ela foi até a cozinha e sentou-se na pequena mesa para quatro pessoas.
Ela estava comendo seu cereal e suas frutas. Suspirei aliviado; não iria
conseguir trabalhar direito naquele dia se Emma fosse para a escola sem se
alimentar direito. Havia pesquisado na internet quando ele foi para a minha
casa o que ela precisaria para crescer saudável, e todos os dias me preocupava
de faze-la comer os alimentos que lhe proporcionavam aquelas vitaminas.

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Depois de deixar Emma na escola fui para o trabalho. Ela ainda estava
chateada comigo, como em todos os dias, eu me sentia uma porcaria, mas não
sabia o que fazer... não sabia como agir para que ela se sentisse melhor.
— Hey, Fera, como está? — Cumprimentou-me Caleb.
— Esse apelido de novo não. — Queixei-me. — Não estou nada bem,
principalmente depois de ver essa sua cara feia. — Falei carrancudo.
Eles me apelidaram de Fera desde meu encontro com aquela bela mulher
cinco dias atrás.
— O que podemos fazer? Não tem como chamar você de monstro... não
depois que você encontrou a sua Bella. — Falou Caleb.
— Por que você não cuida da sua vida e da sua mulher? — Retruquei
irritado. — Ah, ela não é sua mulher ainda, não é? Vocês apenas namoram.
— Oh, agora você pegou pesado, Mason. — Disse Trevor.
— O fato de você ficar tão irritado com esse assunto a ponto de se voltar
contra mim só mostra o quanto você ficou abalado. — Disse Caleb, que
sorriu como um garotinho que havia acabado de cometer uma travessura.
Quis bater nele e tirar aquele sorriso da cara dele.
— Isso não é verdade. — Respondi.
Não totalmente verdade, mas eu nunca admitira para aqueles imbecis que
desde aquele dia não conseguia tirá-la da minha mente. Pensava nela nas
horas aleatórias dos meus dias, na textura da sua pele, no sabor dela, no seu
aroma, seus gritos e gemidos. E como ela me encarava como se quisesse ler
minha alma.
Eu já tinha problemas demais, já era fodido demais para me envolver com
uma mulher que certamente sonhava com o príncipe encantado. Ou talvez,
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como os homens me apelidaram de fera, ela talvez pensasse que depois de


um tempo essa fera viraria um belo príncipe.
Bem, esse era o mundo real, e no mundo real, quando um homem é um
monstro, ele continua sendo um monstro para todo o sempre. As pessoas não
mudam. Não seria um sentimento supérfluo chamado amor que iria me fazer
mudar.

O dia foi tranquilo. Atendemos algumas pequenas ocorrências nas


redondezas, e houve outro incêndio do laço vermelho, porém ele foi atendido
por outro batalhão. A polícia não queria tornar o caso público até ter mais
pistas, porém com os repórteres na cola deles, o caso já estava nas capas dos
principais jornais e era notícia em todo o país.
Todos nós cooperávamos sempre com os policiais. Nosso maior desejo
era que esse incendiário fosse capturado o quanto antes. Pessoas estavam
morrendo e isso era um pesadelo.
Voltei para a casa naquele dia e Emma mal falou comigo, apenas me
entregou um bilhete. Era um lembrete de que eu deveria comparecer à
reunião de pais e mestres no dia seguinte.

Senhor responsável da Emma.


Vim através deste bilhete lembrar ao senhor da reunião de pais e
8
mestres amanhã 04/23 , às 7:00 P.m.
Eu tenho muito o que conversar em particular com o senhor após a

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reunião, então espero que compreenda a importância de sua presença. É sua


filha afinal de contas..
Professora Brooke Valentine
Foi impressão minha ou essa professora estava me repreendendo através
de um bilhete? Ela até mesmo sublinhou a palavra importância. Ela estava me
criticando... não sabia da missa a metade, e estava me criticando. Quando
Daniel havia me dito que a professora de Emma foi até ele para lhe dar uma
bronca por pensar que ele era o pai dela eu não dei tanta importância, mas
aquele bilhete com aquela reprimenda explicita me irritou e muito.
Eu iria até aquela reunião de pais e mestres, e queria ver a tal
professorinha me repreender.

O dia seguinte foi terrível, tive mais pesadelos e acordei atrasado. Levei
Emma para a escola, e ela continuava chateada comigo por algo que nem sei
que fiz. No batalhão os idiotas continuavam e me zoar, e isso me fazia apenas
lembrar daquela mulher linda que nunca seria minha. Uma senhorinha nos
chamou três vezes naquele dia para resgatar seu gato de cima do telhado, e
Duke disse que eu deveria ir, já que iria sair mais cedo por causa da maldita
reunião de pais e mestres.
Foi um dia de cão, e eu estava pronto para xingar e muito aquela
professorinha metida a besta. Emma ficou na casa de Daniel e sua esposa
para que eu pudesse ir a reunião, e logo cheguei na escola.
Segui para a sala em que os outros pais seguiam. Todos me encaravam
com desconfiança, mas eu estava acostumado a isso; um homem do meu
tamanho, usando jeans gastos, camiseta preta e com a minha expressão
supersimpática fazia com que todos me temessem.
Sentei em uma das cadeiras no fundão da sala, mas a cadeira era pequena
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demais para mim. Os outros pais entraram, e logo a sala ficou quase cheia, e
os únicos lugares que ficaram desocupados foram as duas cadeiras do meu
lado. O lado bom de se parecer com um monstro era esse, as pessoas me
deixavam em paz.
Uma senhora entrou na sala e se apresentou; disse que era a diretora
Schaefer e que a reunião iria começar em cinco minutos.
Cinco minutos depois a diretora levantou-se e anunciou.
— Bem, como todos já devem conhecer a professora da turma dos filhos
de vocês, senhorita Brooke Valentine. — Encarei a porta, pronto para encarar
aquela velha que ficou me repreendendo, mas fiquei sem fala no mesmo
instante.
Era ela. Aquela que não saia da minha cabeça, aquela que tinha o sabor do
mais doce mel. Aquela que era perigosa demais para mim.

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Cinco
Eu preciso de você, garota. Por que eu me apaixono e digo adeus
sozinho? Eu preciso de você, garota; por que eu preciso de você mesmo
9
sabendo que vou me machucar?

Brooke
Aquelas mãos grandes e bronzeadas contra meu corpo, a aspereza de seus
dedos me deixando louca, sua boca em mim, me devorando por completo...
— Senhorita Valentine! — Ergui meu olhar do livro didático que eu
estava encarando sem ler e me deparei com o olhar inquisidor da diretora
Schaefer.
— Desculpe, a senhora falou comigo?
Senti as bochechas ficarem quentes, como se eu tivesse sido pega fazendo
algo muito errado.
— Faz cinco minutos que estou chamando pela senhorita, mas a senhorita
estava tão distraída que sequer se moveu.
— Desculpe. — Falei apenas.
— Você está passando por algum problema, professora? Posso fazer algo
para ajudar.
Oh Deus, somente um certo homem poderia me ajudar com o meu
problema... mas eu sequer sabia seu nome e não era tão ousada a ponto de
chamar os bombeiros na minha casa de novo, só para perguntar aos seus
colegas quem era ele.
— Estou bem, foi só uma distração mesmo. — Respondi.
— Sabe que se precisar, estou aqui. Sou mais que apenas sua chefe, sou
também sua amiga. — Sorri para aquela senhora incrível.
Diane Schaefer era uma mulher incrível. Ela era durona com todos, mas
uma manteiga derretida quando algo de ruim acontecia com os seus. Ela tinha
cinquenta e três anos e era uma verdadeira rocha. Quando entrei na escola
anos atrás eu a temia, mas hoje a adoro e respeito muito.
— Obrigada. — Sorri. — Agora, o que a senhora queria falar comigo.
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— Então, é sobre a Emma. A orientadora da escola veio me procurar na


minha sala esta manhã. Ao que parece, Emma está tendo dificuldades de se
adaptar na escola... ela passa o recreio sozinha e não fez amigos.
— Bridget conversou com ela? — Bridget Smith era nossa orientadora e
psicóloga da escola.
— Sim. E ela disse que não havia motivos para fazer amizades inúteis, já
que iria embora em seguida.
— Embora? Por que ela iria embora?
A diretora deu de ombros.
— Ela não quis responder.
— Vou redigir um bilhete hoje enfatizando a importância do pai da Emma
vir. Como pode ele nunca ter vindo na escola... veio apenas para a matricula e
não veio mais.
— Ele falou com o Ronald, o vice-diretor, e por isso não o conheço ainda;
e quando ele vem trazer a Emma apenas a deixa de carro na frente da escola
nem desce para acompanha-la até a sala. Ele é bem desinteressado ao que me
parece. Sei que a senhorita é um doce de pessoa, Brooke, mas espero que dê
uma bronca nele por ser tão negligente.
— Ele apenas larga a Emma na entrada e vai embora? — Eu estava muito
irritada com esse pai desnaturado.
— Dizem que ele fica parado apenas o tempo o suficiente de vê-la entrar
no prédio da escola.
— Ah, menos mal. Para ele pelo menos ter esse cuidado não deve ser um
pai tão ruim, só precisa se dar conta de algumas coisas.
— Só mesmo a senhorita para ver o lado bom no pai de Emma. A
senhorita é um anjo.
Corei ao lembrar das loucuras que fiz com um certo bombeiro.
— Não sou um anjo, senhora Schaefer. — Ela segurou em minha mão por
cima da mesa e sorriu para mim.
— A senhorita é sim. — Ela levantou-se e logo transformou-se novamente
em minha chefe. — Não se esqueça de mencionar na pauta da reunião sobre o
passeio escolar no dia 26 de junho até a fábrica de fogos de artifício. Sei que
estamos em maio, mas já é bom manter os pais de sobreaviso.
— Qual será a fábrica? — Perguntei, já pegando o bloco de anotações.
10
— Magic Fireworks .

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— Certo. E será apenas com nossa escola esse ano?


11
— Não a escola primária de Streeterville . — A diretora torceu o nariz e
eu fiz uma careta.
— A escola particular. — Lamentei.
As crianças não tinham culpa, é claro. Seus pais as ensinavam a serem
assim. Todas as vezes em que nossa escola ia a um passeio que incluía uma
escola particular, aqueles meninos e meninas com uniformes impecáveis
acabavam fazendo bullying contra nossos alunos com suas roupas comuns.
Isso era uma chateação e tanto, e eu esperava que esse ano os meus não
fossem tão afetados por isso. Esperava que ficassem encantados com a
fábrica de fogos de artifício, afinal pelo que vi em meu calendário, o passeio
seria uma semana antes do 4 de julho.
Depois de organizar minha pauta para a reunião e a aula de hoje, fui até os
meus baixinhos e comecei a ensiná-los.
— Lembrem-se de alertarem seus pais mais uma vez sobre a reunião
amanhã. — Falei.
Todos assentiram e começaram a deixar a sala conforme o sinal tocou.
— Emma, espere só um minuto. — Pedi. Todos deixaram a sala e ela se
aproximou da minha mesa com a cabeça baixa.
— Fiz algo errado, professora? — Perguntou ela, e notei como ela não
parava de balançar a perna.
— Nada errado, Emma. Só queria pedir a você que entregue isso ao seu
pai. — Entreguei a ela o bilhete e ela me encarou com os olhos assustados. —
Não se preocupe, Emma; é apenas para lembrá-lo da reunião amanhã.
— Eu não fiz nada errado mesmo?
— Mesmo, mesmo. — Garanti. — Você é uma menina ótima. — Seus
olhos brilharam.
— Eu gosto muito da senhorita, professora. — Disse ela
espontaneamente.
— E por que você quer ir embora da escola? — Perguntei com cuidado.
— Eu não quero ir embora, eu preciso ir embora. — Disse ela e sua
expressão mudou totalmente. — Até segunda-feira, professora.
E então Emma saiu correndo da sala deixando-me ali cheia de
pensamentos desconexos. Então era isso, só podia ser isso. O pai dela iria
deixar a cidade, e por isso Emma estava chateada, porque os dois iriam se

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mudar. Eu precisava mesmo me encontrar com esse pai... a menina recém


tinha entrado na escola e estava fazendo um esforço enorme para não ficar
para trás.
Fui até a secretaria antes de almoçar e peguei a ficha de Emma.
Ela veio de uma escola de Gary, Indiana. Estava não fazia um mês em
nossa escola. e agora seu pai queria mudar-se novamente, ele iria transformar
a vida de Emma em uma verdadeira bagunça. Crianças precisam de rotina e
constância. Eu precisava dar um verdadeiro sermão nesse pai.

Naquela noite quando cheguei em casa estava estressada demais. Senti


meus músculos doloridos, e tudo o que eu mais queria naquele momento era
mais uma dose de sexo intenso com aquele bombeiro que atormentava meus
sonhos. Não parava de pensar em como o pai de Emma era irresponsável. Se
ao menos eu tivesse o número do meu bombeiro, poderíamos ter ao menos
mais uma noite para relaxar um nos braços do outro, e assim eu iria esquecer
o assunto que me incomodava.

Passei o dia seguinte inteiro programando as aulas e corrigindo trabalhos.


12
Depois do trabalho concluído, voltei a ler meu livro, Lover Revealed . Eu
estava ficando louca, esses guerreiros vampiros enormes e poderosos, que só
me faziam imaginar que cada um deles era o meu bombeiro. E eu continuava
chamando ele de meu. Culpa desses livros... mas eu não conseguia parar de
lê-los.
Quando dei por mim, já era quase hora da reunião. Coloquei um vestido
de algodão estilo envelope, preto com pequenos pontinhos em branco, que
era bem leve e ia até os joelhos, bem apropriado para uma reunião de pais e
mestres. Meu cabelo estava bonito naquele dia; também há dois dias sem
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lavar, ele só podia estar lindo. Eu nunca entendi porque o cabelo ficava mais
bonito quando ficávamos alguns dias sem lavar. Passei um lápis de olho
apenas para destacar e um batom rosa claro, e peguei meu velho sedan
vermelho e dirigi até a escola.
— Professora Brooke, eu vou até a sua sala me apresentar aos pais e falar
as pautas da reunião. Depois seguirei para as outras salas das outras turmas
como de costume.
Assenti, para a diretora.
— Estarei lá em cinco minutos. — Falei pegando minha prancheta, três
canetas extras, meu bloco de anotações, meu celular, os trabalhos das
crianças e minha garrafinha de água mineral.
Segui pelo corredor bem iluminado cumprimentei o senhor Noah Carter, o
zelador, no caminho para a minha sala. Eu estava milagrosamente
conseguindo carregar todas aquelas coisas sem derrubar e fiquei orgulhosa
comigo mesma. É só focar no que está carregando, Brooke, pensei comigo
mesma.
Entrei na sala e me posicionei ao lado da diretora, e então me preparei
para dar boa noite a todos quando perdi a fala.
O que ele estava fazendo ali?
Eu estava alucinando de novo?
Bela hora para alucinar, Brooke Pisquei algumas vezes para que aquela
miragem desaparecesse, sempre funcionou nas vezes que o imaginei na
minha frente. Então por que não estava funcionando agora? Ele balançou a
cabeça me encarando. Espera aí. Minhas miragens não se mexiam, aquela
era a primeira vez. Ele estava ali mesmo.
A garrafa de água escapou das minhas mãos, os trabalhos dos alunos
caíram no chão, e quando me ergui para tentar segurá-los, o meu celular
quicou em cima da mesa. Fechei os olhos por alguns segundos temendo que
outra tela fosse quebrada, eu era a campeã de quebrar telas de celulares.
Depois de pagar esse mico astronômico, consegui colocar tudo em cima da
mesa e encarei a todos, tentando evitar o olhar daquele homem, ou então eu
iria ficar maluca.
— Boa noite a todos. Para quem não me conhece sou Brooke Valentine,
professora dos filhos de vocês. — Todos deram boa noite em uníssono como
se fossem meus alunos, com exceção do bombeiro. Nervosa por conta disso,
quando fui me sentar, esbarrei na mesa e derrubei as minhas canetas.
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— Senhorita Valentine, a senhorita consegue conduzir a reunião ou devo


me preocupar? — Cochichou no meu ouvido a senhora Schaefer.
— Pode deixar que eu estou bem.
O olhar daquele homem era penetrante demais, e ele parecia estar
divertindo-se com a situação em que eu me encontrava ao mesmo tempo que
lá no fundo havia uma faísca de irritação.
Peguei a garrafa de água e bebi quase todo o seu conteúdo enquanto a
diretora se despedia dos pais. De repente ficou tão calor dentro daquela sala.
— O ar condicionado está com defeito? — Perguntei a senhora Schaefer
antes que ela saísse da sala.
— De jeito nenhum. — Ela me encarou franzindo a testa e fechando mais
seu casaco. Eu estava sem casaco, mas estava pegando fogo.
E então ela deixou a sala. Encarei todos aqueles pais que me olhavam com
expectativa, enquanto outros encaravam o celular. Era notável que estavam
doidos para saírem correndo dali como gatos encurralados; com exceção dele,
que parecia imponente como um verdadeiro leão, pronto para devorar sua
presa. Umedeci os lábios com a língua e ele seguiu o movimento, aquela
chama apareceu de novo.
Deus, eu precisava parar de encará-lo.
— Bem, vamos dar início a reunião. Por ser um sábado creio que estão
todos ansiosos para voltar para a casa. — Todos assentiram. Levantei com a
pauta na mão; se eu encarasse a pauta talvez conseguisse me concentrar. E
com isso esbarrei na mesa mais uma vez, e dessa vez doeu demais. Engoli o
palavrão, forcei um sorriso e comecei a falar.
Quando encarava aquele homem, eu gaguejava. Eu estava a ponto de sair
correndo dali, e minha calcinha estava úmida apenas por encará-lo. A
lembrança de sua boca e suas mãos em mim me tiravam o foco, e com muito
esforço e trabalho, finalmente dei a reunião por encerrada.
Todos foram embora e levaram os trabalhos de seus filhos. Ele era o pai
de Emma, o pai que eu queria dar bronca... mas como lembrar de tudo o que
eu queria falar para ele se eu não conseguia nem me lembrar que dia era
hoje?
— Professora Brooke Valentine, queria falar comigo em particular, não é
mesmo? — A voz dele tão profunda e máscula que senti as pernas bambas.
— Na-não é necessário... podemos fazer isso um outro dia. — Falei sem
encará-lo, ainda organizando as coisas na minha mesa.
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Ouvi o som da porta sendo fechada. Ele foi embora. Então eu poderia
finalmente respirar aliviada. Suspirei e me virei para a porta, mas ele ainda
estava lá. Na verdade ele havia trancado a porta da sala e estava a centímetros
de mim.
— O que devo fazer? Eu não tenho como ficar vindo aqui sempre. — Ele
deu dois passos na minha direção e agora eu podia sentir seu hálito contra
meu rosto. — E quero a minha reunião particular com você, Brooke.
— Se-se-Senhor eu...
— Mason, meu nome é Mason. — E por Deus eu sabia disso. Caramba,
aquele nome combinava perfeitamente com ele.
Só percebi que eu estava me afastando dele quando esbarrei na minha
mesa.
— Eu sei...
— Então me chame como tal, acho que já somos íntimos o suficiente, não
é mesmo? — Ele colou seu corpo ao meu, e senti seu membro rijo contra
meu umbigo. Mason passou a língua em meus lábios e arfei, surpresa.
— Você é o pai da minha aluna, e esse é o meu local de trabalho.
Ele sorriu, um sorriso perverso.
— Você invadiu meu trabalho de certa forma. — Ele segurou minha
cintura com as duas mãos e me colocou sentada na mesa. Ele suspirou. —
Sinto de longe seu cheiro. — E então ele ergueu meu vestido e mergulhou
dois dedos dentro da minha calcinha de algodão. — Molhadinha? Por que,
professora Valentine? — Arfei.
— Esse é o meu local de trabalho. — Repeti.
— Então me peça para parar. — Desafiou-me.
Mas não consegui. Eu estava tão perto de gozar que não consegui pedir
para que ele parasse. Ele moveu os dedos dentro de mim até que eu gozasse,
e calou meu grito com seus lábios, chupando minha língua, mordendo meus
lábios. Em seguida, ele colocou seus dedos na boca e grunhiu.
— Você é tão doce quanto eu me lembrava. — Falou com a voz rouca. —
Não acredito em coincidências. Primeiro eu pensei que você já soubesse que
eu era o pai da Emma, e por isso armou todo esse teatro; mas então quando vi
o quão surpresa você ficou ao me ver pensei: ninguém sabe fingir tão bem,
não é mesmo?
— E-eu...não sabia. — Assim como não sabia como ele podia estar tão
calmo depois do momento quente que tivemos ali.
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— Então me conte, o que queria falar comigo sobre a Emma?


— Desculpe, não sou capaz de articular palavras agora. — Ele me
observou dos pés à cabeça, e seu olhar me fez ficar ainda mais quente.
— Então vamos marcar outra reunião particular. Posso ir até a sua casa.
— Sim. Não. Digo...não deveríamos fazer isso na escola?
— Não quero que você perca seu emprego. — Disse ele. — Se me
encontrar com você novamente posso não conseguir me controlar. — Ele
pegou minha mão e colocou contra a braguilha de suas calças... ele estava tão
duro. Instintivamente o apertei, e ele grunhiu novamente. — Você é um
pequeno demônio... como podem chamar você de anjo?
Franzi a testa sem entendê-lo.
— Os outros pais a chamaram de anjo. — Explicou-se. — Só se for o
próprio Lúcifer. — Disse ele. — Bem, vou na sua casa quarta-feira da
semana que vem e teremos nossa reunião.
— Não acho que isso seja uma boa ideia. — Falei.
— E não é... Na verdade, é uma péssima ideia.
Com um aceno com a cabeça e pegando o trabalho de Emma em cima da
mesa ele se foi, me deixando zonza em cima da mesa. Ele me levou ao ápice
rapidamente, e em cima da minha mesa de trabalho. Eu estava ficando louca,
só podia ser isso. Eu queria mais, muito mais, e sabia que ficaria os próximos
dias ansiando por quarta-feira.

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Seis
Em todo lugar o ar é sombrio e frio. Estou preso nesta dor de separação;
estou prestes a sufocar, dói tanto que eu perdi a minha força...O único
13
remédio é o seu sorriso...

Mason
Quatro dias haviam se passado. Quatro dias e eu não conseguia tirar
aquela mulher da minha cabeça. Eu estava ficando louco, pois nesses quatro
dias que se passaram tentei organizar meus pensamentos. Eu me questionava
a todo o tempo, afinal, sempre fui um cara controlado com as minhas fodas
anteriores, por que eu perdia a cabeça sempre que a via? Eu disse que não
poderia me envolver, principalmente agora que descobri que ela era
professora de Emma tudo se complicava para mais além. Eu iria enlouquecer,
era fato.
Emma tomava seu café da manhã em silêncio. Fiquei observando-a; eu era
uma droga de um pai que não sabia como começar um assunto. Eu detestava
essa minha falha, essa minha falta de jeito de começar uma conversa sem ser
grosseiro.
— Meu rosto está sujo? — Perguntou Emma, tocando em sua face e me
encarando.
— Não, está limpo. — Respondi.
— Eu fiz algo errado? — Perguntou ela.
— Não, nada... — Ela me encarou preocupada. Eu estava encarando a
menina... o que eu poderia dizer? — Eu só queria te fazer uma pergunta.
— Tá. — Disse ela e ficou esperando que eu perguntasse.
— A sua professora, ela é boa? — Emma me encarou surpresa.
— Uhum. — Respondeu ela apenas.
Eu queria saber mais e mais, não apenas esse simples comentário.
— E ela é boa com você?
— Sim. — Emma continuou comendo seu cereal, mas com uma expressão
estranha.
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— Por que você ficou assim? Desde que eu perguntei pela professora.
— É que...— Ela brincou com o cereal um pouco antes de me encarar. —
Você nunca perguntou.
Deus, hoje era quarta-feira, e eu só queria saber mais e mais. Eu senti o
comentário de Emma dentro do peito... eu só estava pensando em mim
mesmo, querendo saber mais daquela mulher, e estava me tornando a mãe
cretina de Emma. Como eu posso nunca ter perguntado sobre a professora
para ela?
— Desculpe. — Falei.
— Tá tudo bem.
— Eu vou perguntar mais coisas a partir de hoje. — Prometi.
— Você vai parar de buscar pessoas para me levarem? — Perguntou ela.
— Bem...eu....
— Hum... — Emma ficou me observando por alguns segundos antes de
sair da mesa e ir escovar os dentes. Logo ela estava de volta com a mochila
nas costas e pronta para ir.
Eu era um verdadeiro fracasso mesmo, não pude nem responder a Emma.
— Não esqueça seu lanche. — Entreguei a ela a lancheira na qual eu
preparei sanduíches, suco de laranja natural e coloquei uma maçã.
Dizem que comer uma maçã por dia evita muitas doenças. Indiferente,
Emma pegou a lancheira e seguiu para a porta.
Eu não sabia como me aproximar dela. Na verdade, eu não sabia se queria
de fato me aproximar dela... em breve ela iria embora e eu voltaria a ficar
sozinho.

Esse pensamento de deixá-la ir embora me incomodou de forma estranha,


como uma pressão no diafragma, e que eu não sabia explicar a razão. Por
alguns segundos parei diante da porta tentando respirar, e olhar para dentro
do meu apartamento me causou mais dor ainda. Em cima do sofá preto tinha
um par de meias cor de rosa jogadas, na mesinha de canto tinham livros
infantis que Emma pegava na biblioteca da escola. Imaginar tudo isso
desaparecendo e meu apartamento voltando a ser tão organizado e limpo
quanto um centro cirúrgico me causou uma tristeza enorme. Mas o que eu
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poderia fazer? Eu poderia ser um pai? Eu poderia ficar com Emma?

Aqueles pensamentos me atormentaram e me seguiram pelo resto do dia.


A minha consciência estava me matando. Estaria eu me igualando a minha
mãe? Estaria eu me igualando a mãe da Emma? Eu poderia ser seu pai? Eu
achava que eu seria um verdadeiro fracasso. Tem homens que nasceram para
serem pai, e observando meus colegas do batalhão, eu soube que eu era o tipo
de homem que nunca poderia ser um pai.
Caleb seria um pai carinhoso e dedicado, Daniel seria um pai responsável,
Michael seria um pai que estaria sempre lá para o que der e vier, Henry seria
um pai brincalhão, Trevor um pai amigo dos filhos, Minah uma mãe
maravilhosa, James vindo de uma família gigante seria o pai amado, o pai
ideal; Duke eu não preciso nem fazer comentários, era um paizão para todos
nós e um grande homem para a sua filha; Tyler aquele que ama aquelas saias
teria muitas histórias a contar aos filhos sobre sua vida na Escócia. Até
mesmo Andrew seria um bom pai, um leão defendendo sua cria. Vi Kevin
num canto escuro lendo em seu Kindle... até mesmo aquele cara fechado seria
um bom pai, pois iria ensinar a importância dos livros aos filhos.
Eu era apenas um cara que se criou em um inferno, cresceu e criou uma
casca de proteção, e só queria ficar sozinho em sua caverna para não mostrar
sua vida podre para o resto do mundo. Quem se envolvesse comigo acabaria
se sujando de lama, e se eu deixasse alguém entrar, a dor que iria sair de mim
afetaria esta pessoa, e ninguém mais precisava sofrer além de mim.
— Nossa, que cara mal-humorada é essa? Trouxe um café preto e sem
açúcar pois sei que é o seu favorito. Vamos conversar um pouco. — A
irritante Jasmine estava parada na minha frente com um copo da Starbucks,
sorrindo como uma pré-adolescente e usando um vestido tão colorido que
machucou meus olhos.
— Isso não vai me fazer mudar de ideia. — Peguei o café. Ela vinha ao

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menos duas vezes na semana no batalhão tentar convencer a mim de tirar as


tais fotos infames para o calendário do corpo de bombeiros.
— Você sabe que se não mudar de ideia virei aqui incomodar você mais
vezes, não é mesmo? — Encarei ela com uma expressão que pensei que fosse
assustá-la, mas ela apenas sorriu. — Meu amor, eu já viajei esse mundão a
fora, vi as criaturas mais assustadoras e as mais belas... não será essa sua
expressão que vai me assustar.
— Você vai cansar. — Dei de ombros e bebi mais do café. Estava do jeito
que eu gosto, forte e sem açúcar.
— Acho mais fácil você se cansar do que ela, Mason. — Alertou-me
Caleb. — Essa daí não desiste nunca.
— Quando quero muito uma coisa, não desisto mesmo; e quero muito
você meu mês de janeiro.
Revirei os olhos diante de seu sorriso e segui para o lado de fora. Aquele
café ficaria ainda melhor acompanhado de um cigarro, e assim talvez eu
conseguisse acalmar os meus pensamentos sobre pais e filhos.
— Eu realmente não vou desistir. — Disse ela depois que eu já estava do
lado de fora e dei minha primeira tragada.
— Você me seguiu até aqui. — Comentei sem acreditar. — Um cara não
pode nem fumar sossegado.
— Pode fumar, não vou interromper você.
— Você sabia que é mais fácil um fumante passivo ficar com câncer do
que um fumante ativo.
— Eu não inalo fumaça com frequência, então está tudo bem, não precisa
se preocupar comigo. — Disse ela satisfeita.
— Não estou preocupado. — Falei, inalando a fumaça e virando para o
lado em que ela estava para que a fumaça fosse na cara dela. Queria que ela
sumisse dali. — Só estou dizendo isso para me livrar de você.
— Você não vai conseguir se livrar de mim. — Suspirei cansado.
— Olha, tenho coisas demais na cabeça nesse momento, e não quero
descontar em você; então me deixe em paz, por favor. — Ela me observou
com atenção.
— Tudo bem, desculpe, mas voltarei daqui dois dias. — Garantiu ela. —
E sobre esse assunto que você está se atormentando... — Eu a encarei, e ela
me olhou como se compreendesse tudo. — ...ela só quer ser amada.
Cerrei os punhos. O que ela sabia da minha vida para falar assim? Eu
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estava realmente ficando irritado com todos se metendo na minha vida. Eles
não sabiam pelo que eu tinha passado, eles não sabiam que a Emma não
gostava de mim, que ela queria partir... Ou não queria? Eu estava tão
confuso.
— Você pode, por favor, cuidar da sua vida! — Falei irritado.
— Mason, não grite com ela. — Um Trevor muito irritado se colocou na
minha frente e me encarou com uma fúria sem igual.
— Então cuide da sua garota para que ela me deixe em paz. — Apaguei o
cigarro com a sola do sapato e o joguei numa lixeira próxima junto com o
copo de café.
Todos estavam opinando em minha vida ultimamente, e eu detestava
pessoas metidas. Se Trevor estava caidinho por aquela garota, por que não
admitia logo? Ficava ali em cima do muro e ela nem sequer percebia o que o
cara sentia. Que idiotas, pensei.
O alarme soou, e agradeci aos céus por isso. Ocupar minha mente e meu
corpo era o essencial agora.

Era uma casa pequena comparada as outras casas daquela rua, branca e
com as portas e janelas com detalhes em preto. Era uma casa comum, poderia
ser chamada de casinha de boneca já que era tão pequena. Mas não me
interessava o gramado verde na frente, e menos ainda a arquitetura da casa...
o que me interessava era a mulher que estava lá dentro. Ela iria acalmar meus
demônios que me atormentaram durante todo o dia; iria me perder em seus
braços e então... Não sei.
Toquei a campainha, e em pouco tempo ela apareceu diante da porta. Ela
vestia uma camisa branca, e calças jeans, e estava linda e irresistível.
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— Entre. — Ela disse e se afastou da porta para que eu passasse. Seu


perfume preencheu minhas narinas e fiquei excitado; era incrível o poder que
ela tinha sobre mim. Nunca havia ficado tão louco por uma mulher antes
como estava com ela.
— Que bom que veio. Vamos falar sobre a Emma. — Disse ela cruzando
os braços no peito. Notei que ela estava rígida apesar de estar com as
bochechas coradas.
— Claro.
Encarei os lábios dela e tentei manter a concentração. Estávamos falando
da Emma, afinal.
— Vi que negligenciei meu trabalho como professora e não falei o
necessário na reunião; e ontem aconteceu algo peculiar que só me fez sentir
mais culpada por me deixar levar.
— O que aconteceu? — Perguntei, preocupado.
— Pedi que os alunos expressassem seus sentimentos através de desenhos.
Normalmente eu recebo sempre arco-íris, sóis, estrelas e carrinhos ou
bonecas de brinquedo. Mas Emma me entregou isso. — Ela foi até uma pasta
em cima da mesa e pegou um desenho e me entregou. Meu desejo e qualquer
pensamento por sexo caiu por terra quando vi aquele desenho.
Nele haviam vários corações sorridentes e vermelhos no lado direito, e
quem olhasse apenas aquele lado do desenho acharia que era algo comum.
Porém do lado direito tinha um coração com manchas em preto, cheio de
rachaduras e lágrimas nos olhos, completamente sozinho, abandonado.
— Eu pensei em encaminhar Emma para a nossa conselheira mais uma
vez, mas antes gostaria de conversar com você.
— Como assim mais uma vez? — Perguntei. — Ela já esteve lá antes?
— Sim, Emma fica sozinha durante o recreio e não fez amizade com
ninguém, e por isso ela foi conversar com nossa conselheira. A frase exata
que Emma disse para ela foi: Irei logo embora então não preciso fazer
amigos.
— Droga! — Cerrei os punhos ao lado do corpo.
— Sempre achei Emma excepcional pelo fato de ela ser tão inteligente e
articulada. Claro, ela está sempre lendo um livro; mas ainda assim, ela é
madura demais para a idade, é como se ela não soubesse ser criança, sendo
que tem apenas seis anos de idade. Ela parece ter preocupações demais, não
tem segurança, e por isso age quase como um adulto.
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— É porque eu sou um merda de pai. — Falei frustrado.


— Me conte o que está acontecendo? Quero ajudar Emma a se ajustar.
Encarei aquele coração desenhado meio torto, o lápis preto deixando-o
manchado, as rachaduras ao redor e as lágrimas e senti meus olhos arderem.
Encarei a professora Brooke e levantei.
— O que está acontecendo é que a mãe da Emma apareceu há dois meses
e disse que Emma era minha filha e a abandonou diante de mim. Ela foi
embora sem nem olhar para trás ou deixar um número de contato. Eu sou
fodido e não posso ser pai... eu não sei como agir com Emma, eu não sei ser
uma pessoa normal, e por isso estou procurando parentes para que ela fique
em um lugar que a amem... mas ver esse desenho está me matando.
— Mason... — Ela disse meu nome e desabei de joelhos diante dela. —
Mason, você ama a Emma... é notável pela forma como você está diante de
mim agora.
— Eu não sou capaz de amar ninguém, eu nem sei o que é o amor. —
Falei sentindo uma dor sem igual dentro do peito.
— Você e Emma só precisam se conhecer mais, conversar mais.... Vocês
se amam, eu sei que sim.
— Por favor, me ajude. — Me agarrei na cintura dela e chorei. Fazia anos
desde a última vez em que chorei, e nunca havia chorado na frente de
ninguém antes, mas aquela mulher, aquela mulher era diferente de todo
mundo. Era como se eu voltasse a ser um menininho.
Ela acariciou minha cabeça e disse com sua voz doce que tudo ficaria
bem, que ela me ajudaria a ser alguém melhor, e por alguns minutos me
deixei crer nessa doce ilusão de que eu seria um ser humano decente um dia.

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Sete
Desde a criação do universo, tudo foi destinado. Apenas deixe-me te
14
amar (deixe-me te amar, deixe-me te amar)

Brooke
De todas as reações do mundo, chorar diante de mim e pedir ajuda era a
última da lista. Na verdade, essa alternativa nunca havia passado pela minha
mente. Quando estava determinada a tratar do assunto de Emma com seu pai,
listei as diversas reações que ele poderia ter. Número um: gritar comigo e
dizer que cuidava bem da sua filha. Número dois: levar aquilo a sério e dizer
que conversaria com ela. Número três: ficar furioso e deixar Emma de castigo
por lhe causar esse incomodo. Número quatro: ignorar as minhas palavras e
me arrastar para a cama.
Em todas elas eu ainda me sentiria atraída por ele, ou ao menos meu corpo
sentiria a atração, pois isso era algo que eu não conseguia controlar; mas ele
ter se ajoelhado diante de mim, chorado e pedido para que eu o ajudasse...
Aquilo foi a gota d’água. Mason, aquele homenzarrão fez com que meu
coração balançasse de uma forma que eu soube lá no fundo que jamais seria a
mesma.
— Está tudo bem, eu vou ajudar você. — Acalmei-o e acariciei sua
cabeça conforme ele umedecia minha camisa branca com suas lágrimas.
Eu nunca, em toda a minha vida havia visto um homem chorar. Claro que
em livros, filmes e séries eles choravam e muito. Na vida real, porém, a
história era outra... eles sempre mantinham aquela pose de machões que
nunca derramariam uma lágrima sequer; esquecendo-se que um dia foram
menininhos cheios de medos e que choravam muito. Mason parecia um
menininho nesse momento. Ele tinha tanta dor em suas lágrimas que eu
queria salvá-lo daquela escuridão.
— Shhh... tudo vai dar certo... You are not alone, I am here with you,
15
Though we’re far apart, You’re Always in my heart, you are not alone... —
NACIONAIS-ACHERON
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Mason começou a acalmar-se conforme eu cantava. Aos poucos senti seus


músculos relaxarem e o abraço ficar mais leve.
Ele ficou um tempo ainda envolvido em mim. Eu cantei aquela bela
melodia enquanto me movia lentamente, como se estivesse ninando um bebê.
Lembro-me que meu pai cantava essa música para mim quando eu tinha
algum pesadelo na infância ou temia que houvesse algum monstro no meu
armário.
— Desculpe. — Mason afastou-se de mim e levantou. — Eu não queria
que...
— Por favor, não faça isso. — Pedi.
— Isso o que? — Perguntou ele, adotando aquela pose de machão de
novo.
— Fingir que está tudo bem, que você é um machão que não fraqueja
nunca, me afastar, colocar uma barreira... enfim... depois de hoje e tudo
mais...
— Não quero que você se envolva nisso. — Eu o encarei sem acreditar.
— Você não pode estar falando sério!
Ele cruzou os braços no peito, e fiz o mesmo, encarando-o.
— Acho que devo ir embora.
— Não, você não pode estar falando sério. — Apontei o dedo na cara
dele, mesmo sempre tendo achado esse gesto falta de educação. — Depois de
tudo o que aconteceu aqui hoje, você não vai voltar a agir assim comigo.
— Já pedi desculpas, Brooke.
— Você pediu minha ajuda com Emma, e é o que pretendo fazer.
— Não acho mesmo que seja assunto seu.
— Pode não ter sido assunto meu, mas agora é...
— Eu não sei o que você pode fazer para me ajudar. Vai me ajudar a
buscar os parentes da Emma?
— Deus, que homem teimoso! Sinto vontade de bater na sua cabeça com
16
um dos meus volumes de Guerra e Paz para ver que algo entra aí dentro.
— Vou embora. — Bufei.
— Em primeiro lugar, senta aí. — Eu o empurrei contra uma poltrona e
ele obedeceu. — Em segundo lugar escuta aqui... — Ele ficou me encarando
tão profundamente que por um momento quase perdi a linha de raciocínio. —
Você vai parar de procurar os parentes da Emma. — Ele ia falar algo, mas o

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silenciei com a ponta dos dedos; o que quase foi um erro, pis esse homem era
injustamente irresistível. — Olhe dentro do seu coração. Você consegue
mesmo ver sua vida sem Emma?
Ele ficou em silêncio antes de responder.
— Não importa como eu me sinto, e sim o que é o melhor para Emma. Ela
não quer ficar comigo, e eu não sou um bom pai.
— Imbecil. — Falei mais para mim do que para ele.
— Como é? — Revirei os olhos.
— Eu vou contrariar todas as minhas regras como educadora, e vou
convidar você e a Emma para virem almoçar aqui no sábado. — Ele me
encarou confuso.
— E qual o objetivo disso?
— Vou te provar que Emma quer ficar com você e sobre você ser um
péssimo pai... — Suspirei. — O cara que prepara os lanches da Emma, deu
um lar para ela quando poderia a ter colocado num lar de adoções... Você não
é um péssimo pai, acredite. — Falei encarando-o. — Tem muitos homens por
aí que se estivessem na sua situação iriam levar a Emma para um lar de
adoções. Você não precisaria ter esse problema em sua vida; mas não, você
está cuidando dela... apesar de ser um pouco lerdo e tapado para notar que ela
precisa do seu amor, e de você e de mais ninguém. Você é um bom pai.
— Eu não sei se você está me insultando ou elogiando. — Disse ele,
sorrindo, e retribui seu sorriso.
— Um pouco dos dois.
Ele pensou um pouco, e vi que estava provavelmente pesando as minhas
palavras.
— Eu vou pensar em tudo o que você disse e vou vir aqui no sábado com
Emma... assim te direi o que decidi.
— Eu espero que você tome a decisão certa. Levar Emma para longe não
é a resposta.
— Eu não sei, não sou bom com as pessoas, não sei o que é o amor... sou
oco por dentro, e por isso não me aproximo de ninguém. Emma ficar perto de
mim só irá fazê-la sofrer. — Ele levantou-se e veio na minha direção, dei
alguns passos para trás até encostar na parede. — E você também não deve
tentar se aproximar... eu sou um monstro e nada de bom virá disso.
— Você não percebe que já estamos próximos o suficiente. Mason, há
muito tempo que deixei de ser uma garotinha que tem medo de monstros...
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sou uma mulher crescida agora.


— Eu sei bem que você é uma mulher.
Ele abriu um botão da minha camisa branca, e outro e mais outro.
Plantou ali um beijo no alto dos meus seios, e em seguida beijou meus
lábios de leve antes de afastar-se.
— Você deve ficar bem longe de mim, para o seu próprio bem. — E então
Mason deixou a minha casa, batendo a porta atrás de si, deixando-me com o
coração acelerado, o corpo em chamas, e um latejar torturante entre as
minhas pernas.

Incendiário Assoviei a melodia conforme ia preparando


os laços. Reservei um deles para um alguém
especial. M era a etiqueta que estava no
laço. Era uma pena eu ter que eliminá-lo,
mas ele pediu por isso. Negligencia. Ignorar.
Fingir que algo não está ali quando está.
Ele era um péssimo pai para aquela menina, deixando-a sempre com uma
expressão triste de abandono. Em seu olhar via algo tão parecido comigo
quando eu era criança, sua dor era a minha dor. E eu iria eliminar aquele que

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causou tal dor.


Fiz mais um laço, porém tive de joga-lo fora, estava torto e imperfeito.
Aquilo de ter duas pontas desiguais me incomodava. Minhas mãos tremeram,
e cortei o laço em pedaços antes de jogá-lo no lixo. A família Cunninghan era
o meu próximo alvo, dali sete dias.
Eles haviam enviado a filha para um colégio interno fazia um mês, mesmo
a menina protestando, chorando e implorando para não ir. Eles queriam
ignorar. Eles eram negligentes, e com isso eles iriam ser eliminados. Imaginar
seus corpos queimando enquanto eles gritam de dor me deixou excitado.
Gritos de desespero. A carne queimando. O último suspiro angustiado.
Talvez o pai mije nas calças. Ou a mãe. Por um momento eles irão se
perguntar o porquê de isso estar lhes acontecendo. Implorarão a uma entidade
invisível por suas vidas; e por fim, o último grito de dor agonizante. Sorri ao
imaginar a cena. O laço estava pronto. Impecável.
Meu celular tocou, era James.
— Alô.
— E aí, cara! Estamos aqui no bar... gostaria de vir beber com a gente? —
Franzi a testa.
— Você num bar, senhor certinho? isso é realmente algo de se estranhar.
— Estou comemorando, hoje é um dia especial.
— Posso saber o que você está comemorando? — Perguntei curioso.
James não falava muito sobre si mesmo.
— Minha irmã finalmente fez laqueadura. — Ele gargalhou.
— E isso é motivo para comemorar?
— Sim, quando se é um tio com um salário baixo e tem que comprar
quase uma dúzia de presentes para todos os sobrinhos. — Ele gargalhou. — E
então, você vem?
— Parabéns, cara... mas realmente não posso ir hoje, estou cansado.
— Tudo bem. — Encerrei a ligação e fui tomar um banho. Meu celular
tocou novamente, e quando vi, era uma mensagem de texto.

Um policial veio até a minha casa e me encheu de perguntas. Você vai ter
que me dar mais dinheiro se quiser que eu mantenha a boca fechada.

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Cerrei a mandíbula e respondi.

Em sete dias venha me ajudar em um último incêndio. Lá te darei a


recompensa que você merece.

A resposta veio em seguida.

Sabia que você não me deixaria na mão.

Haveria uma pequena peça a mais no meu plano para dali sete dias, mais
um cadáver. Eu iria eliminar quem resolvesse se colocar no meu caminho. O
mundo precisava ser limpo de pessoas sujas.
Deitei na cama e adormeci imediatamente.

Flashback
Era meu aniversário de onze anos, mas ninguém lembrou... me colocaram
em frente a Tv com um videogame ligado. Eu estava sozinho novamente,
como sempre estava.
Papai tinha ido em uma viagem de negócios, e mamãe foi para o Spa
descansar a mente, pois ela disse que eu havia a estressado ao quebrar seu
copo de cristal. Com o canto do olho encarei a caixa azul com aquele
enorme laço vermelho. O videogame veio ali dentro, uma distração para
mim. Eu era uma inconveniência, então o vídeo game me manteria ocupado
para que eu não reclamasse da ausência deles.
Peguei o videogame idiota e seus jogos e controles; joguei tudo dentro
daquela caixa idiota e resolvi fazer o meu próprio jogo, o meu jogo favorito.
As empregadas já haviam adormecido, e então peguei tudo e fui até a
cozinha, onde peguei álcool de limpeza e fósforos.
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Segui até a varanda e joguei o álcool sobre o vídeo game, salvei o laço
vermelho... ele era tão perfeito e bonito. Joguei o fósforo e vi as chamas
começarem a se formar, tomando conta do vídeo game, transformando
aquilo tudo em plástico derretido e algumas partes em cinzas. Depois que o
fogo apagou, encarei o laço em minha mão. Ele tinha o aperto forte como um
abraço, um abraço que nunca recebi. Ele era a coisa mais bela em minha
vida, com seu tecido de cetim macio e suas pontas perfeitamente alinhadas.
Pensei no que eu deveria pedir de aniversário desta vez. Sabia que eles
me dariam qualquer coisa que fizesse com que eu não reclamasse... há muito
tempo parei de reclamar de saudades.
Como seria queimar algo vivo? Perguntei a mim mesmo, e então decidi:
naquele ano eu pediria um cachorrinho. Sorri e me perguntei que cheiro
teria sua carne queimando? Talvez fosse mais divertido com algo vivo, pois
teria gritos de dor. E a dor dele curaria a minha.

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Oito

Querida, você; você é a esperança em meu medo. Querida, você no fim de


uma longa jornada; O mundo inteiro está me dizendo que nada dura para
17
sempre. Querida, você; você é o meu tudo.

Mason
Minha cabeça estava estourando, isso já fazia dias. Uma dor que não
melhorava, ela simplesmente mudava, ficava de certa forma mais densa,
menos intensa; e eu quase poderia me acostumar a ficar com aquela dor de
cabeça para todo o sempre se ela continuasse. Era culpa dos meus
pensamentos. Eu pensava, pensava e pensava sem parar em tudo o que
Brooke havia me dito. Comecei a observar Emma, mas nunca fui tão
inteligente assim a ponto de compreender o que ela sentia.
Sabia que ela adorava doces, ela sempre estava com algum livro infantil
nas mãos, que não gostava muito de televisão, sempre acordava sozinha para
ir para a escola e ia tomar seu banho sem eu precisar mandar. Para mim tudo
aquilo parecia normal. Quando eu tinha sua idade, tinha até mesmo que me
preocupar com o que comer, pois se eu não achasse algo em casa para comer
passaria fome.
Aquela lembrança me perturbou e fez a minha cabeça latejar ainda mais.
Não gostava nem de lembrar toda a crueldade que aquele homem cometeu
comigo. Se ele ainda estivesse vivo, eu o mataria sem dúvidas.
— Está tudo bem, Mason? — Abri os olhos quando Duke me perguntou
isso. Ele sentou-se ao meu lado.
— Estou com dor de cabeça já tem três dias, estou enlouquecendo de tanto
pensar; e sim, estou bem. — Falei com ironia.
— Essa é a vida de quem cria um filho sozinho. Acredito que as mulheres
não fiquem assim pois elas são dez vezes mais corajosas e fortes do que nós.
— O encarei, e ri.
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— Eu não diria isso. — Falei ao lembrar da mulher que me colocou no


mundo, apenas para me abandonar depois.
— Você fala isso pois teve uma experiencia ruim com a mãe de Emma. —
Bingo, Duke! Além da minha mãe, também tinha a puta da mãe da Emma.
— Bem, sim... me desculpe se não acredito muito nas mães. — Dei de
ombros. — As mães que conheci, pelo menos, só demonstraram o quão fácil
é abandonar os filhos sem olhar para trás.
— A maldade faz parte dos seres humanos, mas acredite, é muito mais
fácil um pai abandonar um filho sem olhar para trás do que uma mãe. —
Encarei o Duke.
— Você não fez isso.
— Não, de jeito nenhum. — Ele suspirou. — Sabe, quando minha esposa
se foi, eu tinha uma menina pequena para criar, além de ter de lidar com a
minha dor e a dela... — Ele fechou os olhos como se a lembrança da morte de
sua esposa ainda o machucasse. — Minha sogra queria criar Camille, e cara,
aquilo era a solução perfeita: eu poderia deixar a responsabilidade nas costas
da minha sogra, beber e viver minha tristeza em paz sem ter que cuidar de
uma menina que só chorava.
— Mas você é o Duke, você nunca faria isso. — Disse com sinceridade.
— Não pense que sou perfeito. Quando as coisas ficavam difíceis, eu
pensava em deixar Camille com os meus sogros, mas eu não conseguia
imaginar a minha vida sem ela.
— Você é um grande pai, Duke.
— E você também é, Mason... só precisa deixar de ser teimoso e aceitar
isso.
Pela primeira vez, fiquei em silêncio, e não contradisse o que Duke disse,
pois tudo o que ele dizia e Brooke me disse. Eles me fizeram acreditar um
pouco naquilo, nem que fosse um por cento.
— Tem uma pessoa que conheci. — Falei espontaneamente. — Ela disse
que quer me ajudar com Emma.
— Isso é ótimo. — Duke sorriu e deu tapinhas nas minhas costas.
— Não sei se posso confiar nela. Ela...
— Ela não vai te abandonar e nem abandonar Emma. Você precisa ter
mais fé nas mulheres.
— Você nem sabe quem ela é... na verdade eu mal a conheço, ela é
professora da Emma e disse que está preocupada com ela.
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— Ela não tem nada a ver com a história, Mason. Por que ela perderia
tempo te oferecendo ajuda se não fosse sério?
Não tive tempo de responder, pois Daniel entrou correndo no refeitório e
nos disse que houve um acidente grave próximo ao shopping e precisávamos
ir já que éramos o batalhão mais próximo do local. Eu detestava atender essas
ocorrências, mas segui com meus colegas e chegamos lá em cinco minutos.
Dois carros colidiram, e um deles estava na contramão, com o motorista
alcoolizado. O motorista alcoolizado teve ferimentos leves, mas a família de
cinco pessoas no outro carro estava gravemente ferida.
Com um trabalho demorado conseguimos soltá-los das ferragens, e apenas
três dos cinco sobreviveram, a mãe e dois dos seus filhos. O pai e a
menininha de cinco anos de idade já estavam mortos antes mesmo de
chegarmos. Aquilo acabou com o meu dia. Senti tanta raiva do homem que
dirigia alcoolizado e que tinha destruído uma família que senti vontade de ir
até o hospital onde o maldito estava e matá-lo.
— Você está bem, Mason? — Perguntou Michael.
— Não. Se ele queria se matar dirigindo embriagado deveria ter jogado
seu carro da ponte e não matar outras pessoas.
— Concordo com você, mas cara...vamos embora. — Michael me puxou
pelo braço, mas eu estava vendo tudo em vermelho, encarando o carro do
maldito. Ele destruiu uma família com sua irresponsabilidade. Eu estava
muito puto, já tinha tantos problemas, e essas pessoas irresponsáveis estavam
me irritando ao máximo. Quando elas não estavam embriagadas, estavam
mexendo em seus celulares enquanto dirigiam. As pessoas precisavam ter
mais consciência, não era apenas elas que estavam na estrada.
— Mason, vamos, cara. — Henry me puxou também.
— Mason! — Daniel gritou impaciente.
— Você parece que vai matar alguém. Vamos, cara. — Disse Trevor.
— Me soltem. — Falei, me soltando de Michael e Henry. — Eu estou
indo. — Entrei no caminhão ao lado de Caleb.
— Você está bem, cara? — Perguntou ele.
— Eu estou bem, parem de me olhar como se eu estivesse louco. —
Andrew bufou.
Logo todos estavam no caminhão com Michael na direção. Todos estavam
abalados, tão abalados que nem mesmo Henry, o rei das piadinhas sem graça,
ficou em silêncio.
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O sábado chegou, e com ele a minha dor de cabeça evoluiu para uma
enxaqueca que fez com que meu estômago embrulhasse. Eu estava enjoado,
com dor de cabeça e nervoso.
— Onde a gente vai? — Perguntou Emma. Ela havia colocado as roupas
que comprei para ela, e parecia uma princesa.
Demorei alguns segundos para responder.
— Almoçar na casa da senhorita Valentine, sua professora. — Ela
assentiu e ficou me encarando. — Você está pronta? — Perguntei o óbvio.
— Sim. Vamos? — Assenti, e Emma pegou um livro e colocou em sua
pequena bolsinha.
Chegamos no carro e ajudei-a a colocar o cinto, ela sentou no banco de
trás e dei partida no carro em seguida. Logo estávamos no transito tranquilo
de Chicago, que no sábado era sempre mais tranquilo. Encarei Emma pelo
espelho retrovisor, pronto para puxar assunto, nem que fosse sobre o clima,
mas ela estava com o livro na frente do rosto, então pensei que ela não
gostaria de ser perturbada por um assunto tão banal quanto o clima. Dirigi em
silêncio, pensando que minha filha ainda era uma estranha para mim e que
deveria ter medo de mim.
Com esse pensamento negativo segui até a casa de Brooke. Logo
chegamos, e Emma saiu do carro antes mesmo que eu abrisse a porta para
ela. Pensei em segurar na mão dela, mas eu ainda tinha receio de pegar na
mão da minha filha e dela me rejeitar e soltar a minha mão. Então seguimos
lado a lado e tocamos a campainha da casa de Brooke. Em menos de dois
minutos ela abriu a porta e sorriu para nós dois.
— Emma, oi... e Mason... — Disse ela com um sorriso caloroso. — Que
prazer vocês virem almoçar comigo hoje. Por favor, entrem.
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Emma e eu passamos por ela. Seu perfume estava começando a se tornar


familiar para mim e era delicioso, como uma brisa em um dia quente de
verão, que vinha e nos dava prazer.
Brooke usava uma blusa cor de rosa de mangas curtas que realçava seus
seios, uma calça jeans desbotada e sandálias rasteiras; seus cabelos cacheados
estavam soltos e ela parecia refrescante. Meu primeiro reflexo ao entrar
naquela casa foi de querer beijar seus lábios como um cumprimento, mas me
controlei. Ela era a professora da minha filha e por mais linda que ela
estivesse, não queria que Emma pudesse começar a imaginar coisas.
— Sentem-se no sofá, vou trazer um suco para vocês. A lasanha está no
forno, e em breve estará pronta.
— Você não vai causar um incêndio novamente? — Perguntei num
impulso. Brooke ficou corada e soltou uma risadinha nervosa.
— Bem, se houver um incêndio, o bom é que o bombeiro já está aqui. —
Ela respondeu, acredito que também num impulso, já que cobriu a boca logo
em seguida. — Vou buscar os refrescos. — E então saiu correndo da sala,
não antes de tropeçar em alguma coisa. Escutamos dali ela gemer de dor e
gritar em seguida. — Está tudo bem, foi só meu dedinho.
Emma riu e fiquei surpreso, pois nunca a escutei rir. Eu a encarei surpreso
e ela me encarou constrangida, e parou de rir.
— Por que você riu? — Perguntei curioso.
— A professora sempre faz isso em sala de aula. — Disse ela e então
ficou quieta, balançando os pés sentada no sofá.
Queria faze-la rir de novo. O que eu poderia fazer? Talvez eu devesse
começar a bater mais com o meu dedinho. Se eu tropeçasse ou me
machucasse um pouco em casa talvez houvesse uma grande chance de ouvir
a risada de Emma mais uma vez. A risada dela aqueceu meu coração, e eu
queria mais.
— Os sucos. — Brooke entregou os copos daquele refresco gelado de
limão e bebi tudo de uma vez só. O verão estava chegando, e com ele os dias
de muito calor estavam cada vez mais próximos.
— E então, Emma. Como você está? — Perguntou Brooke.
— Estou bem, professora. Sua casa é muito bonita. — Disse Emma.
— Fico feliz que tenha gostado, tem meu jeito meio excêntrico, mas é
meu canto. — Disse Brooke. — E você, Mason, como está?
— Estou bem, na medida do possível. — Falei e encarei o copo de suco
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que eu havia esvaziado. Eu deveria talvez ter me engasgado um pouco... será


que aquilo faria Emma rir? Ok, eu estava me tornando uma pessoa ridícula.
— Eu estou encrencada? — Emma perguntou de repente.
Brooke e eu a encaramos surpresos.
— Por que está perguntando isso, Emma? — Perguntou a professora.
— É que viemos na casa da senhorita, no sábado. — Ela me olhou de
soslaio. — E você nunca me leva para lugar nenhum. — Aquelas palavras
cravaram em meu peito de uma forma que faca alguma poderia machucar. Eu
realmente não a levava para lugar algum. Emma era uma criança e eu a
deixava presa em casa, dia após dia.
— Você não está encrencada, Emma. Convidei vocês aqui pois sou amiga
de seu pai, e gosto muito de você.
— Vocês namoram? — Perguntou Emma de repente, e agora eu não
precisei de suco para me engasgar, pois estava tossindo por ter me afogado
com minha própria saliva.
— Não! Não namoramos. — Respondi ao mesmo tempo que Brooke dizia
o mesmo.
— Eu pensei que fossem. — Disse Emma, olhando de um para o outro.
— E por que você pensaria isso Emma? — Perguntei.
— Porque você tem muitos amigos, mas nunca me levou para almoçar na
casa de nenhum deles. — Emma deu de ombros. — Pensei que se não viemos
aqui por eu estar encrencada, então era porque você gosta da professora, e ela
de você. — Brooke não poderia estar tão vermelha nesse momento.
— Vou olhar a lasanha. — E então ela saiu da sala e me deixou sozinho
para resolver aquela situação. Quis esganá-la por me abandonar em um
campo minado.
— Viemos aqui Emma pois você gosta da senhorita Valentine. —
Expliquei, pois foi a primeira coisa que me veio em mente.
— Tudo bem.
— Você gostaria de sair mais vezes comigo? — Perguntei com cuidado.
Emma deu de ombros.
— Pode falar, onde você gostaria de ir? — Perguntei.
— Eu nunca fui no parque de diversões.
— A lasanha está na mesa, vamos comer?
Encarei Brooke e quis beijá-la na boca. Graças a ela Emma e eu tivemos
uma interação.
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— Vamos. — Emma levantou-se e seguimos Brooke até a mesa que ela


havia arrumado na varanda aos fundos da casa.
— Senhorita Valentine, gostaria de ir ao parque de diversões conosco no
sábado que vem? — Perguntei.
— Por favor, não estamos na escola, podem me chamar de Brooke aqui.
— Disse ela. — E parque de diversões, claro, eu adoraria.
Emma sorriu contente e animada com essa nova promessa de passeio.
Começamos a conversar distraídos sobre tudo e qualquer coisa. Comemos a
deliciosa lasanha de Brooke, e a minha surpresa e o ponto alto do dia foi
quando a Brooke perguntou a Emma o que ela gostaria de ser quando fosse
adulta.
— Bombeiro. — Foi o que Emma disse.
Surpreso, encarei-a. Ela queria ter a minha profissão, por quê?
— É uma ótima profissão, porque você quer ser um bombeiro?
Emma ficou vermelha, como se estivesse constrangida em responder.
Ficamos em silêncio, porém ela continuou comendo e não respondeu mais.
Para quebrar o silêncio, perguntei.
— Gostaria de fazer uma visita ao meu batalhão na semana que vem? —
Perguntei. Emma me encarou surpresa.
— Eu posso mesmo? — Perguntou.
— Claro, será algo rápido, mas você pode.
E então aconteceu de novo, Emma riu e bateu palmas. E meu dia foi
ganho.
Afinal, talvez, eu pudesse de fato me tornar um bom pai.

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Nove
Bem, você acabou comigo e pode apostar que senti isso.
Tentei ficar frio, mas você é tão quente, que derreti
18
Caí nas rachaduras, agora estou tentando me recompor

Brooke Na terça-feira eu ainda estava com a


lembrança de sábado fresca na minha mente. O
almoço para aproximar aqueles dois foi um
verdadeiro sucesso; e acho que consegui recuperar
um pouco da confiança perdida de Mason. Eu me
perguntei o que poderia ter acontecido para que
ele fosse assim, com essa falta de
autoconfiança.
— Sei que você naturalmente vive no mundo da lua, mas ultimamente
você tem exagerado nisso. — A senhora Schaefer sentou-se na cadeira em
minha frente e me estendeu uma xícara com café fumegante.
— Desculpe, estava falando comigo novamente e eu estava distraída?
Ela assentiu e ajeitou um dos cachos ruivos do seu cabelo que caiu na
testa.
— Mas não se desculpe, estamos no horário do café mesmo... Ao invés de
se desculpar me conte quem é o homem?
Quase me engasguei com o café.
— Não tem nenhum homem. — Respondi rapidamente.
— Brooke. — Ela sorriu. — Você é um livro aberto. Na hora que se
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afogou com o café, ficou corada e respondeu rápido demais. — Ela deu de
ombros. — Me conte logo, quem é ele?
Praguejei por dentro por ser esse desastre ambulante que qualquer um
conseguia ler. Era por isso que eu era péssima no Poker, nunca conseguia
blefar. Sobre Mason, porém, não sabia se a senhora Schaefer iria aprovar,
afinal ele era o pai de Emma.
— Ele é apenas um amigo, e não acho que poderemos seguir a diante;
seria contra as regras. — Resolvi ser sincera, afinal, de que adiantaria tentar
mentir se eu iria falhar miseravelmente.
— Regras? É um amor proibido? — Os olhos da diretora brilharam. —
Brooke, eu nunca pensaria que você é desse tipo. — Ela piscou para mim.
— Não exatamente proibido, senhora Schaefer.
— Por favor, sou sua amiga agora e não a diretora... me chame de Diane.
— Diane, é que eu... — Suspirei. — Ele é o pai de um dos meus alunos.
— Oh! — Diane Schaefer tirou seus óculos e pousou-os na mesa, ela fazia
aquele gesto quando queria pensar em algo. Apertei a xícara com o mascote
do time da escola, um coelho sorridente, e fiquei a observando nervosa.
— Por favor, Diane, diga qualquer coisa. — Falei. Estava ficando maluca
com aquele suspense todo.
— Não vejo o porquê desse relacionamento ser contra as regras. — Disse
ela.
— Ele é pai da minha aluna, como isso pode não ser contra as regras?
— Ele não é seu aluno nem nada. E vocês vão namorar lá fora e não aqui
dentro, não é mesmo? — Corei com a lembrança de Mason me colocando
sobre a minha mesa na sala de aula e me tocando de uma forma obscena.
— Sim, vamos namorar lá fora...
— Então não vejo motivos de você não namorar o pai da Emma. —
Encarei Diane surpresa. Eu havia dito que era o pai de Emma sem perceber?
— Como?
— Então é ele mesmo?
Eu cai como um patinho na isca de Diane.
— Sou tão transparente assim?
— Foi meio fácil de descobrir. Primeiro ele ficou olhando para você de
uma forma nada discreta na reunião de pais e mestre, segundo ele é o único
pai com quem você teve o primeiro contato agora, já que a maioria dos outros
pais você já conhecia; e sou velha, sei dessas coisas.
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— Diane, quando eu crescer, quero ser como você.


Ela sorriu satisfeita com as minhas palavras.
— Você é um doce, Brooke, espero que dê tudo certo em seu
relacionamento.
— Eu ainda nem sei se vai ter um relacionamento. — Falei. E eu
realmente não sabia. Eu estava me apaixonando por Mason, queria desvendar
seus segredos, conhecê-lo mais profundamente; mas não tinha certeza se ele
me deixaria entrar.
— Ele teria de ser um idiota de perder uma mulher como você. — Disse
Diane. Ela colocou os óculos e levantou-se. — Agora, vamos voltar ao
trabalho senhorita Valentine. — Disse Diane, voltando a adotar sua postura
de diretora durona.
— Sim, senhora. — Sorri, recolhi meu material, e fui para a minha aula do
período da tarde.

—Até amanhã. — Despedi-me da turma da tarde e ajeitei meu material.


Depois de trancar a sala e deixar a chave na secretaria para que a faxineira da
noite pudesse pegá-la, vesti meu casaco e segui para o meu carro. Chegando
lá, peguei meu celular que estava tocando insistentemente ao som de I’m
Yours de Jason Mraz; encarei o visor e não reconheci o número, mas atendi
mesmo assim.
— Alô?!
— Brooke?
Meu corpo inteiro ficou quente e meu coração acelerou. Era ele.
— Mason. — Não foi uma pergunta, mas ele respondeu mesmo assim.
— Sim, sou eu… desculpa te ligar assim, mas estou desesperado.
— O que aconteceu? — Perguntei preocupada.
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— Eu preciso da sua ajuda, para levar Emma no batalhão.


— Minha ajuda? — Perguntei sem entender. — Então está tudo bem com
Emma?
— Sim, está. — Ele suspirou. — Eu só queria que você me ajudasse um
pouco. Tenho medo que eu faça algo de errado; e você estando lá, sei que
tudo vai dar certo.
— Mason, eu realmente acho que você deveria passar um tempo a sós
com Emma. Se eu estiver junto só vou atrapalhar. — Por mais que eu
estivesse tentada em vê-lo e por mais que eu adorasse Emma, achava que era
realmente importante eles terem essa conexão pai e filha, e não queria ficar
entre eles.
— Por favor, Brooke. Eu sinto que vou estragar tudo se você não estiver
lá. Por favor, não tenho confiança para isso e também...
Ele ficou em silêncio do outro lado da linha, e pude escutar o som dos
seus passos agitados andando de um lado para o outro.
— E também? — Insisti, e vi que ele não pretendia completar a frase.
— E também gostaria de ver você. — Disse ele. — Mas se for um
incomodo, você não precisa vir. Eu ...agora que fiz o pedido, vi como estou
sendo abusado.
— Eu vou. — Respondi.
E seja o que deus quiser, mas eu vou. Certas decisões que tomamos em
nossas vidas podem mudá-las para todo o sempre. Eu sentia que essa era uma
dessas decisões, que minha vida poderia ser destruída ou completamente
formada. Foi um pequeno sim, mas esse pequeno sim poderia modificar a
minha vida.
— Mesmo? — Ele perguntou do outro lado da linha, excitado como uma
criança que fica sabendo que irá sair para tomar sorvete.
— Mesmo. Me envie sua localização no Whatsapp e encontrarei você e a
Emma dentro de alguns minutos.
— Depois podemos ir jantar juntos. Você ainda não jantou não é mesmo?
— Encarei minha roupa básica que eu usava para dar aulas e mudei os
planos.
— Dentro de uma hora encontro vocês no batalhão. Preciso ir em casa
trocar de roupa, e eu ainda não jantei.
— Ótimo, vamos jantar juntos.
— Tudo bem, mas não posso voltar tarde para a casa... amanhã recém é
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quarta-feira.
— Sim, Emma vai cedo para a cama. — Porquê de toda a frase, tudo o
que captei foi cama, cama e cama?
— Certo, então até daqui a pouco.
— Até.
Ele parecia muito feliz ao encerrar a ligação, e eu também não consegui
deixar de sorrir como uma boba a ponto de minha mandíbula doer um pouco
quando cheguei em casa. Fui para o chuveiro tomar uma ducha, e quando saí,
olhei o celular, e Mason já havia me enviado sua localização e também um
emoticon sorrindo. Eu estava me sentindo muito boba, como uma adolescente
apaixonada pronta para seu primeiro encontro.
Coloquei meu jeans justo e escuro, uma blusa amarela e uma jaquetinha
preta. Logo estava pronta após passar um lápis de olho, uma sombra clarinha
e um batom coral. Não queria mostrar que eu havia me arrumado tanto, mas
também queria estar linda para me encontrar com Mason.
Aquele jogo era perigoso, eu estava me apaixonando por ele e me
afeiçoando muito a Emma. Se algo desse errado, eu iria perder duas pessoas,
seria doloroso demais. Porém aquele pensamento não perdurou muito em
minha mente, pois sempre fui de agir segundo meu coração, e não seguindo a
minha mente. Se não desse certo e se fosse um erro, pelo menos eu
aprenderia alguma coisa no final.
Com pensamentos positivos, segui para o batalhão.

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Dez
Oh não, rezo para que o manhã não venha; gradualmente, fiquei com medo,
tudo parece que vai; desaparecer. Parece que se eu tirar meus olhos de
você por um momento, eu vou acordar desse sonho;
E eu não sei o que é. Nunca senti esse tipo de sentimento; você e eu,
apenas dois de nós
19
Quero continuar a dançar com você neste mundo

Mason
Brooke estava tão linda. Acho que nunca havia visto em toda a minha vida
mulher tão bela quanto ela. Brooke estava fazendo eu mudar. Quando isso
começou? Como ela conseguiu perfurar minha casca? Em que momento isso
aconteceu?
— Tia Brooke. — Emma, que estava ao meu lado correu para os braços
de Brooke. Elas haviam combinado no último sábado que quando não
estivessem na escola, Emma a chamaria de tia Brooke. Fiquei hipnotizado
vendo minha filha e Brooke se abraçarem aos risos. Aquilo me tocou
profundamente, apenas por ver as duas abraçadas e o som da risada delas fez
meu coração parece ter dobrado de tamanho, pois apertava em meu peito
como se não tivesse mais espaço ali dentro.
— Elas chegaram. — Olhei para o lado e vi que Duke estava me
observando. — Quem é ela?
— Já disse, é a professora da Emma. — Por que ele estava fazendo eu me
repetir?
— O que ela é para você? Ela é alguém que é mais que a professora da
Emma, certo? — Duke sorriu diante do meu silêncio.
— Sabe, Duke, com todo o respeito...— Eu o encarei, sério. — Mas você
anda muito intrometido ultimamente. — Achei que seria repreendido pela
minha atitude, mas Duke apenas sorriu como se tivesse todas as respostas
para todas as perguntas do mundo.
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— Entendo. — Assoviando uma canção que eu desconhecia, Duke entrou


no batalhão.
— Boa noite. — Cumprimentou-me Brooke, e precisei limpar a garganta
para responder a ela.
— Boa noite, obrigado por ter vindo.
Ela sorriu.
— Foi um prazer.
— Bem, vamos ao tour, Emma?
— Sim! — Pedi as duas que me acompanhassem e cheguei primeiro ao
refeitório onde todos estavam reunidos.
— Bem, esse é o tio Daniel como você já sabe. Ele é o chefe assistente do
nosso batalhão, e quando Duke não está por aqui é ele que manda; ou seja,
ele conhece cada detalhe desse batalhão melhor que todos nós e tem acesso as
nossas fichas e vidas pessoas... resumindo ele é um metido. — Emma riu das
minhas palavras e meu coração se aqueceu. Iria continuar seguindo aquela
linha de apresentação engraçada só para faze-la rir.
— Hey, Emma, não dê atenção as palavras do seu pai. Sou um cara legal.
— Disse Daniel levantando-se para me encarar, porém mesmo com seus
1,93mts, eu ainda era 3cm mais alto que ele.
— Tudo bem, tio Dan. — Disse Emma.
— É bom mesmo que você cuide melhor dessa menina. — Disse Daniel
antes de dar um tapinha amigável nas minhas costas.
— Bem, esse bobão careca é o palhaço do batalhão, Emma. Ele se chama
Henry, faz piadas que só ele acha graça, é bombeiro e é metido. — Henry
olhou na nossa direção e sorriu sarcasticamente, e então enxergou Brooke.
— Mocinha, não dê atenção ao bobão do seu pai; e muito prazer moça
bonita. — Ele cumprimentou Brooke.
— Nada de gracinhas, Henry. — Ele me encarou e bufou.
— É bom que você esteja tomando jeito, monstro. — E então pegou uma
mochila e deixou a sala depois de se despedir de todos.
— Olá mocinha, eu sou o Michael, e dirijo aquele caminhão legal que está
lá fora. Sou o engenheiro de condução e você vai ganhar um pirulito. —
Michael entregou a Emma um pirulito de coração. — Tio Michael precisa ir
agora, pois vai se encontrar com uma moça bonita. — Emma sorriu para ele e
agradeceu. — Mas da próxima vez que você vier aqui, vou levá-la para
passear no carro dos bombeiros, certo?
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— Tudo bem. — Disse Emma. Ela estava tão animada com toda a atenção
recebida que seus olhos não paravam de brilhar.
— Bom trabalho, Mason. — Disse Michael antes de partir.
Ao que parece todos estavam loucos para opinar sobre meu tratamento
com Emma, mas só quem tinha coragem de falar na minha cara era Duke.
— Oi mocinha, seu pai está te tratando bem? — Perguntou o sempre tão
calado Andrew, e Emma assentiu. — Muito bem. — Ele me encarou com
atenção antes de prosseguir. — Sou o Andrew, o tenente, e vou embora para
a casa agora. Só queria me certificar se teria que bater ou não no seu pai. —
Se Emma ficou assustada não demonstrou.
— Vá embora, Andrew. Você não é pai para ficar opinando na minha
vida. — Recebi um olhar mortal dele antes de ele sair dali, e o clima ficou
tenso; mas foi quebrado quando Minah apareceu.
— Emma, você é uma princesinha linda. — Emma encarou Minah com
atenção.
— Você é muito bonita. — Disse Emma.
— Obrigada, eu sou a Min Ah, mas todos me chamam de Minah. Sou
bombeiro aqui a pouco tempo. — Minah encarou Brooke. — Muito prazer.
— As duas se cumprimentaram. — É bom ver que alguém está quebrando o
gelo em volta do coração de Mason. — Disse ele à Brooke. — Vocês duas
são incríveis, até parecem mãe e filha.
— Minah, você não tem que ir para a casa? — Perguntei bruscamente e
ela me encarou sorrindo.
— Verdade, preciso ir. Até mais. — Minah piscou para Brooke e deixou o
batalhão.
— Quem é aquele? — Perguntou Emma. Segui a direção em que seu dedo
apontava e vi Kevin. Havia me esquecido por completo de Kevin.
— Ele é o Kevin, ele é bombeiro e trabalha há anos conosco. Ele não
gosta muito de conversar, mas é um cara competente. — Kevin nem olhou na
nossa direção quando falei dele, e continuou focado em seu livro com seus
fones de ouvido no volume máximo no ouvido.
— Oi, princesa. Eu sou o cara mais legal daqui e seu pai esqueceu de me
apresentar. — Tyler apareceu e sorriu para Emma. — Ele Às vezes precisa
levar uns cascudos por ser tão negligente, você não acha? — Emma riu. —
Muito prazer menino linda, sou o Tyler, capitão do batalhão. Sou o cara que
quando Duke ou Dan não estão, conduz os rapazes para apagar os incêndios.
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— E ele usa saias. — Tyler me encarou.


— É Kilt. babacão. — Emma gargalhou.
— Você é escocês. — Disse Brooke impressionada. — Bem que notei seu
sotaque. — Por que ela parecia tão impressionada.?
— E você é? — Perguntou Tyler galanteador.
— Ela não é da sua conta. — Falei num impulso.
— Ah... entendi. — Disse Tyler.
— Sou Brooke. — Ela respondeu, ignorando meu protesto.
— Muito prazer, Brooke. Agora devo deixar vocês a sós se não quiser ser
lançado pela janela. — Tyler saiu dali e teve sorte de ser rápido o suficiente,
pois eu queria lançá-lo pela janela de fato.
— O sotaque dele é tão forte. — Disse Brooke.
— Não é grande coisa. — Falei irritado.
Começou uma gritaria de uma das salas e olhamos naquela direção.
— Você é um idiota, Trevor! — A avoada Crystal saiu de lá soltando fogo
pelas ventas.
— Não sei porque você insiste em vir aqui ainda! — Gritou Trevor de
volta, e eles foram discutindo para o lado de fora.
— Bem, aquele ali era o Trevor, ele é bombeiro, e ouvi dizer que veio de
uma família do dinheiro; mas é só o que sei. e que depois de uma certa idade
a maior parte do tempo de sua adolescência ele passou na casa de Caleb e por
isso eles são melhores amigos. Vocês não vão poder conhecer Trevor hoje,
pois ele e Crystal estão em uma discussão calorosa.
— Tudo bem. — Elas falaram.
— James, que é nosso paramédico, tirou o dia de folga; e Caleb está com
sua namorada Karen. Mas essa não será uma visita única, Emma... vocês
poderão vir para outras visitas e andar de caminhão como Michael
mencionou.
Mostrei as duas onde ficavam nossas roupas, mostrei o alarme, e o que
fazíamos quando o alarme soava, e terminamos nossa visita na sala de Duke.
— Emma e Brooke. eu ouvi falar muito de vocês. — Disse Duke. — Eu
sou o chefe do batalhão, tenho uma filha tão linda quanto você, e adoraria
que vocês duas viessem no jantar de confraternização do batalhão daqui duas
semanas.
— Eu não sei se devo. — Falou Brooke.
— Ah, não se recusa um convite meu... e não se preocupe não estarão
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apenas os babacas que você conheceu hoje, também estarão as suas


namoradas e enfim.
— Eu... — Brooke estava em uma situação difícil.
— Eu já pretendia convidá-la. — Falei para que ela não ficasse ainda mais
constrangida. Duke estava realmente muito metido.
— Obrigada pelo convite, senhor. — Disse Emma.
— Você é uma menina linda. — Disse Duke.
— Bem senhor, se nos der licença, temos que ir jantar e está ficando tarde.
— Tudo bem, também já vou para a casa. Camille vai jantar comigo hoje.
— Ele olhou para Emma. — Camille é minha filha, e você vai adorar
conhecê-la.
Brooke apenas sorriu e assentiu. Logo estávamos em meu carro a caminho
do restaurante.
— Você gostou do passeio, Emma? — Perguntou Brooke.
— Sim, tia Brooke. O tio que mais gostei foi o tio Tyler, ele tinha um jeito
de falar bonito.
— É o sotaque escocês Emma. — Até que horas elas iriam falar do
sotaque idiota do Tyler? O que tinha de importante naquilo? Por que as duas
ficaram tão encantadas com o Tyler? O que ele tinha de tão especial? Eu
estava começando a ficar irritado aquela comichão que eu andava sentindo
ultimamente me deixando um tanto irracional.
— O que é sotaque?
— Sotaque é uma maneira particular de cada pessoa pronunciar certos
fonemas, é uma variante própria da região de onde a pessoa veio ou da classe
social em que essa pessoa veio. — Explicou a professora Brooke. — Mas em
resumo para que você compreenda melhor, quem mora na Inglaterra por
exemplo tem um jeito de falar diferente, assim como quem veio da Escócia...
ou até mesmo um falante do Texas se comparado a um de Boston.

— Isso é muito legal. — Disse Emma animada. — A diretora tem um


jeito de falar diferente. — Observou Emma.
— Sim, ela viveu durante quinze anos na França, e isso modificou seu
sotaque, tornando-o único.
— Chegamos ao restaurante. — Eu tinha um sotaque comum, de um cara

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que nasceu em Chicago, nada de especial havia em minha forma de falar... e


eu queria mesmo que aquele assunto morresse. Eu estava com ciúme delas...
sim, eu não queria que elas falassem do Tyler ou do seu sotaque besta.
Eu estava morto de ciúmes da minha filha e da minha mulher. Minha
mulher? Observei as duas entrando no restaurante enquanto eu estacionava o
carro, aquilo parecia tão certo, minha família. Seria capaz? Seria possível eu
ter uma família de verdade? Com pessoas que me amavam e que eu amava?
Aquele sonho nunca passou pela minha cabeça antes, pois para mim estava a
anos luz de distância; agora, porém eu conseguia visualizar uma vida assim.
Um lar para voltar depois do trabalho, uma esposa para amar, e uma filha
para criar. O medo de ter tudo aquilo e perder depois me dominou e apertei
forte o volante. Só então me dei conta de que Emma e Brooke me encaravam
de dentro do restaurante, acenando para mim e com expressões preocupadas.
Desci do carro e me juntei a elas, e fiquei boa parte do tempo em silêncio
observando-as devorarem as costeletas de porco com purê de batatas. Eu
estava com tanto medo de ter uma família e depois perdê-la que não consegui
me concentrar muito na conversa. Pelo menos elas haviam mudado de
assunto e parado de falar em sotaques, elas agora falavam de Minah e
tentavam adivinhar de que lugar da Ásia ela viera.

“Acordei tremendo de frio. Minhas canelas estavam raladas e meu


estomago doía de fome.
— Mais um. — Disse uma voz indiferente.
— Esse pelo menos é grande, vai poder limpar e trabalhar. — Um homem
comentou.
— Está magro demais, não sei se vai aguentar o trabalho. — A voz
indiferente ecoou, e finalmente identifiquei como sendo de uma mulher.
— Vai ter que aguentar se quiser comer. E ninguém vai querer adotá-lo.
— O homem falou.
— Não mesmo. Vamos ensinar ele a trabalhar; e se não se adaptar,
jogamos ele na rua. — Ela disse.
— Ele parece um amontoado de lixo e ossos.
Fui puxado pelos cabelos e um homem com uma barba rala e olhos
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assustadores me encarou.
— Onde estou? — Falei, só então me toquei como minha garganta estava
seca de sede e como doía.
— Pelo visto seus pais lhe colocaram no lixo. Esse é o lar para crianças
abandonadas e você vai ter que trabalhar se quiser comer. — Disse o homem
bruscamente.
Eles me abandonaram? Nunca senti tanto alívio em minha vida. Aquele
homem nunca mais iria brincar comigo daquela forma suja? Eu nunca havia
sentido tanto alívio na vida.
— Eu faço todo o trabalho. — Falei. — Só não me mande de volta. —
Implorei.
— Ótimo. — Disse o homem. — Mas antes você precisa comer.
Eu tinha dez anos de idade quando fui largado naquele lar. Trabalhava
como um escravo por um pão e um bocado de arroz, e dava sorte quando
tinha carne. Apanhava quando descansava, mas nada se comparava aos
abusos daquele homem. Eu aguentei tudo, pois ninguém nunca me adotaria,
e eu não queria uma família.
A família que me adotara no passado e me abandonara agora. Deveriam
me proteger dos monstros, mas na verdade eles eram os verdadeiros
monstros.
Lembro-me de ler uma frase parecida como esses anos depois, em uma
das obras de Stephen King. e ela havia se encaixado perfeitamente em minha
vida. Família. Eu nunca teria uma família novamente, eu ficaria para sempre
sozinho e assim ficaria bem.”

Na volta para a casa essas lembranças me vieram a memória. Encarei


Emma pelo retrovisor, ela havia adormecido no banco de trás. Parei em frente
à casa de Brooke.
— Você está bem? — Ela me perguntou. — Está tão pensativo.
— Estava pensando em muitas coisas, em especial ao meu passado sujo.
Ela tocou em minha mão e a apertou de leve.
— Você pode se abrir comigo. — Disse ela.
— Por que eu? — Perguntei e vi que ela estava surpresa pela minha
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pergunta.
— Como assim?
— Você é linda, inteligente e maravilhosa. Pode ter o homem que quiser...
por que eu? Por que um monstro como eu? Um cara corrompido e quebrado?
— Porque não te vejo como um monstro, mas sim um homem com um
coração puro e enorme, que está desesperado por amor. Que só quer ser feliz.
— Você não sabe nada sobre mim. — Falei, fechando meus olhos com
força. Eu a senti tocar meu rosto com a palma de sua mão.
— Eu sei o que eu vejo, e gosto de você, Mason. — Disse ela. — Quero te
conhecer por inteiro, quero entrar se você me der uma chance.
— O que você verá não é nada bonito. — Falei.
— Eu não me importo.
— Não sei se serei capaz de ir até o final. — Falei, sentindo meu coração
quebrar em mil pedaços.
— Você é capaz de fazer o que quiser.
— Não sei se sou tão forte, Brooke; e a última coisa que quero é machucar
você; mas por mais que eu diga que devo manter distância de você, não
consigo... penso em você o dia inteiro.
— O que você tem a perder por nos dar uma chance? — Disse ela. Eu a
admirava tanto por ser tão ousada.
— Tudo...
Ela se inclinou na minha direção e plantou um beijo casto em meus lábios,
o que me aqueceu como o calor do sol sobre a neve.
— Boa noite, Mason. — Ela desceu do carro e não me deu chance de falar
mais nada.
Eu queria tanto ser dela, mas temia tanto mostrar a ela meu pior lado, a
minha infância suja e corrompida. Eu tinha tantos demônios... eu tinha tanto
medo.
Eu nunca quis uma família, mas agora era tudo o que eu mais queria, e
isso era assustador. Seria tudo um sonho? Se fosse, eu não queria acordar.

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Onze
Você é meu paraíso; você é linda, garota. Eu estou olhando para você,
20
mas eu sinto falta de você. Você é minha única garota.

Brooke
Era sábado, e por sorte o dia estava lindo, o céu azul estava sem nuvens,
um dia perfeito para um passeio no parque. Eu segurava a mão de uma Emma
muito excitada e Mason estava estacionando o carro e logo chegaria até nós.
— Tia Brooke, eu posso ir lá em cima? — Emma apontou para uma
grande roda gigante.
— Se o seu pai não ver problema, podemos ir sim. — Ela sorriu e seus
olhos, que brilhavam sem parar, encaravam para todas as direções. O cheiro
de pipoca doce chegava as nossas narinas.
— Vamos. — Mason chegou, e Emma logo o encarou.
— Podemos ir lá? — Ela apontou para a grande roda gigante e Mason fez
uma careta.
— Lá é tão alto. Você não gostaria de ir em algo tipo... o carrossel?
— Depois, vamos lá primeiro, parece divertido. — Mason encarou Emma,
que sorria e estava com uma expressão iluminada, e enfim assentiu.
— Tudo bem, nós iremos.
— Oba! — Emma bateu palmas e correu na nossa frente.
A seguimos até a roda gigante e percebi que Mason estava tenso.
— Você tem medo de altura? — Perguntei.
— Medo de altura? Que bobagem, claro que não. — Respondeu ele
rapidamente.
— Tudo bem se você tiver. Eu posso ir com a Brooke e você fica aqui em
baixo. — Falei.
— Eu estou bem, de verdade. — Não havia convicção em suas palavras,
mas resolvi não insistir.
Compramos as entradas para a roda gigante, e depois de esperar um tempo
na fila entramos no carrinho nós três. Com apenas uma barra de proteção na
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cintura e a portinhola fechada, começamos a subir devagar enquanto mais


pessoas embarcavam. Emma vibrava de alegria e Mason parecia que estava
sofrendo de diarreia pois não conseguia disfarçar seu medo de altura. Achei
um tanto irônico um homem que arriscava sua vida todos os dias tinha medo
de uma roda gigante, porém o fato de ele ter ido mesmo com medo para ter
memórias com Emma fez com que meu coração se derretesse ainda mais por
ele. Como eu poderia não me apaixonar por ele? Ele era ao mesmo tempo tão
grande e tão frágil.
— Wow! Podemos até mesmo ver o lago daqui. — Olhei na direção em
que Emma apontava e enxerguei o Lago Michigan, além de muitas árvores,
casas e prédios.
— Isso é realmente incrível. — Falei.
Continuamos naquele círculo subindo e descendo. Emma estava
encantada olhando a paisagem, e com isso segurei na mão de Mason, que
estava fria e suada. Ele que estava observando Emma com um brilho no
olhar, e assustou-se quando segurei sua mão.
— Não tem nada de errado em sentir medo. — Falei baixo o suficiente
para que apenas ele escutasse.
Ele apertou minha mão de volta e deu um sorriso discreto.
— Obrigado. — Sorri para ele e segurei firme em sua mão. Naquela troca
de olhares estávamos de certa forma criando uma espécie de conexão.
Comemos pipoca doce, algodão doce, e Mason ganhou um grande panda
de pelúcia para Emma. Eu devo ter engordado uns vinte quilos naquela tarde
que passamos juntos, estávamos roucos de tanto dar risada e quando pegamos
o carro para ir embora, Emma adormeceu no banco de trás agarrada em seu
panda que ela apelidou de senhor Panda.
— Você pode me ajudar a trazer as coisas para dentro? O senhor panda...
— Pediu Mason e assenti. Era a primeira vez em que eu viria em sua casa e
eu estava bem nervosa. Abri a porta para ele, pois ele estava um tanto
atrapalhado com Emma nos braços.
— Papai... — Emma sussurrou ao se aconchegar nos braços dele e Mason
me encarou espantado e emocionado. Vi quando ele desviou os olhos dos
meus e engoliu em seco. — Papai... — Emma murmurou adormecida
novamente.
Percebi olhando para trás que Emma nunca havia chamado Mason de pai,
ao menos não nos últimos encontros que tivemos. Perguntei-me se aquela era
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de fato a primeira vez que ela o chamava de pai.


Mason voltou cinco minutos depois, e estava um tanto abalado ainda.
— Você aceita uma cerveja? — Assenti e o segui até a cozinha. A casa
era perfeitamente organizada para um homem que vivia sozinho e tinha uma
criança.
Ele abriu as latas de cerveja e me deu uma delas. Ele pegou a sua e bebeu
tudo de uma vez.
— Eu queria tanto um cigarro agora. — Disse ele tenso.
— Foi a primeira vez, não é mesmo? — Ele me encarou. — Que ela
chamou você de pai. — Completei.
— Eu acho que a gente deveria se conhecer melhor. — Disse ele mudando
totalmente de assunto. Eu podia ver a confusão em seu olhar, o amor e o
medo de amar. Ele era tão transparente.
— Mason...
Ele se aproximou de mim e me prendeu contra a parede da cozinha. Senti
o ar fugir dos pulmões e então ele sussurrou em meu ouvido. Seu hálito
morno transformando-me em neve derretida.
— Fique comigo, Brooke, por favor...
E então ele me encarou, nossos olhos se conectaram e nossos lábios se
uniram; e ali me entreguei.

Eu pensei muito tempo depois que minha entrega tinha sido no momento
em que ele me beijou, mas não, minha entrega foi em todos os pequenos
momentos. Desde que ele se ajoelhou diante de mim em minha casa algumas
noites atrás, que ele se esforçou para se aproximar de Emma, quando ele
sorria como um menino ao ver Emma sorrir. Sim, eu me entreguei antes
mesmo de ele pedir que eu ficasse com ele aquela noite, e antes que ele me
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pedisse para ser sua, eu já lhe pertencia.


O nosso beijo que começou lento e sedutor com um roçar de lábios e o
toque mágico das línguas foi ficando mais intenso a medida que o nosso
desejo crescia. As mãos grandes de Mason estavam na minha cintura, e logo
em meu traseiro, ele me puxava para ele, me fazendo sentir em minha barriga
sua rigidez. Haviam roupas demais entre nós, e fiquei ansiosa. Quase
derrubei o relógio que estava na parede, e isso nos despertou de que Emma
poderia surgir na cozinha a qualquer momento.
— Venha. — Disse ele ofegante e segurou em minha mão. Eu o segui
pelo corredor e ele abriu uma porta, e logo me vi em um quarto espaçoso,
com uma cama enorme no centro, com móveis bem masculinos. Devo
confessar que minha mente imaginativa havia idealizado o quarto dele como
um quarto vermelho de jogos. Eu deveria parar de ler um pouco, eu sei.
Também fiquei aliviada por esse não ser o caso, pois não sei como agiria
se ele quisesse me fazer de sua submissa. Eu até iria curtir uma fantasia ou
outra, mas fazer isso sempre não era para mim.
— No que você tanto pensa? — Perguntou ele, e escutei o som da chave
girando na fechadura.
— Que estamos com roupas demais. — Falei, olhando para ele dos pés à
cabeça.
Ele riu, uma risada gostosa e sexy pra caramba.
— Acho que você pensa demais. — E então ele mandou meus
pensamentos para o espaço ao me jogar na sua cama e arrancar meu jeans e a
calcinha sem cerimônia. Eu o ajudei, tirando a minha blusa. Sentia falta do
seu toque.
Mason arrancou suas próprias roupas e veio para cima de mim. Ele
começou beijando meus lábios com vontade enquanto seus dedos exploravam
meu corpo, beliscando meus mamilos, descendo pela minha cintura e
chegando até o meu sexo. Mason mergulhou dois dedos em minhas dobras e
acariciou meu clitóris úmido de desejo.
— Você já está prontinha para mim, bela.
Gemi quando ele me penetrou com dois dedos. Sua boca agora estava em
meus seios, e Mason provocou os mamilos com a língua, e os sugou com
vontade enquanto seus dedos trabalhavam com afinco ora dentro de mim, ora
massageando meu clitóris.
— Mason... — Chamei seu nome numa súplica.
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— Tão bela, você é tão perfeita.


E então senti sua boca entre as minhas pernas. Sua barba rala arranhou o
interior da minha coxa.
— Oh, Mason...
Ele se fartava entre as minhas pernas como se eu fosse uma espécie de
sorvete cremoso e refrescante em um dia quente de verão. Ele não tinha dó de
mim, e passava aquela língua deliciosa em meu clitóris, até que eu gritei e
atingi ao orgasmo. Mason ficou me observando satisfeito.
— Já disse o quão linda você fica quando goza? — Fiquei observando-o
ofegante, e nenhuma palavra saiu dos meus lábios. — Isso não é justo, você
está me fazendo quebrar as minhas próprias regras.
— Regras? — Foi a única coisa que escapou dos meus lábios.
— Sim, regras. — Mason levantou-se e mexeu em uma gaveta. Quando
voltou, notei seu mastro coberto por um preservativo. Eu adoraria colocá-lo
em minha boca, mas aquilo teria que esperar.
— Não entendo... — Falei, sem tirar os olhos de sua ereção. Era incrível
que tudo aquilo coubesse dentro de mim. Mas os bebês saem por onde
mesmo? Pensei. E sim, eu deveria parar de pensar tanto.
— Você está fazendo com que eu me apaixone por você. — Disse ele
antes de me penetrar. Gritei e ele ficou parado um tempo dentro de mim,
esperando com que eu me acostumasse ao seu tamanho. — E isso era uma
das minhas principais regras, nunca me apaixonar; mas você, minha Bela,
está fazendo com que tudo incendeie.
— O que posso fazer, tenho prática em causar incêndios. — Falei e o
agarrei.
— E esse incêndio, não tenho a intenção de apagar. — Disse ele me
encarando, e então me beijou de novo, apaixonadamente, antes de começar a
se mover dentro de mim com estocadas lentas e profundas.
Mason me olhava nos olhos, e notei ali que um laço forte havia se
formado naquela noite. Ele estava confiando a mim seu coração. Sua intenção
de não apagar aquele incêndio, ou seja, de não parar de se apaixonar por mim
aqueceu meu coração. Eu não pretendia desistir dele.
Sempre que lia meus romances pensava que um dia encontraria o amor da
minha vida de diversas formas. Jamais imaginei que seria assim, que eu teria
que lutar por ele, que seria tão intenso que não existiam palavras para
descrever. Como li em um dos meus livros uma vez, alguns sentimentos não
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podem ser descritos, pois palavras apenas o diminuiriam. Era assim com
Mason, era algo tão grande que não poderia ser descrito e nem explicado,
apenas sentido.

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Doze
Antes da escuridão me aprisionar. Não me deixe
Você ainda me ama?
Se você sente o mesmo, não me deixe hoje; não me pergunte porque tem
21
que ser você; apenas fique comigo

Mason Eu estava outra vez trancado no armário.


Engoli o choro. Quando ele me trancava no
armário pelo menos eu tinha paz, ficaria ali
sossegado pelo menos até o dia seguinte. Minha
barriga doeu de fome, engoli a saliva e fiquei
encarando os arranhados no armário. Se eu conseguisse
dormir um pouco a fome iria passar.
Deitei e devo ter cochilado em certo momento, pois acordei ao som de
passos. Meu coração acelerou, minha pele ficou fria, e comecei a tremer de
medo involuntariamente. Eu não queria tremer de medo pois isso o atiçaria a
fazer aquelas coisas comigo, mas eu não conseguia controlar meu corpo que
tremia de medo.
O guarda roupa foi aberto e fechei meus olhos, esperando ser puxado e
ser jogado no chão. Mas fui pego com delicadeza e abraçado com força. De
repente eu era um adulto e Brooke olhava em meus olhos com ternura.
— Tudo vai ficar bem a partir de agora. — Foi o que ela disse.
Senti as lágrimas escorrendo por meu rosto e então Brooke começou a se
afastar. Eu comecei a correr em sua direção, e via Emma agora estava do
lado dela; parecia que eu estava em um grande corredor sem fim. Voltei a
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ser um menino de seis anos de idade, e aquele monstro me puxava para trás
enquanto Emma e Brooke ficavam cada vez mais distantes.

Acordei coberto de suor e sentei na cama, sentindo o coração acelerado e


o pavor tomando conta de mim. Eu estava nu e sozinho na cama, e já havia
amanhecido. Levantei, peguei minha cueca no chão e a vesti, colocando a
calça. Em seguida corri para o banheiro; precisava de um banho, ainda podia
sentir as mãos nojentas daquele homem sobre mim, me puxando, me
impedindo de chegar até as mulheres que eu amava.
Me lavei esfregando a esponja com força na minha pele, e a água tão
quente me machucou. Por Deus, eu poderia escaldar meu corpo em água
fervente e ainda assim não me sentiria limpo.
Voltei para o quarto para me vestir, e vi no relógio que marcava hora e
data que eram 8 horas da manhã de domingo. Me perguntei que horas Brooke
foi embora e porque ela foi. Vesti uma calça folgada e uma camiseta branca,
e foi quando vi um papel cor de rosa sobre o travesseiro.
Senti seu cheiro doce no momento em que sentei na cama e peguei seu
bilhete:

Mason, eu adoraria despertar ao seu lado e tomar café da manhã


com você e a Emma, porém achei que confundiria um pouco a cabeça de
Emma se ela despertasse e visse que eu passei a noite aí.
Então acho que primeiro temos de ver onde nosso relacionamento nosso
lance vai nos levar.
Você pode vir na minha casa segunda-feira? Passe o domingo com
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Emma e se conheçam melhor. Vou sentir sua falta, mas vou usar o domingo
para preparar as aulas da semana e ler um pouco.
Obrigada pelo sábado incrível.
Com carinho..
Brooke Valentine

Nosso lance? Eu tive vontade de ir na casa dela naquele momento e dizer


que ela era minha, implorar para que ela passasse todas as noites ao meu lado
e espantasse os meus pesadelos. Queria implorar que ela nunca se afastasse,
que ela nunca me abandonasse, que ela nunca me deixasse. Mas tudo fugiu
quando escutei um grito.
— PAPAI! PAPAI!
Corri para o quarto de Emma e vi que ela estava se sacudindo na cama,
dentro de um pesadelo.
— Emma, acorde, meu amor. Acorde, isso é só um sonho.
De repente ela sentou-se e me abraçou com força. Retribui seu abraço.
— Não me deixe, papai. — Ela disse entre soluços.
— Eu nunca vou te deixar. — Falei, e um nó se formou em minha
garganta.
— Você está mentindo, você vai me deixar. — Disse ela chorando, e
então começou a dar socos em meu peito. Segurei seus bracinhos firmemente,
mas com delicadeza.
— Não faça isso, princesa. Você vai machucar suas mãos. — Falei,
olhando-a.
— Eu odeio você. Você vai me mandar para longe. — Ela então parou de
me atacar e voltou a chorar. — Por que todos me abandonam sempre? O que
eu fiz de errado? É porque não sou como a Barbie?
— Do que você está falando, princesa?
— Eu não sou princesa, não tenho cabelo alisado e nem amarelo. Por isso
que ninguém fica comigo.
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Abracei-a forte. Vi em Emma a mesma dor que a minha, e me odiei por


um dia ter pensado em mandá-la embora. Sofri ao ver que ela tinha pesadelos
com medo de ser abandonada.
Quanto tempo fechei meus olhos e olhei apenas para a minha própria dor?
Fui tão egoísta quanto minha mãe biológica.
— Emma. — Chamei-a, e ela agora já se acalmava um pouco. — Eu
quero ser seu pai, de verdade. — Falei. — Você aceita ser minha filha? Para
sempre?
Ela assentiu.
— Você precisa ter certeza disso, pois uma vez que disser sim, eu nunca
mais deixarei você ir embora, mesmo que apareça tios maravilhosos com
uma casa enorme para te levar eu não vou deixar.
— Não deixe ninguém me levar, papai. — Ela me abraçou de novo e
agarrou-se a minha camiseta com força. — Eu só quero ficar aqui, com você
e a tia Brooke. Por favor, eu gosto daqui e gosto dos tios bombeiros também.
— Ela soluçou de novo. — Não me mande embora, papai.
— Nunca, nunca deixarei você partir. — Minha voz ficou tão embargada
e deixei com que as lágrimas escapassem dos meus olhos, abracei forte a
minha filha. Acho que havia chegado a minha hora, a hora de enfim ter uma
família e ser feliz.
Ficamos abraçados ali por um bom tempo até o som que pareceu um
trovão estourar nossa bolha. Era o meu estômago, e Emma riu.
— Acho que devemos ir tomar o café da manhã. — Falei.
— Tô com fome. — Disse Emma.
— Vá se lavar que vou preparar panquecas. — Avisei.
— Posso ajudar? — Pediu Emma.
— Pode. — Falei e ela abriu um sorriso lindo e novamente senti aquela
pontada no peito. — E Emma?
— Hum.
— Quem falou essas bobagens para você sobre cabelos lisos e amarelos?
— Ela deu de ombros.
— Todas as princesas são assim, de pele clara, e todos os pais devem
desejar filhos assim. — Emma era tão articulada. Ela lia muitos livros.
Aquilo não deixava de me impressionar, ela era mais articulada que o Henry
babacão.
— Você não conhece a Tiana?
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— Tiana?
— Sim, bem... eu não sei muito, sei que Tiana vivia com seu pai em Nova
Orleans e eles adoravam cozinhar juntos... mas o ponto aqui é que Tiana não
tem a pele clara, não é loira e nem tem cabelos lisos, e ela é uma princesa.
— É mesmo? — Emma estava fascinada.
— Procure esse livro na biblioteca da sua escola, deve estar com o título
de “A princesa e o sapo”.
— Tudo bem.
— Agora vá se lavar se quer me ajudar com as panquecas.
Emma pulou da cama e correu para o banheiro.
Segui para a cozinha animado e peguei os ingredientes. Emma chegou em
seguida me ajudou, e logo estávamos cobertos de farinha e a cozinha estava
uma zona; nossas gargalhadas poderiam ser ouvidas do lado de fora. No rádio
22
começou a tocar Jailhouse Rock e comecei a dançar fazendo Emma
gargalhar até se curvar na cadeira. Eu a peguei no colo e começamos a
rodopiar na cozinha. Aquela se tornou minha música favorita da vida, e
aquele dia o melhor de todos.
— Pai eu posso ser a princesa Tiana? Porque gosto muito de cozinhar
contigo como ela gosta com o pai dela.
— Só tem um problema, Emma. — Falei, e ela me encarou séria. — Você
é muito mais bonita e especial que a Tiana.

Emma abriu um sorriso enorme, depois de tomarmos nosso café ela foi
tomar um banho. Depois de limpar tudo e me banhar também, nos sentamos
no sofá e assistimos Shrek no aparelho de dvd.

Na segunda-feira fui para o trabalho renovado, me sentia tão feliz e


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satisfeito. Tive um fim de semana maravilhoso, fazia tempo que não tinha um
fim de semana inteiro livre e aquele foi o melhor. Fui direto na sala de Duke
quando cheguei.
— Bom dia, Mason. Pelo visto está de bom humor. — Cumprimentou-me
Duke.
— Quero te agradecer. — Falei.
— Me agradecer pelo que?
— Por todos os seus conselhos. Vou ficar com Emma, não vou deixar
ninguém tirar ela de mim. — Duke levantou-se e veio até mim me abraçando,
aquilo me surpreendeu.
— Eu sabia que você faria a escolha certa. Já estava me irritando com
aquele papo de mandar ela para os parentes. — Duke me encarou. — Um pai
precisa ser pai, não pode passar a responsabilidade para outra pessoa.
— Eu sei, Duke. Eu a amo e vou cuidar dela para sempre. — Duke me
deu tapinhas no braço.
— Muito bem. Agora já para o trabalho. — Sorri.
— Sim, senhor.
Eu estava animado para começar aquela semana longa de trabalho.
Esbarrei com Crystal na hora em que sai da sala de Duke.
— Mason, o cara que eu estava procurando. E aí, vamos fazer a foto para
o calendário?
— Sim. — Respondi e ela me encarou incrédula.
— Sim?
— Se a minha namorada não se importar, sim. — Dei de ombros e fui
assoviando para o refeitório, deixando uma Crystal de queixo caído no meio
do corredor.
Nem tive tempo de sentar, pois em seguida o alarme soou e tive que ir
para mais um trabalho. Me sentindo um homem diferente, pela primeira vez
em que entrei em um prédio em chamas, temi por minha vida. Eu precisava
sair vivo dali, para voltar para as minhas garotas.

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Treze
Quando isso começou não tem importância. Eu só vejo a perfeição nos
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meus olhos. Neste mundo cinzento, apenas seus lábios vermelhos brilham

Brooke Cheguei em casa exausta. Segundas eram


sempre difíceis, as crianças ainda estavam
agitadas e cansadas pelo fim de semana; e assim como
os adultos na segunda-feira, as crianças
também ficavam de mau-humor. A primeira
coisa que fiz ao chegar em casa foi despir minhas
roupas e entrar debaixo do chuveiro. Prendi meu
cabelo em um coque e deixei que a água levasse
embora o meu cansaço.
Coloquei um vestido ao sair do banho, algo simples, mas bonito. Mason
viria hoje, ele mandou uma mensagem confirmando, e eu queria estar pelo
menos um pouco bonita para quando ele chegasse.
Coloquei uma água para ferver e peguei um miojo de copo, pois não
estava com ânimo para cozinhar. Sentei no sofá com meu livro a tira colo e
esperei por Mason.
Antes que a água começasse a ferver, escutei batidas na porta. Meu
coração automaticamente ficou aos pulos e me encarei no espelho não antes
de esbarrar na mesinha de centro. Engoli um palavrão e encarei a maldita
mesinha com raiva; iria jogar aquele móvel inútil no lixo.
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Abri a porta e lá estava ele, em toda a sua glória. Ele usava uma camiseta
branca, o que evidenciava seus músculos e sua pele bronzeada; e tinha um
sorriso estampado no rosto ao mesmo tempo em que seu olhar era tão intenso
que fez com que minha garganta secasse. Me arrependi de não colocar meus
saltos. Ele deveria ter mais que um metro e noventa, e eu com os meus
1,63mts parecia uma anã perto dele.
— Não vai me convidar para entrar? — Perguntou ele. Eu o tinha visto no
sábado e na madrugada de domingo, mas ainda parecia que era a primeira vez
que eu o encarava pois sempre me surpreendia com seu tamanho, sua beleza
e sua força.
— Entre. — Dei espaço para ele passar, e ele sentou-se na grande
poltrona. — Quer algo para beber?
— Você. — Ele me puxou pela cintura e dei um gritinho assustado.
Mason me colocou sobre seu colo e beijou minha boca com vontade, e me
entreguei ao beijo no mesmo instante, sentindo sua língua penetrando minha
boca e provocando a minha. Agarrei-me aos seus braços fortes, e logo o beijo
foi interrompido com ambos ofegantes e querendo mais. — Senti sua falta.
— Ele disse.
— Eu também senti sua falta. — Ele me abraçou forte e apoiou sua
cabeça em meu peito.
— Queria ficar com você um pouco hoje, mas Emma está me esperando.
— Sim. Emma parecia radiante hoje na escola, aconteceu alguma coisa?
— Sim, nós cozinhamos, dançamos e vimos desenhos animados juntos
ontem. — Disse ele. e pude notar o sorriso em sua voz mesmo sem estar
vendo seu rosto, que estava no meu peito. Eu sabia que ele estava sorrindo.
— Nós nos conectamos. — Disse ele, sorri também.
— Eu estou tão feliz por vocês dois. — Senti meu peito inflar. Já amava
aqueles dois... era tão fácil amar a eles, me apaixonar por Mason e Emma foi
mais rápido do que preparar um miojo, levou menos de 3 minutos.
— É tudo graças a você. — Disse ele, que afastou-se um pouco e me
encarou. — Nossa Bela Brooke, o anjo que apareceu no nosso caminho. —
Fiquei vermelha igual a um tomate.
— Eu não fiz nada demais.
— Você fez tudo. Se não fosse por você, eu ainda estaria encarando
minha própria dor e não enxergaria Emma. Obrigado, Brooke. — Sorri e
acariciei seu rosto.
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— Quer dizer que aquele Mason que conheci antes era apenas uma casca
de proteção? Esse cara que conversa e é carinhoso é que é o verdadeiro
Mason?
— Eu não queria deixar que ninguém se aproximasse. Se eu deixasse
alguém entrar, quando essa pessoa me abandonasse seria doloroso demais.
— Por que alguém abandonaria você? Depois que te conhecemos melhor
é impossível deixar você ir. — Falei com sinceridade. Mason estava colado
em minha pele e alma, eu jamais poderia deixa-lo ir... não sem perder parte
de mim no processo.
Ele me encarou em silêncio por um longo tempo antes de falar.
— Quer ser minha namorada? — Eu o encarei, surpresa. — Eu também
não posso deixá-la ir... não paro de pensar em você desde aquele dia em que
vim conter o incêndio. — Ele falava tudo isso me olhando nos olhos, e vi ali
toda a sua sinceridade. — Não pense que é por gratidão por ter me ajudado
com Emma, não é nada disso; você me deixou louco desde a primeira
chamada para conter o incêndio, e desde então minha afeição apenas cresceu
mais e mais. Claro que você se dar bem com minha filha é um bônus, mas
saiba, Brooke, que gosto de você por quem você é, e quero muito namorar
com você. Quer ser a minha primeira namorada?
— Primeira namorada? — Meu coração batia tão forte que eu não
conseguia raciocinar direito.
— Isso, nunca namorei ninguém, nunca deixei ninguém chegar perto o
bastante; então esteja ciente que vai ter que me ensinar essa coisa de namoro,
sou uma negação para isso.
— Eu quero. — Respondi e beijei sua boca. Mason agarrou em minha
cintura e aprofundou o beijo, e tive de lembrar de me afastar, afinal Emma
esperava por ele. — Vamos aprender a namorar juntos. — Falei.
— Você nunca namorou também? — Perguntou ele.
— Eu namorei, mas há uns seis anos, e nem me lembro como se faz. —
Ele parecia chateado. — O que foi?
— Queria ser seu primeiro namorado. — Ele parecia um menininho que
foi negado doce, e eu ri antes de o abraçar forte.
— Você é um ursão fofo. — Falei.
— Eu não sou nada fofo.
— Ah, você é sim, um grande ursão. — Dei um beijo em sua testa e
levantei do seu colo. — Agora vá para a casa, Emma está te esperando.
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— Eu vou. Janta com a gente na sexta-feira?


— Janto sim.
— E vamos contar a Emma. — Assenti.
— Combinado grandão. — Fui até a porta para abrir para ele e fiquei na
ponta dos pés para dar um selinho em seus lábios.
— Me liga amanhã?
— Sim. — Confirmei e fiquei encarando enquanto ele se afastava, mas ele
girou nos calcanhares antes de chegar no carro e voltou até mim.
— Esqueci de perguntar. — Arqueei a sobrancelha, esperando ele falar.
— Você se importa se eu posar para um calendário.
— Calendário?
— Sim. — Ele parecia sem jeito. — A venda do calendário é para ajudar
o hospital de pessoas que sofrem com as queimaduras.
— Com uma condição. — Falei com ousadia.
— Qual?
— Que eu possa assistir seu ensaio de fotos. — Mason arregalou os olhos
e em seguida sorriu com malícia.
— Tudo bem.
— Então perfeito.
Nos despedimos mais uma vez e vi ele afastar-se com o carro. Sorri
satisfeita ao entrar dentro de casa. Fui até a cozinha e liguei novamente a
chaleira elétrica; havia comprado uma daquelas depois de ter queimado duas
chaleiras no fogão, já que aquela depois de ferver a água desligava sozinha.
Liguei-a de novo, comi meu miojo e fui descansar.

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Quatorze
Eu quero isso, esse amor, eu quero isso, amor verdadeiro, eu só me
concentro em você; você está me atraindo com mais força. Meu DNA te
quer desde o início. Isso é inevitável, eu amo nós dois juntos. Somos os
24
únicos e verdadeiros amantes

Mason
Mais um incêndio criminoso foi atendido naquela semana. Os policiais
estavam agitados, e já tinham formado o perfil do incendiário: ele
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provavelmente tinha TOC , ele teve problemas com os pais na infância, veio
de uma família de classe média alta, não sente remorso ao matar, tem um
objetivo, e na sua mente doentia ele está limpando a sujeira do mundo; mas o
que mais me deixou impressionado no profiler que os detetives criaram é ele
era um bombeiro ou tinha um grande conhecimento sobre substâncias
inflamáveis e acelerantes; e sua assinatura o laço vermelho e era algo que
tinha relação a sua infância.
Eu não sabia dizer se tudo aquilo era uma fantasia da mente dos detetives
que criam perfis de assassinos em série, mas o fato deles dizerem que poderia
ser um bombeiro, apesar de diminuir as probabilidades, me deu medo.
Existiam bombeiros demais em Chicago e levaria muito tempo para eles
encontrarem o culpado e pior, e se fosse um dos meus colegas?
— Não vai para a casa, Mason? — Perguntou-me Caleb.
— Já vou, hoje vou jantar com as minhas meninas. — Falei satisfeito.
— Você mudou da água para o vinho desde que essas duas entraram na
sua vida. Estou feliz por você, cara. — Disse ele.
— Obrigado, mas não pense que vou mudar muito o tratamento que tenho
com vocês imbecis. — Ele gargalhou.
— Eu de forma alguma esperava por isso. Hoje vou jantar com minha
namorada em um restaurante bacana, depois vamos passar a noite juntos. —
Ele sorriu satisfeito.

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— Até quando vai enrolar a moça e a tratar como namorada? Um vive no


apartamento do outro... quando vai criar vergonha e comprar um apartamento
para vocês viverem juntos, você tem quase vinte e nove anos. — Duke falou
trancando sua sala ao sair.
— Hey, estamos conversando sobre isso... queremos começar a vida
juntos. Ela recém foi promovida e pretendo me casar logo com ela, uma joia
assim a gente não deixa solta.
— É bom mesmo, ou posso roubá-la para mim. — Disse Duke sorrindo.
— Duke, com todo o respeito, mas você já era.... — Disse Caleb.
— O quê? Sou um coroa enxuto é o que dizem, e as mulheres adoram um
bombeiro, e um homem mais experiente... foi o que ouvi da minha filha, que
me inscreveu no Tinder.
— Oh meu Deus, Duke está no Tinder! É o fim do mundo. — Disse Caleb
aos risos.
— Meus ouvidos doem. — Falei. — Vou para a casa, ou as bobagens de
vocês vão destruir meus tímpanos.
— Mason, cara, a gente precisa entrar no Tinder para ler o perfil do Duke.
Cara, ele vai ser zoado até 2050. — Caleb se curvou e limpou as lágrimas do
rosto de tanto que ria.
— Quando achar o perfil me mostre, preciso ver isso. — Falei e peguei
minha mochila.
— Até você, Mason! — Acusou-me Duke. — Por que diabos fui abrir a
minha boca?
— Se Michael não estivesse saindo com a Phoebe iria apresentá-la para
você... ela adora um bombeiro. — Zombou Caleb, e deixei os dois lá zoando
um ao outro enquanto eu me dirigia até o meu carro rindo das suas bobagens.
Depois de pegar Emma na casa de Daniel, seguimos para a casa de
Brooke.
— Como foi seu dia na escola hoje? — Perguntei para Emma, que estava
animada para encontrar com Brooke mesmo já tendo visto-a na escola.
— Foi muito bom. Minha amiga Julia me convidou para sua festa de
aniversário, e achei o livro da princesa e o sapo. — Vi ela mexendo em sua
mochila pelo espelho retrovisor, até que tirou um livro grande com a princesa
Tiana ilustrada na capa.
— Que ótimo. Me conte mais sobre essa Julia e onde será essa festa?
— Será na casa dela e num sábado...
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Emma começou a falar de sua amiga Julia e eu a amei. Brooke havia me


dito que Emma não tinha nenhum amigo, e agora ela já até fizera amizade
com Julia e falou sobre um garoto chamado Paul que importunava as duas.
Paramos em frente à casa de Brooke e ela já estava a nossa espera,
lindíssima dentro de um jeans justo e uma blusa branca com jaqueta preta por
cima. Ela carregava uma bolsa e sorriu. Assim que entrou no carro, seu
perfume preenchendo o espaço. Senti calafrios e calor ao mesmo tempo e
meu coração acelerou. Eu me perguntava sempre o que uma mulher tão
maravilhosa como ela viu em mim, eu era a porra de um sortudo.
— Boa noite, Mason, Emma...
— Oi, tia Brooke. Estou feliz em jantar com você de novo. — Brooke
colocou o cinto e dei partida, mas pude notar seu sorriso satisfeito ao
comentário de Emma.
— Também estou muito feliz, Emma.
Continuei dirigindo enquanto as duas conversavam sobre as aulas em uma
harmonia tranquila. Meus pensamentos agora haviam se direcionado para a
minha conversa com Duke naquela manhã.

— Duke preciso de sua ajuda. — Falei tenso.


— Pode falar meu amigo, aconteceu alguma coisa com Emma?
Nervoso me sentei diante dele.
— Não exatamente, mas me dei conta de que estou em uma situação
delicada. — Duke ficou me encarando, com aquela calma e força que
imaginei que só um pai de verdade poderia transmitir. — Emma não está
registrada em meu nome, apenas no nome da mãe, e gostaria de agilizar
isso.
— Sim, você está certo. — Duke ficou pensativo por um tempo. — Eu
conheço um advogado, e ele pode ver isso para você.
— Por favor me passe o contato dele. Não posso perder Emma se sua mãe
resolver voltar e querer arrancar dela de mim. — Meus olhos se encheram
de água só de imaginar tal coisa acontecendo.
— Você realmente é um pai. — Disse Duke sorrindo. — Vou te passar o
contato dele agora mesmo. — Ele remexeu nas gavetas e logo retirou de lá
um cartão: Joshua Thompson. — Ele administra uma ONG para animais

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abandonados, mas é formado em direito e amigo de Camille. Se você ligar


para ele e falar que me conhece, ele vai ajudar você. Ele entende disso já que
adotou duas crianças.
— Obrigado, Duke, irei ligar para ele hoje mesmo e marcar um encontro.
— Duke estendeu a mão sobre a mesa e apertou a minha.
— Você vai conseguir. Eu sempre soube que dentro daquele exterior mal-
humorado vivia um grande homem, filho.
Encarei Duke quando ele disse aquela simples frase e finalizando com a
palavra filho. Ele tinha essa sabedoria sem igual, e realmente era o pai de
todos ali no batalhão.
— Obrigado, Duke. Jamais vou esquecer tudo o que você fez por mim. —
Apertei sua mão de volta, e me despedi da única figura paterna que já tive.
Antes de sair me virei e disse: — Camille tem sorte de ter você como pai.
— E Emma de ter você. — Assenti e deixei a sala.
Liguei para o número indicado e um homem chamado Matthew atendeu a
ligação. Ele disse ser companheiro de Joshua, e que ele tinha dado uma
saída, lhe expliquei minha situação e com ele mesmo marquei de me
encontrar com Joshua na segunda-feira para ele me explicar o que precisava
ser feito em uma situação dessas.
Eu queria garantir que ninguém tiraria Emma de mim, principalmente
agora que nossos laços estavam se tornando mais profundos. Não queria que
Allison aparecesse em minha porta e a tirasse de mim da mesma forma que a
jogou em meus braços.

— Mason? — Pisquei e encarei Brooke.


— Sim.
— Você passou direto pelo seu prédio. — Ela sorriu. — Estava tão
distraído que até parecia eu. — Disse ela.
— Oh, estava com muita coisa na cabeça. Vamos fazer o retorno. —
Emma estava agitada no banco de trás e não paravam de falar sobre livros.
Logo cheguei no meu prédio, estacionei o carro, e com as minhas duas
garotas segui para o apartamento.
— Vou preparar o jantar. — Falei para elas.
— Papai, podíamos comer pizza hoje ao invés de cozinhar. — Disse

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Emma.
— Pizza? — Questionei.
— Sim, eu comi pizza só uma vez, e eu realmente gostei. — Fiquei me
perguntando como Emma vivia antes de vir para a minha vida, para nunca ter
ido ao parque de diversões e ter comido pizza apenas uma vez. Resolvi que
descobriria isso naquela noite.
— Ótimo, então vamos de pizza. Tudo bem para você, Brooke?
— Claro, pizza me parece uma ótima escolha.
Em poucos minutos elas decidiram o sabor e pedimos a pizza.
— Onde você morava antes para só ter comido pizza uma vez, Emma? —
Perguntei casualmente.
Estávamos na sala, elas acomodadas no meu velho, mas confortável, sofá
e eu sentado na minha grande poltrona.
— O meu antigo pai era doente da barriga e não podia comer pizza ou
beber leite. — Disse ela.
— Intolerante a lactose. — Brooke falou.
— Isso. E então nós nunca comíamos pizza.
— Seu antigo pai, ele era bom para você? — Perguntei. Iria matar o
desgraçado se ele tivesse maltratado Emma, nem que tivesse que procurá-lo
nos confins do inferno.
— Ele era normal, nunca estava em casa, só trabalhava, mas era legal...
até ele e a mamãe começarem a brigar depois que ele foi ao médico. —
Emma ficou pensativa e voltou a falar. — Mamãe estava tentando me dar um
irmão, mas demorou demais. O papai foi no médico, então voltou furioso
com a mamãe, e eles foram num lugar com pessoas de gravata e que tinha
papéis e carimbos.
— Cartório? — Brooke estimulou Emma a continuar.
— Isso, e então daquele dia em diante ele disse que não podia mais ser
meu pai, me abraçou e foi embora. — Emma baixou o olhar e parecia triste.
— Você deve sentir muito a falta dele. — Falei.
— Um pouco, mas agora estou feliz. — Ela veio até mim e sentou no meu
colo. — Agora tenho você, papai.
— E eu prometo nunca deixar você. — Falei olhando a nos olhos. — Por
isso temos que em breve ir até o cartório, para registrar você como minha
filha.
— Eu sou sua filha, por que temos que colocar em um papel? —
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Perguntou Emma curiosa.


— O mundo é assim, meu bem, eles precisam de um papel para provar
certas coisas. É igual o casamento.
— Hum, entendi.
— Você é muito inteligente, Emma. Já lhe disse isso, não? — Falou
Brooke. Vi que ela tinha limpado uma lágrima com as costas da mão e a
encarei com paixão.
— Sim, eu sei. — Emma sorriu. — Vocês estão namorando? — Brooke
tossiu e eu fiquei com as mãos suando. — Seria muito legal se vocês
ficassem juntos, assim tia Brooke poderia ser minha mãe. — Arregalei os
olhos. Emma não parava de falar. — Eu gosto muito de você, papai, e muito
de tia Brooke. Você quer ser minha mãe, tia?
— Emma, eu adoraria ser uma figura materna para você, e... — Brooke
me encarou, seu olhar implorando por ajuda.
— Estamos namorando Emma... iria esperar até jantarmos para contar
para você. — Falei e Emma automaticamente bateu palmas de alegria.
— Oba! Eu sabia que isso iria acontecer desde que li a Bela e a Fera.
Papai antes era mal-humorado e briguento, assim como a Fera, até conhecer a
Bela e tudo mudar.
— Acho que é meu destino ter mulheres que leem muito na minha vida.
— Falei e encarei meu apartamento. — Parece que vou ter que comprar um
castelo se quiser montar a biblioteca dos sonhos de vocês.
— Sim, papai. Por favor. — Eu ri do entusiasmo de Emma, e logo a pizza
chegou.
Conversamos sobre Julia, e Brooke me explicou que era uma boa menina
e sobre seus pais que eram pessoas maravilhosas, que eu poderia levar Emma
a festinha com tranquilidade, que Emma estaria em boas mãos.
Logo levei Emma para seu quarto e ela me pediu que lesse um pouco de
“A Princesa e o Sapo” para ela. Mal terminei a primeira página e Emma já
estava adormecida, agarrada ao senhor panda.
Brooke estava lavando as louças quando cheguei na cozinha. Eu a abracei
por trás e beijei sua nuca.
— Deixa isso para lá e vamos para a cama. — Pedi.
— Você não vai me levar para a casa? — Perguntou ela.
— Não, hoje vou prender a Bela em meu castelo. — Eu a virei para mim e
segurei firme em sua cintura.
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— Mason, minhas mãos estão molhadas. — Protestou ela.


— E quem se importa. — Eu a ergui no colo e levei para o quarto.
— Você é maluco.
— Por você, só por você, e cada dia que passa fico mais maluco por você.
Eu sou um filho da puta sortudo por ter você na minha vida.
Provoquei seu pescoço com a língua e comecei a tirar suas roupas. Brooke
arrancou minha camisa e calça e chutamos nossos sapatos para longe.
Brooke me empurrou sobre a cama e me colocou em sua boca, então soltei
um grunhido de surpresa. Ela passou a língua na ponta, e logo me sugou para
dentro de sua boca o máximo que ela conseguiu. Fiquei louco ao ver aquela
cena, seus lábios rosados me engolindo.
Em seguida mudei o jogo e a coloquei de barriga para cima na cama, e foi
minha vez de prová-la. Passei a língua entre suas pernas, suas dobras estavam
úmidas e deliciosas. Chupei seu clitóris até Brooke gritar de tesão, e após
vestir o preservativo a penetrei, olhando em seus olhos, amando-a como ela
merecia.
Eu me entreguei de corpo e alma, me doando para ela e recebendo o que
ela me doava de volta.
Adormecemos nos braços um do outro. Tive outro pesadelo, e acordei
suado e assustado, sentindo Brooke me abraçar e dizer que tudo iria ficar
bem. Eu não lembrava do pesadelo, era algo incomum, pois sempre lembrava
com nitidez.
Depois que eu me acalmei, Brooke pediu que eu deitasse em seu peito e
me abraçou forte, fazendo cafuné no meu cabelo.
— Shhh, está tudo bem. Está tudo bem, Mason... — Escutando as batidas
do seu coração, adormeci novamente e não tive pesadelos.

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Quinze
Oh, baby; o amor nunca foi tão legal. E eu duvido que seja meu; Não
como você me abraça, me abraça
E a noite vai ficar tudo bem. Tenho que voar, tenho que ver, não posso
26
acreditar

Brooke
Mason começou a se mover em cima de mim. Adormecemos daquela
forma, com ele deitado em meu peito, e os pesadelos não voltaram. As luzes
da manhã começaram a invadir através das frestas da veneziana da janela. Ele
levantou a cabeça e me encarou com um sorriso sonolento.
— Bom dia. — Falei para ele.
— Bom dia. Desculpe amassar você. — Ele se moveu e deitou ao meu
lado na cama.
— Tudo bem, você me aqueceu pela noite inteira. — Virei de lado para
olhar para ele, que encarava o teto. — Você sempre tem pesadelos?
— Sempre. Quando sonho são pesadelos, ou então é tudo escuro. — Disse
ele me encarando.
— Me conte seus pesadelos; assim posso te ajudar a espantá-los. — Pedi e
ele desviou o olhar.
— Tenho medo de te contar e você sair correndo por essa porta.
— Eu sou louca por você, é tarde demais para fugir. — Segurei em seu
braço. — Confie em mim.
Ele me encarou por alguns momentos antes de suspirar e olhar para o teto.
— Tudo bem. Se for para você desistir de nós, que seja agora do que
depois que será mais doloroso.
— Eu não vou a lugar algum. — Falei com convicção.
— Isso é porque você não sabe o quão quebrado estou. — Disse ele.
— Eu... — Fiquei insegura de falar aquilo tão depressa; mas por que eu
estava adiando o óbvio? Por que as pessoas faziam esses joguinhos hoje em
dia? Não vou dizer que o amo primeiro, sendo que elas sentiam isso em seus
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corações. Quem inventou esses joguinhos? O amor era simples e puro. — Eu


te amo, Mason, e não vou há lugar algum.
Ele me encarou, surpreso, e continuei olhando firme em seus olhos. eu
sentia dentro do meu coração que o amava, então por que ficar de joguinhos
esperando ele falar primeiro? Aquilo não fazia muito sentido. E eu não tinha
paciência para joguinhos.
— Eu amo tanto que sinto que meu peito vai explodir; então divida
comigo seus medos, que irei te ajudar a lidar com eles. — Pedi.
Ele suspirou. Vi que estava em um dilema. Ele não disse que me amava
também, mas não me importei. Ele estava vulnerável; certamente pensando
em seus pesadelos terríveis. Ele encarou o teto novamente e limpou a
garganta.
— Essa é a primeira e a última vez que contarei isso para alguém. —
Começou ele. — Se você partir depois de eu contar isso, eu vou me dedicar a
Emma apenas, e nunca mais vou me envolver com mulher alguma... só vou
amar e cuidar da minha filha.
Fiquei em silêncio, dando espaço para ele falar.
— Quando eu tinha quatro anos de idade fui vendido pela minha mãe, por
aquela que dizia ser minha mãe. Na verdade quem me criou desde que eu
nasci foi minha irmã, mas quando ela foi embora eu fiquei aos cuidados desta
mulher que apenas me lembrava que eu era um peso e o quão inútil eu era. —
Ele suspirou. — Lembro claramente quando ela me vendeu para um casal por
algumas centenas de dólares. Eu não deveria lembrar dos meus quatro anos
de idade como qualquer criança normal, mas eu lembro em detalhes. Eu
estava morrendo de medo. Os dois estranhos me levaram, mas uma semana
se passou, eles me alimentavam, e a mulher era amorosa comigo... mas isso
foi apenas uma semana de ilusão; acho que era alguma espécie de teste
psicológico para que eu não fugisse; igual a um cachorro que você adota e
alimenta no começo, e depois se começar a bater nele ele vai ser obediente e
não vai partir. — Ele suspirou. — No primeiro ano começaram as surras, ele
me batia por diversão, e ela apenas ficava observando em silêncio... antes eu
apanhar do que ela, não é mesmo? E nos anos seguintes... — Mason ficou em
silêncio e lágrimas escorreram por sua face, eu já estava chorando por aquele
menininho que sofreu tanto.
— Eu estou aqui. — Sussurrei, segurando firme em sua mão. — E não
vou há lugar algum.
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— Ele me tocava, de uma forma que não se deve tocar em uma criança.
— Ele chorava em silêncio, e tapei minha boca para conter um soluço. — Eu
cheguei a sentir falta das surras. Apanhar era mais suportável do que brincar
com o papai. — Ele limpou a garganta. — E então quando eu já tinha quase
dez anos de idade, ele não me queria mais. Eu era muito velho para brincar
com ele, ele gostava de mais novos que dez anos. Ele e aquela mulher foram
procurar minha mãe, mas descobriram que ela morreu após uma overdose de
cocaína, e então em uma noite acordei na porta de uma casa de adoção. Lá
me batiam e me faziam trabalhar na limpeza do orfanato. Eu comia pão e
mingau, carne quando tinha sorte. Foram os anos dourados da minha vida,
pois só não queria voltar para aquela casa. Obviamente ninguém me adotou,
afinal eu já era bem grande para dez anos de idade... acho que aquela cara
pensava que eu iria espancá-lo se continuasse a brincar comigo. — Ele
suspirou cansado. — Eu apenas decidi estudar e estudar. Eu queria ser um
juiz, acabaria com essa escória do mundo, e com esses seres desprezíveis que
fazem isso com crianças.
— O que te fez mudar de ideia e se tornar um bombeiro?
— Duke. Ele não sabe disso, mas o conheci antes mesmo de começar a
trabalhar com ele. — Ele deu um sorriso triste. — Um dia voltando do
colegial passei em frente a uma dessas tvs que passam notícias, e Duke estava
lá. Ele tinha salvo muitas vidas e todos estavam horados em ter um herói
27
como ele no país. Até mesmo o presidente, se não me engano era o Clinton
na época, enviou uma medalha a Duke, e pensei em como queria que aquele
cara fosse meu pai. Então resolvi ser bombeiro e trabalhar no batalhão dele,
lutei tanto e consegui.
Mason levantou da cama, vi que estava fugido de mim. Levantei rápido na
cama e o abracei por trás, entrelaçando as pernas ao redor da sua cintura e os
braços ao redor do seu pescoço.
— Eu te amo, eu ainda estou aqui, e eu nunca vou embora. — Ele ficou
parado sem reação alguma, e eu o apertei firme. — Você não pode me afastar
mais.
— Brooke... eu sofri abuso na infância. Mulher nenhuma vai querer ficar
com um cara assim... não fique comigo por pena.
— Pena? Tenho vontade de te bater nesse momento homem ridículo! Eu
amo você e quero construir uma vida com você. Acha mesmo que eu abriria

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mão da minha liberdade por pena? Eu te amo, porra!


Mason soltou meus braços e caí na cama. Ele logo estava em cima de
mim, e me penetrou; sem barreiras, pele com pele, coração com coração.
— Eu amo você também. Por Deus, como eu amo. — E então em meio
aquele sexo intenso e cheio de emoções nossas lágrimas se misturaram e
nossa conexão ficou tão intensa que sabia que nada mais iria nos separar.

Mason foi trabalhar naquela manhã de sábado. Ele pretendia levar Emma
para a casa de Daniel, já que a esposa dele tomaria conta dela, mas não
permiti... eu poderia muito bem ficar com Emma e assim não ficaria sozinha.
Pedi apenas que Mason me levasse até em casa para que eu recolhesse meu
material e pudesse trabalhar na casa dele. Tinha de preparar aulas no sábado,
para que assim eu pudesse ficar descansada no domingo.
Emma ficou lendo livros e fazendo o dever de casa, e logo ela estava
concentrada em seu quarto brincando de Barbie. Terminei de organizar quase
todas as aulas quando a hora do almoço chegou, e preparei para nós duas,
purê de batatas e carne de panela.
— Tia Brooke isso está muito bom. — Sorri para ela. — Eu nunca comi
purê de batatas.
— Nunca?
— Não. Como eu disse, meu pai tinha dor de barriga e minha mãe só
cuidava dele. Depois que ele foi embora, eu comia só miojo, e mamãe se
zangava se eu dissesse que estava com fome. Ela dizia ser culpa minha o
papai ter ido embora, que ele foi embora porque eu era uma filha ruim.
— Emma, quando os adultos se separam é porque não se amam mais. Seu
pai não foi embora por sua causa, mas sim porque ele e sua mãe não se
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amavam mais. — Expliquei. — Não pense em momento algum que foi sua
culpa... sua mãe estava com raiva, e as pessoas com raiva falam coisas sem
pensar. Tenho certeza de que ela está arrependida do que disse.
— Você e o papai vão deixar de se amar um dia? — Ela perguntou
inesperadamente.
— Não sei o que o destino nos reserva, Emma; mas uma coisa é certa. —
Ela me encarava com atenção. — Meu amor por você nunca vai acabar. e
sempre irei vê-la mesmo se eu e seu pai não dermos certo; e o amor que ele
sente por você também é para todo o sempre, ele nunca vai te deixar.
— De verdade, tia Brooke? Papai nunca vai me deixar?
— De verdade, Emma. — Garanti.
Ali naquela casa estavam dois corações quebrados, que unidos se
tornariam um só. Cada dia que passava eu tinha cada vez mais determinação
de fazer os dois felizes e com isso encontrar a minha própria felicidade.
Depois do almoço colocamos um filme no aparelho de DVD, e então
escutei a campainha do apartamento e fui atender a porta.
Na minha frente estava uma mulher magra e alta. Seus cabelos eram
negros, lábios carnudos, e seu olhar entediado.
— Em que posso ajudá-la? — Perguntei.
— Aqui é o apartamento de Mason Pollack? — Perguntou ela.
— Sim é. Você é quem? — Perguntei. Vi que Emma veio até a porta de
curiosa, e então logo agarrou minha mão com força e arregalou os olhos.
— Olha se não é a minha filhinha. — Disse a mulher.
— Tia Brooke, eu quero meu pai, eu quero meu pai. — Disse Emma
nervosa e saiu correndo batendo a porta do seu quarto.
— Como vê, sou a mãe dessa garota. — Disse ela, que já ia entrando, mas
a impedi.
— Mason não está em casa. — Respondi. — Agora se me der licença, vou
acalmar Emma.
— E você por acaso acha que é quem para mandar? — Falou ela. — Eu
sou a mãe da garota, e tenho o direito de entrar.
— Você perdeu esse direito quando abandonou Emma. Com licença. —
Bati a porta na cara dela e tranquei a porta.
Ela continuou batendo na porta histérica, peguei o celular e mandei uma
mensagem para Mason. Fui até o quarto de Emma, que me agarrou no
pescoço e implorou para que não deixasse que sua mãe a levasse embora.
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Dezesseis
Ei, garotinha, preto e branco, certo e errado. Só vivem dentro de uma
canção, que eu cantarei para você. Você não precisa se sentir só. Você
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nunca perderá nenhuma lágrima. Você não precisa se sentir triste

Mason
Depois de conter as chamas ali perto do batalhão que alguns adolescentes
idiotas fumando maconha causaram, peguei meu celular e vi a mensagem.
A mãe de Emma está na porta do seu apartamento. Por favor, venha logo.
Emma está nervosa.
Meu coração parou e toda a minha alegria foi drenada do meu corpo.
Corri na hora para a sala de Duke e lhe mostrei a mensagem.
— Poxa, eu estava tão perto. Por que ela voltou agora? — Falei frustrado.
— Mason, acalme-se. — Disse Duke. — Perder a calma agora não é uma
boa.
— Minha vontade é de matá-la. — Disse com raiva.
— E passar o resto da sua vida na cadeia enquanto sua filha é enviada
para alguma instituição do governo? Seja racional e se acalme. Só vou deixar
você sair daqui se se acalmar. — Frustrado, bufei.
— Você sabe que não pode me prender aqui.
— Eu sei. Mas use a razão. De jeito algum a deixe levar Emma embora.
— Eu nunca cogitei deixá-la levar Emma de mim. Se fosse a um tempo
atrás até poderia chegar a isso, mas não agora.
— Então vá até lá, sua filha deve estar com medo. Ela precisa que você
esteja calmo. Seja uma rocha para ela, Mason.
Assenti e ao entrar no carro peguei meu velho maço de cigarros no porta
luvas e acendi um. Havia prometido a mim mesmo não fumar mais, pois
Emma não gostava do meu vício, mas naquele momento de tensão, pedi
perdão a Emma mentalmente e traguei com vontade.
Ao chegar no apartamento encontrei Allison plantada diante da porta
furiosa. Ela me encarou no momento que subi as escadas.
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Eu havia cometido dois pecados, pois fumei dois cigarros, mas aquilo
ainda assim não me acalmou.
— Tem uma vagabunda no seu apartamento que não me deixa entrar. —
Disse ela e senti vontade de acertar um tapa em sua cara, mas não batia em
mulheres, por mais que Allison merecesse uns bons tabefes.
— A única vagabunda que vejo aqui é você.
Peguei o celular e liguei para Brooke que atendeu em dois toques.
— Onde você está? — Ela perguntou.
— Como está Emma? — Perguntei.
— Está bem. Ela adormeceu depois que lhe contei uma história.
— Vou sair com Allison para conversar. Volto quando resolver isso.
— Tudo bem. — Disse Brooke.
— Obrigado, por tudo.
— Não precisa me agradecer. — Disse ela.
— Eu volto assim que isso for resolvido.
— Tudo bem. — Desliguei o celular e peguei Allison pelo braço.
— Venha comigo.
— Gosto quando você é mandão assim. — Disse ela rindo. Senti asco.
Como pude um dia me envolver com uma mulher assim? Bem, pelo menos
algo de bom ela havia feito, ela havia me dado Emma.
Chegamos em um café a duas quadras do meu apartamento, e logo pedi
29
café forte e puro, e ela pediu um café irlandês . Era óbvio que ela já ia beber.
— O que você quer, Allison? — Perguntei diretamente.
— Eu senti saudades de vocês dois e vim visitar. Agora, quem é aquela
vadia que...
— Eu que faço as perguntas aqui. — Falei e ela sorriu.
— Sim, senhor.
— Você não estava bem em Vegas? Por que apareceu de repente?
— Saudades da família é claro.
— Não me venha com esse papinho. Você abandonou sua filha com um
homem que nem conhece direito, com um caso de uma noite, e sequer se
despediu ou se preocupou em como ela estava.
— Você é o pai dela.
— Tem homens que não nasceram para ser pai. E se eu fosse um pedófilo
ou algo do tipo?

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— A menina iria aprender mais cedo o que é ser mulher. — Disse ela e
deu de ombros.
Eu cravei as unhas nas palmas das mãos. Eu estava com muita raiva
daquela mulher, e Deus, imaginei minhas mãos em sua garganta e vendo a
vida ir embora dos seus olhos.
— Você é doente. — Falei. — Vá embora, Emma não quer ver você, e ela
vai ficar comigo para sempre.
— Quer dizer que você é um bom pai afinal?
— Estou tentando ser. Garanto que serei bem melhor que você e o idiota
com quem era casada.
— Ele era um idiota mesmo. — Ela disse gargalhando alto. — Acreditou
que eu estava grávida dele e vivi confortável por anos, sem contar quantos
chifres coloquei naquele paspalho... e então ele descobriu que nasceu estéril.
Aquela pamonha levou mais de cinco anos para se dar conta de que Emma
não era sua filha. — Ela riu alto novamente, como se tudo aquilo fosse uma
grande piada.
— O que preciso fazer para você sumir das nossas vidas de uma vez por
todas? — Questionei impaciente. — Ou melhor, quanto você quer?
— Ah, agora você está magoando meus sentimentos. Acha que eu
venderia minha filhinha para você?
— Não me venha com falsidades, você não a ama.
— Amo tanto que quero ela de volta para mim. — Meu coração parou por
alguns milésimos de segundo, e quase cai em um poço escuro de dor. —
Você precisava ver a sua cara de apavorado agora. — Allison gargalhou.
— Não brinque comigo. — Eu estava perdendo a paciência.
Paramos de falar por uns segundos enquanto a garçonete colocava nossos
cafés na nossa frente.
— Você deve ter se apegado a pirralha. — Disse ela, encarando as unhas.
— Afinal, a gente se apega até mesmo a um cachorro e...
Bati na mesa com força.
— Fala logo, porra, antes que eu me irrite de verdade com você. —
Alterei minha voz e algumas pessoas nos encararam, Allison pela primeira
vez pareceu levemente assustada. — O que diabos você quer?
— Tudo bem, preciso de cinco mil dólares. — Ela disse e bebeu o café. —
Acabei jogando no cassino... Sabe como é Vegas, a gente se empolga. Cinco
mil dólares e sumirei da vida de vocês.
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— Você precisa ir comigo a um advogado. Há um cartório fora da cidade;


irei registrar Emma em meu nome, abrirei um processo no fórum na semana
que vem para ter a guarda definitiva de Emma, e vou te mandar os papéis e
você vai assinar.
— Você acha que farei tudo isso só por cinco mil dólares? — Perguntou
ela em tom de deboche.
— Não, conheço seu tipo, tive uma mãe igual. — Falei. — Te darei
quinze mil dólares. Cinco mil agora após ir no cartório comigo e mais dez mil
depois que você assinar o papel que passa a guarda definitiva de Emma para
mim.
— Quinze mil. — Ela bateu palmas. — Eu não imaginava que a garota
valia tanto.
Ela vale muito mais que míseros quinze mil dólares. Pensei. Ela não tem
preço. Mas foi tudo o que consegui juntar nos últimos cinco anos em que vivi
para o trabalho. Na verdade, tinha vinte mil em minha poupança, mas não
entregaria tudo para aquela mulher. Minha filha precisava de segurança, e
aquele fundo de reserva que eu tinha era para o futuro dela.
— Vamos ao advogado. — Eu já havia ligado para Joshua e implorado
para que ele me ajudasse. Expliquei a situação por cima, e ele na hora
aceitou. Entrei no carro com aquela mulher detestável e seguimos para outra
cidade em que o cartório estava aberto.
Lá registrei Emma como minha filha. Na saída lhe entreguei os cinco mil
e peguei seu endereço em Vegas. Garanti a ela que não controlaria minha
raiva, e se ela se aproximasse novamente de mim ou de Emma, ela iria
morrer.
Quando voltei para a casa já era noite. Eu comprei minha filha? Isso
parecia ridículo até mesmo para mim, mas faria qualquer coisa para garantir
que Emma ficasse comigo para todo o sempre, mesmo que tivesse de pagar
para sua mãe.
Quando cheguei em casa, estava exausto por tudo que aconteceu no
decorrer daquele dia que mais pareceu um completo pesadelo.
Emma correu para os meus braços no momento em que entrei em casa.
— Papai, você não vai deixar que me levem, não é? Eu não quero ir
embora, por favor, papai! Não deixe que ela me leve, papai... Ela me batia e
me chamava de inútil. Por favor, papai, eu nunca mais quero ir com ela. Eu te
amo, papai, por favor, fique comigo, eu serei uma boa filha.
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Abracei minha menina e chorei junto dela. Brooke nos observava com
lágrimas nos olhos. Em pensar que quase poderia ter perdido Emma. Se fosse
outro tipo de mãe teria levado ela embora... na verdade se fosse outro tipo de
mãe nem a teria abandonado para começo de conversa.
— Eu disse para você, nunca irei deixar você ir, nunca. Você é a minha
filha, e vai viver comigo até se casar um dia.
— Eu nunca irei me casar, papai, irei viver para sempre aqui. —
Gargalhei pela primeira vez naquele dia eu ri com vontade.
— Eu espero que nunca namore também. — Falei.
— Nunca irei namorar também. — Satisfeito com a promessa da minha
filha de nunca namorar e nunca casar, eu a abracei feliz.
Deixando-me iludir por aquela promessa, chamei Brooke com um aceno e
ela se juntou ao abraço. Éramos uma família em construção. Eu iria ficar com
as minhas meninas para sempre, e tentaria esquecer o passado de vez.

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Dezessete
Eu sinto sua falta. Quando eu digo isso. Eu sinto ainda mais. Estou
olhando sua foto, mas ainda sinto saudades.
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O tempo é tão cruel

Brooke
Eu havia me tornado parte da família. Desde que me mudei para Chicago
me sentia um tanto sozinha, já que os meus pais viviam no interior. Claro eu
tinha amigos ótimos na escola, mas depois de jantar com o batalhão nessa
noite, me senti mais inclusa.
— Acho que devemos fazer uma espécie de clube da Luluzinha para nós.
— Disse Crystal. — Esses homens vivem se unindo, vai que falam mal de
nós.
— Eu gosto da ideia. Podemos sair vez ou outra para beber. — Disse uma
moça muito bonita de cabelos negros e sorriso fácil, que conheci naquela
noite como Karen. Ela era namorada de Caleb e parecia durona como uma
rocha.
— Beber é comigo mesma. — Disse a moça chamada Phoebe. Ela estava
saindo com o bombeiro Michael, mas foi no jantar pois era melhor amiga de
Karen e amiga de escola de Crystal.
— O que você acha, Camille? Brooke? — Perguntou Crystal.
— Hey, por que não estou inclusa? Sou um homem agora? — Minah que
descobri recentemente que era sul-coreana. Ela estava um pouco alta na
bebida, suas bochechas estavam coradas devido ao álcool.
— Desculpe, Minah... claro que você está inclusa. — Disse Karen.
— Sim, você pode ser nossa infiltrada no batalhão. — Disse Crystal de
modo conspiratório.
— Eu estou dentro. — Disse Camille. Era a primeira vez que eu via
Camille. Ela era filha de Duke e parecia ser uma pessoa tão incrível quanto
seu pai. Ela tinha pele negra, cabelos longos e cacheados, lábios cheios e
olhos cor de avelã que brilhavam quando ela sorria.
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Gostei de todos que conheci naquele dia, desde os bombeiros, até as


mulheres.
— Eu gostaria muito. — Falei. — É bom ter novas amigas, e gostei muito
de vocês.
— Eu amei você desde a primeira vez. — Disse Crystal. — Graças a você
teremos Mason no calendário, e seria um desperdício se ele não fizesse. Com
todo o respeito, claro, mas seu homem é o destaque do calendário... como ele
pode se achar feio?
Encarei Mason, que estava sorrindo com Emma ao seu lado e conversando
animado com Duke, Tyler e Michael.
— Ele não sabia o quão lindo era. Tinha uma barreira que impedia ele de
enxergar a si mesmo, mas aos poucos ele está enxergando o quão especial é.
— Falei para Crystal.
— Você fez maravilhas com ele. Confesso que ele sempre me assustou
um pouco, e olha que sou uma mulher corajosa. — Disse Camille. — Mas
sempre que ia visitar meu pai ele me recebia com irritação.
— Um animal ferido é arisco quando é muito machucado. — Falei. — A
partir de agora, conheçam o verdadeiro Mason. — Apontei. — Ele é um cara
incrível e forte... não muito receptivo as pessoas, ainda é um pouco grosso,
mas é muito carinhoso e amoroso.
— Como eu disse, você é minha pessoa favorita. — Disse Crystal.
— Ele parou de fumar tem um tempo, disse que Emma não gostava de
cigarros. Ali eu já soube que ele era um grande cara. — Disse Minah.
— As grandes mudanças que o amor faz. — Karen propôs um brinde
erguendo sua caneca de cerveja.
— O que estão brindando? Queremos brindar também. — Disse Duke.
— As grandes mudanças que o amor faz. — Disse Camille e sorriu para o
seu pai. A cumplicidade entre eles era notável.
— Então vamos todos brindar, ao amor. — Disse Duke. — As nossas
mulheres que nos suportam, aos nossos filhos que são tesouros abençoados, e
as vidas que salvamos diariamente.
Todos ergueram seus copos, uns com cerveja, outros com vinho, ou
refrigerante, mas todos brindaram ao amor e sua força. Foi uma ótima noite.
Eu agora tinha minha família de sangue, minha família na escola, minha
família no batalhão, e claro, meus amados Mason e Emma; e estava cada vez
mais criando laços com eles. Eu estava muito feliz.
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Estava calor, era dia 26 de junho, e as crianças já estavam de férias faziam


algumas semanas. Mas aquele dia era especial, e então estávamos todos
dentro do ônibus a caminho da fábrica de fogos de artifício. Depois daquele
passeio, todos voltariam para suas casas para aproveitarem mais suas férias,
até o retorno das aulas em agosto.
Enquanto as crianças cantavam canções animadas eu encarava a janela e
sorria. Eu estava em um momento da vida tão feliz. No feriado Mason e
Emma iriam até a casa dos meus pais, iria apresentar a eles o homem da
minha vida, mostrar a eles que eu estava bem, e quão incrível era meu
namorado.
Minha mãe ficaria um pouco receosa de ver que meu namorado tinha uma
filha... ela talvez me chamasse em um canto e dissesse que era muita
bagagem que Mason tinha. Eu já estava esperando por isso, não seria minha
mãe se não criticasse. Meu pai no mesmo momento se apaixonaria por Emma
e lhe mostraria as estrelas através de seu telescópio, e Emma voltaria de lá
com o sonho de ser uma astronauta.
Em minha infância eu sonhava em ser uma astronauta de tanto que meu
pai falava dos astros e do universo. Sonhava com o dia em que comeria um
pedaço da lua, e que ela teria gosto de queijo. Já imaginava Emma o
chamando de vovô, e meio que ficava esperando ela me chamar de mãe. Seria
uma honra ser sua mãe, eu a amava muito.
— Então me conte, como está o namoro, Brooke? — A diretora Schaefer
perguntou, e fiquei com as bochechas quentes. — Vamos, Brooke, esqueça
por um momento que sou a diretora e esquente um pouco meu dia; afinal
estamos de férias. — Ela sorriu. — Então sou apenas Diane hoje. — Ela
piscou para mim.
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— Certo. — Sorri. — Meu namoro está ótimo, e é bom que poderei contar
para todos ano que vem quando Emma for para o segundo ano e deixar de ser
mais minha aluna.
— Já disse, seria errado namorar um aluno ou namorar dentro da escola;
agora um paizão daqueles e namorar fora, não há problemas.
— Paizão, é? — Ri e ela ajeitou seus cabelos ruivos encaracolados atrás
da orelha e sorriu sonhadora.
— Sim, nunca vi homem tão grande em meus cinquenta e três anos de
vida. — Ela me encarou. — Me pergunto se ele é todo grande. — E piscou
para mim.
— Diane! — Repreendi ela que gargalhou alto.
— Você acha que só você tem imaginação fértil?
— A senhora me surpreende cada dia que passa. — Ela balançou a cabeça
rindo.
— Mas mudando de assunto, queria te agradecer por não sair da nossa
escola apesar dos problemas que ela sofre. — Ela suspirou. — Por sorte
conseguimos uma verba maior para o semestre seguinte.
— Eu não trocaria nossa escola por nada.
— Eu sei. Mas você é jovem, poderia estar lecionando em uma escola
particular e ganhando muito dinheiro.
— Não trabalho por dinheiro, mas sim por amor. E no momento em que
entrei na escola primária de South Loop, senti uma conexão... me senti em
casa. Talvez por ela me lembrar muito a minha escola da infância.
— Bem, estou feliz por isso. — Disse ela. — Percebi que nunca saímos
para beber juntas, o que acha de irmos beber um dia desses nas férias.
— Claro! Vou para a minha cidade natal no feriado, mas quando voltar
marcamos algo.
— E quem sabe você não me apresenta algum bombeiro bonitão. — Ela
se remexeu no banco. — Sei que estou um pouco acima do peso, mas sou
bonita e uma ótima companhia.
— Eu conheço a pessoa perfeita para lhe apresentar. — Sorri ao lembrar
de Duke e dos caras zoando ele no jantar.

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PERFIL DE DUKE NO TINDER:


Sou viúvo, com uma filha já criada, chefe do batalhão de bombeiros,
carinhoso e atencioso. Um pouco ciumento e um homem à moda antiga.
Tenho 48 anos, e procuro mulheres para um relacionamento sério ou apenas
para uma amizade. Não dou importância para aparência, o que importa para
mim é se você é bonita por dentro, sem preconceito com idade.
— Um homem à moda antiga... carinhoso... Amizade seria uma amizade
colorida? — Henry não se cansou de zoar Duke naquela noite, e todos
contorciam-se de tanto rir.
Achei que Duke ficaria bravo, mas ele depois me disse que eram todos
como filhos para ele, e ele não dava atenção para que os pirralhos diziam.

— Sabe Diane, acho que conheço o cara perfeito. — Falei. — Vamos sair
para beber nós quatro quando eu voltar do feriado. Sinto cheiro de um
romance aí.
— Hum, isso é interessante, conte-me mais.
Falei para ela o pouco que eu sabia sobre Duke e logo chegamos a fábrica.
Outras escolas estavam ali também, escolas particulares entre outras.
Queríamos ver de onde vinham os fogos do 4 de julho. E no final do passeio
teria uma pequena demonstração da queima de fogos.
Fomos guiados por um senhor chamado Clark Benson, que foi nos
mostrando o processo de criação de fogos passo a passo.
— Tia Brooke. — Emma puxou minha mão e a encarei.
— Sim, querida? — Ela estava pálida. — Você não está se sentindo bem?
— Perguntei.
— Eu estou enjoada. Pode me levar ao banheiro? — Pediu ela.
— Diretora Schaefer vou acompanhar Emma ao banheiro. Ela está
enjoada. — Alertei-a.
— Tudo bem, querida, qualquer coisa me chame. — Ela e as outras
professoras guiaram as turmas para adentro da fábrica e fui procurar o
banheiro com Emma.
Emma vomitou todo o seu conteúdo do estômago e segurei seus cabelos,
lavei seu rosto e umedeci sua nuca.
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— Desculpa, tia Brooke, é culpa minha que estou assim. — Disse ela com
lágrimas nos olhos.
— Do que está falando, linda? Como pode ser culpa sua?
— Você e o papai disseram que eu não podia comer mais chocolates
ontem à noite, mas levei duas barras para o meu quarto escondida e comi
tudo.
Fiz um carinho em seu rosto.
— Você realmente errou em não nos obedecer, mas fez algo bonito agora,
que foi confessar seu erro. Então desta vez está perdoada.
— Podemos ficar aqui um pouco? Acho que quero vomitar mais. —
Emma correu para um reservado e me concentrei nela.
Fiquei tão concentrada em Emma que fui perceber só tarde demais a
fumaça. Toda aquela fumaça.
— Tia Brooke, de onde vem toda essa fumaça? — Perguntou ela; e foi
quando vi o banheiro todo branco, e dei um pulo quando escutei a primeira
explosão. Caí no chão ao lado de Emma e senti meus ouvidos zumbirem.
— Acho que está havendo um incêndio na fábrica. — Falei o óbvio.
Minha voz estava trêmula e meu coração acelerado.
— Meu pai vai vir nos salvar? — Perguntou Emma assustada. — Meus
ouvidos doem. — Ela começou a tossir.
— Sim, vamos sair daqui. — Peguei ela no colo e corri para a porta do
banheiro, e foi ali que minhas pernas ficaram fracas. A porta estava
bloqueada por algo pesado demais, certamente aquele era o resultado da
explosão.
— O que houve? — Perguntou Emma.
— Estamos trancadas aqui, e meu celular ficou na bolsa dentro do ônibus.
— Amaldiçoei-me em pensamento.
— Nós vamos morrer? — Perguntou Emma, e lágrimas escorreram por
sua face.
— Nós não vamos morrer. — Garanti a ela. — Me dê seu casaco. —
Emma o tirou e o molhei na pia do banheiro. — Respire aqui. — Encarei as
venezianas no alto, pequenas demais e altas demais, mas eu teria que dar um
jeito. — Respire nesse pano para que não piore.
— E você? — Eu vou ficar bem.
— Não, fique com meu pano. — Disse Emma.
— Não, amor, preciso salvar você.
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— E você, mamãe? — Ela começou a chorar. — Não pode morrer. —


Meu coração inflou em meu peito e pensei que poderia morrer feliz naquele
momento, já que meu desejo de ser chamada de mãe por Emma foi realizado.
— Ninguém vai morrer aqui hoje. — Eu a abracei forte e pedi que ela
sentasse em cima da privada, e que continuasse respirando no pano úmido.
Tirei meu sutiã e o molhei na água antes de amarrar no meu rosto com a parte
do bojo contra minha boca e nariz. — Nós vamos voltar para o seu pai, meu
amor. Ele precisa de nós.
Eu não sabia como seria possível sair viva dali, mas pelo menos Emma
seria salva. Eu iria dar um jeito de salvar aquela menina que tinha uma vida
pela frente. Ela não iria morrer ali. Não agora.
— Por favor Deus, não agora. — Sussurrei. Meus olhos ardiam pela
fumaça, e eu não sabia se as minhas lágrimas eram por Emma ou causadas
pela fumaça.
Encarando as venezianas lá no alto. pensei no que eu poderia fazer para ao
menos tentar tirar Emma dali. Mason, por favor, venha logo.

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Dezoito
Perto, longe, onde quer que você esteja. Creio que o coração segue em
frente. Uma vez mais, você abre a porta. E você está aqui, no meu
31
coração. E o meu coração continuará e continuará

Mason
— Combinamos que Brooke estaria presente. — Falei para Crystal, que
estava com uma câmera na minha cara.
— E ela vai estar, mas estou vendo qual o melhor ângulo.
Revirei os olhos e mordi meu sanduíche. Encarei o relógio e calculei que
elas deveriam ter chegado na fábrica há uns vinte minutos, e provavelmente
estavam agora explorando o local.
— Sabe, vocês dois combinam muito. — Continuou tagarelando Crystal.
— Se um dia quiserem fazer um ensaio sensual juntos, eu espero ser a
primeira a ser lembrada.
Eu a encarei, carrancudo.
— Você é bem ambiciosa se pensa que farei mais alguma foto com você.
— Poxa, que pena... Eu adoraria fotografar vocês juntos. — Ela fez um
quadrado com os dedos e semicerrou um dos olhos. — Sim, ficaria realmente
perfeita uma foto de vocês, quem sabe no casamento.
— Tudo bem, tanto faz. — Suspirei.
— Tem alguma foto de vocês no seu celular para eu ver e ter ideias? —
Perguntou Crystal.
— Não. — Franzi a testa.
— Vocês estão desde maio ou abril juntos, e não há uma foto? Como isso
é possível.
— Acho que gostamos de gravar nossos momentos aqui. — Apontei para
a minha cabeça.
— Mesmo assim, é bom ter registros desses momentos. — Crystal se
afastou quando Caleb a chamou e me deixou pensativo.
Realmente não ter uma foto nossa ou com Emma era algo que me
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incomodava agora. Não tínhamos uma foto juntos nós dois ou nós três.
Coloquei meu celular a carregar, e naquela noite quando elas já tivessem
retornado do passeio e estivéssemos comendo a pizza que combinamos em
comprar, iriamos tirar muitas fotos. Meu celular ficaria cheio de fotos das
minhas meninas.
Os momentos de tranquilidade do meu dia terminaram três minutos depois
deste meu pensamento, quando Duke apareceu pálido no refeitório e
começou a gritar com todo mundo. Quando ele disse incêndio na fábrica de
fogos de artifício em que a escola de Emma estava fiquei travado por uns
dois minutos. Sabe quando temos aquela sensação de semiconsciência, como
se as pessoas à nossa volta, por mais perto que estejam, parecem estar falando
ao longe, e suas vozes parecem abafadas? Senti isto.
Levei um tapa em cheio na cara e doeu muito. Meu rosto ardia, e me
surpreendi ao ver que quem me estapeou foi a pequena, porém forte, Minah.
— Acorda, Mason! Temos que salvar aquelas crianças e as suas meninas.
— Ela gritou comigo como um general do exército e despertei do meu torpor,
sentindo a adrenalina tomar conta do meu corpo.
Eu estava vestido e logo estávamos no caminhão. Outros caminhões
estavam a caminho do incêndio, porém ocorreram diversas explosões devido
aos fogos e eles precisavam de reforços. Meu coração estava doendo, eu
sentia vontade de chorar como um grande bebezão, mas entrei no modo
profissional, e estava decidido a salvar todos, ninguém morreria hoje.
Peguei o celular de Michael e pedi que ele corresse mais. Tentei ligar para
o celular de Brooke, mas ninguém atendia. Ela deve ter deixado na bolsa
dentro do ônibus, pensei, e usei aquilo para me confortar.
Quando chegamos no local, a fábrica inteira já havia sido tomada pelas
chamas e a fumaça negra. Algumas crianças saiam carregadas de dentro da
fábrica.
— Eu vou entrar. — Avisei.
— Mason, já há homens lá dentro para o resgate. — Alertou-me Tyler.
— Eu disse que vou entrar, porra! E quero ver quem vai me impedir.
Todos eles me ignoraram e começaram a fazer os seus trabalhos.
— Eu vou com você. — Disse Duke. Assenti e colocamos nossas roupas.
Entramos no prédio em chamas em poucos minutos. Não dava de enxergar
muita coisa, e parte do teto havia desabado. Encontrei uma mulher
protegendo uma criança, com a perna presa sobre uma barra de metal.
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— Me ajudem, por favor! Me ajudem! — Ela implorou, e com a ajuda de


Duke, ergui a barra e liberei a mulher que estava com a perna sangrando e
semiconsciente.
— Leve ela e a menina para fora. — Exigiu Duke.
— Mas Brooke.
— Eu mandei você ir. Elas já podem até mesmo estar lá fora. — Disse ele.
— Leve-as e volte aqui. Eu vou continuar procurando.
— Duke. — Eu o chamei.
— Sim?
— Não morra.
Ele bateu continência e entrou ainda mais na fábrica.
Levei as duas em meus braços correndo para o lado de fora, desejando
com afinco que tivesse sido Brooke e Emma, ou que as duas já estivessem lá
fora.
— Professora Parker. — Disse uma mulher. As lágrimas no rosto
escorriam. — Onde está a professora Valentine? — Perguntou a mulher. — E
a diretora Schaefer?
— Brooke ainda não saiu? — Perguntei, e a mulher me encarou.
— Ela foi ao banheiro com a menina Emma, e desde então não as vi mais.
— Banheiro.
Nem deixei ela falar mais. Em outro momento a agradeceria se lembrasse
do seu rosto; o que importava agora era que eu sabia exatamente onde
procurar. Porém, antes que eu entrasse na fábrica, houve mais uma explosão e
caí sentado no chão. Meu coração estava na boca. Para um homem que nunca
teve muita fé, pedi a Deus que protegessem elas.
— Salve-as, senhor! Me mate, mas deixe-as vivas. — Implorei, e entrei no
prédio novamente.
Havia uma placa em vermelho que estava soltando da parede, mas que
indicava onde ficava os banheiros. A porta estava bloqueada por um grande
armário de ferro. Tentei arrastar o maldito, mas ele nem se moveu do lugar.
Puxei várias e várias vezes e gritei de frustração. Havia água no chão muita
água, e ela saia de dentro do banheiro. Isso significava que havia alguém lá
dentro, ou que um cano havia estourado. Resolvi confiar na primeira
hipótese.
Fui procurar por Duke, e ele vinha segurando uma mulher nos braços; ela
tinha cabelos ruivos e encaracolados e estava desmaiada em seus braços.
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Lembro de tê-la visto na escola de Emma, era a diretora, se eu não estava


enganado.
— Acho que não há mais sobreviventes lá dentro.
— Duke, elas estão presas no banheiro. Preciso da sua ajuda e de mais
um.
— Vou até lá fora. Me espere em frente ao banheiro.
Fui para a frente do banheiro e tentei de todas as formas puxar aquele
maldito armário, mas ele não se movia de forma alguma. Logo um par de
mãos se juntou a mim e mais outro.
Kevin e Duke estavam me ajudando a puxar o armário, e finalmente ele se
moveu. Uma fresta pequena da porta se abriu, e merda, eu não iria conseguir
entrar ali.
— Onde está Minah? — Perguntei, frustrado.
— Estou aqui. — Minah passou por nós dois, subiu no armário, e passou
pelo vão da porta.
O minuto que ela passou lá dentro foi o mais longo da minha vida, e
quando ela passou pelo vão novamente com Emma em seus braços, suspirei
de alivio. Ela estava desmaiada com o seu casaco úmido sobre o rosto.
Brooke cuidou dela.
Passei Emma para Duke, não antes de me tranquilizar ao sentir seu pulso;
fraco, mas ela tinha pulso.
— E Brooke? — Perguntei.
— Vou pegá-la. — Minah entrou novamente no banheiro e desta vez
demorou um pouco mais.
Logo ela me entregou Brooke com um pouco de dificuldade em carregá-
la. Ela estava mole em meus braços, e com o sutiã sendo usado como
máscara sobre seu rosto. Corri para o lado de fora sem olhar para trás. Emma
e Brooke seriam levadas para o mesmo hospital, então sendo totalmente
antiprofissional, entrei na ambulância com Brooke, já que a de Emma já tinha
partido em direção ao hospital.

*********

Foram horas intermináveis de espera, ao menos foi o que pareceu para


mim. O hospital estava um caos, e eu só queria que alguém me desse notícias.
Foi quando a vi... e ela nunca me pareceu tão bonita quanto naquele dia.
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— Karen, como elas estão? — Perguntei para ela, desesperado.


— Mason, acalme-se ou terei que te dar um calmante. — Disse ela
tranquilamente.
— Faz horas que estou aqui esperando e você quer que eu fique calmo.
— Mason, faz meia hora que vocês chegaram.
Pisquei surpreso. Para mim parecia que horas haviam se passado.
— As duas estão sendo examinadas. Ao que parece, sua Brooke foi muito
inteligente ao cobrir o rosto das duas com panos úmidos e assim não inalaram
muita fumaça; mas Brooke está rouca, e seria bom elas ficarem mais uns dois
ou três dias em observação. — Disse Karen em um tom profissional.
Senti um alívio tão grande que comecei a chorar e abracei Karen num
impulso.
— Obrigado por salvá-las. — Falei soluçando.
— Eu não fiz nada. — Disse ela, dando tapinhas nas minhas costas. —
Agradeça ao Dr. Wooten e a pediatra Jones que atenderam as duas com uma
eficiencia sem igual.
— Posso vê-las?
— Pode. Só não as faça falar muito.
Assenti e Karen me indicou as salas em que elas estavam. Primeiro fui até
Emma, minha pequenina estava deitada na maca, tão pequenina, tão frágil....
em pensar que eu quase a perdi.
— Filha. — Cheguei até ela, que usava uma máscara de oxigênio e estava
sonolenta.
— Onde está mamãe? — Perguntou ela com a voz rouca.
— Allison? — Franzi a testa, estranhando a pergunta repentina de Emma.
Ela balançou a cabeça em negativa.
— Mamãe... Brooke... onde está mamãe? — Ela começou a tossir e pedi
que ficasse em silêncio.
— Shh, sua mãe está bem. Ela está no quarto ao lado dormindo.
Emma sorriu e adormeceu.
— Eu dei um remédio para ela. Emma estava muito agitada perguntando
pela mãe, e disse que a mãe estava no banheiro junto com ela. Para que a
pequena não se prejudicasse muito, dei um calmante leve para que ela possa
descansar. — Disse-me uma mulher vestindo jaleco branco, com o crachá de
pediatra, Vivian Jones.
— Obrigado, senhora Jones, por cuidar da minha filha.
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— Não agradeça a mim, mas sim a mãe dela, que se não tivesse feito o
que fez, você teria perdido as duas hoje.
Com Emma adormecida, fui até o quarto de Brooke. Ela estava agitada,
mas previ que sua agitação em breve iria acabar, afinal o médico estava
injetando algo em seu soro.
Meu coração bateu acelerado e corri até ela.
— Brooke, meu amor. — Beijei sua mão. Ela também usava uma máscara
de oxigênio, e quando falou, sua voz estava rouca.
— Emma?
— Emma está bem, graças a você. — Lágrimas escorreram por sua face e
limpei com a ponta dos dedos. — Você foi maravilhosa hoje, tão corajosa.
Ela negou com um gesto de cabeça.
— Não, eu estava morrendo de medo. — Mais lágrimas escorreram por
sua face.
— Shh, está tudo bem. Agora descanse, tudo bem? Eu amo você, Brooke.
— Eu amo você. — Acariciei seus cabelos e pedi que ela fechasse os
olhos, e logo ela também adormeceu.
Conversei com os dois médicos para saber se Emma e Brooke estavam
realmente fora de perigo. Então fui para o lado de fora, lá encontrei com
Duke e Daniel.
— Elas estão bem?
— Sim, estão ótimas.
— Minah disse que quando entrou no banheiro, Brooke havia fechado o
ralo de todas as pias e ligou as torneiras. Ela acha que foi uma ideia de como
deixar o fogo longe... uma ideia desesperada, claro, pois se houvesse algum
fio elétrico no chão seria o fim. — Disse Daniel.
— E ela jogou os vidros de sabonete líquido nas venezianas para que
assim a fumaça pudesse sair. — Disse Duke. — Sua mulher é muito
inteligente.
— Eu sei, e graças a Deus por isso. — Sentia meu corpo todo estava
dolorido agora que a tensão havia passado. — E as chamas? Conseguiram
conter?
— Sim. Há peritos agora no local para investigar. — Disse Duke.
— Parece que houve uma explosão de um gás de cozinha, mas ainda estão
investigando o acidente. — Disse Daniel.
— Quantas mortes? — Perguntei, pois sempre haviam mortes.
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— Cinco confirmadas, e há vinte pessoas em estado grave no hospital. —


Disse Duke, triste. Ficamos todos encarando o chão, afinal por mais que não
tenham sido tantas mortes considerando que haviam umas trezentas pessoas
na fábrica naquele dia, ainda assim era triste.
— Isso é terrível, não poder salvar a todos. — Falei.
— Nem me diga. — Falou Duke, melancólico. — Aquela mulher que
carreguei para fora... ela não resistiu.
— Quem? A diretora Schaefer? — Perguntei, pasmo.
— Sim, ela faleceu a caminho do hospital. — Disse Duke.
Fiquei em choque com a notícia, imaginando como Brooke ficaria
arrasada.
— Me falaram que ela foi uma heroína, tirou parte das crianças lá de
dentro sozinha, e entrava novamente para ajudar mais pessoas. — Disse
Daniel.
— Pobre mulher, ainda tão jovem. — Disse Duke.
Eu estava arrasado. Brooke sempre falava o quão Diane era importante em
sua vida. Eu fiquei muito triste, pois de tanto Brooke falar, era como se eu já
conhecesse aquela mulher. E ela era uma grande mulher, uma heroína.

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Dezenove
Eu voltarei para você. Cantando esta canção. Se eu pudesse ver você
de novo. Eu dançaria uma última dança. Com esta canção. Lembre-se
32
deste momento. Para sempre se puder. Apenas uma última dança

Brooke Foi no dia seguinte que recebi a notícia.


Primeiro eu fiquei em choque; não podia
acreditar que aquela mulher alegre e
guerreira que se sentou ao meu lado no ônibus e
que me ensinou tantas coisas nos últimos anos
havia deixado esse mundo. Depois que o choque
passou, eu chorei até meus pulmões doerem
mais do que já estavam doendo. Eu tinha minha
mãe, mas haviam certos anjos que conhecíamos
no caminho de nossas vidas que eram mais que mães
para nós, e Diane, com seu jeito durão era a
figura de mãe que eu tinha ali.
Devem ter me dado uma espécie de calmante. Escutei o médico dizendo
que eu não poderia me agitar, que meus pulmões poderiam sofrer algum
dano. Eu não me importei com isso enquanto chorava, pois a dor que
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machucava a minha alma era muito mais, mas acabei adormecendo após uma
medicação ser colocada em meu soro.
Os dias que se passaram após o incêndio foram como um borrão para
mim. Mason vinha todos os dias me ver e me confortar. Eu sempre chorava
em seu ombro, um choro menos desesperado agora, porém tão doloroso
quanto.
Ele me contou que graças a Diane nenhuma criança veio a óbito, que
Diane arriscou sua vida entrando e saindo do prédio várias vezes para ajudar
33
as crianças. Uma heroína de verdade .
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Nosso atual presidente, Barack Obama , após saber do ato heroico de
Diane, fez com que houvesse uma estátua dela na praça da escola, como a
heroína do terrível incêndio, para que ela jamais fosse esquecida. Seu ato
heroico seria lembrado por todos da cidade durante séculos.
Uma semana depois eu recebi alta, Emma veio com Mason me buscar no
hospital. Ela teve alta dois dias antes de mim, e quando a vi, chorei, mas de
alegria.
— Mamãe. — Ela correu para os meus braços e a abracei com força. —
Que bom que você está boa, mãe. — Ela me encarou. — Por que está
chorando?
— Porque você está me chamando de mãe. — Ela me encarou com
atenção.
— Você não gosta?
— Eu adoro! Pode me chamar de mãe para sempre. — Falei. — Estou
chorando de alegria.
— Sabe, tem a Júlia na escola, e o pai dela está morando com uma moça
que não é a mãe de Júlia de verdade, mas a Júlia chama ela de mãe e sabe por
quê?
— Por que Emma?
— Júlia me disse que mãe de verdade é quem cuida, e quem ama. Ela
disse que sua avó contou. — Emma suspirou. — E então me dei conta que a
minha mãe de verdade é você, tia Brooke. — Disse ela tímida.
— Pode me chamar de mãe, pois pretendo amar e cuidar de você por
muito tempo ainda. — Emma me abraçou mais uma vez, e Mason sorria,
encarando nós duas, parado no umbral da porta.
Mason me levou para o apartamento dele, e disse que o médico ordenou
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que alguém ficasse de olho em mim por mais um tempo, e que ele seria o
enfermeiro.
Mais tarde, à noite deitada nos braços de Mason, contei para ele.
— Ela estava empolgada, sabe? Contei sobre o Duke para ela, e tenho
certeza de que eles se dariam muito bem juntos. Ela estava animada, e
combinamos que iriamos a um encontro duplo. — Lágrimas quentes e
pesadas escorriam pelo meu rosto conforme eu falava. — É tão injusto ela ter
morrido assim, ter a vida arrancada, sendo que ela era tão cheia de vida, tão
cheia de alegria.
— Eu sei, minha bela, eu sei... — Mason acariciava meus cabelos, me
confortando.
— Ela amava tanto as crianças e trabalhar com elas.
— Pense que ela se foi fazendo o que mais amava, cuidando das crianças.
Graças a esse ato heroico muitas crianças foram salvas.
Meu peito doía sempre que lembrava do sorriso de Diane, de suas broncas
quando eu me distraia demais, sobre o encontro que ela nunca teve a chance
de ir com Duke, sobre o passeio de verão no ano seguinte que seria no parque
aquático... Coisas, pequenas coisas que ela deixaria de fazer por ter partido
cedo demais.
Mas a vida era assim, não é mesmo? Nunca sabemos quando a morte irá
chegar. Podemos estar começando um curso, marcando um encontro, fazendo
planos para o natal e num piscar de olhos não estarmos mais nesse mundo. O
que me confortava era que Diane não havia morrido em vão, ela era uma
heroína, e seria lembrada para sempre pelo seu ato heroico.

Um mês depois...
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Emma estava assistindo Cosmos pela décima vez naquele mês, desde que
35
meu pai havia lhe apresentado a série em nossa ida a casa deles. Emma
ficou completamente apaixonada pelo universo e suas peculiaridades.
Mason estava preparando nosso almoço. Era uma segunda-feira, um dia
de folga dele, e eu estava observando-o costurar o grande pedaço de carne
para colocar no forno quando tocaram a campainha.
— Eu atendo. — Falei e levantei.
Segui até a porta, e ao abrir só encontrei uma caixa de presente destinada
a Mason. Franzi a testa, não havia ninguém no corredor, e segui para a
cozinha.
— Quem era? — Perguntou Mason.
— Não sei, tinha apenas essa caixa lá com o seu nome; mas quem
entregou já estava fora de vista. — Falei.
— Não abra. — Alertou Mason.
— Eu não pretendia mesmo. — Falei, encarando a caixa com
desconfiança. — Quando uma caixa suspeita chega assim, boa coisa não é. —
Falei.
— Eu vou abrir, só fique afastada. — Pediu ele. Eu me afastei da caixa e
Mason abriu-a. — Eu não posso acreditar nisso! — Disse ele, e curiosa, me
aproximei dele para espiar dentro da caixa.
Lá dentro estava um laço vermelho impecável e muito bonito, e um papel
com a seguinte frase em letras garrafais.

“Você teve sorte. Continue sendo um pai descente e


não precisarei visitá-lo.”

— Maldito!
— Mason, isso é... — Eu vi notícias sobre o incendiário na Tv. Mason me
comentou sobre o caso algumas vezes, mas nunca imaginaria que algo assim
surgiria.
— O incendiário. — Disse ele. — O maldito me tinha como alvo. Quem
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entregou isso? — Perguntou ele.


— Eu não sei, o entregador sumiu.
Mason correu para o lado de foram e eu fiquei encarando a caixa enorme
com aquele grande aviso. Fiquei lembrando de alguns casos que ouvi na tv
sobre o incendiário; os casos que eu me lembrava todos os mortos tinham
filhos, com exceção do último caso que um homem totalmente fora do
contexto que faleceu na casa, e a polícia acreditava que ele era um cumplice
do incendiário. Minha mente criativa começou a trabalhar, e me perguntei se
eu estava fantasiando, ou se o alvo do incendiário eram pais negligentes?
Acho que eu ando lendo livros demais. Pensei.
Mas aquilo não saiu da minha cabeça.

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Vinte
Eu não nasci para viver sozinho. Torne esta casa em um lar. Quando eu
subir as escadas e virar a chave,
36
Ah, por favor, esteja lá ainda apaixonada por mim.

Mason
Um mês depois...

Mudei do apartamento em Chinatown. Eu não podia continuar em um


local onde não havia segurança alguma, e qualquer um podia entrar e sair do
prédio sem problemas. Eu agora tinha Emma, e me preocupava muito com
ela. Quando eu vivia sozinho, nem me importava com a porta do prédio
aberta para quem quisesse entrar, não me importava de não haver câmeras de
segurança nos corredores, e não me importava de pagar aluguel.
Comprei com alguns empréstimos no banco uma casa modesta de três
quartos ao sul do bairro de Bucktown. Era um bom bairro, não ficava muito
longe do meu trabalho e nem da escola de Emma, o que consequentemente
era o trabalho de Brooke. Eu queria me casar com ela, só esperava que ela me
aceitasse. E o melhor da localização do imóvel é que tinha uma Starbucks a
uma quadra. E claro, um belo quintal para fazer churrasco, que era o que eu
estava fazendo agora.
— Essa é uma ótima casa. — Disse Duke. Convidei-o para vir almoçar, e
ele veio acompanhado de sua filha, Camille; Também estavam ali para o
almoço Caleb, Karen e Kevin. Eu havia convidado Minah, mas ela não pode
vir. Kevin continuava caladão, mas eu tentava aos poucos conversar e
conhecer mais o cara, afinal ele ajudou a salvar as minhas meninas.
— Sim. — Falei orgulhoso. — Vou me matar para pagar, mas vale a pena.
Emma está feliz e adorou seu presente.
Nós dois olhamos para Emma, que corria e brincava com seu novo

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presente, um filhote de labrador que Duke lhe deu de presente, e ela o batizou
carinhosamente de Duke.
— Desculpe ela dar seu nome ao cão, Emma não é muito criativa com
nomes... já temos como exemplo o senhor Panda. — Duke deu uma
gargalhada alta.
— Não se desculpe, fico honrado de um cachorro tão bonito ter o meu
nome.
Sorri de volta, mas logo me lembrei de um assunto delicado.
— Então, Duke, o seu amigo policial não descobriu nada?
Duke me encarou sério. Ele havia pedido para que eu deixasse aquele
assunto de lado.
— Não. — Ele suspirou. — Você sabe que o zelador que encontraram
carbonizado em uma das casas era um bombeiro aposentado do 13º batalhão.
Eles estão investigando por esse caminho, para saber quem era o cumplice
dele.
— O cara deixou um laço e uma ameaça na porta da minha casa. —
Repeti impaciente como sempre fazia.
— Vire os hambúrgueres. — Disse ele, apontando para a churrasqueira.
Eu estava quase queimando o churrasco. — Mason. — Começou Duke com
toda a paciência do mundo. — Os policiais já disseram que o incendiário
observa as famílias semanas antes de cometer o ato. Para ele, observar você
seria fácil, assim como foi com os outros.
— Eu sei, mas ainda sinto que essa pessoa está mais perto de nós do que
imaginamos. — Falei e cocei a nuca. Era algo que me incomodava e não me
deixava descansar à noite.
— Os policiais são competentes, tenho certeza que logo irão prender o
maldito.
— Assim espero, Duke. Assim espero.
— Rapazes, a salada já está na mesa, e todos os acompanhamentos. —
Disse Camille, enlaçando a cintura de Duke. — Estou com fome, papai.
Duke a abraçou de volta e sorriu. Seus olhos brilhavam.
— Mason, acelere logo. Minha bebê está com fome. — Disse Duke, e isso
me fez rir.
Camille era quase da altura do pai, e ver Duke chamando-a de bebê era
engraçado.
— Sim, senhor! Dentro de cinco minutos a carne estará pronta. — Voltei
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a me concentrar no churrasco enquanto Duke e Camille conversavam.


— Pai, acho que em breve você terá um casal dentro do batalhão. —
Comentou ela.
— Casal? Dentro do batalhão?
— Sim, não é permitido?
— De quem você está falando? — Indagou Duke.
— Posso estar enganada, mas... James e Minah estão estranhos um com o
outro.
Duke gargalhou alto, e eu precisei acompanhá-lo.
— Do que estão rindo? — Perguntou Camille, séria.
— Eles sempre foram estranhos um com o outro, desde que Minah entrou
no batalhão James a ignora, e isso a irrita. — Comentei.
— Sim, aqueles dois como casal é algo que duvido que aconteça... é mais
fácil nascer pelo em ovo.
— Eu não sei não, viu. — Disse Camille.
Peguei um prato e coloquei os hambúrgueres e as salsichas.
— Vamos comer. — Anunciei e todos se reuniram em volta da mesa.
Puxei Brooke para o meu colo antes dela sentar e sussurrei no seu ouvido. —
Senti sua falta.
— Mas estamos na mesma casa. — Ela riu timidamente e me abraçou.
— Mas você estava longe de mim, lá na cozinha.
Ela deu um tapa em meu peito.
— Lá na cozinha, realmente é bem longe.
Peguei em sua mão e vi três band-aid.
— Quem deixou você com a faca? — Perguntei, beijando seus
machucados.
— Hey, eu precisava fazer a salada.
— Minha desastrada... o que faço com você? — Perguntei.
— Basta me amar e ter sempre um kit de primeiros socorros. — Disse ela
e me deu um selinho. Logo ela saiu do meu colo e se acomodou do meu lado.
— Ah, e uma caixa de band-aid sempre há mão. — Ri e balancei a cabeça.
— Temos um pequeno anúncio a fazer. — Disse Caleb. — Karen e eu
compramos um apartamento e vamos morar juntos. — Todos na mesa
aplaudiram, e Duke disse que já estava na hora ou teria que roubar Karen de
Caleb.
— Vocês vão casar? — Perguntou Emma.
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— Ainda não, mas está nos planos. — Disse Karen.


— E pode morar junto sem casar? — Emma perguntou.
— Nos dias de hoje sim, querida. — Karen sorriu para Emma, e ela ficou
pensativa.
— Mamãe, por que você não vem morar com a gente? — Perguntou
Emma à Brooke, e todos na mesa ficaram em silêncio. Vi que havia um lugar
vazio na mesa com um prato e talheres, mas ignorei.
— Hã... — Brooke ficou sem saber o que dizer, e senti a caixinha dentro
do meu bolso pesar.
— Emma, você adiantou um pouco as coisas, mas enfim. — Falei e
levantei da mesa. — Se vocês me derem licença e esperarem um pouco mais
antes de atacar o churrasco, também tenho algo para fazer.
Todos os olhares se voltaram para mim; e cara, eu detestava ser o centro
das atenções.
— Brooke Valentine desde que você entrou na minha vida, tudo foi um
verdadeiro caos, e isso foi maravilhoso. Eu fiquei louco por você desde a
primeira vez que te vi, quando você colocou fogo no seu fogão; e na segunda
vez, por mais irritado que eu demonstrasse estar, eu me sentia confuso, pois
já estava louco por você e aquilo me irritava... Você estava quebrando as
minhas barreiras e aquilo foi assustador. — Suspirei. — Bem, eu não tenho
muito jeito com as palavras, mas eu amo você e quero muito que nós vivamos
juntos e felizes, então...— Abri a caixinha, e lá tinha um anel modesto com
uma pequena esmeralda que me custou os dois olhos da cara e quase precisei
vender um órgão no mercado negro, mas valeu a pena fazer aquele carnê para
pagar o anel, pois o brilho no olhar de Brooke fez com que tudo valesse a
pena. — Quer ser minha esposa?
— Sim, mil vezes sim!
Coloquei o anel no dedo de Brooke. Não fiquei de joelhos como se
deveria ficar, e quis me bater por cometer essa gafe, mas o que importava era
o resultado final: aquela mulher maravilhosa, aquela mulher cheia de luz
aceitou ser minha esposa, e nunca fui tão feliz.
— Agora o meu presente. — Disse ela, limpando as lágrimas do rosto.
Todos me encararam. Era como se eles já soubessem o que estava por vir.
— Presente? — Encarei Brooke, confuso.
— Quer que nós vamos buscá-la? — Camille perguntou e Brooke
assentiu. Camille e Karen saíram da mesa e entraram em casa.
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— Que presente, amor? — Perguntei, e Brooke me calou com um beijo


leve nos lábios.
— Espere e verá. Esse lugar vazio na mesa está destinado para uma
pessoa especial.
Então encarei a porta de casa, e de lá saiu uma mulher de
aproximadamente uns quarenta e poucos anos. Ela era alta, tinha cabelos
cacheados, pele cor de café com leite como a minha, e era estranhamente
familiar. Ela chorava quando me viu e correu até mim. Ela me abraçou forte e
eu ainda estava confuso demais. Não podia ser, podia? Britanny. Não, não
tinha como ser Britanny.
— Meu Deus, Mason! Você sabe por quanto tempo eu te procurei. — Ela
chorava até soluçar no meu ombro. — Me perdoe, me perdoe por ser
egoísta... Me perdoe por deixar você.
— Britanny? — Perguntei com a voz embargada.
Brooke assentiu e limpou lágrimas dos olhos.
Eu a abracei de volta bem forte.
— Nunca pensei que encontraria mesmo você. Procurei tanto, mas não
sabia onde você poderia estar. Nascemos em Louisiana, e nunca que iria
imaginar que você vivia em Chicago até ver você na TV há umas semanas
atrás como um dos heróis do incêndio da fábrica de fogos de artifício. Na
hora reconheci você, mas para ter certeza, precisei vir até aqui; e com a ajuda
de Brooke encontrei você. — Ela me abraçou forte. — Deus, estou tão feliz
em finalmente encontrar você, meu irmão. Eu nunca esqueci de você... nunca.
Me perdoe por partir.
— Eu nunca poderia te culpar, até eu iria querer sumir daquela casa. Você
passou a vida cuidando de todos e sem pensar em si mesma. Pela primeira
vez você fez algo por si e partiu, eu não posso culpá-la.
— Eu pretendia ir buscar você quando me estabelecesse com um emprego
com o meu marido, mas ela mandou você para estranhos antes que eu
pudesse fazer isso.
— Não vamos mais falar do passado. — Falei. — O que importa é que
nos encontramos, finalmente, mana.
Eu pensei que não poderia amar ainda mais Brooke, mas ela me provou
que eu sempre poderia amar ela mais e mais.
Minha irmã me contou que vivia em Bend, Oregon, a mais de duas mil

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37
milhas de Chicago. Ela estava casada com o homem que a salvou da mulher
horrível que nos colocou no mundo, e tinha três filhos: uma menina de
dezenove anos, e dois meninos, de vinte e sete e trinta anos.
Eles não puderam vir juntos nessa viagem, mas em breve viriam, já que os
convidei para o dia de ação de graças em nossa casa. Minha irmã era diretora
de um orfanato, e logo teria que retornar. Ela quis trabalhar nesse ramo para
ver se assim me localizava mais rápido, porém o destino quis que nos
encontrássemos apenas agora, e iriamos voltar a conectar laços que a muito
foram desfeitos. Mas assim como eu nunca a esqueci, Britanny jamais me
esqueceu também. Emma amou sua tia, e contou sobre a história de Tiana.
Foi um dia muito feliz, com pessoas que eu amava; e aquilo fez com que
eu me esquecesse sobre o incendiário, pelo menos por ora.
Naquela noite, com Brooke nos meus braços, eu a amei e venerei seu
corpo com todo o amor que eu tinha.
Quando Brooke voltou para a escola no semestre seguinte foi nomeada
como vice-diretora, já que o antigo vice-diretor assumiu o lugar de Diane.
Para Brooke foi difícil voltar a escola e não encontrar Diane. Ela disse que
ainda fazia café com pouco açúcar como Diane gostava, e achava que isso
jamais iria mudar. Iriamos nos casar na primavera do ano seguinte, e eu
estava tentando convencer Brooke a morar conosco desde já. Esperava que
ela aceitasse logo. Assim nossa família estaria completa, Emma, Brooke, eu,
e nosso cãozinho Duke.
Eu nunca desejei uma família, pois aquela que nasceu para ser minha mãe
nunca foi minha família, aquele nunca foi meu lar mas eu agora tinha total
certeza de que família é aquela que escolhemos, com o coração.

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Vinte e Um

Vinte e Um A única que


me deu o dom de amar,
sim, essa é você. A única
pessoa que me deu esse
amor deslumbrante.
38
Essa é você, oh sim
Brooke Quando o inverno chegou na escola primária
de South Loop, minha dor estava recém
começando a amenizar. Era o primeiro inverno na
escola sem Diane... ela amava o inverno, e
organizar o baile que acontecia naquele período
era uma das coisas que ela mais gostava de fazer.
Diane dizia que não era um trabalho de verdade
organizar o baile de inverno, já que ela só se
divertia fazendo aquilo tudo.
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O pátio da escola estava completamente coberto de neve, como se um


grande cobertor branco tivesse sido jogado sobre o gramado. A estátua em
homenagem a Diane estava lá, no centro da escola também coberta de neve.
Diane estava onde sempre amou estar, na escola e no meio da neve. Ela
sempre amou passear com a neve caindo, e não se importava o frio, pois dizia
que a sensação dos flocos de neve derretendo em suas mãos era o melhor de
tudo.
— Você está tão pensativa. — Mason me abraçou por trás e me recostei
nele.
— Estava pensando em como Diane iria amar tudo isso. — Falei
apontando para as decorações de flocos de neve e brilhos nas paredes. Estava
tocando Every Breath You Take de The Police de fundo; o baile de inverno
estava quase chegando ao fim.
— Você fez um ótimo trabalho por ela. Tenho certeza de que onde quer
que esteja, ela deve estar orgulhosa.
Virei de frente para ele, emocionada com suas palavras, e o abracei firme.
— Obrigada. — Agradeci. — Por falar coisas tão bonitas.
— E olha que sou péssimo com as palavras. — Disse ele e sorriu para
mim. — Dança comigo?
Nesse momento começou a tocar Time after time de Cindy Lauper.
— Se você me aguentar pisando no seu pé. — Falei.
— Por você aguento qualquer coisa. — Ele segurou em minha mão e me
levou para o centro do salão, e lá me guiou em uma dança lenta. — Obrigado,
Brooke. — Disse ele, me encarando profundamente. — Você mudou a minha
vida de uma forma... Eu nunca pensei que fosse ser amado, aliás, eu nunca
pensei que fosse capaz de amar.
— Eu quem agradeço por me deixar entrar na sua vida. — Falei
acariciando seu rosto. — Por me deixar ver dentro de você, por confiar em
mim o suficiente.
— Obrigado por não desistir de um monstro como eu.
— Você não é, e nem nunca foi, um monstro. — Fiquei na ponta dos pés e
dei um selinho em seus lábios. — Você é um homem incrível, com um
coração enorme.
— Obrigado por me dar uma família.
Desviei o olhar do dele e pensei em algo. Aquele era o momento perfeito.
Se havia um momento que pudesse ser considerado perfeito para dizer aquilo,
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era aquele, no baile de inverno ao som de Time after time.


— Por falar em família. — Comecei. — Acho que teremos de nos casar
logo. — Eu o encarei, séria.
— Marcamos para a primavera do ano que vem, mas casarei com você até
mesmo hoje se for seu desejo.
— Na semana que vem está bom. Depois não vai ser tão bom usar saltos.
Ele me encarou, confuso.
— Há algo de errado?
— Bem, eu fui no médico ontem, e...
— Você está doente? — Eu o senti ficar tenso.
— Estou super saudável. — Ele relaxou no mesmo instante. — Nossa
família vai aumentar, pois estou grávida.
Mason parou de dançar no mesmo instante e arregalou os olhos, segurou
em minha cintura, e vi seus olhos cintilarem com lágrimas que haviam se
formado lá.
— Isso é sério? — Perguntou.
— Sim, você vai ser papai de novo.
Ele então me ergueu no ar e gargalhou.
— Eu vou ser pai! — Disse ele alto o suficiente para que todos
escutassem.
Emma que estava por ali por perto rodopiando com sua amiga Júlia e
correu até nós.
— Eu vou ganhar uma irmã, mamãe? — Perguntou ela com um sorriso no
rosto.
— Sim, ou um irmão. — Ela fez uma careta.
— Prefiro uma irmã para brincar comigo, mas tudo bem. — Mason a
pegou nos braços e a rodopiou no ar.
— Nossa família vai crescer, minha princesa.
Emma gargalhava conforme Mason a rodopiava no ar.

Ao chegarmos em casa Mason ligou na hora para Britanny, e acertamos


que ela e seu marido Paul seriam os padrinhos. Mason ligou para cada um do
batalhão para espalhar a notícia. Ele estava eufórico.
Faziam poucos meses desde que ele conseguira a guarda definitiva de

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Emma, e Allison havia ligado um mês antes avisando que iria embora para a
França, pois estava cansada de Las Vegas, e que Mason poderia ficar
tranquilo pois ela não pretendia voltar nunca mais, já que conheceu um
francês que estava apaixonado por ela.
Os pesadelos de Mason cessaram. Chegamos a conversar sobre terapia
para que ele superasse seus traumas; fomos a algumas sessões, mas não era
mais necessário ir. O que realmente curou Mason foi o amor.
Estávamos montando a biblioteca da Bela e a Fera em casa, uma sala era
apenas para os livros, meu cantinho e de Emma. Eu não sabia o que o futuro
estava nos reservando; mas tinha certeza que se houvessem obstáculos, todos
nós iriamos enfrentá-los juntos.

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FIM!

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Nota da autora
Olá pessoas lindas do meu Brasil e do mundo! A temporada 2 da série
Fire terminou, e logo vamos iniciar a temporada 3, que será com nosso casal
quente Minah e James Lennox. Parece que algo grande aconteceu com eles.
Bem, espero publicar o livro 3 ainda esse ano, antes do Natal, quem sabe.
Quanto ao incendiário, vocês têm alguma pista de quem é? Ainda não? Creio
que no livro 3 muitas coisas ficarão mais claras para vocês.
Parte das coisas que aconteceram com Mason aconteceram na vida real. É
uma história de vida verídica, e algumas coisas foram inventadas, outras não.
A homenagem a professora foi um pequeno gesto meu para que ela jamais
seja esquecida. Ela foi uma verdadeira heroína e merece ser lembrada para
sempre.
Obrigada por acompanharem até aqui. E até o próximo livro! Um beijão
no coração. Amo vocês.

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Notas
[←1]
O nome da escola é fictício, criado pela autora.

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[←2]
Cedar Falls é uma cidade localizada no estado americano de Iowa.

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[←3]
911 é o número para emergências nos EUA.

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[←4]
Página 97 – Amante desperto – Irmandade da adaga negra – Volume 3

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[←5]
Música Monster - EXO

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[←6]
Música Monster – EXO

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[←7]
Música LOSER – BIG BANG

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[←8]
Nos EUA as datas são colocadas de forma diferente, enquanto no Brasil seria 23/04; Nos EUA o
mês vem antes do dia.

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[←9]
Música I Need U - BTS

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[←10]
Nome fictício.

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[←11]
Nome fictício.

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[←12]
Lover Revealed de J.R.Ward( em português Amante Revelado) é o 4º livro da série de livros
conhecida como Irmandade da adaga negra no Brasil.

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[←13]
Baby Don’t Cry – EXO

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[←14]
Serendipity - BTS

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[←15]
Música: You are not alone – Michael Jackson - Você não está sozinho/Eu estou aqui com
você/Mesmo nós estando distantes/Você sempre estará em meu coração/Você não
está sozinho

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[←16]
Guerra e Paz – Liev Tolstoi/ Livro com aproximadamente 700 páginas, cada volume.

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[←17]
Música: Darling - TaeYang

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[←18]
I’m Yours – Jason Mraz

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[←19]
Wake me up – Taeyang

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[←20]
Paradise – GOT7

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[←21]
Stay – Black Pink

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[←22]
Jailhouse Rock – Elvis Presley

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[←23]
Dream Girl - Shinee

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[←24]
DNA - BTS

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[←25]
Transtorno obsessivo compulsivo.

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[←26]
Love never felt so good – Michael Jackson feat Justin Timberlake

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[←27]
Bill Clinton foi o 42º presidente dos EUA entre os anos de 1993 e 2001.

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[←28]
My Little girl – Jack Johnson

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[←29]
É uma bebida á base de café, uísque irlandês, açúcar e chantilly.

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[←30]
Spring Day – BTS

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[←31]
My Heart Will GO On - Celine Dion

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[←32]
Last Dance – Big Bang

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[←33]
Essa é uma pequena homenagem à professora Heley Abreu, que arriscou sua vida para salvar as
crianças na creche em Janaúba – MG. Para que seu ato nunca seja esquecido, ao menos será
eternizado neste livro. (Nota da autora: Muitos chamam os jogadores de futebol de heróis, mas
os verdadeiros heróis estão entre nós, uma pena eles não receberem o devido reconhecimento.
Meus sentimentos às famílias que sofreram essa terrível tragédia).

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[←34]
Essa história se passa no ano de 2015, quando Obama era o presidente.

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[←35]
Cosmos uma odisseia no espaço-tempo é uma série americana de documentário científico.

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[←36]
A house is not a home – Dionne Warwick

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[←37]
Aproximadamente três mil e duzentos quilômetros.

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[←38]
You’re my - Taeyang

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