Você está na página 1de 319

𝐂𝐀𝐌𝐏𝐈𝐍𝐆 ' 𝖩𝖺𝖽𝖾𝗇 𝖶𝖺𝗅𝗍𝗈𝗇

nana

Published: 2022
Source: https://www.wattpad.com
Camping, cast.

Oi.
Que oi seco
Oii gente!! Eu sou a Naná, e esse é meu novo livro original!
Eu tenho uma história do Javon Walton, e vi que bastante gente gostou,
então resolvi fazer do Jaden para ver no que da
Bom, como eu sempre digo: vou me esforçar para trazer a melhor escrita,
plots, e usar toda minha imaginação ❤
Sei que ninguém perguntou...mas sobre a outra fanfic (Vicenza): eu não
estava mais me sentido bem, nem confortável pra escrever ela, não estava
gostando do cast, minha escrita não estava lá essas coisas, e estava muito
difícil de fazer sozinha, e escrever todos os dias já que ela exigia muito
tempo e dedicação, na qual eu não posso dar :)
Meu TikTok: @maxccline
Meu Instagram: @maxccline
•• CAST ••

MAXINNE STACY CLINE, 015, gemini.
❝😸❞
⋄✦⋄
JADEN WALTON, 016, cancer.
❝ ❞
⋄✦⋄
THOMAS OLIVER CLINE, 016, gemini.
❝👾❞
⋄✦⋄
JAVON WALTON, 016, cancer.
❝🥊❞
⋄✦⋄
JAYLA WALTON, 017, virgo.
❝🧿❞
⋄✦⋄
VIRGÍNIA KRYSTEN CLINE, 030, scorpio.
❝💸❞
⋄✦⋄
OLÍVIA PARKER, 017, aries.

⋄✦⋄
ALICE RUBY LANE, 017, leo.
❝💋❞
⋄✦⋄
VALÉRIA MARIA CLINE , 007, scorpio.
❝🌷❞
⋄✦⋄
MICHAEL GEORGE CLINE, 005, leo.
❝🌈❞
⋄✦⋄

@blanca.soler
@onwardjdub
@casparssb
@onwardwanna
@jaylawaltonofficial
@briannehowey
@beatrice_kitsos
@bela_fernandesoficial
@maisa
-
1.

07/06
Sexta - feira
09:57
⋄✦⋄
O ano letivo estava prestes a começar, e eu estava ficando cada vez mais
desesperada. Não que eu seja ruim na escola, na verdade eu sou boa até
demais. Mas tirando isso, só tem gente chata, o lanche de lá é mais caro que
a minha vida, os professores são um pé no saco que dão detenção até por
respirar alto demais.
Mas o que me anima, é que um pouco antes das aulas começarem, todos os
anos acontece um acampamento de férias.
Saio dos meus pensamentos quando minha mãe desliga o carro na garagem
de casa. Abro a porta e saio em silêncio.
Entrei dentro de casa, e fui andando até meu quarto.
—Filha?—Minha mãe me chamou, e eu a ignorei.
Juro que não foi de propósito, mas eu estava morrendo de dor de cabeça.
Ela me obrigou a ir ao mercado, eu odeio lugares com pessoas.
Tomei um comprimido e me joguei na cama, adormecendo rapidamente.
...
Acordei no susto, pois escutei uns barulhos altos de caminhão, coisas
sendo arrastadas no chão, e coisas sendo derrubadas.
Suspirei fundo, e fui até a sacada do meu quarto para ver o que estava
rolando.
Me debrucei sobre o vidro e avistei uma família levando caixas grandes
de papelão para dentro da casa em frente a nossa.
Acenei para uma mulher que estava do lado de fora da casa, e ela acenou
de volta.
Voltei para dentro de casa, e desci as escadas encontrando minha mãe
sentada no sofá com o notebook nas mãos.
—Filha! Achei que tinha morrido.
—Foi mal, mãe.
—Vem cá! Eu estou terminando de te inscrever no acampamento de férias
na próxima segunda. Vai ser na semana do seu aniversário!
—Serio? Eu estou muito ansiosa para ir!—Me sentei ao seu lado.
Eu vou pra lá todos os anos, eu amo fazer novas amizades lá, sem falar
que é um ótimo passatempo para quem quer se distanciar da realidade
poluída da cidade grande.
O único problema é que sempre está cheio de pessoas ricas e mimadas,
chatas, e que querem tudo na mão. Se for assim, por que vão para um
acampamento no meio do mato??
⋄✦⋄
Era domingo à noite, e eu estava arrumando minhas malas para o
acampamento. Ele dura duas semanas, eu estou preparando duas malas
grandes, e uma mochila pequena para produtos femininos, e coisas
necessárias no dia a dia.
Esse ano eu vou sozinha.
Nos últimos anos eu sempre ia com Alice, mas ela se afastou de mim, e
começou a se aproximar do meu irmão.
Na verdade, nós éramos amigas desde o terceiro ano, amigas
inseparáveis! Mas ela se afastou no ano passado, eu não sei o porquê.
Então esse ano ela vai acompanhado meu irmão, e eu sozinha.
Não que eu me importe, mas mas eles estão próximos até demais, ontem
ela até dormiu aqui.
Coloquei minhas meias de dormir com estampa de bolinhas dentro da
mala, e a fechei.
Na hora de dormir, fiquei me remexendo na cama, colocando o travesseiro
afundado no meu rosto, porque na casa em frente à minha, estava tocando
"Let I Go" da frozen no volume máximo. Repetidamente.
Estranho.
Fiquei com aquela música na cabeça por um bom tempo.
.
Quando acordei, estava com uma baita dor de cabeça, e meus últimos
neurônios restantes estavam dançando a musiquinha da Elsa.
Escutei batidas fortes da porta do meu quarto, e vi meu irmão entrando por
ele com uma mochila nas costas.
—Eai maninha!—Ele entrou jogando a mochila no chão.
—Para de fingir que é legal.—Me afundei dentro da coberta.
—Qual foi?—Ele se jogou em cima de mim.—Sabe que tem que se
arrumar pra gente ir pro acampamento, né? Não pode ir podre assim.
—THOMAS! Sai de cima de mim agora!—Tentei me levantar para fazer
ele cair, mas falhei.
Thomas é meu irmão gêmeo, mas é cinco vezes mais forte que eu.
Apertei a nuca dele com toda a minha força, que o fez dar um pulinho de
dor, e logo saiu de cima de mim.
Sempre funciona.
—Eu odeio você.—Ele comentou, e se sentou na minha cama de novo,
mas em vez de em cima de mim, foi ao meu lado.
—E você está fazendo o que aqui?—Perguntei.
—Alice pediu para eu sair do quarto pra ela se trocar, e como não tem
nada pra fazer, vim aqui.
—Sai, da espaço.—Falei o empurrando, claro que não adiantou.
—Sai você ué.
—Já não bastava ter ocupado todo o espaço na barriga da mãe, chega
disso garoto, sai!
—Sai você! Igual quando saiu primeiro da barriga.
—Pelo menos ainda sou mais velha que você.—Passei por ele, e desci da
minha cama indo para o banheiro.
Terminei de me arrumar rapidinho, nem passei maquiagem. Eu odeio sair
sem maquiagem por causa das minhas sardas, mas estava morrendo de
preguiça. Íamos sair às 07:00.
⋄✦⋄
Chegamos no acampamento 12:00, estava um tempo chuvoso, a grama
escorregadia, e qualquer pessoa que passava por baixo das árvores se
molhava.
Nós fomos divididos em dois grupos, o time azul, e o time amarelo. Foi
escolhido aleatoriamente, e eu fiquei no time azul, ganhamos uma faixa da
cor correspondente ao nosso time, poderia ser usada no cabelo, na gola da
blusa, como pulseira...
Fomos direcionados para duas cabanas, na cabana maior, ficaria o time
amarelo porque tinha mais gente (12 pessoas), e nós da azul ficamos na
menor já que estávamos com menos pessoas (8 pessoas).
Quando entramos na nossa cabana, avistei uma lareira no centro do quarto
da parede da frente, e duas beliches de cada lado dela.
Mas...
—Vocês terão que se dividir em quatro duplas, para poderem dormir nas
suas respectivas beliches.—A monitora falou.
Eu também não conhecia ninguém desse time, meu irmão e a Alice caíram
no amarelo.
JADEN
—Javon, tá vendo aquela menina ali?—Chamei meu irmão, estávamos
indo para uma beliche, mas acho que vou colocar o plano "JayJay atacante"
em ação.
—Tô, que que tem?—A gente para de andar.
—Se eu te pedir para fazer dupla com a Jayla para eu poder fazer com ela,
você ficaria muito bravo?
—Obviamente né, idiota.
—Javon! Ela tá sozinha, coitada.
—Problema dela.—Ele continua andando.
—Eu vou contar pra mamãe o que eu vi semana passada então.—Ameacei.
—O que?
—Você quebrando a parte de trás do iPad do Daelo, e colando com cola
escolar.
—Como foi que você viu aquilo?! Eu estava sozinho.
—Nunca tente esconder nada do papai aqui. Anda logo, vai lá e expulsa
aquela garota que tá com a Jayla e fica com ela, vai.—Do uns tapinhas no
ombro dele, e ando em direção a menina escutando ele bufar.
MAXINNE.
Vi um garoto vindo na minha direção, ele estava arrumando o cabelinho
com a mão, e começou a desfilar igual modelo.
Que porra é essa?
—Eai!
Finja naturalidade, Max.
—Oi!
—Você tá sozinha, né?
—É, na verd...
—POIS É! Eu também, acredita? Eu vim aqui sozinho sem ninguém.
—Ah..ok, então..
—Também acha que devemos fazer dupla? Nossa! Leu meus pensamentos.
Eu gargalhei, e logo segui ele até uma beliche no canto da cabana.
Coloquei minhas malas de rodinha ao lado da cama, e minha mochila na
parte de cima da cama.
—Ei ei ei! Eu que vou dormir aí em cima!—Ele exclamou.
—Sonhou, né?—Ignorei, subindo pela escadinha.
—Sai fora, garota. Da licença!—Senti suas mãos na minha cintura me
puxando pra baixo.
Ele me colocou no chão, e começou a subir pra parte de cima.
—Eu hein!—Belisquei a bundinha dele.
—AI PORRA!—Ele bateu na minha mão, e desceu.
Empurrei ele, subi rapidamente e me sentei em cima da cama.
—AH NÃO!
—Vai me tirar daqui? Tenta!—O provoquei com um sorriso no rosto.
—Olha que eu tiro, hein.—Fez cosquinhas no meu pé que estava pra fora
da cama.
Mostrei o dedo do meio, e quando ele ia responder, a monitora nos
chamou para lanchar todos lá fora.
—Fica aí então.—Ele gargalhou, e eu ergui os ombros duas vezes.
E eu fiquei mesmo.
⋄✦⋄
JADEN.
Eu saí com o Javon, mas não encontrei a garota lá.
Peguei um sanduíche natural para mim, e escondi no bolso e comer quando
estiver com fome.
Porque sou desses.
Voltei para o quarto, e vi a danadinha ainda deitada na parte de cima da
cama.
—Meu Deus. Você ficou mesmo!—Falei, mas ela claramente não me
escutou.
Ela estava virada para a parede, com fones de ouvido no máximo, estava
tão alto, que eu consegui escutar e identificar que era Lana Del Rey.
—Garota!
Ela ainda não escutou.
—A LANA TÁ AQUI NO ACAMPAMENTO!!
Ela levantou num pulo e desceu pela escadinha, parecia desnorteada,
provavelmente estava dormindo.
—Cade?
—Cadê o que?
—A Lana!?
—Que Lana?—Falei disfarçando enquanto chegava perto da escada.
—Ta brincando comigo?—Ela colocou as mãos na cintura.
—Ué, não.—Falei, e subi.
—EI?!
—Foi na roça, perdeu a carroça!—Me aconcheguei na parte de cima da
cama.
—Folgado.—Ela disse isso, e depois de alguns segundo em silêncio, senti
algo em cima de mim.
—Tá tentando fazer o que?—Perguntei.
—Tô deitando na minha parte da beliche.
—Não tá vendo que eu o aqui?
—Tô.—Ela se aconchegava na minha frente, virada para a parede assim
como eu.
Senti um coice na minha canela, e me virei para o outro lado.
Pairou um silêncio constrangedor no ar, durou mais ou menos um minuto.
—Qual é o seu nome?—Perguntou quebrando o silêncio.
—Jaden.
—Jaden do que?
—Jaden Walton.
—Quantos anos?
—Dezesseis...
—Qual é o seu signo?—Ela se virou para o mesmo lado que eu.
—Sei lá, acho que é câncer.
—Mora onde?
—Quer saber o nome completo do meu tataravô também, não?—Me virei
pra ela.
—Foi mal.
E vamos de silêncio de novo.
—E...qual é o seu nome?—Fiquei mal.
—Max.
—Max? Seu nome é Maxinne?
—É Max. Ninguém me chama de Maxinne.
—Max do que?
—Cline!
—Serio?! Tipo a Madelyn Cline?
—É...mais ou menos.—Ela suspira.
—Qual é o seu signo, Max?
—Gêmeos!
—Ah não!—Me virei de volta.
—Vai se foder.
Eu ri baixinho, tirei o sanduíche do bolso e entreguei pra ela.
—Que isso? Tá querendo me chamar de mendiga e não sabe como?!—Ela
perguntou se sentando.
—O que? Não! E qual é o problema com mendigos?
—Nenhum! Tenho até amigos que são.
—Pega logo, antes que eu desista.
Max riu, e pegou da minha mão.
Ela se deitou novamente, e vi uma mãozinha do lado da minha cabeça com
metade do sanduíche.
—Que foi?—Perguntei.
—Vamos dividir.
Dei uma risada nasal, e peguei da sua mão.
✦✦✦
Meu TikTok: @watt.nanaa
Meu Instagram: @watt.nana
2.

10/06
Segunda - feira
15:00
⋄✦⋄
Estávamos todos nós reunidos em volta do monitor mais velho, ele
passava as instruções de atividades competitivas para cada grupo.
Iríamos te várias atividades.
Por exemplo: competição de pesca, praticar esportes como vôlei, futebol, ou
queimada, vamos acender a fogueira para ficar em volta todos as noites (mas
só fica quem quiser), teremos campeonatos em duplas, e várias outras
coisas.
—Hoje, eu vou dar uma missão muito especial para vocês.—Ele explicou
— Vamos sortear uma dupla de cada time para cuidar dos nossos mais novos
mascotes!
Uma garota chegou com dois gatinhos filhotes nos braços.
Um era meio cinza com olhos castanhos, e o outro era totalmente preto com
olhos verdes.
—Ai meu Deus que fofo!—Varias pessoas disseram praticamente a mesma
coisa sobre os gatos.
—Vamos começar com o time amarelo!—O moço chacoalhou uma
caixinha branca nas mãos, e pegou um papel.
—Thomas Cline, e Alice Lane!—Ele anunciou e eu revirei os olhos.
—Agora do time azul...
Cruzei os braços, ouvi algumas pessoas do meu time cochicharem que
queriam muito cuidar do gatinho.
Pra falar a verdade, eu nem quero cuidar dele. Eu nem gosto tanto assim de
gatos, poderia sair qualquer dupla ali, menos eu e o garoto que eu nem ao
menos conheço.
—Jaden Walton, Maxinne Cline!
Ah.
—É Ma...—Ia falar, mas Jaden me empurrou de leve.
—Qual foi? Tá querendo ficar de olho roxo?!—Exclamo.
—Shiu! Vou ser pai por duas semanas!
—Pelo amor de Deus.
O monitor entregou o gato cinza para o time amarelo, e veio em nossa
direção para dar o gato preto na minha mão.
Eu recuei para trás do Jaden, que estava atrás de mim, fazendo ele pegar o
gatinho no colo.
—Garota? Por que o quis pegar ele?—Jaden perguntou.
—Eu sei lá, recuei por reflexo!
—Pega ele!—O garoto parecia empolgado.
—É...depois.
—Ah, pega ele rapid...
—Jaden!—Uma garota morena chegava perto de nós.
Vixi, ele tem namorada e não fez dupla com ela?!
—Jayla!—Ele parecia assustado. Acho que eles brigaram.
—Que fofinho! Que sorte que vocês pegaram ele! Posso segurar?—Ele
abriu as mãos para pegar o animal.
—Claro.—Ele colocou o gatinho nas mãos dela.—Essa aqui é a Jayla.—
Olhou para mim.—E essa é Maxin...Max!—Olhou para ela.
—Oi Max! Prazer.—A garota estendeu a mão para me cumprimentar, e eu
a apertei com um sorriso simpático.
—Javon foi ajudar a monitora dos quartos a pegar água, junto com
algumas outras pessoas do nosso time.—Ela falou naturalmente enquanto
dava um beijinho de esquimó no gato.
Quem é Javon?
—Ah..sim, entendi.—Jaden estava parecendo meio aflito.
—Ah, toma ele!—Ela devolveu o gatinho para Jaden.—Eu vou lá ver o
que está rolando, porque eles já estão demorando demais! Até mais tarde.
Foi um prazer te conhecer, Max!
Acenei sorrindo para Jayla, depois de ver ela correr para longe.
—Max! Desculpa por ter mentido sobre eu ter vindo sozinho, é que...
—Relaxa. Não tem que ficar me dando satisfações sobre o que faz!—
Sorri docemente fazendo um carinho de leve no gato.
⋄✦⋄
Depois do monitor do campo explicar como devemos cuidar dos
mascotes, nos mandou para as cabanas.
Tínhamos que dormir cedo, pois no dia seguinte íamos começar as
atividades cedinho.
Quando estávamos andando para nossas cabines, pensei ter visto um vulto
do Jaden andando ao lado da Jayla, afastados.
Mas ele estava com um corte de cabelo diferente?
Olhei para o lado rapidamente, e vi o Jaden—O real—Olhei para o outro
lado novamente, e não vi mais o Jaden Falso.
Acho que estou ficando louca.
—Você está bem?
—Estou! Só...acho que tô vendo coisas!
—Tem que tratar isso aí no médico, hein!—Jaden brincou.
Eu dei risada, e logo entramos dentro do quartinho.
—Aí! Qual vai ser o nome temporário dele?—Ele perguntou, enquanto
colocava o gato na caminha que os monitores colocaram ao lado da nossa
cama.
—Eu não sei.
—Qual foi? Você não gostou da ideia de cuidar de um gato? Ou você não
gostou da ideia de cuidar de um gato comigo?
—Não é isso, o problema não é você.—Afirmo com os braços cruzados, e
um sorriso reto sem mostrar os dentes.
—Então é ele?
Suspirei.
Meu pai me deu um gatinho quando eu tinha 2 anos. E ele morreu um dia
depois do meu pai.
Eu, minha mãe, e meus irmãos nos mudamos de última hora para a
Geórgia na época para recomeçar a vida. Eu estava sem meu pai, e sem meu
melhor amigo.
E mesmo tendo apenas 3 anos quando eles morreram, eu já tinha
consciência de que nunca mais os veria novamente.
—Não. Não é ele.—Falei com a voz falha, tentando não chorar.
—Então o que é?
—Sou eu.—Me virei, e peguei minha escova de dentes, a pasta, e o
enxaguante bucal.
—Vou escovar os dentes para dormir.—Parei em frente ao moreno, e falei.
JADEN.
Eu até poderia tentar ajudar pelo o que ela me disse, mas já imagino que
não adiantaria nada.
Então achei melhor agir naturalmente.
—Espera aí, eu também vou.—Peguei minha escova.—E você vai me
emprestar essa pasta!
Era uma pasta de bichinhos coloridos.
—Sonha.—Ela disse, e saiu andando para fora do quarto.
Corri para alcançá-la, e andamos até o banheiro que tinha perto das
cabanas.
Quando chegamos, vimos que era dividido por times. Era extremamente
limpo lá dentro, fiquei até impressionado.
—Passa essa pastinha pra cá!—Estendi minha escova.
Ela revirou os olhos e começou a abrir a tampa da pasta, e riu do tema da
minha escova.
—Você usa escova do homem aranha?—Max gargalhava da minha cara.
—E você que usa essa pasta sem graça de bichinhos!
—Sem graça?! E não, meu bem! Essa pasta não é de qualquer bichinho
não! É de My Little Pony!
—Ah, e eu vou lá saber o que é isso?!—Peguei a pasta da mão dela,
passei na minha escova, e devolvi.
—Seu abusado.
⋄✦⋄
Escovamos, e eu voltei antes da bonita, porque a princesa ainda tem que
usar o enxaguante bucal.
E eu que não sou besta, nem nada, aproveitei para pegar o meu lugar na
parte de cima da beliche.
Depois de alguns minutos, escutei a porta abrindo, sabia que era a Max,
porque o barulho dos passos estava se aproximando.
E depois dos barulhos de passo...tem alguém subindo as escadinhas da
cama?
—Chega pra lá!
Ela chegou se deitando na minha frente, no canto, fazendo eu
automaticamente dar espaço pra ela.
Nossa.
—Ei?
—Hum?—Max murmurou se encolhendo no cantinho da parede.
—Quer saber? Nada!—Me virei para o outro lado, dando uma bundada
naquela folgada!—Eu não falo é mais NADA!
⋄✦⋄
MAXINNE.
Acordei, e senti uma perna em cima do meu peito.
Jaden estava deitado de ponta cabeça, com o pé na minha cara.
Dei um tapa em seu tornozelo, e dei risada da situação. Ele acordou num
susto, e quase caiu da cama.
—Que susto garota!—Ele murmurou, mas não deu para entender quase
nada.
Jaden ficou pensando por alguns segundos, e deu um pulinho do nada,
como se tivesse lembrado de algo.
—Meu gato!—Ele desceu da beliche, e foi pra caminha do gato.
Eu dei risada, e desci da cama para escovar os dentes. Eu fui sozinha
dessa vez, porque Jaden estava desligado demais pra fazer alguma coisa que
não seja beijar o gato.
Entrei no banheiro e encontrei Jayla terminado de guardar a escova de
dentes na sua bolsinha.
—Oi!—Cumprimentei.
—Bom dia!
Ela ia sair, mas voltou.
—Posso fazer uma perguntinha?
—Claro.—Concordo, colocando pasta na escova.
—Por que vocês dormem no mesmo espaço, sendo que é uma beliche?
Será que ela está com ciúmes? Bom, como eu já suspeitava, ela deve ser a
namorada dele, ou ficante...
—Eu não sei.—Foi o que eu consegui responder.—Nós dois queríamos
dormir na parte de cima, e deu nisso.
Meu Deus que resposta ruim.
—Ah..entendi! Obrigada.—Agora ela saiu, vi pelo espelho que ela
esbarrou com Jaden na porta.
Ela cochichou algo com ele enquanto sorria, e olhava pra mim.
Jaden negou com a cabeça com os olhos arregalados.
Será que estão falando mal de mim?
Jaden fez um sinal colocando a dedo ma boca para ela fazer silêncio, ela
apontou o dedo na cara dele rindo e saiu.
—Oi.—Ele disse quando chegou perto, e estendeu a escova.
—Oi..?—Coloquei pasta para ele.
Escovamos os dentes em silêncio, maior climão.
Saí do banheiro, e vi o Jaden na mesa do café da manhã, mas quando olhei
para a porta da cabine, vi o Jaden entrando.
Pera aí.
Quando entrei, ele estava arrumando o leite do gatinho.
—É impressão minha, ou ele cresceu?!—Perguntei.
—Ele cresceu!
Sorri, e me sentei ao seu lado vendo o gato ter dificuldade para tomar o
leite.
Achei bom perguntar para garantir, já que eu estou tendo muitas
impressões ultimamente.
⋄✦⋄
Depois de tomar café da manhã, saímos para a primeira missão do
acampamento, competição de pesca.
Cada dupla irá dividir uma vara de pesca.
O time que pescar mais peixes, ganha.
Chegando em um laguinho que tinha lá perto, e do lado do nosso time,
tinham quatro plataformas de madeira no começo do lago. Cada dupla ficará
em uma.
Eu fui para a nossa plataforma, e vi Jaden indo em direção a Jayla, e outro
garoto que eu não consegui ver, por que estava de costas.
Eles se abraçaram, e ela desejou boa sorte pra ele.
Eles não tinham brigado?
Me sentei primeiro, e Jaden veio para cá.
—Coitados dos peixes.—Comentei.
—Vira vegetariana então!—Ele falou se sentando ao meu lado.
—Jaden. Eu sou vegetariana.—Revirei os olhos.
—O que?! Eu juro que não conseguiria viver sem carne!
—Eu consigo de boa, porque sou vegetariana desde pequena.—Sorri—
Foi o meu pai que me ensinou. Ele me disse que essa pequena atitude minha,
talvez faria um pequena diferença na vida de um animal.—Olhei para os
peixes na lagoa.
—Seu pai era incrível.—Ele fez carinho no meu braço sorrindo.
—Era.—Parei de sorrir quando escutei o barulho de apito vindo do
monitor do campo.
—Vocês terão que pescar o máximo de peixes que conseguirem, quando
pescarem, coloquem nesse enorme balde ao lado de cada plataforma. Assim
que o tempo acabar, vamos contar o total de peixes de cada time, e quem
tiver mais, fica com um ponto!—Ele gritava para todos escutarem.—Terão
uma hora para pescar. Qualquer dúvida, podem chamar o monitor Harry do
time azul, ou o monitor Vinicius do time amarelo ao lado das plataformas.
Eu e Jaden nos entreolharmos, e depois olhamos para o lago. Peguei e
cara de pescar que estava do nosso lado, e preparei para lançar.
—Valendo!—Um barulho enorme de buzina ecoa no lugar, e eu lanço a
vara sobre a lagoa.
—Não precisamos matar os peixes se não se sentir bem, tá?
—Eu tô de boa, tô acostumada a pescar, eu era uma pescadora de
primeira!
—Espera aí, você sabe pescar?!
—Sei!
—Como?
—Morei no Brasil por um tempo, lá é normal.—Sorri ao lembrar.
—Nossa.—Ele olhou para frente.
Pairou um silêncio no ar.
—E o que que eu faço agora?—Pergunta balançando as pernas igual uma
criança.
—Eu sei la.
—Grossa.
Uai?
Depois de alguns minutos esperando, logo o primeiro peixe morde a isca!
Eu puxei a vara de pesca com força, e era um meio cinza, meio preto, não
consegui identificar.
—Toma!—Coloquei o peixe pendurado na sua frente.
—Que que cê quer que eu faça com isso?!
—Pega, e coloca no balde aí do seu lado, ué.
—Pegar com o que?
—Com a mão, moleque você é tapado?
—E cadê as luvinhas?
Tá de brincadeira com a minha cara.
—Pega logo essa porra aí Jaden, antes que eu faça você pegar com a
boca.
Digamos que eu aprendi a "educar" as crianças lá no Brasil.
—Ai..tá, tá!—Pegou o peixe com o dedão, e o dedo indicador, com a
outra mão, tampou o nariz.
Ele jogou o peixe dentro do balde, e olhou para mim com uma expressão
desesperada.
—Meu Deus.
Eu gargalhei, e quase tive uma crise de riso.
—Quer tentar pescar?
—Não, valeu.
—Ah, vai! Tenta.—Coloquei a vara de pesca nas suas mãos, e passei as
instruções para jogar o anzol no mar.
—Agora joga!—Falei, e ele jogou o anzol no mar, e muito bem, por sinal.
—Nossa, você aprende rápido!
—Obrigado. O papai aqui é bom em tudo mesmo.
Dei risada, fiquei esperando o próximo peixe puxar a isca.
Demorou mais ou menos uns dez minutos para o segundo peixe puxar, e
quando puxou, quase levou o Jaden junto.
Coloquei minhas mãos por cima das dele, e ajudei a puxar a anzol.
Era um peixe meio alaranjado, ou rosado. Tinha uns 25 centímetros.
—Boa pesca, garoto!—Soltei suas mãos para pegar o peixe, e jogar no
balde.
—Sem querer me exibir, mas já me exibindo, eu arrasei!
—Concordo! Mas com uma professora boa como eu, não é muito difícil
aprender.—Mandei um beijinho no ar.
⋄✦⋄
O tempo acabou, e nosso time tinha o total de dezoito peixes. Levamos os
baldes de cada dupla para a contagem.
—Vamos iniciar a contagem de peixes!—O homem velho anunciou, e
começou a passar os peixes de um balde para o outro, contado cada um,
começando com o nosso.
Depois começou a contar a do time amarelo.
—O vencedor da primeira prova do acampamento de verão, é...Time
Amarelo! Com o total de vinte e um peixes pescados!
O grupo ao nosso lado comemorou com pulos e gritos.
Olhei para Jaden com um sorriso no rosto e levantei os ombros.
—Eu não deveria dizer isso, mas foi legal perder com você!—Comentei
enquanto andávamos pela grama.
—Eu achei foi nojento!
✦✦✦
Meu TikTok: @watt.nanaa
Meu Instagram: @watt.nana
3.

10/06
Segunda - feira
17:23
⋄✦⋄
Voltamos sozinhos para a cabana porque Jaden tinha que cuidar do gato,
que na verdade, descobrimos que é gata.
—Eu já sei qual vai ser o nome dela.—Comentei enquanto ele pegava a
gatinha no colo fazendo carinho.
—Eu também, vai se chamar Godofreda!
—Ai garoto, credo!
—Ué? Não gostou? Que pena que ela não é sua! Haha!
Jaden era uma verdadeira criança no corpo de um garoto de dezesseis
anos.
—Muito menos sua!—Mostrei a língua.
—Quem mostra a língua pede beijo!!—Ele se inclinou para mim com
biquinho.
Dei um tapa na testa dele e mostrei o dedo do meio.
—Ei!! Para de ensinar minha filha a fazer esse tipo de coisa, sua infantil!
—Jaden deu dois tapinhas na minha mão.
—Posso falar o verdadeiro nome dela?!—Dei ênfase no "verdadeiro".
—Tá, tá, fala logo.
—Lana!—Sorri mostrando os dentes.
—Tipo a Lana Del Rey?—Ele ergueu uma sobrancelha.
—Obviamente.
—NÃO! Vai ser "Godofreda", e o apelido vai ser "Goda"!
—Tinha esquecido do quanto você é insuportável, e infantil.—Revirei os
olhos e cruzei os braços.
—Ah, para de ser ranzinza, vai!—Ele colocou a gata na minha nuca, senti
suas patinhas prendendo na minha pele me fazendo arrepiar.
Dei um soquinho não barriga do Jaden, e ele tirou ele de mim.
Eu estava começando a sentir minha respiração trancando, me causando
um pouco de dificuldade pra respirar.
—O que foi?—Ele perguntou confuso.
Corri para minha mochila em cima da cama de baixo, e peguei minha
bombinha.
Coloquei próximo a minha boca, soltei todo o meu ar, depois respirei
fundo.
—Que que isso?—Jaden apontou o dedo para a bombinha.
Meu Deus que garoto lerdo.
—É uma bombinha de asma.
—Pra que que serve?
Comecei a gargalhar alto, e ele me olhou mais confuso ainda.
-É porque eu tenho asma, e as vezes minha respiração tranca quando inalo
algum tipo de essência diferente, exposição ao mofo e coisa estragadas, ou
até pelo de animal.—Quando eu disse "pelo de animal", ele afastou a Lana
de mim, colocando do lado do seu pescoço.
—Mas relaxa, pelo de animal nunca me causou nenhuma crise antes! Esse
é o mais tranquilo pra mim. É que você colocou ela perto de mim da maneira
errada.
—E qual é a maneira certa?
—Tem que ser devagar, e com delicadeza para não soltar muito pelo.
—Entendi, e você tem que andar com esse negocinho pra todo lugar que
vai?
—Sim, eu nunca sei quando vou ter uma crise.
—Ah tá.—Ele foi dar um beijo na Lana e ela arranhou a boca dele.
E eu comecei a ter uma crise de risos, foi extremamente engraçado.
—Para de rir de mim!—Jaden deu uns tapinhas nas minhas costas
enquanto eu colocava as mãos nos joelhos parando de rir vagarosamente.
—Não da! Estar com você, é igual estar com uma criança!
—Eu não tenho culpa se tenho essa carinha de bebê!—Ele jogou o suposto
cabelo pro lado.
—Ah, cala a boca.
—Tenho que pegar mais remédios com meu irmão depois, esqueci de
recarregar antes de sair de casa.
—Você tem irmão?
—Tenho, um gêmeo.
—Por que não me contou que tinha um gêmeo?!
—Eu sei lá, você não tem?
—Tenho. Jayla, Javon e Daelo.
—Ah! Por que não me contou que tinha irmãos?!—O imitei fazendo uma
voz irritante.
—Eu sei de outra coisa que você não sabe!—Ele cantarolou.
—O que?!
—O Javon é meu irmão gêmeo!
Ah! Agora está explicado! Eu não estava vendo dois Jadens, eu estava
vendo um Javon, e um Jaden.
Fiz uma expressão de supresa, e comecei a rir.
—Que foi, tá louca?
—Eu achava que estava ficando! Eu pensei que estava vendo dois Jadens!
—E em nenhum momento se passou pela sua cabeça que poderia estar
vendo o Jaden lindão, e o irmão gêmeo feio do Jaden lindão?
—Não chama seu irmão gêmeo de feio, pro seu próprio bem!
—Ah, então a Jayla também é sua irmã?
—Sim, por que?
—Por nada, por nada.
Então eles são irmãos.
—Acho que eu vou fazer uma roupinha pra Goda na aula de arte!—Ele
comentou, segurando a LANA com uma mão.
—O nome dela é Lana!
—Jurou muito!
—Vamos levar ela para passear? Já cansei de ficar aqui dentro!
—Hum... "Vamos", tá gostando dela agora?!—Jaden falou com ciúmes.
—Ah, não, eu só quero sair daqui, e se temos que cuidar dela, levamos
junto!—Falei andando em direção a porta.
—Se você está dizendo...
Saímos da cabana, e começamos a andar em direção a mesa de comida.
—Ui! Patê de frango!—Comentei animada ao pegar um sanduíche com
recheio de patê.
—Pega um pra eu comer depois! Agora eu tô com a Goda na mão, não dá.
—Jaden pediu fazendo cara de coitado.
—Eu não, se vira.—Peguei um sanduíche pra mim, e guardei outro no
bolso sem ele ver.
—Grossa.
—Vamos lá ver meus irmãos! Quero que conheça eles.—Ele falou me
puxando para um espaço de lazer do acampamento.
Chegamos lá, e Jayla veio correndo para o nosso lado.
—Cadê o Javon?—Jaden perguntou procurando ele pelo lugar.
—Oi para você também, Jaden.—Ela debochou.—Ele foi buscar o Daelo,
já que as atividades acabaram.
Meu Deus tem mais um.
—Quem é Daelo?—Perguntei.
—Nosso irmão mais novo.—Jayla respondeu com empolgação.
—Eai!—O garoto idêntico ao Jaden chegou de mãos dadas com um
garotinho.
—Esse é o Javon!
—Oi!—Falei tímida, ainda estava impressionada pelo o quanto eles são
iguais, só muda o corte de cabelo, e corte na sobrancelha do Javon.
—Ela que é a garota bonita que fez você me tacar pra fora da sua vida?
Hum, bem bonita mesmo. Faria o mesmo.—Ele falou olhando feio pro Jaden.
—Cala a boca!!—Jaden sussurrou alto.
—Não menti.
Eu estava segurando a risada.
—E esse.. é o Daelo!—Jaden sorriu falando.
—Oi Daelo!—Cumprimentei, vendo um brilho no olhar do garoto surgir.
—Você é muito bonita!—Ele falou encantado.
—Obrigada! Você também é muito bonito.—Sorri.
—Cai fora rapaz, olha o seu tamanho!—Jaden olhou para ele com a
sobrancelha levantada.
Jayla puxou Javon pelo braço e começou a cochichar rindo.
Bem Maria Fifi essa Jayla!
—Eu tenho um irmãozinho também! Ele tem cinco anos.
—Serio? Qual é o nome dele?
—É Michael. Ele tá do lado infantil também!
—Eu conheço o Michael! Ele é meu amigo.—Daelo comentou.
—Eu imaginei isso, depois eu vou lá buscar ele. Ele deve estar com meu
irmão.
—Você tem quantos irmãos?—Jayla perguntou.
—Dois irmãos e uma irmã, mas ela não está aqui no acampamento.
—Entendi! Meus pais tiveram quatro filhos, mas só acertaram na primeira.
Javon revirou os olhos.
—Nos seus sonhos, né gata?—Jaden provocou colocando a mão na
cintura.
—Ih? Recalcado! Recalque de mandada, eu tiro debochando. Aceita que
eu sou foda, e late que eu tô passando!—Ela falou, e saiu de perto puxando o
Javon.
—E essa é a Jayla!—Jaden falou rindo.
—Jaden!—Daelo chamou.—Quero voltar para onde eu tava, me leva? Eu
não sei onde fica!
—Usa um GPS.—Ele falou, e se virou para começar a andar.
—Jaden!—Exclamei.
—Aah! Tá parecendo minha mãe!—Ele voltou, e pegou na mão do Daelo,
indo em direção ao espaço infantil.
—Me espera! Não vou ficar sozinha aqui nem a pau!—Alcancei eles.
—Jaden, onde você conheceu a minha namorada?—Daelo perguntou
olhando para Jaden.
—Garoto?! Abre teu olho!—Ele soltou a mão do Daelo e cruzou os
braços.
—Para de ser infantil, Jaden.—Fechei a cara, e peguei na mão do menor.
Daelo mostrou a língua para Jaden, e virou o rosto para sorrir pra mim.
—Ai meu Deus todos me odeiam nesse lugar.—Ele falou revirando os
olhos e segurando a mão de Daelo novamente.
Andamos e conversamos por mais alguns minutos, e chegamos no espaço
infantil.
—Pronto, cabeção de bola.—Jaden colocou as mãos na cintura.
—Vou procurar meu irmão.—Falei e saí andando a procura do Michael.
—Max!—Ouvi ele me chamar do outro lado do campo.
—Michael! Estava com saudades.—Corri para abraçá-lo, e dei vários
beijinhos no seu rosto.
—Você demorou!—Ele falou cabisbaixo.
—Relaxa, estou aqui agora.—Sorri.
—Cade o Tom?—Michael começou a procurar.
—Eu...eu não sei.
Michael era muito apegado a Thomas, mais do que é comigo. Eu acho que
é porque ele lembra um pouco mais o meu pai por ser garoto.
—Eai, cara!—Jaden apareceu atrás de mim cumprimentando Michael.
—Jaden! Oi!
Uai
—Como você sabe o nome desse aí?—Levantei uma sobrancelha.
—Ele é irmão do meu melhor amigo, dãã!
—Nossa, grosso.
Ele deu uma risadinha gostosa.
Olhei para trás para sorrir para Jaden e Daelo.
Eu fico extremamente boba quando se trata de Michael.
Dei um beijo em sua bochecha, e me levantei para voltar.
—Vamos!—Andei na frente, escutando os passos de Jaden vindo atrás.
—E não é que você sabe ser carinhosa com alguém?—Ele falou rindo.
—Ei! Eu sou muito carinhosa, tá?
—Nos seus sonhos!
Mostrei a língua pra ele.
—Quem mostra a língua ped...
Apertei o narizinho empinado dele com força.
—Ai! Sua vândala!—Ele falou passando a mão no nariz.
—Vândala?
—É! Por danificar uma obra de arte tão bela quanto essa aqui!—Ele
mandou um beijinho no ar.
Revirei os olhos e dei uma risada nasal.
✦✦✦
4.

11/06
Terça - feira
06:00
⋄✦⋄
Eu estava no meu quinto sonho na noite, quando escutei um agudo no fundo
do meu ouvido.
Peguei o travesseiro e coloquei em cima da minha cabeça, abafando o
barulho de fora. Era uma buzina que ficava grudada no teto, e tinha um
sensor que a fazia funcionar em determinado momento.
Estava quase dormindo novamente, e senti dedinhos de aranha subindo
pelas minhas costas.
—Me deixa em paz.—Dei um tapa na mão.
—Para de ser ranzinza.—Escutei a voz rouca do Jaden que estava virado
pro outro lado da cama.
JADEN.
Levantei, e desci da cama. Andei até minha mochila, e peguei minha
escova, Max ainda estava dormindo, e pelo visto não pretendia acordar tão
cedo. Então fui lá e peguei a pastinha de bichinhos dela.
Não que eu não tenha pasta de dente, mas a dela é muito melhor, mais
gostosa, e mais bonitinha.
Eu já havia voltado do banheiro, e dei comida pra Goda, ela está
crescendo muito rápido. Acho que a primeira palavra dela vai ser: "papai"!
A Max ainda estava dormindo, abraçando meu travesseiro. Peguei um
bichinho de pelúcia da Jayla que estava no caminho, e joguei na cabeça dela.
Acertei na mosca! Ponto pro jay jay!
—Ah não!—Jayla correu atrás de mim, e eu corri e subi a escadinha da
beliche.
Subi rapidamente, me apoiando em cima da Max.
—AI GAROTO! PARA DE ME AMASSAR!—Senti diversos tapas
ardentes sobre mim.
Jayla parou de correr atrás de mim, e começou a rir.
Palha assada.
—Falou a falsa vegetariana que comeu patê de frango AMASSADO!—Me
sentei em cima da sua barriga.
—Eu não comi o frango, idiota. Esqueceu que você comeu meu frango
igual a um cachorrinho? Eu comi o patê, você mesmo viu!
—Mentirosa, eu não vi nada não.
—JADEN.—Ela exclamou, e senti a raiva no olhar dela, não que eu tenha
ficado com medo, mas saí de cima dela na hora.
—Algum cachorro com raiva te mordeu?
—Sim, agora eu vou passar pra você também!—Ela falou, agarrou meu
braço e mordeu com força.
—AI! Selvagem.—Dei um tapinha com a ponta dos meus dedos na sua
perna, e desci da cama.
—Jaden...—Ela me chamou se encolhendo na cama novamente.
Ai que menina indecisa.
—Hum..?—Respondi manhoso.
—Sobe aqui por favor.—A voz dela estava abafada.
—Ai garota pelo amor de Deus!—Subi na beliche, e sentei ao seu lado.
—Eu tô com febre?—Max perguntou tirando seu rosto dos edredons.
Franzi o cenho, e coloquei a mão na testa dela.
—Não, por que?
—Graças a Deus! É que eu estou com dor de cabeça, e minha respiração
tá trancando de vez em quando.
—Será que você vai conseguir participar das atividades de hoje?—
Perguntei com preocupação.
As provas do acampamento não são obrigatórias, tudo aqui é opcional. Os
participantes se inscrevem para as atividades que se identificam.
—Claro que sim!
—Acho melhor não. Você disse que está com a respiração falha, se você
tiver uma crise de asma no meio das competições eu não vou saber o que
fazer!
—Relaxa! Eu não vou ter nenhuma crise, ok? Eu vou levar minha
bombinha comigo. E vou pegar alguns remédios com meu irmão mais tarde.
—Max...
—Está tudo bem.—Sorriu, e desceu da beliche.
Ela se faz de durona, mas eu percebi que ela sorriu pra Goda quando
passou por ela.
⋄✦⋄
MAXINNE
Jaden já tinha saído para comer, e eu fui atrás do meu irmão com a Jayla.
Andei pelo campo, e fui para o outro time.
Encontrei Thomas conversando com Alice comendo no banco perto das
cabanas.
—Tom.—Chamei, e ele logo olhou para mim.
—Que bicho te mordeu?—Ele disse de boca cheia.
—Trouxe remédios pra dor de cabeça na sua bolsa?
—Trouxe. Mamãe me obrigou.—Revirou os olhos.
—Vamos lá comigo buscar? Eu tô morrendo, Thomas! Morrendo!—
Chacoalhei seu ombro.
—Ai garota!—Ele se levantou, e me acompanhou até a cabana do time
amarelo.
⋄✦⋄
Quando voltei, já tinha tomado o comprimido, e fui com a Jayla para o
time azul novamente.
Ela estava meio estranha, sorrindo igual uma tonta.
—O que foi?!—Perguntei.
—Qual é o nome daquela garota?
—Alice, por que?
—Ah, sim.—Sorriu mais uma vez.
É assim que começa, e acaba em hospício.
Chegamos no local da competição, e hoje seria vôlei.
Estavam todos com roupa de banho quando chegamos, menos o grupo dos
patetas.
Que caso não saiba: Eu linda, e os walton!
—Está melhor?—Jaden perguntou.
—Uhum.—Sorri.
—Tem certeza?
—Tenho!—Falei com tédio.
—Então vamos lá colocar biquíni!—Jayla falou puxando Javon e Jaden
para a nossa cabana.
—Eu não vou colocar biquíni não!—Javon falou tentando não ser
arrastado pela Jayla.
—Muito menos eu!—Jaden exclamou levantando a sobrancelha.
Eu gargalhei atrás deles.
.
Eu usava um biquíni preto com short jeans claro.
Coloquei uma blusa da rainha Lana por cima, e saí do vestiário.
Vi que Jayla estava usando uma blusa regata branca, e um short jeans mais
escuro, Javon estava usando uma camiseta escrito "onward", e uma bermuda
preta.
—Cade o perturbado?—Perguntei.
—Já está lá fora.—Jayla falou terminando de passar o protetor nas
bochechas.
—Eu já vou, até mais.—Falo e vou até a quadra de areia.
Vi Jaden conversando com meu irmão na mesa perto das cabanas. Ele está
vestindo uma camisa regata preta, e uma bermuda preta escrito "Wanna".
Franzi o cenho, e cheguei perto deles.
—Na minha opinião eles tinham que adicionar um sabor mais original,
tipo aqueles biscoitinhos brancos que vende no mercado, sabe? —Jaden
explicava empolgado.
—Ah, aqueles que parecem cigarro?—Jaden assentiu.
Meu Deus.
—Oi Max, melhorou?—Thomas perguntou olhando para mim atrás de
Jaden.
—Melhorei, tô mais leve!—Sorri sem mostrar os dentes.—Vai jogar
vôlei?
—Não, tô de boa disso aí.
—E você?—Perguntei olhando para Jaden.
—Eu não, vai que eu levo uma bolada na cara!
—Pelo amor de Deus!—Me distanciei, indo em direção a Jayla e Javon
que estavam saindo do vestiário.
Jayla estava passando protetor solar no nariz do Javon igual uma criança,
estava fofo.
—Que bonitinho!—Comentei rindo.
—Bonitinho vai ser o socão que eu vou dar no Jaden por ter roubado
minha bermuda.—Javon exclamou saindo de perto da gente espalhando o
protetor.
—Amor de irmãos!—Jayla ironizou.
—Achei fofo você colocando protetor nele.—Falei enquanto andávamos
até a quadra.
—Ele já tem quinze anos, mas ainda é meu irmãozinho mais novo.—Ela
sorriu fraco fechando a tampa do protetor.—E minha obrigação sempre foi
cuidar deles, mesmo se for para passar um protetor no nariz igual uma
criança!
Suspirei, e abracei ela de lado.
Chegamos na quadra de areia, e reunimos os times de cada grupo.
Nosso time ia jogar contra o time amarelo, o que ganhar leva um ponto.
Serão três rodadas de vinte pontos.
O som do apito ecoou sobre o campo, e o jogo se iniciou. Começou pelo
time adversário.
Inicialmente eu tinha ficado no bloqueio, mas agora já estava no saque.
Joguei a bola pro alto, e bati com força, fazendo ela alcançar o time
adversário, e cair no meio fazendo um barulho estrondoso.
Comemoramos o nosso segundo ponto, ficando dois a zero para nosso
time azul.
Voleibol é um esporte que exige muito do praticante, e eu sempre dou tudo
de mim.
Coisa que eu não poderia estar fazendo.
Minha respiração falhou durante alguns estantes, mas logo voltava ao
normal, então ignorei.
Já estávamos no nosso décimo ponto (dez a sete), minha respiração estava
normal, não tinha mais falhado. Então provavelmente era só um alarme falso.
Fui sacar novamente, respirei fundo, e joguei a bola com força para o
outro time. Eles revidaram com uma manchete que eu jurava que ia cair no
meio do campo dando o ponto para o time amarelo.
Corri até o local que a bola iria cair, e me joguei na areia com um braço
para frente fazendo a bola cair em cima e quicar, para Jayla cortar e cair
dentro do campo do time adversário.
Levantei e corri para abraçar a garota, foi um ponto muito merecido!
Mais tarde, quando estávamos prestes a fazer mais um ponto, estava na
minha hora do saque—Sim, novamente.—Joguei a bola pra cima, e minha
respiração simplesmente parou de funcionar, na hora do desespero, bati
fraco na bola, fazendo ela parar em um canto qualquer, e coloquei a mão no
coração tentando controlar minha respiração e falhando.
Fiz um sinal para meu irmão que estava perto, e ele logo chegou
colocando a bombinha perto da minha boca.
Finalmente consegui voltar a respirar normalmente. Foi apenas um susto.
—Obrigada.—Agradeci Thomas.
—Você me assustou!—Jayla falou com a mão no peito.
—Foi mal por perder o ponto.—Brinquei e dei risada.
Sim, eu faço piada com meus problemas, por que não?
—Para de ser besta.—Jaden falou atrás de mim, me assustando.
—Ih garoto, achou que eu ia morrer?—Perguntei me virando.
—Achei, já ia começar a comemorar!
—Ah, idiota!—Empurrei ele de leve.
O monitor veio ver se está realmente tudo bem, e o jogo continuou, eu
fiquei na "reserva".
Eu me sentei no chão para esperar o jogo acabar, estava só eu e mais duas
meninas lá, então Jaden e Javon vieram fazer companhia.
Estava tomando água, enquanto Javon estava sentado ao meu lado fazendo
trança no meu cabelo, e Jaden sentado atrás da gente, desenhando no braço
do Javon com caneta.
Esses dois parecem crianças!
—Agora falando sério, eu achei que você ia ter uma crise daquelas bem
traumatizastes, sabe?—Javon comentou.
—Eu também.—Jaden falou concentrado na obra dele no braço do irmão.
—Nem me fale. A última vez que eu tive uma forte foi quando eu tinha
sete anos.
—Essas falhas acontecem sempre?—Jaden.
—Geralmente não. Depende.
—Depende do que?—Javon.
—Das minhas emoções.
—E o que você está sentindo?—Jaden perguntou olhando para mim.
Eu não sei.
Fiquei quieta por alguns segundos, e repondi:
—Estou sentindo muita felicidade, e empolgação!
Ele sorriu, e voltou a desenhar no Javon.
Depois de mais ou menos um minuto, Jaden nos apresentou sua obra de
arte que ele denominou como: "by: Jaden mais lindo do mundo".
Estava escrito "I love Renata Ri
❤⭐ 🌸"
Está comprovado. Ele odeia o Javon.
—Que porra é essa?—Jav falou rindo olhando seu braço.
—Amou? Fiz pra você!—Jaden exclamou, e deu um beijo na bochecha do
Javon.
—Isso aqui sai com água, né?—Jav perguntou.
—Claro! Mas como você não toma banho, vai ser difícil.
Gargalhei, e observei a discussão que começou entre os dois.
Olhei para o lado, e o time azul já estava com quinze pontos no segundo
tempo.
Nós três paramos para ver o final do segundo tempo, e Jayla estava
praticamente carregando o time nas costas.
Chegou á dezenove a dezoito, e em um movimento em falso, perdemos um
ponto, ficando dezenove a dezenove.
A jogadora do próximo saque havia torcido a mão, e quando eles iriam
substituí-la, me levantei e corri para o campo.
—Max! Não.—Jayla falou chegando perto de mim.
—Eu vou sacar.—Ergui as sobrancelhas.
—Max, melhor evitar qualquer movimento que possa te causar algo mais
tarde!—Javon falou vindo atrás de mim.
—Não tem nada demais, é só um saque!—Fiz um sinal para o juiz, que eu
ia substituir.
—Tem certeza disso, Maxinne?
—Absoluta.—Peguei a bola do chão, e me preparei atrás da linha.
—Relaxa!—Sussurrei para Jaden e Javon, e pisquei para Jayla.
O apito fez barulho, respirei fundo, e joguei a bola pra cima. Bati nela o
mais forte possível, mas o outro time ainda conseguiu revidar.
A bola vinha em minha direção, e eu a jogava com força para o campo
adversário. Outra jogada que iria fazê-la cair sobre o espaço vazio, e pelo
reflexo, coloquei o pé embaixo, Jayla cortou novamente, e a bola caiu no
chão dentro do campo do time amarelo.
Ganhamos.
Vi as garotas do nosso time correrem em minha direção, e nos abraçamos
para comemorar.
Me afastei delas, e olhei para os meninos com um olhar de deboche e abri
os braços.
Logo eles vieram em minha direção para um abraço.
—Parabéns, achei que ia morrer de novo.—Jaden falou depois de sair do
abraço.
—Verdade, ele apostou contra o time de vocês, e agora está me devendo
um pacote de figurinhas do Olaf.
—Own! Você apostou a nosso favor? Que fofo!
—Não, mas eu apostei que a Jayla ia cair e ralar a cara no chão. Agora tô
devendo uma foto autografada da Zendaya pra ele.
—Ah...
—Não fica triste não, bebê. A gente tava só achando que vocês iam
perder, não torcendo.—Jaden falou sorrindo.
—Oh Deus. O que eu fiz para merecer isso?—Coloquei a mão na testa, e
sorri.
✦✦✦
5.

11/06
Terça - feira
19:12
⋄✦⋄
Andaríamos até um campo cheio de grama e flores para acender a
fogueira. O time azul todo estava lá, e algumas pessoas do time amarelo.
Correção: todo o time, menos a Jayla.
Eu estava carregando minha bolsinha com gloss vermelho de cereja, meus
fones de ouvido, meu celular, e a minha bombinha.
Eu já havia tirado a blusa da Lana, e fiquei só com o biquíni e o short
jeans durante o dia.
Eu e Javon andávamos mais afastados até o local, conversando sobre
coisas aleatórias como a grande quantidade de carreiras que ele possui, e
quando ele literalmente quebrou o nariz de um garoto por acidente.
—De tudo que você me falou até agora, qual é a coisa que você mais
gosta de fazer?
—Com certeza lutar. Mas eu também amo atuar, e quando estou dublando,
me sinto muito talentoso!—Ele respondeu empolgado.
—Você ama o que faz, isso é lindo.—Sorri sentindo o vento bater contra
meus cabelos.
—E você, não tem nada que ame fazer, de coração?
—Não. Eu só existo.
Ele sorriu sem mostrar os dentes, e bagunçou meus cabelos com a mão.
—Você sabe onde está a Jayla?—Perguntei.
—A sua amiga Alice está por aqui?—Ele procurou.
—Não, por que?
—Ah, tá explicado.
—O que?
—Esqueci que você não sabe!
—Não sei o que?
—A Jayla gosta de beijar mulher, sua amiga que estava cheia de gracinha
com ela agora há pouco sumiu, ela também, se juntar as peças...
Eu não sabia que a Jayla era lésbica!
⋄✦⋄
Nós comemos, e ficamos na fogueira por mais um tempo. Quase todos já
tinham ido para as cabanas novamente, e ficamos: eu, Jaden, Javon, Jayla, e
surpreendentemente...Alice.
—Bora brincar de alguma coisa?—Jayla perguntou inquieta.
—Do que?—Javon respondeu enquanto fazia carinho na minha cabeça
deitada em seu ombro.
Jaden soltou uma gargalhada malvada.—Verdade ou consequência!—Ele
olhou em volta sorrindo.
—Vamos!—Javon concordou sorrindo.
—Eu não.—Alice falou, e estava se preparando para se levantar do chão.
—Ah, qual é? É só um joguinho besta.—Jayla a convenceu a participar.
—E você?—Jaden me cutucou.
—Eu o que?—Ele ergueu as sobrancelhas.—Ah, tanto faz. Mas se me
desafiarem a dar beijo alguém morre!
Fizemos outra rodinha, mas dessa vez, em volta da garrafinha de coca -
cola do Javon.
—Sem problemas, donzela.—Jayla pegou a garrafa, e girou primeiro.
Javon para Alice.
—Verdade ou consequência?!—Ele perguntou rapidamente.
—É..—Alice exalou nervosismo.—Consequência.
—Da um beijinho no pé do meu mano Jaden lindão!
Ele disse isso, e logo Jaden ergueu seu pezinho 28, fazendo a garota
revirar os olhos.
Ela se levantou, e inclinou seu rosto perto do pé de Jaden, e deu um
beijinho de nada, na verdade, ela só encostou a boca e saiu.
Todos nós—Inclusive ela.—Rimos alto, e Alice girou a garrafa
novamente.
Alice para Jaden.
—Verdade ou consequência?
—Verdade.—Ele ergueu uma sobrancelha igual criança, e cruzou os
braços.
—É verdade que você ficaria com uma pessoa muito específica dessa
roda?—Ela falou vagarosamente criando um suspense na pergunta.
Jaden hesitou por um segundo, e logo respondeu:
—Não.
Eu a olhei sem entender, só tínhamos nós duas ali de opção, ela está
falando de mim ou dela mesma?
Saí dos meus pensamentos quando Jaden girou a garrafa.
Jaden para Jayla.
—HÁ! Verdade ou desafio maninha?!
—Desafio!
—Hum...será que eu vou ser malvado, ou bonzinho? Vai Max me ajuda.—
Ele disse dando um tapinha no meu ombro.
—Malvado!—Falei olhando para ele, e depois para Jayla que estava
mostro o dedo do meio.
—Ok. Jayla, da um beijinho de esquimó na Alice. Agora.
—Como é?—Alice exclamou.
—Cara! Eu quero muito ver isso.—Javon se inclinou para ver melhor.
—Ok!—Jayla se virou para o lado, e segurou o rosto de Alice, dando o
beijo de esquimó, que durou uns três segundos.
Alice estava claramente com vergonha, e vermelha. Ela sorriu de nervoso,
e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Jayla sorriu vitoriosa, e foi girar a garrafa.
JAYLA PARA JADEN
—VERDADE OU CONSEQUÊNCIA?!—Ela berrou.—Lembrando que
não vale escolher verdade duas vezes seguidas, e, espera aí...você acabou de
pedir verdade, HÁ!
Jaden apenas olhou para mim, e levantou os ombros com as sobrancelhas
levantadas.
Espera aí
—Será que eu vou ser malvada, ou boazinha, Alice?!—Jayla estava
fazendo uma encenação.
—Malvada!—Alice me imitou.
—Dá um beijinho na mandíbula da Max. Agora.
Deus, eu sei que eu não rezo muito, mas...
—E tem que durar pelo menos três segundos!
Apenas vi Jaden e Javon se entreolhando sorrindo, e Jaden logo se
aproximou de mim.
Suspirei fundo, e inclinei meu rosto de lado.
Ele segurou meu queixo, e deu dois beijinhos rápidos na linha da minha
mandíbula.
—Ah! Que lindo.—A mais velha fingiu se emocionar.
Jaden girou a garrafa.
Alice para mim.
—Verdade ou desafio?
Puta merda, Alice é minha amiga a bastante tempo, conhece todas as
minhas histórias. Mas se eu escolher desafio, eu também correria o risco de
beijar o Jaden ou até o Javon. E eu tô de boa.
—Verdade.
—É verdade que está desde junho do ano passado sem beijar na boca?—
Que merda, ela sabe.
—Isso aqui tá criando teia de aranha já!—Gargalhamos alto.
—Relaxa, agorinha você resolve isso!—Jayla falou baixo, mas eu escutei.
—O qu..
Ouvimos o barulho alto da buzina, indicando que já estava na hora de ir
dormir.
Eu só vi um vulto do Jaden se levantando e saindo correndo com a minha
bolsa rosa na mão.
—Jaden!—Levantei e corri atrás dele desesperadamente.
—Não corre! Vai ficar sem ar!—Ele gritava rindo.
Parei de correr para o meu próprio bem, ofegante coloquei a mão na
cintura e respirei fundo.
—Ele é uma criança, né? Eu sei bem como é.—Jayla chegou falando atrás
de mim.
Dei risada, e andamos juntas em direção as cabanas.
—Max, posso te perguntar algo?
—Depende.
—O que você acha do Jaden?
—Ah, ele é legal as vezes, engraçado...
—Não, tipo...como você considera ele?
—O Jaden se tornou um amigo muito querido nesse tempinho que já
estamos aqui.—Poderia ver a decepção no olhar da Jayla.
—Mas você não pensa em tentar algo a mais com ele? Tipo..vocês
combinam, são bonitinhos juntos...
—Não! Jaden é apenas meu amigo! A gente não tem química, não vai
rolar!—Sorri enquanto falava.
—Para de bobeira, beija logo aquele garoto logo!—Javon brotou atrás de
nós de repente.
Ele estava escutando a nossa conversa?
—Sai fora moleque, beija você!
—Ui!—Ele fez um gesto como se suas mãos estivessem se beijando e saiu
correndo.
—Eles dividem o mesmo neurônio, e nada vai tirar isso da minha cabeça.
—Jayla falou com decepção no olhar.
—Que neurônio?!—Ironizei rindo.
JADEN
Cheguei ofegante na cabana, e me joguei abraçado na bolsinha rosa na
cama de baixo.
Incrível como tudo tem o cheiro do perfume dela, cheiro de calda de
cereja.
—Jaden!—Javon entrou em silêncio, já que tinham algumas pessoas
dormindo.
—Faltou!
—Nossa, você é do balacobaco.—Ele disse entediando, se jogando em
cima de mim.
—Qual foi? Vai dormir abraçadinho? Tá bom.
—Jad, como estão as coisas com a Max?
Vixe, eu sei lá.
—Muito bem, por que?
—Já lascou o beijão na gata?—Javon perguntou olhando pra mim.
—Eu não! Eca. A Maxinne é minha amiga.
De fato eu não menti, eu sei, admito que fui fazer dupla com ela com
segundas intenções, mas a Max acabou virando minha amiga, sabe? De
verdade!
—Qual foi, cara? Cadê meu atacante?
—Mano, eu realmente não penso assim da Max, e sei que ela, muito
menos. A gente não tem química, não vai rolar!
—Eu dou um mês!
—Um mês para que?!
—Para o namoro sair!—Ele se levantou, e andou até sua cama.
Mostrei o dedo do meio pra ele, e levantei para pegar minhas coisas e
tomar banho.
⋄✦⋄
Já estávamos todos de banho tomado e cheirosos (como sempre).
Max estava deitada no canto da parede, virada para um lado, e eu no outro
canto virado para outro. (como sempre).
Não estava conseguindo dormir direito a noite, eu sentia minha pele
levemente ardente, e meu corpo igualmente.
Me remexi umas três vezes em cinco minutos, e logo senti um beliscão no
meu abdômen.
—Para quieto! Tá com formiga no chifre?—Max sussurrou alto.
—Para de falar assim comigo!
Ela se virou de frente para mim.
—Que foi?—Perguntou com voz de sono.
—Nada, ué.—Me virei ficando de costas pra ela.
Max colocou a perna esquerda por cima de mim, e dormimos novamente.
⋄✦⋄
MAXINNE
Acordei, Jaden ainda estava roncando na cama, achei estranho...por que
geralmente ele acorda primeiro pra cuidar da Lana.
Esse moleque está doente?
—Puta que pariu.—Sussurrei, ao ver que o rostinho dele estava vermelho
como morango.
Encostei minha mão na testa dele, estava quente, mas não a ponto de febre.
—Jaden.—Chamei.
—Sai daqui Javon, quem vai casar com ela sou eu.—Ele sussurrou
dormindo.
—Ela quem moleque?
—A Lola, ué!
Coloquei a mão na boca para rir, mas não deu muito certo, porque logo
depois eu explodi gargalhando alto.
Ele abriu os olhos finalmente, olhando feio para mim.
—Mano! Você quer casar com o peixe?—Comecei a rir mais alto.
Não me leve a mal, juro que não tinha mais ninguém dormindo. Estávamos
sozinhos.
—Que peixe?!
—Nada, meu bem, nada!—Fui parando de rir aos poucos.—Eu só te
acordei para dizer que está todo vermelhinho, talvez seja algo sério.
—O que?!—Jaden desceu da cama, e saiu correndo em direção ao
banheiro.
Quando chegou na frente do espelho, deu um gritinho de espanto, foi
engraçado.
Ele estava com as bochechas e nariz vermelhos, bem vermelhinho.
—Deixa eu adivinhar!—Me escorei na porta.—A Jayla foi tentar passar
protetor em você, e você não deixou, não é?—Gargalhei.
—Mano.
—Sabe, na luz...—Comecei a rir.—Você fica mais feio ainda!
—Para!—Ele passou os dedos no nariz.
—Você tá parecendo a menininha tímida nerd kawai no fundo da sala!—
Gargalhei alto.
—PARA!—Eu via na expressão dele que ele estava querendo rir.—Max...
—Fala.
—Você tem..sabe, você tem..maquiagem?
—Obvio.
—Será que se passar nesse meu rostinho lindo, resolve?
—Eu acho que o melhor a se fazer agora é passar um creminho e esperar.
—Ah não! Eu não vou ficar com esse treco vermelho na minha linda face
nem pensar.
—Você é quem sabe, príncipe Jaden.—Fingi me curvar, e ele revirou os
olhos.—Vou lá buscar meus produtinhos.
⋄✦⋄
Já tinha passado a base, e o pó na cara do Jaden, e estava parecendo um
Ken. Lindo.
—Mano.—Ele ergueu as sobrancelhas olhando no espelho.
—Tá lindo, boy.
—Se fode.—Jaden cruzou os braços e fechou a cara saindo do banheiro
enquanto eu ria guardando minhas coisas.
Quando cheguei na cabana, vi Jaden e Javon brigando por um moletom
rosa.
—Sai garoto, é minha!—Javon exclamou.
—Foda - se!—Ele conseguiu pegar o moletom e saiu correndo para trás
de mim.
—Parem de brigar agora! Os dois.—Jayla chegou gritando.
—Ele pegou meu moletom! E não quer devolver.—Javon cruzou o
abraços.
—Todo mundo sabe que ele combina muito mais comigo.—Jaden estava
com as mãos na cintura.
—Chega! Me dá aqui, eu vou usar.—Ela pegou da mão de Jaden, e vestiu.
Ah, agora eu entendi. Estava escrito "sucesso com as gatinhas." Na barra.
A cara deles.
✦✦✦
Meu TikTok: @watt.nanaa
Meu Instagram: @watt.nana
6.

12/06
Quarta - feira
09:21
⋄✦⋄
Acordei, e estava sozinha no quarto—Novamente.—desci da beliche, e
quase pisei na Lana, meu coração quase saiu pela boca.
—O que você está fazendo aqui?!—Sussurrei alto.—Era para você estar
com o seu pai!—Coloquei as mãos na cintura.—Já sei, o irresponsável saiu
e te deixou com fome, não é?—Falei rindo.—A cara dele.
Suspirei, e peguei a caixinha do leite que estava lá em cima, e coloquei no
pratinho. Tenho certeza que o Jaden ia colocar, mas alguém chamou ele bem
na hora, ele foi, e deixou a coitadinha aqui com fome.
—Pronto. Da próxima vez, você tem que falar pra ele que é um
irresponsável, e que não pode deixar a filha dele aqui sozinha e com fome!
—Coloquei a caixa de volta na mesa, e saí para o banheiro.
Escovei os dentes, e voltei para o quarto. A Lana estava dormindo do lado
do pratinho de leite quase vazio, achei soft.
Organizei minhas coisas, e arrumei a cama. Então saí para comer com os
outros.
De longe, já avistei os Walton conversando e rindo alto. Peguei uma maçã, e
fui em direção a eles.
—Eai, bela adormecida!—Jayla me recebeu com risadas.
Eu sorri de lado, e revirei os olhos.
—Senta aqui!—Jaden bateu as mãos no lugar vago entre ele e o Jav.
—Obrigada.
—Tem que agradecer mesmo, minha filha. O tanto de menina que apareceu
aqui para sentar nesse lugar, você não está entendendo!—Ele continuou.
—Real, ele arrumou treta com umas três. Então, sinta-se importante.—
Javon falou comendo pão integral.
Quem come pão integral sem nada no café da manhã?
—Jaden!—Exclamei.
—Ah, para, né? Eu guardei um lugar PERFEITO para você, e você ainda
reclama?! Sabe quantas pessoas gostariam de se sentar entre Jaden lindão, e
o irmão gêmeo do Jaden lindão?!
Segurei a risada, e mordi um pedaço da minha maçã.
—ECA.—Joguei ela para o outro lado da mesa, e tirei o que tinha
colocado na boca com um guardanapo.
Estava podre! Que dia feliz.
—Tem uma cobra dentro da maçã?!—Javon perguntou se levantando do
banco.
—Idiota! Não se fala "cobra", se fala "jiboia"!—Jaden falou pegando a
maçã com a mão.
—Oh céus.—Jayla exclamou.—Eu vou embora, vai que é contagioso.—
Ela se levantou, pegou sua bandeja e saiu.
—Tem certeza que ela é nossa irmã?! Acho que ela é adotada, e tem raiva
da gente porque somos filhos biológicos.—Javon falou com os braços
cruzados.
—Também acho!
⋄✦⋄
A gente estava no intervalo de uma das competições, e paramos para
beber água e sentar.
Me sentei no chão com grama, e tomei água na minha garrafinha da viúva
negra.
—Nossa.—Jaden comentou ao meu lado.
—Que?—Levantei uma sobrancelha.
—Você é toda cute cute, cheia de frescura. Olha essa garrafinha térmica,
essa unha feita, essa blusinha rosa, o cabelinho amarrado com gel...parece
uma Kardashian/Jenner.
—Obrigada.—Sorri.—Eu amo elas.
—Qual é a sua favorita?
—Minha Kardashian/Jenner favorita...deixa eu pensar...Acho que é a
Kylie!
—Sério?—Ele falou com empolgação.
—Sim. Você também?
—Ah, sai fora!
Desfiz linha expressão em um segundo, e revirei os olhos.
—Boa mesmo é a Koko!
Ué, Jaden é fã das Kardashian?
—Ai que bonitinho, você é fã delas.
—Eu não sou não! Eu só vejo algumas coisas que aparecem no insta.
—Para de mentir, é fã número um delas sim!
⋄✦⋄
Já era quase a noite, e eu não estava muito animada.
Vai ter um baile especial para adolescentes.
E como eu disse: eu odeio lugares com pessoas.
Terá esse de hoje, e um na semana que vem. O tema de hoje é "Moda all
black", e o da semana que vem, é especial do dia dos namorados, já que não
foi comemorado no começo do ano. Na verdade, acho que eles fazem isso só
para ser um clichê para os casais felizes, e fazer o acampamento parecer
legal.
Jayla estava empolgada já se arrumando, ela estava vestindo um cropped
com mangas longas preto, e uma calça jeans toda rasgada. E eu fui para a
cabana do time amarelo para ficar com meu irmão.
Além de tudo, ainda temos uma coisa em comum...não gostamos de locais
cheios, isto é, eu vou ficar com ele até todo mundo ir para a festa, e depois
eu simplesmente vou dormir na minha cabana.
Bati na porta, e logo Alice abriu.
—Max..!—Ela falou confusa.
—Oi Alice, licença.—Entrei, e fui em direção ao Thomas que estava
deitado na parte de baixo de uma beliche.
—Tá perdida?!—Ele perguntou dando espaço para eu me deitar.
—Não. Só vim passar um tempo com meu irmão...mais novo.
—Não sou mais novo que você, somos gêmeos, idiota.
—Foda-se.—Falei com tédio e me joguei ao lado dele na cama.
Ficamos olhando Alice se arrumar, e impressionados com o tanto de
produtos que ela usa.
—Qual será que eu escolho?!—Ela falou alternando o olhar entre uns
cinco saltos altos.
Meu Deus.
—Nada muito simples, pra não parecer pobre. Nada muito caro, pra não
ser roubada.—Ela estava falando sozinha, com uma expressão engraçada.
Olhei para Thomas, que estava ao meu lado, e seguramos o riso.
—Vai ser esse!—Ela pegou um preto, com um laço grande atrás.
—Mulheres...—Tom falou, e saiu para o banheiro.
Alice se sentou na cama, e começou a colocar seu sapato.
—Alice!—Vou aproveitar esse único momento sozinha com ela, para
perguntar sobre algo que está me incomodando.
—Hum..?—Alice respondeu sem empolgação.
—O que que está rolando com a Jayla?—Perguntei rápido.
—Que Jayla?—Ela olhou pra mim.—Ah! A Jayla Walton. Eu sei lá, a
gente trocou algumas palavras, mas nada demais.
—Nada demais? Tem certeza?
—Sim! Por que?—Ela falou rindo.—Ah não! Acha que está rolando
mesmo "algo"?!
—Eu não sei, por isso que estou perguntando.
—Não, com certeza não! E além do mais, eu sou totalmente hétero. Tá?
Eu não tenho esses negócios de gay, eu sou normal.
—Ok, ok! Tão está mais aqui quem falou!—Me levantei, e voltei para
minha cabana.
Na verdade, eu sempre soube que Alice era meio soberba as vezes,
realmente sem noção em alguns momentos. Mas nunca me importei com isso,
e sempre fiz de tudo para tentar ajudá-la.
Cheguei na cabana, e vi Jayla colocando um brinco com a bandeira
lésbica.
O que é estranho, porque acabei de escutar um comentário homofóbico agora
há pouco.
—Você está linda, Jayla.—Comentei, e sentei na parte de baixo da
beliche.
—Obrigada! Eu amo ser linda.
Sorri, e logo avistei Jaden e Javon entrando igual modelos da capricho. O
Jaden usava uma blusa preta escrito "period", calça preta, tênis branco, e a
corrente no pescoço. Javon estava a mesma coisa, mas a cor da blusa era
cinza.
Estavam combinandinhos, coisa mais fofa.
—Oi, mona!—Javon jogou o "cabelo" pro lado, sorriu.
—Ui! Não posso olhar por muito tempo para não me apaixonar!—Falei
colocando a mão no rosto.
—Eu sei que sou irresistível, Max.—Ele falou, e sentou ao meu lado.
—E eu?!—Jaden perguntou com os braços abertos.
—Está um xuxu, Jaden.—Andei até ele, e baguncei seu cabelo.
—Tem certeza que não vai?—Jayla perguntou passando o blush.
—Tenho.—Me deitei na cama, e coloquei os pés no colo do Javon.—Se
divirtam por mim, e principalmente, comam por mim.—Fechei os olhos.
—Vou beijar várias gatinhas por você, relaxa.—Javon falou indo até o
Jaden.—Né, Jaden?
—Eu? Eu não vou beijar ninguém não. Eca.
—Eca?
—Beijar é nojento.—Ele disse e cruzou os braços.
—Então o senhor não beija ninguém vai ficar fazendo o que lá?—
Perguntei.
—Eu vou cuidar do meu irmãozinho, claro.
—Ah, se fode, eu hein.—Javon mostrou o dedo do meio.
Que isso...
—Para de brigar.—Jayla falou pegando sua bolsa.
—Ele que fica me provocando.—Javon ameaçou avançar no Jaden igual a
um cachorro.
—Garoto, eu acabo contigo em dois!—Jaden mostrou a língua
agressivamente como uma criança.
—Moleque! Eu sou lutador profissional! Wanna já acabou com caras bem
maiores que você.
—Quem?
—Não caio mais nessa, acha um buraco bem fundo, e se joga!—Javon
falou, e saiu atrás da Jayla.
—Tchau Max!—Os dois falaram juntos, e eu acenei sorrindo.
—Tchau! Vê se não vai ficar com saudades, viu?—Jaden se abaixou pra
falar comigo, que estava deitada.
—Nossa, vou morrer de saudades de você.—Falei com tédio.
—Relaxa gata, o papai aqui não volta tarde dos roles não, deu dez horas
eu tô aqui já.—Ele diz, e eu sorri revirando os olhos.
—Até mais, ranzinza.—Jaden diz, e puxa meu rosto para beijar..meu
queixo?
—Por que beijou meu queixo?—Perguntei confusa.
—Por que eu quis.—Ele disse, e saiu.
Subi para a parte de cima novamente, coloquei meus fones, e fechei os
olhos para dormir.
JADEN
A festa estava cheia de gente bonita, misericórdia.
Andei até a parte da comida, e saí catando as coisas que vi pela frente. Eu
não sou besta!
Andei mais um pouco, e cheguei até uns bancos de couro, e sentei ao lado
de alguns amigos do time amarelo. Entrei no assunto como quem não quer
nada...eles estavam falando de garotas, eca.
—Do time amarelo, a mais bonitinha é aquela de cabelinho loiro. Alice!
—Um cara falou, e todos concordaram rindo.
Pelo amor de Deus me tira daqui.
—E do time azul?! Esse time sim, tem várias garotas gostosas.—Outro
falou, e eu quase engasguei com o pirulito que tinha pego da mesa.
—Até que tem algumas, mas nem todas, cara!
—Tem a Jayla.
Arregalei os olhos, e tirei o pirulito da boca vagarosamente.
Que porra é essa mano?
—Cara, a Jayla é minha irmã. E é lésbica. Respeita isso.—Falei com
nojo.
—Foi mal mano!—O menino que estava do meu lado falou rindo horrores,
e me abraçou de lado.
—Outra que é uma beldade, é a Maxinne.—Todos concordaram com o
que o idiota falou, e agora sim eu engasguei com o pirulito.
—Já ouvi falar que ela já pegou mais de dez caras em uma noite. Surgiram
boatos, que ela já ficou com três ao mesmo tempo.
Eu tossi umas três vezes, e todos pararam para olhar.
—Qual foi, cara? Não vai falar que ela é sua irmã também?!
—Para de falar essas merdas como se fosse normal.—Coloquei o pirulito
na boca novamente, e levantei.
—O que? Tá maluco?!
—Vocês falam esses absurdos aqui sobre as meninas? Depois, ao lado
delas fingem que não aconteceu nada!
—Por que está defendendo a garota? Já ficou com ela por acaso?!—O
menino que estava ao meu lado se levantou.
Meu Deus que nojo desses caras.
—O que?! Não!
—É o que então, mano? Tá querendo proteger a garota rodada por que?
—Para de chamar ela assim, eca.
—Caras como você tem que aprender, que mulher só serve para comer.
Nada mais. Não adianta tentar proteger, no final, todas vão quebrar seu
coração de qualquer maneira.
—Deve ser por esse motivo que você nunca teve nenhuma namorada. Você
fala como se fosse a pessoa mais experiente do mundo, mas com certeza
ainda é BV.
—Como é?! Nem ficou com a garota mais fácil da cidade, e quer falar de
experiência.
Deus..eu sei que eu não rezo muito, mas..
—Meu Deus garoto, troca o disco! Só sabe falar de pegação.
Vi o vulto do braço dele vindo de encontro ao meu rosto, e recuei para
trás.
Graças ao meu mano Javon aulas, eu sei me defender muito bem até.
Dei um socão de esquerda nele, pra deixar de ser besta.
Pena que quando eu menos imaginava, ele voltou do nada com um soco de
anel de ferro no dedo do meio no meu narizinho, e eu hesitei para trás.
—JADEN!—Ouvi meu nome, e logo percebi que estava sendo puxado
pela Jayla.
—Que porra está fazendo?!—Ela perguntou olhando no meu rosto.
Ela colocou o dedo embaixo do meu nariz, para o sangue não cair na
minha boca, as vezes ela me trata igual criança. Não que eu esteja
reclamando.
Olhei para o lado, e Javon estava claramente ameaçando o garoto, e
depois veio em nossa direção.
—Vamos embora!—Ele disse, e começou a andar.
—Não, fiquem aí, eu vou sozinho.
—Tá louco, moleque?—Jayla colocou as mãos na cintura.
—Relaxa, foi só um soquinho. Eu poderia até ficar por aqui, mas já cansei
dessa festa. Fiquem aí, eu vou.—Fiz nosso "toque dos irmãos" com Javon, e
acenei para Jayla.
To louco para tomar banho, e dormir ao lado daquela garota.
Foi nesse baile, que eu percebi que as pessoas são realmente cruéis com
as garotas. Eu sei que conheço a Max a pouco tempo, mas também sei que
ela não é nada daquilo que eles estavam chamando ela.
E só de pensar que nesse momento, várias mulheres estão sendo
massacradas com palavras de homens em vários lugares por aí...
Paro de pensar, quando chego na cabana. Andei pelo quarto vazio, e
peguei roupa limpa nas minhas malas.
Tomei um banho rápido, limpei o meu nariz, e o roxo que estava se
formando do lado direito dele.
Já estava dando o leite da noite para a Goda, enquanto fazia carinho na
cabeça dela.
Depois disso, subi para a parte de cima da beliche.
Max estava com os fones no máximo tocando "All I Need", como ela já
estava dormindo, tirei os fones e deixei ao lado.
Me deitei virado para o mesmo lado que ela, e confesso que estava me
segurando para não abraçá-la. Quando algo marcante acontece comigo, eu
tenho dificuldade para dormir, só consigo quando estou abraçado em algo.
Que no meu caso, o "algo" sempre é o Javon.
Demorou alguns minutos, e eu me remexia naquela cama mais do que
formigueiro.
—Quer me abraçar para dormir melhor?
Que
—O que?
—Eu sei que você entendeu.
Arqueei a sobrancelha, e sorri.
Cheguei mais perto dela, e abracei com força a parte de cima da sua
cintura. Ela tem cheiro de cereja.
—Se quiser me contar o que te aborrece, eu estou aqui para te ouvir.—
Max se virou para mim.
Eu não vou contar dos absurdos que falaram dela. Não mesmo.
—Como você sabe que aconteceu algo?
—Ainda não são dez horas, senhor não beija ninguém.
Eu te amo Deus! Obrigado por ter colocado essa garota no meu time.
—Relaxa, ranzinza.—Dei um beijo no seu queixo, e fechei os olhos.
Ela apenas sorriu, e me abraçou de volta.
✦✦✦
Meu TikTok: @maxccline
Meu Instagram: @maxccline
7.

13/06
Quarta - feira
10:01
⋄✦⋄
Ontem o Jaden chegou antes das dez, e surpreendentemente, dormiu cedo.
Eu não sei se rolou algo lá na festa, mas nem perguntei.
Quando abri os olhos, estava abraçada com Jaden Walton, ok.
Ele estava com a mão completamente grudada na minha cintura, e a outra
jogada em cima de mim.
Inclusive estava pesada.
—Jaden!
—Eu tô acordado.
—Então me solta.—Falei tirando meus braços do seu corpo.
—Eu não, você é fofinha.
—Eu engordei mesmo nas férias, mas nada muito...
—Oh meu Deus para de ser lerda.—Ele disse com tédio, e desceu da
beliche.
Lerdo é ele. Eu hein.
Me sentei na cama, Jayla e Javon ainda estavam capotados na cama.
Ela estava usando a mesma roupa de ontem, só que um pouco desgastada,
uma meia em um pé só, e a maquiagem toda borrocada.
Não queria falar nada não, mas tinha batom em tudo, menos na boca dela.
Javon estava sem camisa, a bermuda de ontem, duas meias brancas nos
pés, e com o rosto afundado no travesseiro.
—A Jayla tá pegando aos garotas que eu!—Jaden fingiu estar ofendido.
—O que não é muito dificil.—Desci da cama, peguei minha escova, mas
não achei a pasta.
—A nossa pasta está comigo.—Ele levantou a pasta da mlp que estava na
sua mão.
—Nossa? É MINHA!
—É nossa.—Jaden disse, e saiu andando para o banheiro.
Que abusado!
⋄✦⋄
Depois de organizarmos nossas coisas na cabana, eu e Jaden saímos para
comer.
O lugar estava totalmente vazio e quieto. Provavelmente todos ainda
estavam dormindo por conta do baile de ontem.
—Nossa, isso é tão legal!—Jaden se referiu ao lugar vazio só para nós.—
ALÔ!—Ele fez eco pelo lugar.
—Para!—Empurrei ele de leve.
—Ai!—Ele me empurrou de volta.
—Acha um ralo de banheiro e enfia esse cabelinho de bebê lá dentro!—
Falei, e peguei uma vitamina de morango.
—Come comida.—Jaden pegou um sanduíche natural e estendeu para
mim.
—Eu ia pegar isso.—Peguei o sanduíche da mão dele.
—Ah, ia nada.
Andamos pelo campo verde de mato, até chegarmos perto da cabana do
time amarelo.
—Já conheceu algum garoto dessa cabana tirando o meu irmão?—
Perguntei.
—Infelizmente sim.
—Infelizmente mesmo. Eles são uns babacas. Eu estudei com dois deles
ano retrasado, e até hoje, eles ainda espalham absurdos sobre mim.—
Suspirei.—Jaden! Por favor. Não faz amizade com eles.
Ele me encarou, e passou o braço por cima do meu ombro.
⋄✦⋄
Andamos por mais alguns minutos, e chegamos em uma parte do
acampamento que eu nunca fui antes.
Era um espaço colorido, com luzes fracas acesas. Eu conseguia escutar o
som de músicas clássicas tocando alto.
—O que é aquilo?—Jaden apontou para o lugar.
—Eu sei lá.—Andamos mais rápido, e chegamos perto da porta.—Quer
entrar?
—Quero!—Sorri, e coloquei a mão na maçaneta.
Quando entramos, a música aumentou, e eu vi o que realmente era o lugar.
Era um clube da terceira idade.
—Mentira.—Jaden falou boquiaberta.
—Por que tem um clube da terceira idade no acampamento?
—Para os idosos ué.
—Vem! Vamos entrar.—Puxei ele para o centro do lugar.
Chegamos em um canto que tinha um baú cheio de fraudas.
—ECA!—Jaden gritou alto e todos os velhinhos olharam para nós.
—Pelo menos estão limpas.
—Olá, queridos!—Era uma senhora baixinha, gordinha e de cabelos
brancos com um laço rosa grande preso nele.
—Sai fora, ninguém vai colocar frauda em mim não!—Ele falou e correu
para trás de mim.
—Como é?
—Não é nada, senhora! Perdoe ele, ele é esquizofrênico, já tentei levar
ele no petshop...mas não aceitaram.
—PARA!—Ele mordeu meu ombro.
—Vai se f...
—Com licença!—A senhorinha falou docemente—Vocês estão perdidos?
—Não...quer dizer, estávamos passando e entramos.—Sorri.
—Oh! Que maravilha. Vocês querem participar da nossa festinha?
Que fofa
—Ah nã...
—Sim! Vamos dançar.—Interrompi Jaden, cruzando nossos braços.
Eu fico toda bobinha quando o assunto é idosas!
—Vocês formam um casal lindo! Me lembram muito eu e meu
namoradinho quando éramos adolescentes.
—Muito obrigada!—Falei sorrindo igual uma tonta, nem estava prestando
atenção no que ela estava dizendo.
—Ela acabou de chamar a gente de namorados.—Jaden sussurrou no meu
ouvido.
—Mas nós não somos namorados, somos amigos! —Repondi para ela.
—Me perdoe pelo engano, mas vejo que são muito fofos juntos, e tenho
certeza que seja uma amizade para a vida toda!—Ela pegou nossas mãos e
cruzou elas.
—Vamos?—A senhora disse, e andou devagar até o salão de dança.
Eu fiquei lá parada sorrindo boba.
—Hello?!—Jaden falou, e soltou minha mão.
Acordei.
—Ela literalmente cruzou nossas mãos e chamou a gente de casal, e você
ainda concordou?!
—Eu não concordei com nada não!
—Mas também não discordou!
—Ah, eu estava encantada, é diferente. E outra, nós nunca mais vamos ver
essa senhora na vida, não tem problema nenhum.
Ele revirou os olhos, e eu fui até a pista de dança.
Estava tocando uma música mais animada, eu estava adorando.
Me juntei com um senhorinha vestida de amarelo, e comecei a imitar os
passos de dança dela.
Era um movimento lento, mexendo os braços e girando.
Eu sei que estava ridícula, mas são velhinhos, vai...
Jaden estava do outro lado do salão fazendo trança no cabelo de uma outra
velha.
Ela tinha algumas mechas azuis pelo cabelo, muito fofa.
Corri para perto deles, ofegante, e dei risada da cena.
—Que bonitinho!—Falei sorrindo.
—Estou amando.—Jaden terminou de fazer uma trança, e começou outra.
—Deixa eu ajudar?
—Faz a make.
Peguei um blush que tava jogado lá em cima, e apliquei na pele da mesma
velha com um pincel.
—Quer um batom rosa delicado, ou um bem arraso vermelho?—Perguntei
com os dois batons na mão.
—Vermelho, quero ficar bem bonita para o encontro com o meu namorado.
—Ela disse mexendo no cabelo.
—A senhora já está linda!—Comecei a passar o batom nela.
Ficamos lá por mais um tempo, e terminamos de arruma-la, ela estava bem
bonita.
Ela saiu, e eu e o Jaden ficamos lá deitados no sofazinho afastados.
—Meu Deus, como eu nunca fiquei sabendo desse lugar?
—Você não é velha, ué.—Jaden respondeu.
Mostrei a língua, e fechei a cara.
—Quem mostra a língua pede beijo.
—Então vai lá beijar a dona Rosângela.—Falei da velhinha que estava
conosco agora há pouco.
—Eu vou! Ela é mais bonita que você.
—E com certeza muito mais que você!
—Se fode então.
—Se fode você.
—Te odeio.
—Te odeio mais.
—Foda-se.
—Foda-se.—Imitei com um tom de voz irritante.
—Acha um ralador bem grande e pula dentro dele.
—Faz tutorial.
—Horrenda.
—Leite estragado.
—Lavou seu cabelo com shampoo de laranja?
—O que? Não.
—Por que seu cabelo tá um bagaço.
—Quer um autógrafo?
—Assina no seu chifre.
—No seu, só se for.—Franzi o cenho.
Ele apenas mostrou o dedo do meio, e saiu andando.
—Me espera, seu pedaço de mofo.
—Eu não, Adriana Lima da esquina.
—Ah, para de latir.—Segurei a blusa dele como uma criança.
Ele mostrou a língua, e virou a cara novamente.
—Quem mostra a língua pede beijo.
—Da um beijinho aqui, então.—Jaden apontou o dedo para sua bochecha.
—Nem se eu dependesse disso para sobreviver.
—Você diz isso, mas tá louquinha para me dar uns amassos!
—Eu? Nunca.
Jaden abraçou o próprio corpo como se estivesse beijando alguém, esse
moleque tem problema no cérebro?
—Que lindo! Perdendo o BV!
—A única BV aqui é você!
—Eu não, você é que é.
—Eu já beijei várias garotas, ok? BV.
—Eu tenho certeza que já beijei mais garotas do que você.
—Nos seus sonhos.
—Para de ser insuportável, vou pedir para trocar de dupla.—Cruzei os
braços.
—Melhor para mim.
—Você que pensa, sei que vai sentir saudades de dormir abraçadinho.
—Primeiro, foi apenas uma vez! Segundo, não, eu não vou sentir saudades
de você, NUNCA.
—Mas você gostou, não gostou?—Perguntei sorrindo.
—Não, você não tem um cheiro agradável.
—Que mentira! Eu senti você me cheirando várias vezes durante a noite.
—Isso já é coisa da sua cabeça, tá ficando louca.
—Jaden, você parece criança. Ficou mexendo no meu cabelo, me
cheirando, e fazendo carinho na minha cintura a noite inteira.—Falei em tom
de sarcasmo.
—Sonhou alto.
—Quem sonhou foi você, com aquela tal de Lola, que você faz questão de
falar dela enquanto dorme todas as noites.
—Calma, xuxu. Não precisa ficar com ciúmes!
—Ah, se joga do prédio, vai.
—Faz tutorial.
E seguimos assim, se xingando pelo resto do caminho. Adoro fazer isso.
✦✦✦
Meu TikTok: @maxccline
Meu Instagram: @maxccline
8.

13/06
Quarta - feira
15:00
⋄✦⋄
Estávamos sentados no chão de grama, eu conversava com os Walton
sobre o baile de ontem.
Eu queria saber de tudo que tinha rolado, mas eles pareciam esconder as
coisas mais legais.
—E aí, ela disse: "Então eu sou a Ariana Grande!"—Javon terminou de
contar e todos riram alto.
—Foi legal! Mas eu queria que estivesse lá.—Jayla comentou com a
cabeça no meu colo.
—Foi mal! Eu não curto sair.—Respondi.
—E isso é um defeito, espero que saiba disso.—Jaden falou.
—Sim, eu sei. E olha...não pretendo mudar.
As atividades de hoje vão começar as três e meia da tarde por conta do
baile de ontem, então já estávamos nos preparando para jogar.
Hoje vamos literalmente fazer roupas.
Vamos usar tesoura, linha, agulha, etc...
—Eu tô zero animada pra essa atividade, gente. Sério.—Jayla disse se
levantando.
—Ah, eu acho que não vai ser tão ruim.—Me levantei também.
⋄✦⋄
A atividade começou, e era em dupla. (Pra variar)
Cada time escolhe uma dupla para realizar a atividade, e o Javon e a Jayla
insistiram para que Jaden fosse o estilista, e, consequentemente, eu seria a
modelo. Ótimo.
Jaden e eu estávamos discutindo faz um tempinho, por que eu quero fazer a
roupa, e ele quer que eu seja a modelo.
—Qual é?! Não custa nada.—Jaden falou com tédio.
—Por que EU tenho que ser a modelo?!—Respondi com os braços
cruzados.
—Por que você é menina, e as meninas tem um corpo melhor para se
ajustar aos vestidos.
—Ok, eu sei que meu corpo é lindo mesmo.—Sorri convencida.
—Meu Deus, não foi isso que eu quis dizer.—Ele revirou os olhos.
—Ai Jaden, eu sei! Tá bom, eu vou ser a modelo, vai.—Me sentei na
poltrona da sala de costura.
—Finalmente!—Ele sorriu vitorioso.—Ok, vamos começar.—Ele pegou
um pedaço de pano, e colocou em volta do meu braço direito.
—Misericórdia, alguém me tira daqui.
—Levanta, xuxu.—Ele pegou minha mão, e me puxou para levantar.
—Jaden, eu sei que você não tem ideia do que vai fazer.—Falei rindo.
—Cala a matraquinha, deixa eu ver qual é a sua paleta!—Ele colocou um
tecido preto em volta da minha cintura.
—Paleta?
—É, sabe? Tipo, pra ver qual cor combina mais com você.—Jaden
colocou outro tecido da cor rosa em mim.
—Hum, incrível.—Fingi emoção.
—Não..—Ele tirou o tecido rosa, e colocou um vermelho escuro.—
PERFEITO!
—Perfeito?
—Sim, vermelho ficou perfeito em você!—Agora ele está com o tecido
em volta do meu pescoço.
—Obrigada..?
—De nada.—Jaden se afastou, e começou a pegar mais tecido vermelho.
Ok, esse é um lado do Jaden Walton que eu nunca tinha visto, estilista?
Surpreendente.
—Que tal umas luvas?—Ele se levantou novamente, pegando mais tecido
preto.
—Ai, adoro!—Coloquei meus braços pra frente.
Jaden colocou o tecido em volta do meu braço direito, e marcou com
alfinete.
—Vai ficar gata com essa roupitcha, e digo mais.—Jaden falou
bagunçando meu cabelo.
—Não preciso de esforço pra isso, meu bem.
—Um "obrigado" estava ótimo.
⋄✦⋄
Ficamos lá conversando mais um pouco, e Jaden finalmente começou a
fazer a roupa.
Demorou pouco tempo para ficar pronta, mas passou voando enquanto a
gente ria e conversava.
—Isso está estranhamente bom.—Apontei para o vestido em cima da
cama.
—Por que "estranhamente"?!—Ele colocou a mão na cintura e ergueu uma
sobrancelha.
—Ora, por que foi você que fez.
Jaden abriu a boca incrédulo, e fechou a cara.
—Estou brincando!—Sorri, e ele continuou com a cara fechada.
—Ah, para!—Dei um tapinha no braço dele, e nada.
—Jaden...—Continuou em silêncio.—Não vai querer fazer as luvas,
então?
Na hora, ele já mudou de expressão, e foi atrás dos tecidos escuros na
caixa.
—Estou pensando em colocar umas pedrinhas brilhantes nelas.—Jaden
pegou tecidos pretos de cetim transparente.
Sorri vitoriosa, e levantei meu braço para ele medir.
Ele ficou um tempinho lá medindo, e já estava com tudo marcado.
—Olha aí, ficou tudo torto!—Ele levantou o tecido com alfinetes.—
Também, não para quieta!
—EU?! Você não sabe fazer as coisas, e a culpa é minha?!
—Sim! Eu sou só um garotinho, e você fica judiando de mim, se mexendo
de propósito.
—Ora, tenha santa paciência!—Revirei os olhos e me joguei no sofá que
tinha lá.
—Tenha santa paciência, você! E levanta daí! Tá cheio de alfinetes.—
Jaden mexeu a mão como se tivesse me chamando.
—Ai!—passei a mão no meu short, tirando alguns alfinetes.—Ui!
—Ai, tinha que ser amiga do Javon.
—Como é que é?
—Tinha que ser amiga da Jayla!—Ele aumentou o tom.
—Da Jayla e do Javon? Pelo amor de Deus, Jaden.
—Minha é que não é.—Ele desviou o olhar.
—E você também não é meu amigo!
—Ah, quer enganar quem? É claro que eu sou seu amigo, mas você não é
minha amiga.
—Me poupe.
⋄✦⋄
JADEN
Eu já tinha terminado o look completo, e estava lindo...eu sou muito
talentoso.
—Eu nunca achei que diria isso, mas..Jaden, seu trabalho está incrível.
—Ha, ha, engraçadinha.
—Sou mesmo. Muito engraçada, eu.—Ela ajustou o vestido que estava
curto, e sorriu.
—Shiu!—Dei um tapinha na mão dela, e comecei a arrumar o vestido
como estava antes.
—Que isso? Tá querendo me deixar sem roupa, moleque?
—O conceito do vestido é esse, sua cururu!—Coloquei o vestido no
comprimento de antes.
—Ah não!—Colocou o tecido pra baixo.
—Ah sim!—Tirei a mão dela, e arrumei.
—Meu querido, eu não sou a Kylie Jenner, e você não é costureiro da
Versace.
—Minha querida, que EU saiba, você é apenas a modelo, e modelo não
tem direito de escolher nada.
—Que horror!—Cruzou os braços.—Tá, eu uso o vestido, mas com uma
condição!
—Eu não tô implorando pra você usar o vestido.
—Ah é? Tá bom. Então eu vou tirar, e ninguém vai ver a sua "obra de
arte".
—Não que eu esteja desesperado, mas fala logo qual é essa tal de
condição aí.—Suspirei sem paciência.
—Eu quero aquele seu perfume da Versace.—Ela sorriu erguendo as
sobrancelhas.
—MEU EROS FLAME?!
Não, ela só pode estar ficando louca.
—Por que? Você tem outro?
—Não! E eu não vou te dar meu perfume.
—Então, tá.—Max abaixou a mão até o sapato para desabotoar.
—Tira a mão daí!—Dei outro tapa.—Tá bom, depois a gente vê o negócio
do perfume, agora vamos logo lá mostrar meu lookinho!
—Não! Não tem essa de "depois", não. Você vai me dar o perfume, ou
não?—Revirei os olhos.—Qual é, Jaden! Aquele perfume custa trezentos
dólares!
—Garota?! Você é rica.
—Mas eu quero o seu.
Suspirei fundo.
—Tá. Eu te dou o perfume, agora vai logo.
—Amo conseguir o que eu quero.—Ela beijou o próprio ombro, e saiu
para mostra o MEU lookinho.
Essa menina é impossível.
Mostramos os looks para os jurados (os professores de arte do
acampamento) e pelo brilho no olhar deles, eles amaram minha obra.
Não é querendo me achar nem nada, mas eu arrasei.
Eles disseram que o comprimento e a criatividade da luva estavam
impecáveis, o COMPRIMENTO DO VESTIDO entregou o conceito da moda
atual, os sapatos de plataforma fina ficaram equilibrados com o peso dos
acessórios dourados, e os cabelos lisos e cumpridos mostravam confiança e
personalidade.
Eu nunca errei, e se errei foi tentando acertar.
⋄✦⋄
MAXINNE
Enquanto os "jurados" estavam decidindo o ganhador, Jaden tagarelava no
meu ouvido, dizendo o quanto ele é bom em tudo que faz, e que a obra dele
está "magnífica", e etcetera, etcetera.
—Jaden! Alá, eles vão falar o vencedor!—Apontei para os carinhas lá se
levantando.
—Meu Deus! Meu senhor! Me ajuda, por favor.—Ele respirava fundo, que
menino desesperado.
—Cala a boca!—Sussurrei alto.
—Foi difícil a escolha, mas...como sabem, temos que determinar apenas
um ganhador.—O cara mais velho disse.—O resultado é justo, e decidimos
dar a vitória da competição de moda para...o time Azul!
Jaden me abraçou forte de lado, e logo senti várias outras pessoas
abraçando nós dois. Era o restante do time.
Ganhados a prova de moda. Realmente empolgante.
Todos saíram do abraço, e Jaden continuou apertado em mim. Moleque
carente.
—Jaden. Pode soltar.
—Eu não, você tem cheiro de cereja.—Ele disse sorrindo com os olhos
fechados.
—Eita.—Fiz carinho no seu cabelo, sorrindo.
Jaden não demorou muito para me soltar, e logo escutamos o homem dizer
mais uma coisa.
—E como qualquer competição, claro que temos prêmio para o vencedor.
—O brilho no olhar de Jaden cresceu em segundos.—Vocês poderão levar a
peça fabricada para casa!
Nunca vi um brilho sumir tão rápido.
—Ah, sério? O PRÊMIO É UM VESTIDO?!
—Para de gritar! Vai que eles cancelam meu vestido!—Coloquei as mãos
no tecido vermelho.
—Seu vestido? O vestido é meu!
—Então usa!
—Não!
—Então se fode!
—Óóó!—Jaden colocou o dedo na minha boca para eu fazer silêncio.
Mordi o dedo, e ouvi um gritinho fino.
Eu ri.
Empacotamos o vestido e as luvas, e arrumamos para colocar nas malas.
—Ainda não achei justo esse tal de "prêmio".—Jaden resmungava sentado
na cama enquanto eu guardava a roupa.
—Eu achei.
—Tipo? Fui EU que fiz a roupa, por que que VOCÊ que não fez
absolutamente nada, que ganha o prêmio? Eu suei e trabalhei duro nesse
vestido.
Ok, agora eu estou ficando com dó.
—Ah, toma!—Peguei um uma pulseirinha de ouro com um pingente em
formato de "L" e entreguei para ele.
—Pra que esse "L"?!
—Lana d...
—Ah! Tinha que ser, né?!—Colocou a mão na cintura.—"Lana Del
Rey"—Ele falou com um tom irritantemente fino.
—Não quer? Tá.—Recolhi a pulseira de volta.
—Tá bom, me dá aqui.—Pegou a joia da minha mão.
Mostrei a língua, e eu sei..eu já deveria ter aprendido.
—Quem mostra a língua pede beijo.
—Da um beijinho aqui, então!—Me aproximei fazendo bico.
Jaden colocou a mão no meu rosto, e deu um beijinho no meu queixo.
Sorri, e neguei com a cabeça.
—Jaden, você não existe!
—Existo sim.—Ele beliscou minha barriga, e saiu correndo.
✦✦✦
Meu TikTok: @maxccline
Meu Instagram: @maxccline
9.

14/06
Quinta - feira
08:00
⋄✦⋄
Hoje é a véspera do meu aniversário, e eu não diria que estou empolgada.
A palavra certa é: ansiosa.
Fazem alguns anos que eu não comemoro meu aniversário, provavelmente
uns sete. Por alguma razão, eu estava pensando em como seria passar meu
aniversário de dezesseis anos em um acampamento com pessoas que eu não
conheço.
No momento, estava deitada do lado de Jaden Walton usando um moletom
roxo da Natasha Romanoff com um short frouxo de dinossauro que roubei do
meu irmão. Fora as meias de dormir com estampa de bolinhas amarelas e o
coque desajeitado no cabelo embaraçado.
Não poderia estar pior.
O som da buzina ecoou pelo quarto quando deu exatamente oito e seis da
manhã. Sim, eu fiquei contando os minutos para todos acordarem, o silêncio
me dá medo as vezes.
O barulho mal acabou, e já senti uma mordida no meu ombro, é claro que
era Jaden. Essa criança é um perigo para a sociedade!
— Ai garoto, me erra! — Dei um tapa na testa dele.
— Huum..— Jaden murmurou se jogando em cima de mim.
— Tá dormindo ainda? — Perguntei me virando.
— Hurum.
—Jaden, está falando enquanto dorme? Ou melhor, está me mordendo
enquanto dorme?! — Pergunto incrédula.
—É... — Ele sussurrou sem empolgação. — Vamos adotar um urso preto?
— Não. — Falei com tédio. —Agora, acorda! — Dei um cotovelada
fraca.
— Não me bate. — Murmurou sem vontade.
— Então acorda! — Não recebi resposta. — Jaden!?
—AH GAROTA! — Senti um empurrão no meu ombro. — Você é muito
chata, eu hein. — Jaden desceu da beliche batendo os pés.
Agora eu que sou a errada?
— Jaden Walton! — Ouvi o grito firme da Jayla no outro lado do quarto.
— Para de gritar.
— Relaxa, é só a primeira dr! — Javon comentou baixo, mas eu escutei.
— Olha... — Jaden começou. — Eu poderia tentar argumentar, mas não
vale a pena.
— Não vale por que? Recalcado. — Ela ergueu uma sobrancelha.
— Não vou nem responder uma pergunta tão besta.
⋄✦⋄
Hoje temos aula de arte, não é uma competição, é só... aula de arte.
Estávamos apenas Jaden e eu nos arrumando, até que ouvimos miados
vindos de baixo da nossa cama.
Jaden se baixou para ver, e percebeu que a Lana estava lá toda encolhida.
— Godofreda? O que houve, filha!? — Sussurrou com delicadeza.
A gata miava sem parar no colo de Jaden, eu podia ver nos olhos dela que
estava incomodada.
— Jaden, ela está sentindo dor. — Falei com os braços cruzados.
— Como você sabe? Ela ainda não sabe falar.
"Ainda"...
— Eu sei. Confia em mim, eu já tive um gatinho.
— Você?! Toda ranzinza desse jeito?! Não acredito! — Ele respondeu
sorrindo.
— É, bocó! Eu já tive, mas isso não importa agora, temos que cuidar dela.
— Revirei os olhos.
— Como assim "Temos"? O responsável dela sou eu! Você nem gosta
dela. — Franziu o cenho.
É verdade. Por que me importo?
— Tá bom. Se vira. — Virei de costas, e continuei a pentear meu cabelo.
— Vou me virar mesmo. — Jaden mostrou a língua e eu sorri de lado. —
E nem vem com aquele papo!
Gargalhei, e abri meu gloss da Kylie.
— Para com esse palavriado! — Jaden falou com a Lana. — Com quem tá
aprendendo essas coisas?! — A gata miou novamente. — Ah, é claro, né?
Claro que foi com a Maxinne!
— É Ma..
— Foda-se.
— Acha um ralador bem grande, e se joga! — Guardei o gloss, e peguei
um delineador.
— Faz tutorial no YouTube.
Fiquei em silêncio e me concentrei no delineado a prova d'água
pigmentando em minha pele.
O que eu não deveria ter feito...ao lado de Jaden Walton.
Ele simplesmente colocou a Lana na dobra do meu antebraço e fez o peso
levar meu braço para baixo, e borrando meu delineado.
—UM DIA EU AINDA ESFREGO A SUA CARA NO ASFALTO! —
Tampei o delineador, e me levantei indo para o espelho tentar tirar. —
JADEN!
— Foi sem querer... — Ele abraçava a gata com força.
— Jaden... — Passei o dedo pela última vez, e não saiu quase nada.
— Passa um demaquilante aí, mulher.
— Eu não tenho aqui.
— Então como é que ia tirar o delineado daí sem demaquilante pra
dormir? — Ergueu uma sobrancelha.
— Eu ia lá pedir pra Alice.
— Então vai lá pegar, ué.
— Não. — Cruzei os braços e sentei na cama.
— Por que não?
— Por que eu não quero.
JADEN
Não que eu esteja pensando em me sentir culpado, mas a cara de tonta
triste da Max estava começando a me deixar triste.
Qual é? Não gosto de ver pessoas tristes.
Então lembrei que a Jayla é mulher!
— Espera aí! — Me levantei e fui para as malas de maquiagem da Jayla.
Peguei um demaquilante, o mais novo que ela tem. Eu lembro de ter
custado uns quarenta dólares, é dos bons.
Voltei para a cama, e Max ainda estava lá sentada com os lábios inferiores
cobrindo os lábios superiores. Fazendo birra numa hora dessas...
— Levanta o chifre.
— Que?
— Levanta a cabeça.
Estou rodeado de pessoas burras.
— Ah tá. — Ela levantou levemente.
Molhei o algodão redondo no demaquilante líquido, e passei brutalmente
ao lado dos olhos dela.
Passei algumas vezes, e já saiu. Que belezinha.
— Pronto? — Perguntou.
— Uhum. — Murmurei.
Apenas coloquei a tampa no vidrinho, quando fui encaixar para tampar,
Max chamou minha atenção, dizendo que sua pele está vermelha.
— Jaden! Tinha que ter passado com mais delicadeza! Minha pele é
sensível, olha aqui. — Ela se virou mostrando a mancha vermelha que ficou
em seu rosto.
— É nada! — Dei um tapinha de leve no braço direito dela que estava
exposto.
Caralho, ficou vermelhão mesmo!
Gargalhei com isso, e ela me olhou feio.
— Mano! Você ficou vermelhona por causa desse tapinha?! — Gargalhei
mais alto.
— Para Jaden!
— Parei.
Parei nada, tô rindo horrores por dentro.
Me virei para ir colocar o demaquilante líquido de volta na mala como se
nada tivesse acontecido.
Foi uma pena eu ter tropeçado em uma camiseta jogada no chão.
Eu só consegui ver o líquido levemente azulado vindo em direção a blusa
branca novinha que eu roubei do Javon.
Fora o que caiu no meu cabelo também, né.
— Ja...den. — Max sussurrou boquiaberta.
— Merda.
— Merda. — Ela veio e me ajudou a levantar. Que micão.
— E agora?! — Arregalei os olhos.
— Agora você foge!
Agora eu fujo!
— Tá, vem, me ajuda. — Abaixei, e peguei o vidro vazio.
Max suspirou, e pegou a blusa que fez eu tropeçar para limpar a bagunça.
— Essa blusa é da menina que dorme aqui. — Apontei para a beliche que
fica ao nosso lado.
— Idai? Ninguém mandou ela deixar jogada aqui no meio do quarto. —
Colocou a blusa preta em cima, e esfregou.
— É verdade. Odeio gente folgada.
— A autocrítica. — Max murmurou, mas consegui escutar.
— O que? — Fiz o sonso por que sou desses.
— Nada.
Terminamos de limpar tudo...só tinha um problema.
O vidro de demaquilante, estava sem o demaquilante.
— O que a gente faz com isso? — Perguntou com a garrafinha na mão.
— Simples. Pega água, e coloca.
— Mas o demaquilante é azul.
— Coloca corante.
Eu sou muito inteligente!
— Ok. — Ela gargalhou. — E você tá jurando que vai dar certo?
— Mas é claro que vai! Sério. Onde tem corante azul por aqui?
— Esse é o problema, não tem.
— Então vou pegar esse troço aqui. — Peguei um quadrado de pó azul
claro que estava em cima da cômoda de maquiagem da Max e raspei dentro
da garrafa.
— JADEN NÃO! — Correu até mim distribuindo tapinhas na minha mão.
— O QUE FOI MULHER?! TEM UMA ARANHA NO MEU CABELO?!
TIRA! TIRA!
Ela apenas puxou o negócio da minha mão, e ficou em silêncio.
— Max?
— Jaden.
— O que?!
— Isso era a minha maquiagem importada. Custou uns noventa dólares...
— Sua voz estava leve.
— Mano. Por que você compra maquiagem de noventa dólares?
— Eu não sei. Comprar coisas caras é a minha terapia, eu compro mesmo
sem precisar. — Sorriu com o resto da maquiagem na mão.
— Max! Não fala assim. Isso custou muito caro, achei que fosse baratinho.
— Relaxa! Agora já foi. — Suspirou entediada.
— Foi mal.
— Cala a boca. — Ela colocou a água que estava em outra garrafa dentro
do vidro com pó azul. — Eu não acredito que tô indo na sua ideia idiota.
— Nem eu.
— Deu certo. — Max agitou bem a garrafa, e ficou até que bom.
— Está bem real! Não acredito.
— Agradeça as minha compras, porque essa maquiagem "cara" tem uma
pigmentação dos deuses!
— Pig... o que?
— Nada, Jaden.
Depois de um tempão chacoalhando a garrafa, finalmente chegou ao tom
certo de azul.
Olha, desconsiderando o fato de que está cheio de pequenas bolinhas de pó
azul, está muito real.
— Pronto. Guarda lá, e vamos embora daqui. — Ela entregou a garrafa, e
eu coloquei de volta no lugar.
MAXINNE
Tá legal, eu sei que essa ideia idiota do Jaden, foi realmente idiota.
Mas não custava nada tentar, né? Não que eu tenha alguma culpa por ele
ter derrubado o demaquilante no meio da fuça empinada dele...
Saímos de dentro da cabana correndo, e fomos para o refeitório.
Lá, encontramos Alice, e meu irmão. Eu não sei onde estavam Jayla e Javon,
então nos sentamos com eles mesmo.
—Bom dia! — Thomas falou com empolgação.
— Oi... — Respondi me sentando ao seu lado.
Alice terminou de mastigar um morango, e logo depois olhou pra mim
como se lembrasse de algo.
— Grande dia especial amanhã! — Ela disse com um sorrisão no rosto.
— É... Talvez.
— "Talvez"? Maxinne! — O repreendi com o olhar. — Max! Amanhã é o
nosso aniversário!
Jaden abriu a boca puxando o ar, surpreso.
— Mano! — Ele disse. — Por que não me contou?!
— Por que não é importante. — Peguei um morango no prato da Alice.
— Ah... — Desfez sua expressão.
Olhei para Tom do meu outro lado, e pedi desculpas baixinho.
— É importante sim. — Thomas olhou para Jaden. — A Max que é uma
cabeçuda ranzinza que não gosta de comemorar aniversários.
— Não me chama de ranzinza. — Falei com a boca cheia.
— E você, não fala de boca cheia, é nojento pra caralho. — Thomas deu
um tapa forte na minha nuca.
— Vai se foder! — Levantei e vi ele sair correndo para sua cabana.
— Ai! Gostei desse seu irmão! — Jaden exclamou.
Revirei os olhos, e suspirei.
— Bom, não tem mais nada pra eu fazer aqui... já que roubaram meu
morango... — Alice levantou, e saiu.
— Tá pegando a Jayla essa daí. — O moreno falou colocando uma torrada
inteira na boca.
— Jaden! Não fala assim.
— Mas é verdade! — Falou de boca cheia, cuspindo farelo.
— Ah tá, vou fingir que acredito. A Alice é homofóbica, Jaden. — Cruzei
as pernas comendo um pedacinho pequeno de morango.
— Não estava parecendo homofóbica ont..
— Não me de detalhes, por favor. — Sorri sem mostrar os dentes.
— Hum, tá bom então. —Ergueu os ombros.
Jaden era bem impulsivo, as vezes fazia ou falava as coisas sem perceber.
Isso é um defeito.
✦✦✦
Meu TikTok: @maxccline
Meu Instagram: @maxccline
10.

15/06
Sexta - feira
07:00
⋄✦⋄
"Grande dia"
Hoje é meu aniversário de dezesseis anos, e bom.. eu acordei uma hora
mais cedo que o normal para bater papo com a minha mãe, estou com
saudades.
Estávamos conversando por chamada de vídeo no notebook, quando
acordei, desci para a parte de baixo da beliche para poder conversar melhor
sem acordar o Jaden. Eu não falava alto, pelo contrário, eu sussurrava em um
tom audível pra minha mãe.
— Já fez amigos novos, querida? — Ela perguntou passando argila verde
no rosto.
Minha mãe é jovem, bonita, e extremamente vaidosa. Enquanto eu falava,
ela estava dentro da banheira fazendo skincare.
— Digamos que sim. — Sorri. — Mas você sabe... os amigos do
acampamento, são somente do acampamento! Já que depois que voltamos pra
casa, nunca mais nos falamos. Sempre foi assim.
— Ah, está certa. — Terminou de passar a argila, e olhou para a tela do
seu celular escorado em um fraco de shampoo. — Já ficou com algum
gatinho? — Neguei com a cabeça. — Ah, então... gatinha? — Sorriu.
— Não, mãe. Não "fiquei" com ninguém.
— Minha filha, não vá se juntar com aqueles moleques novamente, por
favor. — Ela fez uma expressão triste olhando pra mim.
— Relaxa, mãe.
Eu nasci quando a minha mãe tinha a minha idade, quinze... quer dizer,
agora eu tenho dezesseis, mas é quase a mesma coisa.
Ela veio de uma família simples e não muito conhecida, já o meu pai, já
nasceu podre de rico. Pra ela, o dinheiro e o poder sempre foram as coisas
mais importantes, engravidou do meu pai "sem querer" e consequentemente,
se casou. Ficou com uma boa herança quando ele morreu, mas não satisfeita,
ainda fica com velhos ricos até hoje.
Sinto que ela não se importou tanto com a morte do meu pai como eu. Na
verdade, eu sei que ela não se importou.
Todos dizem que eu puxei o gênio e a personalidade forte dela.
— É como eu sempre digo, garotos são idiotas. — Suspirei. — Menos
aqueles que são fofos! Maxinne, por favor arruma um garotinho fofo! —
Colocou um cigarro na boca.
— Nunca vi um garoto fofo, bonito, e engraçado ao mesmo tempo. — Ela
me olhou com cara feia. — Quer dizer... geralmente alguns são gays.
— Maxinne, agora você se superou.
— É Max!
— É o que? Fax?! — Um barulho alto de avião começou a ecoar pela
chamada de vídeo, a gente mora perto do aeroporto.
— Não, mãe. É MAX! — Gritei um pouco alto demais.
— Para de gritar, Max... — Ouvi a voz baixa e rouca de Jaden vindo da
parte de cima da cama. — Max?!
— Eu tô aqui... — Bati algumas vezes na madeira que fica o colchão de
cima.
Jaden colocou a cabeça pra fora da cama para me olhar, e ergueu uma
sobrancelha.
— Oh... Maxinne, isso é o que eu tô pensando que é?!— O barulho
finalmente diminuiu.
— É o que, mãe?
— É um garoto..? — Ela disse em um sussurro gritante.
— Sim! Quer dizer, eu acho que eu sou um garoto. — Jaden se sentou ao
meu lado olhando para minha mãe.
Minha mãe sorriu boquiaberta. — Uh... — A repreendi com o olhar. —
Maxinne... por que não me contou sobre o cabeludinho de aparelho?
Ele se virou para olhar pra mim, e sorriu.
— Mãe! — Murmurei.
— Hum... por que não contou sobre o garoto de aparelho, Max? — Jaden
se virou de novo para o notebook.
Suspirei.
— Mãe, esse é o Jaden. Jaden, essa é a minha mãe. — Falei com tédio.
— Oi! Oi Jaden. — Ela disse empolgada.
— Oi senhora Cline! Já ouvi falar muito da vossa pessoa! — É mentira.
— Hum, que educadinho! Max, adorei ele! Tem a minha permissão. —
Colocou o cigarro na boca novamente.
— Permissão pra que, dona Virgínia?! — Perguntei.
— Ora. — Soltou a fumaça. — Eu já saquei o que tá rolando.
— Huum... — Jaden arregalou os olhos.
— MÃE! Tchau. Até mais tarde, tenha um bom dia. — Falei rápido e fui
fechar o notebook.
— Bom dia, querida! Ah... Maxinne! — Parei de abaixar a tela. — Feliz
aniversário! — Sussurou, eu sorri, e finalmente desliguei a chamada.
Agora provavelmente ela vai ligar para o Tom, e dizer que ele e a Alice
formam um casal lindo.
— Você está bem vermelha... — O moreno ao meu lado comentou.
— Jaden... ignora tudo que ela disse.
— Ah não! Ela me chamou de aducadinho! — Colocou o braço por baixo
do meu corpo para me abraçar, e logo fechou os olhos.
— Ela é meio louca.
— Não é não!
— É sim. — Abracei de volta, e fechei o olhos.
— Tá louquinha pra dormir de conchinha. — Jaden sussurrou no meu
ouvido.
— Tô mesmo, Jaden. Desesperada. — Ironizei.
Mandei mensagens de carinho para Thomas, e o parabenizei. Logo ele fez
o mesmo.
Amo meu irmão!
Mas não fala isso pra ele.
⋄✦⋄
Já era oito e sete, e a buzina estava tocando há uns cinco minutos sem
parar.
Realmente empolgante. Ha ha ha.
Mal abri os olhos, e Jaden já estava resmungando na minha cabeça.
Depois de um tempo, ele saiu para o banheiro e me deixou lá deitada.
Eu estava quase dormindo, mas estava muito calmo pra ser dupla de Jaden
Walton.
Ele pulou em cima de mim gritando, e me abraçando forte.
— Feliz aniversário, Maxinne! — Deu um beijinho no meu ombro. — Da
feliz aniversário pra ela, Goda! Dá! — Ele colocou as patinhas da gata em
cima de mim.
— É MAX! — Sorri e me encolhi por causa das cosquinhas.
— Desculpa por não ter falado isso antes, eu não tinha racionado nada
ainda. — Finalmente sossegou, devolveu a Lana pro chão, e ficou lá em cima
de mim.
— Não, não desculpo. — Fechei a cara e coloquei as mãos no rosto.
— Ah, cala a boca. — Sussurrou, e saiu de cima de mim.
— Vem calar. — Tirei as mãos do rosto.
— Se quiser me dar um beijo é só pedir, Maxinne. — Se apoiou na cama
com o cotovelo direito.
— Ai cara! Me dá um beijo! — Brinquei, e sorri.
Jaden se aproximou do meu rosto, colocou as duas mãos nas minhas
bochechas, e me puxou para perto de si.
Ele é uma piada.
Antes de nos encostarmos, virei bruscamente meu rosto, me
desequilibrando e caindo no chão.
— Eita.
— Puta que me pariu. — Comentei levantando.
— Ei! Não fala assim.
— Mas eu não estou mentindo. — Falei naturalmente me sentando
novamente na cama.
— Dá pra parar de difamar sua mãe?!
— Ah, foi mal... é tão divertido.
— Cara! Ela é sua mãe.
— Conhece alguma mãe que escuta Lana Del Rey, sai para encontros
"quentes", frequenta festas e volta ao amanhecer, é sério, ela literalmente
fumou maconha na minha escola! E anda sem blusa pela casa! — Sussurei
alto a última frase. — O garoto me olhava com os olhos arregalados. — Ela
fala na minha cara que engravidou do meu pai pra ficar com a grana, Jaden.
— Ok, agora você está exagerando! Não é possível.
— Jaden, a minha mãe tem trinta anos.
O moleque travou a garganta, e tossiu duas vezes.
— Como assim a sua mãe tem trinta anos?!
Suspirei.
— Resumindo, digamos que ela tinha uma mãe muito conservadora que
não deixava ela sair pra encontrar o namorado. E quando saiu... Ela se
fodeu.
Não foi intencional.
— Meu Deus. — Jaden falou.
Gargalhei.
— FELIZ GRANDE DIA!! — Jayla gritou correndo em nossa direção e
pulou em cima de mim.
— SAI, CAPETA! — Jaden gritou atrás de mim.
Basicamente quando Jayla foi pular em cima de mim, acabou acertando
nele também.
— Jaden! Não fala isso, é feio.
— Espera, Jaden te contou do meu aniversário? — Virei para olhar o
garoto. — Seu fofoqueiro!
— Ele é um Maria fifi de primeira!
— Espera, é o aniversário da Max e ninguém me avisou?! — Javon
chegou vestindo o moletom azul escuro.
— Bem vindo ao mundo dos excluídos. — Jaden saiu de trás de mim, e
levantou.
— Eu não sou excluído, tá? — Colocou a mão na cintura. — O excluído
do trio é você!
— Own! Que fofo! Somos um trio. — Jaden deu um beijinho na bochecha
do Javon. A força.
— Feliz aniversário, Max! — Javon empurrou Jayla de cima de mim, e eu
me levantei para abraçá-lo.
— Obrigada, jav. — Sorri.
— Ai, doeu. — A garota se levantou da cama.
⋄✦⋄
Estávamos prontos para a próxima competição! Culinária.
Tema livre, tempo livre, ingredientes livres, maravilha.
Nosso time todo estava lá, quer dizer, quem queria participar, estava lá.
Estávamos arrumando os ingredientes em cima da mesa para começar.
— O que vamos fazer? — Jayla perguntou.
— Bolo de aniversário! Bolo de aniversário! — Jaden respondeu
empolgado.
— Pra que?! — Javon falou o outro lado do balcão.
Nós três olhamos pra ele ao mesmo tempo rapidamente.
— A... — Sussurrou.
— Eu não sei o porquê de eu ainda me surpreender. — Jayla comentou.
— Nem eu, nem eu.
— Tá, então vai ser bolo? — Ela perguntou.
— Sim! — Jaden respondeu, e colocou um potão de chocolate em cima da
mesa.
— Ok. — Javon colocou trigo também na mesa.
— A gente agindo como se soubéssemos super o que estamos fazendo. —
Jayla falou pegando o fermento.
— A minha mãe me ensinou o básico... o resto, a gente se vira. — Falei
rindo.
— Vai na sorte!
Coloquei dois ovos, duas xícaras de açúcar, e três colheres de manteiga
dentro de uma vasilha grande.
— Eca! Por que tá colocando ovo no bolo?! — Jaden perguntou
indignado.
— Ué? — Respondi confusa.
— Ai amiga, não liga não! Ele é burro.
— Sim, mas é melhor o bolo não ter cascas de ovo. — Javon tirou um
pedaço de casca de dentro da mistura.
— Hum.. cocrante! — Jaden brincou pegando um pedaço da barra de
chocolate que era do recheio.
Ai Deus... me puxa de novo!
— Puta que pariu. — Jayla comentou rindo.
Coloquei o negocinho da batedeira na tomada e comecei a mexer até ficar
uma massa mais ou menos homogênea, e desliguei.
— Javon, coloca três xícaras de trigo aqui dentro. — Apontei para a
mistura. — Jayla, liga o forno pra ir pré aquecendo.
Ela foi, e Jaden parou de comer o chocolate rapidamente, e olhou pra mim
com uma sobrancelha levantada.
— E eu?
— Coloca a água pra esquentar até ficar morna.
— Ah não, isso da muito trabalho. — Jogou a cabeça pra trás.
— Tá bom, eu faço isso. — Larguei a batedeira.
— Não, tá bom, eu coloco. — Jaden desceu do balcão e foi colocar a
água pra esquentar.
— Tem que ficar morno, não quente. Se você deixar esquentar de mais,
vai acabar com toda a receita!
— Ah pronto! Agora se der errado a culpa é minha?!
— Sim. — Eu, Jayla e Javon falamos juntos.
Jaden ficou murmurando algo por um tempo, e logo trouxe um copo de
vidro com água.
— Pronto, está morna. — Me entregou o copo cheio.
Joguei a água lá dentro, acho que seriam mais ou menos uns 300ml.
O trigo já estava dentro do vasilha, então comecei a bater a massa de novo.
Depois que a massa ficou na consistência certa, nem muito rala, nem muito
pesada, coloquei uma xícara e meia de achocolatado em pó.
Mexi bem, e depois coloquei uma tampinha de fermento e liguei a batedeira
novamente.
— Eu ouvi dizer que se bater muito rápido na hora do fermento, a massa
desanda. — Jaden comentou ainda sentado em cima do balcão.
— Mito.
Despejei a massa na assadeira já untada com óleo e trigo, e espalhei bem.
Coloquei dentro do forno ligado com aquecimentos superior e inferior
ligados.
— Quem vai lavar a louça?
— Jaden! — Jayla e Javon falaram juntos.
— Tá te brincadeira com a minha cara?! — Ele respondeu completamente
indignado.
Eu ri, mas parei quando Jaden me olhou com os olhos arregalados.
— É sério! — Ele começou. — Eles estão se revoltando contra mim
desde hoje de manhã!
— Desde de de manhã não, Jaden. Eu me revolto com vocês desde que
nasceram. — Jayla falou naturalmente.
— Nossa, queria dormir sem essa. — Javon falou boquiaberto.
— Que pena. — Ela respondeu. — Agora se virem pra decidir quem lava
essa sujeira, vem Max! Tenho uma coisa para te contar. — Jayla me puxou
para fora da cozinha.
Jayla é a minha nova pessoa favorita.
— Me conta!
— Olha, você sabe aquela Alice?
— Sei, ela mora lá perto de casa. Era minha melhor amiga. — Cruzei os
braços.
— Ok, sabe, eu pedi para uma pessoa stalkear ela nas redes sociais, e
descobri que ela se diz "hétero". — Fez aspas com as mãos.
— Estou sabendo disso.
— Mas aí é que está! Ela não tem jeito nenhum de hétero! Sabe? Ela usa
allstar e faz delineado! Olha, não é querendo estereotipar nada não, mas é a
minha intuição!
— Acredita que eu também sempre tive essa intuição?! Mas sei lá... ela é
homofóbica.
— Eu estou confusa! Eu quero ficar com ela, mas...
Ergui as sobrancelhas.
— Ela me olha de um jeito diferente. Isso é muito notável, mas ela só me
deixa mais confusa. — Suspirou.
Fiquei em silêncio, e apoiei minha cabeça na minha mão.
— Odeio sofrer por mulher. — Ela disse choramingando.
— Você... quer uma ajudinha? Talvez... uma mãozinha? — Sugeri.
— O que você poderia fazer?
— Conversar com ela...?
Suspirou fundo. — Tá. Pode ser.
— Então está combinado, eu vou fazer algumas perguntar discretas pra
ela, e depois te conto!
— Obrigada! — Ela me abraçou e eu sorri.
— Não tem de que! — Brinquei.
— E você, dona Maxinne? Não tem nenhum garoto na área?!
— Olha... — Sorri. — É claro que não! Que pergunta boba.
— Ah, vai saber. Achei que você iria querer ficar com meu irmão.
— Já te disse que não temos química nenhuma. — Falei com tédio. — E
fala baixo! Vai que eles escutam.
— Foi mal! Não está mais aqui quem falou.
✦✦✦
Inclusive, a receita do bolo é minha mesmo!! 😁💗
Meu Instagram: maxccline
Meu TikTok: maxccline
11.

15/06
Sexta - feira
13:00
⋄✦⋄
O bolo quase queimou, mas graças a mim, deu certo.
Sou uma pessoa muito necessária pra sociedade.
Coloquei a assadeira redonda em cima da mesa, e fui logo fazer o recheio.
— Recheio de que? — Perguntei.
— Chocolate, óbvio! — Jaden respondeu.
— Está bem. — Peguei a barra de chocolate. (pela metade, por que Jaden
havia comido quase toda.)
— Deixa eu fazer?! — Jayla se aproximou pegando a barra da minha mão.
— Ah, claro! — Entreguei tudo pra ela.
— Javon! Pega morango na geladeira. — Ela mandou.
— Qual a palavrinha mágica?? — Javon respondeu.
— Agora.
— Tá bom, desculpa.
Jaden deu batidinhas com a mão ao seu lado vago do balcão.
Me sentei ao seu lado.
— Está com cheiro de chocolate. — Jaden sussurrou colocando a cabeça
no meu ombro.
Fiz carinho de leve nos cabelos dele.
Eu obviamente não disse isso em voz alta, mas o cheirinho de bebê nos
cabelos de Jaden me agradava.
— Parem de namorar! Qual é... eu tô sofrendo por mulher. — Jayla
comentou comendo o resto de leite condensado.
— Que mulher? — Jaden perguntou ainda escorado em mim.
— Não te interessa!
— Ah! Interessa sim! Conta pra gente quem é... — Javon brotou trás da
Jayla de repente.
— Não!
— Oh menina insuportável, viu? — Javon falou decepcionado. —
Desconta tudo na gente para ficar "sofrendo por mulher".
— Me identifiquei. — Jaden falou quase dormindo no meu ombro.
— Cuidado, Max. Ele baba igual neném quando está dormindo. — Jayla
começou a mexer o recheio na panela.
— Falou a adulta. — Ele respondeu todo embolado.
Mexi bruscamente meu braço, e num susto, ele acordou confuso.
Escutei ele resmungar baixo, e me empurrar forte, fazendo eu me
desequilibrar de cima do balcão.
— Desculpa, Max! Desculpa. — Me segurou pelo braço.
Mostrei a língua, e tirei o braço dele de mim.
— Quem mostra a língua pede beijo. — Jayla e Javon falaram juntos.
— Vão pra put..
— Óóó! — Os dois falaram juntos.
Estávamos quase acabando de fazer, só faltava colocar o corante no
chantilly.
— Que cor vamos colocar? — Jaden perguntou terminando de mexer o
chantilly.
— Qual é a sua cor favorita Max? — Jayla perguntou ao meu lado.
— Eu não tenho uma cor favorita.
— Mas é claro que tem! Todo mundo tem. — Javon falou com uma
sobrancelha levantada.
— Eu gosto de todas, pra não magoar ninguém. — Falei, e ergui os
ombros.
Eles gargalharam em sincronia, bando de estranhos.
— Que fofa! — Jayla me espremeu quando foi me abraçar de lado.
— Obrigada? — Respondi com dificuldade.
— Tá, mas que cor a gente vai colocar, então?
— Já sei! — Falei empolgada, e todos olharam para mim. — Vamos fazer
do pou!
— Pou? — Javon perguntou.
— É, pou! Nossa, que ideia brilhante. — Jaden respondeu impressionado
com a minha ideia incrível.
— Eu sei. — Peguei chocolate, e coloquei dentro do chantilly.
⋄✦⋄
Enfeitamos o bolo, colocamos recheio branco dos biscoitos para ser os
olhos, e fizemos o sorrisinho com chocolate derretido. O chantilly ficou
marrom no tom certo, então passamos em volta do bolo em formato de pou.
(deu um trabalhão pra cortar certinho sem desmanchar o bolo.)
Não ganhamos a competição (o que já era de se esperar) mas pelo menos
nos divertimos, e devoramos o bolo todo em menos de trinta minutos.
Eu estava quase dormindo na cama, e Jaden no banho. Jayla e Javon já
estava capotados a um bom tempo, era um nível preocupante.
Minha visão já estava embaçando, quando Jaden abriu a porta da cabana
em um estrondo que ecoou por todo o quarto. Abri os olhos com o susto, e vi
a cara de desespero dele, enquanto fechava a porta novamente devagar. Ele
murmurava xingamentos, vindo para a cômoda ao lado da nossa cama.
Ele estava com uma calça moletom rosa florescente, cabelinho molhado, e
meias amarelas com estampa de gato. Horrendo.
— Ai Jaden, para de ser criança. — Me virei para o outro lado.
— Ai Jaden para de ser criança! — Me imitou com uma voz irritantemente
irritante.
Pairou um silêncio no ar, e logo escutei um barulho estranho vindo da
cama de baixo, e me virei bruscamente para olhar.
— Tá fazendo o que? — Perguntei para o menino mexendo nos lençóis da
cama.
— Vou te dar uma folguinha só porque hoje é seu aniversário. Então vou
deixar você dormir aí em cima sozinha, mas só hoje!
Uma folguinha?
— Não precisa, Jaden.
— Se eu tô fazendo, é por que precisa! Trouxa. — Se deitou.
Fiquei em silêncio, e franzi o cenho.
Me virei para deitar de novo, e puxei o cobertor até a cabeça.
— Boa noite! — Ele falou animado.
— Boa noite.
Não dormi nada. Estava pensando na minha mãe, sabe? Sempre que eu
venho para o acampamento, ela arruma alguém. Parece imã. Eu estou
preocupada porque minha mãe é extremamente irresponsável em alguns
momentos, se ela engravidar de outro rico eu desisto da minha vida. Eu sei
que ela NÃO está preparada pra isso, assim como não estava quando
engravidou de mim! E sinceramente, nem eu estava. Nunca estive.
Se eu disser que quero voltar para a minha casa, estarei sendo
extremamente ingrata e mimada? Sei lá, esse ano o acampamento não está
com um clima bom. Estou incomodada e desconfortável. Os Walton ajudam
bastante, queria que desse pra gente continuar se falando mesmo depois de
voltar pra casa.
Eu já tinha trocado de lado milhares de vezes, daqui a pouco abre um
buraco na cama.
Geralmente eu durmo abraçando alguma coisa, me faz sair dos pensamentos
ruins. Lá na minha casa, essa "coisa" costumava ser a Valéria, e aqui, o
Jaden.
Fiquei pensativa por alguns minutos, e saí um pouquinho pra fora da cama
para olhar Jaden na parte de baixo. Ele estava deitado de bruços com a
cabeça apoiada no travesseiro enquanto via TikTok no celular.
Suspirei, e engoli o orgulho.
— Jaden. — Sussurrei, e ele olhou pra mim rapidamente.
— Hum?
— Você... você pode subir aqui? — Gaguejei. — É rapidinho, só pra uma
coisa.
Ele suspirou fundo, e levantou da cama.
— Na verdade... — Olhou pra mim. — Pode dormir aqui.. se quiser.
Ele sorriu, e pareceu estar aliviado.
— Estava esperando você pedir. — Começou a vestir uma camiseta. —
Sabia que não ia aguentar. — Subiu pela escadinha.
— Que humilhação. — Revirei os olhos, e abri espaço. — Se você contar
isso pra alguém, eu te enforco.
— Demonstração de carinho é muito bom, também adoro. — Abriu os
braços, e sorriu.
Não falei nada, e entrei no abraço.
Apertei o corpo dele, e fechei os olhos.
Com certeza foi muito mais fácil de dormir, e antes de eu adormecer de
vez...
— Feliz aniversário, ranzinza. — Jaden sussurrou a mão nos meus
cabelos.
⋄✦⋄
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Acordei as oito horas em ponto, pela primeira vez, eles tocaram a buzina
no horário certo.
Como de costume, Jaden não estava na cama. Estava dando leite pra Lana.
— Quem é a coisa mais linda do papai? — Falou com uma voz fina
enquanto dava um beijo de esquimó na gata. — É claro que é a Godofreda!
Revirei os olhos em cima da cama.
Lana fez um miado mais longo que o normal.
— Olha! Ela falou papai! — Ele ergueu ela em minha direção. — Olha,
Max! Olha!
Sorri boba pela besteira que Jaden acabou de dizer. Suspirei, desci da
cama e fui para o banheiro.
Quando voltei, a cama estava arrumada, e Javon estava deitado na parte
de baixo da nossa beliche conversando com Jaden que estava sentado em
uma poltrona ao lado da cama.
— A CARA DE CAVALO?! — Javon sussurrou gritando com os olhos
arregalados.
— Cala a boca!
— Quem é a cara de cavalo? — Perguntei colocando a minha escova no
copo rosa em cima da cômoda.
— Curiosidade matou o gato. — Jaden respondeu.
— Obrigada! Mas eu não sou um gato. — Sentei ao lado do Javon.
Ele fez uma careta e revirou os olhos.
— É a menina que estuda lá perto da nossa escola, Max. Acho que você
não conhece. — Javon falou cruzando os braços.
— Onde você estuda, mesmo?
— Buf...
— Eai! Cabeção de bola! — Jayla chegou atrás de Jaden apertando os
ombros dele com força.
— Ela sempre me humilha. — Jaden fechou os olhos e jogou a cabeça
para trás.
— Own! Tadinho do bebê! — Ela fez voz de bebê, e distribuiu uma
mordida na orelha dele.
— JAYLA! — Ele se levantou, e colocou as mãos na cintura. — Tá de
TPM?!
Ela suspirou, e se sentou no braço da poltrona de Jaden. — Mais ou
menos.
— Como assim? — Perguntei.
— Eu meio que... levei um fora. — Falou, e desviou o olhar.
— Ah! Nada que você já não esteja acostumada. — Javon disse em tom
de sarcasmo.
— Ah! Vai se foder, moleque chato do caralho! Vai procurar uma Elsa pra
namorar, vai!
Ele apenas mostrou o dedo do meio.
— Levou um fora de quem, hein? — Perguntei.
— Advinha?! — Ela falou estressada.
— Se ela perguntou, é porque não sabe, né bocó! — Jaden falou com
tédio.
— Foi a Alice! Pra variar, foi a Alice! — Falou um pouco alto de mais, e
desviou o rosto para outro lado.
Que merda.
— O que ela fez?
— Como eu dizia... não foi exatamente um fora. Mas foi quase! — Falou
calma. — Uma vez eu perguntei se ela já testou a ideia de talvez gostar de
garotas, ela disse que não, e que nunca testaria. E logo depois, eu a vi
beijando um daqueles babacas lá do time amarelo. Eu desisto!
Espera aí
— Quem você viu ela beijando? — Perguntei pensativa.
— Era um loiro, de olho castanho, alto, ah! E tem uma mecha preta nos
cabelos.
Não é possível.
— Ah, eu sinto muito, Jayla. — Fui até ela, e a abracei.
Depois, fui correndo para a cabana do time amarelo.
Alice é uma falsa do caralho, idiota, bando de idiotas.
Bati na porta, e foi ela mesma que abriu.
— Você ficou com o Josh? — Perguntei seria.
— O que?
— Você ficou com o Josh?! — Perguntei mais alto.
— Não foi bem assim... quem foi que te contou isso?!
— Alice. Me responde.
Suspirou fundo, nervosa.
— Mais ou menos...
— Sim ou não?
Minha raiva me corroía, mas minha mãe sempre me ensinou a não dar
vexame por homem nenhum.
— Si...
— Sua falsa do caralho! — Meu olhos estavam levemente marejados, eu
sentia, mas não a ponto de embaçar minha visão. — Você por acaso tem
algum problema na cabeça!? Você se esqueceu mesmo de tudo que
aconteceu?! Eu te contei! Porque eu confiava em você, você sabe de tudo que
rolou entre eu e ele, e simplesmente chegou e ficou aos beijos com ele?! Eu
sabia que você era uma idiota, mas sabia que era tanto. — Despejei tudo que
veio na minha mente na hora.
— Você não tem direito de falar assim comigo! Quem não deveria ficar
com ele é você, não eu! Cada um com seus problemas. — Ela falou alto. —
Ainda deveria agradecer por eu não ter contado nada pra você, para não te
magoar, eu fiz tudo sem você saber.
Suspirei fundo, e engoli o choro que estava por vir.
— Vai se foder. — Falei calma, e vagarosamente olhando em seus olhos.
Virei as costas e comecei a andar rápido.
O choro veio tudo de novo, assim que eu lembrei de tudo que Josh já me
causou.
Ano retrasado, eu estudei com Josh, e o amigo dele Piter. Na época, os
dois pareciam incríveis e simpáticos, dispostos para tudo. Josh era o típico
garoto popular que tinha todas as garotas bobas aos seus pés, mas só tinha
interesse em uma. E é aí que eu entro na história. Ele me chamava para sair
diversas vezes, eu sempre aceitava, afinal... era um dos garotos mais
desejados da escola. No começo ele era incrível! Meus olhos brilhavam
toda vez que nos encontrávamos, mas depois.. foi tudo por água abaixo.
Ele me pediu em namoro depois de um tempo, e então, começamos a
namorar, e sair todas as noites. Mas teve um dia, que ele decidiu ir na minha
casa quando eu estava sozinha, eu estava conversando normalmente,
enquanto ele só queira saber de me beijar e tentar me agarrar a todo custo.
Eu tentava desviar, mas não adiantava muita coisa, já que ele era mais velho,
e muito mais forte do que eu. Josh me beijou e passou a mão pelo meu corpo
sem a minha permissão, e eu interrompi com toda a minha força, e pedi para
ele sair da minha casa. Eu não estava me sentindo preparada para aquele
momento, e já tinha sido isso várias vezes.
Depois desse dia, ele passou a ser grosso comigo, ignorava minhas
mensagens, e me traia mais ainda.
Eu lembro do dia em que ele disse que minhas sardas eram esquisitas, meu
rosto era desproporcional ao meu corpo, e que não gostava do fato de que
minha pele era extremamente sensível, por não conseguir disfarçar muito um
chupão. O que mais me marcou, foi ele ter falado das minhas sardas. Por que
toda vez que eu as vejo, eu me lembro de tudo. Eu já tentei esconder muito
elas, e tento até hoje, enquanto eu não superar essa merda, eu vou continuar
escondendo.
Eu chorava em silêncio enquanto andava até a cabana do time azul. Abri a
porta, e fui direto para a beliche, onde estava apenas Jaden ainda sentado na
poltrona mexendo no celular. Entrei limpando minhas lágrimas, parei em
frente a cômoda para pegar um lenço de papel.
Ele não desgrudou do celular, parecia estar fazendo algo importante.
Passei o lenço bruscamente pela minha pele, e peguei o corretivo que eu
sempre uso para tampar as sardas, e fui espalhando ele pelas minhas
bochechas.
— O que foi? — Jaden perguntou olhando fixamente para mim.
— Não foi nada.
— Maxinne... você está chorando!
— Eu tenho alergia a poeira, lá fora está ventando pra caralho.
— Mentira. — Desviei meu olhar para ele rapidamente. — Você foi lá
para o time amarelo, e voltou chorando, Max. O que aconteceu? Me conta!
Foram aqueles idiotas de novo? — Perguntou levantando.
— Jaden, não! Não foram eles, relaxa.
Ele ficou quieto, e colocou a mão em cima da minha.
— Quando quiser contar a verdade, eu vou estar aqui para te escutar. —
Sorriu, e tirou a mão. — Não esconde elas não, são lindas. Parece um
universo cheio de estrelas. — Ele pegou o corretivo da minha mão, e
colocou em cima da cômoda.
Eu fiquei em silêncio, e sorri. Jaden voltou para a poltrona, mas dessa
vez, não ficou mexendo no celular, estava apenas... sentado.
Saí dos meus pensamentos como um susto, e continuei a espalhar o
corretivo.
⋄✦⋄
Depois, o cara que monitora o acampamento veio dizer que hoje vamos ter
a experiência de dormir em barracas. Que grande bosta.
— Vamos, Max! Por favor! — Jaden tentava me convencer a ir.
— Ah não... pra que? Ficar lá no frio, no desconforto...
— Vaii!! — Ficou me empurrando várias vezes consecutivas. — Por favor
Max!
Não falei nada, e cruzei os braços.
— Se você não for, eu não vou!
— Tá.
— AH NÃO! Eu vou sim!
— Então vai!
— Não!
Moleque chato, cabeção de terra.
— Vai logo!! — Falou choramingando.
— Ai Jaden! Tá bom!
Ele mudou de expressão tão rápido que pareceu mágica.
— Se você não fosse, eu ia te obrigar do mesmo jeito! — Ele disse
docemente abraçado em mim.
— É... acredito. — Dei batidinhas no braço que estava em volta de mim.
— Cala a boca. — Sorriu, e saiu do abraço.
Ele foi até as malas jogadas no chão, e começou a fuçar.
— Vem! A gente tem que arrumar pelo menos uma bolsa pra levar. É tipo
uma trilha.
— Ok, senhor Walton! — Fui arrumar as minhas coisas.
⋄✦⋄
Estávamos indo a pé até um tal lugar lá que tem um espaço para colocar as
barracas.
— Ainda não acredito que você tem uma barraca rosa. — Jaden ficou o
caminho inteiro dizendo a mesma coisa.
— E é muito linda. — Respondi.
Não demorou muito para chegarmos, o lugar era bem perto. Tinha tipo um
carrinho vindo com a gente trazendo os colchões e outras coisas mais
pesadas de cada pessoa.
— Oi gente! — Jayla chegou sorrindo junto com Javon.
Suspeito.
— Hum, lá vem.
— Então... eu e o jav conversamos... e, decidimos que a divisão aqui entre
nós é o seguinte: eu e Javon, Jaden e Maxinne!
— O que?! Não iria ser nós três? Por que estão me excluindo, de novo?!
— Colocou a mão na cintura. — Palha assada.
— Ia ser nós três... antes da Max... — Jayla falou a última parte baixo
disfarçadamente sem mexer a boca.
— Ah tá. — Se virou para mim, e sorriu sem graça.
— Podem ser vocês três, relaxa!
— NÃO! — Os dois falaram juntos.
— Tá vendo? Tá vendo? Como eles me tratam?
— Tá decidido. Vocês vão dormir juntinhos, e pronto. — Javon falou, e se
virou para sair.
— E de conchinha! — Jayla completou.
⋄✦⋄
Terminamos de montar tudo, e como eles trouxeram apenas uma barraca
porque iam dormir os três... Jaden ficou reclamando no meu ouvido sobre ter
que dormir em uma barraca rosa.
— Até o colchão é rosa! — Ele disse indignado.
— O que eu posso fazer?! É a minha cor da sorte.
— Aff... quem foi o gênio que inventou de colocar glitter em uma
barraca!?
— Sei lá, já comprei assim. — Falei entrando dentro da barraca enorme.
— Aff. — Ele entrou também, e ficou lá resmungando.
— Nem vem ficar reclamando pro meu lado, quem quis isso foi você. —
Falei deitada no colchão (rosa) em posição estrela do mar.
— Antes tivesse ficado lá no acampamento com fome, frio, e sozinha. —
Ele falou, me empurrou, e deitou ao meu lado.
— Como é que é?! Fuça empinada! — Peguei uma almofada e joguei na
sua cara.
Recebi xingamentos, e um dedo do meio. Que lindo.
O cara que está monitorando a noite disse que amanhã temos que acordar
às seis e meia da manhã. Era melhor eu ter ficado quieta na minha casa, mas
já que estamos aqui...
— Eu quero dormir no cantinho! — Jaden exclamou, e passou por cima de
mim.
Espera, eu estava no cantinho!
— Ah, sai fora! Da licença Jaden! — Tentei tirá-lo de cima de mim, e
falhei bruscamente, o fuça empinada é bem mais forte que eu.
— Perdeu. Agora eu moro aqui. — Falou me empurrando com o próprio
corpo, e ficando no cantinho da parede.
— Não é justo!
— Claro que é! Você dorme no cantinho da parede todos os dias, eu não.
— Idiota. — Virei de costas, e fiquei lá deitada com cara feia.
Eu esperava que o ingrato do Jaden fosse ficar com dó, e ceder o canto
pra mim. Mas não foi bem assim.
✦✦✦
Espero que tenham gostado!! 😸😸
Meu TikTok: maxccline
Meu Instagram: maxccline
12.

16/06
Sábado
19:37
⋄✦⋄
Nos reunimos em volta de uma fogueira lá no meio do mato, olha,
sinceramente... eu já estive em situações melhores. Jaden não parava de me
cutucar, e Jayla e Javon ficaram murmurando sozinhos entre eles. Incrível.
— Estou com sono. — Falei, e bocejei.
— Vai dormir. — Jaden respondeu seco.
Revirei os olhos.
— Eu vou mesmo, tá? E vou chegar primeiro pra pegar o lugar do
cantinho! — Exclamei, e levantei.
Quando eu ia começar a correr para a barraca, só vi um vulto do moreno
levantando e voando para dentro da barraca.
— Jaden! — Corri atrás deles.
O alcancei antes dele cair em cima do colchão, e empurrei com um braço.
Caímos um em cima do outro, e o pior... ele caiu em cima da minha perna,
que já estava roxa de tanto que eu me atrapalho andando de bicicleta.
— Filho da puta. — Sussurrei, e ele saiu de cima.
— Caralho, você é chata. Toda princesinha. — Foi para o tão disputado
"cantinho". — Ai, "filho da puta" ai, eu sou sensível, ai... — Me imitou com
uma voz fina.
— Ai vai procurar o que fazer, vai. — Me ajeitei do seu lado.
Tudo ficou em silêncio.
— Apaga essa luz aí. — Ele se referiu aos pisca-pisca que estavam ao
lado da cama.
Fui lá, e desliguei. O silêncio pairou novamente, e dessa vez eu tentei
dormir, falhando bruscamente. O silêncio estava quieto demais, tinham
alguns mosquitos lá fazendo barulho, o povo conversando alto lá fora, e as
luzes de lá estavam acesas, não facilitava muito.
— Vamos jogar? — Jaden quebrou o silêncio.
— Jogar o que? — Virei para ele.
— Minecraft.
Minecraft?
— Eu trouxe o notebook, sabia que ia ser um tédio. — Ele levantou, e
pegou o notebook na mochila.
— Olha... uma vez na vida essa cabeçona funciona! Adorei. — Me sentei
no colchão.
— Ha, ha. Muito engraçado. — Se sentou ao meu lado, e abriu a tela do
computador.
— Só tem um probleminha...
— Qual?
— Eu não sei jogar Minecraft.
— O QUE?! Como que uma pessoa da geração z não sabe jogar
Minecraft!? Só pode ser maluca. Maluquete da cabeça, doidona, maluquinha.
— Ele disse indignado.
— Não deve ser difícil, ué. Só andar, matar uns porcos, e construir uma
casinha.
— Nunca diga que Minecraft se resume em andar, matar uns porcos, e
construir umas casinhas. Nunca!
— Ai Jaden, tá bom. Mas você vai me ensinar, ou não?
— Tá, vai.
Nos arrumamos, eu fiquei deitada, e Jaden ao meu lado, liguei as luzinhas
do pisca-pisca novamente, o notebook estava na minha frente pronto para
começar a jogar, e ele estava me ensinando o básico.
— Se apertar o "W" duas vezes, ele corre mais rápido, olha. — Ele
apertou, e mostrou.
— Tá, o que eu faço agora?
Jaden pegou minhas mãos, e as posicionou no lugar certo. Colocou as
mãos dele por cima das minhas, e foi controlando elas, ensinando a pegar
madeira, matar, etcetera...
— Pronto, agora você sabe. — Sorriu, e tirou as mãos.
— Não sei não.
— Claro que sabe! Mata essa galinha aí. — Ele disse, e eu logo fui
apertando qualquer botão do mouse com um machado de madeira na mão. —
Matou!
— É... mas coitada.
— Nesse jogo, você só pode ser dó dos gatos, e principalmente dos
cachorros.
— Cachorro?
— É sério, nunca mate um cachorro. Nem se você precisar disso pra
sobreviver.
— Por que!? — Ergui as sobrancelhas.
— Porque são cachorros, ora. — Revirou os olhos.
— Mas nem precisava ter alertado, eu não sou de matar os cachorros que
eu vejo por aí. — Ironizei, pegando pedra.
Na verdade, tentando. Eu não sabia que era obrigatório pegar pedra com
picareta, como eu ia saber!?
— Ai Jaden, não tá vindo! Esse jogo tá bugado. — Eu apertava mais uma
vez tentando quebrar a pedra.
— Ai Jesus. Me dê calma e paciência! Eu te suplico, senhor! — Ele
ergueu as mãozinhas pra cima, e eu sorri. — As pedras só se conseguem com
um picareta.
— Como é que eu vou saber?!
— Ó, pega essas madeiras ai que você já refinou, e faz uma crafting table,
assim. — Ele preencheu o negócio lá com as madeiras, e fez a tal crafting
table. — Agora da pra fazer uma picareta. — Fez o desenho em formato de
"T" e construiu a picareta.
— Ah tá. Que amor! — Sorri, e fui quebrando as pedras. Agora deu certo!
Fiquei um tempão lá pegando pedra, enquanto Jaden contava uma história
boba de quando ele e o Javon estavam em um casamento e tropeçaram no
vestido da noiva sem querer. Eles derrubaram a mulher.
Enfim... a história era tão longa, que deu pra quebrar pedra até a picareta
ficar toda desgastada, coitada. Deu mais ou menos cinquenta e nove
pedregulhos.
— Pronto, agora vamos fazer uma fornalha! — Colocou as mãos por cima
das minhas novamente, e fizemos a fornalha de pedra.
Procuramos três ovelhas, e matamos. Não foi tão difícil encontrar,
nascemos bem no meio do mato.
— Bora fazer a cama! — Quando ele ia construir, eu interrompi.
— Espera! — Ele parou. — Essa aí? Sem graça? — Jaden assentiu. —
Não tem de outra cor?
— E por um acaso... qual cor a madame gostaria?
— Qualquer um que não seja branco sem graça.
— Pode ser azul?
— Não.
— Amarelo?
Neguei com a cabeça.
Ele suspirou, e revirou os olhos. — Rosa..? — Perguntou com tédio.
Assenti com a cabeça.
— Previsível.
Depois de um tempo jogando, conseguimos montar um cantinho com cama,
fornalha, crafting table, um baú, e algumas flores em volta. As flores foram a
minha contribuição, já que Jaden estava fazendo praticamente tudo, eu as
colhi e plantei.
— Quer construir uma casinha, Maxie? — O meu nome soou diferente,
mais bonitinho, gostei.
— Me ensina? — Virei o rosto para olhar em seu rosto.
Estávamos a mais ou menos dez centímetros de distância um do outro, ele
estava deitado bem ao meu ladinho, com os braços por cima de mim,
facilitando para mexer no teclado mais facilmente.
— Oi? — Falou levemente desesperado, afastando um pouco o rosto para
trás.
— A casa. Você vai me ensinar? — Continuei onde estava.
— Ah, a casa, vou sim. — Voltou para perto. — Vamos pegar madeira e
pedra. — Controlou minhas mãos novamente para fazer outra picareta e
outro machado.
Eu já estava pegando a minha vigésima tora de madeira, quando olhei para
o lado, e vi um doguinho parado me olhando.
— Own! Jaden! Olha, olha! — Apontei para o cachorro pela tela do
notebook.
— Ai Max! Pega ele!
— Como pega? — Dei risada.
— Tem que ter osso! Entra dentro da caverna e mata um esqueleto, vai! —
Empurrou o meu ombro.
— Mata você, eu não! — Trocamos de lugar.
Ele foi até a escuridão, e matou o esqueleto. Tadinho. Depois, ele apertou
com o botão direito no cachorro, e corações vermelhos surgiram em volta
dele.
— Pronto. Qual vai ser o nome?? — Perguntei empolgada.
— É...
— Que tal Jane?
— Por que "Jane"?
— Porque é a mistura de Jaden com Maxinne! Ora.
— Fofo.
⋄✦⋄
JADEN
O jogo estava tão divertido, que perdemos a noção do tempo.
Deu tempo de construir uma mansão, domesticar animais, encher um
terreno de construções, e fora o tempo que a gente já perdeu só rindo um da
cara do outro.
Lá fora estava tudo quieto, e a Max estava no controle do jogo agora. Ela
já esta jogando muito bem, quase melhor que eu. Ela já estava quase
dormindo em cima do computador, e eu também. Em um descuido bobo,
acabamos morrendo dentro de uma colina, ela simplesmente xingou o jogo, e
fechou o notebook.
— Surtou?
— Surtei.
Virei para ver a hora, e me admirei quando vi que eram seis e quinze da
manhã.
— São seis e quinze da manhã, Maxie.
— Sério!? Meu recorde. — Respondeu animada.
— Como não vimos o tempo passar? — Guardei o celular, e virei para
abrir o zíper da barraca e olhar lá fora.
— É normal isso acontecer quando se está com boas companhias.
Revirei os olhos sorrindo, e saí de dentro da barraca.
— Vai fazer o que?
— Vou dar um rolê.
— Um rolê? Pelo amor de Deus. — Saiu de dentro também, e vejo atrás
de mim.
"Onde a vaca vai, o boi vai atráaas..."
Andamos por alguns segundos, e logo encontramos uma pedrona boa pra
sentar, fui lá, e sentei. Por que sou desses. Maxie sentou ao meu lado, e ficou
olhando a paisagem verde, o dia estava começando, e o sol nascendo quase
já pela metade.
As bochechas dela já estavam vermelhas por calça da neblina, ela usava
um moletom grande, mas não adiantava muita coisa pelo visto.
— Você tá gostando? — Perguntei.
— Do que, exatamente? — Se virou para mim.
— Do acampamento, sabe... em geral.
— Ah... mais ou menos. Esse ano está meio sem graça. — Começou a
cutucar umas mini pedrinhas que estavam abaixo.
— Eu tenho a mesma sensação. Eu acho que é porque estamos crescendo,
mudando nosso gostos e estilos. Quando a gente é criança, tudo é mais legal.
— Olha... não tinha pensado nisso, faz sentido. — Sorriu sem mostrar os
dentes.
Não falei nada, apenas virei para olhar as árvores a nossa frente.
Depois de um tempinho, voltamos para as barracas, já estavam todos
acordados. Nos sentamos nos bancos para tomar o café da manhã que já
estava exposto pela mesa gigante de madeira.
— Aqui só tem carne. — Ela se referiu aos presuntos em cima da mesa.
Concordei colocando três fatias do gordão dentro de um pão. Ela ficou em
silêncio, e suspirou revirando os olhos.
— Deixa eu adivinhar... não vai comer, e vai ficar aí me olhando com cara
feia porque eu tô comendo. — Olhei para ela. — Acertei?
Suspirou mais fundo, e sorriu olhando para frente.
— Acertei.
Continuei comendo, e percebi que Max continuou sem dizer nenhuma
palavra.
— Qual foi? — Perguntei.
— Eu tô normal...
— Não tá não.
— Eu tô sim! — Afirmou.
— Para de ser chata!
— Para você!
— Eu não sou chato. — Larguei o pão, e cruzei os braços.
— Nem eu.
— Você é.
— Por que!? — Demonstrou sua indignação.
— Só o fato de você ser uma princesinha rica que só sabe falar de
dinheiro, maquiagens, e cor de rosa, já te torna uma chata.
— O que? Não! Meu Deus, você é insuportável. Tinha esquecido disso.
— Tinha, é..? — Sorri para ela.
— Tinha. Tinha mesmo! — Se levantou, e foi para dentro da barraca
novamente.
— Max! Era brincadeira! — Tentei gritar, mas falhei.
Ela não gosta muito de mim.
Terminei de comer, e fui trás dela.
— Maxie! — Entrei, e me joguei em cima dela no colchão.
— Maxie?
— É, Maxie. Você gosta? — Me ajeitei para ficar com o rosto a altura do
dela.
— Eu gosto. — Sorriu.
— Se não gostasse, eu não ia parar de usar.
— Eu sei que não. — Olhou em meus olhos, e eu saí de cima dela.
— Te odeio. — Falei naturalmente com os olhos fechados.
— Te odeio mais. — Deu um tapinha no meu braço.
✦✦✦
Meu Instagram: maxccline
Meu TikTok: maxccline
13.

19/06
Terça - feira
18:00
⋄✦⋄
Hoje já é terça feira de novo. Como eu já disse, hoje vai ter o baile do dia
dos namorados que não foi comemorado. Eu obviamente não vou, até porque
eu não tenho um namorado.
— Vai, Maxie! Vai! — Jaden pedia desesperadamente para eu ir ao tal
baile, chacoalhando meus ombros.
— Não, não, e não! — Exclamei, empurrando suas mãos de mim.
O que não adiantou muito, porque ele logo as colocou de novo no meu
ombro para empurrar.
— Por favor! Pela nossa amizade!
— Agora é que eu não vou mesmo. — Cruzei os braços.
— Max... qual é... — Deu uma pausa. — Você já nem foi no último que
teve, vai! — Se sentou de frente para mim na cama, ainda segurando meus
ombros.
— Não vou, e pronto. Jaden Walton! — Encarei o fundo dos seus olhos, e
disse vagarosamente.
Inclusive, percebi agora que os olhos dele são castanhos bem clarinho,
quase chegando para o verde.
— Não vai ser legal sem você lá! Da última vez também não foi. —
Deslizou as mãos para meus braços.
— E o que diabos você espera que eu faça em um baile para namorados,
Jaden!? — Abri os braços em sinal de dúvida.
— Só... esquece essa palavra, "namorados" e foca no "baile", ok? — Fez
carinho nos meus braços.
— Impossível. É sério, eu tenho certeza que vai estar cheio de casal de
melação lá, não vai rolar.
— Eu também não namoro, e vou! — Parou de fazer carinho.
— Problema seu. Eu não vou.
— Por favor, prometo que essa vai ser a última coisa que eu vou te pedir
na minha vida, prometo bem prometido! — Começou a fazer carinho de
novo, dessa vez, bem rápido.
— Eu sei que está mentindo.
— Tô mesmo.
Revirei os olhos.
— Você vai? — Subiu as mãos para meus ombros.
— Não, eu não vou. — Respondi com tédio.
— O que você quer!? Eu te dou qualquer coisa, vai, pede. — Tirou as
mãos do meu ombro, e cruzou os braços.
O bom de ser amiga do Jaden, é que o garoto é burguês, e sempre tem
dinheiro sobrando.
— Qualquer coisa? — Pergunto em tom de dúvida.
— Uhum, qualquer coisa.
— Eu quero uma blusa do Hellfire Club. A melhor que tiver.
— Só? — Ergueu as sobrancelhas.
— Duas. Duas blusas do Hellfire Club.
— Tá, eu te dou.
— Sério?! — Desfiz o cruzamento dos meus braços.
— Sim, mas então... você vai?
— Se você realmente for me dar a blusa, eu vou! — Respondi sorrindo
sem mostrar os dentes. — Mas como eu vou saber que não está me
enganando? Porque quando a gente voltar pra casa, não vamos mais nos ver,
certo?
— Certo. Então eu compro e te mando, ora. — Respondeu simples.
— Ah... ok, eu confio em você. — Olhei em seus olhos novamente.
— Confia? — Relaxou o olhar, e sorriu minimamente.
— Eu confio, por que? Não deveria?
— Deve. — Chegou mais perto, e beijou meu rosto.
— Tá doente? — Coloquei a mão em sua testa.
— Não, eu gosto de beijar seu rosto porque é macio. Principalmente o
queixo. — Explicou e encolheu os ombros.
— Eu já deveria ter percebido! Você vive beijando meu queixo.
— Deveria mesmo, mas você é burra... — Arqueou a sobrancelha.
— Nossa Jaden, nossa! — Demonstrei minha indignação.
— Menti? Não, não menti. Agora... tenho que ir! Subornar cansa. — Deu
um último beijinho na minha mão e saiu.
Jaden facilmente seria meu melhor amigo.
⋄✦⋄
Eu tomei banho, e estava sentada em frente a cômoda colocando uma
correntinha fina de ouro no pescoço.
— Vai logo! — Ele me apresava, já estava pronto há trinta minutos, Jayla
e Javon já haviam ido para o baile, enquanto eu continuava me arrumando, e
Jaden apenas me esperando.
— Se aquieta aí! — Passei o gloss de cereja.
— Anda!
— Jaden! Se você tá incomodado com alguma coisa aqui, é só você ir! —
Larguei as coisas, e olhei para ele.
— Tá bom, foi você que implorou para eu ficar mesmo. — Ameaçou se
levantar.
— Ah não! Pode ficar aí! — Apontei o dedo para a cama, e ele voltou.
Eu estava vestindo um vestido preto com um decote quadrado, ele era
longo e extremante apertado na parte de cima. As costas ficavam a mostra,
apenas com um laço prendendo o vestido a mim. Um salto preto com a sola
vermelha que mal aparecia, e acessórios em dourado.
— Pronto?! — Perguntou.
— Não, Jaden, não.
— Maxie! — Exclamou choramingando.
Fiquei mais uns dois minutos para fazer o delineado, e terminei.
— Pronto. — Levantei da cadeira.
— DEUS! Deus ouviu! Ele ouviu! — Se levantou e colocou os braços pra
cima.
— Ai moleque, shiu. — Comecei a andar para a porta de saída da cabana.
— Nossa...
— Hum? — Virei para que olhá-lo.
— Valeu a pena a espera. — Falou baixo.
— Oi? — Me fiz de sonsa.
— Valeuapenaaespera... — Falou mais baixo ainda, e rápido.
Sorri, e fomos juntos até a festa.
⋄✦⋄
Chegando lá, nos separamos. Fiquei com a Jayla e com uma amiga dela, e
Jaden foi direto para a comida.
Estava até que meio legal, tinham vários brinquedos legais, mas claro...
para casais. Mas não é por isso que vamos ficar de fora! Eu e a Jayla fomos
fazer as brincadeiras normalmente.
Começamos com um "Perguntas e Respostas" de casal, era uma tela em
frente a um sofazinho de dois lugares. Na tela, passava algumas perguntas e
tínhamos que responder em menos de vinte segundos, depois de responder, é
só apertar um botão escrito "next" até as perguntas acabarem.
— Como se conheceram? — Jayla leu depois de iniciar o jogo. — Você
tava ficando com meu irmão, e...
— Pera aí! Eu nunca f...
— Silêncio! Acabou o tempo. — Passou para a próxima pergunta.
— Como foi o primeiro beijo? — Li, e dei risada.
— Foi bem romântico, na França, com direito a banquete romântico e
tudo! — Jayla ironizou, e eu só conseguia dar risada.
"O que mais gostam um no outro?"
— Eu gosto da simpatia, já ela, gosta é do meu irmão.
— JAYLA!
— Calma! É brincadeirinha. — Sorriu.
⋄✦⋄
Jogamos vários jogos seguidos, até finalmente cansarmos, e ficamos
jogadas nos sofazinhos da festa.
Jaden chegou suspirando forte, e se sentou entre eu e Jayla, empurrando
ela com a bunda. Ele ficou de costas pra ela, apoiou o cotovelo parte de trás
do sofá, e colocou o rosto sob sua mão para me encarar. Eu ainda estava
vidrada no celular, e escutava ele bufar mais alto, e Jayla xingando ele sem
parar.
Depois de um bom tempo, escutei que Jayla cansou de xingar, levantou, e
saiu.
— Eu nunca mais seguro vela pra casal nenhum, eu juro! — Murmurou
saindo de perto.
— Ai garota fica na sua! — Jaden se virou para gritar, e virou para mim
de novo.
— Maxinne...
Bloqueei o celular, suspirei.
— Hum?— Sentei mais perto.
— Eu tô entediado.
— E?
— E daí que você só veio pra essa festa para não me deixar entediado. —
Cutucou as unhas da mão.
— Como é que é, Walton!?
— Quer dizer, não foi exatamente pra isso... mas, a gente é amigo.. sabe?
Sua função na terra seria me deixar feliz, não? — Sorriu.
Sorriso idiota.
— Tá, e você vai querer fazer o que em uma festa de dia dos namorados?
Fazer brincadeirinhas de casal?
— Essa seria a ideia.
— Comigo, Jaden? — Perguntei levantando as sobrancelhas.
— Não, na verdade teria que ser com a minha futura namorada. Mas já
que não tem, vai você mesmo. — Ergueu os ombros.
— "Vai você mesmo"?
— É, ué.
— Tá achando que eu tenho cara de idiota!?
— Vamos logo, Maxie. — Pegou minha mão, e me levou até o lugar dos
jogos.
Paramos em um lugar que tinha o nome de "Reconheça seu amor"
basicamente, tínhamos que tirar uma foto do rosto dele pelo tablet, para fazer
sentido. Era uma brincadeira onde apareciam fotos de partes de rostos
aleatórios, misturadas com as da foto de Jaden, e eu tinha que descobrir em
qual das fotos era ele. Eram opções de múltipla escolha, e eu apenas teria de
apertar no tablet a alternativa correta. (Foto número um, dois, três, e quatro.)
— "reconheça seu amor" que melação! Eca! — Jaden exclamou após
colocar sua foto no jogo.
— Achei fofo! — Olhei para ele.
Ele revirou os olhos, e clicou para começar o jogo. Lembrando que o jogo
escolhe automaticamente pela foto, outros garotos que tem traços parecidos
com os de Jaden.
Quando as primeiras opções surgiram na tela, eu logo ergui as
sobrancelhas supresa pela semelhança que havia entre as quatro bocas que
estavam lá.
— Não vale olhar pra mim! — Olhei, e ele estava com a mão na boca.
Sorri com isso, e lembrei o quanto esse moleque era idiota.
Olhei bem para as imagens, e suspirei.
— Ah não! Mentira que você não sabe, Maxinne! — Colocou as mãos na
cintura.
Virei rapidamente, e encarei fixamente sua boca descoberta com os olhos
semicerrados.
— Que foi? Tá me querendo? — Ergui o olhar, e arqueei a sobrancelha.
— Não. — Sorri, e virei para a tela novamente.
Marquei a alternativa número dois, e acertei! Sabia que ia acertar.
— Hum, não gostei de ver que você realmente ficou em dúvida. — Fez
cara de metido.
— Não faz nem um mês que eu te conheço, garoto.
— Mas já é a sua obrigação, conhecer cada parte de mim, até minha boca!
— Berrou bravo.
— Eu não sou obrigada a conhecer "cada parte de você", muito menos a
sua boca!
— Principalmente a minha boca, você quis dizer. — Apontou o dedo
indicador para mim.
Revirei os olhos, e cliquei para a próxima fase do jogo.
Olhos.
Pensei em me virar para ver seus verdadeiros olhos, mas decidi jogar o
jogo direito. Esse foi fácil, era a alternativa um. Os olhos de Jaden com
certeza são mais claros e mais puxados do que qualquer outro que apareceu
ali.
— Que rápida! Gostei, se saiu melhor com os olhos do que com a boca.
— Passou o braço por cima dos meus ombros.
— É porque eu conheço os seus olhos, e sempre estou olhando para eles.
— Me gabei.
— Então da próxima vez, conheça melhor a minha boca, e sempre olhe
para ela!
Sem vergonha.
— Supera, Jaden, supera! — Já estávamos no próximo round.
— Nariz! — Comentei feliz.
O nariz do Jaden é marcante, um traço que é somente dele. Empinadinho,
pequeno, e cheio de sardinhas. Cliquei na alternativa número quatro, e como
já era de se esperar: acertei.
— Ai que legal! — Olhou para mim com os olhos brilhando. — Você
conhece meu nariz.
— Conheço seu nariz como ninguém, fuça empinada. — Sorri, e deslizei
meu dedo pelo seu nariz, até a ponta.
— Não fala assim, ou eu me apaixono! — Sorriu.
— Esse era o meu plano desde o início, jay jay atacante.
— Como é que você sabe do jay jay atacante!?
— Acha mesmo que o Javon não sai contando pra todo mundo? —
Perguntei convencida.
— Traidor.
Terminamos de jogar esse jogo, e fomos para outro. Tinha tipo uma
barraca em frente ao lago do acampamento, e a área estava toda decorada
com rosas, e coisinhas fofas de casal. Na barraca, eles travam vendendo
várias coisas, doces, ursos de pelúcia, pulseiras feitas à mão, etcetera...
— Ai Maxie vamos lá, vamos! — Apontou para o lago, e me puxou.
— Ah não Jaden, aí já é demais! Muita melação pro meu gosto. — Parei
de andar. — Andar de barquinho, sério? Isso é coisa pra casal.
— Não precisa ser necessariamente um casal, relaxa.
Revirei os olhos, e fomos até a barraquinha.
— Vocês sabem que os barcos são exclusivos para casais, certo? — O
moleque que estava vendendo as coisas comentou, e eu olhei para Jaden com
aquela cara de "eu avisei".
— Sim, mas é claro. — Jaden cruzou nossa mãos.
— Jad boy? Namorando? Conta outra! — O menino era amigo dele, pelo
visto.
— Qual foi, moleque? — Ele responde.
— Olha... não vou poder liberar, se não forem realmente um casal, quero
provas. — O garoto sorriu.
Eu suspirei, e quando eu ia debater, fazer uma palestra militante, Jaden
puxou meu rosto, e me deu um selinho no canto da minha boca.
Arregalei os olhos, mas logo relaxei para disfarçar.
— Pronto, e eu quero aquele urso ali em cima. — Apontou para um urso
de pelúcia médio, marrom.
— Não achei convincente, mas tudo bem. — O menino foi pegar o urso da
prateleira.
— Matheo, eu sei que esses barcos não são exclusivos para casal porra
nenhuma. — Pegou o urso, e pagou.
Eu só fiquei escorada na barraca, olhando a conversa dos princesos.
— Se sabia, por que beijou? — Ele perguntou.
— Por que eu quis, vem! — Saiu me puxando para um dos barcos.
Eles não eram grandes, mas também não eram nada pequenos. De madeira,
mas tinha várias almofadas, e um cobertor em cima. Já estávamos lá dentro
há um tempo, o barco se mexia lentamente pela água, enquanto Jaden
tagarelava sem parar, e eu só escutava sorrindo.
— Fala sério, eu devo ser muito legal. — Comentou depois de contar a
história de toda a sua vida.
— Por que acha isso?
— Namoral Maxinne! Eu te dei um urso de pelúcia! Nem um namorado de
verdade faria isso.
— Sim, e beijou o canto da minha boca sem o meu consentimento também,
Walton. — Brinquei.
— Mas você não tinha reclamado antes, tinha?
— É... você tem um ponto.
— Eu sempre tenho todos os pontos.
Jaden chegou mais perto, e se deitou um pouco por cima de mim, com o
corpo virado para fora. Colocou a cabeça no meu peito, e abraçou o ursinho.
Um silêncio confortável pairou no ar, enquanto eu fazia carinho nos seus
cabelos.
— Vou sentir saudades disso quando o acampamento acabar. — Ele
comentou se aconchegando.
— Do que, exatamente?
— Especificamente, do seu carinho. — Fechou os olhos.
— Não vai dormir aqui, Jaden! — Levantei as mãos.
— Relaxa.
— Jay? — Chamei.
— Não.
— Ia mesmo dar um selinho? — Parei o carinho.
— Não, claro que não. — Deu risada. — Fiz aquilo só pra brincar. Além
disso, você não ia deixar eu te beijar, né? — Levantou a cabeça e olhou para
mim.
— Não, se você me beijasse, ia levar só uma lapada na fuça. — Sorri, e
continuei o carinho.
— Deus me livre beijar você.
— Nossa Jaden, "Deus me livre" já é demais! — Falei inconformada.
— Então você quer? —Me encarou fixamente.
— Não! Jaden, para de ser leigo!
— Poxa... acabou com as minhas esperanças... — Voltou a deitar no meu
peito.
Não disse nada, apenas sorri.
✦✦✦
Meu TikTok: maxccline
Meu Instagram: maxccline
14.

19/06
Terça - feira
22:22
⋄✦⋄
Já estávamos sentados nas cadeiras do interior do baile, estava tocando
uma música melosa idiota, enquanto alguns casais felizes dançavam na pista.
Que ótima noite.
Não achei Jayla, nem Javon a festa inteira, então fiquei revezando entre
Jaden e Thomas, só que mais com Jaden.
Peguei um pedaço de bolo de morando para comer junto com Jaden na
mesa, e uma Sprite.
Adoro o fato de que eu e Jaden não temos nada em comum, eu odeio fazer
coisas em público, ele gosta, eu odeio dançar, ele ama.
— Vamos lá dançar! — Ele pedia, com a cabeça abaixada na mesa em que
estávamos sentados.
— Vai lá, eu tô tranquila. — Tirei um pedaço do meu bolo.
— O que eu vou fazer lá sozinho, Cline? — Levantou, e me olhou feio.
— O que você vai fazer lá comigo, Walton? — Falei de boca cheia.
Ele não disse nada, apenas suspirou, e pegou o garfo da minha mão, para
pegar o bolo.
— Vai lá, cara. Tem várias garotas lá, tenho certeza que em menos de dois
minutos você já arranja uma. — Abri a garrafinha, e tomei um gole.
— Não quero "arranjar" nenhuma menina. — Pegou minha Sprite.
— Então você quer o que, Jaden!? — O encarei, confusa.
— Eu quero dançar. — Tomou um pouco.
Engoli o refri, e logo o revirei os olhos.
— Não vou dançar, vai você sozinho! — Puxei meu garfo bruscamente da
mão dele.
— Aff... — Ficou quieto por um tempo. — Então vou arranjar outra, que
saiba me valorizar!
— Tem umas meninas do nosso time que são doidinhas por você. —
Coloquei o pedaço na boca.
— Ah não! Não vou. — Sentou de novo.
— Por que?
— Lembrei que aquelas lá, são literalmente "doidinhas" por mim.
Obcecadas. — Pegou mais refrigerante. — Na verdade, elas gostam do
Javon, mas advinha?! Sobra tudo pra mim também. — Fala indignado.
— Já ouvi altas conversas sobre isso, e olha... a maioria dessas garotas
são obcecadas por vocês dois.
— Isso não é justo. Não mesmo. — Encostou as costas na cadeira. —
Sabe o que é pior?! Nem de mim elas gostam! Elas amam o Javon, e ficam
me perseguindo pra tentar se aproximar dele de alguma forma. Todo mundo
ama o Javon.
— Eu não amo o Javon.
— Então você me ama? — Perguntou empolgado.
— Não, Jaden! Eu não amo você, e muito menos o Javon, ok? — Olhei
para seus olhos.
— Nossa, que fora. — Desfez a expressão. — Doeu aqui... — Colocou o
dedo indicador para o lado direito do seu estômago.
— Aqui, doeu aqui. — Segurei seu dedo, e subi pro centro do peito, onde
realmente fica o coração.
— Ah tá, doeu aqui. — Sorriu, e olhou para mim.
Dei risada, e soltei minha mão da dele.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Acordei, não sabia nem onde estava. Mas logo voltei ao normal, estava
deitada na parte de baixo da beliche, de conchinha com Jaden.
Larguei ele, e me levantei com dificuldade. Não me lembro de quase nada
do que aconteceu ontem no baile, só vem alguns flashes do rosto de Jaden
perto de mim, pra variar.
Escovei meus dentes, e tomei banho. Voltei para a cabana, e Jaden ainda
estava caído na cama. Lá fora está como sempre que tem baile aqui,
completamente vazio. Passei base nas sardas, e um protetor labial, minha
boca tá seca.
— Maxinne...
Virei para olhar, e tive a visão do Jaden literalmente agarrado no meu
moletom, falando dormindo.
— Tá sonhando? — Perguntei baixo.
Ele continuou quieto, apenas mexendo a boca. Ele parecia querer dizer
algo, mas não saia som nenhum.
— Odeio você. — Disse, e eu logo arregalei os olhos, e cruzei os braços.
Ele suspirou fundo, e abriu os olhos vagarosamente.
— Deita aqui. — Deu batidinhas com a mão, no lugar vago do seu lado na
cama.
— Eu não! — Ele ficou quieto, e apertou meu moletom novamente. —
Gostou do meu cheiro?
— Não. Até porque esse perfume é meu. — Sorriu, e cheirou a toca.
Ele tem um ponto.
— Verdade. Gostou do seu cheiro? — Me corrigi.
— Amei. — Bateu na cama de novo. — Vem logo, boboca.
Ignorei, e continuei a passar o protetor labial.
— Deita. — Chamou mais alto.
Larguei o protetor, e peguei a escova de cabelos.
— Não tenho o dia todo. — Abriu os olhos.
Penteei meu cabelo da forma mais lenta que eu conseguia.
— Andaa!
Coloquei a escova na cômoda novamente.
— Você me obrigou a isso!
Ele levantou, e literalmente me pegou no colo, me levando até a cama de
novo. A FORÇA.
— JA... — Gritei, mas logo em seguida, tampei a boca. Pois ainda havia
gente dormindo. — Jaden! — Sussurrei.
— É isso que acontece quando não se faz o que o jadenzinho pede com
tanta educação. — Me abraçou.
— "Jadenzinho"? Olha o seu tamanho, moleque. — Tentei tirar seus
braços de mim, falhando bruscamente.
— Já olhei! Tenho o tamanho de um lindo e fofo bebê. Olha minha pele.
— Pegou minha mão, e passou ela pelo seu rosto.
Realmente macio. Extremamente macio.
— Se toca. — Arqueei a sobrancelha.
— Maxinne para de ser tosca. — Tirou os braços de mim, finamente. — E
veste isso aqui. — Pegou o moletom que estava abraçando, e jogou em cima
de mim.
— Ah! Eu não! — Joguei nele de novo.
— Por que não!?
— Porque não!
Metido! Onde já se viu!?
— Anda logo, Maxinne. — Colocou o moletom perfumado em cima de
mim.
— Veste você, meu filho!
— Mas eu quero que você vista. — Fez cara de coitado.
— Mas por que?
— Porque não dá pra eu abraçar eu mesmo, sua tonta. — Pegou o
moletom. — Levanta os braços. — Levantei.
Levantei porque eu quis, não porque ele mandou.
— Pronto, tá linda e cheirosa. — Terminou de vestir o moletom em mim, e
deu um beijinho na minha mão.
— Não tô fazendo isso pra te obedecer.
— Tá sim.
— Não tô.
— Tá!
Revirei os olhos, e ameacei tirar o moletom.
— NÃO! Ah não, Max. — Segurou a barra de baixo.
— Não tô fazendo isso pra te obedecer. — Repeti.
— Tá bom, não está! — Me agarrou, e cheirou meu pescoço.
— Tô com calor, Walton. — Comentei baixo.
— E?
— Solta. — Aumentei o tom.
Ele não disse nada, apenas soltou, e virou a bundinha pra mim.
— Você não ficou bravinho, né? — Perguntei.
Nada.
— Jaden?
Apenas escutei um "ronco" fingido.
Com a consciência pesada, cheguei mais perto. Apenas encostei meu
corpo ao dele, o suficiente para ele poder sentir o cheiro do perfume que
tanto me encheu o saco para vestir.
— Obrigado. — Sussurrou convencido.
Ainda era cedo, então sei que o povo ainda ia demorar pra acordar. Eu
não tenho costume de acordar tarde, ou dormir muito. Então já sabia que não
ia mais dormir naquela manhã. Peguei meu celular, e comecei a ver TikTok.
Até que cheguei no perfil de uma garota, bem bonita, morena, lábios bem
carnudos. Quando abro os comentários... dou de cara com Jaden Walton
flertando com a garota. Virei para trás, e cutuquei ele.
— Walton! — Sussurrei rindo.
Ele abriu os olhos, e olhou diretamente para o celular. Na hora em que ele
viu, virou o rosto e soltou uma risadinha sem graça.
— Que merda é essa? — Mostrei o comentário.
— Em minha defesa... foi uma época difícil da minha vida. Adolescência
é u... — Começou a dizer, e eu interrompi com a minha risada.
— Você ainda é um adolescente, Jaden!
— O que importa, é que já passou! Não tenho mais nada a ver com essa
daí. — Cruzou os braços. — O caminho ainda tá livre, viu?
— Oi?
— Que?
— Mas ela é linda. — Virei o celular para mim.
— Ela é!
Abrimos o perfil dela, e procuramos mais garotas bonitas. Vimos loiras,
ruivas, morenas, vimos de tudo. Até acabar as garotas, e começar com os
garotos com estilo alternativo que tiram foto tampando o rosto.
— Por que não tem nada na sua caixinha?! — Ele perguntou quando eu
voltei para a página inicial.
— Que? — Arqueei a sobrancelha.
— Ah é... esqueci que o famoso aqui sou eu. — Sorriu.
— Você é famoso? Desde quando, moleque?
— An? — Fez uma expressão confusa.
— Você é famoso? — Repeti.
— É... mais ou menos... quer dizer, você não conhece o Javon Walton? —
Perguntou.
— Conheço, ué. Seu irmão.
— Nãoo.. não o "Javon", o "Javon Walton"!
— Espera ai, o que?! Jaden, explica direito. — Falei impaciente.
— Ah... você não sabe. — Falou levemente animado.
— Não sei..?
— Então você quis ficar comigo? Tipo... comigo mesmo? Com o Jaden!?
— Perguntou.
— Sim..? — Respondi confusa.
— Maxinne... — Sorriu.
— Jaden... — Sorri falsamente.
— Que amor! — Ele disse.
— Credo! — Dei risada. — Mas você não vai mesmo me explicar que
viagem é essa?
— Não. — Ergueu os ombros. — Agora larga isso aí, e dorme. — Me
puxou para perto.
— Ah não, eu não consigo dormir de novo depois que eu acordo!
— E você pretende ficar fazendo o que? — Ergueu as sobrancelhas.
— Sei lá, eu tava vendo TikTok, né? Mas você me atrapalhou. — Guardei
o celular.
— EU?! Foi você que me chamou! — Respondeu indignado.
— Porque eu não podia deixar passar, você flertando com a garota, e
obviamente levando um fora.
— Como assim "obviamente"?! — Olhou para mim.
— Jaden... não me faça explicar. Não quero te ver sofrendo.
— Nossa... você acha que eu levo foras diariamente? — Fez uma carinha
triste. Até eu fiquei com dó.
— É... não! Claro que não, Jaden. Esquece o que eu disse. — Tentei
arrumar.
— Ok! — Sorriu. — Vai me ajudar a dormir? — Perguntou com cara de
cachorro pidão.
— Vem. — Abri os braços para ele ser a conchinha menor.
O garoto sorriu, e seus olhos brilharam. Ele deitou com a cabeça um
pouco abaixo do meu pescoço.
Nesse momento, eu queria que o acampamento fosse infinito. Passar esse
momentos com meus novos amigos está me fazendo mudar de opinião sobre
esse lugar. Não queria que perdêssemos o contato quando tudo acabar, mas
também não quero parecer estar forçando intimidade, mandando mensagens e
interagindo pelo celular.
✦✦✦
o seu VOTO é muito importante!
15.

25/06
Terça - feira
13:00
⋄✦⋄
Chegou o dia de ir embora.
Eu estava arrumando minhas coisas dentro da mala, e Jaden estava
brincando com a Lana em cima da cama. Ela já estava enorme, nem parece o
filhotinho que pegamos no começo do acampamento. E... uma "boa" notícia!
Vencemos o campeonato, 7x6.
Como prêmio, o time vencedor ganha o mascote. Empolgante.
— Não Godofreda, não faz isso! — Tirou ela de cima de seu rosto.
Virei para olhá-lo, e arqueei a sobrancelha.
— Ela tá comendo meu cabelo. — Explicou.
— Jaden, vai lá ver se não está esquecendo nada. — Mandei, e ele logo
suspirou.
— Ah não! Você já mandou eu ir umas três vezes! — Se sentou na cama.
— Maxinne, eu não estou esquecendo nada!
— Vamos sair daqui uma hora, verifica direito! — Me sentei ao lado dele,
depois de terminar de arrumar.
— Já verifiquei. — Falou com tédio. — Para de ser ansiosa.
— Tem certeza que não vai me deixar no vácuo quando eu te mandar
mensagens? — Virei para perguntar.
— Sim, tenho. — Sorriu. — Não tô preparado pra dormir sem abraçar
ninguém.
— Dorme como você dormia antes. — Ergui os ombros.
— Não lembro como eu dormia antes. — Fez voz de coitado.
— Para, Jaden!
Levantei, e fui conferir minhas coisas novamente. Mas... dessa vez eu
percebi que estava esquecendo do bendito perfume do Jaden.
— Ah! Sabia que isso ia servir pra alguma coisa. — Peguei o perfume, e
guardei na mala.
— Vou sentir saudades, bebê! — Pegou o perfume da minha mão, e o
abraçou.
— Que pena. — Peguei de volta.
— Maxinne...
— É Max. — Sorri falsamente.
— É o que eu quiser que seja. — Sorriu mais falsamente ainda.
— Acha um ralador bem gr...
— E ENFIA ELE NESSE SEU CABELO IDIOTA! — Jaden gritou, me
fazendo assustar.
— Ai credo. — Respondi ainda assustada.
— Rum! — Fechou a cara, e se jogou na cama novamente.
⋄✦⋄
Já estávamos dentro do ônibus, voltando para a casa. Sentei com a Jayla, e
já faziam exatamente seis minutos na estrada, eu já estava levemente
enjoada. Eu fico assim quando estou entediada em um veículo, então tive a
brilhante ideia de dormir.
Isso, dormir! Encostei minha cabeça no ombro de Jayla, e fechei os olhos
suavemente. Fiquei pensando em como seria legal chegar em casa
novamente, encontra minha mãe, minha irmãzinha... mas também estou mal,
pelos meus amigos. Vou sentir falta.
O ônibus estava calmo, bem frio, então coloquei uma cobertinha rosa em
cima de mim. Bocejei devagar, e logo senti minhas pálpebras pesarem.
⋄✦⋄
JADEN
Depois de vinte minutos dentro do ônibus, olhei para trás, e vi Jayla e
Maxinne escoradas uma na outra. Virei para frente novamente.
Suspirei, e revirei os olhos.
— Javon...
— Não. — Respondeu friamente, enquanto folheava uma revista.
— Por favor! — Insisti choramingando.
— Não! Não vou ficar com a Jayla de novo. — Fechou a revista. — Você
me colocou de lado no acampamento inteiro!
— Mas eu te vejo todos os dias! Eu nunca mais vou ver a Maxinne, vai,
por favor! — Chacoalhei seus ombros.
Suspirou. — Tá bom.
Sorri, e me levantei indo em direção as garotas. Agora é só convencer a
Jayla. Maravilha, fácil fácil.
— Sai. — Cheguei ao seu lado.
Ela apenas olhou para mim, olhou para Maxinne, sorriu, e levantou.
Me sentei cuidadosamente, e escorei a cabeça dela no meu ombro como
estava antes.
MAXINNE
Quando acordei, fiquei surpresa quando vi que estava escorada no ombro
de Jaden dessa vez. E sorri levantando a cabeça.
— Da última vez que eu te vi, tinha extensão de cílios.
— Ha, ha. — Revirou os olhos.
— Péssimo senso de humor. — Fechei a cara. — Credo.
— Meu senso de humor é muito melhor que o seu.
— Tá bom, Jaden. É mesmo. — Ironizei.
— Estamos chegando. — Se virou para olhar pra mim.
— Ah... — Fiz uma expressão levemente chateada.
— Me manda mensagem quando chegar. — Colocou sua mão em cima da
minha.
— Ok, eu mando. — Sorri.
Depois de alguns minutos, chegamos finalmente no ponto da cidade. De
longe, já conseguia ver minha mãe me esperando dentro da Porsche. DA
PORSCHE.
Quem vai buscar a filha do acampamento em uma Porsche!?
Arregalei os olhos, e sorri. Estava morrendo de saudade dela.
— Nossa! — Jaden olhou para o carro. — Quem é a sortuda que vai pra
casa de porsche!?
— Nem imagino. — Suspirei, e levantei do banco.
Peguei minhas malas, e fiquei parada.
— Olha... foi... legal, ficar com você. — Falei, e vi Jaden sorrir.
— Foi incrível ficar com você! — Falou docemente. — Não esquece da
mensagem!
— Não esqueço! — Sorri.
— Então... tchau, Maxinne. — Fechou o sorriso.
— Tchau... — Olhei em seus olhos.
Ficamos em silêncio por dois segundos. Cheguei perto, e depositei um
beijinho na sua bochecha, me virei, e fui andando até Jayla e Javon para me
despedir.
Peguei meu irmão no outro ônibus, e fomos até o carro da minha mãe
juntos.
— Achei que não iria sair daquele ônibus nunca, Maxinne. — Minha mãe
comentou quando eu entrei no carro.
— Eu também! — Joguei nossas coisas no banco de trás, e fui abraçá-la.
— Senti sua falta. — Fez cara triste. — E olha... eu juro que me comportei
dessa vez! Não engravidei de ninguém. — Sorriu.
Sim, isso é um grande motivo para se comemorar.
— É... parabéns?
— Obrigada! Eu sei que sou incrível. — Pegou o Michael do meu colo.
— Cadê seu irmão?! Maxinne, não vai me dizer que perdeu seu irmão. —
Me repreendeu.
— Não! Não perdi. Ele saiu com o time idiota dele. — Peguei uma mala
dele do banco de trás, e mostrei.
— Um dia eu ainda perco meu pescoço com vocês. — Fez carinho no
cabelo do Mike. — Agora, coloca esse garotão na cadeirinha de trás. — Me
entregou ele.
Revirei os olhos, e desci do carro.
Voltei para o banco da frente de novo, e fiquei quieta.
— E aí..? — Ela disse. — Não vai me contar nada? Foi legal? — Não
respondi. — Ah, foi muito chato? — Liguei o aquecedor. — Aqueles garotos
mexeram com você de novo!? Ah, se for isso, eu vou atrás de cada um deles.
Cada um!
— Relaxa, dona Virgínia. Foi legal. — Sorri.
— Foi? — Sorriu novamente, e entrelaçou nossas mãos. — Sabe o quanto
eu fico preocupada quando você não me diz o que tá acontecendo, não sabe?
— Eu sei, desculpa.
— Já te falei mil vezes para parar de pedir desculpas. — Cruzou os
braços.
— Desculpa, é que... — Parei de falar. — É.
Ela deu risada, e virou para os bancos traseiros.
— Se divertiu? — Fez uma voz doce.
— Sim! — Ele respondeu. — Eu conheci o novo namorado da Max.
— MICHAEL! — Virei para trás bruscamente. — Seu fofoqueiro!
— Namorado? Oh... seria o gatinho de aparelho?
Fechei a cara, e fiquei quieta.
— Maxinne, você ficou com aquele garoto? — Virou para mim. —
Finalmente aprendeu a escolher bons garotos, aprendeu com a mamãe!
— Para, mãe. — Sorri, senti minhas bochechas queimarem. — O Jaden
é... era, meu amigo.
— Ah, então ele tem nome? — Debochou. — Jaden... lindo nome.
Aprovado, quero conhecer meu novo genro, pra ontem.
— Mãe! — Falei, totalmente envergonhada. — Chega desse assunto. —
Virei a cara para o vidro da porta.
— Tá bom, desculpe. — Deu mais risadas, e começou a finalmente dirigir
o carro para casa.
Quando eu estava com o rosto virado para o vidro, vi os Walton saindo do
ônibus, e abraçando seu irmãozinho, Daelo. Sorri, e virei para frente.
Fomos o caminho todo conversando sobre as novidades de casa, e quando
chegamos, fui direto ao encontro da Valéria.
— Minnie! — Ela gritou, e logo veio me abraçar.
— Senti sua falta! — Abracei apertado.
— Esse não é o seu cheiro. — Arqueou a sobrancelha.
— Claro que é! Faz tanto tempo que não nos vemos, que você até
esqueceu qual é o meu cheiro. — Fingi estar constrangida.
— Não! Claro que não. Eu nunca esqueceria o seu cheiro. — Sorriu. —
Até porque você tem cheiro de cereja, esse perfume tem cheiro de garoto.
— Machista! Só porquê eu sou mulher, não posso usar perfume de
homem?! — Brinquei.
— Não é isso! Ah, você é estranha. — Virou, e foi abraçar o Michael.
— Valeu pela moral. — Peguei minhas coisas, e subi para meu quarto.
Que saudades desse quarto! Joguei as coisas no chão, fechei a porta, e me
joguei na cama. Senti o cheiro próprio do meu quarto, e me levantei
novamente. Fui direto para o banho, enquanto a Flo arrumava minhas coisas
no lugar.
Saí do banho enrolada na toalha, e vi ela dobrando meus vestidos para
colocar nos cabides do closet.
— Florence, pode deixar que eu arrumo. — Sorri, e coloquei a roupa no
cesto.
— Tudo bem, flor. Eu faço isso a anos. — Ironizou, e demos risada.
Florence trabalha conosco desde que eu me conheço por gente, ela sabe
de tudo (ou quase) da minha vida.
— Maxinne... de quem seria isso aqui? — Ela perguntou com dúvida,
segurando o perfume do Jaden.
— É, eu... ganhei! — Sorri falso. — Ganhei de alguém. Não pergunte
quem. — Entrei no banheiro, e vesti um vestido branco.
Fiquei deitada por mais ou menos uma hora, depois desci para fazer bolo
de chocolate.
Abri a geladeira, e vi que não tinha ovo.
— Mãe! Cadê o ovo? — Perguntei para ela, que estava na sala.
— Tá vendo algum ovo aí dentro? — Respondeu.
— Credo, que ignorância. — Fechei a geladeira vagarosamente. —
Queria fazer um bolo de chocolate.
— Faz sem ovo. — Ergueu os ombros.
— Não dá! Sabe muito bem que bolo sem ovo fica borrachudo. — Cruzei
os braços.
— Vai comprar. — Terminou de colocar o último grampo no cabelo da
Valéria.
— Por que a Florence não vai? — A garota perguntou colocando a mão na
cabeça para ajeitar os acessórios.
— Porque, a sua irmã tem que aprender a fazer coisas simples do dia a
dia sem a Florence. Não é mesmo, Maxinne? — Sorriu para mim.
— É, é mesmo. — Debochei, peguei dinheiro, e saí.
Fechei a porta, e fui andando até um mercadinho, caso não saiba: ele fica
a uns três quarteirões daqui. O pneu da minha bicicleta furou, então eu vou a
pé. O que eu não faço por um bolo de chocolate? Cheguei lá, e resolvi
comprar alguns doces também.
CINCO DÓLARES EM UM PIRULITO!? Ok, comprei. Também peguei
achocolatado, balas, e batata frita congelada.
— Dinheiro ou cartão? — A moça do caixa perguntou, sem a menor
vontade de falar.
— Dinheiro. — Entreguei cinquenta dólares para ela.
— Obrigada pela preferência, volte sempre. — Fechou a cara, e entregou
vinte dólares de troco.
Andei com duas sacolas cheias de doce, até chegar em frente de casa,
onde eu parei de andar, de respirar, e de funcionar. Lembrei que não
comprei o ovo.
— Oh, merda. — Larguei as sacolas. — Que burra!
Fiquei pensando se iria voltar pro mercado, e comprar ovo, ou se ficava
em casa comendo doces, sem o bolo.
— Com licença..?
Virei para trás, e vi uma senhora com uma xícara na mão.
— Boa tarde! — Sorri docemente.
— Eu sou nova aqui... ainda não tenho muita coisa na minha casa, será que
poderia me emprestar um pouco de açúcar? — Sorriu. — Eu quero fazer um
bolo de cenoura, e não encontro nenhum mercado por perto.
— Claro! Pode entrar. — Peguei as sacolas, e abri as portas de casa.
Fui com ela até a cozinha, e coloquei açúcar na xícara dela.
— Obrigada querida, Deus lhe pague! — Eu estava levando ela para a
porta de novo.
— É.. moça? — Ela se virou. — Você, tem ovo?
— O que?
— Ovo, sabe? Ovo... — Fiz uma mímica fingindo que estava quebrando
um ovo com as mãos.
— Ah, claro! Tenho, você quer?
— Quero! Se não for incômodo.
— Claro que não é incômodo nenhum, vamos lá na minha casa! —
Andamos até a casa dela.
Descobri quem era a pessoa que estava se mudando para frente de casa
naquele dia.
— Ah! Eu vi quando a senhora estava se mudando pra cá, não sabia quem
era, até agora. — Dei risada. — Achei que seria a mulher que eu
cumprimentei.
— Deve ter cumprimentado a minha filha, ela sempre me ajuda. — Abriu
a geladeira para pegar dois ovos.
— Entendi. Muito obrigada pela ajuda! — Sorri, e peguei os ovos.
Voltei para casa, e finalmente fiz o bolo! Ficou uma delícia, não queria me
gabar... mas bolo de chocolate é uma das minhas especialidades.
Fiquei conversando com Jaden por mensagens, enquanto comia meu bolo.
Não é a mesma coisa, claro. Mas pelo menos estamos conversando... mas foi
por pouco tempo. Ele está ocupado.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
16.

29/06
Sábado
10:12
⋄✦⋄
Acordei com a Valéria gritando no meu ouvido, pelo visto, hoje a gatinha
acordou mais animada que o normal. Brinquei com ela por um tempo, até ela
sem querer cair da cama, machucar a cabeça, e começar a chorar.
Levei ela pra minha mãe, e fui fazer minhas higienes matinais. Adoro
crianças, quando estão fofas, e comportadas.
Coloquei uma saia jeans, regata branca curta, um tênis branco, depois
vesti por cima um moletom da rainha Lana.
— Mãe, mandou trocarem o pneu da minha bicicleta? — Perguntei
descendo as escadas.
— Trocamos o da sua, e mandei pintar a da Valéria, que já estava
desbotando. — Falou terminado de cortar as bananas.
— É verdade, ela está mais rosa do que esse morango! — Ergueu um
morango que estava na sua mão.
— Na verdade, morangos são verm..
— Max, não estrague os sonhos da sua irmã! — Minha mãe disse, e eu
ergui as mãos em sinal de rendição.
Peguei um copo de água, e fui até a sala. Encontrei meu irmão lá, ele
estava com olheiras, e extremamente quieto enquanto assistia pânico na
floresta. Adolescente é foda.
— Sai. — Exclamou, quando eu me sentei ao seu lado.
— Sai você. — Respondi tomando um gole de água.
— Maxinne! É sério, os meus amigos vão chegar agorinha, não quero que
eles te vejam. — Fez cara de coitado.
— Por que!? — Cruzei os braços.
— Não quero sofrer o bullying da irmã bonita. — Revirou os olhos. —
Não que você seja b.. você entendeu.
— Nossa, Tom. — Fechei a cara. — Quem são eles?
— São alguns do meu time no acampamento. — Paralisei. — Relaxa, o
Josh não tá incluído. Sei que você e ele tiveram aquela briguinha besta.
"Besta"?
— O que tá acontecendo com você!? Por que de repente ficou idiota? —
Tomei mais água.
— Não estou idiota, só fiz amigos novos. Achou eu ia ficar conversando e
saindo só com você? — Olhou para mim. — Uma hora isso ia acontecer.
— Achei. — Sorri sem mostrar os dentes.
Ele ficou quieto, e continuou assistindo. E como todo pânico na floresta:
começou a tradicional cena de sexo. Fazendo eu franzir o cenho.
— O que? Uma hora você vai fazer isso também. — Sorriu, e ergueu as
sobrancelhas.
— Que nojo. — Levantei, e joguei nele um restinho de água do meu copo.
Minha mãe avisou que ia no mercado com Michael, e mandou eu levar a
cachorra pra passear.
— Então... vamos aproveitar a sua bicicleta nova? — Sorri para a
garotinha acariciando a cadela de colo.
— Vamos!
Fomos pegar as bicicletas na garagem, coloquei a Natasha na minha
cestinha, e começamos a andar até a praia. Pra quem não sabe: temos uma
cachorra chamada Natasha Romanoff. Mas especificamente, a Valéria tem.
Ela é obcecada pela Marvel.
Chegamos até o começo da areia de bicicleta, e logo descemos. Deixei
elas em um canto, e dei a coleira da Nat pra ela segurar.
— Segura bem forte, se ela fugir, você que vai atrás.
— Alguma vez, eu já deixei algum animal fugir?! — Peguntou indignada.
— Sim, os últimos quatro que tivemos.
— Vamos mudar de assunto?! Podemos parar pra comer alguma coisa?
— Claro, né? Não é você que vai pagar. — Ironizei.
— Grossa.
⋄✦⋄
Escolhi um sorvete de chocolate, e a Valéria pegou três milk shakes de
morango, como sempre.
Já estávamos chegando em casa, quando vi que a casa da senhora que é
nossa vizinha estava cheia de pessoas, e dois carrões estacionados na frente.
Olhei mais a fundo, não que eu seja maria fifi...
Sorri ao ver ela cercada de pessoas em sua cozinha, e me virei para entrar
em casa. Minha mãe já tinha chego, e estava acurando Thank u next na sala,
passando aspirador no sofá, e com o Michael no colo. Adoro essa mulher.
—Demoraram!
— Eu sei. — Dei um beijo em sua bochecha. — Deixa que eu seguro! —
Peguei o bebê, e subi pro meu quarto com ele.
Coloquei ele na cama, e deitei ao seu lado o encarando. É estranho. Mike
nunca conheceu o meu pai pessoalmente, quando ele nasceu, meu pai já tinha
morrido. Minha mãe, para suprir a necessidade paterna de uma criança, ela
contava histórias reais sobre meu pai para fazê-lo dormir. Desde então, Mike
realmente pensa que o meu pai, era um herói de verdade, que saiu para uma
longa viagem. Ele já viu diversas fotos do papai, claro, mas nunca soube a
real história.
Eu não gostava do pai dele e da Valéria. Mas não vale a pena falar sobre
ele agora.
Saí dos pensamentos, sendo interrompida mais uma vez por uma música
mais alta que o normal da sala. Lana Del Rel, ela sempre aumenta o volume
com a Lana. Levantei e pedi ajuda da Florence para dar banho e colocar
Mike para dormir.
Todos os dias aqui em casa parecem entediantes. Parece que está
enjoativo. Parece que sempre são as mesmas coisas para fazer! Passear com
o cachorro, levar a Valéria para comer alguma coisa, ficar com o Michael,
almoçar (as vezes sou eu que faço o almoço.), ficar a tarde toda no tédio,
dormir, acordar, e começar tudo de novo.
— O que te abala? — Flo perguntou quando eu estava deitada na cama, e
ela arrumando meu guarda roupa.
— O que?! Nada!
— Maxinne. — Virou para me olhar.
— Tô enjoando da rotina. — Falei rápido.
— Precisa de um namoradinho. — Deu risada, e virou de novo.
— Não preciso não! Que nojo, Florence.
— Não, melhor! Precisa de uma namoradinha!
— Não preciso de ninguém! Preciso mesmo é me jogar de algum lugar.
— Se te faz bem, se joga da cama. — Apontou para a cama que em estava
deitada.
Fiquei em silêncio, e me inclinei na ponta do colchão. Esperei alguns
segundos dramáticos, e dei um impulso pra frente, caindo de bunda no chão.
Sim, eu me machuquei ao cair de propósito
da minha cama.
— Au! — Exclamei me levantando.
— Minha filha?! Você tá enlouquecendo? O que esse acampamento fez
para você? — Virou com um vestido dobrado na mão.
Passar tempo demais com o Walton me afetou.
— Doeu.
— Deixa eu ver se ficou roxo. — Ela disse chegando perto de mim,
preocupada.
— Acho melhor não. — Dei batidinhas para limpar meu short.
— Realmente. — Sorriu, e saiu pela porta.
Pelo menos deu uma diferenciada na rotina!
Não, não, não deu.
Suspirei, e decidi que ia andar pelo bairro, sozinha.
Peguei meu celular, e saí de casa às pressas antes que meus irmãos
percebessem.
Peguei minha bicicleta, e pedalei rápido para um laguinho cheio de patos
que tinha perto de umas montanhas do bairro. Lá tinham várias lojinhas de
comida, roupa, e coisinhas úteis pro dia a dia.
Desci da bike, e larguei lá. Uma vantagem de morar em Atlanta, é que
você nunca será roubado! Entrei em uma loja de doces, e comprei um picolé
de morango.
Me sentei em um banco de madeira, e fiquei literalmente parada. Parada,
olhando para frente. Isso serviu para eu ver dois patos dando uma bitoquinha
na beira do laguinho, fala sério! Não é possível que até os patos tem alguém!
Direcionei meu olhar para um cachorro levando sua namorada para
passear nas montanhas, e por último, é claro, um garoto beijando firmemente
uma garota em frente a uma barraca de decorações.
— Ai, que nojo. — Falei revirando os olhos.
Cruzei as pernas, e comecei a treme-las involuntariamente. Cutuquei
minha cutícula do dedão, e suspirei entediada.
— Pra mim, já deu! — Guardei meu celular no bolso, e levantei.
Atlanta nunca foi tão sem graça.
Pedalei a caminho de casa, quando cheguei, joguei minha bicicleta na
garagem para poder finalmente entrar em casa. Antes de entrar, fiquei
pensativa... deve ser legal ter uma família grande, não como a minha, como...
ter uma avó, tios, primos... não que eu não tenha, eu tenho! Mas não é como
todo mundo, somos todos estranhos, e afastados. Ninguém gosta de ninguém,
nunca comi a comida da minha vó, muito menos brinquei de casinha com
meus primos.
Hoje, ao invés de eu estar aqui, eu poderia estar incrivelmente
aconchegada no sofá da sala, comendo macarronada de vó, e escutando
música alta de família.
Pensei nisso por um bom tempo, enquanto ficava lá parada. Mas quando
eu ia entrar em casa...
— Ora...
Assustei com a voz rouca que veio um pouco atrás de mim, e me virei
rapidamente.
Não acredito!
— Jaden!? — Exclamei, sorrindo.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
17.

29/06
Sábado
13:56
⋄✦⋄
Sorri, e senti meu coração esquentar, eu realmente não sei o porquê... mas
eu fiquei extremamente feliz com isso!
— Jaden... — Repeti, desfazendo lentamente o meu sorriso.
A minha primeira reação na hora, foi correr até o garoto, e o abraçar forte.
Ele retribuiu, e passou os braços em volta da minha cintura.
Desfiz minha expressão depois de cinco segundos abraçados, e me afastei
o mais rápido possível. Vocês não tem noção do quanto eu fiquei vermelha.
— Foi mal... — Falei rindo de nervoso. — É... TPM... carência, ou sei lá!
Falta de atenção paterna? Ou eu só tô alucinando um abraço imaginário na
minha cabeça, que aconteceu... só na minha cabeça...
Um fato interessante: quando eu estou nervosa, as minha falas e
principalmente meus pensamentos ficam desregulados, e eu começo a dizer...
tipo, literalmente tudo que da na telha. E fazer, também. Eu faço muitas
coisas odorosas quando estou nervosa.
— Menina? — Ergueu uma sobrancelha.
Ai que merda, vem aí zoação.
— Ai Jaden, desculpa. Eu fiquei nervosa, porque eu estava precisando
muito de alguma coisa legal pro dia de hoje. — Sorri. — Espera... você é o
Jaden, né?
Já pensou se ele não é o Jaden!? Socorro que vergonha.
— O Javon é que não é! — Sorriu divertido.
— É você mesmo! — Sorri mostrando os dentes.
— Mas... você me acha legal!? — Perguntou.
— Não! Eu só falei o que veio na cabeça. — Dei risada.
— Não mente pra mim. — Disse baixo, e logo veio me abraçar. Hesitei,
mas o abracei sorrindo.
— O que está fazendo aqui!? — Perguntei abafado.
— Bons garotos também visitam a vovó. — Saiu do abraço, sorrindo.
— Quem é a sua vó?
— Dona Amélia, conhece? — Neguei com a cabeça. — Ela mora ali. —
Apontou para a casa em frente a minha.
— Ah! Eu conheço, conheço sim! Ela é um amor. — Dei pulinhos,
empolgada.
Merda, não era pra "dar pulinhos empolgados" agora. Que vergonha.
— A gente já conversou uma vez. — Ignorei, e coloquei as mãos no bolso.
— Sério?! Ela é legal mesmo. As vezes.
Ficamos conversando por bastante tempo, mas tudo que é bom: acaba.
Então nos despedimos, e entrei para casa.
— MÃE! — Foi a primeira coisa que eu disse (gritei) quando entrei em
casa.
Ela não respondeu nada, mas eu fui até a cozinha, e a encontrei lá.
— Você não sabe do que acabou de acontecer! — Comentei.
— Se não me contar, não vou saber mesmo! — Sorriu com sarcasmo.
— Aff, vai ficar sem saber! — Me virei para ir embora.
— Querida! Volte aqui! — Deu risada enquanto falava.
Ignorei, e subi as escadas sorrindo igual uma idiota.
Esse negócio melhorou meu dia, tipo.. bastante!
JADEN
Entrei na casa da minha vó sorrindo, e encontrei minha família toda lá. Me
joguei no sofá, onde estava apenas Javon e Jayla.
— Jaden?
— Hum? — Respondi, ainda rindo.
— Tá tudo bem? — Jayla completou.
— Melhor do que deveria. Por que?
— Deu pra perceber. É que..
— Crianças! Venham almoçar. — Minha vó chamou.
Ela tem essa mania de chamar a gente de criança. Morro de vergonha.
Levantamos pra comer, servi três pratos de frango frito com batata cozida.
Muito bom. Adoro vir a casa dela, porque sempre sentamos e comemos
juntos na mesa. Em família!
— Vó... isso aqui tá muito bom! — Sussurrei para ela, que estava ao meu
lado da mesa.
— Obrigada, querido. Mas eu sei! — Passou a mão no meu cabelo.
Sorri sem mostrar os dentes, e revirei os olhos.
— É.. vó? — Comecei. — Lembra quando eu disse que não queria dormir
aqui? — Ela assentiu com a cabeça. — Mudei de ideia. — Falei rápido.
— Mudou? — Sorriu.
— Mudei. Quer dizer que agora eu quero dormir aqui. — Falei simples.
— E tem certeza de que não tem nenhum motivo especial pra isso, né? —
Javon sussurrou me cutucando com o braço, ao meu lado.
— Tenho! — Virei para ele. — Seu enxerido!
Javon deu risada, e eu revirei os olhos com os braços cruzados.
— Claro que pode dormir aqui, meu bem. — Ela disse.
— Vai ser bom mesmo pra mim passar uma noite longe desse daí. —
Murmurei apontando para Javon.
— Me evita, finge que eu não existo!
— Vai ser um prazer!
— Garotos... — Minha mãe falou calma. — Estão me envergonhando. Da
pra fazerem isso depois?
— Culpa sua. — Sussurrei. — Cabeção.
— Cabeção é você. — Disse no mesmo tom.
— Cava um buraco, e se enfia lá. Se der sorte, fica preso lá para sempre.
— Falei, colocando a mão na boca para disfarçar.
— Pelo menos eu não fico me humilhando por mulher. — Virou o rosto
para o outro lado. — Que nem você.
— EU?! EU FICO ME HUMILHANDO POR MULHER!?
Berrei, e logo vi a família inteira olhando pra mim.
— Quer dizer, que absurdo! Irmão. — Sorri sem graça.
Javon apenas segurou a risada, esse bobão.

MAXINNE
Estava me preparando para finalmente dormir, coloquei um edredom não
cama pelo frio, e me sentei na cama para me arrumar. Apaguei o abajur,
deixando o quarto em total escuro.
Quando estava deitada, lembrei que tinha esquecido de fechar as janelas.
Mas antes que eu pudesse levantar para ir fechar, reparei em flashes de luz
vindo da mesma.
As luzes acendiam e apagavam repetidamente, tipo um oscilação lenta.
Fiquei alguns segundos parada para olhar, e levantei para ver o que era.
— Puta que pariu. — Sussurrei rindo quando cheguei na janela aberta.
Jaden Walton na janela em frente a minha, com uma lanterna na mão! Acho
que ele estava usando tipo um código morse, mas eu não consegui entender o
que quis dizer. Então fiz um sinal indicando que eu queria que ele repetisse.
Prestei atenção, e finalmente decifrei!
"Nos vemos amanhã?" Era o que ele queria dizer.
Hoje em dia existem celulares, Jaden Walton.
Virei e peguei uma lanterna em cima da minha cômoda.
Apontei para sua janela, e pisquei ela em reposta.
"Com certeza!" Respondi animada.
Jaden sorriu, e pareceu comemorar.
"Boa noite, ranzinza."
Revirei os olhos com um sorriso.
"Boa noite!"
Fechei a janela, e corri para a cama novamente. Me cobri até a cabeça, e
fui dormir finalmente sorrindo.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
2 meses depois...
Eu e Jaden nos falamos bastante durante esse tempo. É sério, muito
mesmo! Mas, amanhã começa o inferno... digo: o ano letivo.
Mas o bom, é que o dia tinha acabado de começar, eu tinha acabado de
acordar. Durante esse tempo, não aconteceram muitas coisas legais, ou muito
extravagantes. Na verdade, a única coisa que eu fiz, foi sair por aí sem rumo.
Eu falei com Jayla e Javon, mas só com eles. Não consegui conhecer os pais
de Jaden, porque eles nunca estavam por aqui, mas Jaden conheceu minha
mãe. E pra ser sincera, ela fez eu passar uma vergonha...
Flashback on
— Mãe, esse é o Jaden. Jaden, essa é a... mãe. — Falei confusa, antes de
sair pela porta, onde o garoto estava me esperando para podermos sair.
— Jaden?! É o gatinho de aparelho que você tanto fala? — Ela perguntou,
chegando mais perto de nós.
— Não. Não mãe, porque eu não falo de nenhum gatinho de aparelho, né,
mãe!? — Perguntei desesperada.
— Como!? Você fala dele o dia todo, querida. Achei até que ele era seu
namorado! — Cruzou os braços. — Mas ele é bonito o suficiente para fazer
alguém pensar o dia todo.
Ela sabe que eu nunca falo sobre o Jaden, só está tentando (conseguindo)
me envergonhar na frente de um garoto.
— O dia todo? — Ele perguntou.
— Não! — Revirei os olhos. — Tchau mãe. — Fechei a porta com força.
— Eu não penso em você o dia todo. Muito menos falo! — Coloquei as
mãos no rosto.
— Eu sei que pensa, não precisa disfarçar. — Sorriu de lado, e puxou
minhas mãos do meu rosto. — Fica toda boba assim vermelha.
Jaden nunca perde a oportunidade de me humilhar!
Flashback off
Tem coisas da vida que não valem a pena lembrar, sabe?
— Eu ainda não superei o término deles. — Jaden continuava com o
assunto que estávamos conversando.
Estávamos falando sobre Camila Cabello e Shawn Mendes, pra variar.
— Eu achei que eles iam casar e ter filhos. — Limpei a roda do meu
skate, enquanto nos sentamos no banco de cimento na pista de skate vazia.
— Eu também!
— O jeitinho que ele olhava pra ela... meu sonho. — Cruzei as pernas, e
coloquei o skate do meu lado.
— Quer um namorado igual ao Shawn Mendes? — Colocou as costas no
apoio do banco.
— Quero, quem não quer?!
— Boa sorte para achar um Shawn Mendes nesse fim de mundo. — Sorriu
com os braços cruzados.
— Não existe nenhum que chegue aos pés do original.
— Nossa! Suas expectativas são altíssimas. — Colocou a mão na boca.
— Mas é claro! Não vou namorar um qualquer. — Me virei para pegar o
skate.
— Eu seria um "qualquer"?
— Oi? — Virei para ele de novo.
— Vamos treinar? Você tem que aprender esse negócio logo, antes que as
aulas comecem. — Se levantou, e pegou o skate da minha mão.
— Sim senhor! — Ironizei o seguindo.
Ele está tentando me ensinar a andar de skate faz mais ou menos um mês.
Eu já evolui muito, pra pouco tempo. Na verdade, andar de skate eu já até
que sei, mas ele tá me ensinando algumas manobras.
— Vou te ensinar a fazer uma bem legal. — Ele colocou o skate no chão, e
subiu.
Jaden fez um negócio com os pés, e de alguma forma, ele pulou! Depois
deu um giro de mais ou menos trezentos e sessenta graus com o skate, e caiu
novamente em pé em cima do mesmo. Eu obviamente não entendi o que
estava acontecendo ali, mas estava quietinha olhando.
— Esse se chama "Big Spin". — Veio até mim. — Eu acho que é um dos
mais fáceis.
— Eu não vou conseguir.
— Vai sim, eu te ensino. — Colocou o dedo indicador no meu queixo, e
depois me ajudou a subir.
— Ai não, Jaden, Jaden! — Desci do skate. — Merda.
— Que foi, doidona? — Perguntou confuso.
— Foi mal, estava com medo. Agora vai!
— Então sobe.
— Não deixa eu cair, tá? — Olhei para ele.
— É mais fácil eu cair, do que você. — Sorriu, e por alguma razão
desconhecida no mundo, o sorriso me passou confiança. Então subi logo de
uma vez.
— Eu não sei girar.
— Quer aprender?
— Pode ser! — Não, eu não queria.
O problema não é nem a manobra em si, é que eu morro de medo desses
negócios. Só comecei a andar, porque perdi uma aposta. Odeio apostas. Sou
medrosa pra caralho.
— Tem certeza? Pode ser que você se machuque. — Ele disse ainda me
segurando. — Se você cair e ralar esse rostinho, não vai ser minha culpa!
— Tranquilo, eu tô super de boa! — Não, eu não estava.
— Tá bom.
Depois disso, ele me explicou passo a passo de como eu deveria
movimentar meu corpo, e onde eu deveria colocar meu pé. Não entendi nada.
Na primeira tentativa, já deu errado. Quase meti a boca no ferro de
segurança.
— Tenta de novo!
Me posicionei, parecia que ia dar certo. O meu único erro, foi ter me
apressado demais, então na hora do giro, acabei girando de menos.
— Não precisa se apressar, vai com calma. — Ele veio até mim, com as
mãos na cintura. — Nada na vida se faz com pressa! Você precisa saber
disso para ser uma pessoa bem sucedida. — Sorriu, e me ajudou a subir
novamente.
— Desculpe.
— Para de pedir desculpa, bem. — Disse se afastando.
Respirei fundo, e me inclinei para tentar novamente.
E mais uma vez eu errei, errei quando apontei para a direção errada na hora
de começar, eu mal sei mudar a direção quando estou andando, e na hora do
nervosismo, sei menos ainda.
Fechei os olhos, e a primeira coisa que eu pensei em fazer na hora, foi
pular pra fora como se eu estivesse em um carro sem controle. Caí de cara
no cimento, parabéns, Maxinne.
— Max! — Jaden veio correndo até mim, para me ajudar a levantar.
— Não foi dessa vez. — Brinquei, quando já estava em pé.
— Besta. — Ele deu risada. — Machucou, aqui. — Passou o dedo na
minha bochecha.
— Bem que eu tô sentindo meu rosto queimando a um tempo. — Coloquei
meu dedo indicador onde estava o de Jaden, e quando retirei, vi apenas
sangue.
— Vamos pra casa limpar isso aí antes que fique mais feio. — Ele pegou
o skate do chão, e andamos direto pra casa, não era tão longe.
Chegamos na minha casa, e entramos. Subimos juntos para meu quarto, e
tranquei a porta. Se a minha mãe ver que tem um garoto no meu quarto, ela
faz da minha vida um inferno de tanto me zoar.
— Nossa, que quarto maneiro. Maior que o meu! — Ele olhava em volta,
como uma criança.
— Incrível, né? Eu também acho. — Cruzei os braços. Fiquei tranquila
por dois segundos, mas logo senti uma gota de sangue cair sobre meu ombro.
— O que a gente faz agora? — Perguntei desesperada. — Vamos colocar
um curativo?
— Não! Primeiro você para o sangramento, depois limpa, depois
desinfeta, e aí sim.. você coloca o curativo.
Fiquei quieta, e encarei ele por alguns segundos.
— Eu ando de skate, eu sei! — Levantou as sobrancelhas.
— Tá bom, então eu vou lá tomar banho.
— Não demora!
— Pode deixar.
Parei em frente ao espelho, e fiquei encarando o machucado, o maior
estava um pouco abaixo do meu olho direito, e tinha um mais ou menos da
metade do tamanho no queixo. Também tinham alguns arranhados pelo rosto,
mas nada demais.
Tirei minha roupa rapidamente, e entrei em baixo do chuveiro molhando
até o meu cabelo. Os machucados arderam pra caramba, mas era suportável.
Saí do banho com um vestido branco, e meu cabelo tava totalmente
molhado e embaraçado, mas não importava. Meu rosto estava ardendo por
inteiro.
— Pronto. — Me sentei na cama.
— Onde tem curativo por aqui? — Ele levantou.
— Ali. — Apontei para cima do armário. — Mas eu nunca alcanço, então
acho que vai ter que colocar uma cad...
Parei de falar quando vi Jaden se inclinado, e com uma facilidade
impressionante, conseguiu pegar a caixinha em cima do armário.
— Como foi que você...
— O que? — Perguntou se aproximando.
Não disse nada, apenas fiquei com a boca levemente aberta e intercalando
meu olhar entre ele, e o armário. Acho que fiquei em choque. Fiquei
impressionada.
— Levanta um pouco o rosto. — Jaden pediu, sentado na minha frente na
cama.
— Assim? — Inclinei um pouco pra cima.
— Isso. — Pegou da caixinha, algodão e água oxigenada.
Jaden passou o algodão delicadamente sobre os machucados, e depois
secou com um lenço. Pegou um band aid com figuras, e colocou sobre cada
um dos machucados.
— Prontinho, bem melhor.
— Com certeza. Obrigada! — Sorri.
— Por nada, princesinha! — Guardou as coisas. — Vai ficar com uma
cicatriz maneira.
— Maneira. — Ergui as sobrancelhas, sorrindo.
— Muito maneira. Nunca conheci nenhuma garota com um cicatriz no
rosto.
— Nem eu. — Dei risada.
Peguei um espelhinho, e o coloquei em frente ao meu rosto, até que os
machucados não ficaram tão ruins. Jaden soube lidar super bem com a
situação!
— Como é que eu vou chegar com isso na escola!? — Minha ficha caiu.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
18.

10/08
Segunda - Feira
07:07
⋄✦⋄
Nesse exato momento, estou escovando meus dentes enquanto penso em
mil possibilidade do que pode acontecer logo no meu primeiro dia de aula.
A escola que eu vou estudar, é pouquinho longe de casa. E é nova! Eu já
estudei em muitas escolas por aí, mas nunca em Buford. Mas Jaden me
tranquilizou, ele disse que é uma escola muito boa, e que vai me ajudar a me
enturmar.
Sobre os machucados, eu até que consegui esconder! Foi fácil, coloquei
um curativo completamente discreto, e passei corretivo por cima. Ficou
perfeito.
— Anda logo, Maxinne! — Minha mãe entrou no meu quarto de repente.
— De onde vieram esse peitos? — Perguntou antes de eu vestir meu
uniforme.
— Da sua genética. — Pisquei para ela. — E, não estou com vontade de
por sutiã hoje.
— Você é das minhas! — Levantou a mão, para fazer um toque.
— Eu sei! — Retribui o toque.
Terminei de me arrumar, e desci. Combinei de ir com Jaden e Javon,
Daelo vai com os seus pais, já que estuda em outra escola, e Jayla nem
estuda mais, terminou o ensino médio ano passado.
Quando cheguei na cozinha, comi só uma fatia de pão caseiro, e suco de
goiaba. Odieo suco de goiaba, mas esse tava bom. Florence arrasa!
— Vai querer ir de Porsche ou de BMW? — Minha mãe perguntou
convencida.
A minha mãe é pessoa mais egocêntrica que eu já conheci, ela ama expor
seus luxos. As vezes ela exagera, mas também, chega a ser incrível o modo
como ela lida com tudo. Gastando. Eu amo isso nela, embora as vezes seja
irritante.
— Eu... vou com um amigo. Dois, dois amigos.
— Amigos? Que amigos? O gatinho de aparelho e quem mais? — Se
sentou ao meu lado no banco do balcão.
— Para de chamar ele de "gatinho de aparelho" pelo amor de Deus, morro
de vergonha!
— Ok, o Jaden e quem mais? — Corrigiu, sorrindo com sarcasmo.
— O Jaden e o Javon, o irmão dele. — Falei com tédio, mexendo no
pedação de pão na minha frente.
— Ele tem irmão? Por que nunca me disse nada?
— Porque ele não vem aqui! Javon é o irmão gêmeo, mãe. — Apoiei meu
cotovelo no balcão.
— Ai, sério?! Sempre quis namorar com um gêmeo, mas nunca encontrei.
— Sorriu. — Investe, filha!
— Que "investe" mãe?! Ele é meu amigo. — Revirei os olhos, e desci do
banco.
— Eu vejo nos olhinhos serelepes de vocês que rola alguma coisa, vai
filha! Conta pra mamãe! — Ela veio atrás de mim.
— Não vou contar nada! — Peguei minha mochila do sofá. — Quer dizer,
não tem nada rolando!
— Maxinne! — Ela gritou quando eu estava saindo pela porta.
— Hora certa. — Falei pra mim mesma, quando avistei o carro preto
chegando.
Entrei dentro do carro, e cumprimentei os dois. Javon estava dirigindo, e
Jaden estava no banco traseiro.
— Você anda no banco traseiro? — Perguntei.
— Mas é claro! — Respondeu sorrindo.
— Mentira, ele quis andar aí só pra ficar perto de você. — Ouvi a voz de
Javon, antes dele começar a rir.
— Mentira! — Jaden cruzou o braços. — Não acredita nele, tá bom? —
Olhou pra mim.
— Tá bom..? — Respondi confusa.
Demorou mais ou menos trinta minutos pra chegarmos na imensa escola, é
sério, é enorme! Descemos do carro, e eu tentei fingir naturalidade.
Quando entrei, me separei por um instante dos garotos para assinar alguns
papéis, e logo voltei com eles para ir para a sala de aula.
⋄✦⋄
O fim da aula chegou, e tenho que dizer que não foi tão ruim como eu
imaginava! Os professores são ótimos, e os alunos muito educados. Quer
dizer, a maioria.
Flashback on
As mesas de BHS eram grandes para duas cadeiras cada, Walton quase se
ajoelhou no chão para poder se sentar ao meu lado, e fez uma garota que já
estava lá antes de nós, sair para ele poder sentar.
Estava tudo bem, até uma pest... que dizer, uma garota chegar com um
grupinho de quatro pessoas, literalmente esbarrando em tudo, e desfilando
como Gigi Hadid.
— Jaden... — Chamei, tirando minha atenção do livro.
— Puta merda. — Ele sussurrou, e prendeu a respiração.
— Jaden! — A garota que estava à frente, chamou em um gritinho agudo.
Ela era ruiva, olhos azuis, acessórios dourados, e um casaco de pelo rosa
por cima do uniforme. Eu diria que é meio vó...
— Rosa.. — Ele respondeu cruzando os braços.
Até o nome dela é Rosa.
— Senti sua falta! Por onde andou? — Continuou falando com um sorriso
de orelha a orelha.
— Eu tava no... — Olhou para mim. — Eu não sei.
— Não sabe onde estava? — Perguntou confusa. — Seu senso de humor
continua incrível! É a coisa que eu mas amo em você. Tirando... você por
inteiro.
— Eu por inteiro, né? Legal... — Respondeu sem graça.
Eu continuei quieta, apenas mordendo os lábios inferiores por ansiedade.
— Senhorita Thompson? Perdeu algo na mesa do Walton? — A professora
de arte se virou para nós olhar.
— Não, não perdi. Eu já estou indo! — Sorriu falso, e voltou a conversar
com Jaden.
— Eu fiquei as férias toda pensando em você!
— Empolgante. — Ele sorriu sem mostrar os dentes.
— Realmente... é, quem é ela? — Se virou para mim.
Eu achei que esse momento não ia chegar, socorro Deus.
— Ela é...
— Senhorita Thompson!?
— Professora! O meu lugar está ocupado! E não tem nenhuma mesa livre.
— Virou para a professora, e cruzou os braços.
— Nessa escola, ainda não conseguimos comprar mesas, Rosa. — Ela
largou a caneta que estava escrevendo no quadro. — Agora vá buscar uma
mesa para você, em outra sala. — Falou rígida.
Jaden claramente segurou uma risada, que fez barulho. Rosa se virou
bruscamente para ver, e depois saiu da sala bufando com seu grupinho.
— O que foi isso, Walton? — Perguntei incrédula.
— Rosa e seus amiguinhos, gostou? — Apoiou a cabeça em sua mão.
— Nossa, adorei. — Brinquei.
— Eu te conto a fofoca depois. — Voltou a foliar o livro.
Flashback off
— Jad? — Chamei, guardando minhas coisas.
— Não. — Respondeu colocando a mochila nas costas.
— Se enxerga. — Quando eu ia começar a falar...
— Finalmente acabou! — A ruiva veio correndo até nós. — Preciso falar
com você. Com licença. — Olhou rudemente para mim.
— Com todo prazer. — Sorri falso, e me virei para sair.
— Não! Não me deixa aqui com ela... — Jaden sussurrou
"disfarçadamente".
— Jaden! Não fala assim! — Ela arregalou os olhos. — O que eu tenho
pra falar pra você, não pode ser escutado por mais ninguém! — Falou
sorrindo de lado.
— Que nojo, garota. — Ele falou arqueando a sobrancelha. — Então... eu
vou indo, tá? — Disfarçou, e começou a andar.
— Não! Espera! — Foi atrás dele. — Tá legal, eu falo!
Ele parou de andar, e virou para ela.
— Está livre hoje à tarde? Você sabe.. pra fazer alguma coisa legal...
comigo. — Sorriu.
— Foi mal, viu? Não tô não. — Colocou as mãos no bolso.
— Por que não!? — Perguntou com aquele grito agudo, mais uma vez.
— Porque... vou estar com a minha namorada.
— Namorada!? — Eu e ela falamos juntas.
Jaden sorriu, e piscou para mim.
— Já esqueceu do nosso compromisso? — Veio até mim, e passou o braço
pelo meu pescoço.
— Que? — Perguntei.
— O que digo eu! Como assim você namora?! — Desfez o sorriso. — E a
gente?
— Desculpa Rosa, mas já estamos atrasados pro nosso compromisso, até
amanhã. — Desceu a mão para meu braço, e me puxou para sair. — Vamos,
amor? Temos que chegar cedo! — Deu um beijo na minha bochecha.
— O que!? — Sussurrei alto.
— Cala a boca. — "Sussurrou" mais alto.
Andamos rápido até o carro, fui o caminho todo o interrogando, e aquele
idiota não me respondia.
— Pronto, vai. Pergunte. — Ele falou, depois de fechar a porta no banco
do motorista.
— E o Javon? — Perguntei no banco ao seu lado.
— Já dei um jeito. — Sorriu com sarcasmo.
— O que você fez com ele!?
— Não importa. — Encostou as costas no banco. — Eu vou te contar o
que aconteceu.
— Conta!
— Eu já... sabe, já namorei a Rosa. — Falou rápido. — Mas... foi um
erro. Um erro enorme! Na época, eu estava literalmente aceitando qualquer
coisa.
— Espera.. muita informação. — Falei tentando raciocinar.
— Eu tinha acabado de terminar um relacionamento, e não foi nada
saudável! Então comecei outro relacionamento com a Rosa. Ela era doce, e
simpática... embora seja difícil de acreditar.
Eu só conseguia ficar quieta, e olhar para ele com uma cara de "não
acredito".
— Só que... não deu muito certo. Ela é muito grudenta, é só sabia falar
de... você sabe. — Fez uma expressão triste.
— Jaden... — Falei com pena.
— Eu terminei com ela faz um tempinho já, mas ela nunca aceitou isso.
Fica correndo atrás de mim, e dizendo coisas para tentar chamar minha
atenção. — Começou a estalar os dedos.
— Por que não disse a ela que não quer mais?
— Eu não tenho coragem de dizer diretamente — Falou baixo. — Sem
falar que eu já terminei com ela, né? Então eu tento deixar claro com outras
palavras. Mas nunca da certo.
— Percebi.
— Por que eu sempre escolho as erradas, Maxie?
— A culpa não é sua... para de falar assim. — Coloquei minha mão em
cima da sua.
— Desculpa por ter dito que você é minha namorada, tá? Foi a primeira
coisa que eu pensei na hora.
— Tudo bem, mas... e agora?
— Agora... a gente vai ter que fingir que namoramos. — Deu risada. —
Não vai ser tão difícil.
— Para de rir! — Tirei minha mão da dele. — Bobo.
— Eu tô falando sério! A partir de agora, estamos namorando.
— Ah não...
— De mentirinha... claro.
— Jaden... olha no que você me meteu. — Coloquei a mão no rosto.
— Não quer namorar comigo? — Fez cara de coitado.
— Não!
— Nossa, Maxinne! — Revirou os olhos.
— O que? — Arqueei a sobrancelha.
— Nada.
— O que foi?! — Perguntei rindo.
— Levei um fora. Por que me deu um fora?! — Cruzou os braços.
— Que fora, moleque?! Tá louco?
— Louca é você! Só uma maluca daria um fora no Jaden Walton. —
Ajeitou o cabelo no espelho.
Eu não mencionei, mas estamos com o carro parado até agora.
— Verdade, Jaden. — Ironizei revirando os olhos.
— Vamos logo, vou te levar pra sua casa. — Girou a chave.
— Você tá bravo? — Perguntei receosa.
— Imagina. — Começou a dirigir.
— Ainda tá bravo pelo "fora"?!
Ele ficou quieto, e levantou as sobrancelhas.
— Jaden! — Chamei. — Que ego é esse?!
Passamos o caminho todo em silêncio, e finalmente chegamos em casa.
— Até mais tarde, "namorado". — Me aproximei, para deixar um beijo na
bochecha dele.
Mas o Jaden achou que era uma ideia incrível, se virar bem na hora do
beijinho diário, sem vergonha.
Acabou que virou selinho, mas logo me afastei quando percebi.
— Desculpa! Foi sem qu...
— Shh.. — Coloquei o dedo indicador na sua boca, sorri, e saí do carro.
— Me manda mensagem quando chegar em casa. — Fechei a porta.
Talvez eu não deveria ter agido dessa forma depois de literalmente dar um
selinho na boca do Jaden, mas não achei desesperador, muito menos ruim.
Foi normal.
Entrei no meu quarto, e fiquei pensando no que ele me contou, parece que
temos um "trauma" em comum.
— Da pra parar de enrolar, e me contar logo o que aconteceu? — Minha
mãe perguntou sentada na minha cama.
— Tá bom, basicamente, agora eu tô namorando o Jaden. — Falei
naturalmente, me sentando ao seu lado.
— O QUE?! Por que não contou antes?! — Levantou.
— Calma lá, Virgínia! Não é de verdade, eu só tô ajudando ele numa
coisinha aí. — Ergui os ombros.
— Espera, como assim? — Sentou de novo.
— Ah, ele precisava sair de uma situação embaraçosa, e eu "ajudei". Não
vou conseguir explicar. — Falei olhando para frente.
— Então vocês não estão namorando?
Neguei com a cabeça.
— Ah... — Falou baixo. — Está chateada?
— Que?! Não! Claro que não. Por que eu ficaria? — Olhei para ela.
— Sei lá, talvez porque você seja secretamente apaixonada por ele? —
Olhou suas unhas. — Talvez pelo fato de que vocês se amam, e vão ter
quatro filho no futuro, um casal de gêmeos, e dois meninos.
— Meu Deus..
— Licença, vou tomar uma água. — Levantou e saiu.
Dei risada sozinha, e fui tomar banho.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
Bom sábado 🙃
19.

COLOQUEM A MÚSICA QUANDO APARECER O AVISO!!


17/08
Domingo
15:23
⋄✦⋄
— Você vai mesmo, né? — Jaden perguntou do outro lado da linha.
Estávamos conversando por ligação. Daqui a pouco vai rolar uma festona
de uma garota rica da sala, é aniversário dela e ela está fazendo questão de
fazer essa babaquice toda. Minha mãe me obrigou a ir, disse que é bom para
simpatizar com pessoas da minha idade, e não com atores ou cantores
famosos.
Correção: minha mãe, e o Walton.
Eu estava citando todos os motivos para tentar convence-lo de que isso
seria uma péssima ideia... mas não adiantou muita coisa.
— Eu tenho mesmo que ir..? — Perguntei ainda de pijama jogada na
minha cama.
— Tem! Por favor. — Fez bico.
— Vou só por causa desse biquinho!
— Eu derreto seu coração, não derreto? — Perguntou convencido.
— Derrete muito. — Ironizei. — Gosto de você.
— Gosta mesmo?!
— Gosto. Porque você é o meu amigo! — Dei ênfase na palavra "amigo".
Jaden é cheio de gracinha, não pode dar brecha.
— Ah não! — Fingiu tristeza. — Merda.
— Idiota. — Revirei os olhos.
— Meu primeiro amor, quebrou meu coração!
— Para! — Dei risada. — Tenho que ir, mais tarde a gente se fala! —
Falei, e desliguei a chamada.
JADEN
Se ela não for, eu vou lá na casa dela puxar pelos cabelos. Que garota
mais anti-social, onde já se viu?! Não gostar de ir em festas...
Hoje percebi que o cabelo dela tava bem onduladinho, nunca tinha visto
daquele jeito. Geralmente está mais liso e escuro, já hoje estava totalmente o
contrário.
— Rapa daí. — Javon chegou no meu quarto. — Anda!
— Não! — Cruzei os braços.
Ele não disse nada, apenas se deitou em cima de mim na cama. Na
verdade ele se jogou mesmo.
— O que foi, moleque? — Coloquei a mão na testa dele. — Tá carente?
— Sim.
— O QUE?!
Javon nunca foi de se apaixonar por ninguém, nunca vi ele carente, nunca
nem ouvi dizer, nem sabia que existia! O que?
— Carente de amor "irmãoterno". — Inventou uma palavra.
— Meu Deus. — Revirei os olhos.
— Vai na festa? — Mudou de assunto, se ajeitando na cama.
— Mas é claro! — Arqueei a sobrancelha. — Você não?
— Não.
— Por que não? — Levantei da cama.
— Porque eu tenho treino. O que é muito melhor do que qualquer festinha
boba de gente rica. — Sorriu convencido. — Vou ficar bonitão treinando,
que eu ganho mais.
— Vai lá então, oh... "bonitão"!
— Obrigado!
— Sabe que só é bonito dentro da sua cabeçona, né? — Coloquei as mãos
na cintura.
— Sabe que somos gêmeos, né? — Imitou meu jeito de falar.
— Sei, dãã! — Dei risada. — Mas eu sou lindo, você não.
— Eu sou mais bonito que você. — Bocejou despreocupado.
— Eu sou muito mais gatinho. — Mandei beijo no ar.
— Minhas fãs acham que eu sou mais bonito!
— Mentira! Até as suas fãs acham que eu sou muito mais irresistível. —
Sorri.
— Claro que não. — Riu frouxo. — Sua namorada me mandou mensagem
ontem dizendo que eu sou um pitéuzinho. — Se levantou.
— Que namorada?!
— A mãe do seu madruga. — Disse, e saiu.
E eu fiquei lá, parado, boquiaberta.
MAXINNE
Resolvi me arrumar já que não tenho nada pra fazer hoje, vamos nessa tal
festa né.
Escolhi uma roupa as pressas, começa daqui uma hora. Peguei um vestido
rosa de cetim, um sapato qualquer, e prendi uma fita no cabelo.
Inclusive, hoje ele está rebelde! Tentei deixar bem lisinho, mas não
adiantou muito. Eu acho que não contei, mas meu cabelo natural é bem cheio,
e ondulado. Eu aliso porque enjoei dele, mas é até que bem bonito. Eu finjo
que não estraguei o meu cabelo quando tinha treze anos, e tive a ótima ideia
de pintar de castanho, um cabelo que era loiro claro. Até hoje não tirei,
talvez algum dia eu volte para o loiro.
Quando as pessoas me veem, ficam perguntando o motivo de todos os
meus irmãos e minha mãe terem cabelo loiro, menos eu. Eu ignoro.
Ele está voltando a ser como era, ondulado. Eu espero que ninguém tenha
percebido.
Tomei um banho rápido, e me arrumei. Passei apenas um delineado, e
gloss. Me arrumei bem rápido até.
Eu fui comer alguma coisa, e nem percebi o tempo voando! Já estou uns
trinta minutos atrasada, e Jaden nem saiu de casa ainda para me buscar. Ele
sempre insiste em vir, mesmo eu dizendo que não precisa. Ter um
cachorrinho é realmente muito bom! Quando se tem um desses, você para de
gastar dinheiro com Uber, e não precisa mais ser levada pela mamãe para os
lugares.
Demorou mais ou menos dez minutos, e ele já chegou. Esse moleque veio
voando com esse carro, certeza.
— Cadê os... — Ia perguntar, mas fui interrompida.
— Javon não veio, Daelo é pítico, e Jayla nem conhece a aniversariante.
— Respondeu rápido, com o carro ainda parado.
— Tinha esquecido disso. — Sorri.
— Por que? Acha que eu sou uma péssima companhia?! — Fez drama.
— Eu não responderia isso na sua frente. — Franzi o cenho.
— Nossa! Que tapa na cara, Maxinne. — Abriu a boca. — Meu primeiro
amor partiu meu coração, parte dois.
— Você é tão bobo. — Revirei a olhos sorrindo.
— Fez alguma coisa no cabelo? — Perguntou apertando o olhar no meu
cabelo.
— Não. Ele só está enrolando um pouco. Você não gostou? — Olhei para
ele.
— Tá lindo. Prefiro assim!
— Eu também. — Sorri.
— Na verdade, você tá toda linda! Nem parece que nem queria ir.
— Não quero. Mas não é por isso que vou relaxar na produção.
— Está absurdamente linda. — Beijou minha mão.
— Obrigada! Você também está... irresistível. — Usei uma palavra que
ele mesmo usa muito para se auto descrever.
— Eu sei gata, eu sei. — Desfez a expressão, e começou a dirigir.
Apenas sorri, e encarei seu perfil de lado por alguns segundos. Seu
maxilar é marcado, e olhando assim, percebo que ele tem ainda mais sardas
perto da orelha. A corrente que ele sempre usa no pescoço estava lá, por
dentro da camisa social branca. Ela estava marcada, e eu conseguia ver
exatamente como ela estava por baixo. A manga direita da camisa estava
levantada despojadamente. E com a mão esquerda, ele segurava rigidamente
o volante.
Suspirei nervosa, e desviei o olhar para a janela.
Ele me olhou rapidamente, e sorriu de lado soltando o ar pelo nariz.
Parado no semáforo, Jaden tirou a corrente de dentro da camisa, e eu o
observei nesse movimento.
Arqueei a sobrancelha, e virei o rosto para a janela novamente. Como ele
se acha.
O resto do caminho foi isso, um silêncio.
JADEN
Fiquei praticamente a festa toda grudado na Max, até ver a mesa de
comida.
— Vamos ali, Max! — Puxei bruscamente.
— Jaden! Não me faz passar vergonha!
Arrastei ela pra mesa, e tinha de tudo, TUDO! Por isso que é bom ir em
festa de gente rica. Passei uns docinhos pro bolso, por que eu não sou besta.
— Jaden! — Sussurrou.
— Me deixa! — Respondi.
— Não! Para de roubar os doces, vem. — Me puxou para longe.
Resmunguei, mas ela fingiu nem escutar.
— Pronto. Agora parecemos um casal de amigos... normais! Totalmente
normais dançando em uma festa. — Me levou para a pista de dança.
A tal pista de dança ficava do lado de fora da festa, pra dar um ar de anos
noventa. Nunca entendi isso.
> Coloquem a música, que está na mídia!
A música que tocava parou, e começou uma nova. Creio que a conheço de
algum lugar.
— O que acha que está fazendo?! — Perguntei.
— Aproveitando uma festa boba de adolescente. — Sorriu.
Max pegou minha mão, e colocou acima da sua cintura, e passou os braços
pelo meu pescoço. Ela realmente cogitou essa ideia estúpida.
— Só... dança comigo, tá? — Se aproximou, e sorriu como se estivesse se
divertindo.
Não disse nada, mas a acompanhei nos movimentos.
— Viu como é legal? — Perguntou.
— Mais ou menos. — Sorri.
Na verdade, estava realmente divertido. Nunca imaginaria que Maxinne
dançava tão bem, ainda mais esse tipo de música.
Desci minhas mãos para sua cintura, e nos aproximei ainda mais. Não
tinha consciência do que estava fazendo.
— O que tá fazendo? — Fez a mesma pergunta.
— Aproveitando uma festa boba de adolescente. — Dei a mesma
resposta.
— Você está tão...
— Na sua.
— O que? — Sorriu confusa.
Não respondi, apenas aproximei nossos rostos, e selei nossos lábios em
um selinho demorado.
— Jaden... — Ela me olhou confusa quando nós afastamos.
— Rosa tá atrás de nós. — Sussurrei.
— Ah... era fingimento! — Ergueu as sobrancelhas. — Claro né, pra
Rosa. — Sorriu.
— Desculpa pela forçação de barra, sei que não deveria ter te beijado. —
Passei o dedo indicador em seu rosto.
— Não foi nada. — Respondeu rápido.
— Podemos continuar!?
— Claro. — Me abraçou novamente, e continuamos.
Senti que tinha algo incomodando Maxinne, mas não conseguia saber o
que era. A expressão dela estava confusa, com as sobrancelhas franzidas, e
mordendo seu lábio inferior sem parar.
— O que foi? — Perguntei.
— Nada!
— Tem certeza?
— É...
Fiquei em silêncio.
— Jaden... — Chamou.
Começou a falar, mas se embolava nas palavras.
— Como eu posso... explicar..?
— Explicar o que? — Perguntei dando risada da situação.
— Uma coisa.
— Se não consegue falar, explica com gestos.
— Não! Deixa quieto. Já esqueci o que era. — Se soltou de mim.
— Merda!
Uma chuva não tão forte começou a cair sobre a grama.
— Vamos? — Chamei.
Ela não disse nada, ficou mais uns cinco segundos em silêncio, e se
aproximou vagarosamente abraçando meu corpo. Eu não entendi o que era
aquilo, mas abracei de volta.
Ela se afastou um pouco, e ficou encarando meus olhos por um tempo, até
que chegou seu rosto perto de mim, e calmamente, roçou nossas bocas. Subi
minhas mãos para a lateral do seu pescoço, e acariciei. Ela sorriu, e respirou
fundo. Pousou suas mãos nos meus ombros, e finalmente, grudou nossos
lábios em sincronia perfeita. Dessa vez não foi apenas um selinho.
Não teve língua, foi rápido, mas foi incrível.
Quando Max se afastou, sorriu com os olhos brilhando. Seus cabelos
estavam totalmente molhados, e foi olhando o dela, que percebi que o meu
também estava. Haviam outros casais dançando na chuva, mas depois do
beijo, saímos correndo daquela festa chata.
MAXINNE
Estávamos correndo na rua, totalmente molhados, na chuva que aumentava
cada vez mais.
— Por que fez isso? — Jaden perguntou olhando fixamente para mim
— Eu não sei. — Sorri envergonhada.
— Podemos repetir mais vezes?
Não acredito que escutei isso.
— Você quer?
— Quero. E você?
— Uhum... — Resmunguei, e me abracei a ele novamente.
— Então faça.
Passei a ponta dos meus dedos pelo seu nariz, até chegar na boca. A
contornei, e sorri. Jaden estava molhado por completo, completamente
molhado. Aquilo me fazia rir.
O beijei na mesma intensidade, mas tinha algo diferente dessa vez. Jaden
desceu a mão pelas minhas costas, me fazendo arrepiar imediatamente.
Apertou minha cintura com as duas mãos, e nos aproximou.
Não sabia que isso seria tão bom! Mas, antes de nos separarmos, Jaden
enfiou a língua na minha boca sem avisar, o que me fez dar um espasmo de
susto, mas logo sorri durante o beijo.
— Sei idiota. — Falei no meio do beijo, passando a mão pelos fios de
cabelo molhados.
— Que você adora. — Me segurou pelos braços, e nos separamos.
Esse beijo durou cinquenta e cinco segundos.
Não que eu tenha contado.
— Eu odeio você. Olha para mim! — Passei a mão pelo meu vestido
molhado.
— Está linda. — Me puxou para um selinho. — Como sempre.
Começamos a nos beijar de novo, que até perdemos a noção de onde
estávamos.
— O carro! — Me separei dele rapidamente.
— Puta merda! — Exclamou dando risada.
— Não ri! — O empurrei de leve.
— Desculpa, é engraçado.
— Vamos voltar para pegar o carro. — Arranquei o laço do meu cabelo, e
comecei a andar.
— Ah não! Já devemos estar longe.
— Anda! — Gritei sem nem me virar.
Jaden me seguiu o caminho todo em silêncio.
Chegamos no carro, e colocamos alguns panos ou roupas secas nos
assentos para poder sentar.
— Agora... me conta o que acabou de acontecer.
— Você me beijou. — Ele respondeu.
— Verdade!
— Eu achei que eu que ia ter que te beijar. — Cruzou os braços.
— Espera aí, já estava com planos de me beijar?
— Mas é claro!? — Respondeu como se fosse óbvio.
— Não queria admitir isso agora, mas já que chegando até aqui... confesso
que já queria fazer isso a um tempo.
— Eu quero a muito mais tempo que você.
Sorri com isso.
— Vamos logo, né? Por que a princesa tem horário.
— Não tenho não.
— Quem disse que a princesa é você?! — Arqueou a sobrancelha.
Dei risada, e rimos e conversamos sobre isso o caminho todo.
— Está entregue.
— Obrigada, cavalheiro! — Sorri, e fui abrir a porta, que ainda estava
trancada. — Da pra abrir?!
— Ainda não.
É, nos beijamos de novo.
Esse foi o mais longo até agora, com certeza.
— Dorme aqui? — Perguntei ofegante pela falta de ar.
— Na casa da minha av...
— Não! Na minha. — Continuei encarando seus olhos.
— Sério?
— Sim.
— Assim, de última hora? E a sua mãe?
— Ela nem liga, ela nem deve estar em casa. Estaciona ali na frente,
amanhã você vai.
— O que eu vou ganhar em troca? — Ergueu as sobrancelhas.
— Vai ganhar muitos beijinhos!
— Tá bom.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
surtei
20.

18/08
Segunda - Feira
06:50
⋄✦⋄
Acordei com o barulho estressante do despertador, e imediatamente
desliguei.
Olhei a hora, e me virei para o outro lado.
— PUTA QUE PARIU! — Gritei, e me levantei da cama.
Eu dormi com o Jaden.
Eu dormi com o Jaden?!
— Jaden! — Chamei.
— Hum?
— Levanta!
— Pra que?
— Você... sabe que a gente dormiu junto, né? — Arqueei as sobrancelhas.
— Sério? — Perguntou sem empolgação. — E daí? Não é como se nunca
tivéssemos dormido juntos.
Ele tem razão. Revirei os olhos, e fui para o banheiro.
Fiquei pensando, em como aquilo tinha acontecido. Porque eu não me
lembro de NADA.
A última coisa que eu me lembro, é de ter aceitado uma taça de líquido roxo.
Não lembro quem me deu, mas me deixou chapadona, tô com uma puta dor
de cabeça.
Provavelmente, Jaden encheu a cara, e acabou ficando aqui no caminho
pra casa.
Quando voltei, ele estava sentadinho na cama coçando o olho.
— Max, me explica direito esse negócio de dormir junto? — Falou com
uma voz suave, e baixa.
— Eu também não sei, garoto. — Sentei do seu lado.
— Será que... — Me encarou. — Maxinne.
— O que?
Jaden passou o dedo indicador no canto da minha boca, e o dedo maior no
canto da sua.
— Isso parece similar? — Juntou os dois dedos, e mostrou que os dois
estão no mesmo tom de vermelho brilhante.
Arregalei os olhos.
— Credo, Jaden! — Franzi o cenho.
Ele deu risada, e negou com a cabeça.
— Desculpa, acho que ainda to bêbado. — Olhou para mim.
Nos deitando na cama de novo, e começamos a rir descontroladamente.
— Mas, e se...? — Perguntou depois das risadas.
— Se aconteceu, aconteceu. Você lembra? — Negou com a cabeça. —
Nem eu.
— Simples assim?
— Simples assim. — Sorri.
— Combinado. — Sorriu.
Gosto de Jaden, porque tudo com ele é muito mais... simples.
— Vai pra sua casa, garoto. Temos que ir pra escola ainda. — Levantei da
cama.
— Ah não...
— Jaden, anda!
— Sim senhora. — Levantou, e guardou o celular no bolso. — Te busco
daqui trinta minutos. — Me abraçou.
— Tá bom, e... toma um banho, tá? — Me referi ao cheiro de bebida em
seu corpo.
— A senhora manda, eu obedeço. — Saiu do abraço.
— Bom garoto.
— Tchau, gatinha. Até mais. — Saiu pela porta do quarto.
— Não quer que eu te leve na porta? — Gritei.
— Não, eu já sou grandinho! — Gritou de volta.
Sorri, e fui tomar banho.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Uma semana.
Hoje é segunda, de novo. Por que tem que se repetir tantas vezes?! Não
aguento mais.
Não conversei com Jaden sobre aquele ocorrido, embora eu tenha
lembrado de algumas coisas...
Agora, eu sei. Eu sei que o beijei. Eu me lembro de alguns flashes com meu
rosto próximo ao seu, não muito bem, mas lembro.
Mas é óbvio que eu não contei isso para ele. Porque eu ter enchido a cara
e ficado com o meu melhor amigo não é um bom assunto.
Nesse momento eu estou na minha sala de aula, Jaden tremia a perna ao
meu lado, suspirando sem paciência para a professora que falava sem ao
menos dar pausa.
— Para, garoto. — Coloquei a mão no seu joelho para o parar.
— Eu não, por que? — Tremeu mais forte por baixo da minha mão.
— Porque me incomoda. — Segurei mais firme sua perna, a fazendo ficar
totalmente parada.
— Por que eu ainda faço tudo que você manda? — Tirei minha mão dele,
e cruzei os braços.
— Porque você me ama muito. — Sorri, e coloquei minha cabeça em seu
ombro.
— Errou.
— Acertei.
— Aí! Podem parar de conversar? Estão me atrapalhando! — Escutei um
sussurro gritante atrás de nós, obviamente era Rosa.
— Vai se d...
Jaden ia começar a falar, mas pisei brutalmente em seu pé direito, fazendo
um olhar mortal cair sobre ele.
— Desculpa, e você... — Olhou para Rosa. — Fica quietinha, flor. — Se
virou para frente novamente.
Sorri falso para ela, e virei também.
— Por que ela sempre acha um jeito de se dirigir a palavra a mim?! —
Jaden sussurrou indignado.
— Por que será, xuxu? — Sussurrei de volta.
— Já falei que odeio ruivas?
— E de morenas, você gosta?
— Sou fã número um.
— Ótimo.
— Shh! — Rosa murmurou algo atrás de nós.
— Por acaso, tem interesse? — Sussurrou mais baixo.
— Não sei, talvez em um futuro próximo. — Brinquei.
— Muito próximo?
— Quem sabe...
— CALEM A BOCA! — Rosa se levantou da cadeira, e socou a mesa.
— Senhorita Thompson! Se retire da sala.
— Por que eu?!
— Senhorita Thompson. — Repreendeu, e rosa saiu batendo os pés.
Jaden arregalou os olhos, e fez o sinal da cruz com a mão, fazendo eu
segurar a risada.
O sinal bateu para o intervalo. Antes de sairmos, uma entidade apareceu
na porta!
Brincadeira, era só a ruiva.
— Oi gatinho! — Entrou na sala quase vazia. — Nem consegui falar com
você hoje. Que saudade! — Abraçou Jaden.
Ele tentou se afastar, e arregalou os olhos como se estivesse pedindo
socorro. Coitadinho.
— Está sabendo das novidades? Os esportes já estão liberados! Vai
escolher o que? Beisebol, né?! Eu sei. Lembra de quando eu estava no seu
jogo de beisebol, e aí...
— Lembro. Não precisa falar em voz alta, por favor. Não é uma boa
lembrança. — Suspirou.
Me virei lentamente, confusa, e comecei a andar para fora. Fui até a
cantina, e peguei um sanduíche para comer no banco do refeitório do pátio.
Fiquei lá, apenas comendo e pensando. Enrolei meus cabelos no dedo,
enquanto percebia que eles estavam mais claros, e mais enrolados.
— Maxinne! — Escutei meu nome sendo chamado de longe.
Virei bruscamente para ver.
— Ah, é só você. — Virei novamente.
— Por que me deixou sozinho com aquela lá?! Qual é, a gente combinou
que isso não ia acontecer!
— Desculpa, garoto. É que ela é um pouco nojenta. Parece que sempre
quer te deixar desconfortável a qualquer custo! Isso não é justo. — Larguei o
sanduíche na mesa. — Sabe o que mais não é justo? Eu ficar lá parada, só
escutando as merdas que ela diz na sua cara sem fazer nada.
— Que merda.
— Eu gosto de você, Jaden. E eu realmente sinto muito por você ter se
metido com aquela garota, sinto mesmo. — Encostei minhas costas na
cadeira, e suspirei. — Você tem sentimentos frágeis, se eu pudesse, trocava
de lugar com você. É sério.
— Eu não tenho sentimentos frágeis!
— Jaden... — Olhei para ele.
— Tenho, né?
— Tem.
— É... aquela garota faz estragos. — Encostou as costas na cadeira, como
eu.
— Sinto muito, gatinho. — Coloquei minha mão em cima da sua.
Ele não disse nada, mas sorriu, e entrelaçou nossas mãos.
Eu sei que não parece, mas Jaden é realmente muito sensível, sério! Você
tem que tomar muito cuidado com as palavras que vai usar, e principalmente,
com as atitudes que vai tomar. Ele se traumatiza fácil, e isso é um ponto
fraco. As pessoas fazem o que querem, e adivinha quem se fode?
A - ( ) Jaden.
B - ( ) Rainha Elizabeth.
Eu percebi isso no tempo em que convivemos juntos, é uma coisa muito
notável, inclusive.
— Atenção! Peço a atenção de todos! — Um cara aparentemente adulto
gritou no meio do refeitório.
— Quero comunicar que os esportes estão liberados para praticar. Como
vocês sabem, terão que representar a escola em campeonatos esportivos,
competições contra outras escolas... enfim, como todo ano, um boletim será
passado para cada um de vocês, com várias opções de esportes diferentes.
Temos beisebol, voleibol, futebol, tênis, competição de dança, karatê,
etcetera... não é obrigatório, mas é sempre bom para a imagem da escola, e a
imagem de vocês em si.
Ele continuou falando coisas inúteis que eu com certeza não me lembro.
— E vocês dois aí... — Apontou para um casal de melação nos bancos. —
Sabem que é proibido se beijar nessa escola, né? Façam isso lá fora, aqui
não.
Ele disse algumas coisas, e logo saiu.
— Vai no beisebol mesmo? — Perguntei.
— Sim, com certeza. — Sorriu, soltando sua mão da minha. — E você?
— Não sei. Realmente não sei. — Ergui os ombros. — Na verdade, não
quero fazer nada.
— Então não faz, xuxu.
— Xuxu? — Imitei, sorrindo.
— Não gostou? É um apelido carinhoso. É de casal, mas tudo bem se
pessoas que não são casais usarem, né? Tipo...
— Adorei, mozão. — Sorri, e continuei a comer meu sanduíche.
— Mozão, Maxinne?! — Perguntou indignado. — Que nojo!
— Você não gostou? Disse que tudo bem pessoas que não são um casal...
— Fui interrompida.
— Quase vomitei.
— Não vomita em mim! — Me afastei.
— Nunca. — Se aproximou de novo.
— Sua ex namorada não vai gostar nada de te ver respirando perto de
mim.
— Ew! Não fala isso.
— Desculpa, mozão. — Segurei a risada.
— Ah não, tá impossível de ter essa conversa, sua insuportável. — Se
levantou para ameaçar sair.
— Tchau!
— Nossa, você nem se importa comigo. — Sentou de novo.
— Me importo sim, até deixei você se sentar do meu ladinho!
— Verdade, devo ser grato por isso. — Brincou.
Sorri, e continuei comendo.
Ter uma amizade com Jaden é incrível. (Não fala isso para ele) mas é tão
legal fazer piadas, e brincar com uma pessoa que me entende.
E olha que há um tempinho atrás, eu nem imaginava que isso estaria
acontecendo agora. Eu achava que ia ser só um acampamento de férias, mas
se tornou isso! É bem legal, sendo bem sincera. Eu nunca falaria isso na cara
dele, mas Jaden é o melhor amigo que eu já tive.
( E foi o meu melhor beijo também. )
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
vocês:
espero que um dia vocês me perdoem por isso.
21.

25/08
Segunda - Feira
10:00
⋄✦⋄
A aula de educação física já ia começar. Mas antes, precisamos trocar de
roupa, aqui funciona assim: você vem com o uniforme com saia, e quando
tem aula de educação física tem que se trocar antes da aula começar. Tudo
aqui é com um uniforme específico.
Já estava saindo do banheiro já trocada, coloquei uma legging preta curta,
e uma blusa regata amarela. (como eu disse, até os uniformes de educação
física são da escola.)
— Nossa Maxinne, você ia sair sem me esperar?! — Jaden saiu do
banheiro masculino.
— Sim.
— Beleza, vai lá então. Traíra! — Me virei para começar a andar. — Pois
saiba que eu sempre te espero!
— Para de drama. — Estiquei um braço para ele. — Vem, vamos logo. —
Jaden correu até mim, e segurou minha mão.
— Parece criança. — Resmunguei.
— E daí?
— Idiota. — Sorri.
— Que você adora. — Entrelaçou nossos dedos.
Já escutei isso antes. Merda, Walton.
Você me fez lembrar.
— O que foi...? — Perguntou.
— O que? Nada!
— Tá com uma cara meio estranha... — Franziu o cenho. — Ah é,
esqueci! Você nasceu assim.
— Para, Jaden! — O empurrei.
Chegamos na quadra, e nos separamos.
...
Ok, nos unimos de novo. Mas é porque o professor pediu para nós dois
buscarmos mini cones que ele mesmo havia esquecido.
— Por que sempre somos nós? — Jaden perguntou enquanto andávamos
pelo extenso corredor lotado de portas.
— Eu não sei. — Dei risada.
— "Walton e Cline" sempre são o Walton e a Cline. Por que não o
Williams e a Jones?! — Falou completamente...indignado?
— Calma, garoto! — Ri frouxo. — Você me odeia tanto assim?
— Não, Cline. — Cruzou os braços. — Eu gosto muito de você. Até
demais.
— Eu sei. — Sorri, e baguncei seu cabelo com a mão.
— Ei! — Ouvimos um grito fino e agudo.
Advinha?! Uma dica: é ruiva.
— O professor disse que estão demorando demais, então mandou nos
virmos ver o que estava acontecendo. — Falou com os braços cruzados.
— O professor não disse isso... — Um garoto falou ao lado dela.
— Cala a boca, quem fala aqui sou eu! — Ele apenas se encolheu, e
ajeitou os óculos.
— Recado dado, não vamos mais "demorar", ok? — Comecei a andar de
novo.
— Eu não falei com você! Eu falei com o meu Jaden.
— Que mané "seu" garota! Se toca. Para de tratar os outros desse jeito. —
Jaden respondeu.
— Calma, Jadenzinho! O que a gente tem para conversar não é aqui, e
muito menos... com ela. — Apontou para mim.
— Por que não? Você sabe que eu tô com ela.
— Mas poderia estar comigo! — Berrou.
— Menina... para de gritar, olha a hora. — Coloquei o dedo indicador no
ouvido. — Você não percebeu que ele não te quer?! Para de se humilhar, se
toca. Toca pra outra.
— Ninguém fala assim comigo. — Falou baixo.
— Para, Rosa! — Jaden revirou os olhos.
— Você pode até talvez estar com ele... — Começou. — Mas o meu Jaden
nunca... nunca! Vai fazer por você, o que ele já fez por mim. Anota bem o que
eu tô te dizendo.
— Chega, vamos embora. — Íamos sair, mas ela apertou meu braço com
uma força absurda.
— O Jaden me ama. E ainda vamos voltar, é só questão de tempo. E
quando isso acontecer, nós vamos fazer muitas coisas juntos, como era antes.
— Ela olhou para ele com os olhos brilhando, e sorrindo. — Você lembra?
Você adorava dormir lá em casa, não é?
Jaden não disse nada, apenas se virou e correu até a sala mais perto.
— Jadenzinho! Volta aqui! — Ela ia correr, mas entrei em sua frente.
— Volta para a quadra.
— Sua vadia. — Falou olhando em meus olhos.
Não aguentei na hora, e virei minha mão na cara dela. Foi um estalo alto, e
ela chegou a desequilibrar e se apoiar na parede.
Cheguei mais perto, e aproximei meu rosto ao dela.
— Só... não fala mais com ele hoje... — Olhei nos olhos verdes cobertos
de raiva. — Por favor. — Sorri sem mostrar os dentes.
Tirei os cabelos que estavam em seu rosto, o rosto estava vermelho por
completo, os olhos estavam vermelhos, tudo combinado!
— Leva ela de volta, pode falar que ela caiu e bateu a fuça no chão? —
Olhei para o moreno que veio com ela, e estava quieto a um bom tempo.
— Tá bom! — Ele sorriu mostrando o aparelho, e levou a garota pelo
braço.
Corri atrás de Jaden, e bati na porta da sala em que ele estava. Ele falou
para entrar, então entrei.
— Cuidado com essa porta, se ela fechar, só dá pra abrir por fora. —
Apontou para a porta.
— Então por que você se fechou aqui, garoto? — Deixei a porta aberta, e
entrei.
— Porque eu sabia que você ia abrir. — Sorriu em meio às lágrimas.
Eu acho que nunca o vi chorando assim. Essa garota fez um estrago
completo na vida do meu garoto.
— Posso? — Me referi a sentar ao seu lado no chão.
Ele assentiu com a cabeça, e me sentei.
— Quer me contar o que se passa aí? — Apontei para sua cabeça.
— Quero. — Escorou a cabeça no meu ombro. — Mas não vou conseguir.
Não agora, não aqui.
— Tudo bem. — Fiz carinho nos seus cabelos.
Eu não sabia o que dizer, o que fazer.
— Ela sempre foi assim. — Falou.
— A Rosa?
— Uma vez, ela falou uma coisa muito... você sabe, pesada, na frente dos
meus pais, dos meus irmãos... de todos. — Suspirou, com a voz trêmula. —
Foi naquele dia que eu terminei com ela.
— Eu sinto muito, eu não sabia que...
— Na verdade, a culpa foi minha. — Levantou a cabeça. — Eu sabia que
ela não era fácil, e mesmo assim... aceitei.
Continuei escutando, em silêncio.
— A verdade é que ela me gerou vários traumas, muitos mesmo. Eu...
acho que nunca mais fiquei com ninguém. — Olhou para um ponto fixo. —
Sem estar bêbado.
Jaden sorriu novamente, e negou com a cabeça.
— Nunca mais consegui dormir ao lado de uma garota, nunca mais deixei
nenhuma garota entrar no meu carro, nunca mais entrei na casa de nenhuma
garota, nunca mais toquei em uma garota. — Virou o rosto para mim, que o
olhava confusa.
— Até você chegar.
Nessa hora, eu simplesmente congelei, e prendi a respiração.
— Até você simplesmente subir na minha parte da beliche, e deitar
comigo.
— Meu Deus... se eu soubesse que você tinha esse trauma, eu não teria
invadido... — Fui interrompida.
— Se você não tivesse invadido, isso não estaria acontecendo. — Sentou
mais perto.
— Ai Jaden... o que eu fiz naquele dia foi horrível. — Dei risada.
— Tudo que você faz... é horrível para mim.
— Está me insultando, seu idiota?! — Franzi o cenho.
— Maxinne... lembra de quando eu dei um selinho no canto da sua boca?
— Fiz uma expressão totalmente confusa. — E de quando eu te dei um
selinho tão demorado na festa de aniversário da Belle? — Dei risada de
nervoso.
— O que você tá querendo...
— E quando você me beijou? De língua.
— Eu... achei que você não lembrava disso. — Desfiz minha expressão.
— Muito pelo contrário. Essa cena não sai da minha cabeça desde que
aconteceu. Eu lembro de tudo, Maxinne.
Ok... talvez eu esteja muito vermelha.
Um silêncio pairou no ar, mas foi quebrado pelo estrondo que fez da porta
de fechando.
A tal porta que só abre pelo lado de fora né...
JADEN
Toda vez que eu chego perto da Max... eu lembro. É inevitável, como
aquele beijo foi incrível. Incrível como precisou de apenas UM para não me
deixar mais esquecer.
Eu lembro exatamente como foi, lembro de tudo. Lembro exatamente como
estava o cheiro de Maxinne quando dormimos juntos na cama dela, lembro
dos beijos que damos antes de dormir.
Eu lembro de beija-lá até minha boca ficar dormente.
— Se eu soubesse disso, já teria tentado conversar com você antes. — Ela
disse com a cabeça baixa.
— Eu que tinha que ter conversado, ao invés de te deixar na dúvida. —
Segurei seu queixo, e levantei seu rosto para olhar para mim.
— Mas... eu nem lembro direito como foi.
— Quer relembrar? — Me aproximei.
— Quero. — Sua voz saiu como um sussurro.
Eu a beijei.
Eu a beijei vagarosamente, e depois ousei em uma intensidade
incrivelmente boa. Coloquei minhas duas mãos nos seu rosto, e a aproximei
mais de mim. Desci minhas minhas mãos para seu pescoço, o acariciando.
Eu já estava cansado de esperar para ter essa conversa, e beija-la
novamente.
— Você me beijou. — Ela disse ofegante depois de nos separarmos.
— Beijei. — Sorri, e beijei novamente.
Max passou seus braços em volta do meu meu pescoço, quase colando
nossos corpos.
— A gente não deveria estar fazendo isso. — Sussurrei entre o beijo.
— É contra as regras. — Sussurrou de volta.
Continuei a beijar, e pousei minha mão acariciando sua coxa.
— Foda-se as regras? — Me afastei para perguntar.
— Foda-se as regras. — Respondeu sorrindo.
— Garota, eu te idolatro. — Coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da
orelha.
— Eu também te idolatro, Jaden. — Falou baixo, se aproximado.
— Essa é nova.
— Eu tô literalmente quebrando uma regra importantíssima por sua causa,
e você ainda duvida?! — Sorriu mordendo os lábios inferiores.
— Sim? — Respondi como se fosse óbvio.
— Temos que sair daqui sem ninguém perceber. Se não vão perguntar
porquê estamos aqui dentro, e na hora com certeza não vamos saber inventar
uma desculpa, aí vamos ter que falar que estamos se pegando, e aí... tchau
tchau Buford! Vamos ser expulsos e viver de vender arte na praia! —
Começou a falar em uma rapidez impressionante.
— Por que você me atrai? — Perguntei.
— Ai... para. — Sorriu sem graça.
Sei risada, e lhe dei um selinho rápido.
Eu sabia que esse beijo ia acontecer, mas ninguém me avisou que era hoje.
E pra falar a verdade... eu adorei a surpresa.
Maxinne é a melhor "amiga" que eu já tive na minha vida. E foi o meu
melhor beijo também, inclusive tenho que dizer isso pra ela.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
Se esse episódio bater 150 comentários, eu faço face reveal ❤
Me senti muito ofendida no episódio 19 porque vocês me xingaram 😡
agora tá aí, quero todo mundo falando "eu te amo nana" pra ontem!!
(não tem como ficar bêbado na escola né...)
a gente:
22.

25/08
Segunda - Feira
11:02
⋄✦⋄
Já estávamos naquela sala a uns... vinte minutos? E sobre os mini cones...
bom, quem precisa de mini cones, né?
— Jaden... — Interrompi enquanto estávamos partindo para mais um
beijo.
— Fala, gatinha. — Sorriu.
— Como é que... a gente vai sair daqui? — Perguntei.
— Puta que pariu... — Se levantou do chão rapidamente. — Eu não tinha
pensado nisso! — Falou tentando abrir a porta.
(E falhando bruscamente.)
— E agora?! — Me levantei também.
— Vou ligar para o meu maninho. — Pegou o celular preso na barra do
short.
Eu diria que Jaden daria um ótimo e lindo brasileiro típico do Rio de
Janeiro.
— Que maninho, garoto? Ele tá na aula de educação física, acha mesmo
que ele vai atender?!
— Não custa tentar. — Colocou o celular no ouvido.
Resmunguei, e revirei os olhos.
— Oi, jav! — Falou alto e claro, olhando para mim com cara de deboche.
— Aí que idiota. — Me virei de costas para ele.
Jaden explicou toda a situação, ele precisava mesmo ter dado TODOS os
detalhes? Que ódio desse moleque.
— Qual é?! Ainda tá pensando em ganhar alguma coisa em troca? E a
parceria de irmãos? Eu não significo mais nada pra você?! — Jaden falou
indignado.
Segurei a risada, e me virei para ele de novo.
— Tá, tá! Pode pegar. — Falou suspirando. — Fica com as capinhas,
Javon, fica com todas. — Revirou os olhos, e desligou.
— O que você ofereceu pra ele? — Perguntei em meio a risadas.
— Vou dar meu iPad, já que ele quebrou o dele. — Falou simples.
— Meu Deus, Jaden! — Desfiz minha expressão.
— Eu nem uso mesmo! Que mal faz? — Veio até mim.
— Você é um mauricinho, tão...
— Irresistível? — Me abraçou por trás. — Eu sei.
Esse tempo todo que passei com Jaden, serviu para ele saber de todas as
coisas que me deixam nervosa.
Isso não é uma coisa boa.
— Para. — Sussurrei, e me afastei.
— Tô começando a ficar sem ar aqui dentro dessa sala. — Falou se
abanando com as mãos.
Esse moleque não para quieto nem por UM MINUTO.
— Relaxa. — Sorri. — Agorinha o subordinado chega, né? — Me
aproximei dele novamente.
Não, eu não consigo ficar tão longe dele nesse cubículo de sala.
— Subordinado? — Assenti com a cabeça. — Eu gosto tanto de você,
sabia? — Sorriu de lado.
— Sabia. — Rodeei meus braços pelo seu pescoço, e o abracei.
— Não vai falar que também gosta de mim? Ou melhor... que me ama? —
Ele não retribuiu o abraço.
— Mas eu não te amo, bebê! — Falei saindo do "abraço".
— Ama sim!
— Eu nã... — Ia começar a falar, mas fui interrompida pela porta se
abrindo logo atrás de mim. — Ai! Doeu!
Sim, a porta bateu na minha cabeça.
— Desculpa, mas você tá com a cabeça bem aqui na porta, parecia que
tava pedindo. — Javon falou com um sorrisão no rosto.
— Verdade. — Jaden concordou com os braços cruzados.
— Isso é um revolta contra mim?!
— Sim. — Responderam juntos.
Fiz uma expressão confusa, e saí da sala para esperar eles do lado de
fora. Mas eles ficaram lá por alguns segundos, cochichando algo.
— Ela beija bem?
— Sim!
— Bom garoto!
— Se beijaram por quanto tempo?
— Sei lá, quem fica contando os segundos do beijo?!
Ok...
— Sabem que dá pra ouvir tudo que vocês falam, né? — Falei alto.
Eles pararam de falar, e saíram da sala.
— Vocês sabem que estão tipo... muito ferrados, não sabem? — Javon
falou. — Rosa com certeza vai contar o que aconteceu aqui para os pais
dela.
— Só para o pai no caso dela, né... a Rosa nem tem mãe. — Jaden
comentou baixo.
— Ah é, esqueci.
Voltamos para a educação física, mas... tivemos que sair DE NOVO.
Aparentemente a Rosa já foi reclamar na diretoria, e nós dois já estamos
encrencados por se beijar na escola. Ótimo dia feliz.
Na diretoria, não rolou nada além de broncas, lições de moral,
advertência, suspensão, e... um bilhete dizendo que nossos pais estão
convocados na escola para amanhã.
Ninguém tinha me avisado que era proibido bater nas pessoas aqui.
— E agora, advinha quem se fodeu? Walton e Cline! É claro. — Jaden
falava ao meu lado, enquanto andávamos para a sala de aula.
Uma vantagem: vamos sair cedo hoje...
— Eu tô tranquila.
— O que?!
— É só a minha mãe vir aqui, ficar uns dias em casa... e pronto. Não é tão
ruim. — Entramos na sala de aula vazia.
— Você tá muito tranquila... — Parou de andar, e arqueou as
sobrancelhas. — Quem é você, e o que fez com a minha Max?! — Fez o
sinal da cruz para mim.
— Se enxerga, moleque. Me respeite. — Comecei a guardar meu material.
— Como é que eu vou dizer para a dona Jessica... que filhinho dela estava
beijando... na escola?! — Fez cara de desespero.
— Assuma suas responsabilidades, do mesmo jeito que assumiu na hora
da "diversão". — Fiz aspas com os dedos.
— Credo menina, parece até que você tá grávida e eu não tô querendo
pagar a pensão!
— Ai meu Deus! — Coloquei a ao na testa.
— Desculpa, vou ficar quietinho. — Começou a guardar as coisas dele.
Spoiler: não durou DOIS minutos.
— Maxinne... — Chamou.
— Hum? — Respondi sem paciência.
— Você pelo menos gostou do beijinho? — Andou até onde eu estava.
— Não muito, o lugar não favorecia, nem as roupas... e nem a posição que
a gente estava sentado. — Falei com naturalidade.
— O QUE?! — Gritou.
— Shh! — Coloquei minha mão na sua boca.
— Desculpa. — Falou abafado.
— É claro que eu gostei, seu bocó. — Sorri. — Eu amei. Você beija
bem... pra quem era BV.
— Eu não era BV! Você que era. — Tirou a minha mão da sua boca.
— Eu já beijei vários outros garotos, tá? — Provoquei.
— Melhores do que eu? — Perguntou baixo.
— Não sei... você acha que é o melhor? — Passei a mão na sua bochecha.
Nesse momento, já estávamos tão próximos que com um avanço, nossos
lábios se encostariam.
— Eu já beijei várias garotas também, tá bom? E você não foi a melhor.
Abri a boca surpresa, e peguei minha mochila.
— Não se fala isso para alguém que você acabou de beijar, garoto. — Me
virei, e saí.
— Meu Deus! Eu estava brincando! volta aqui.
Meu cachorrinho pegou a mochila dele, e me seguiu até na frente da
escola.
— Maxinne! — Ele estava atrás de mim. — O meu carro tá para aquele
lado, onde está indo?
— Eu vou de Uber. — Me virei, e falei.
— Por que?!
— Porque eu quero...
— Não tá brava por causa daquilo, né...? — Cruzou os braços.
— Daquilo o que? — Cruzei os braços também.
— Você sabe que eu tava brincando.
— Então quer dizer que eu realmente fui o seu melhor beijo? — Cheguei
mais perto.
— Eu não disse que sim.
— Também não disse que não.
— Vai só foder, garota. — Revirou os olhos.
— Tá bom, eu vou com você. — Peguei a chave da sua mão, e comecei a
andar em direção ao carro. — Eu dirijo.
Dei uns sete passos, e depois voltei.
— Não sei dirigir. — Entreguei a chave para ele.
Jaden gargalhou, e fomos até o carro.
Quando cheguei em casa, fui direto ao encontro da minha mãe.
— Mãe! — Falei, ao ver ela deitada em sua cama assistindo TV.
— Maxinne... o que está fazendo aqui? Olha só a hora! — Olhou o relógio
em seu pulso.
— Fui dispensada mais cedo. — Joguei minha mochila no chão.
— Foi?
— Sim. E ainda levei uma advertência, e uma suspensão. — Cruzei os
braços.
— Por que? — Falou em um tom de curiosidade.
— Dei um tapa na cara de uma menina lá, e beijei um garoto.
— Que menina? E... que garoto?!
— A menina... Rosa Thompson. — Respondi.
— E o garoto?
— Ah, um...
— Walton?
Não respondi, só dei risada.
— Finalmente! Finalmente beijou o Walton? — Levantou da cama.
— Talvez... — Desfez a expressão. — Sim! — Sorri, e ela comemorou.
É normal a minha mãe ter ficado mais animada do que eu mesma?!
— Foi de língua? Por favor, me diz que foi de língua!
— Foi... mas, não pergunta muitos detalhes não, porque eu não quero que
essa situação seja constrangedora para mim.
— Você fala demais! Credo. — Cruzou os braços.
— Você tem que ir na escola amanhã por causa disso.
— Por que você bateu na garota? — Se sentou de novo.
— Por que... ela me chamou de vadia. — Menti o motivo.
Minha mãe abriu a boca em um perfeito "O" e levantou da cama
novamente.
— VADIA?! Eu vou esfregar essa garota no asfalto! Eu vou. — Colocou a
mão na testa, tentando manter a calma. — Minha filha, o que você não fez
com essa vagabunda, eu mesma faço.
— Calma mãe! Não vale a pena. Relaxa. — Suspirei. — É só ir lá na
escola, e assinar uns papéis, pode ser?
— Tudo por você, meu amor. — Veio me abraçar.
— Te amo.
— Também te amo. — Se afastou. — Maxinne... agora, sabe que
precisamos ter aquela conversinha, né?
— Não! Nem vem, de novo não! — Peguei minha mochila do chão, e saí
correndo.
Já ouvi esse papinho mais de doze vezes, não aguento mais!
Eu só quero ver como vai ser a conversa na diretoria, porque... eu ainda
não conheço a mãe do Jad. Imagina se ela olha para a minha cara, e pensa
que eu não valho a pena para o Jaden? Imagina se ela me acha feia?!
O filho dela tava beijando uma garota que ela nem sequer conhece.
Quero dormir, e acidentalmente... morrer.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
triste porque nunca vou ter um Jaden.
23.

26/08
Terça - Feira
07:56
⋄✦⋄
No dia seguinte, eu estava levemente nervosa.
Mentira, tava tremendo até as orelhas.
Hoje eu estou indo com a minha mãe, e ela está completamente tranquila.
Certo que eu também estava, mas esse negócio da mãe do Jaden me
incomoda.
— Ai Maxinne, arruma essa cara! — Ela disse sem tirar os olhos da
estrada.
— Não dá! Me deixa quietinha aqui. — Abracei meus joelhos em cima do
banco.
— Tá nervosa pra conhecer a sogrinha? — Falou em tom de ironia,
sorrindo.
— Não! — Virei o rosto para a janela. — A tia Jessi não é minha
sogrinha. — Falei baixo.
— Ela é sim! — Deu risada. — E o Jaden é o seu namoradinho.
— Para mãe! — Sussurrei, e virei para ela novamente.
Ela sorriu, e olhou para mim enquanto estacionava.
— Todo mundo shippa. — Levantou as sobrancelhas sorrindo. — Falei e
saí correndo.
— Eee! Chegamos! — Mudei de assunto, e abri a porta para sair.
— Eba! Vamos conhecer a sogrinha. — Desceu do carro.
Ignorei, e levei ela até a diretoria. A senhora Lee estava esperando
ansiosamente pela nossa visita. Mulher nojenta. Chegamos primeiro que o
Walton, e ela mandou minha mãe sentar em uma das cadeiras em frente da
mesa, e falou para eu sentar no sofá no canto da sala.
Eu fiquei lá sentada, tremendo as pernas desesperadamente, enquanto a
senhora falava palavras difíceis, e minha mãe respondendo com mais
difíceis ainda. Depois de alguns minutos engolindo seco, Jaden chegou com
a mãe dele.
— Peço perdão pelo atraso! O trânsito está horrível nessa hora do dia. —
Jessica sorriu ao dizer.
Antes de fechar a porta, ela olhou para mim, e sorriu erguendo as
sobrancelhas. Eu sorri de volta, claro!
— Walton... você pode se sentar ali, por favor. — A diretora disse. — E
sem gracinhas, senhorita Cline.
Por que eu?!
— Manda quem pode, obedece quem tem juízo, não é? — Jaden disse, e
se sentou ao meu lado, afastado.
— Não entendi? — Ela respondeu.
— Tô caladinho, na minha! — Fez uma mímica como se estivesse
fechando um zíper em sua boca.
As três começaram a conversar, e assinar papéis. Enquanto isso, Jaden e
eu estávamos calados com os braços cruzados.
— Oi. — Ele sussurrou.
— Bom dia. — Sussurrei de volta.
Jaden deslizou sua mão para perto da minha, e cruzou nosso dedos
mindinhos.
— Não faz isso. — Sorri.
— Isso o que? — Se sentou mais perto.
— Se ela perceber essa palhaçada, ela te bota pra fora dessa escola. —
Sussurrei com a mão cobrindo a boca.
— E você vem junto, esqueceu? — Entrelaçou nossas mãos.
— Eu te odeio.
— Nem parece. — Apertou nossas mãos.
Não disse nada, apenas puxei bruscamente a minha mão.
— Eles vão ficar suspensos hoje, e amanhã. Quinta feira já estarão de
volta. — A velha falou encerrando a conversa. — Tenham um bom dia.
Elas se despediram, e finalmente vamos voltar para casa.
A gente andou junto até o estacionamento. Juro, nunca passei por uma
situação TÃO constrangedora na minha vida. O que a tia Jessica deve estar
pensando de mim agora?
JADEN
— Ela é muito linda, filho! — Minha mãe sussurrou ao meu lado.
— Quem?
— A garota. Ela é linda. — Sorriu.
— Ah... a garota. — Olhei para Max, há alguns metros de mim. — Ela é.
Com certeza.
— Eu quero falar com ela!
— Não! Pelo amor de Deus. — Sussurrei alto.
Ela obviamente não tem obedeceu, e foi mesmo assim falar com a
Maxinne. Meu Deus que vergonha.
— Maxinne? Oi! Queria muito te conhecer. Meu filho fala muito sobre
vocês. — Ela disse sorridente.
Meu Deus.
— Ele fala? — Ela sorriu. — É... é um prazer conhecê-la! — Mudou a
expressão feliz, para a expressão completamente nervosa.
— O prazer é todo meu. Você é muito bonita, Jaden disse que era linda,
mas não sabia que era tanto!
— MÃE! — Fui até elas. — Eu não disse nada não.
— Oi Jaden! — A mãe da Max deu um tchauzinho para mim, e eu dei de
volta. — Como você está? Passa bem? — Veio até mim.
— Na medida do possível. — Falei a primeira coisa que veio na minha
mente.
— Faz tempo que eu não te vejo, você já cresceu tanto! Já está virando um
homem. — Sorriu, e passou a mão no meu cabelo.
???
— Graças a Deus, né? Eu acho.
— Mãe, para! — Max falou.
— Seus olhos são ainda aos brilhantes do que eu imaginava como Jaden
contava! — Minha mãe disse.
— Para! — Fui até ela, e fui levando ela para o carro.
— Tchau dona Jessica!
Exibida.
— Tchau querida!
— Adeus, Jaden. — Virgínia disse com um sorriso convencido no rosto.
Dei tchau com meu sorriso de bom menino. Sempre uso ele.
— Que vexame! Que vexame, dona Jessica. — Falei já dentro do carro.
— Vexame? Eu achei ela uma graça. — Ela disse no banco do passageiro.
Sim, eu que dirijo.
— Nunca mais, repito! NUNCA MAIS eu falo sobre garota nenhuma,
viu?! — Liguei o carro.
— Ah, mas você tem que falar sim! Porque além de tudo, por traz desse
Jaden Walton todo pitéu, ainda existe o meu Jaden bebê! Meu Jayzinho! —
Apertou minha bochecha.
— Mas envergonhar o Jayzinho na frente de mulher bonita não dá né,
mãe?! — Tirei o carro do estacionamento.
— Ela é muito educadinha, deveria namorar ela. Está aprovado. —
Começou a mexer no celular.
— Quem vê, pensa.
— Não fala assim, ela deve ser um amor!
— Eu não quero namorar agora, mãe. Ainda tô com dodói, aqui. —
Apontei para o coração.
Inclusive, aprendi onde fica o coração, finalmente! Maxinne me ensinou.
— E quando esse dodói sarar? — Olhou para mim sorrindo fraco. —
Ainda pode dar uma chance para o tal do "amor"?
— Não vai sarar. — Suspirei. — Vai cicatrizar, mas não vai sumir.
— Claro que vai, um dia vai se apaixonar. Ou acha que pode viver
sozinho para sempre? Ninguém vive assim, meu filho.
— Eu vivo.
— Duvido.
— Meu p...
— O que?
Mordi a boca para não falar, e segurei o riso.
— Adolescentes me assustam.
MAXINNE
Quando cheguei em casa, vi que uma casa que ficava ao lado da minha
estava com novos moradores. Como uma boa Maria Fifi, cheguei mais perto
disfarçadamente para ver o que tava rolando.
— Ai meu Deus! Maxinne?! — Uma garota ruiva apareceu.
Calma! Não é a ruiva cadáver! É a ruiva legal.
Espera que eu vou explicar!!
— Olívia?! É você mesmo? — Corri para abraça-lá.
— Que saudades!
— Meu Deus! Quanto tempo. — Me separei do abraço.
Olívia era minha amiga de infância, nós fizemos balé juntas, e ela era
minha vizinha em um lugar que moramos há um tempo. Era minha melhor
amiga, para tudo! Eu sempre pude contar com ela, e ela comigo.
— Você vai morar aqui? — Perguntei.
— Sim! Não é incrível?!
— Claro! Vem, deixa eu te levar para a dona Virgínia, ela vai amar te ver.
— Puxei ela para dentro de casa.
Entramos em casa, e encontramos minha mãe logo de cara, na sala.
— Eu não acredito! — Disse empolgada. — Olívia!
— Oi tia! — Correu para abraçar a minha mãe.
— Saudades. — As duas disseram juntas.
— Mãe, a Liv pode dormir aqui hoje? — Interrompi, perguntando.
— Óbvio, né Maxinne?!
— Pode dormir aqui, hoje? — Perguntei para Olívia.
— Claro! Só tenho que pedir pro meu pai, mas ele deixa. — Sorriu. — Eu
vou lá, agorinha já venho com as minhas malas gigantescas para uma noite
das garotas super divertida! — Disse rápido, e saiu.
Olívia com certeza é uma das pessoas mais legais que eu já conheci na
vida.
Já de noite, Olívia já estava aqui em casa, e nós duas estávamos em cima
da cama conversamos sobre as novidades.
— Viajou para algum lugar legal durante esse tempo todo? — Perguntou.
— Eu só fui para o México. — Respondi. — E você?
— Eu fui finalmente para o Brasil! — Sorriu.
— Sério?! Eu vivia te chamando para ir comigo, e você nunca queria! —
Exclamei.
— Pois dessa vez eu quis! Fui para o interior do Rio. Finalmente aprendi
a fazer quadradinho tão bem quanto você, otaria! — Debochou.
— Oh não! — Brinquei.
— Mas... e aí? Pegou alguém interessante?
— Eu... olha, talvez! Mas...
— Ai Maxinne, fala logo! — Não respondi. — Tá legal, eu falo uma coisa
interessante sobre mim, e você diz uma pessoa interessante que você ficou,
ok?
— Tá. Encontrou alguma garota?
— Não! Mas... eu me assumi para o meu pai! E olha... ele super aceitou.
Eu tô muito feliz.
— Parabéns! Fico feliz por você. — Sorri.
Na verdade, eu sei que Liv é lésbica desde o terceiro ano.
— Tá, eu já contei. Agora conta com quem ficou.
— Conhece, Jaden... — Fui interrompida.
— WALTON?!
— Como você sabe?! — Arqueei a sobrancelha.
— É fácil, só conheço um Jaden de Atlanta, você é bonita o suficiente
para ficar com ele... ligando as peças, faz sentido pra mim.
— Como é que você conhece o Jaden? — Dei risada.
— Tá maluca? Todo mundo conhece o Jaden.
— Que?
— O Jaden! Amiga, Jaden Walton. Como assim você não sabe? — Me
olhou confusa. — Ele é irmão do Javon Walton? — Assenti. — Ele mesmo!
— Me explica direito!
— Ok, eu tô começando a achar que você vive numa caverna. — Revirou
os olhos. — Resumindo: Javon participou de umas três séries de sucesso,
famosíssimo! Jaden, Jayla, e Daelo também ficaram famosos porque tem uma
essência encantadora impressionante para o público, e beleza também. E é
isso, a família Walton é beem conhecida pelas redes sócias, só não vê, quem
não quer.
— Caralho. TRÊS?! Como que eu não sabia dessa merda?! — Levantei da
cama.
— Tô me perguntando a mesma coisa agora mesmo.
— Puta que pariu. O Javon... o Javon que eu conheço literalmente atuou na
frente de câmeras para TRÊS séries? — Coloquei a mão na boca.
— E isso é o que eu sei.
— Eu não sabia. Por que Jaden não me contou? Aquele moleque... se eu
encontrar ele na rua, eu juro que...
— Amiga, você tá realizando o sonho de várias! Você nem imagina
quantas pessoas tem na fila! — Começou a estalar os dedos.
— Que merda. Mas se eu soubesse que ele era famoso, eu não teria me
envolvido, né?!
— Agora já foi. Investe!
— Caralho... o que eu faço agora?!
— Já falei, INVESTE! — Berrou.
— Investe no que, retardada?! — Sentei na cama.
— No Jaden, ora!
— Vou pensar, tá? Agora, podemos mudar de assunto? Ou melhor,
podemos dormir?
— Claro, tô morrendo de sono. Vamos dormir na mesma caminha igual
antes! Ai que emoção!
— Estava com saudades. — Apaguei a luz, deixando só o abajur ligado.
— Boa noite, namoradinha do Jaden. — Sorriu.
— Se fode. — Apaguei o abajur, e deitei.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
a Max:
24.

27/08
Quarta - Feira
11:23
⋄✦⋄
Combinei de me encontrar com Jaden naquele parque que tem aqui perto
de casa. Estava sentada no banco, esperando por ele... Meu fone estava no
volume máximo para me distrair desse povo aqui que fica sempre se
beijando.
Senti duas mãos cobrirem meus olhos, e uma risada de criança encapetada
no meu ouvido.
— Eu sei que é você. — Disse tirando as mãos doseis olhos.
— Me conhece tão bem assim? Mas já?! — Se sentou ao meu lado.
— Claro, bebê. — Brinquei.
Pairou um silêncio de mais ou menos cinco segundos.
— Não vai me dar um beijinho? — Perguntou.
— Por que não disse que era "famoso"? — Perguntei rápido.
— Meu... Deus. — Arregalou os olhos.
— É sério! Você achou que... se eu soubesse que você é o famosão Jaden
Walton, eu iria ficar com você por interesse!? — Olhei para ele.
— Não! Não é isso, por que acha isso? — Franziu o cenho. — Depois
desse tempo todo, acha mesmo que eu pensaria dessa maneira? — Desfez a
expressão.
Merda. Esqueci que tenho que tomar cuidado quando for falar com Jaden.
— Eu não sei! O que mais te impediria de contar isso, Jaden? — Sentei
mais perto.
— Eu... — Começou a falar, mas não terminou.
— Você...?
— Na verdade, não tem um motivo. — Cruzou os braços. — Sei lá, eu não
achei necessário contar.
— Jaden. Vão fazer três meses que estamos juntos, como assim "não
achou necessário"?! Você realmente sabia que eu nem imaginava que você
era famoso, e mesmo assim não contou.
Ele não disse nada, apenas abaixou a cabeça.
— Eu sei, e entendo que você tem problemas, e traumas com
relacionamento. — Levantei seu queixo. — Mas tem que confiar em mim.
— Eu confio em você, muito.
— Então promete que não vai mais esconder coisas importantes de mim?
— Olhei em seus olhos.
— O que seriam essas coisas importantes?
— Não sei... você já é bem grandinho para saber, não é? — Brinquei.
— Sou, claro. — Sorriu. — E o meu beijo?
— Não tem beijinho, tchau! — Levantei para sair.
— AH NÃO! — Levantou.
Ele me puxou pelo braço, e me deu um selinho. Jaden Walton dando só um
selinho?
— Só? — Arqueei a sobrancelha.
— Quer mais?
— Não, idiota. — Sorri.
— Que você adora. — Segurou meu rosto, e deu um beijo de língua.
Passei meus braços pelo seu pescoço, e me aproximei. Jaden apertou
minha cintura, e sorriu durante o beijo. Ok, sentamos no banco de novo.
— Por que te beijar é sempre tão bom? — Ele disse depois do beijo.
— Por que... você me ama. — Sorri.
— Eu não amo você, Maxinne. — Colocou uma mecha do meu cabelo
atrás da orelha.
— Ama sim. — Dei mais um selinho, e levantei.
— Quer almoçar lá em casa? — Falou do nada.
— O que?
— Minha mãe e meu pai não estão lá, só eu e os cabeçudos. Vai ser legal,
quer ir? — Levantou.
— Quero. — Estendi minha mão.
— Vou te levar para a minha casa pela primeira vez, gatinha! — Segurou a
minha mão que estava estendida. — Você vai amar o meu quarto.
— Vou?
— Vai! — Sorriu. — Vamos logo!
Avisei minha mãe, e ele me levou. A casa dele é enorme, e tem uns quatro
carros na garagem... meu Deus. Por dentro, é toda em tons claros igual a
minha, mas esteticamente não se parecem.
— Max! — Jayla berrou, e veio me abraçar.
— Meu Deus que saudade! — Abracei forte.
— Faz muito tempo que não nos vemos, né? — Se afastou.
— Muito!
Depois encontrei Javon, e começamos a assistir televisão comendo pizza
com refrigerante. Achei fofo da parte deles, pedir uma pizza só de queijo
para mim.
— Eu já enjoei desse negócio, vou colocar outra coisa. — Jaden falou
fuçando o controle.
— Já assistiu The Umbrella Academy? — Javon perguntou para mim.
— Não, só ouvi falar. — Respondi.
— Vou colocar. — Jaden disse.
— A gente vai ter que começar a assistir tudo de novo? — Jayla
perguntou indignada.
— Sim! A Max ainda não assistiu, benzinho! — Jaden falou convencido, e
deu play na série.
Jayla mostrou a língua, e Jaden mostrou de volta.
— Para! — Sussurrei para Jaden, que estava deitado agarrado em mim.
— Para você! — Sussurrou se aconchegando não curva do meu pescoço.
— Eu não tô fazendo nada! — Franzi o cenho.
— Te odeio.
— Não parece. — O imitei, acariciando seus cabelos.
— Parece sim, quer ver? — Mordeu meu pescoço.
Eu não disse nada, apenas abri a boca pelo susto.
Esse bocó.
— Podem parar aí? — Javon exclamou. — Agorinha vão ficar se
perguntando o que tá acontecendo!
Apenas segurei o riso, e continuei assistindo.
Depois de alguns minutos, Jaden começou a bocejar e fazer carinho nas
minhas costas que ele estava abraçado. Eu sabia que uma hora ou outra ele ia
dormir!
⋄✦⋄
Ele realmente dormiu.
Já estava passando o episódio cinco da primeira temporada, ele já estava
roncando baixinho contra o meu pescoço. Javon também havia adormecido, e
estava apenas eu e Jayla realmente assistindo.
Quer dizer... Jayla dormiu no episódio seis.
Passei meus dedos pelo rosto dele, e contornei sua mandíbula marcada,
essa com certeza é uma das coisas mais marcantes de Jaden. Mas seus cílios
também são enormes! A pele dele é mais lisa que a minha, e sei que ele está
constantemente passando manteiga de cacau nos lábios para ficarem
hidratados e brilhantes.
Na verdade essa última era um segredo, mas ele não precisa saber que eu
te contei, né?
— Tira uma fotinha que dura mais. — Sussurrou, e passou as unhas nas
minhas costas, me fazendo arrepiar.
— Hein? — Perguntei.
— Tá me encarando. — Neguei com a cabeça. — Quer um beijinho na
boca?
— Não.
— Não sabe o que tá perdendo! — Abriu os olhos.
— Sei sim, já provei. E não gostei.
— Não fala assim! — Escondeu o rosto no meu pescoço, de novo.
— Não chora! — Brinquei. — Eu dou uns... 02/10 pro beijo.
— O que?! — Levantou o rosto.
Brincar com o Jaden é muito bom, porque ele sempre leva as coisas a
sério.
— É a verdade. — Segurei a risada.
— Você não gostou? — Neguei. — É sério?!
Eu amo a ingenuidade desse menino.
— Não, Jad! É claro que não. — Revirei os olhos, e ele suspirou
aliviado.
— Ah tá. — Sorriu.
— Acha mesmo que eu falaria esse tipo de coisa na sua cara? — Arqueei
a sobrancelha.
— Eu acho que qualquer pessoa poderia falar isso, não é pessoal. —
Aproximou seu rosto.
— Tá tentando me beijar de novo, Walton?
— Com o seu consentimento, Cline.
Roçou sua boca no meu queixo, e subiu para minha boca.
— Você é um malandrinho. — Sussurrei, e puxei para um beijo.
Ficamos assim por um tempo, eu diria... uns sete minutos seguidos. Nem é
tanto tempo!
— Eu tenho que ir embora, tá? — Falei no intervalo de um beijo.
— Não! Dorme aqui. — Deu um selinho.
— Não dá, gatinho. Eu não tenho nenhuma roupa aqui, e minha casa é
longe. — Acariciei sua bochecha.
— Então eu durmo "na vovó". — Afirmou.
— Que isso? Já tá apaixonado? — Sorri.
— Tô sim, tô falling in love with you! — Me abraçou.
— Para de grude, e vamos logo que eu tenho hora pra chegar! — Levantei
do sofá.
— Ainda são três horas da tarde! — Levantou devagar.
— E daí?! — Arqueei a sobrancelha, e calcei meus tênis na entrada da
casa.
— Nossa, cavala.
— Cavalo é você!
Jad mandou só uma mensagem para os pais dele dizendo que ia dormir na
vovó, é tudo tão simples...
— Deixa eu colocar uma música! — Pedi, já dentro do carro.
— Não! Você só sabe ouvir pornografia em forma de música. Eu sou um
rapaz de respeito. — Cruzou os braços.
— O que?! Claro que não!
— Conecta seu spotify aí, vamos ver qual vai ser a primeira música que
parece! — Apontou para o meu celular.
— Não vai aparecer nenhuma música sex... — Entrei no Spotify.
"Stargirl Interlude"
— Nada sexual, claro. — Ergueu as sobrancelhas.
— Tinha alguém escutando essa música, não era eu! Tenho certeza. —
Troquei a música, e coloquei "Time After Time".
— Essa música é... — Começou a falar.
— A música do nosso primeiro beijo. — Afirmei, com o rosto virado
para a janela.
— É. Ela é muito boa. — Falou simples.
— É boa porquê é a música do nosso primeiro beijo, ou é boa porquê é
boa? — Virei para ele.
— É boa porquê me lembra você... — Falou. — E as vozes também são
maneiras.
Fiquei sem palavras para responder, então simplesmente não respondi.
Chegamos em frente de casa, peguei minhas coisas para descer do carro.
— Você vai dormir aqui? — Perguntei.
— Na minha vó. — Sorriu.
— Estaciona aí. — Apontei para a garagem da minha casa.
— Você manda, eu obedeço. — Ergueu as sobrancelhas, estacionou.
— Te adoro, Walton. — Sorri para ele. — Você é legal.
— Você não é tão legal quanto eu. — Entrelaçou nossas mãos.
Fiz um olhar mortal, e suspirei ameaçando separar as mãos.
— Brincadeira! Você é a garota mais maneira que eu já conheci na minha
vida. — Me deu um selinho demorado. — Melhor?
— Muito. Vem, vamos entrar. — Abri a porta, e desci do carro.
✦✦✦
Seu VOTO é muito importante!!
cheio de boiolagem, credo
25.

27/08
Quarta - Feira
19:58
⋄✦⋄
Peguei na mão de Jaden, e o puxei para dentro de casa. Encontramos a
minha mãe lá, assistindo TV.
— Oi mãe, vou subir e não vou jantar. — Falei rápido, e fui em direção as
escadas.
— Oi querid... — Olhou para nós, e pude ver seus olhos começarem a
brilhar. — JADEN! — Deu um gritinho agudo, e levantou do sofá.
— Oi tia! — Soltou minha mão, e foi abraçar... a minha mãe!?
— Eu já estava com saudades! Por que some do nada? — Abraçou forte.
— Não faz isso!
— Desculpa, as vezes eu sumo mesmo e nem percebo. — Saiu do abraço.
— Você está tão lindinho! — Acariciou o queixo dele.
— Eu sei, tia. — Sorriu.
— Jaden! — Sussurrei.
— Mas é verdade. — Os dois falaram juntos, olhando para mim.
— O que? Pelo amor de Deus, vamos logo. — Fui até Jaden, para puxa-
lo.
— Uh... — Ergueu as sobrancelhas. — Minhas duas crianças favoritas
vão dormir juntinhos? Como... como um casal?
— Não! — Jaden começou. — A gente não é criança.
— Nem um casal. — Revirei os olhos. — Vamos logo, meu filho! —
Puxei Jaden para a escada.
— Boa noite, bons sonhos! — Ela gritou. — Durmam com Deus, é... se
vocês acreditarem.
— Valeu, mãe! — Ironizei, e subi.
Entramos dentro do quarto, e tranquei a porta suspirando.
— Não fala sobre isso, pra ninguém! — Ameacei olhando em seus olhos.
— Nem para o meu maninh..
— Não! Nem para o maninho. — Cheguei perto.
— O que!? — Falou incrédulo. — Conto tudo para o maninho.
— Mas isso, você não vai contar. — Passei meus braços pelo seu
pescoço. — Na verdade, não vai contar nada do que acontece aqui entre
nós, não é?
— Claro que vou! Ele é meu maninho! — Falou como se fosse óbvio.
— Não, não vai. — Dei um selinho. — Né?
— Não, não vou. — Deu outro selinho.
— Para de dar selinhos repetitivos! — Exclamei.
— Para você!
— Não quero. — Sorri.
— Como se fala "eu te odeio" em português? — Ele perguntou.
Agora eu entendi, ele é realmente uma criança. Eu achei que era
brincadeira...?
— O que?
— Fala, como se d...
— Eu escutei o que disse, tá?! — Revirei os olhos.
— Então fala.
— Se diz: "Eu te amo". — Sorri de lado.
— Ok, então... eu te amo. — Falou todo embaralhado.
— Jaden... — Segurei o riso. — Eu também te amo.
— Mentira! — Cruzou os braços.
— Ok, acredite o que quiser. — Dei outro selinho, e saí de perto.
— Quer ficar o noite toda me dando beijinhos? — Ele perguntou
animando.
— Não. — Peguei minha toalha. — Eu quero ficar a noite toda dormindo.
— Ah, sério!? Então por que eu vim pra cá?!
— Pra dormir. — Dei risada. — Vou tomar banho.
—Não tô nem aí. — Sentou na cama.
— Vai se foder.
— Me evita, finge que eu não existo. — Deitou.
Ignorei, e fui tomar banho. Depois, saí do banheiro com uma blusa regata
branca, e uma calça moletom rosa.
— Ai que gatinha! — Jad me olhou de cima a baixo.
— Eu sei, amigo. — Debochei, e sentei na cama ao lado dele.
— Como assim, "amigo"?! — Cruzou os braços, indignado.
— E você é o que, palhaço!? Inimigo?
— Eu sou seu namoradinho. — Me abraçou. — Né?
— Não. No máximo, é um conhecido próximo.
— Para! A gente namora muito. — Sorriu.
— Desde quando, que eu não estou sabendo?!
— Desde agora. Quer namorar comigo?
— Não, agora deita e dorme. — O abracei.
— Mas eu tô com fome. — Respondeu.
— Ignora, e dorme.
Ficamos em silêncio por uns dez segundos, e ele abriu a boca de novo.
— Max...
— Hum?
— Tô com fome.
Revirei os olhos, e suspirei.
— Tá, Jaden. — Levantei da cama. — Vamos procurar alguma coisa pra
enfiar nessa sua bocona de sacola.
— PARA MAXINNE! — Gritou.
— PARA VOCÊ! PARECE UMA CRIANÇA. — Gritei de volta
— E SE EU QUISER SER UMA CRIANÇA?! EU SOU LINDO! — Gritou
mais alto.
— VOCÊ TEM DEZESSEIS ANOS NA FUÇA. — Falei sem paciência.
— E EU COM ISSO?! SE ME DESSE AMOR E CARINHO EU NAO
SERIA DESSE JEITO!
— VAI COBRAR AMOR E CARINHO DA SUA MÃE, NÃO DE MIM!
— Gritei alto.
— PARA DE ME TRATAR MAL, MAX! — Choramingou.
Eu ia gritar de volta, mas ouvi três batidas na porta.
— Crianças?! — Minha mãe gritou do outro lado.
Suspirei irritada, e fui abrir a porta.
— O que foi? — Perguntei.
— Ouvi uns barulhos, e vim ver o que era. — Sorriu convencida. — E...
trouxe uns lanchinhos pra vocês. Quem quer?
— Eu! Eu quero, tia. — Jaden veio correndo pegar a bandeja da mão dela.
— Olha... vocês estavam gritando? Jaden, se a Maxinne te tratou mal, não
abaixa a cabeça não! Ela não pode tratar as pessoas como ela quer! — Ela
olhou no fundo dos olhos dele.
— Eu não abaixo, dona Virgínia. — Ele sorriu debochado.
— Aff. — Suspirei, e fui deitar na minha cama batendo os pés. — É
sempre uma revolta contra mim nessa casa. EU ACHO IMPRESSIONANTE!
— Gritei abafado em baixo da coberta.
— Não liga não, é a TPM que está chegando. — Minha mãe disse, e
piscou para Jaden logo em seguida.
— PARA! — Gritei.
— Ok, ok... já estou saindo. — Ergueu as mãos em sinal de rendição, e
saiu.
Jaden ficou com a bandeja cheia, e fechou a porta novamente.
— A sua mãe é legal. — Falou deixando a bandeja em cima da mesa.
— Com você. — Falei ainda abafado.
— Com você também. Ela é legal com todo mundo, mas nem todos sabem
dar valor a isso. — Sentou ao meu lado.
— Vai tomar banho. — Mudei de assunto.
— Vai você. — Tirou a coberta do meu rosto vagarosamente.
— Eu já tomei. Não quero dormir com nenhum garoto fedido. — Sorri.
— Eu não sou fedido, cheira! — Abaixou, e meteu o pescoço na minha
cara.
Realmente, extremamente cheiroso. Cheira menta, ou... sei lá, floresta
chuvosa? Não sei. Mas eu mordi o seu pescoço, e por incrível que pareça,
ele não saiu berrando igual uma criança! Ele permaneceu ali, em cima de
mim. Me fazendo sentir o seu perfume aparentemente novo, nunca havia
sentido esse cheiro em Jaden antes.
— Vai sair de cima? — Perguntei.
— Não, quero dormir assim. — Deu uma risadinha contra meu rosto.
— Não pode dormir assim. — Acariciei a parte de trás do pescoço dele
com o dedo indicador.
— Posso sim. Duvida?
— Duvido.
— Meu pau no seu ouvido. — Levantou rápido, e deu uma risada
maléfica.
— Nossa. — Sussurrei. — NOSSA! — Gritei indignada. — Vai tomar
banho logo, pelo amor de Cristo.
— Ok, desculpa.
⋄✦⋄
DIA SEGUINTE
JADEN
Quando eu acordei, Max estava com toda a coberta pra ela, toda
empacotada, e abraçando um ursinho minúsculo com toda a sua força. Olhei
o horário no celular que estava do meu lado, e vi que já eram 09:57 da
manhã.
Incrível, conseguimos faltar na escola no dia de voltar da suspensão. Isso
vai dar alguma merda.
Levantei vagarosamente meu braço que estava jogado em cima da barriga
dela, mas não adiantou muito o cuidado, já que ela acordou meio...
— Ai Jaden! Ai! — Pegou meu braço, e jogou para longe. — Me acordou,
tá feliz?! — Me olhou com cara feia.
— Uai menina, tá louca? — Franzi o cenho. — Nem me mexi direito, você
que tá aí tod...
— PARA DE SER ASSIM. — Falou alto.
— Ai! — Coloquei a mão no ouvido. — O que que deu em você?!
— O que deu, foi que você tá aqui do meu lado falando mais que um
pintinho recém nascido, e tá se fazendo de sonso! — Olhou para mim. —
Parece que você nem se importa comigo, com a minha felicidade, com nada.
— Desfez a expressão, e colocou as mãos no rosto como se fosse chorar.
Meu Deus?
— Que?! Eu não disse nada! — Tirei as mãos do seu rosto.
Ela tava realmente chorando.
— Para, Jaden. — Se virou para o outro lado, e se encolheu.
— Parar com o que, mulher!? — Exclamei.
Ela não respondeu, apenas ficou lá fungando com o nariz, mostrando que
estava realmente chorando.
Então fui no banheiro, peguei a escova nova que estava dentro da gaveta, e
escovei os dentes. A partir de agora, aquela escova é minha.
Estava escovando os dentes, quando uma luz se acendeu na minha cabeça.
Finalmente entendi o que estava se passando! A Max está de TPM.
A mãe dela disse que estava chegando, e realmente chegou. Peguei meu
celular, e obviamente fui pesquisar sobre né, o que tem que fazer, etc...
De brinde, descobri que a TPM pode vir duas semanas, dez dias, ou uma
semana antes da menstruação. Pesquisei o que tem que fazer, mas não achei
nada de mais. Então com toda calma e cuidado, saí do banheiro para ir para
a cama novamente.
— Tá melhor? — Perguntei baixo.
— Uhum. — Assentiu, e abraçou o ursinho com mais força.
Eu fiquei quieto, e a abracei por trás.
— Jaden. Seu salafrario. — Sussurrou.
— Meu pau no seu aquário. — Falei por impulso.
Ela apenas impulsionou seu cotovelo para trás, me fazendo gemer alto, e
me afastar me contorcendo, e por fim... caindo da cama.
— Caralho... — Murmurei.
— Filho da puta, EU TÔ SENSÍVEL. — Levantou da cama, e foi para o
banheiro batendo os pés.
Continuei lá, todo encolhidinho. Por que as garotas sempre pisam na nossa
cara, e nos nossos corações? Meu primeiro amor quebrou meu coração.
Quando ela voltou, estava com o cabelinho arrumando, amarrado para
trás.
— Desculpa. — Falou, e estendeu a mão para me ajudar a levantar.
— Não. — Peguei na sua mão.
— Calado. — Soltou minha mão, fazendo eu cair no chão novamente.
— Ai. — Levantei sozinho.
— Agora é sério! Desculpa, tá? — Segurou minhas mãos. — Não é a sua
culpa, mas mesmo assim está aqui apanhando.
— Tô acostumando a apanhar da vida, relaxa. — Sorri.
Ela revirou os olhos, e me abraçou.
— O que tá fazendo? — Perguntei, e abracei de volta.
— Vamos logo, eu tô com fome. — Saiu do abraço, e me deu um selinho
rápido.
Descemos até a cozinha, e não achamos a tia Virgínia lá.
— Cade a... — Comecei.
— Deve estar fazendo algo muito divertido na rua, ela é assim. — Max
sorriu, e logo olhou para o seu celular. — Olha só! Mensagem dela. Ela está
na rua.
— Você sabe que a gente tá muito encrencado não escola, né? —
Perguntei.
— Eu sei. — Ela suspirou. — Nossa garoto, você só me coloca em
confusão. Uma péssima influência!
— Eu?! Foi você que dormiu demais. — Cruzei os braços, sentando no
sofá.
— Para, Jaden. — Sentou ao meu lado.
— Ó! Não vai chorar. — Debochei.
— Para! — Choramingou.
— Para de chorar!!
O Pinscher simplesmente avançou pra cima de mim, e começou a estapear
meus músculos localizados na região braçal que...
Ok, ela começou a me bater.
— Ai! Maluquete! — Apertei seus pulsos, a parando.
— Não, Jaden! — Tentou continuar, falhando bruscamente. — Deixa eu
bater, por favor!
— Que!? Você comeu cocô?! Acha mesmo que eu vou deixar você bater
nesse corpitcho?
Ela fechou a cara, e depois fez cara de choro.
POR QUE MULHER É ASSIM.
— Não chora! Por favor, não chora. — A abracei, e depositei vários
beijinhos pelo seu rosto.
Ela não disse nada, apenas me abraçou de volta. Ficamos em silêncio por
alguns longos minutos, até que Max começa a falar novamente.
— Jaden... — Sussurrou.
— Lá vem. — Sorri. — O que foi?
— Você tem alguma amiga mais amiga do que eu?
— O que!? — Arqueei a sobrancelha.
— Você entendeu. — Escondeu o rosto no meu pescoço.
— Não. Maxinne. — Revirei os olhos. — Não tenho.
— Jura? — Ergueu o rosto para me olhar.
— Juro.
— Acho bom. — Sorriu, e deu um selinho demorado.
— Não vai me dizer que você tem!? — Brinquei.
— Eu tenho.
— O QUE!? — Gritei. — Quer dizer... sério?
Não posso perder a postura, né?
— Eu tô brincando, para. — Sorriu.
Encarei seus olhos, que brilhavam contra a fresta de sol, e desci o olhar
para sua boca sorridente. Cheguei perto de seu rosto, e a beijei.
— Sim, querido! Eu sei que... — A mãe dela chegou abrindo a porta do
nada. — Oh meu Deus. — Ela disse pausadamente, e desligou o telefone.
Parei de beijar a Max, e me afastei.
— Atrapalhei...?
— Sim, né? O que a senhorita acha? — Max falou com os braços
cruzados.
— Para! — Sussurrei.
— Ai... desculpa! Como eu iria saber que vocês dois iam estar aqui se
pegando!? — Fechou a porta.
— A gente não estava se pegando não, relaxa o coração. — Max suspirou,
e desceu do sofá.
— Ficou triste!? — Virgínia gargalhou. — Que dó!
— PARA! — Gritou, e saiu correndo para a cozinha.
— Oi tia! Bom dia. — Fui até ela.
— Oi querido! — Me abraçou, e beijou meu rosto.
— Não liga pra ela, hoje ela acordou pra baixo. — Eu falei, e ergui os
ombros. — Se é que me entende.
— Claro que entendo. Isso acontece todo mês, não liga não. — Largou as
sacolas no chão, e foi para a cozinha.
Eu não disse nada, apenas segui ela.
— Para de chorar. — Ela chegou falando alto.
— Eu não tô chorando. — Falou seco. — Tá vendo alguém chorando?!
Não. Não tá, tá? — Disse rápido, muito rápido.
— Não. — Respondemos juntos.
⋄✦⋄
MAXINNE
Já eram duas da tarde, frio pra cacete, um toró caindo do céu... e eu e o
jad fazendo skincare.
— Ah não! Que que é isso aí amarelo!? — Ele perguntou franzindo o
cenho.
— Não mexe o rosto assim! — Falei alto. — Vai descolar a máscara.
Jaden estava com uma máscara de chiclete no rosto (claro que não era
chiclete de verdade), na verdade eu nem sabia pra que que servia a máscara,
mas eu passei nele pra testar.
— Abre a boquinha. — Falei abrindo uma embalagem de gloss.
— Não! — Colocou os lábios para dentro da boca.
— Vai logo, para de gracinha. — Dei um selinho, e ele abriu a boca
resmungando.
— Vai ficar lindo todo de rosa. — Sorri, acariciando sua bochecha.
— Não, Maxinne... — Choramingou.
Passei o gloss nele, mas depois fui ler o rótulo...
— Merda. — Sussurrei enquanto lia.
— O QUE!? — Berrou, passando a mão na boca para tirar o gloss.
— PARA, JADEN! PARA!! — Puxei sua mão.
— O que que tem aí?! — Pegou o gloss da minha mão. — AH! Agora eu
entendi, né? Esse troço faz crescer a boca. SUA SALAFRARIA! Por que não
leu o rótulo ANTES de passar!? Quem faz isso?
— FOI MAL AÍ SE VOCÊ É SENSÍVEL.
— Eu não sou sensível. — Ficou quieto por alguns segundos. — Ai minha
boquinha! — Passou os dedos na boca.
A boca dele já estava enorme, e bem vermelha. Quase roxa.
— Também, né? Esfregou essa sua bocona de bode até esfolar. — Abri a
tampa da manteiga de cacau hidratante.
— Não Max! De novo não! — Tampou a boca.
— Para de reclamar, mostra a boquinha pra mim, gatinha! — Brinquei, e
ele sorriu.
Passei a manteiga de cacau, e ficou tudo bem. Ficamos assim pelo resto
do dia, depois eu passei alguns produtos no cabelinho dele, tirei a máscara...
ele foi tipo uma cobaia. Adorei.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
Podemos bater 100 comentários aqui? 🥺
novo TikTok minhas crias!! @.nanawtt
26

28/08
Sexta - Feira
08:59
⋄✦⋄
A professora de matemática falava entediantemente apontando para o
quadro com uma régua enorme. Eu não sei o que ela estava tentando
explicar, mas tem alguma coisa a ver com a letra "y".
Enquanto ela explicava, e Jaden batia e pé ao meu lado, eu estava fazendo
um coração recortando um papel rosa que eu encontrei no meu estojo. Ele
tinha alguns glitter jogados de qualquer jeito, e estampa de oncinha.
— Ah.. — Jaden murmurou algo entediado, com a cabeça jogada na mesa.
— O que? — Sussurrei.
— Matemática é uma doença. — Começou. — E é dessa doença que eu
vou morrer. — Fechou os olhos.
De onde ele tira essas coisas!?
— Agora eu gosto de matemática. — Olhei para ele, que parecia ter
desistido da vida. — Mas só agora, antes eu odiava.
— Você é uma pessoa culta e inteligente, claro que gosta.
— Eu não! Você que é! — Rebati.
Por algum motivo eu levei isso como uma ofensa.
— Senhorita Cline. — Ela disse, e eu dei um espasmo de susto. — Já que
parece estar se divertindo nessa aula, poderia me dizer o resultado dessa
equação de segundo grau? — Apontou para o quadro.
— 59,8? — Chutei um número aleatório da minha cabeça.
— Correto, mais um ponto. — Sorriu forçadamente, e continuou a
explicação.
— Eu te odeio tanto. — Jaden levantou a cabeça, e me olhou com os olhos
cerrados.
Eu sorri, e continuei a recortar corações.
⋄✦⋄
Na hora do intervalo, ficamos sentados na grama ao lado da quadra,
apenas conversando.
— O Eddie com certeza é mais legal que o Steve, mas ninguém está pronto
para essa conversa. — Jaden falou deitado.
— Eu não acho. — Falei sentada ao seu lado. — Eu amo o Eddie, mas o
Steve está na série a muito mais tempo. Ele já tem uma história, sabe? Um
lugar a mais no coração. O Eddie chegou agora, então....
— Nada a ver. — Revirou os olhos. — O Eddie só na hora quarta
temporada já fez mas coisas que o Steve na primeira, segunda, terceira, e...
quarta.
— Mentira. — Cruzei os braços. — Os dois são incríveis. Mas o Steve
fez mais, SIM!
— Nos seus sonhos. — Sorriu. — O Eddie é tão legal, que mesmo
sabendo que é melhor que Steve, ficou flertando com ele na temporada
inteira.
— Teve química, mas não consigo imaginar os dois juntos como casal,
sabe? Não dá, é impossível pra mim. — Dei risada.
— Sim, igual a gente. — Falou olhando para o céu, com os olhos
levemente fechados.
— Sem vergonha, safado. — Deitei igual a ele.
— É sério. Somos uns pitelzinhos juntos, mas como casal... não dá pra
imaginar.
— Eu consigo.
— Então quer dizer que você fica pensando nessas coisas? — Deu uma
risadinha.
— Pensei agora que você falou né, retardado. — Revirei os olhos.
— Sinceramente, eu também consigo imaginar.
Que moleque idiota.
— Como?
— Você mandando, e eu obedecendo.
— Mas isso é o que acontece atualmente. — Dei risada.
— Observe os sinais, gatinha. — Sorriu de lado, com os olhos fechados.
Fiquei quieta por dez segundos, e quando eu ia responder...
— Oi.
Olhei para cima, e era Rosa.
— Meu Deus, que susto! — Falei baixo, e levantei.
— Credo menina, parece assombração! — Jaden falou abrindo os olhos.
Estendi a mão para ele levantar, só que quando ele pegou nela, Rosa
simplesmente deu um tapinha na na minha mão, fazendo eu recuar, e deixar
Jaden lá no chão.
— Tá louca? Bebeu xixi? — Arqueei a sobrancelha, e estendi a mão de
novo.
— Desculpa, foi por impulso. — Falou com cara de nojo.
— Controla esse seu impulso aí, um dia vai acabar se dando mal. — Falei
olhando em seus olhos.
— Ah é? — Cruzou os braços.
— É. — A olhei de cima a baixo.
— Eu duvido.
— Meu pau no seu ouvido. — Jaden falou rápido, e logo depois tampou a
boca com a mão.
— Jaden! — Sussurrei.
— Desculpa, foi sem querer. — Deu três batidinhas na boca.
— Bom... não pensem que eu estou aqui porque eu quero, ok? — Ela
falou, e nós assentimos com a cabeça. — É que quarta vai ter o baile, e
vocês... vão vir, né? — Falou como se estivesse sendo forçada a isso.
E realmente estava. Rosa tem que sair pela escola distribuindo convites
para todo mundo sem exceção, é o seu dever como monitora.
— Claro. — Olhei para Jaden. — Né?
— Sim, com certeza.
Peguei os convites que ela entregou, e agradeci.
— Posso fazer uma pergunta? — Ela olhou para mim.
Não.
— Claro. — Nem parece que eu estava batendo nessa fuça esses dias.
— Vocês estão juntos?
— Sim, ó! — Jaden passou seus braços pelo meu pescoço. — Juntos.
— Não! Não assim...
— Por que você quer saber? — Arqueei a sobrancelha.
— Curiosidade.
— Então... — Jaden começou a falar, mas não terminou porque o sinal
bateu na mesma hora.
— Tchau Rosa! — Acenei, e virei as costas, puxando Jaden pela camisa.
⋄✦⋄
Segunda - feira.
Estávamos arrumando as coisas para o baile, aparentemente ia ser uma
festona. Ia ter muitas luzes coloridas, muitas mesmo. Mas eu estava colando
os enfeites na parede.
— Quer ajuda? — Rosa perguntou em baixo da escada onde eu estava.
Meu Deus, meu Jesus.
— Não. — Falei seco.
— Tá. — Ela ficou alguns segundos parada olhando pra mim, mas depois
se afastou.
Amém?
— Se precisar, pode me chamar. — Falou de longe.
Por que eu tô achando que tá vindo merda por aí? Ela está muito boazinha.
Que eu saiba, ela tem ódio de mim por ter roubado o macho dela. O que
todos nós sabemos que não é verdade, né?
Já pensou se ela me empurra da escada?
Parei de pensar, quando senti um impulso na escada, dei um grito muito
alto, e olhei pra baixo.
— Ai... é você. — Suspirei aliviada, e coloquei a mão na testa.
— Quem mais seria? — Jaden falou.
— Eu sei lá, agora sai daí, que eu tô ficando com medo.
— Vim perguntar se você viu as luzes azuis.
— Estão ali. — Apontei para a caixa claramente com as luzes azuis
dentro. — Você é cegueta?
— Sou, cego de amor por você. — Brincou, e foi buscar as luzes.
— Bobo. — Continuei a pregar os enfeites na parede.
— Te amo, tchau. — Falou "te amo" em português, e saiu.
Ele ainda acha que "te amo" é "te odeio", eu adoro esse garoto.
Olhei para o lado, e vi que Rosa estava em uma distância aceitável de
mim. Pelo visto ela não vai mesmo me jogar daqui de cima.
— Eu tô quase acabando aqui. — Falei para a professora de ciência que
estava responsável por nós.
— Muito bem, Max! — Ela é a única professora que me chama de Max.
Eu amo ela.
Depois de uns dois minutos, senti novamente a escada cambalear, mas
dessa vez... a escada em si não caiu, mas eu sim. Gritei em desespero, mas
felizmente caí em cima de um garoto que estava lá.
— Ops... — Rosa disse baixo, com um sorriso debochado no rosto. —
Esbarrei aqui.
Franzi o cenho, mas continuei quieta.
— Foi sem querer, né meninas? — Olhou para as garotas ao seu lado.
Elas obviamente concordaram, e as três saíram juntas. É claro que ela
aproveitou o momento em que a professora saiu de perto. Porque quando ela
estava aqui, estava se fingindo de santa.
— Desculpa, tá? — Falei para o garoto que me segurou.
— Sem problemas, moça.
— Ai garoto! Que susto. — Era Javon.
— "Que susto" digo eu! Não é todo dia que uma garota cai do céu em cima
de você. — Cruzou os braços.
— O que tá fazendo aqui? A sua parte é lá do outro lado da quadra, com o
Jaden.
— Vim pegar essas flores artificiais. — Pegou algumas flores na mão, e
jogou para cima.
É, comprovando. Gêmeos dividem o mesmo neurônio.
— Garoto..?
— Desculpa. — Ajoelhou para pegar as flores.
— Tudo bem, todo mundo tem defeitos. — Abaixei para ajudar a recolher.
— Pronto. — Entreguei pra ele as que faltavam.
— Obrigado.
— Leva elas nessa cesta. — Coloquei todas as flores dentro de uma cesta,
e entreguei.
— Certinho, até mais! — Virou as costas.
— Tchau. — Acenei.
— Ah! — Virou de novo. — Jaden falou para eu te dizer "Eu te amo". —
Sorriu, e voltou a andar.
Socorro, eles são péssimos em português.
— Fala que eu também odeio ele. — Sorri.
⋄✦⋄
Quando cheguei em casa da escola, minha mãe não estava lá (ok, de
novo).
Mas havia um bilhete em cima da mesa de jantar.
"Saí para uma aventura pelo mundo." Olhei a parte da frente.
"Brincadeira, ganhei uma viagem de Cruzeiro. Não contei nada a nenhum
de vocês, porque só tinha duas passagens, e eu obviamente só levarei
Michael George, ele é um bebê."
Li a parte de trás, mas que porra é essa!?
"Então decidi contar quando eu já estivesse dentro do navio. Que é o que
eu estou fazendo agora!"
Abri o outro bilhete.
"Sei que é responsável o suficiente para se virar sozinha, mas também
quero que cuide dos seus irmãos. Dos dois! Seja responsável, e não faça
contato visual com policiais. Beijos, mami 🌼"
Ela não podia simplesmente mandar mensagem pelo celular!??
"E sim, eu sei que era só mandar mensagem no celular, mas eu queria por
carta... uma coisa mais vintage 1900." Olhei a última parte do papel.
Amassei os papéis com força, e joguei na lixeira.
Essa mulher literalmente largou dois adolescentes, e uma criança de oito
anos sozinhos em uma casa enorme por sei lá quanto tempo? Sim.
Mas isso não é uma novidade para mim, esse tipo de coisa acontece uma
vezes a cada dois meses.
— VALÉRIA! — Gritei, subindo as escadas.
— NÃO ESTÁ EM CASA! — Gritou de volta.
— Que pena! — Parei em frente a porta do quarto dela. — Vou ter que
comer aqueles biscoitos de soja sozinhas, então...
— Não! — Abriu a porta. — Eles são meus. — Cruzou os braços.
— Então vamos descer, e pedir uma pizza! — Peguei ela no colo, e desci
as escadas correndo.
Eu sei que ninguém perguntou, mas Thomas está com os amigos idiotas
dele. Ele provavelmente vai aproveitar a falta da mamãe para dormir fora, e
fazer coisas idiotas de adolescente. Por que homem é assim?
Meu celular vibrou algumas vezes, e eu fui ver o que era. Obviamente era
o...
Revirei os olhos, e guardei o celular.
— É o seu namorado? — Valéria perguntou sorrindo.
-- Não. É a minha namorada.
Ela arqueou a sobrancelha, e cruzou os braços.
— Mentira. Você não tem namorada!
— Nem namorado, bobona. — Continuei encarando a TV.
— Tem sim. — Deu risada. — A Florence falou que tem.
— A Florence não sabe o que diz, tá bom? Eu não tenho namorado.
— Errou! — Olhei para ela. — A Florence NUNCA erra!
Eu ia até tentar argumentar, mas desisti e continuei assistindo "A origem
de Gru" na TV.
Eu realmente parei de responder esse moleque por uns dez minutos.
Mas confesso que não aguentei por muito tempo.
A pior coisa dessa conversa foi que ele realmente pesquisou.
E ele não parou por aí.
— Presta atenção no filme! — Valéria falou sentada ao meu lado.
— Tô prestando! — Falei sem tirar os olhos do celular.
Guardei o celular, e continuei a assistir.
Depois de mais vinte minutos, alguém bateu na porta.
— Deve ser a pizza... — Falei, e levantei do sofá.
Caminhei até a porta, e dei de cara com o Walton todo molhado rindo
igual a um idiota.
— Que isso? — Franzi o cenho.
— Bebê tá molhadinho. — Sacudiu o cabelo com as mãos. — Vim te
visitar, amor.
Revirei os olhos, e o puxei para dentro.
— Não me chama de amor. — Sussurrei sem mexer a boca.
— Tá bom, vida. — Me puxou para um selinho rápido.
— Minha irmãzinha tá aqui, bobo. — Sorri, e levei ele para um lavabo do
andar de baixo.
— A tal da lenda? Valéria é uma lenda. — Me seguiu.
— Sim, a lenda da Valéria. — Peguei uma toalha em um gancho, e
entreguei pra ele. — Agora me explica por que o senhor está molhado?
— Nã..
— Conta logo! — Puxei a toalha de volta.
— Ok... eu estava indo para a porta da sua casa, e bati a cabeça em uma
árvore molhada da chuva de ontem. Aí caiu água em mim, e eu fiquei muito
molhado. — Falou envergonhado.
Segurei a risada por três segundos, e explodi em uma crise de risos.
— Não é possível que você seja tão leigo. — Falei no final das risadas.
— Me seca aqui, vai! Eu tô com frio. — Fez cara de coitado.
— EU!? — Perguntei indignado. — Se seca você!
Ele não disse nada, apenas inclinou a cabeça para cima para eu secar. Eu
sequei, né... porque sou idiota.
— Seca aqui agora. — Falou, fazendo bico.
— Shiu. — Coloquei o dedo indicador na sua boca.
Ele nem disfarçou, só chegou beijando. Nos beijamos por bastante tempo,
mesmo! Naquele momento eu até esqueci da Valéria, da pizza, da minha mãe,
de tudo.
— Minha irmã tá sozinha lá na sala. — Falei no intervalo de um beijo.
— E? — Continuou a me beijar, e me encostou na parede.
— Para... — Sussurrei, e ele parou na hora. — Agora não, gatinho! —
Acariciei sua bochecha.
— Então... depois? — Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Pode ser. Talvez!
— Tá bom, vamos lá conhecer a lenda. — Saiu de perto, e foi em direção
a sala.
— Me espera! — Corri atrás dele.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
vai vim merda por aí? o que acham? tá tudo dando muito certo, muita
boiolagem.
27.

28/08
Sexta - Feira
18:25
⋄✦⋄
Voltamos para a sala, onde Valéria estava sentada no sofá, comendo a
pizza.
— De onde saiu isso? — Apontei para o prato com três pedaços de pizza
de calabresa.
Ela apenas olhou pra mim, e revirou os olhos.
— Ô metida! Tô falando com você! — Dei um tapinha na cabeça dela.
— Eu fui lá pegar, dã! — Enfiou um pedaço na boca.
— Oxi? E pagou com que dinheiro!? — Coloquei as mãos na cintura.
— Com o seu. — Sorriu. — O moço já estava há um tempão aí esperando
alguém atender ele, então peguei cem dólares da sua capinha, e fui lá pagar.
— Era pra pagar com o dinheiro da mamãe! Não com o meu. — Suspirei.
— E daí? — Comeu mais um pedaço.
Olhei para Jaden, que estava... rindo!? Esse moleque precisa de uns
tabefes.
— Para de rir. E senta aí! — O puxei pela camisa, e joguei ele no sofá.
— Nem doeu. — Mostrou a língua.
— Quem mostra língua pede beijo. — Sorri.
— Vem.
Arregalei os olhos, e virei lentamente o rosto para o lado. Os olhos da
Valéria estavam quase saltando pra fora.
— Ele é o seu namorado.
— Prazer! — Jaden estendeu a mão.
Dei um tapa na mão dele, e ele recuou.
— Você é bonito. — Encarou o fundo da alma do garoto. — Mas não tanto
quanto o Davizinho.
— Valéria! — Sussurrei.
— Just the facts, baby. — Virou o rosto para a TV, e continuou a comer.
— Quem é Davi? Seu ex namorado? Mais bonito que eu? Beija melhor
que eu? Dança melh...
— É o "namorado" dela. — Suspirei.
Ele ficou quieto por dez segundos.
— Mas...
— Já tem oito anos, idade de namorar! — Brinquei.
— Mas...
— Silêncio, olha lá o Bob! — Apontei para o filme na TV. — Quer pizza?
— Não. — Respondeu olhando para o filme.
Sus... Jaden negando comida?
— Tá, né? — Peguei um pedaço de pizza de queijo.
Mordi alguns pedaços, mas como sempre... Jaden não aguentou muito
tempo com a bocona calada.
— Me da um pedaço? — Olhou com cara de cachorro.
— Não.
Ele passou a mão em volta da minha cintura, e me puxou para perto.
— Por que não pegou um pra você?! — Perguntei.
— Por que o seu sempre é melhor. Igual cama de mãe, sabe? — Fez
carinho no meu cabelo.
— Não! Nem vem. — Coloquei um pedaço na boca.
Ele ficou quieto, mas depois de alguns segundos, acabei ficando com dó.
— Toma. — Entreguei o prato todo pra ele, suspirando.
— Obrigado, namorada. — Sorriu.
Dei uma cotovelada nele, e saí de perto.
— Feia. — Jaden falou de longe.
— Feia é a s...
— Shh! — Valéria olhou para nós dois.
Cruzei os braços, e fiquei quieta.
— Você vai dormir aqui? — Ela perguntou para ele.
— Vou. — Falou naturalmente, sorrindo.
???
— E você simplesmente se convida? — Falei sem desviar o olhar da TV.
— Eu que convidei ele. — Valeira disse ao meu lado.
— Ela me convidou. — Ele disse convencido.
— Tá bom. — Olhei para ele. — Vou lá arrumar o quarto de hóspedes, já
que a Valéria te convidou.
— Tá bom. — Sorriu, com os braços cruzados.
Não vai falar nada!??
— Eu... tô indo. — Continuei com a postura.
Jaden ficou me encarando com aquele sorriso idiota na fuça.
— Mas depois. — Sorri forçado.
⋄✦⋄
Já estava na hora de colocar a Valéria pra dormir, na verdade, ela já
estava dormindo na metade do filme faz tempo. Ela é o senhor ao meu lado,
os dois roncando baixinho como se ninguém fosse perceber.
— Jay! — Chamei.
Silêncio.
— Vai se foder. — Sussurrei, e levantei do sofá.
Liguei a luz, e voltei para desligar a TV. Cheguei perto de Jaden, abaixei,
e depositei um selinho na sua boca.
— Já acorda assim? — Abriu o olho na hora.
— Você leva ela no colo até o quarto dela, e eu apago as luzes. — Falei.
— Que? — Respondeu confuso.
— Por favor. — Sorri forçado.
— Mulheres... — Levantou. — Como é que eu vou saber onde é o quarto
dela?!
— Eu tava brincando, bocó! Eu levo ela. — Dei risada.
— Ah não, agora eu já levantei. — Pegou ela no colo com uma facilidade.
— Credo, você é forte mesmo... eu achei que era meme. — O olhei de
cima a baixo.
— Como assim "meme"?! — Arqueou a sobrancelha.
— Ai sei lá... só achei. — Sorri. — Vamos logo, senhor músculos. — Dei
dois tapinhas no braço dele, e andamos até o quarto da Valéria que fica ao
lado do meu.
Jaden seguiu igual a um cachorrinho, adoro quando ele faz isso, é fofo.
— É só colocar ali, eu vou ligar o ar. — Entramos no quarto rosa.
Ele colocou ela na cama com toda delicadeza, e voltou para perto de mim
todo bobo.
— Que foi? — Perguntei rindo.
— Nada. — Respondeu, saindo do quarto. — E o tal quarto de hóspedes?
— Ai para de ser besta, vem logo. — Puxei ele para o meu quarto.
— Ué? Não entendi. — Debochou.
— Quer dormir na casa do cachorro? — Ergui as sobrancelhas.
— Já vou dormir em uma. — Se jogou na cama.
Espera...
— Que!? — Perguntei alto.
— Nada, amor. — Sorriu.
— Ok... — O encarei. — Vou tomar banho.
— Não faz muito barulho, eu quero dormir. — Se virou para o outro lado.
— Eu faço se eu quiser. — Entrei no banheiro. — Tô na minha casa...
Lavei meu cabelo, e fiz skin care, significa que demorei mais de uma hora
no banho. Eu amo isso.
Saí do banheiro com um vestido preto, e com o cabelo seco pelo secador.
Passei um hidratante na boca, e protetor solar na pele. Peguei o perfume
que Jaden me deu no acampamento, e passei no travesseiro.
Não conta pra ele, mas eu... faço isso todas as noites. Não é pelo Jaden
em si, é pelo cheiro...
— Jaden! — Chamei colocando o frasco de perfume de volta na
prateleira. — Para de ficar dormindo. — Fui apagar a luz.
— Passou o meu perfume no travesseiro? — Ele perguntou ainda virado
para o outro lado.
— Não..? — Deitei na cama.
— Passou sim, eu vi. — Se virou para mim.
— Tem olho na bunda agora?
— Ai... escrota. — Se virou de novo.
Eu comecei a rir, e fiquei lá... rindo sozinha.
— Desculpa, foi sem querer. — O abracei.
— Sai daqui. — Tirou meus braços dele.
— Para, Jaden! — Abracei de novo.
Ele se virou pra mim de novo, e me deu um beijo. Ele é muito imperativo,
fico até sem reação as vezes. Ele sempre faz coisas inesperadas, isso é uma
característica muito forte dele. Não consegue parar quieto nem por um
minuto, fala mais que a boca, fica rindo de coisas sem sentido do nada...
Não sei se deveria, mas eu amo isso nele. O que eu não amava quando o
conheci, achava que isso poderia ser um defeito. Mas conhecendo ele como
conheço hoje... é totalmente diferente. Eu gosto desse jeitinho que ele tem.
— Eu adoro as sardas. — Falou depois do beijo.
Isso me fez ter um deja vu do meu ex namorado falando que elas eram
esquisitas, e que pareciam sujeira...
Mas Jaden não é como ele, é diferente. As palavras de Jaden soam
diferente, tudo nele é diferente.
— Obrigada. — Sorri. — Eu adoro as suas sardinhas também, que eu sei
que tem! — Dei risada.
— O que?! Eu não tenho sardinhas! — Colocou a mão no rosto. —
Sardinha é coisa de bons garotos da mamãe. Eu sou um bad boy.
— Bad boy, Jaden? Não... — Franzi o cenho.
— Shh! Ninguém precisa saber, babygirl... — Brincou.
— Para! — Dei risada.
— Da um beijinho! — Segurou meu rosto.
— Não! — Desviei o rosto. — Dorme.
— Sim senhora. — Me abraçou de volta, e fechou os olhos.
Depois de alguns minutos, eu já estava quase dormindo, mas ouvimos
quatro batidas na porta.
— Meu Deus é um ladrão. — Jaden levantou a cabeça.
— Nossa, Jaden. Um ladrão super teria batido na porta antes de assaltar,
né? — Levantei da cama.
Fui até a porta, e era só a Valéria com cara de choro.
— Que foi? — Dei espaço pra ela entrar.
— Sonhei que tinha um gorila de bicicleta te sequestrando. — Falou com
a voz falha, passando a mãos no olho.
Deu pra ver claramente Jaden seguramos a risada, depois enfiando a
cabeça no travesseiro, e claramente rindo.
Ignorei isso, e fui ajudar minha irmãzinha.
— Eu tô aqui! Relaxa. — Coloquei ela em cima da cama. — Né, Jaden?
— Chamei, e ele tirou a fuça do travesseiro com cara de bobo.
— Sim. — Só isso que ele falou.
— Posso dormir aqui? — Perguntou para mim.
— Pode! — Jaden falou e abriu os braços.
Valéria sorriu, e foi abraçá-lo. Quando foi que eu perdi o meu cargo de
irmã mais velha para um garoto que ela mal conhece?
— Ei! Eu tô aqui! — Cruzei os braços.
— Tem Val Val para os dois, vem! — Ela abriu espaço ao seu lado.
— Que bom, né? — Ironizei, e a abracei.
E dormimos. Os três abraçadinhos, que cena linda. Na verdade Jaden e
Valéria se deram muito bem logo de primeira, conquistar a Valéria não é
fácil. O último garoto que eu trouxe aqui era meu ex, e sem meme... ela
expulsou ele daqui a vassouradas um dia.
Eu achava que os únicos homens que ela gostava na vida era o
"davizinho" e o pai dela. O que não deveria, porque aquele pai dela era um...
deixa pra próxima.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
mais um cap de boiolagem, aproveitem bem esses momentos 🙃
(qualquer coisa pode acontecer a qualquer hora)
28.

03/09
Sábado
08:59
⋄✦⋄
Uma semana depois.
Minha mãe ainda não chegou.... Mas Jaden dormiu aqui quase todos os
dias. Esse moleque não tem casa? Enfim, é bom ele dormir aqui, assim eu
não me sinto sozinha nem com medo. Tirando o fato de que se entrar um
ladrão aqui ele não vai poder fazer nada... é. Graças a Deus hoje a Valéria
não está aqui, precisava de uma folga.
Hoje Jaden não dormiu aqui, o que é um milagre. Mas Olívia dormiu, ela
ama dormir aqui.
— Fala sério. Acabou o biscoito de soja!? — Ela perguntou revirando a
cozinha.
— A Valéria comeu tudo. — Respondi sem tirar o olho do celular.
— O que vocês tão dando pra essas crianças comerem tanto?! — Colocou
as mãos na cintura.
— Polvilho. — Falei a primeira coisa que veio na minha mente.
— Ew.
Estava no Instagram, mas vejo que chegou uma mensagem do jad, fui olhar
o que era.
????!
— Quer ir em um jogo de beisebol? — Perguntei largando o celular.
— Eu não, lá só tem menino sem camisa suado. — Ela disse com nojo.
— Ah... mas é legal. — Eu disse, e ela me olhou com os olhos
arregalados. — Não a parte do sem camisa suado, quer dizer... o jogo
também é legal.
— "Também"? — Sentou ao meu lado.
— Você quer ir, ou não? — Cruzei os braços.
— Tá bom, tá bom. Mas eu só vou por que você é a minha única amiga
agora, e eu não quero ficar sozinha em casa.
— Tá bom, vem! — Levantei da bancada. — Vamos se arrumar até 11:00.
Mandei mensagem para ele dizendo que Liv ia junto, mas ele não
respondeu... estranho. Ele sempre responde na hora.
Escutei batidas na porta, e suspirei.
— Oxi? — Ela falou, jogada no sofá.
— É o Jaden. — Revirei os olhos, e levantei.
— O Walton!? — Ela sentou. — Meu Deus.
— Relaxa, menina. — Abri a porta. — Uau que surpresa! Você chegou
uma hora antes do combinado. — Ironizei.
— Gostou? — Falou entrando.
— Adorei. — Fechei a porta.
— Oi. — Acenou para Olívia.
Ela não respondeu de imediato, ficou quieta respirando pesado por alguns
segundos.
— Olívia... — Passei a mão na frente do seu rosto.
— Oi! — Sorriu.
— Oi..? — Ele respondeu.
— Não liga, ela tem uma doença muito séria, é... — Me sentei ao lado
dela.
— Homofóbica. — Ela me interrompeu.
Jaden deu risada, e sentou do meu lado. Quer dizer... quase em cima de
mim.
— Da licença, garoto! — Tentei empurrar, mas não adiantou.
⋄✦⋄
Já eram quase 11:00, Jaden e Liv ficaram batendo papo por uma hora
seguida, enquanto eu só ficava mexendo no celular. Fala sério, por que Jaden
se dá bem com todo mundo?!
Mas já estávamos na escola, onde acontecem os treinos, tinha uma enorme
arquibancada com algumas poucas pessoas. As vezes familiares ou amigos
costumas vir aqui para ver os treinos.
A gente tava com a família Walton, na verdade, só a tia Jessi, e Javon por
enquanto... e Jayla que estava no banheiro.
— Eu posso sentar aqui? — Jayla chegou ao meu lado vago.
— Claro! — Dei espaço.
— Eita, é gay. — Olívia sussurrou ao meu lado.
— Que?! — Sussurrei de volta.
— Gaydar. — Sorriu.
— Só não fala isso em voz alta, pelo amor de Deus.
— Tranquilo, mana. — Começou a mexer no celular.
— Vai começar! — Jayla apontou para o campo.
— Meu Deus olha ele que lindinho de uniforme! — Javon falou sorrindo.
Jayjay atacante "lindinho de uniforme" que amor.
Sorri, e cruzei os braços.
— Não falei!? Já tem um sem camisa ali, ó! — Liv apontou para um
menino chegando no campo.
— Mas... só ele. — Justifiquei.
— Claro que não, ali outro. — Apontou para outro no canto do campo.
— Então não olha! — Desisti de argumentar.
— Agorinha o seu Jaden tira a camisa dele também, quer apostar? —
Falou em português.
— Shiu! Se concentra nas garotas, não nos garotos.
— Não vai ser incômodo nenhum. — Sorriu.
— Acredito.
⋄✦⋄
Já estávamos naquele jogo a muito tempo, muito! Já estava quase se
encerrando, jad estava perdendo.
Liv estava me cutucando sem parar, dizendo que estava com fome. E eu já
estava com vontade de ir ao banheiro.
— Vamos, Nie! — Ela me chacoalhou. — Eu não conheço essa escola,
não me deixa ir sozinha!
— Ai tá bom! Tá bom. — Levantei, e puxei ela para dentro da escola.
Andei com ela até o banheiro.
— Espera, a gente não ia comer? — Cruzou os braços.
— Nunca disse isso. — Sorri, e abri a porta para entrar.
Meu brilho sumiu na hora em que entrei, e vi Rosa se pegando com um
loiro oxigenado na pia do banheiro feminino.
Ela não era a tal apaixonada pelo Jaden?
— ECA! — Liv falou recuando do banheiro.
— Ew... — Olhei os dois, que se separaram desesperadamente rápido.
— Tá fazendo o que aqui!? Não tá tendo jogo? — Ela perguntou.
— O que você tá fazendo aqui? — Falei puxando Olívia de volta.
— Nada que te importe. — Sorriu forçado. — Se contar isso pra alguém,
eu te mato. — Apontou o dedo na minha cara.
— Nossa que medo. — Arqueei a sobrancelha.
— É melhor ter mesmo, vocês duas. — Encarou Olívia.
— Sai fora, menina! — Ela saiu correndo para o outro lado do banheiro, e
entrou em uma cabine.
— Você não era obcecada pelo...
— Obcecada não, apaixonada. — Revirou os olhos.
— Certo...
— E... não conta pra ele sobre isso, tá? Eu não recomendo mexer comigo.
— Me olhou de cima a baixo.
— Eu vou contar sim, querida. — Cruzei os braços, e continuei parada. —
Agora sai daqui com esse moleque, antes que eu chame a diretora.
— Eu vou sair, mas se eu souber...
— Anda, menina! — Gesticulei com a mão, e ela saiu bufando.
— Eita, escutei tudo! — Olívia saiu do banheiro dando risada. — Mulher
espantando mulher sem noção, atraente!
— Obrigada! — Sorri, e pisquei.
— Eu casaria com você se não fosse comprometida, mana. — Lavou as
mãos.
— Não sou comprometida. — Entrei em uma cabine.
— Seu namorado sabe disso? — Se escorou na porta.
Revirei os olhos, e suspirei.
— A gente só tá ficando. — Falei depois de um tempo. — Ai... quer
dizer, eu acho.
— Acha? Está confusa. — Deu risada.
— Talvez. — Abri a porta. — Mas...
Lavei as mãos, e continuei em silêncio.
— Mas..?
— Eu gosto dele, mas eu tenho medo de estar indo rápido demais. —
Peguei um delineador na bolsa.
— Meu Deus... você tá apaixonada?
— QUE? — Gritei. — Não foi isso que eu disse, menina! Aprende a
interpretar, Jesus. — Comecei a passar o delineador.
— Ai desculpa, meus neurônios estão criando perna e fugindo...
— Percebi. — Guardei dentro da bolsa, e saí.
Voltamos, e o jogo já estava se encerrando pelo visto. Mas não encerrado
completamente. Não vi Jaden em campo, eu olhei em volta, e ele estava
saindo da escola, indo pro estacionamento. Mancando, cara de dor, e sem a
camisa, ela estava pendurada em seu ombro.
— Menino, suado, sem camisa. — Apontou com a cabeça. — Eu nunca
erro.
— Meu Deus, ele tá machucado? — Perguntei para Javon.
— Ele escorregou, torceu o pulso e machucou a perna. — Tia Jessi falou.
— A gente foi lá falar com ele, o treinador falou pra ele ir pra casa.
— Na verdade ele basicamente foi defender uma jogada, e se espatifou
rolando na grama, ele tá todo ralado. — Javon completou.
— Ai que merda...
— Amiga, vai com ele! Eu volto de Uber. — Liv colocou a mão no meu
ombro. — Eu tô te devendo essa.
— Tem certeza? — Ela assentiu com a cabeça.
— Eu posso te levar, se quiser. — Jayla surgiu atrás de nós. — Eu vim
com um carro separado.
— Tudo por você, gat.. quer dizer... menina muito gentil e legal! — Sorriu
franzindo o cenho.
Fui atrás do Jad, ele se machucou, e eu não estava aqui... que merda eu fui
fazer lá!? Ver Rosa Thompson beijando um loiro oxigenado?
— Onde você tava? — Foi a primeira coisa que ele disse quando me viu.
— Desculpa, gatinho. — Falei. — Eu fui levar a Liv pra comprar comida,
já que ela não conhece a escola.
— Eu vi quando você saiu, demorou pra caramba!
Ele não parecia bravo, parecia chateado... e cansado.
— É sério, depois a gente foi comprar comida, e a gente viu uma merda lá
no banheiro também...
— Eca. — Franziu o cenho.
— Não no sentido literal, é... depois eu explico. Mas primeiro me fala o
que aconteceu com você!
— Hum... como se você se importasse. — Cruzou os braços.
— Eu me importo com você, vem. — O puxei para um abraço.
— Mas...
— Você tá suado. — Me afastei rapidamente.
— Você deveria ter pensado nisso, né? Cabeçona de vento. — Revirou os
olhos.
— Vamos esperar a sua família, bad boy? — Sorri.
— Bando de atrasados. — Suspirou.
— Não fala assim deles!
— Da um beijinho! — Se aproximou fazendo bico.
— Você tá suado. — Ergui as sobrancelhas.
— Quem se importa?! — Puxou meu rosto, e me beijou.
Meu cropped lindo branco está sujo com suor de Jaden Walton.
Eca.
— Eca, Jaden! — Separei nosso corpos.
— "Eca" o que, menina?!
— Ai, foda-se! — Beijei ele novamente.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Fui para a casa dos Walton com eles, e percebi que ganhei uma criança
para substituir a Valéria, tô cuidando do Jaden mais do que eu cuido de mim
mesma.
— Pelo amor de Deus, pega a colher, e enfia na sua bocona! — Falei
pausadamente.
— Meu pulso tá torcido! Não posso. — Fez cara de cachorro chorão.
Revirei os olhos suspirando, e coloquei mais doce de leite na boca dele.
Fala sério, desde quando eu me humilho desse jeito pra homem!?
Além do bonito estar deitado na cama, de banho tomado, pulso enfaixado
todo limpinho, ainda tá recebendo comida na boca.
— Pronto, bebêzinho. Acabou. — Coloquei a vasilha vazia em cima da
mesa.
— Vai lá pegar mais pra mim! — Sorriu.
— Ai sai fora! — Levantei da cama. — Tem uma camiseta pra eu vestir?
Ainda tô com suor no meu cropped novo. — Cruzei os braços.
— Tem, pega a que você quiser. — Se ajeitou na cama.
Virei, e fui para o armário pegar um camiseta. Fui finamente tomar banho!
Hoje o dia foi cheio, Jaden agita a vida de qualquer um, né?
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
29.

03/09
Sábado
17:57
⋄✦⋄
I had a vision
A vision of my nails in the kitchen
Scratching counter tops, I was screaming ...
Escutava no meu fone, deitada no sofá do quarto do Jaden quase
dormindo. O que não durou muito, porque meu celular começou a apitar sem
parar.
Tinha que ser, né?
— Jad... — Levantei do sofá. — Tá melhor? — Fui até a cama, e fiz
carinho em sua perna que estava machucada.
— Não. — Respondeu seco.
Ele tá bravinho, gente.
— Para! — Sentei ao seu lado. — Olha pra mim. — Eu disse, e ele olhou.
O encarei, e quando ia começar a falar, dei risada. Não consigo encarar
pessoas por muito tempo sem rir.
— Desculpa, tá? — Falei rápido.
— Você disse que eu não sei jogar beisebol. — Falou, e escondeu o rosto
em baixo da coberta.
Eu disse isso. Mas foi sem querer! Na verdade eu nem entendo nada de
beisebol, só falei brincando. Mas ele levou a sério.
— Eu tava brincando! Para de ser infantil. — Tirei a coberta de cima
dele.
Ele não disse nada, puxou a coberta da minha mão, e se cobriu até a
cabeça de novo.
— Meu Deus que humilhação. — Sussurrei para mim mesma.
— EU TÔ DODÓI! — Berrou.
— E eu com isso? — Arqueei a sobrancelha. — Vem cá me dar um
beijinho! — Mexi no ponto fraco.
— Não faz isso... — Falou baixo, ainda em baixo da coberta.
— Eu passei o gloss de cereja que você gosta. — Eu disse segurando a
risada.
— O do acampamento? — Perguntou.
— Uhum. — Assenti.
— Passou bastante? — Sua voz saia abafada por causa da quantidade de
coberta.
— Passei.
— Mas como é que eu vou te beijar, se tá cheio de gloss vermelho?
— Você tira.
Jaden abaixou a coberta devagar, e aproximou seu rosto do meu, iniciando
um beijo feroz. Ele me puxou para mais perto dele, e mexeu no meu cabelo.
Eu acho impressionante o fato de que Jaden consegue desencadear um
sentimento em mim que eu nunca senti com ninguém. Não é um sentimento
necessariamente romântico... mas quando ele me beija, mostra que temos
uma relação esquisita. Onde eu comando absolutamente tudo quando estamos
convivendo, conversando...
Mas quando ele me beija, eu perco totalmente o meu controle. Eu deixo ele
comandar, fazer o que ele acha melhor. Só eu sei o quanto sou vulnerável a
Jaden Walton quando estamos nos beijando, o quanto eu fico totalmente
rendida a cada movimento... a tudo.
Isso não é ruim... porque eu confio nele.
Ao pensar nisso, perco a concentração no beijo, e começo a sorrir, me
afastando alguns pequenos centímetros.
Jaden é uma pessoa muito especial. Eu não falo isso porque eu conheço
ele, quer dizer... mais ou menos. O jeito que ele fala, e age, é um jeito
ingênuo, puro. Eu não sei como alguém um dia teve coragem de machuca-lo,
mas eu nunca desperdiçaria a oportunidade de ser amada por alguém como
ele... com uma coisa tão idiota e fútil como a traição.
— Que foi? — Olhou em meus olhos.
— Nunca mude, Jaden Walton. — Paro de sorrir, e encaro seus olhos
esverdeados.
— Como assim? — Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— Promete?
— Seja lá o que isso for... prometo. Prometo qualquer coisa pra você. —
Sorriu, e me deu um selinho. — Mas ainda tô bravo. — Desceu da cama.
— O que!? Como assim? — Cruzei os braços. — Seu falso! Eu deixei
você me beijar!
— Até parece que você não gosta, né xuxu?
— Você joga muito bem, tá?! Eu estava brincando!
B-R-I-N-C-A-N-D-O. — Soletrei letra por letra.
— Se eu jogo tão bem assim... — Pensou. — Qual é o número da minha
camiseta?
Eita que merda.
— Óbvio que é... doze?
— Errou. — Revirou os olhos. — Dezessete. — Pegou uma camiseta do
chão. — Olha!
Ah tá, a camiseta do chão era o uniforme dele.
— Por que tava no chão? — Desci da cama.
— Estilo, da uma vibe no quarto. — Sorriu.
— Eca, vibe de porcaria. — Peguei a camiseta da sua mão.
— Que foi? Vai vestir? — Colocou a mão na cintura.
— Tá limpa? — Ergui as sobrancelhas.
— Óbvio que tá! Eu hein.
— Então vai pro banheiro, vou vestir! — Sorri animada.
— Não seria mais lógico você ir no banheiro pra se trocar? — Arqueou a
sobrancelha.
— Não. Por que seria? — Respondi. — Vai logo!
Ele suspirou, revirou os olhos, e foi.
— Já te vi de biquíni. — Falou antes de se trancar lá dentro.
— Foda-se. — Respondi.
Troquei a blusa, e fiquei muito gatinha com o uniforme de beisebol do jad.
Fui para o banheiro, e bati na porta.
— Ai tá tudo errado nessa relação, você não acha? Acho que a senhorita
tá mandando dem... — Falou saindo de dentro. — Uau.
— Vai me dar ela? — Fiz uma pose.
— Vou. — Seus olhos brilharam, e ele sorriu.
— Meu Deus eu gosto tanto de você. — Falei, e ele não respondeu nada.
— Moleque! — Passei a mão em frente do seu rosto.
— Seu gloss tá todo borrado. — Falou, e andou rápido em direção a
cama, e sentou na ponta dela.
— Tava olhando pra minha boca? — Dei risada, e o segui.
— Tava, porque sei gloss tá todo borrado, ora!
— O seu também tá todo borrado. — Sentei ao seu lado.
— Ha ha.. muito engraçado. — Falou entediado.
Dei risada, e logo levantei da cama.
— Vou embora, então. — Falei.
— Por que? — Levantou.
— Porque você não me trata bem. — Guardei minhas coisas na bolsa.
Fazer drama sempre funciona com ele.
— AH NÃO. — Berrou.
— Ai garoto! — Coloquei a mão no ouvido.
— Senta, e fica aí! — Me puxou para a cama.
— Eu não! — Tentei ir para a porta, mas ele não deixou. — JADEN! Isso
é crime! Não pode me prender aqui dentro, e ficar me tratando mal.
— Posso sim. — Deu um selinho. — E só eu posso.
Desisti de argumentar, e ele finalmente parou de me empurrar.
— Tá legal... — Começou a falar. — Eu perdoo você, tá? — Revirou os
olhos.
— Tá. — Sorri vitoriosa.
— Eu quero sair... — Falou andando de um lado pro outro no quarto. —
Vem. — Andou para fora do quarto, e eu o segui.
— Onde tá indo? — Falei alcançando ele.
— Pra um lugar. — Falou indo para a sala. — Oi mãe!! — Acenou para a
tia Jessi.
— Oi Maxinne! — Ignorou ele, e acenou para mim.
— Nossa. — Jaden demonstrou sua indignação.
— Oi, meu filho! — Veio até nós, abraçando Jaden.
— Oi, né. — Falou revirando os olhos.
— Oi senhora Walton! — Sorri.
— Só Jessi! Você já é de casa. — Bagunçou o cabelo do Jaden, e saiu do
abraço.
Hum... Tia Jessi já acha que eu sou de casa... estamos avançando níveis
aqui.
— Não é não! — Jaden exclamou irritado. — Você acredita que ela disse
que eu não sei jogar beisebol!? Acredita!? — Falou, e eu dei um leve
empurrão nele.
— Você disse que tinha "perdoado"! — Sussurrei.
— Perdoei, mas não esqueci. — Cruzou os braços.
— Eu não tenho nada a ver com isso, se resolvam vocês! — Jessi falou, e
saiu.
— Tá vendo!? Tá vendo como ela me trata? — Ele continuou a andar.
— Tô, Jaden. — Segui ele até um outro quarto da casa.
Jad disse que era o do Javon, mas eu teria adivinhado mesmo se não
tivesse contado. Estava cheio de fotos de lutadores importantes, um saco de
pancadas pendurado no teto, uma coleção enorme de tênis no canto, e tirando
o fato de que está literalmente escrito "JAVON" com luz de led na porta.
E tinha um papel pendurado, escrito "proibido meninas" com caneta
vermelha.
— Agora eu vou lá falar com ele, e você fica aqui esperando. Não pode
entrar meninas lá dentro, você entende? — Jaden falou enquanto chegávamos
perto.
Não disse nada, apenas franzi o cenho.
— Brincadeira, haha... — Sorriu sem graça.
Ele deu três batidinhas na porta que já estava aberta, e entrou. Eu fiquei
escorada na lateral da porta, os quartos desses moleques são tão bagunçados
que eu tenho medo de ter uma cobra assassina aqui.
— Não. — Javon falou logo quando Jaden entrou mesmo sem dizer nada.
— Nem falei nada, palhaço. — Jaden sentou na cama. — Presta atenção!
— Eu tô jogando! — Javon falou concentrado na tela do pc.
— E eu com isso, meu filho!?
— Anda logo, Jaden. — Falei sem paciência.
— Vamos lá no cinema? — Falou, e até eu me surpreendi.
— Tá bom. — Respondeu naturalmente, e desligou o computador.
Jaden saiu do quarto, e foi esperar na sala. Ele sentou no sofá, e eu sentei
ao seu lado, um pouco afastada.
— Vai me arrastar pro cinema, agora? — Falei sem olhar para ele.
— Sim, você não quer? — Se sentou mais perto.
— Pode ser. — Olhei para ele.
Ele ficou quieto por alguns segundos, e logo fez uma expressão de
desespero olhando pra mim.
— Que foi, moleque?! — Perguntei.
— Meu Deus, por que não me disse que eu ainda tava com gloss vermelho
na minha cara toda!? — Falou desesperado passando a mão no rosto.
— Por que tá bonitinho! — Dei risada. — Parece uma criança.
— Max! — Choramingou. — Me ajuda aqui! — Aproximou o rosto.
— Se vira! Ninguém mandou beijar. — Cruzei os braços.
— Mas eu beijei... você! A culpa é sua.
— Que eu saiba, eu não te obriguei a beijar ninguém.
— Vai logo!
— Ai, tá bom! Pega a minha bolsa. — Apontei para a bolsa jogada do
outro lado do sofá. — Mas.. como foi que você descobriu que tava todo
melecado? — Perguntei.
— Eu vi no seu olho, refletiu. — Falou, e trouxe a bolsa.
— Que fofo! — Dei risada, e peguei um frasco de demaquilante, e um
pedaço de algodão de dentro.
— É, pode ser... agora tira! — Fechou os olhos.
Passei suavemente o algodão molhado com demaquilante no rosto dele,
tinha por toda parte. Inicialmente, tinha só na boca, mas como esse moleque
é uma criança encapetada, ele mesmo se melecou todo.
— Pronto. — Mostrei o algodão todo vermelho.
— Obrigado gatinha! — Me deu um selinho rápido, pegou o algodão da
minha mão, e saiu correndo.
Fiquei lá sentada, e suspirei. Percebi que estava sorrindo.
— Ele te ama muito, quer ter três filhos, dois cachorros, e três gatos em
uma casa na praia. — Jayla brotou do nada, toda arrumada.
— Oi?
— Nada, tô indo. — Sorriu. — Se minha mãe perguntar, fala que eu fui na
Kylee.
— Tá bom...? — Franzi o cenho.
— Voltei! — Jad voltou correndo.
— Onde você tava? — Perguntei.
— Tava passando os seus produtos de skin care na minha face. — Falou
naturalmente.
Nem disse nada, não vale a pena discutir com esse povo. Logo depois,
Javon apareceu arrumado. Eu não cheguei a me arrumar especificamente, só
coloquei um moletom por cima da camiseta de beisebol.
— O que a gente vai assistir? — Perguntei.
— Thor! — Os dois falaram juntos, empolgados.
— Bem adequado pra idade de vocês dois aí.
— A gente tem a mesma idade. — Jaden desafez o sorriso.
— Será? — Respondi.
⋄✦⋄
Já dentro do carro, Javon cismou em dirigir, e Jaden ficou no banco
traseiro junto comigo.
— Esse negócio é longe pra caralho. — Javon falou fuçando o GPS,
parado no semáforo.
— Olha a boca! — Jad gritou.
— Olha você a sua! Tava todo sujo de vermelho. — Javon falou revirando
os olhos.
Nessa hora meu rosto esquentou, e fechei os olhos de vergonha.
— Culpa d... — Jaden ia falar, mas pisei no pé dele.
— Olha lá, o semáforo abriu! — Mudei de assunto.
— Achei o shopping! — Javon falou, e continuou a dirigir.
Eu só olhei para Jaden com um olhar mortal, e ele segurou a risada.
Quando chegamos no shopping, estava bem vazio. Deve ser por causa do
horário, aqui só enche depois das 21:00.
Andamos até a bilheteria, e pegamos os ingressos. O cinema estava quase
completamente vazio. Não peguei pipoca, nem refrigerante, mas os meninos
pegaram... ia demorar um pouco pra passar o filme, então descemos até a
praça de alimentação.
— Eu quero aquele pudim! — Jaden apontou para uma vitrine cheia de
doces.
— Vai ficar querendo. — Javon respondeu.
— Grosso. — Jad falou, e eu dei risada.
Ficamos lá sentados na mesa conversando até o fim e começar, e subimos
de novo.
Sentei entre os dois, e ficamos rindo e conversando o filme todo. Em
minha defesa: não tinha ninguém na sala. Mas é meio impossível assistir um
filme com Jaden e Javon sem emitir nenhum tipo de reação. Eles não param
quietos, parece que tem formiga na cadeira.
— Meu Deus, o thor pelado! — Jaden falou, e colocou a mão no meu
rosto.
— Não! — Tentei tirar a mão dele, mas não consegui, só consegui escutar
a risada dos dois.
— Pronto! — Falou depois que a cena já tinha passado.
— A não! Jaden. — Cruzei os braços.
— Agora já foi! — Deu risada.
— Bate nele. — Javon sussurrou ao meu lado.
— Vou bater! — Sussurrei de volta.
— Ei! Parem de me excluir. — Jad me empurrou de leve.
— Eu não, você não deixou eu ver o thor.
— Pro seu próprio bem!
— Mentira, ele fez na maldade. — Jav sorriu convencido.
Não disse nada, apenas mostrei a língua pro Jaden, e ele mostrou o dedo
do meio.
Amor, carinho, e companheirismo aqui dentro!
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
tava pensando aqui... no baile que vai ter quarta né, que a Max e o Jaden
vão... não sei se eu faço boiolagem, eu se faço dar merda
30.

07/09
Quarta - Feira
17:00
⋄✦⋄
— SAI DAQUI THOMAS! — Gritei.
Tom estava entrando no meu quarto toda hora, pegando minhas tiaras.
— Vem me tirar! — Falou.
— SAI! SAI! — Corri atrás dele.
Ele tá distante. Mal para em casa, não fala mais comigo, na verdade... não
fala mais com ninguém. Eu não reconheço mais ele.
Fechei a porta do meu quarto deixando ele pra fora, e revirei os olhos.
Estava quase terminando de me arrumar, só faltava colocar uns lacinhos no
cabelo.
— MÃE! — Gritei.
Atualizações: minha mãe e o Mike chegaram.
— Berra mais alto, querida! — Falou abrindo a porta.
— Coloca esses lacinhos no meu cabelo? — Entreguei dois laços pretos
pra ela.
— Claro, vai fazer par com o Jaden, não vai? — Sorriu, mexendo no meu
cabelo.
— Não. — Respondi mexendo no esmalte da minha unha.
— Como assim, não!? — Parou de mexer, e colocou as mãos na cintura.
— Eu vou com o Thomas, e foi você mesmo que mandou! — Suspirei.
— Merda! — Continuou a colocar os laços. — Não deveriam levar as
coisas que eu falo a sério!
— Eu não sei se você sabe, mas você é a mãe aqui, darling.
— Nessa hora era para você estar se beijando com Jaden dentro do carro
dele, falei tô leve. — Me olhou pelo reflexo do espelho.
— Falando em voz alta não parece tão legal. — Falei cruzando os braços.
— Claro que parece! Ele é um gato, e você deveria aproveitar as
oportunidades que a vida te dá.
— Que oportunidades, mãe!? — Revirei os olhos.
— Nada, só joguei no ar. — Terminou de arrumar o meu cabelo. —
Prontinho!
— Espera ai! Termina de falar o que você começou!
— Termina logo de se arrumar, tô esperando vocês lá dentro do carro! —
Gritou saindo pela porta.
Me olhei no espelho uma última vez, e desci para a garagem. Quando
estava chegando no carro, levei um empurrão de graça do meu irmão.
— Eu vou na frente, nem vem! — Me passou, e sentou no banco da frente.
Não falei nada, mostrei o dedo, e sentei atrás.
— Thomas, para de sacanear a Maxinne. — Minha mãe falou tentando
fazer uma cara de séria.
— Ela que me sacaneia. — Fez careta para mim.
— Cala essa sua boca! — Falei.
— Pelo menos eu não sou BV, igual a certas pessoas. — Sorriu.
— Os dois! Quietos.
— Ele que começou. — Resmunguei desviando o olhar.
— Mentira! — Virou para trás, me olhando.
E fomos o caminho todo assim, discutindo.
— Ai graças a Deus, chegamos. — Minha mãe disse largando o volante, e
colocando mãos para cima.
— Tchau véia, até depois de amanhã! — Tom falou, e saiu do carro
batendo a porta.
— QUEEBRA! — Ela berrou.
Que vergonha.
— Ai mãe, que escândalo. — Falei com uma mão no ouvido.
— Escândalo nada! Não é ele que paga.
— É, com certeza não. — Sorri.
— Dou duro todos os dias para dar uma boa educação pra esse garoto,
mas parece qu... — Parou de falar, e começou a encarar um ponto fixo na
garagem. — Jaden.
— An?!
— Jaden! Jaden está ali, ó! — Apontou, e eu virei para olhar.
Oi Jaden.
— Ele mesmo. Desde quando tem uma visão tão boa? Tá meio escuro. —
Olhei para ela.
— Ah, sei lá... — Sorriu. — Vai lá!
— Ok... — Suspirei.
— Tá nervosa!? — Perguntou com um sorriso de orelha a orelha na cara.
— Não! Mais ou menos...
— Que fofos... agora se casem!
— Não. — Revirei os olhos, e desci do carro. — Tchau mãe. — Fui na
janela da porta.
— Tchau, divirta-se e beija muito! — Mandou beijos no ar.
— Tá.. — Franzi o cenho, respirei fundo, e fui para a entrada.
Não vi mais Jaden, só o carro dele. Talvez ele já tenha entrado.
Estava escrevendo meu nome no papel na entrada, e quando ouço um
assovio atrás de mim. Me virei rapidamente para ver o que era, estava
levemente assustada. Vai que era um homem de quarenta e sete anos!?
Mas não, eram só dezesseis anos.
— Ai que susto, seu idiota. — Revirei os olhos, e terminei de escrever
meu nome.
— Que você adora. — Parou do meu lado, e ficou olhando eu colocar meu
nome. — Vem. — Falou quando eu terminei, e começou a me puxar para a
quadra, onde tinham várias mini lâmpadas, e mesas por toda parte.
Ele me carregou até o gramado, onde estava cheio de pisca-pisca no chão,
e mini puffs coloridos espalhadas. No canto, haviam barraquinhas de doces,
enfeitadas.
— Toma. — Entregou um chiclete da Barbie. — Eu roubei isso aí pra
você, então valorize.
— Nossa... obrigada por ter roubado um chiclete da Barbie, se não fosse
isso, eu não teria sobrevivido, king J! — Sorri.
— Eu sei! — Respondeu como se fosse óbvio.
— Tá... e por que é que me trouxe pra cá, sendo que o baile em si é lá
dentro? — Abri a embalagem do chiclete. — Não tem droga aqui dentro não,
né!?
— Ai que burrona. — Revirou os olhos. — Enfim, vem, vamos andar. —
Pegou minha mão, e me levou para um caminho de pedras até a quadra de
basquete da escola.
E pasmem, ela também estava decorada. Estava TUDO decorado. Até o
banheiro.
— Eu não te vi hoje, preciso de um tempo de você só pra mim. — Passou
o braço pelo meu pescoço. — E só eu posso ter esse privilégio.
— Acha que é só você? — Perguntei sorrindo.
— Tem outro? — Olhou para mim.
Não respondi, apenas dei um selinho nele, logo em seguida um beijo
rápido.
— Eu tenho cara de garota que fica com vários, Walton? — Perguntei.
— Cara tem sim, mas personalidade... nadinha.
— Acha que eu tenho cara de quem pega geral!?
— Acho. — Erguei os ombros.
— Você já foi melhor, Jaden. — Revirei os olhos, e me joguei em um dos
puffs espalhados pelo caminho.
— Sério!? — Perguntou empolgado.
— Sim. — Sorri forçado.
— Nem tive tempo de elogiar essa gatinha aqui na minha frente. — Falou,
sentado no puff na minha frente.
— O que você quer elogiar? — Olhei em seus olhos.
— O seu vestidinho rosa... — Falou jogando a cabeça para trás. — Os
laços no cabelo que não podem faltar!
— Que fofo.
— Espera ai! — Olhou para mim. — Você deixou as sardinhas!? —
Sorriu, e levantou se aproximando.
— Deixei... — Falei corada. — Deixei porque você disse que gosta, e...
— Max... — Falou boquiaberta.
— Não tá bom? — Coloquei a mão no rosto. — Se não tiver, pode falar,
que eu trouxe corretivo aqui se for o caso!
— Não... não cobre. — Tirou minhas mãos do meu rosto.
— Tem certeza?
— Tenho. — Sorriu. — Vamos combinar então... porque eu também tenho
sardinhas, né?
Ele assumiu que tem sardinhas!
— Obrigada. — Falei, e o puxei para se sentar ao meu lado.
— Sabe... — Ele começou a falar. — Lembra daquele beijo que você tava
me dev... — O interrompi com o beijo.
Segurei firme seu rosto, e beijei com intensidade, mas não foi um beijo tão
longo, porque se alguém nos ver aqui se beijando...
— Eita! — Disse depois do beijo. — Até acordei pra vida!
— Vem! — Levantei. — Vamos lá pro salão. — Entendi a mão para
ajudá-lo a levantar.
— Mas aqui tá tão bom... — Resmungou levantando.
— Depois a gente volta! — Comecei a andar para a outra quadra.
— Só por isso, agora tá me devendo um carinho nas costas! Ouviu!? —
Gritou vindo atrás de mim.
— Tá, Jaden. — Revirei os olhos. — Mas lembrando que nesse exato
momento, você tá correndo atrás de mim.
— Eu não tô correndo atrás de você! — Falou literalmente correndo atrás
de mim.
— Nem você acredita nisso. — Dei risada.
— Quem tá correndo atrás de quem agora, an? — Me alcançou.
— Continua sendo você. — Gargalhei.
— Para! Não tem graça. — Me empurrou. — Como que uma pessoa faz
uma piada que só ela tá entendendo?! — Falou sozinho.
Na verdade você também entendeu... só ele que não.
Chegamos no salão, e sentamos junto com Javon.
— Eai mano Javon aulas! — Jaden chegou complementando o irmão.
— A gente já se viu hoje, não sei se você sabe. — Ele respondeu na maior
ignorância.
— Eita! Ô mau humor! — Sentei ao lado dele, e jad ao meu lado.
Ele apenas olhou pra mim, e mostrou o dedo do meio.
— O que é isso aqui? — Passei o dedo no "bigode" dele. — Pelo de
pêssego?
— São pelos de bigode, trinta e seis para ser mais exato. — Falou, e eu
franzi o cenho.
— Eu tenho seis... — Jaden falou com uma vozinha ingênua.
Coloquei a mão no rosto, e fiquei segurando a risada. Mas não durou
muito, logo explodi e comecei a rir.
— Está claro que tem algo de muito errado nessa 'gemilinidade aqui. —
Javon falou. — Eu já sou um homem, ele ainda é um menino.
— Eu sou mais homem que você! — Jaden falou com os braços cruzados.
— Não é não! Olha meus músculos. — Javon ia mostrar, mas a manga
comprida do terno não deixou.
Graças a Deus
— Tenho mais que você, se duvidar. — Jaden falou.
— Não tem não. — Javon deu risada.
— É.. não mesmo. — Jaden deu risada.
— Ai gente que diálogo foi esse?! pelo amor de Deus... — Perguntei.
— Ela sabe quem é o mais homem daqui, quer apostar que sou eu? —
Jaden olhou para Javon.
— Apostado. Quem ganhar fica com cem dólares. — Javon respondeu.
— Duzentos. — Jaden falou.
— Tá bom.
— Max, quem é mais homem? — Jaden perguntou.
— Eu. — Respondi.
— Não vale! — Eles falaram juntos.
— Ok... eu só vou falar, porque tá valendo duzentos dólares. — Ergui as
mãos em sinal de rendição. — Eu acho... EU acho! Queria deixar claro que
isso é a minha opiniã...
— Fala!
— Não queria falar nada não... mas Javon luta boxe, né... — Falei baixo.
— GANHEI! — Javon disse, e Jaden me olhou indignado com as mãos na
cintura.
— Desculpa, bebê. — Acariciei o rosto dele.
— Eu te beijo todos os dias, e você ainda tem a audácia de falar que o
meu irmão gêmeo é mais homem do que eu? — Falou boquiaberta.
— Eu não disse isso! Para! — Tentei me justificar.
— Disse sim. — Javon falou.
— Viu!? — Jaden falou inconformado.
— Ai meu Cristo...
Ficamos lá sentados por bastante tempo, mas eles começaram a servir
sanduíches nas mesas, mas ainda não tinha chego na nossa.
— Eu vou no banheiro, já volto. — Levantei, e saí.
Eu queria que Olívia estivesse aqui, pena que ela não estuda pra cá. Com
ela seria bem divertido também...
Quando já estava terminando de lavar minhas mãos para sair, Rosa e as
duas vespas dela entraram no banheiro batendo o pé.
— Oi. — Falou seco, parando em minha frente.
Não respondi, só franzi o cenho.
— Você falou para o Jaden sobre aquele ocorrido aqui no banheiro? —
Cruzou os braços, e as outras meninas ficaram atrás de mim.
— Por que você se importa? Já tava com outro, deixa o moleque em paz.
— Aquilo foi um erro, e todos nós sabemos disso. — Ela deu uma
risadinha.
— Será? Parte pra outra, esquece que eu existo. — Eu sequei minha mão,
e virei para sair.
— Quem dera. — Deu risada.
— O que você quer, em menina!? — Suspirei, e virei para ela de novo.
— Quero que você fique longe de qualquer coisa relacionada a Jaden. —
Falou firme.
— Não. — Falei com um sorriso no rosto. — Tchau.
— Foi você quem pediu isso. — Falou, e passou na minha frente, me
empurrando para trás, e saiu do banheiro fechando a porta.
— Pedi..? — Falei sozinha, e escutei a porta de trancando pelo lado de
fora. — Ah não.
Fui até a porta, e tentei abrir, falhando bruscamente. Essa filha da puta me
trancou aqui dentro.
JADEN
— Meu Deus... eu tô sendo cancelado. — Falei revirando meu TikTok.
— Que? — Javon perguntou.
— Eu nem me surpreendo mais, toda semana agora? Já é... — Bloqueei a
tela.
— Se controla, para de comentar nas coisas! — Ele falou dando um
tapinha na minha cabeça. — Você não é mais um anônimo.
— Eu não fiz nada! Esse povo que é sensível. — Falei, e revirei os olhos.
— Agora você já sabe, para de comentar nos vídeos.
Não respondi, só tomei um gole de refrigerante.
— Cadê a Max, em? — Falei olhando o horário.
— Caiu no caminho do banheiro. — Javon falou sério.
— SÉRIO!? — Perguntei levantando.
— Sim, vai lá ver. — Sorriu.
Peguei meu sanduíche, e saí.
Acho que Javon não inventaria isso só para ficar sozinho com a Cassie do
período da tarde, né? Não...
Encontrei Rosa no caminho, e enfiei o sanduíche todo na boca. Por que eu
fiz isso? Não sei.
— Jaden! Que surpresa! — Ela disse sorrindo.
— É literalmente um baile da escola. — Falei todo embolado de boca
cheia.
— Que?
— É um bail... — Engoli. — É um baile da escola, por que a surpresa?
— Porque você nunca vem nos bailes... — Cruzou os braços. — Por que
veio nesse?
— Eu vim por causa do Javon, meu mano. — Continuei a andar, e a filha
da puta começou a me seguir.
— Onde você tá indo? — Perguntou atrás de mim.
— No banheiro feminino, não que eu deva algum tipo de satisfação pra
você. — Continuei andando.
— NÃO! — Gritou, e parou na minha frente. — É... vem aqui comigo!
Porque tem uma barata ali na cozinha, e... preciso de um garoto pra tirar ela
de lá!
— Ah sai fora! Come ela, já que você é uma cobra. — Falei, e comecei a
rir sozinho.
— Não tem graça.
— Tem sim, beeijo! — Parei de rir, e cheguei no corredor dos banheiros.
— É sério! Vem comigo! — Agarrou meu braço, e me puxou para a
cozinha.
MAXINNE
Já tinha quase explodido meu celular de tanto mandar mensagem para
Jaden, mas ele não respondia de jeito nenhum.
Nem ele, nem Javon e nem ninguém! Eu batia na porta e gritava, mas nada
ia adiantar, já que o banheiro feminino é abafado por dentro. Ou seja: eu
consigo escutar a parte de fora, mas não conseguem me escutar na parte de
dentro.
— Ai mas que caralho.... — Sussurrei, desistindo de tentar sair.
Ninguém dessa escola pra mandar mensagem, comecei a ficar sem ar de
desespero.
Decidi apelar pra última pessoa que restava. Olívia está no baile da
escola dela, que não tem nem uma rua inteira de distância daqui.
Respirei fundo, e peguei minha bombinha de asma na bolsa.
Depois de uns dez minutos parada, escutei um barulho vindo da porta.
— Olívia! — Fui para perto da porta.
— SAI DE PERTO QUE EU VOU ARROMBAR ESSE CARALHO! —
Gritou do outro lado.
Escutei ela fuçando em algumas coisas, e deu um gritinho vitorioso.
— Achei a solução. — Falou, e começou a mexer alguma coisa na
fechadura da porta.
Saí de perto da porta, e alguns segundos depois, ela se abriu.
— Liv! — Corri para abraçá-la.
— Você tá bem? — Perguntou saindo do abraço.
— Sim! — Respondi. — Como você abriu?
— Grampo de cabelo. — Levantou um grandinho preto. — Vi nos filmes.
— Incrível. — Sorri.
— E... trouxe isso! — Tirou uma bombinha de asma da bolsa, e me
entregou.
— Anda com isso na rua? — Peguei da sua mão.
— Claro! Nunca se sabe quando alguém vai precisar.
— Eu te amo tanto! — Falei sorrindo.
— Eu também te amo!
Quando eu achei que as merdas tinham acabado, olhei para o lado, e vi
Josh saindo do banheiro masculino. Sim, Josh.
Arregalei os olhos, e senti meu corpo começar a tremer.
— O que foi?! — Liv perguntou olhando para o mesmo lugar que eu. —
Ah não...
— Maxinne! Oi! — Ele disse vindo em nossa direção.
Fiquei quieta.
— Há quanto tempo! — Me abraçou.
Eu não consegui fazer nada, só fiquei paralisada.
— Larga ela, menino! — Olívia falou.
O afastei com a mão, e andei para um pouco longe dele.
— O que foi, gente? Que má recepção! — Sorriu convencido.
— O que tá fazendo aqui? — Perguntei.
— Não te contaram? Eu estudo aqui, agora.
— Para de mentir! Você estuda na minha escola, idiota. — Liv falou, e um
alívio surgiu em minha mente.
— Mas eu vou estudar... — Completou.
— Vai embora, aqui não é o seu lugar! — Ela disse.
— Nem o seu!
— Perguntei? — Colocou as mãos na cintura.
— Gente para! — Interrompi o que ele ia começar a dizer. — Josh, vai
embora!
— Não me tratava assim quando a gente namorava, lembra? — Falou
franzindo o cenho.
Senti a raiva me consumir só com essa frase.
— Vejo que não cobriu as sardas, igual era antes.
Coloquei minha mão no meu rosto.
— Tá deixando o cabelo natural... igual antes. — Ele sempre dá um
ênfase em suas palavras. — Tá com saudades de como era?
— Não. — Respondi firme.
— Não parece. — Sorriu. — Está mais bonita... mais amadurecida. — Se
aproximou.
— Caralho, eu vou chamar ajuda. — Olívia falou, e saiu correndo.
— Para, sai da minha escola, sai da minha vida. — Sussurrei a última
parte.
— Eu sempre te amei, Maxinne.
— Foi você que estragou tudo. — Olhei em seus olhos.
— Eu estraguei!? — Chegou mais perto. — Só porquê queria elevar o
nível da nossa relação?
— Para de falar! Sai daqui, por favor. — Uma lágrima desceu pelo meu
rosto.
— Você está com alguém, não tá? — Perguntou.
Não respondi.
— Me fala quem é. — Falou baixo.
— Sai daqui. — Falei firme.
— Se não me dizer quem é, eu vou fazer uma besteira.
— Por favor. — Continuei.
JADEN
Estava discutindo com a tia da cozinha porque ela disse que meu cabelo
era ressecado, aí eu disse que ressecado era a comida dela! Falei mesmo.
Hablei muito.
Querendo colocar defeito nos outros, mal se olha no espelho. Falei
também que com aquele suco aguado, ela não ia conseguir enganar ninguém!
E que todo mundo sabe que o marido dela usa peruca, ele tem um baita de
um heliponto naquela cuca.
— JADEN! — Escutei uma voz feminina me chamar, e parei de discutir
com aquela velha.
— Tá fazendo o que aqui, menina? — Perguntei saindo da cozinha para
encontrá-la.
— Vem comigo! — Me puxou.
De novo não...
— O que foi!?
— A Max precisa de você.
— Pra que!?
— Só vem!
MAXINNE
— Se fosse tão boazona como você diz ser, assumiria que está com
saudade de nós. — Ele disse próximo ao meu rosto.
— Acha mesmo que eu me humilharia a esse ponto? Você realmente não
me conhece.
— Vejo que está se tornando uma grande vadia, como a sua mãe. — Deu
risada.
Dei um chute entre suas pernas, que fez ele gritar de dor.
— Filha da puta!
Ele ficou quieto por dois segundos, e me beijou.
Dei inúmeros tapas nele, tentei fazer de tudo, mas nada adiantava. Além
de Josh ser duas vezes maior que eu, ainda era três anos mais velho, tendo o
triplo da minha força.
— Mas que porra é essa!? — Escutei a voz de Jaden, e finalmente Josh
me soltou.
Limpei minha boca com toda a minha força, e olhei diretamente para
Jaden e Olívia.
—É ele? — Josh olhou para mim. — Ele é o seu novo cara?
— Adivinha, alecrim? — Jaden falou com os braços cruzados.
— Para de brincar! — Olívia deu um empurrãozinho nele.
— Sério que escolheu ele? — Josh me olhou com desgosto.
— Ele é melhor que você. — Falei, e corri para onde os dois estavam.
Olhei nos olhos verdes de Jaden, que estavam brilhando, se cruzando com
os meus.
— Eu vou lá chamar alguém pra tirar esse penetra daqui! — Liv falou. —
De novo.
— Não briga. — Falei olhando para ele.
— Por que não? — Perguntou.
— Porque eu tô mandando. — Respondi.
— Qual foi? — Josh falou. — Que clichê. Você era muito melhor comigo.
— O que!? — Jaden perguntou.
— Não sabia, né? — Josh deu risada.
— Não briga. — Falei mais uma vez.
Se o Jaden encostar a mão nesse idiota, eu juro que eu bato nele. Seria
muita idiotice brigar com um garoto em um baile de escola, onde claramente
vai dar merda.
— Mas em 2020... era uma garota linda. — Continuou falando. — Linda e
pura, até demais, eu diria.
— Chega Josh, troca o disco. — Falei.
— E muito gostosa. Pena que nunca soube usar isso ao seu favor. —
Brincou com seus anéis.
Eu pisquei, e quando me dei conta, Jaden já estava indo pra cima de Josh
aos socos.
— Caralho...
Eles estavam parecendo dois cachorros, Jaden passou o braço em volta do
pescoço de Josh, que não deixou barato, já que logo deu uma cotovelada
para trás.
— Para, para! — Falei.
— O que está acontecendo!? — A diretora chegou.
Eles não pararam na hora, mas pararam um pouco depois.
— Você estuda aqui? — Perguntou olhando feio para Josh.
— Não. — Respondeu ofegante.
Depois de alguns minutos de bronca, Olívia chegou correndo.
— Cheguei! — Falou sem ar.
— Quem é você?! — A velha perguntou.
— Sou a Liv, e você?
— Liv? Olívia. — Falou, e Olívia assentiu. — Vem, os dois! — Virou as
costas. — E você... — Olhou para Jaden. — Vai pra sua casa, e amanhã não
entra sem o seu responsável.
Na real, eu acho que ela não pegou pesado com jad porque ele já tinha
parado de bater quando ela chegou.
Olhei para ele com os olhos marejados, e me aproximei. Seu cabelo
estava todo bagunçado, seu rosto com várias partes roxas, vermelhas...
Cheguei perto o suficiente dele, e dei um tapa em seu rosto, depois o puxei
para um beijo.
Eu disse que ia bater nele se ele brigasse.
— Eu te odeio, sabia? — Falou durante o beijo.
— Não faz mais isso. — Falei quando nos separamos.
— O que? Te defender?
— É! Se for pra arrumar briga, é melhor nem me defender mesmo. Olha só
pra você! Quase destruiu o seu nariz.
— Você gosta do nariz empinado, né?
— Claro! — Falei como se fosse óbvio.
Ele sorriu, e me deu um selinho.
— E... seu beijo tá com gosto de sangue. — Falei passando a mão na
minha boca.
— Eu te protegi mesmo depois de você dizer que meu irmão é mais
homem do que eu. — Falou olhando nos meus olhos.
— Você já é homem o suficiente pra mim. — Passei meus dedos em seu
rosto.
— Sério? — Perguntou sorrindo.
— Sim. — Falei, e dei mais um selinho.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
será que a gente pode bater 150 comentários pra esse capítulo enorme?
😭😭
quem pediu boiolagem no baile? 😁❤
quem pediu merda no baile? 😈😈😈
eu sou incrível, consegui equilibrar os dois, e ainda fazer um capítulo
maior que normal, ó
pelo amor de Deus, NÃO cancelem a Max por causa do tapa, ela tava
certa.
"Você já é homem o suficiente pra mim"
31.

07/09
Quarta - Feira
19:21
⋄✦⋄
— Minha mãe vai me bater. — Jaden falou entrando na minha casa.
— E merecido! — Exclamei. — Quem mandou arrumar briga?
— Para! — Me empurrou.
— Tem sorte que a minha mãe tá dormindo, se não ela ia encher a gente de
pergunta. — Resmunguei subindo as escadas.
Jaden subiu falando sem parar, ele estava desesperado, compreensível.
— E se ela me der um peteleco?! — Perguntou já dentro do quarto.
— Peteleco? — Perguntei rindo.
— Sim. — Se aproximou. — Tipo isso! — Deu um tapa no meu pescoço.
— AI! — Berrei.
Eu pude ver nos olhos dele, o desespero como o de uma criança que
acabou de chutar um cavalo, prestes a levar um coice.
Ele começou a correr, e deu uma volta na cama.
— Desculpa. — Ergueu as mãos em final de rendição.
— Não.
— Eu tô dodói! — Apontou para o rosto.
— E nem pense em deitar na minha cama com essa sua cara! — Fui atrás
dele.
— Vai me ajudar a limpar? — Se aproximou vagarosamente.
— Sai! — Ameacei dar um soco nele. — Ainda tô brava.
— Você não tem coragem de me bater. — Olhou para mim.
Apertei o nariz dele com a mão direita, e puxei.
— AH NÃO! — Gritou. — Meu nariz tá machucado, vaca!
— O QUE?
— Eu disse: meu nariz tá quebrado, vida! — Sorriu.
— Vem logo, vamos limpar isso aí! — Puxei ele para o banheiro.
— Coloca curativos no meu machucadinho, titia Max? — Fez um voz fina.
— Não. — Enfiei a cara dele dentro da pia, e liguei a torneira.
Eu sei que tava doendo, mas ele não gritou, nem xingou. Tava dando uma
de fortinho.
— Tá doendo? — Perguntei.
— Não, tá ótimo. — Falou claramente com dor.
— Tá acabando, já vai parar de doer. — Terminei de limpar o sangue.
Levantei o rosto dele, e sequei com a toalha. Rostinho limpinho, sem
sangue. Dá até um alívio!
— Ai que garotinho lindo! — Debochei, sorrindo.
— Dá um beijo. — Fez biquinho.
— Tá viciado em beijo? — Perguntei fuçando a caixa de medicamentos.
— No seu. — Respondeu passando a mão no rosto.
— No meu?
— No seu.
— Vai tomar banho. — Falei, e abri a porta.
Jaden tem... digamos que algumas dezenas de roupas aqui no meu quarto.
Ele sempre dorme e toma banho aqui, então...
⋄✦⋄
— Vira pra mim, vou colocar um curativo na sua sua boca. — Falei
depois que ele saiu do banho.
— Espera aí! — Afastou a cabeça para trás.
Recuei com o curativo na mão, e olhei para ele sem entender.
— Com o curativo, não dá pra beijar!? — Perguntou arregalando os olhos.
— Não, nem sem. — Falei com se fosse óbvio. — A sua boca tá
machucada, não pode beijar.
— Ah... — Murmurou triste. — Coloca então.
Sorri, e lhe dei um selinho antes de colocar o curativo.
— Pronto. — Guardei as coisas. — Vai dormir.
— Com prazer. — Foi se deitar na minha cama.
Tomei banho, e quando voltei, Jaden ainda estava acordado.
— O que foi? Quando eu volto do banho você sempre está dormindo. —
Falei me deitando ao seu lado.
— Não consigo dormir... — Respondeu olhando para mim.
— Por que, gatinho? — Me aproximei.
— Quem era aquele garoto do baile? — Me abraçou, sendo a conchinha
maior.
— Não vale a pena falar sobre isso agora, Jaden.
— Me disse uma vez, que temos que confiar um no outro. — Fez carinho
no meu cabelo.
Hesitei um pouco, suspirei, e comecei a falar.
— Namorei ele em 2020, mas era um babacão. Me traia, eu perdi a conta
de quantas vezes... e teve um dia que... ele tentou me agarrar a força, sabe?
Fazia piadas de mal gosto, e...
Parei de falar, e levantei a cabeça para olhar para ele, que estava
prestando atenção no que eu falava.
— Promete que nunca vai ser igual a ele? — Acariciei seu rosto.
— Prometo. — Sorriu.
Deitei no peito dele, e fechei os olhos. Mas comecei a pensar um pouco
no que eu tinha acabado de falar.
— Não que eu te veja de uma forma romântica, é que... sabe? A gente tá
aqui... — Gaguejei. — Não juntos, quer dizer... juntos! Mas não
romanticamente, eu acho... quer dizer, acho não!
Levantei a cabeça novamente, e esse idiota tava rindo.
— Não precisa "se explicar". — Se sentou na cama, e olhou para mim. —
Nós dois somos um assunto delicado. — Ele disse, e eu arregalei os olhos.
— Acha que estamos rápidos demais? — Desviei o olhar, franzindo o
cenho.
— Não.
Olhei para ele, com um pequeno sorriso no rosto.
— Então... o que nós somos? — Perguntei.
— Somos... Jane. — Falou simples.
— Jane... — Sorri. — Uma ótima mistura dos nossos nomes.
— Eu sou ótimo nisso.
Assenti.
— Jane pode ser o nome da nossa primeira filha, não acha? — Falou
pensativo.
— Acho.
Ele arregalou os olhos de surpresa.
— O QUE!? — Falou alto. — Você entrou na minha brincadeira!? Casa
comigo! — Se aproximou para me beijar.
Eu realmente nunca entro nessas brincadeiras sem graça de Jaden, mas
algo dentro de mim falou para dizer isto.
— Jaden! — Me afastei.
— Que foi? Ah... tava bom demais pra ser verdade.
— Ainda tem um curativo aqui, tem que esperar sarar para poder me
beijar novamente. — Coloquei o dedo indicador no curativo.
— Ah não... — Se jogou na cama.
— Eu gosto do seu jeito, é fofo. — Deitei novamente em seu peito.
— Eu sei.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Dia seguinte
O resto da semana não vai ter aula na escola, por conta do baile.
Estava no meu quarto junto com Jaden, nós já havíamos acordado há umas...
três horas.
— Jad... — Chamei, mexendo no celular. — Pode me ajudar em uma
coisinha?
— Não. — Respondeu também mexendo no celular.
— Tá, pode me ajudar a pintar meu cabelo? — Larguei o celular.
— Pra que!?
— Se não quiser me ajudar, não ajuda. — Revirei os olhos, e desci da
cama.
— Calma! — Desligou o celular. — Credo, que mal humor.
— Vai ajudar? — Mexi no armário, procurando a tinta.
— Tá bom! Eu ajudo. — Veio até mim.
Peguei duas tintas de cores diferentes, e mostrei para ele.
— Preto ou castanho? — Perguntei.
— Loiro. — Cruzou os braços.
— Para Jaden! Me ajuda. — Fiz uma expressão séria.
— É sério! O seu cabelo natural é lindo. — Revirou os olhos. — Agora
que ele está voltando a ser onduladinho, você quer mudar tudo!? Eu gosto
assim, do jeito que é.
— Então vai ser preto. — Virei e comecei a arrumar as coisas para pintar.
Ele ficou lá suspirando e resmungando, mas depois parou. E veio ficar me
enchendo o saco para misturar os pozinhos.
— Vai deixar eu passar no seu cabelo?! — Perguntou empolgado.
— Sim, essa é a sua tarefa do dia. — Sorri.
— Já tá pronto?
— Não.
Quinze segundos...
— E agora?
Suspirei fundo, e neguei.
— Mas tá quase, né?
— Aham. — Assenti.
— Pronto?
— Pronto. — Entreguei o potinho pra ele.
— Ai que cheiro ruim! — Virou o rosto, com o potinho na mão.
Peguei uma toalha, e coloquei nos ombros, indo para dentro do banheiro.
— Agora é só passar como se fosse um creme. — Eu parei em frente ao
espelho. — Consegue?
— Claro. — Pegou o pincel, e mexeu a misturinha me olhando pelo
reflexo do espelho. — Certeza?
— Sim. — Ajeitei a postura. — Pode pintar.
— Ok... — Passou o pincel delicadamente pelos fios.
Fechei os olhos, e me escorei com minhas mãos na pia.
— Me ajuda a alisar ele depois? — Abri os olhos.
— Tudo que você quiser. — Respondeu concentrado.
Agora não tem mais volta pro loiro, só deixando a raiz crescer muito, ou...
morrer e nascer de novo.
⋄✦⋄
Estava secando meu cabelo com o secador, tinha fica bem preto. Mais do
que eu esperava...
— Está bom? — Perguntei aparecendo na frente de Jaden, que estava
quase dormindo na minha cama.
— Nossa. — Murmurou quando me viu.
— Está bom, ou não?
— Já falei que tenho uma queda por morenas?
— Não. Até porque você me disse que queria meu cabelo loiro natural. —
Cruzei os braços.
— Eu tenho uma queda por qualquer coisa que você use. — Me puxou
para sentar ao lado dele.
— Quero muito te beijar agora. — Passei meus dedos em seu curativo.
— Eu também. — Colocou uma mecha do meu cabelo pra trás.
— Cadê suas sardas? — Arqueou a sobrancelha.
Fiquei quieta, e desviei o olhar.
— Eu fui passar corretivo pra cobrir aquela cicatriz, e já aproveitei pra
cobrir as sardas. — Sorri sem mostrar os dentes.
— Mas a cicatriz é incrível! — Virou meu rosto para ele. — Mostra o
quão corajosa você é, e ainda conta toda uma história por trás. Tem a ver
com a gente.
— Toda vez que a gente vai fazer alguma coisa juntos, alguém acaba se
machucando. — Me referi também a sua nova cicatriz na boca.
— Isso é ruim?
— É? — Perguntei.
— Não! Quer dizer... você gosta de fazer coisas comigo?
— Gosto. — Sorri.
— Então não é ruim. — Sorriu junto comigo.
Parei de sorrir na hora em que percebi que estava sorrindo bobo.
— Eu vou te mostrar uma coisa, vem! — Jaden falou, me puxando para
sair do quarto.
Descemos as escadas, e achamos a minha mãe lá em baixo brincando com
o Michael, e com a Valéria.
— Oi Jaden! — Acenou pra ele. Só pra ele.
— Oi! — Sorriu, e foi para onde eles estavam.
— HAHA a mamãe te ignorou! — Valéria apontou o dedo pra mim,
sorrindo.
— Não ignorei não! Eu não te vi aí. — Minha mãe disse.
— Fala sério! Eu tô literalmente do lado do Jaden. — Falei, puxando ele
pelo braço.
— É que eu ofusco você. — Ele disse, brincando com Mike.
— Verdade. — Ela concordou.
— O que você queria me mostrar? — Mudei de assunto.
— Ah é! — Devolveu Mike para minha mãe, e se virou pra mim.
— Mostrar... um pedido de namoro? — Valéria perguntou.
— Não. — Respondi revirando os olhos. — Vamos Jaden, a energia dessa
casa tá muito pesada! — Puxei ele para fora.
Saímos de casa, e fomos para a casa da vó dele.
— Vó! — Chamou ao entrar. — VÓ! — Berrou, e eu segurei a risada.
— NÃO GRITA NA MINHA CASA, MOLEQUE! — Ela apareceu do
nada. — Oi Maxinne! — Mudou de expressão em segundos.
— A gente vai almoçar aqui. — Falou andando comigo pela casa.
— Vamos? — Perguntei.
— Sim. — Destrancou uma porta no fim do corredor do segundo andar.
— Vão fazer o que aí dentro? — Veio atrás de nós.
— É... — Jaden pensou por uns segundos. — Um trabalho escolar! —
Sorriu entrando.
— Hum. — Ela murmurou, e saiu.
— Vem, vou te mostrar o que tem aqui dentro. — Me puxou, e fechou a
porta.
No início era um cubículo minúsculo, apenas com uma escadinha. Ele
subiu, depois me ajudou a subir. Me deparei com uma sala incrível.
— Esse é o nosso sótão. — Ele disse andando pelo local.
— Jad... — Sussurrei encantada. — Isso é incrível.
Todas as luzes estavam acesas, tinham dois sofás enormes em dois cantos,
uma televisão na parede, um pequeno frigobar ao lado da TV, mesa de sinuca
no centro, tinha uma mesa com um PC instalado, e vários outros brinquedos
legais.
Já no outro canto, tinha uma esteira, três barras de musculação, um saco de
pancadas, e uma COLEÇÃO de bolas de beisebol.
— Tá... e quanto dinheiro tem aqui dentro? — Eu perguntei olhando para a
esteira.
— Alguns milhões..? — Falou, e eu arregalei meus olhos. — Brincadeira,
gata! Algumas centenas de milhares só.
Dei risada, e continuei encantada.
— Isso aqui existe faz uns três anos, mas nenhum outro neto sabe disso. Só
a gente. — Sorriu. — Quer pipoca?
— Não, obrigada.
— Pois eu quero. — Abriu uma cortina no último canto, e revelou uma
máquina de pipoca, e algumas fotos penduradas na parede.
Cheguei mais perto de lá, e vi o que tinha nas fotos. Eram fotos de Jayla,
Javon, Daelo... tinha também da dona Amélia, tia Jessi, um homem careca
todo tatuado.
— Essas fotos... — Falou mexendo na máquina. — Eu que coloquei,
sabe? São pessoas importantes pra mim. — Sorriu, se aproximando da
parede. — Aí só tem família, mas... — Começou a falar, mas não terminou.
— Que lindo. — Olhei para ele. — Você é fofo.
Ele sorriu envergonhado, e se virou para servir a pipoca. Ele serviu em
um pacotinho pequeno de mais ou menos quinze centímetros.
— Tem de tudo aqui. — Voltou para se sentar no sofá.
— Eu percebi! — Sentei ao seu lado.
— Eu nunca trouxe ninguém pra cá. Na verdade, ninguém nunca trouxe.
— Então por que me mostrou? — Cruzei os braços.
— Não faz pergunta difícil! — Exclamou, e jogou uma pipoca no meu
rosto.
— Ei! — Peguei a pipoca que caiu em mim, e joguei de volta nele.
— Quer assistir alguma coisa? — Perguntou.
— Homem aranha!
— Nunca vi.
— QUE!? — Gritei.
— Mas eu assisto com você! — Pegou o controle.
Só eu percebi que esse moleque tá muito zen? Deve estar aprontando
alguma.
Ele ficou quieto por alguns minutos,as depois começou a dizer.
— Já ouviu falar de Cristina Thones? — Perguntou quebrando o silêncio.
— Claro!
Cristina Thones era uma garota de Buford, ela morreu em um acidente de
carro faz muitos anos. Ela é lembrada até hoje em Atlanta.
— Mês que vem vai fazer quatro anos que ela se foi. E... eu lembrei dela
quando estava pintando o seu cabelo, porque ela adorava pintar o cabelo de
preto.
Eu não esperava por isso.
— Ela era uma amiga do meu primo na época, e quando ela morreu, eu
fiquei em choque. Nunca tinha acontecido isso comigo. Eu fiquei mal pra
caralho quando isso aconteceu, foi como se uma pessoa próxima a mim
tivesse morrido. Eu lembro até hoje como foi, e isso ainda me toca.
— Eu sinto muito, gatinho. — Me aproximei.
— Não conta isso pra ninguém, pelo amor de Deus!
— Prometo. — Ergui o dedinho, e ele cruzou. — Quer conversar mais
sobre isso?
— Melhor não. — Sorriu fraco.
Assenti, e acariciei seus cabelos.
— Promete que não vai morrer? — Perguntou olhando em meus olhos.
— Jaden!?
— Desculpa, isso foi extremo. — Deu risada.
— Para de ser bobo. — Lhe dei um selinho.
Ouvimos um barulho vindo lá da escada, e fomos ver o que era.
— Oi crianças! — Era dona Amélia.
— Fala, vó! — Jaden desceu, e eu desci depois.
— O almoço está pronto. — Ela sorriu, e saiu andando.
— Vamos deixar o filme pra depois? — Olhou para mim.
— Pode ser. — O segui até a mesa cheia de panelas.
Amélia tinha feito macarrão alho e óleo, e frango frito separado. O
almoço estava indo tranquilamente bem, até ela começar a falar.
— Então... — Amélia começou a falar. — É um namoro? — Apontou o
dedo para nós dois.
Jaden parou de respirar, e engasgou com o frango, tossiu algumas (várias)
vezes, e quase derramou o copo todo de coca cola na boca.
— Não senhora. — Sorri simpaticamente.
Ele tossiu uma última vez, e deu batidinhas no coração.
— Não! — Falou mais alto que o normal, e sorriu.
— Ah sim, percebi. — Ergueu as sobrancelhas, e sorriu colocando uma
garfada de macarrão na boca.
— Vó! — Jaden sussurrou. — Não faz essas perguntas!
— Não está mais aqui quem falou. — Ergueu as mãos em final de
rendição.
— Ainda bem, né? — Ele respondeu.
Eu fiquei quieta, com um sorriso no rosto.
— Mas vocês ficam, né? — Continuou.
Os olhos de Jaden quase caíram em cima do prato.
— VÓ! — Berrou.
Eu fiquei sem reação, sem palavras, sem nada! Encarei Jaden, e ele me
olhou desesperado.
— Terminei aqui, e você? — Ele disse olhando para mim.
— Aham. — Assenti.
— Deixa aí que depois eu lavo, vó. — Levantou da mesa. — Vem! — Me
chamou.
Ele saiu correndo para o andar de cima, e eu fui atrás.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
32.

08/09
Quinta - Feira
13:48
⋄✦⋄
Entramos no quarto, e a primeira coisa que eu vi foi a Lana dormindo em
um travesseiro no chão.
— Lana! — Sorri.
— Godofreda Aparecida Walton. — Jaden "corrigiu" revirando os olhos.
— Lana Eilish Cline.— Falei firme.
— Godofreda! — Falou mais alto.
— Ela é nossa! — Olhei para ele.
— Você nem gosta de gato!
— Mas também é minha!
— Vem Goda, não liga pra ela. — Pegou ela no colo.
Suspirei, e olhei em volta.
— Pra que você tem isso? — Perguntei olhando para uma câmera
pequenininha azul.
— Pra tirar foto..? — Respondeu como se fosse óbvio, e realmente era!
— Ah... verdade. — Peguei ela, e me joguei na cama de Jaden.
— Vai tirar? — Perguntou deitando ao meu lado.
— Tira pra mim? — Entreguei a câmera pra ele.
— Aff. — Pegou a câmera. — Tudo eu!
Fiz uma pose, mas não gostei muito. Então desci da cama, peguei a Lana, e
subi de novo.
— Tira! — Fiz carinho no gato..
— Credo, usando a coitada só pra fazer close! — Me olhou com
decepção.
Já comecei a sentir uma vibe estranha com esses pelos, e já coloquei ela
em cima de Jaden.
— Deixa eu ver! — Peguei a câmera da mão dele, que já estava
imprimindo.
— Eita grosseria, hein! — Falou mexendo na gata.
Esperei alguns minutos, pra finalmente revelar a foto.
— Ai que fofo! — Sorri com a pequena foto na minha mão.
— Deixa eu ver! — Puxou da minha mão. — Eita que gatinha, vou
namorar com essa daqui! Sabe que o pai é atacante.
— Mentira! — Mostrei a língua.
— Quem mostra a língua pede beijo, velhota dos gatos. — Colocou a
Lana no chão.
— Duvido conseguir um beijo meu, atacante. — Sorri tirando mais selfies
na câmera.
— Já consegui, e posso conseguir de novo tranquilamente. — Fez uma
expressão "tranquila".
— Já parou pra pensar que... tudo isso pode ser um sonho, ou uma
imaginação? — Parei de tirar fotos, e o olhei para ele. — Tipo, você não é
real, nem nada, nem ninguém. Pode ser tipo uma alucinação minha?
— Eu estaria em uma alucinação sua, gatinha? — Eu vi seus olhos
brilharem.
— Tranquilamente sim. — Ergui as sobrancelhas.
Ele sorriu olhando nos meus olhos, e depois desviou o olhar.
— Acho que a nossa história daria um bom livro. Ou... uma fanfic? Você é
famoso não é? As pessoas devem fazer várias fanfics com você.
— Esse povo é muito estranho, isso sim. — Arregalou os olhos.
— É serio, eu escreveria uma história parecida com a nossa.
— Sério!? Quem eu seria na história? — Chegou mais perto.
— Um amigo. — Falei séria.
— Ah... — Revirou os olhos. — Escrota. — Levantou da cama.
— Brincadeira! — Falei alto. — Senta aqui.
Spoiler: ele não sentou.
— Você seria o melhor amigo da personagem principal, que sempre foi
apaixonado por ela. — Eu comecei a falar, e ele sentou. — Só que ele não
assumia os sentimentos porque tinha medo de estragar a amizade, então ele
foi esperando pra que ela fizesse isso primeiro. Então quando a garota
beijou ele primeiro, ele percebeu que o "caminho" estava aberto, para poder
começar o seu "plano". Então eles começaram a ficar, depois ficar serio,
depois... — Parei de falar, e dei risada.
Jaden estava prestando atenção na história, como uma criança encantada
pelo filme "Toy Story".
— E depois o que!? — Perguntou ansioso.
— Depois... a garota começa a sentir coisas... pelo garoto.
Franziu o cenho.
— E aí, o "plano" inicial do garoto, finalmente...
— E qual é o plano do garoto?
— Não sei. — Ergui os ombros. — Talvez... namorar, casar, construir
uma família?
— Essa é a história que você escreveria?
— Aham. — Assenti.
— E qual é a parte em que é "parecida" com a nossa?
Tud... oi?
— A parte em que... os dois são melhores amigos.
— Ah, sim. — Sorriu sem mostrar os dentes, e desceu da cama.
Olhei para ele brincando com o gato, e fiquei quieta.
— Deixa eu ver se o corte da sua boca tá melhor. — Desci da cama, e me
sentei ao lado dele no chão.
— Que desculpa mais besta pra me beijar. — Arqueou a sobrancelha.
— Shiu. — Tirei o Band Aid, e encarei os seus olhos.
— Cortou muito? — Perguntou.
— Não. — Olhei o machucado. — Tá bem melhor do que tava. — Sorri.
— Graças a Deus, da pra beijar? — Fez biquinho.
Dei um selinho bem demorado nele, antes de acariciar seus cabelos.
— Para. De. Pensar. Em beijo. — Falei pausadamente.
— Eu sou viciado. — Escorou a cabeça no meu ombro.
— Eu sei, gatinho. — Dei risada.
JADEN
Depois que a Max saiu da casa da minha vó, eu ainda fiquei lá por um
tempinho.
— Onde vai com essa caixa? — Minha vó perguntou.
Eu estava carregando uma caixa de sapato.
— Ali. — Continuei andando.
— Ali?
— Lá no sótão, eu vou decorar. — Comecei a subir as escadas.
— Mais? Vocês fizeram o meu sótão virar uma discoteca!
— O que é isso? — Parei de subir.
— Sobe logo com isso aí, moleque! — Falou, e eu subi.
Credo, povo sem paciência.
Entrei lá dentro, e limpei algumas coisas que eu tinha bagunçado
anteriormente, e tirei alguns pisca-pisca da caixa para colocar em volta da
TV.
Andei até a cortina das fotos, e peguei a foto que Maxinne tinha tirado
mais cedo, para colar na parede com super cola.
Eu roubei do bolso dela, quando ela chegar em casa não vai ver a foto...
acho que ela não vai ficar muito brava não. A foto está em um lugar melhor
agora.
Desci para a sala, e arrumei minhas coisas para sair.
— Já vai, querido? — Ela perguntou vindo até mim.
— Aham. — Assenti. — Não deixa ninguém entrar naquele sótão quando
eu não estiver aqui, tá bom?
— Claro, senhor. — Ironizou.
— É sério, vó!
— Pode deixar. — Deu um beijo na minha testa.
— Eu vou andar por aí, não vou voltar pra casa agora não. — Coloquei
minha mochila nas costas.
— Vai pra onde?
— Eu já sou um homem vó. — Revirei os olhos. — Um homem não pode
andar por aí?
— Um homem pode, mas acontece que você não é homem, mocinho!
— Minha amiga mais próxima quase namorada disse que eu sou. —
Mandei um beijinho no ar, e abri a porta.
— Jaden! Onde é que você vai? Eu vou contar para a sua mãe! — Gritou.
— Sou um HOMEM! — Gritei de volta, e fechei a porta.
Entrei no carro, e comecei a andar pela cidade. Isso costumava me
acalmar quando eu tinha doze anos. Claro que o meu pai que dirigia, mas... é
a mesma coisa.
Are you falling in love?
I've the feeling you are
— Oh! — Troquei a música do rádio. — Merda.
Can't remember to forget you.
— Vai se foder! — Sussurrei, e dei um tapinha no rádio, que fez ele parar
de tocar a música.
Parei no semáforo, e inclinei minha cabeça para cima colocando as mãos
no rosto. Essa merda tá me deixando confuso.
Aí você me pergunta: Jaden lindo, mas qual merda?
Aí é que está! Eu não sei. Só sei que tem alguma coisa dentro de mim me
incomodando. Talvez seja algum tipo de sentimento novo, com certeza é. Eu
nunca tinha sentido isso antes, mas é como se tudo que eu vejo ou toco, me
lembre uma pessoa específica.
E eu não vou falar quem é a pessoa, aí já é muita humilhação.
⋄✦⋄
— A Maxinne, aquela bobona! — Falei pra minha mãe.
— Ah, então quer dizer que a Maxinne que veio aqui em casa, e comeu
todos os biscoitos de soja do seu irmão? — Ela mostrou o pote vazio.
— Ei! Olha o deboche, dona Jessica! Segura esse lacre aí viu? — Apontei
para ela.
— Eu to criando um monstrinho. — Deu risada, e guardou o pote no
armário.
Um silêncio pairou, e eu estava sentindo que queria falar alguma coisa,
mas nem eu mesmo sabia o que era.
— Mãe. — Chamei por impulso.
— Fala, querido? — Se virou pra mim.
— Como é estar apaixonado?

MEU DEUS POR QUE EU PERGUNTEI ISSO.


— Jaden... — Ia falar, mas interrompi.
— NÃO! NÃO FALA. — Gritei descendo da cadeira que estava sentado.
— NEM COMEÇA. — Saí correndo para o quarto.
Meu Deus o que tá acontecendo comigo?!
Tranquei a porta, e fui andando para frente do espelho.
— Será que faz parte da adolescência? — Falei sozinho cruzando os
braços. — Não... se fosse, eu já teria bigode.
Cheguei mais perto, e percebi que agora tenho cinco pelos de bigode...
poxa.
Mexi na minha mochila, e encontrei outra selfie que Max tinha tirado de
nós dois, sorri ao ver. Joguei ela no chão, e revirei minha mochila até
encontrar minha corrente, e meus anéis que eu tinha tirado.
Ok... já sei o que vou fazer pra me distrair desse sentimento. Arrumar meu
quarto!
Ah não, desisti. Tá muito... digamos que tem mais coisa no chão do que
em cima dos móveis.
Não, ok. Vou arrumar sim.
Peguei alguma camisas de beisebol do chão, e joguei tudo no cesto.
Abaixei para olhar em baixo da cama, e enfiei meu braço lá para ver o que
eu conseguia pregar.

Quando puxei de volta, tinha... uma teia de aranha, a aranha, e os insetos da


aranha.
Revirei os olhos, e fiz de novo.
Dessa vez veio um gloss da Dior.
Merda. Merda.
Me joguei na cama, e suspirei. Abri o gloss, e cheirei. Tem cheiro de
cereja... justo o cheiro da desgramada.
Olhei minhas mãos, que ainda tinham pequenos resquícios de tinta preta, e
meu braço todo riscado de canetinha rosa.
Maxinne Cline. Claro! A "merda" tem nome, e se chama Maxinne Stacy
Cline.
Não que a Max seja merda...
Sentei rapidamente na cama, e dei um tapa no meu próprio rosto.
— Meu Deus eu penso em cada coisa idiota. — Falei sozinho.
Levantei, peguei a escova de cabelo que também estava no chão, e joguei
em cima da cômoda.
Juntei os dezessete copos, e duas garrafas de vidro que estavam jogados, e
levei lá pra cozinha.
Voltei, e abri a gaveta que fica em baixo da minha cama, eu juro que faz
uns quatro anos que eu não limpo essa gaveta.
Abri, e estava com cheiro de fandangos mofado, fucei tudo, e achei uma
caixa cheia de fotos dentro, olhei as fotos, e pasmem... tinha uma foto minha
e da Rosa de quando a gente namorava.
Ew.
— Vou botar fogo nesse pedaço de asteroide.
Procurei mais fotos na caixa, e tinham fotos com mais algumas garotas que
eu conhecia ao longo dos anos, e juntei todas.
— MÃE! — Berrei.
Ela não respondeu de imediato, mas respondeu.
— Que foi, filho? — Entrou no meu quarto.
— Joga esses esperma de jegue no fogo, por favor?
— Eca, moleque! — Jayla brotou atrás dela.
— Que nojo, Jaden. — Minha mãe disse.
— É sério. — Suspirei, e levantei. — Joga essa caixa toda em algum
lugar, e NÃO abre. — Entreguei a caixa pra minha mãe, mas Jayla puxou da
mão dela.
— O que tem aqui? — Abriu a caixa. — Ew. — Fechou rapidamente.
— Eu disse pra não abrir. — Ergui os ombros.
— O que você tá fazendo, hein? — Jessica perguntou, entrando no quarto.
— Arrumando..?
— Você só arruma quando quer se distrair de alguma coisa ruim. — Jayla
falou passando os dedos na cômoda empoeirada.
— Jaden tá apaixonado. — Minha mãe disse segurando a risada.
— MENTIRA!
— Pela Max? Eu sei. — Jayla disse. — Dá pra ver nos olhos dele.
— EU NÃO TÔ APAIXONADO. — Berrei.
— Maxden... não, melhor, JANE! — Jayla falou olhando pra mim.
— PARA! Todo mundo, da licença! — Apontei para a porta. —
Fofoqueiras.
— Alguém me chamou? — Javon apareceu na porta.
— Pelo amor de Deus, o outro. — Cruzei os braços.
— Tá tendo festa aqui, e ninguém me chamou? — Pronto, meu pai agora.
— Ah pronto, por que não chamamos os vizinhos também? — Ironizei, e
sentei na cama.
— Pai, Jaden tá apaixonado. — Javon falou.
Agora pronto.
— Não vai dizer que é pela Rosa!? — Meu pai perguntou incrédulo.
— Não compara a Max com essa daí! — Falei.
— Max... a Max que você falou semana passada? Semana retrasada, anti
retrasada, anti....
— Ei! Não explana.
— É uma boa garota. — Minha mãe disse para o meu pai.
— Parem de conversar igual velhos, e fingir que não estou aqui! — Gritei.
— Velha é a sua mãe! — Literalmente minha mãe veio pro meu lado me
batendo com um pano de prato.
— Ué!? — Exclamei.
— Finalmente vai desencalhar, que orgulho! — Javon sentou no meu colo.
— Tá falando o que, anão!? — Respondi.
— Eu namoro. — Ergueu os ombros.
— Oxi, com quem!? — Jayla perguntou.
— Com minhas fãs. — Mandou um beijinho no ar.
— Engraçadão hein, palhaço de circo! — Falei.
— Tenho mais fãs que vocês todos juntos, beijo! — Saiu do meu colo, e
foi em direção a porta.
— Até suas fãs preferem eu do que você, Javon. — Sorri.
— Pelo menos não sou eu que tô sendo cancelado. — Deu uma risada
maléfica, e saiu correndo.
— OH PAI! — Choraminguei.
— Nossa que família linda e unida que você formou, né? — Ele disse pra
minha mãe, e saiu.
— EU!? — Andou atrás dele.
— Jesus... — Jayla comentou. — Eu te ajudo a arrumar, pode ser?
— Eu hein... tá querendo o que? — Perguntei desconfiado.
— Nada, vou te ajudar só porque eu sou uma boa irmã. — Sorriu
claramente falso.
— Fala logo, Jayla. — Revirei os olhos.
— Não é nada, cabeçudo! — Falou alto. — Vamos arrumar logo, coloca
essas roupas pra lavar, anda!
— Tá bom. — Peguei o cesto.
— Faz quanto tempo que não lava elas? Esse cesto tá lotado.
— Uns meses.
— Nossa senhora, deve ter rato aí dentro. — Arqueou a sobrancelha.
— Se fode. — Falei, e fui para a lavandeira.
Já passei o mico do dia: minha família toda INSINUANDO que TALVEZ
eu esteja apaixonado, nunca mais na minha vida eu conto nada pra minha
mãe, NUNCA MAIS.
Apaixonado? Eu!?
É mais fácil eu ser cancelado, do que estar apaixonado.
Achei dois chicletes da Barbie no bolso de um moletom, por que tudo me
faz lembrar da ordinária?!
Viver é uma bosta.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
gente cadê as migalhas do aniversário dos bonitos? eles não postam nada
😭😭😭😭
Feliz aniversário pros nenês 💞🎊
33.

24/09
Sábado
05:30
⋄✦⋄
Enquanto eu dançava nos braços do moreno, uma música calma e lenta
tocava no fundo. Eu começava e sorrir, e segurar firme em seus ombros. Sua
mão descia pelo meu braço, enquanto a outra tocava meu rosto, me fazendo
sentir seus anéis gelados contra a minha pele. Um clima frio percorria e
rodeava meu corpo, meus cabelos voavam contra o vento, e meus olhos se
fechavam em sintonia com os dele.
Colei nossas testas, e um lágrima percorreu pela minha bochecha. O toque
suave e macio dele em minha pele desapareceu, e tudo que eu conseguia
enxergar em minha volta, ficou preto. Um agudo surgiu em minha mente, e
quando eu abri meus olhos, eu não reconhecia mais o moreno.
Magicamente, ele se tornou literalmente outra pessoa. Agora era Josh.
— Achou que tinha conseguido fugir? — Perguntou, se aproximando.
Não respondi, apenas me afastei assustada.
— Cadê... ele? — Perguntei com a falha.
— Ele quem?
— O garoto que estava aqui antes. — Falei com desespero.
— Fala o nome, querida. — Sua voz engrossou.
— Eu acho... eu não sei. — Respondi.
— Fala. — Ele insistia em dizer firme.
Ele se aproximava cada vez mais, enquanto eu tentava me afastar. Eu caí
no chão, e cobri meu rosto com os braços.
— Fala o nome. — Disse repetidas vezes.
Ele agarrou meu braço com a mão, e vários outras cópias dele foram
surgindo atrás de mim, todos repetindo a mesma coisa. "Fala o nome"

— JADEN! — Acordei respirando pesado, assustada.
Me sentei na cama, e coloquei a mão no meu coração. Olhei para o meu
lado, e Jaden estava acordando com uma expressão confusa.
— Você tá bem? — Perguntou.
— Jaden. — Sussurrei.
— O que foi? — Se aproximou.
Cheguei perto dele, e o abracei com toda a minha força.
— Eu tô aqui. — Falou baixo.
— Eu sei que está. — Saí do abraço, acariciando seu rosto.
— Teve pesadelo? — Perguntou calmamente.
— Eu acho que sim. — Falei baixo.
Parei um pouco pra pensar no que tinha acabado de acontecer...
Eu tinha acabado de sonhar com ele? Porque parecia tão real, mas ao mesmo
tempo, eu não me lembro de quase nada.
Eu só sei que estava dançando com um garoto moreno, no qual eu não
consegui ver o rosto.
Seja lá quem for...
— Quer contar como foi? — Jad perguntou fazendo carinho no meu
cabelo.
— Eu não lembro.
Fiquei quieta por dois segundos, e colei nossas festas.
Não, eu me recuso a acreditar que sonhei com Jaden Walton. Não.
Me afastei, e fiquei encarando seu rosto.
— Que foi, mulher!? — Arqueou a sobrancelha.
É claro que eu nunca vou falar pra ele o que realmente tinha acontecido.
— Deixa eu ser a conchinha menor? — Mudei de assunto.
— Ah não! — Cruzou os braços. — Todo mundo sabe que a conchinha
menor sou eu!
— Por favor!
— Ah.. — Suspirou. — Tá, vem. — Abriu os braços.
Coloquei minha cabeça em cima do braço dele, ele me abraçou, e passou
a perna por cima de mim.
— Se tivesse me abraçado assim antes, talvez eu não teria aquele
pesadelo. — Falei baixo.
— O que?
— Nada, gatinho. — O abracei de volta.
⋄✦⋄
JADEN
O dia amanheceu, eu levantei, mas Maxie continuou dormindo. Ela tava
dormindo pesado pelo visto.
Na verdade, já fazia muito tempo que eu tinha acordado, já tinha comido,
fiquei um pouco com meus irmãos, rodeei a casa toda, fiz uma live, e quando
eu voltei, ela estava saindo do banheiro de cabelo molhado.
— Acordou? — Perguntei me aproximando.
— Acho que não. — Respondeu sorrindo.
— Tá melhor? — Sentei na cama.
— Aham... — Cruzou os braços, e sentou do meu lado.
— Você sabe que...
— Eu falei seu nome. — Falou rápido. — Eu sei.
— Direta. — Escorei minha cabeça no seu ombro.
— Olha... eu realmente não lembro como foi o tal sonho. Mas eu lembro
de ter falado o seu nome.
— Tudo bem. — Sorri. — Deve ter sido um pesadelo comum, e o nome...
deve ser a convivência.
— Por que tá com um cheiro que não é seu? — Mudou totalmente o
assunto.
— O que!?
— Esse cheiro não é seu. — Deu risada. — Você tá com cheiro de
menina.
— Nunca pensei que você fosse machista! Só porquê eu sou homem, não
posso usar perfume feminino?
— Jaden, você não tem perfume feminino. — Falou em tom de sarcasmo.
— Verdade... acho que é o perfume da minha mãe, eu abracei ela hoje.
— Entendi...
Ergui minha cabeça para olhar para ela, e dei risada.
— Tá com ciúmes? — Perguntei.
— Não! — Levantou.
— Tá sim! — Puxei ela pra sentar novamente.
— Jaden, eu só perguntei! Eu conheço o seu cheiro há meses, eu achei
estranho que... — Começou a falar, mas interrompi.
— MINHA NAMORADINHA COM CIÚMES! — Eu berrei, batendo
palma.
— PARA GAROTO! — Escondeu o rosto em uma almofada.
— ELA ME AMA! — Saí correndo para a cozinha.
— JADEN! NAO! — Correu atrás de mim.
— MÃE! — Fui até minha mãe, e a abracei.
— Não. Fala. — Maxie disse firme.
— Não fala o que? — Minha mãe perguntou.
— Que a Maxie me ama. — Sentei em um banquinho.
— É mentira. — Max sentou no banco do meu lado.
— Claro que não! Você tem ciúmes. — Mandei dois beijinhos no ar.
— Eu não tenho ciúmes! Para! — Me empurrou.
— Mãe! Fala pra essa ciumenta que o perfume feminino que tá no meu
lindo corpitcho é seu. — Eu falei indo até ela.
Ela cheirou meu cabelo, e o meu moletom.
— Esse perfume não é meu, filho. — Falou franzindo o cenho.
— O que? — Respondi confuso.
— EU SABIA! — Max levantou do banco. — Seu mentiroso!
— Espera, eu não sei de quem é esse cheiro! — Falei cheirando meu
próprio moletom.
— É um perfume feminino, eu não uso esse tipo de perfume. — Minha
mãe disse rindo.
— Viu?! Eu não tô louca, Jaden. — Cruzou os braços.
— É serio! Eu não conheço esse perfume!
— Claro que conhece, Jaden! O perfume tá em você. Pelo amor de Deus.
— Max olhou no fundo da minha alma.
— Mãe! Me ajuda! — Falei desesperado.
— Se vira, querido. — Ergueu os ombros.
Saí da cozinha com a Max, e fui até o quarto da Jayla.
— Jayla! — Chamei entrando no quarto. — Esse perfume é seu? — Quase
enfiei o moletom inteiro na cara dela.
— Não. — Respondeu seco. — Agora sai! — Apontou para a porta. —
Você pode ficar, Max! — Sorriu.
Nossa meu coração quebrou.
— Obrigada Jayla. Eu vou ficar mesmo, enjoei de ficar com esse daí. —
Max se escorou não porta.
— Ei!? — Abri os braços em sinal de confusão.
— Achei que esse momento nunca ia chegar, glória a Deus. — Jayla
respondeu. — Finalmente chegou a hora de roubar a namorada do meu
irmão!
Max deu risada, e fez um toquinho de mão com Jayla.
— Espera aí, o que!? — Perguntei inconformado.
— Bom dia, gente! — Kylee chegou, passando pela Max na porta.
Max olhou pra mim, e franziu o cenho em sinal de curiosidade.
MAXINNE
— KYLEE! — Jaden gritou aparentemente empolgado.
— AH NÃO, nem vem! Não vou jogar beisebol com você, da última vez
eu acabei com o olho roxo! — Apontou o dedo na cara dele.
Ah, então esse era o "beisebol com os caras" da semana passada.
— Oi! — Ela disse olhando pra mim.
— Olá! — Sorri.
— Eu sou a Kylee. — Estendeu a mão.
Eu olhei para ela por dois segundos, e logo apertei a mão dela.
— Max. — Falei meu nome.
— Kylee, deixa eu te cheirar. — Jaden falou, e nós duas olhamos pra ele
com curiosidade.
— Não! — Se afastou.
— É sério! Vem cá. — Puxou a garota, e cheirou o cabelo dela.
Ergui as sobrancelhas, e desviei o olhar, suspirando fundo.
— Olha Max! O perfume é dela! — Apontou pra ela com o dedo.
— Legal, né? — Olhei pra ele, e sorri.
— Sim! O mistério finalmente foi desvendado, toca aqui! — Ergueu a mão
para mim.
Bati minha mão na mão dele.
— Eu não tô entendendo... — Kylee disse confusa.
— Nem eu, amiga, nem eu. — Jayla completou.
— Eu abracei a Kylee com esse moletom, aí o cheiro do perfume ficou
nele. Hoje mais cedo a Max percebeu o cheiro diferente, e a gente veio aqui
ver de onde o cheiro veio. — Explicou tudo embolado.
— O que!? — Elas perguntaram juntas.
— Nada não, vem Maxie. — Me puxou para fora.
Ele me puxou para a sala, mas logo depois a tia Jessi disse que o almoço
estava quase pronto, então deixei ele lá sozinho, e fui ajudá-la a arrumar a
mesa.
— Ele gosta mesmo de você, Maxinne. — Ela disse do nada.
— Eu também gosto. Quer dizer... a senhora sabe, né? Como amigo. —
Falei distribuindo os pratos na mesa.
— Ele também gosta de você só como amiga.
Quando ela disse isso, eu gelei. Me virei para ela.
— Ele disse isso? — Perguntei.
— Se gostasse dele só como amigo, teria se preocupado?
— Como assim? — Perguntei rindo.
— Você sabe o que sente, só tem que acreditar. — Piscou, e sorriu.
Fiquei quieta, mas quando eu ia responder, a dupla dinâmica entrou na
cozinha.
— O JADEN RASGOU O SACO DE PANCADAS! — Javon gritou.
— MENTIRA ELE RASGOU DO NADA! — Jaden continuou.
— Do nada!? Você literalmente bateu nele com um taco de beisebol, DO
NADA!? — Javon olhou pra ele.
— Eu não sabia que ele era frágil!
— O SACO DE PANCADAS NÃO É FRÁGIL!
— Vão brigar lá fora! — Jessi espantou eles com a mão.
— Como é que eu vou treinar agora, sem saco de pancadas!? — Javon
perguntou.
— Vai pra academia! — Jaden respondeu.
— Ou eu treino em você! — Empurrou Jaden.
— Para Javon! — Se escondeu atrás da tia Jessi.
— Tá com medo do seu irmão gêmeo..? — Perguntei.
— Sim!
— Jesus... — Eu e Jessie falamos juntas.
— O que tem aí pra comer? — Ele andou até as panelas.
— Jaden! — Jessi exclamou. — Sai daí, menino! — Deu um tapinha na
mão dele.
— Jaden, da licença! — Falei.
— Ah, então as duas viraram amiguinhas agora!? — Ele perguntou
indignado.
— Foi na roça, perdeu a mãe. — Falei sorrindo.
— É "foi na roça, perdeu a CARROÇA". — Javon disse.
— Perdeu a mãe e a carroça no mesmo dia? — Dei risada.
— Pronto. Podem comer. — Jessi colocou a última panela em cima da
mesa.
Jaden mostrou a língua pra mim, e sentou.
— Jaden, vai chamar a sua irmã! — Ela mandou, e ele levantou bufando.
— Pode sentar, Maxinne. — Ela sorriu simpática.
— O QUE!? — Jaden começou. — Por que eu não sento, e ela vai chamar
a Jayla!?
— Porque ela é convidada, você não. Vai logo!
Me sentei, e Jaden saiu suspirando.
Quando ele chegou com as duas meninas, Jayla se aproximou para sentar
ao meu lado.
— LICENÇA! — Jaden berrou, empurrando Jayla.
— Licença você! — Ela empurrou ele de volta.
— Minha garota, minhas vantagens! — Empurrou ela, e sentou.
— Não sou sua garota. — Sussurrei colocando salada no prato.
— Você sabe que é. — Sussurrou de volta.
— Sei, é? — Ergui as sobrancelhas.
— Por que tá estranha?
— Eu não tô estranha, você que é estranho. — Revirei os olhos.
— Vai se foder!
— Olha a boca! — Jessi falou.
— Verdade, olha a boca. — Falei colocando um tomate na boca.
— Ela fala coisas piores do que isso quando estamos sozinhos! —
Exclamou olhando para a mãe dele.
— Mentira. — Empurrei ele.
— Para de implicar com a garota! — Jayla falou.
— É, Jaden. — Sorri.
— Todos estão contra mim nessa casa. — Suspirou, e começou a servir a
comida.
— Só percebeu isso agora? — Javon perguntou.
Aí... os dois começaram a fazer uma mini guerra pra ver quem que iria
pegar a colher de servir carne primeiro.
Resumo: Javon acabou com um arranhão na bochecha. Jaden tem mesmo
que cortar as unhas.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
me perdoem pelo capítulo pequeno 😭😭
prometo que o próximo vai ser maior!
34.

25/09
Domingo
16:35
⋄✦⋄
Estava com Olívia e Jayla no carro, indo para o McDonald's.
Eu só tinha esquecido de uma coisinha... Olívia no volante, perigo constante!
— TARTARUGA! — Gritou, colocando a cabeça pra fora do vidro.
Eu coloquei a mão no rosto, e suspirei. Eu estava no banco de trás, Liv
quase implorou para Jayla ir na parte da frente com ela. Mas também quase
implorou para eu ir junto, porque não queria ficar sozinha com ela.
— Para no Drive Thru, eu tô com medo das pessoas descobrirem que a
gente se conhece. — Falei.
— Certo. — Liv respondeu. — Pode ser, Jayla?
— Uhum. — Respondeu, concentrada no celular.
— Alguém me tira daqui. — Sussurrei com os braços cruzados.
Olívia não tem um pingo de vergonha na cara. Ela dá em cima da Jayla
genuinamente mal.
— Quero dois Big Mac's e um McLanche feliz. — Ela disse pro
atendente.
MCLANCHE FELIZ!?
— Espera aí! — Eu disse, mas ela já tinha pedido, e já estava saindo de
lá.
— O que? — Ela perguntou.
— Nada, Olívia. Nada. — Revirei os olhos, e encostei as costas no
banco.
— Não me chama de Olívia! — Olhou para mim.
— Tá bom, Liv. — Sorri falso.
— Qual é o nome do seu pai, Olívia? — Jayla falou concentrada no
celular. — Minha mãe tá perguntando.
— Tiago Parker. — Ela disse sorrindo de orelha a orelha.
"Não me chama de Olívia" eu tô me humilhando demais aqui.
— Seus irmãos estão por aqui, hein? — Perguntei entediada para Jayla.
— Eu não sei, eu acho que estão em casa.
Entre ficar no meio de um casal, segurando vela, e ficar entre dois irmãos
cabeçudos brigando sem parar...
Eu prefiro ficar entre os cabeçudos.

— Gente, mudei de ideia. — Me aproximei delas. — Eu vou descer, e vou


ficar ali na frente.
— Por que!? — Perguntaram juntas.
— Porque sim. — Sorri, e me virei para abrir a porta e sair. — Podem
comer o McLanche Feliz. — Desci do carro, e corri até a frente do
estabelecimento.
Esperei por uns quatro minutos, e ele chegou. Pelo visto o lugar que eles
estavam é perto daqui.
Entrei no carro, que inclusive era uma camionetona preta, quase não
consegui subir.
( só consegui subir com a ajuda de Jaden segurando minha mão do outro
lado. )
— Como é que você dirige isso? — Perguntei.
— O pai manja de carro, tá ligado né, 'meo! Assim que as 'novinha g...
— Credo moleque, tá drogado? — Perguntei me afastando.
— Desculpa.
Ficamos em silêncio, apenas um olhando para o outro com um mínimo
sorriso no rosto.
— Não vai... — Ele começou a dizer, mas interrompi com um selinho.
— O que? — Perguntei sorrindo.
— Ia perguntar se não ia me beijar. — Começou a dirigir.
— Mas eu te beijei.
— Não do daquele jeitinho que eu gosto. — Continuou com seu olhar
concentrado na rua.
Eita, congelei.
— E como você gosta?
Se ele tem respostas boas, eu também tenho.
— Achei que já soubesse. — Sorriu convencido.
Jaden Walton me deixou sem respostas com uma frase. Parece até piada.
Fiquei quieta, e desviei o olhar para a janela.
— Ficou com vergonha? — Deu risada, e colocou uma mecha do meu
cabelo atrás da minha orelha ainda concentrado na estrada.
— Você não me deixa com vergonha, Jad.
— Jura? — Perguntou empolgado.
— Uhum. — Assenti, ok... eu estava com vergonha.
Ele desceu a mão que estava no meu cabelo, deu dois tapinhas suaves no
meu ombro, e voltou a dirigir com as duas mãos.
Olhei para ele, e o encarei como no dia 17/08. Quando estávamos dentro
do carro, e eu olhei sua corrente por baixo do terno, que agora é só uma
camiseta regata. Quando contei suas sardas perto da orelha, seu nariz
empinado, os anéis, o relógio caro de filhinho de papai, o cab...
— Tira uma foto que dura mais. — Falou, me fazendo "acordar" e parar
de pensar.
— Como é? — Perguntei confusa, ajeitando minha postura.
— Tava encarando minha corrente. — Sorriu, e olhou pra mim. — Na
verdade, tava me encarando por inteiro. Acho que tá apaixonada. — Deu
risada.
— Eu!? Mais fácil você se apaixonar por mim, do que eu por você, se
toca.
— Sério? Não parece. — Debochou.
Por que homem é assim?
— Jad, cresce. — Suspirei.
— Eu sou maior que você. — Falou claramente na intensão de caçoar.
— Jesus... onde será que seus pais acertaram, hein? Porque onde erraram,
já está claro.
— Acha um ralador gigante, e se enfia lá.
— Faz tutorial.
Ele apenas mostrou o dedo, e eu mostrei de volta.
Chegamos em um lugar, era bem grande até, paredes pretas, janelas
grandes e escuras... realmente parecia uma academia.
— Tem uns caras babacas por aqui, então não fica longe de mim, pode
ser? — Jaden falou me puxando para entrar.
— Que caras babacas? — Perguntei.
— Eles... tem um jeito estranho de receber garotas aqui. — Parou de
andar, e olhou pra mim. — Relaxa, eu não vou deixar eles chegarem perto de
você.
— Não vai deixar? — Debochei, e ele suspirou levemente irritado. — Eu
tô brincando, sei que não vai. — Sorri.
— Cheia de gracinha você, né? — Segurou minha mão, e me puxou pra
dentro.
Lá dentro era bem ventilado, iluminado, e bem barulhento. Estava tendo a
tal luta, mas não era uma competição pra valer, era só um treino.
Eu estava encantada com o tamanho do lugar, e escutava xingamentos e
gritos para todo lado. Se isso era só um treino, imagina como deve ser uma
luta de verdade?
— Tudo bem? — Jad perguntou depois de alguns minutos que eu fiquei
calada.
— É... — Sorri, e senti ele passar o braço pelo meu ombro.
Olhei em volta mais uma vez, e vi um garoto enorme, ruivo, e cheio de
sardas no rosto.
— Aquele é o Steve. — Jad disse, e me segurou mais firme. — Não
confie nele. É um idiota.
— Ok.. — Respondi desconfiada.
Ele me levou até um espacinho onde tinham três cadeiras para familiares
ou amigos próximos. Onde nelas estavam a tia Jessi e Javon sentados. O que
na verdade é meio estranho, porque nem a Jessica nem o Javon eram
familiares dos garotos lutando...
— Só tem uma cadeira sobr... — Comecei a falar, mas fui interrompida.
Jad literalmente me empurrou, e sentou na cadeira sorrindo como uma
criança inquieta.
— Sério!? — Exclamei.
— Senta aqui. — Deu três batidinhas no próprio colo.
Ergui as sobrancelhas, e quando eu ia dizer algo, fui interrompida
novamente, pela Jessica agora.
— Ninguém vai sentar no colo de ninguém, pelo amor de Deus! — Falou
levemente alto.
— Relaxa, eu estava brincando. — Ele fez uma expressão séria.
— Gente, como vocês não conseguem resolver uma situação tão simples?
Jay levanta e fica em pé, pra Max sentar e descansar! — Javon falou.
— Descansar do que? — Ele perguntou com os braços cruzados.
— Carregar um bebê chorão e mimado nas costas não deve ser moleza. —
Respondeu com um sorriso vitorioso no rosto.
— Quem?
— Te perguntou?
— Sua namorada. — Jaden deu risada. — Ah é... você não tem.
— Nem você, idiotão! — Mostrou o dedo do meio.
— Tenho sim, ela é invisível. — Jad abraçou o vento.
— Esquisofrênico.
— Parem com isso! — Jessi falou. — Peçam desculpas, os dois!
Os dois hesitaram por uns segundos, mas logo responderam.
— Desculpa. — Jad começou.
— Tá desculpado. — Jav respondeu.
— OH MÃE! — Ele choramingou.
— Tá bom... desculpa. — Javon finalmente pediu.
Jay sorriu forçado, e levantou.
— Senta aí, gatinha. — Apontou pra cadeira.
— Não quero. — Respondi com um mínimo sorriso no rosto.
— Ué? Quer sim!
— Não quero não, senta você. — Me apoiei em uma espécie de "palco"
que fica em baixo do ring.
— Eu também não quero mais. — Se apoiou como eu, e ficou ao meu
lado.
Não falei nada, apenas sorri.
⋄✦⋄
Depois que a luta acabou, fomos até um restaurante ali perto para comer.
— As crianças daqui são tão agitadas, né? — Perguntei para Jad, que
estava quase grudado no celular.
Ele não respondeu, só ficou escrevendo algo.
— Jad? — Chamei.
— Oi? — Respondeu ainda no celular.
Porra, tá escrevendo um texto?
Não que eu me importe.
Deve ser importante. Ou não... deve ser algum amigo importante. Ou uma
amiga... nem todos os garotos tem amigos só homens, né? Eu sou amiga do
Jaden, e sou um garota. Eu acho, que somos amigos.
Suspirei, e apoiei meu rosto na minha mão.
— Escolheu, Maxinne? — Jessica perguntou olhando o cardápio.
— Já! — Ajeitei a postura, e sorri.
— Parece meio... distante. — Javon falou depois de um tempo.
— Tô tranquila. — Dei risada.
Fiquei alguns minutos em silêncio, e olhei para Jaden ao meu lado. Estava
ainda no celular, previsível.
— Você tá bem? — Bloqueou o celular, e olhou para mim.
— Uhum. — Assenti.
— Tá me olhando faz um tempinho. — Mexeu no meu cabelo.
— Tô te olhando normalmente. — Sorri.
— Ok. — Sorriu de volta, e me deu um selinho disfarçadamente. Quase
imperceptível.
Ele é desses.
— Não pode me beijar aqui. — Empurrei ele com uma mão.
— Quem disse? — Encostou as costas na cadeira.
— Eu... acabei de dizer.
— Foda-se. — Sorriu forçado.
Com quem ele tá aprendendo essas coisas?!
Dei um tapa na cabeça dele, e ele me bateu de volta.
— Garoto!? — Arqueei a sobrancelha.
— Lei Mário da Penha, nunca ouviu falar? — Pegou o celular de novo.
— Jaden, guarda esse celular! — Jessica falou.
— Eu tô resolvendo uma coisa importante, não dá!
Javon, que estava ao lado dele, pegou o celular de Jaden e olhou as
conversas.
— Oh... — Murmurou sorrindo. — Isso é o que eu tô pensando que é? —
Olhou para Jav.
— Shiu! — Deu um soquinho no ombro do Jav.
Olhei para os dois com curiosidade. Repito: não que eu me importe.
— Me devolve! — Jad falou.
— Devolvo, só porque é uma ideia muito maneira. — Devolveu o celular.
Não me importo.
— Me deem esse celular! — Jessica estendeu a mão.
— Olha aí! O que você fez, seu cabeçudo! — Jad falou entregando o
celular.
— Nossa cabeça é do mesm...
— A minha cabeça é mais bonita. — Jad interrompeu.
— Prestou atenção no que acabou de falar? — Eu disse rindo.
— Menti? — Jad perguntou.
— Mentiu. — Javon respondeu.
— Seu rabo.
— Pelo menos meu nariz é normal.
— O meu nariz é normal! — Jaden exclamou.
— Ah é.. super! — Javon ironizou.
— Maxie, fala pra ele que meu nariz é normal!
— Seu nariz não é normal, querido. — Olhei para ele.
Ele abou a boca surpreso, e colocou a mão no coração.
— Mas é lindo! — Tentei me explicar. — É bonitinho.
— Até sua namorada acha seu nariz empinado! — Jav gargalhou.
— Ela é assim, me lembro hoje do dia em que eu me ajoelhei, pedi, e ela
disse "sim". — Jad falou fingindo estar "emocionado". — Ela já foi melhor.
— Você nunca pediu, e eu nunca disse "sim". — Murmurei.
— Ainda. — Javon sussurrou.
— Tem razão. — Jaden concord... Jaden concordou..!?
— Pelo amor de Deus. — Revirei os olhos. — Vou no banheiro. —
Levantei.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Dia seguinte
Eu tinha ido dormir na minha casa, e Jaden na dele. Nem me lembro a
última vez que isso aconteceu!
Eu tinha acabado de acordar, e estava descendo as escadas. Legal... todo
mundo em casa.
— Mãe, quem é esse garoto? — Apontei para Thomas.
— Tô na minha casa. — Respondeu seco.
— Jura? Desconfio disso. — Entrei na cozinha.
— Vai te catar! — Mostrou o dedo.
— Perdeu seus amiguinhos idiotas? — Perguntei abrindo a geladeira.
— Não sou igual a você, eu consigo segurar minhas amizades. — Olhou
para mim.
— Eu também consigo. Parece que alguém não me conhece tão bem assim.
— Peguei um pacote de biscoito de soja.
— Duas ou três pessoas no máximo. Acertei? Não é muita coisa.
— Tenho mais amigos verdadeiros do que você tem de pelos no bigode.
— Passei por ele.
— Acha mesmo? — Se virou, ainda olhando pra mim.
— Não. Eu tenho certeza. — Comecei a subir as escadas.
— Tô sabendo daquele seu namorado. — Falou de repente, me fazendo
ficar parada.
— Quem? — Virei para ele.
— Walton. — Começou a vir até mim. — Só não sei qual é. O lutador, ou
o jogador.
— Não é nenhum dos dois.
— Toma cuidado com essa gente. — Chegou perto o suficiente de mim. —
O jogador de beisebol costuma causar traumas em garotas como você.
— Não o conhece. — Continuei a subir.
— Você conhece?
— Só de vista.
— Acho bom. — Começou a subir junto comigo. — Não quero você
andando com ele. Com nenhum deles.
— Essa decisão não é sua.
— Talvez seja. — Parou de subir, ficando parado um degrau a baixo de
mim. — Infelizmente ainda sou seu irmão, tenho que cuidar de você.
— A responsabilidade de cuidar de mim, é só minha.
— A mãe ensinou isso a você? Previsível. — Me passou, e subiu para o
seu quarto.
Por que ele está tão... diferente?
Entrei no meu quarto, e peguei meu celular. Na mesma hora em que
peguei, começou a chegar umas mensagens.
Se for alguma coisa molhada, ou suja... eu juro que quebro aquele
narizinho com o seu próprio taco de beisebol.
Suspirei, e desci.
Quando abri a porta, Jad estava saindo do carro sorrindo. Quando me viu,
veio correndo me abraçar.
— Que saudade! — Falou me abraçando forte.
Ficamos uma noite longe um do outro.
— É...? — Dei risada.
— Aham! — Saiu do abraço, e me deu três selinhos.
— Jaden! Aqui não! — Sussurrei.
— Não resisti, foi mal. — Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da
minha orelha.
— Veio aqui em casa só pra dizer que tá com saudade? — Perguntei.
— Mais ou menos... — Respondeu pensativo. — Tenho uma
lembrancinha pra te entregar.
— Que lembrancinha? — Sorri.
— Tá lá dentro, espera aí.
Ele foi até a parte de trás do carro, e abriu a porta. Quando me dei conta,
tinha um golden filhote correndo em minha direção. Os pelos dele eram
amarelados, puxando por dourado. Era lindo.
— Jaden... — Sussurrei maravilhada, me abaixando para fazer carinho.
— Essa era a lembrancinha. — Fechou a porta, e veio até nós. — Gostou?
— Fez carinho no cachorro.
— Isso é... incrível! Você é incrível! — Sorri encantada.
Ele não disse nada, apenas me olhou. Na verdade, acho que ele ficou sem
palavras pra responder.
Eu continuei sorrindo, e me aproximei dele.
— Obrigada. — Sussurrei, e o beijei.
O primeiro beijo de língua depois de muitos dias. Não sei como eu
aguentei. Não sei como ele aguentou.
Dei minis sorrisos durante o beijo, e acariciei seu cabelo. Até que lembrei
que meu irmão ainda tava aqui em casa, então me afastei devagar.
— De nada.. — Respondeu aparentemente "desnorteado".
— Como é o nome... dela? — Perguntei depois de ver alguns lacinhos
rosas e amarelos no pelo.
— É... sobre essa parte... — Coçou a nuca. — Tenho uma notícia boa, e
uma ruim é uma boa, qual você quer primeiro?
— Pelo amor de Deus, moleque. — Olhei para ele desconfiada. — Fala a
ruim.
— A ruim, é que... pra adotar ela, eu tinha que colocar um nome já na hora
né? Só que... eu não sabia qual que você ia querer, então coloquei o nome
dela de "A Cachorra".
Mentira que ele colocou o nome da cachorra de "A Cachorra". Agora ele
me pegou. Eu acho que ele estava esperando eu brigar com ele, mas na hora,
eu só consegui cair na gargalhada.
— Você tá rindo..? — Perguntou sorrindo minimamente.
Ele conseguiu me surpreender mais uma vez. Como ele ainda consegue?
Eu adoro esse garoto. A burrice e a lerdeza que habita nele me faz sorrir
todos os dias.
— E qual é a boa? — Perguntei ainda rindo.
— A boa, é que agora você vai poder mudar o nome dela! — Abriu os
braços. — Tcharam!
Parei de rir, e fiquei só encarando ele com um sorriso. Eu sentia meus
olhos brilharem, e meu rosto queimar. Eu não conseguia conter meu sorriso,
e a minha respiração ofegante. Eu estava feliz. Eu me sentia feliz. Por muito
tempo eu passei sem entender o que era esse sentimento, mas agora eu
entendo. E agora eu sinto isso todos os dias, quando estou perto dele, quando
encosto nele.
— Jane. — Saí dos meus pensamentos, e falei.
— O nome dela? — Perguntou.
Esse moleque tá mais lerdinho que o normal hoje.
— É! — Respondi. — Jane Cline Walton.
— Jane... são nossos nomes juntos. — Olhou para mim.
Jura, Jaden!?
— É um bom nome. — Levantei.
Estávamos conversando, mas fomos interrompidos
pela Valéria surgindo do nada atrás de mim.
— UM CACHORRINHO! — Falou admirada.
— Lá vem... — Falei.
— Posso fazer carinho? — Perguntou.
— Pode. — Nós dois respondemos juntos.
— É seu? — Perguntou para Jaden.
— É da sua irmã. — Ele respondeu.
— É nosso. — Olhei para ele.
Ele sorriu, e fez carinho nela junto com a Valéria.
Como é que eu poderia esconder esse rolo com o Jaden do meu próprio
irmão? Simples: não vou esconder.
Ele tem que aceitar minha decisões, e deixar eu viver minha própria vida.
Não preciso mais dele faz um tempo.
No momento, não quero ficar me preocupando com o que ele vai pensar
ou falar, quero ficar com Jad, e cuidar da minha filha nova.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
que saudade!!!! 😭😭😭💞💞💞💞
"A Cachorra"
35.

26/09
Domingo
12:00
⋄✦⋄
Eu estava com Jaden no meu quarto, mas decidimos que íamos levar a
Jane no petshop para comprar brinquedos e roupinhas.
Antes, eu só precisava trocar de roupa e fazer uma maquiagem.
— Esse, ou esse? — Ergui dois looks pendurados nos cabides.
Tinha um vestido colado de cetim branco. E um conjunto roxo de cropped
e saia com renda na barra.
— Vestido! — Jaden respondeu deitado na minha cama.
— Ah não. Ele fica transparente quando molha. — Eu joguei o vestido
branco de volta no armário, e fui para o closet.
— Por que pergunta, então?!
— Pra saber a sua opinião. — Fechei a porta.
JADEN
Ela fala como se se importasse horrores com a minha opinião.
Depois de mais ou menos... quinze minutos, ela saiu do banheiro com um
conjunto de moletom amarelo escrito "Make Boys Cry" na parte de cima.
— Ué? E a outra roupa? — Perguntei.
— Não gostei. — Sorriu. — Vem aqui! — Me chamou com a mão,
voltando para dentro do banheiro.
Hesitei por alguns instantes, mas levantei com preguiça, e fui até ela.
— Toma. — Me entregou um negócio meio quadrado rosa.
— Que isso? — Arqueei a sobrancelha.
— Uma chapinha..? — Falou com se fosse óbvio.
MAS NÃO ERA ÓBVIO. Um negócio quadrado meio redondo, rosa, e
que claramente NÃO parece uma chapinha normal, não é óbvio.
— O que a madame espera que eu faça com isso aqui, hein? — Desenrolei
o fio da "chapinha".
— Coloca em uma mecha do meu cabelo, e aperta esse botão. — Colocou
o dedo em cima de um botão branco. — Só isso.
— EU!? — Apontei o dedo para mim mesmo.
— Aham. — Murmurou, se virando para o espelho em cima da pia.
— Por que?! — Choraminguei.
— Porque estou mandando. — Pegou um negócio redondo amarelo,
parece uma esponja, e passou base nele.
— Mas por que eu!? — Fiz uma cara de sofrimento.
— JADEN. — Falou alto. — Eu vou passar essa chapinha na sua língua.
— Se virou para mim.
— Desculpa. — Abaixei a cabeça, e ela se virou novamente.
Eu definitivamente ODEIO ver ela alisando e escurecendo o cabelo.
Maxinne Cline é uma garota tão linda que não consegue enxergar isso, sem
ser descontando tudo em produtos químicos ou maquiagens.
Ela passou a esponja na cara, e depois espirrou um pó branco lá, fez um
risco no olho, penteou os cílios, passou brilho branco no nariz, e pintou a
boca de rosa transparente brilhante.
Enquanto isso, eu terminei a segunda mecha...
— Terminou? — Perguntou guardando as coisas dentro de uma bolsinha.
— Quase... — Não estava nem perto do "quase".
Puxei todo seu cabelo para trás, e a virei de costas para o espelho,
ficando de frente para mim.
— Pronto! — Menti. — Tá lisinho seu cabelo!
— Não tá não. — Gargalhou. — Eu tô sentindo ele ondulado. — Ia se
virar de novo, mas eu impedi.
— Tá não! — Ri frouxo. — Tá linda. — Sorri.
— É sério, Jad. — Né olhou com tédio.
— É... — Olhei em volta.
Ela se escorou na pia, e o negócio caiu no chão.
— Caralho! — Ela gritou, abaixando para pegar.
— Deixa ela aí! — Puxei ela pela mão, fazendo a mesma se levantar
novamente.
— Será que estragou?! — Tentou abaixar novamente.
— Max, para! — Falei alto e claro, antes de depositar um selinho
demorando em sua boca.
— Que foi?
— Só... relaxa! Deixa essa merda pra lá, ok? — Abracei sua cintura. —
Não precisa dela.
— É fácil falar, né? garoto. — Abraçou meus ombros de volta.
— Deixa ele natural hoje. — Me afastei suavemente para olhar em seus
olhos, ainda abraçando seu corpo.
— Ok... — Suspirei. — Prometo que vou maneirar na chapinha. —
Aproximou nossos rostos. — Mas não prometo que vou parar. — Disse antes
de morder meu lábio inferior, e me beijar ferozmente.
Tirei minhas mãos de sua cintura, e as coloquei em seu queixo.
O que tá acontecendo com a minha Max?! Na minha época, quem tomava
as atitudes aqui era eu!
Me deu dois selinhos rápidos quando perdemos o fôlego, e saiu me
puxando para fora.
— Tem que retocar esse seu gloss. — Falei.
— Ah, é. — Voltou para o banheiro.
E eu atrás, já que ela agarrou na minha mão, e não solta mais. As vezes eu
sou tratado como cachorro.
— Você também. — Deu risada, e passou uma toalhinha molhada na minha
cara toda.
— Que isso!? — Falei abafado, com o negócio quadrado branco
preenchendo meu rosto.
— Demaquilante. Você as vezes parece um neném. — Sorriu. — Eu tô
beijando um neném. — Me puxou para fora novamente.
— Eu não sou "neném". Eu sou homem. — Protestei.
— Nem você acredita nisso. — Abriu a porta, para sairmos.
⋄✦⋄
Quando chegamos lá, o pershop estava quase vazio, a clientela tá em falta
hoje, pelo visto. Tadinhos.
— Você fala. — Max me cutucou.
— Uai, por que!? — Franzi o cenho.
— Porque sim. — Entrei lá dentro.
Mulheres... morro de medo.
— Boa tarde! — Comecei falando, por livre e espontânea vontade.
— Posso ajudar? — Sorriu claramente forçado.
Esse povo tá recebendo pra ser mal educado!?
— Eu quero marcar um banho pra ela. — Fechei a cara e fiz bico também.
— Pra ela..? — Apontou para Maxinne brincando com a Jane lá fora.
Segurei a risada por dois segundos, e explodi em uma gargalhada
escandalosa. Pude ver Max olhando feio pra mim, lá de fora.
— Não achei graça. — Fechei o sorriso rapidamente.
— Somente um banho, para a cadela, certo? — Perguntou anotando algo
em um bloco de notas.
— É né!? — Cruzei os braços. — Cada pergunta... — Sussurrei
suspirando.
— Qual o nome? — Perguntou ainda concentrada no papel.
— É... acachorra... — Sussurrei embolando as palavras.
— Perdão? — Olhou para mim, desentendida.
— Acachorra. — Falei rápido.
— Pode falar mais alto?
— A CACHORRA. — Gritei, e ela tampou a orelha direita.
— Certo. — Sorriu fraco, e anotou.
Fui buscar ela, e levei até lá dentro.
— Pronto. — Voltei para fora.
— Por que não falou que o nome dela é Jane? — Ela perguntou sorrindo.
— O nome dela é A cachorra. Jane é apelido! — Exclamei.
— O nome dela não é "A Cachorra". — Afirmou.
— É sim! No registro da adoção, tá escrito "A Cachorra".
— Me lembre de nunca mandar você ir no cartório colocar o nome de
nenhuma criança. — Sentou no meio fio.
— Pretende ter alguma criança? — Sorri, e sentei ao seu lado.
— Com você? — Arqueou a sobrancelha.
— Pretende? — Perguntei novamente.
Não respondeu, apenas desviou o olhar para a rua.
— Vamos comprar uma roupa de homem aranha pra ela? — Perguntou se
levantando.
— Homem aranha não é muito comum pra meninas... — Falei levantando
também.
— Ela não é uma menina. — Deu risada, e entrou no petshop.
—Tá querendo me falir!? — Perguntei a seguindo.
— Aham. — Começou a mexer em uma caixa cheia de roupinhas. — Por
que? Tá sem grana?
— Nunca disse isso. — Ergui as mãos em sinal de rendição.
— Mas tá parecendo. Deixa que eu pago. — Sorriu.
— Calma aí, garota! Eu pago.
— Já que insiste... — Levantou um macacãozinho de My Little Pony. —
Isso te lembra algo?
— My Little Pony... — Sorri. — Que saudade!
— Sente saudade do acampamento? Eu também.
— Queria voltar no tempo.
— Voltar? Mas... se voltar, não vamos ter se conhecido. — Olhou para
mim.
— Entre voltar pra acampamento, ou ficar aqui te beijando todos os dias...
qual você acha que eu escolheria? — Olhei para ela de volta.
— Voltar pro acampamen... — Começou a falar, mas interrompi com um
beijo rápido.
Me afastei rapidamente, não seria m nada legal aquela atendente antipática
chegando e vendo a gente aqui se beijando.
— Prefiro você. — Falei mexendo na caixa de roupas pra cachorro.
— Eu também... prefiro você. — Deu risada.
— Mesmo!? — Dei um sorriso muito sincero que eu não dava em muito
tempo.
— É... sabe, temos uma filha.
Dei risada, e entrelacei nossas mãos.
— Só falta casar. — Comentei.
— Tem dinheiro pra bancar a festa? — Perguntou olhando pra mim.
— Tenho tudo, pra você.
— Então... — Começou a falar, mas não terminou.
Eu ia responder, mas a atendente apareceu atrás de nós.
— Ela já está pronta para ir. — Falou sem nenhuma expressão.
— Já!? — Perguntei.
— Não estava suja, e... como não tinha ninguém na frente dela, foi rápido.
Max foi pegar ela, enquanto eu pagava as roupas, e o banho. Ser um pai de
família não é fácil.
Saímos de lá, e Max disse que queria ir até aquele laguinho que tem perto
da casa dela.
É claro que eu fiz o que ela queria.
Sentamos na grama que ficava na beira do lago, e soltamos a cadela para
andar.
— Você é um ótimo garoto, sabia? — Ela falou do nada, quebrando o
silêncio.
— Por ter pagado o banho da cachorra? — Dei risada.
— Também... — Ergueu as sobrancelhas. — Mas... eu gosto de você. Do
seu jeito.
— Que jeito? — Olhei em seus olhos.
— Não sei explicar. Eu só... quero ficar com você, por um bom tempo. —
Escorou a cabeça no meu ombro.
"Não quero que acabe." Sussurrou.
Eu nunca sei o que ela quer dizer. E sempre foi assim, desde quando nos
conhecemos naquele bendito acampamento. Eu acho... que é isso que me
atrai tanto, isso que me prende tanto a ela. A curiosidade de descobrir o que
ela está pensando. O que está sentindo. Eu adoro quando sem querer ela
conta coisas que não deveria contar, quando se empolga com reações
empolgantes, quando da risada da minha cara, quando me bate para
descontar sua própria raiva. Quando me procura quando está com
problemas, quando desabafa sobre sua vida sem perceber, e quando pede
minha opinião. Ah... quando ela pede minha opinião... é como se eu saísse
voando.
— Por que? — Foi a única coisa que consegui dizer.
— Você é especial pra mim, Jaden Walton.
— Por que? — Repeti, não acreditando no que estava ouvindo.
— Não sei. Eu nunca senti isso com ninguém. — Deu risada, e levantou o
rosto para olhar pra mim. — Não fala isso pra ninguém. — Aproximou seu
rosto perto do meu.
Coloquei minha mão em seu queixo, e puxei para colar nossos lábios.
Suspirei aliviado, quando finalmente senti o gloss de cereja que eu tanto
amo. Pedi passagem para a língua, e ela permitiu. Só Deus sabe o quanto eu
amo isso.
Coloco esses beijos na minha oração todas as noites antes de dormir.
Puxei ela para deitar na grama, e me afastei com a falta de fôlego.
Depois de dois minutos e vinte segundos de beijo... não que eu tenha
contado.
— Deus... nunca deixe isso acabar! — Falei com os olhos fechados.
— Não sou Deus... mas vou fazer o possível. — Ela disse docemente.
— Eu vou criar um FC pra esse beijo.
— Para, garoto. — Deitou no meu peito.
— Juro! — Dei risada.
— Adoro jogar meu tempo fora com você. — Ela disse.
— Nossa, vou levar isso como uma ofensa.
— Que bom. — Fez carinho no meu abdômen com o dedo indicador.
Arranquei um pedaço de grama, e peguei sua mão direita.
— Vamos fazer uma promessa? — Perguntei.
— Depende... — Respondeu desconfiada.
— Promete que não vai ter nenhum amigo mais amigo do que eu?
Ela deu uma gargalhada, mas depois ficou quieta.
— Prometo. — Respondeu segura.
Tirei um anel que estava no meu dedo indicador, e coloquei a grama nele,
a prendendo com um nó.
— E você? Promete? — Levantou para me olhar.
— Prometo. — Coloquei o anel no seu dedo anelar.
Ela sorriu, e tirou outro anel do polegar, e fez o mesmo que eu.
— Enquanto estiver com essa grama no anel, não pode ter nenhuma amiga
mais amiga do que eu. — Colocou o anel no meu dedo anelar.
Dei risada, por conta da situação boba que estávamos fazendo.
Ela olhou em meus olhos, e deitou em meu peito novamente, voltando a
acariciar meu abdômen como antes.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
qual é o maior planeta do mundo?
sumi e apareci de novo 🥰🥰🥰❤❤❤❤ amaram?
36.

17/10
Segunda - Feira
07:34

Pra começar, já se passaram duas semanas desde que coloquei um pedaço
de grama no meu dedo. E ela ainda está aqui, morta, mas está aqui.
Max e eu nos vemos todos os dias, e nunca mais dormimos separados. Eu
diria que realmente estamos parecendo, e agindo como um casal.
Eu realmente queria que fosse.
Depois de meses com a Max, eu percebi que comecei a sorrir de novo.
Comecei a sentir coisas, de novo. Percebi que Maxinne não é como a Rosa,
o que já era óbvio, mas agora eu tenho certeza. Talvez eu esteja prestes a
começar a planejar o dia em que vou acabar com a minha adolescência, e
minha vida social.
Se você já espera decepção, você nunca se decepciona.
Eu acho que já está meio óbvio o que eu pretendo fazer. Mas não será
hoje, nem agora.
Nos meus planos... isso terá que ser adiado para outro dia. Tenho uma
ideia que vai funcionar muito bem, na minha mente.
— Preciso da sua ajuda. — Falei entrando no quarto do Javon.
— Não. — Respondeu passando perfume para ir a escola.
— É assim, você vai comigo até a... — Fui interrompido.
— Não vou! — Falou alto.
— Se me ajudar, compro um saco de pancadas novinho só pra você. —
Revirei os olhos.
— Onde é pra eu ir? — Sentou ao meu lado na sua cama.
— Na papelaria, comigo. — Olhei para ele.
— Pra que..?
— Comprar alguns... enfeites. — Falei pensativo.
O Halloween já é daqui uma semana. Precisamos de decorações.
— Enfeites de Halloween?
— De natal é que não é, né bocó!
— Não me chama de bocó! Tô te ajudando. — Me empurrou.
— Vai ficar jogando na cara?!
— VOU! — Berrou.
Ficamos em completo silêncio por dez segundos, um olhando pra cara do
outro.
— Você tem uma testa enorme. — Falei quebrando o silêncio.
— Somos gêmeos.
— Nem notei. — Cruzei os braços.
— Tipo... a gente dividiu um útero, e tal... — Falou pensativo.
— Javon, eu sei. Eu me lembro muito bem de quando você me batia, e
comia todas as proteínas.
— Mentira! Você nem lembra disso.
Javon é definitivamente mais burro do que eu.
— Lembro sim. — Afirmei.
Ele apenas se virou, e lançou um soco nas minhas costas, que chega
estalou pelo quarto.
Pra quem não sabe, esse é o soco de "brincadeira" do Javon. Só Deus
sabe como eu sofro quando estamos brincando.
— Ai. — Murmurei, me jogando na cama pra fazer drama.
— Doeu?
— Doeu.
— Que bom. — Deitou ao meu lado.
— Eu te amo, mano, mas tenta maneirar nesses socos, puta que pariu. —
Sussurrei a última parte.
— Eu também te amo, cara. — Deu risada. — Mais do que eu mesmo.
— E o amor próprio?
— Tecnicamente, se eu gosto de você, é como se estivesse gostando de
mim, não é? — Olhou pra mim.
— Na verdade, não. — Falei pensativo.
— Você é burro, nunca iria conseguir compreender meus raciocínios. —
Levantou.
— Você tá fortinho. — Falei me referindo aos seus braços, que estavam
enormes.
— Verdade, né? — Sorriu empolgado.
— Eu tô magro. — Choraminguei, passando a mão nos meus braços.
Não estava ruim, mas também não estava no nível Javon Walton.
— Você é lindo. — Ele disse, e eu levantei. — Você é espetacular!
Repete, "Eu sou espetacular".
— Não precisa mano, nã...
— "Eu sou espetacular"! — Repetiu, com mais convicção.
Suspirei.
— Eu sou espetacular. — Falei com tédio.
Ele deu risada, e me empurrou de leve.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Uma semana
31/10 | Halloween
Hoje é dia de Halloween. Essa semana passou tão rápido, que eu quase
não consegui terminar o que estava planejando.
— Tem certeza que está tudo certo, né? — Perguntei para Javon, e Olívia.
Chamei Olívia para me ajudar, ela será muito útil.
— Absolutamente. — Javon disse.
— É... quantos dólares você vai me dar, mesmo? — Liv perguntou com os
braços cruzados.
— Sério? — Perguntei indignado.
— Tô brincando. — Desfez a expressão. — Chefe.
Chefe?
— Chefe!? — Arqueei a sobrancelha.
— É... você literalmente tá mandando a gente fazer as coisas pra você, e a
gente tá fazendo. — Falou como se fosse óbvio.
Isso faz sentido.
— Isso é verdade. — Javon concordou.
— Ok, mas vocês já chamaram a Kaylen, né? — Eu perguntei, nervoso.
— Puta que pariu... — Olívia sussurrou.
— Eu disse que estávamos esquecendo algo! — Javon falou com a mão no
rosto.
— Esqueceram da KAYLEN!? A parte mais importante desse plano!? —
Quase berrei.
— A gente vai lá buscar ela gatinho, espera aí. — Liv puxou Javon pelo
braço, saindo de dentro da minha casa.
Kaylen mora literalmente do lado da minha casa, então não vai demorar
muito pra voltarem. O difícil mesmo vai ser aqueles dois lerdos explicarem
o plano todo pra ela.
Demoraram mais ou menos... quarenta e cinco minutos pra voltar. Já
estava quase arrancando meu cabelo fora de tanto nervosismo. Deveria ter
contratado seres humanos com o mínimo de capacidade de explicar um plano
tão simples.
Não que eu esteja reclamando.
— Agora sim, está tudo certo, né? — Perguntei tentando manter a calma.
— Sim senhor! — Os três responderam juntos.
— Graças a Deus. — Fechei os olhos. — Então, o plano "Halloween"
está oficialmente... iniciado! — Falei feliz.
— Que nome mais sem criatividade. — Kaylen falou.
— Não tive tempo de pensar no nome. — Dei risada.
— Vamos lá chamar a Maxinne. — Olívia disse se levantando do sofá. —
Vamos, bestie? — Chamou Kaylen.
Desde quando a Kaylen virou a "bestie" dessa daí? Eu hein.
— Bestie? — Javon perguntou.
— Somos melhores amigas agora. — Kaylen afirmou.
— Até mais, chefe! — Liv insistiu nessa merda de "chefe".
Fiquei olhando para elas, e depois neguei com a cabeça, sorrindo.
Finalmente isso vai acontecer.
Jaden disse para ir na casa dele "urgentemente", porque tinha uma coisa
muito legal pra gente fazer de Halloween.
Mas também disse que Olívia e Kaylen iriam comigo. Eu só não entendi o
que elas têm a ver com isso.
Do nada, quando estava terminando de me arrumar, a campainha tocou.
Desci as escadas correndo, e abri. Eram elas.
— Feliz Halloween! — Olivia começou dizendo, com um sorriso de
orelha a orelha na cara.
— Bom dia, gente. — Falei desconfiada.
— Feliz Halloween! — Kaylen disse sorrindo.
Já conversei com Kaylen umas três, ou quatro vezes. Mas já foi o
suficiente para saber que é uma pessoa legal.
— Ok... feliz Halloween. — Sorri fraco.

Depois da Max já ter chegado com as meninas, esperei até anoitecer, e
finalmente... comecei a executar meu plano.
22:58pm
— Como eu acabei de dizer... vamos fazer uma espécie de "caça o
tesouro" de Halloween. — Comecei falando.
— Que tesouro? — Max perguntou.
— Dá pra esperar eu terminar de falar? — Coloquei as mãos na cintura.
— Mas é sério, não tô vendo nenhum baú por aqui, tá enganando a gente?
— Javon perguntou.
— Se estiver nos enganando, eu vou embora! — Kaylen cruzou os braços.
— Eles tem razão, chefe. — Agora foi a ruiva. — Cadê?
Suspirei fechando os olhos.
— Não levem a palavra "tesouro" ao pé da letra. — Falei. — Vamos ter
que procurar essa almofada do Justin Bieber. — Levantei um almofada rosa.
— A gente vai receber dinheiro por isso? — Max perguntou.
— Não! — Exclamei. — Cada pergunta...
— A principal regra é: quem estiver com a almofada quando der meia
noite, vence! — Falei sorrindo.
— Só isso de tempo!? São onze horas da noite. — Liv disse indignada.
— Isso que deixa a brincadeira divertida.
Deixei a almofada em cima da mesa de centro da sala.
— Estão preparados? — Perguntei.
— Não. — Max respondeu.
Quando ela disse isso, as luzes se apagaram.
— O que houve? — Escutei uma voz.
— Acabou a luz?
As luzes se acenderam de novo.
— Cadê a almofada!? — Javon perguntou.
Ela realmente havia sumido dali. Alguém a pegou.
— Quem pegou? — Perguntei. — Todos estão aqui, alguém pegou!
— Ela está nessa sala! — Rodeei o lugar. — Na verdade... está bem aqui!
— Levantei o moletom de Javon.
Mas não tinha almofada nenhuma lá.
— Não está não. É só um tanquinho. — Afirmei.
— Eu não estou com a almofada... porque ela está bem... aqui! —
Levantou o meu moletom.
Não tinha nada.
— Ai sério que eu tô tendo que presenciar isso? — Kaylen disse
entediada.
— Eu tenho um imã. —Liv começou. — Todo lugar que vou, tem um
garoto de barriga de fora. — Falou triste.
— Você vai superar isso, amiga. — Max ironizou, fingindo estar triste.
Do nada, pairou um silêncio. Quando de repente, a TV se liga sozinha,
com uma imagem de uma pessoa com máscara de cachorro na cabeça,
cobrindo todo o seu rosto.
— Aí! — A voz falou.
Estava com um efeito, um efeito para engrossar e confundir a voz.
— Olhem pra mim, seus idiotas! — Continuou.
Todos olhamos.
— Essa brincadeira está passando dos limites, tô com medo! — Liv falou.
— Vocês realmente acharam que poderiam fazer essa brincadeira boba,
sem mim? — O "cachorro" disse.
— Jaden, que isso, querido!? — Max perguntou levemente assustada,
encarando a TV.
— Como se eu soubesse... — Parei ao lado dela.
— Se quiserem achar a almofada, vão ter que se esforçar! — A voz
continuou falando. — Do lado da lareira que fica em baixo da TV, tem
algumas madeiras, usem-as para acender o fogo. Quem acender primeiro, vai
ganhar uma pista de onde a almofada está!
— Que bobeira... ninguém vai fazer isso, né gente? — Max falou rindo. —
Que maluquice.
— É... claro que não! Que ridículo. — Concordei.
Ficamos todos parados, um olhando para a cara do outro, quando do nada,
começamos a correr para onde estavam as madeiras.
Como isso era apenas uma distração, eu saí correndo dali. Javon estava
logo atrás de mim, como planejado, e entramos no escritório que fica ao lado
da sala.
— Eles caíram! — Falei trancando a porta.
— Que nem patos. — Completou.
Esperamos um pouquinho, e Daelo logo entrou pela outra porta do
escritório.
— Até que enfim! — Falei sorrindo.
— Tá com ela aí? — Javon perguntou.
— Inteirinha! — Daelo levantou a almofada em mãos.
Esse é o lado bom de ter vários irmãos.
— Agora, levanta logo esse negócio. — Apontei para uma cômoda cheia
de coisas de escritório em cima.
— Tranquilo! — Javon colocou duas mãos na lateral, e levantou com
dificuldade.
— Ótimo! — Coloquei a almofada embaixo. — Se continuar assim, talvez
consiga perder um pouco de barriga! — Brinquei, e ele me olhou feio.
— Agora... só tenho que ativar esse sensor... — Daelo apertou um botão
do controle em suas mãos. — Se alguém entrar por aqui, vai disparar o
alarme.
Um lazer vermelho surgiu um pouco acima do chão, na entrada. Incrível.
— Vamos, não toquem no laser. — Javon disse, e saímos com cuidado.
P.o.v Kaylen
23:12pm
— Como é que se faz isso!? — Olivia perguntou, tentando acender a
lareira.
Max estava do outro lado da sala, tentando procurar um fósforo, ou
qualquer resquício de fogo.
Percebi que já estava na hora de executar o próximo passo do plano.
Enquanto as duas quebravam a cabeça pra tentar acender o fogo, eu saia
disfarçadamente atrás do escritório. Entrei, mas como a almofada estava
embaixo de uma cômoda enorme, eu tive algumas complicações.
Então convoquei meu parceiro Champ, como ele é um cachorro, vai
conseguir me ajudar. Ajudei ele a entrar lá dentro, e ergui a cômoda com
toda a minha força, para ele poder pegar a almofada lá de baixo.
Missão cumprida.
Me assustei quando escutei alguém me chamar, e levantei.
— Espera um pouquinho, amigão! Cuida dessa almofada. — Sussurrei. —
Depiis a gente se encontra lá fora, ok? Bom garoto. — Sorri, e saí de lá.
Consegui voltar pra lá mais uma vez, e fui encontrar o Champ.
23:34pm
— Champ! — Avistei ele.
Quando peguei a almofada babada que estava em sua boca, sorri.
Mas, quando a peguei nas mãos, percebi que era só uma almofada rosa
comum.
Como o esperado.
Voltei para a sala, para "ajudar" a acender a lareira.
— Onde você tava? — Max perguntou.
— Fui procurar pistas. — Menti.
— Hum... — Sorriu, e respirou fundo rapidamente duas vezes.
Ela sempre faz isso quando chega perto de algum animal com pelos, para
evitar a crise de asma.
Ela pegou o Champ, e trocou as almofadas.
Como o esperado.
— Sei onde escondeu a almofada. — Falei.
— O que? — Olhou pra mim.
— Está na gaveta com chave do armário da sala, não tá? — Sorri.
— Como é que você...
— Eu te conheço.
A gaveta de chave, obviamente tem chave. Mas eu já dei um jeito nisso.
— Não vai conseguir pegar. Já é quase meia noite, e eu estou com a
chave.
— Eu não teria tanta certeza disso. — Ergui uma pequena chave em minha
mão.
— Não é possível. A chave estava guardada no meu sapato! — Ergueu
outra chavinha idêntica a minha. — Viu?
— Por que não tenta usar sua chave? — Cruzei os braços, vendo sua
expressão se desfazer.
Ela andou até a gaveta, nervosa. Colocou a chave na fechadura, e sorriu
convencida.
— Viu só? A chave entrou! Você é tão previsível. — Ela disse. — Ah
merda! Não tá virando. — Forçou a chave pro lado.
— É.. parece que eu não sou tão previsível assim. — Falei. — Aposto
que nenhum de vocês sabem o que eu vou fazer agora!
— Usar a sua chave pra abrir a gaveta, e parecer um idiota? — Kaylen
disse.
— É... — Cheguei perto da gaveta, e abri.
Estava vazio.
— Ih! — Parei de sorrir. — Merda.
— Quem pegou!? — Todos perguntaram juntos.
Ficamos em silêncio, apenas olhando em volta.
— O que nos resta... é procurar, como um clássico caça o tesouro. —
Olivia disse do nada, e saiu correndo, com Kaylen logo atrás.
— Ela tem razão, duvido encontrarem antes de mim. — Javon correu para
o outro lado.
— Sério que eles vão sair correndo pela casa procurando uma almofada
boba do Justin Bieber? — Max perguntou indignada.
— Pois é... — Fiquei quieto por uns segundos, e saímos correndo para
lados diferentes.
Corri até a parte de fora da casa, no gramado iluminado por luzes
amareladas. Era extremamente amplo, e grande.
Mas quando cheguei, Max já estava lá.
— Que surpresa! — Ironizei.
— Você é sínico. — Sorriu. — Eu te conheço mais do que você me
conhece.
— Conta outra. — Cruzei os braços.
— Eu sei que a almofada está bem aqui... embaixo dessa terra. —
Apontou para o chão.
— Por que eu esconderia uma almofada embaixo da terra!?
— Você é competitivo. — Abaixou. — Mas quem vai ganhar essa merda,
sou eu.
23:58pm
Fiquei calado, apenas esperando ela terminar de cavar a terra com uma pá
de plástico.
Por que eu não fiz nada? Isso vai fazer sentido mais tarde.
— Como descobriu isso? — Perguntei me abaixando.
— Ouvi você planejando com Javon, te segui, e descobri que a almofada
estava no escritório. Depois vi Kaylen saindo de lá, e vi Champ com a
almofada na boca. — Sorriu. — Troquei a almofada do Justin por uma
normal, e escondi a verdadeira.
Deu uma pausa, e pegou a almofada envolvida com um plástico para não
sujar de terra.
— Eu já sabia que você ia descobrir o meu plano, então... fiquei te
observando. Eu vi o Daelo enterrando isso aqui, junto com a Jessica.
— Uau! Realmente impressionante.
— Eu sempre vou estar um passo à frente de você. Eu ganhei, você
perdeu! — Abriu o plástico, tirando a almofada de dentro. — Perdeu a
habilidade de me surpreender.
— Isso me deixou triste! — Franzi o cenho.
— Ah! É meia noite! Então acho que eu sou uma pessoa incrível, é muito
mais inteligente que Jaden Walton. — Levantou a almofada.
Ganhar do Jaden é o meu hobbie favorito.
— É... eu acho melhor você ler o que tá escrito na parte de trás da
almofada, antes de contar vitoria. — Ele disse convencido.
Merda.
— Ah não! — Sussurrei. — O que tá escrito!? — Virei a almofada.
"Maxinne Cline, quer namorar comigo?"
Quando me virei, Jaden estava ajoelhado, com um par de alianças na mão.
— Surpresa. — Sorriu, com os olhos brilhando.
Eu apenas o encarei. Encarei com os olhos marejados. Boquiaberta, e
suspirando fundo tentando não enlouquecer.
— Isso faz parte do seu planinho bobo!? Porque se for, eu vou acabar feio
com você! — Eu falei rápido, me embolando nas palavras.
— Não faz parte do plano. Isso é real, Maxie.
— É? — Sussurrei, sentindo uma lágrima escorrer pela minha bochecha.
— É! — Sussurrou. — Eu amo como você é linda, como você é esperta, e
realmente me conhece tão bem. — Deu uma pausa. — Desde aquele
abençoado acampamento, eu não consigo me imaginar sem você. Você fez um
furacão enorme na minha vida, e fez com que eu me sentisse bem de novo.
Fez eu finalmente começar a gostar de mim mesmo. E... fez eu começar a
gostar de você também. Eu amo o quanto você se esforça pra sempre tentar
agradar as pessoas que você ama. Eu amo quando você passa seu gloss de
cereja. — Sorriu. — Eu amo como me trata, como me beija, como faz
carinho...
Respirei fundo. Eu não posso ter uma crise de asma aqui. Merda!
— Eu te amo como o Peter ama a Mj. — Ele sabe que esse é meu casal
favorito. — Quero que seja minha namorada. Quero que seja minha garota.
Encarei seus olhos claros, e sorri. Levantei seu corpo, o fazendo ficar em
pé.
— Eu te amo. — Afirmei, e colei nossos lábios.
Eu não acredito que ele me surpreendeu novamente. O que eu tô sentido
agora simplesmente não tem explicação. É uma explosão de sentimentos, que
eu nem sequer consigo identificar.
— Eu te amo. — Ele disse quando nos separamos. Sorrindo bobo. —
Aceita? — Levantou as alianças.
— Aceito. — Sorri, e estendi minha mão.
Jaden colocou a aliança no meu dedo anelar, e eu coloquei no dele. Por
que isso parece ser tão sem graça nos filmes!? É incrível!
— Todos eles sabiam disso, né? — Perguntei.
— Você me conhece tão bem! — Abraçou minha cintura, e girou comigo
no ar.
— Eu só tenho uma perguntinha... — Falei.
— O que?
— Quem era a pessoa fantasiada de cachorro?
Ele não disse nada, penas encarou o espaço atrás de mim, então eu me
virei para ver. Nosso amigos estavam lá, e Jayla também estava junto.
É claro! Como eu não desconfiei!?
Olhei pra ele de novo, e sorri empolgada.
Foi ali, que eu descobri que amava Jaden Walton.
Falar "Eu te amo" não estava nos meus planos pra hoje. Mas eu disse, eu
disse porque era o que eu estava sentindo. Eu amo ele, é com ele que eu quer
ficar.
00:05am
É... parece que eu ganhei o desafio.
✦✦✦
CARALHO VAI SE FODER JHSHSJJSJSJJ EU ME AMO MUITO
😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭
"EU TE AMO" essa foi improvisada até pra mim, eu não ia colocar nesse
capítulo não
espero que agora ninguém fique me ameaçando na dm, não aguento mais
😭😭
quero muitos comentários 🥰🥰🥰🥰 arrasei muito nesse
vocês não tem noção do quento eu esperei pra escrever isso juro.
37.

Passando aqui pra avisar que, NÃO estou tolerando NENHUM tipo de
ofensas ou xingamentos aos meus personagens principais.
01/11
Terça - Feira
01:21

Depois do ocorrido, chamamos Jessica e Dj para ficarmos até tarde
comemorando o "Halloween". Só em família e amigos mesmo.
Esse foi definitivamente um dos melhores dias da minha vida.
— Pode pegar esse canudo pra mim, namorada? — Jaden apontou pra um
canudo de metal em cima da mesa ao meu lado.
— Por que você quer um canudo, namorado? — Franzi o cenho, mas
peguei.
— Por que eu não vou encostar minha boquinha nessa garrafa cheia de
germes. — Colocou o canudinho dentro de uma garrafa de sei lá o que tinha
lá dentro.
Eu não deixo ele beber, ok? Mas hoje eu abri uma exceção, mas só um
pouquinho. Ele fez uma mistureba dentro daquela garrafa, e tá bebendo.
Quero ver como esse gatinho vai ficar depois, porque EU não vou cuidar de
ninguém com ressaca.
Pelo menos não tem escola, graças ao santo Deus.
— Vai devagar com isso. — Falei baixo.
— Você disse que hoje podia! — Fez cara de coitado indignado.
— Eu disse que era só um pouco!
— Nunca me deixa fazer nada que eu gosto. — Tomou mais um gole, com
cara feia.
— Quer terminar, já!? — Ameacei levantar de cima dele.
Eu me deitei em cima do colo dele, e ele simplesmente aceitou calado.
Amo meu cachorrinho.
— Para! Nem pensa nisso! — Colocou a garrafa em cima de um pequeno
suporte, e me abraçou forte.
— Então trata de diminuir esse tanto de álcool, senhor. — Sussurrei.
— Só hoje, Maxie! — Choramingou.
— Jaden, não vai beber até cair! — Falei firme.
Ele revirou os olhos. Peguei a garrafa, e tomei um gole, fazendo uma
careta logo em seguida, estava horrível. Coloquei o canudinho na sua boca, e
sorri.
— Não precisa encher a cara pra se divertir, só um pouquinho já tá bom,
não acha? — Olhei em seus olhos.
— Acho. — Sorriu.
— Que bom. — Escondi meu rosto na curva do seu pescoço.
— Você manda bastante em mim, né? — Perguntou indignado.
— Um pouco. — Sorri.
— Um pouco!? Se eu coloco uma roupa que você não gosta, você manda
eu colocar outra!
— E você coloca.
— Coloco! Isso que faz esse relacionamento ser abusivo. — Acariciou
meu cabelo.
— Vai descansar, militante! — Levantei a cabeça.
— Eu tenho meus direitos! — Tomou mais um gole da bebida.
— O que tem nessa garrafa aí? — Franzi o cenho.
— Segredo. — Sorriu. — Brincadeira, eu não sei o que tem dentro. Foi o
maninho que fez.
— Você tá tomando um negócio que você nem sequer saber o que é!? —
Perguntei.
— Aham. — Tomou mais um gole.
— E se você for alérgico, ou... se tiver estômago sensível por alguma
coisa daí!?
Eu não aguento mais criar esse moleque.
— Para de implicar com a minha garrafinha! — Fingiu um choro.
— Já tá bêbado? — Fechei a cara.
— Não! — Deu risada.
— Eu te odeio muito. — Tentei sair do seu colo, mas ele me impediu.
— Eu tô brincando, tô brincando! Fica aqui, comigo! — Me abraçou. —
Juro que não tô bêbado.
— Promete que não vai ficar? — Perguntei baixo.
— Prometo. Eu sou forte! — Me deu um beijo na testa.
— Eu amo a sua capacidade de mudar de personalidade quando estou
falando sério com você.
— Eu amo você. — Sorriu, e tomou mais um gole.
— Eu ainda tenho minhas dúvidas... — Brinquei.
— Do que?
— De que você me ama.
— Eu te amo. — Sorriu. — Finalmente posso falar isso em voz alta! —
Disse empolgado.
— Faz tempo que... você... "me ama"? — Perguntei levantando.
— Faz. — Respondeu simples. — Eu não conseguia assumir isso nem pra
mim mesmo.
— Por que? — Encarei seus olhos.
— Por que... eu tava com medo. Medo da rejeição, medo de acabar com a
nossa amizade, ou..
— Se você já espera decepção, você nunca se decepciona. — Interrompi,
o olhando com compreensão.
— Você me completa tão bem. — Colocou uma mecha do meu cabelo
atrás da orelha.
— Eu sei. — Depositei um selinho em sua boca. — E eu fico muito feliz
em saber disso. — Toquei a ponta do seu nariz com o dedo indicador.
— Jura? — Sorriu.
— Juro.
— Acha que eu fui muito rápido em te pedir em namoro? — Perguntou
com o olhar baixo.
— Não. — Respondi confiante. — Não seja tão inseguro, querido. — Dei
risada, e segurei seu rosto com minha mão.
— Como não? Não sabe como isso é difícil pra mim.
— Eu entendo. E vou te ajudar com isso, eu prometo, tá bom? — Me
aproximei. — Você é meu namorado agora, esse é meu dever. — Sorri, e o
beijei.
— Repete? — Sussurrou depois do beijo.
— Você é meu namorado.
Ele deu um grito (não identifiquei o que ele disse).
— Garoto! Não grita! — Dei risada. — Olha a hora.
— Desculpa, foi automático. — Largou a garrafinha de lado, e me
abraçou.
— Oi gente! — Daelo apareceu do nada, sorrindo.
Eu pude ver o brilho de Jaden sumindo na hora que viu o Dae.
— Bem na hora do meu beijinho! — Jaden choramingou.
— Beijinho? Eu quero! — Daelo subiu no sofá que a gente tava sentado.
— AH NÃ... — Jaden ia falar, mas interrompi.
— Vem cá! — Puxei Dae para o meu colo, e dei dois beijos em cada
bochecha.
— Vai se foder, hein. — Jad cruzou os braços, murmurando. — Caralho...
— Cala a boca! — Falei, o repreendendo.
— Ela me trata igual capacho. — Revirou os olhos, e saiu de perto, indo
para onde sua família estava.
— Vocês vão terminar? — Daelo perguntou.
— Não! — Dei risada. — Não vamos, nunca.
— Que bom! — Sorriu.
— Vamos pra lá?
— Sim! — Respondeu, e levei ele pra onde todos estavam.
Encontrei meus amigos lá, menos Liv e Jayla, particularmente nem sei
onde possam estar.
— Com toda essa confusão, nem tive tempo de falar com vocês! —
Jessica se aproximou de mim. — Você viu o Jaden?
— Não... — Respondi com dúvida. — Ele tá fazendo drama, porque dei
um mínimo de atenção pro Dae quando estava com ele.
— Se acostuma, vai ser isso aí pelo resto do relacionamento. — Deu
risada.
— Eu sei! Já passo por isso faz um tempo. — Franzi o cenho.
— Boa sorte! — Sorriu. — Eu acho que ele está lá dentro.
— Eu.. vou atrás dele. — Sorri, e saí.
Ele estava ali, e num piscar de olhos... sumiu!
Andei por fora da casa, e depois entrei. Fui na sala, e não estava. Entrei
na cozinha, e o alecrim dourado estava lá.
Na verdade, os alecrins dourados.
— Estão fazendo o que aqui? — Perguntei entrando.
— Fazendo uma gororoba nova. — Javon afirmou rindo. — Quer?
— Não, eca. — Me aproximei.
— Eu vou poder tomar, né? — Jad fez cara de coitado.
— Pode. — Eu disse, e ele sorriu alegre. — Mas eu não vou cuidar de
ninguém com ressaca, e muito menos bêbado.
— Não vou ficar bêbado, querida. — Me abraçou por trás.
— Está pronto! — Jav levantou um copo com um liquido amarelo
esverdeado.
?????
— Ew.
— Maravilha! — Jad foi buscar o copo.
— O que tem aí dentro? — Perguntei.
— Um mestre nunca revela seus segredos!
— Tem mijo aí? — Perguntei segurando a risada.
— Tem. — Javon afirmou.
Jaden já havia tomado um gole da bebida, na hora em que Javon disse
isso, ele cuspiu o líquido amarelo todo na cara do Jav.
— JADEN!? — Javon gritou.
— TEM XIXI AQUI DENTRO!?!?
— NÃO, NÉ? — Jav gritou de volta. — Parece burro!
Tudo que eu sabia fazer era dar risada.
— Vou tomar um banho! — Javon saiu.
— Coitado. — Falei parando de rir.
— Ele vai superar isso. — Continuou a beber.
— Vai devagar. — Falei calma.
Ele pareceu não me escutar, porque virou o copo todo na boca.
Caralho, esse moleque vai ficar bêbado.
— Eu tô tão feliz. — Veio até onde eu estava.
Eu sorri.
Não sabia o que dizer de volta, eu não estou acostumada com essas
palavras, praticamente é o meu primeiro relacionamento... primeiro
relacionamento de verdade!
— Você viu a minha irmã? — Perguntou.
— Não. — Respondi simples.
— Precisava agradecer por ter ajudado no meu plano. — Se virou, indo
pra geladeira.
— O plano... — Sorri ao lembrar. — Não era mais fácil, só ajoelhar e
pedir?
— Você não merece só isso. — Deu risada. — Fiquei uma semana inteira
planejando pra que desse tudo certo.
— Por isso que você nunca podia ir lá em casa?
— É... porque quando eu tô com você, eu não me concentro em nada mais.
E eu precisava terminar de planejar, e combinar tudo certinho.
Enquanto ele falava, pegava mais uma latinha de cerveja na geladeira.
— Eu te conheço tão bem... que sabia tudo que você ia fazer, em todas as
horas. Eu sabia que você ia descobrir onde tínhamos escondido a almofada,
e sabia o que ia fazer.
— Talvez... você realmente me conheça mais do que eu te conheço. —
Admiti. — Só... talvez!
— Já é um avanço. — Abriu a latinha.
— Não bebe muito. — Falei, andando pra fora da cozinha.
Não escutei se ele disse algo mais depois que eu saí, mas voltei pra onde
a família dele estava.
⋄✦⋄
Eram exatamente 06:21am. A gente já tinha arrumado tudo pra ir dormir.
Eu só não sabia onde estava minha amiga... ela sumiu! Mas não vou
procurar não, tô com muito sono pra isso.
— Jaden bebeu pra caramba. — Reclamei pra Jessica. — O que eu fiz pra
merecer isso!?
— Ele é como uma criança, se descuidar...
— Estão falando de mim!? — Ele chegou do nada.
— Sim. — Respondemos juntas.
— Nem pra você mentir, né!? — Cruzou os braços.
— Vamos, tenho que te colocar pra dormir, antes de perder a paciência.
— Puxei ele para o quarto.
Levei ele pra cima, e fechei a porta. Às vezes esqueço que tenho uma
criança irresponsável pra cuidar.
— Toma banho. — Mandei, me jogando na sua cama.
— Ah não! Tá frio. — Choramingou.
— E eu com isso!? — Arqueei a sobrancelha.
Ele ficou quieto por alguns segundos, mas foi para dentro do banheiro sem
nem sequer fechar a porta.
— Maaaxie! — Chamou.
— Não é possível que você não consiga tomar um banho. — Respondi
sem paciência.
— Trás uma toalha, uma roupa, e uma meia! — Ele mandou eu ir.
Eu fui, mas eu só fui porque ele tá precisando tomar banho e dormir o
mais rápido possível.
— Toma. — Entreguei as coisas, sem olhar para dentro.
— Eu tô de roupa, besta. — Deu risada.
— Besta!? — Olhei pra ele.
— Desculpa. — Tentou tirar a pulseira, mas não conseguiu. — Tira aqui
pra mim? — Estendeu o braço.
Fiquei em silêncio, e desencaixei sua pulseira do pulso. Depois tirei o
brinco da orelha direita, e tirei todos os anéis. Até a aliança. Vai saber se ele
não vai perder essa aliança tomando banho bêbado!
Eu nem sei quando foi que ele colocou esse brinco, só sei que foi depois
do acampamento.
— Pronto, quando terminar, vou estar te esperando lá no quarto, tá? —
Sorri, e acariciei sua bochecha.
— Te amo. — Me olhou com uma expressão... triste?
— Também te amo. — Dei risada, e saí.
Joguei seus acessórios em cima de uma mesinha, e fui tomar banho em
outro quarto.
Quando voltei, ele obviamente ainda estava tomando banho, então me
deitei na cama, e fiquei esperando.
Depois de uns dez minutos esperando, ele apareceu na porta do banheiro.
— Terminei. — Se aproximou.
Ele estava com uma calça moletom rosa, meia do bob esponja, e sem
camisa. Eu coloquei uma camisa pra ele usar, mas ele não quis. Ele odeia
usar camisa pra dormir.
— Tá cheirosinho? — Perguntei, abrindo espaço pra ele deitar.
— Tô, fiquei cheiroso só pra você. — Me abraçou.
— Ainda tá bêbado. — Me afastei. — Não durmo com quem tá bêbado.
— Maxie! Ah não! — Choramingou.
— Isso é pra você aprender a me escutar. — Me virei para o outro lado, e
fechei os olhos.
— Odeio a minha vida. — Falou baixo, e se virou.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Abri os olhos, me incomodando com a fresta de sol da janela no meu
rosto. Olhei para cima, e percebi que não resisti a dormir de conchinha com
ele.
— Merda... — Sussurrei, percebendo que dormimos demais.
Peguei meu celular, e olhei o horário.
14:02pm
Suspirei, e levantei. Peguei minha escova do armário, e escovei os dentes.
Estava um calor dos infernos, então tomei um banho, e voltei para o quarto.
— Jad... — Me sentei ao seu lado, e chamei.
— Hum...
— Jaden? — Chamei acariciando a ponta do seu nariz.
— Oi baby! — Falou baixo com voz rouca, sorrindo.
"Baby"... ninguém encosta em mim, tô soft.
— Oi! — Sorri.
— Minha cabeça tá doendo. — Sussurrou com dificuldade.
— Eu sei. — Dei um beijo em sua testa. — Levanta, depois vou te dar um
remédio, pode ser?
— Pode. — Sentou, depois levantou devagar.
O porquê de eu estar sendo tão carinhosa e compreensiva com um
moleque adolescente que encheu a cara e agora tá de ressaca? Eu também
não sei.
Depois que ele acordou completamente, eu dei o remédio, e continuamos
no quarto.
— Melhorou? — Perguntei fazendo carinho em seus cabelos.
— Um pouquinho. — Sorriu.
— Sua família tá toda lá embaixo, na piscina. — Dei risada, ao escutar o
som alto vindo lá de fora.
— Ah! Eu quero! — Desceu da cama às pressas.
— Tem certeza? — Desci também.
— Tenho, vamos? — Entrelaçou nossas mãos.
— Eu não trouxe biquíni.
— Ah, e daí? — Me puxou pra fora.
Descobrimos que estavam assando carne, e servindo refrigerante.
Transformaram esse dia em um sábado.
Finalmente encontrei Jayla, e dei um abraço apertado nela.
— Vai entrar? — Ela perguntou, já toda molhada.
— Eu não trouxe biq... — Comecei a falar, mas fui interrompida por Jaden
me empurrando bruscamente para dentro da piscina.
Gritei no susto, mas dei risada quando vi ele se jogando também, com
cara de desespero.
— Desculpa! — Nadou até mim. — Perdão, amor! — Me abraçou. — Foi
automático! Não foi por querer.
— Eu tô bem, garoto! — O abracei de volta.
— Fiquei com medo de ter te machucado. — Me deu um beijo na
bochecha. — Juro que não foi por querer.
E foi assim... que passamos o primeiro dia namorando. Felizes!
Eu tô tão feliz.
Realmente nunca pensei que diria isso, mas eu amo Jaden Walton. Isso
seria tão estranho de dizer há umas... vinte e quatro horas atrás.
Eu tô pronta e segura para ter um novo relacionamento com ele, e isso é
incrível.
✦✦✦
O seu VOTO é muito importante!!
esse cap não aconteceu muita coisa interessante, então vou considerar ele
como um tipo de "bônus"
amo vocês, obrigada por tudo <3
38.

03/11
Quinta - Feira
10:21

Estávamos em plena aula de química, e Jaden Walton estava cheirando
compulsivamente o meu cabelo.
— Dá pra parar!? — Exclamei dando risada.
— Você é cheirosa pra caralho. — Sorriu, enrolando uma mecha no dedo.
— Eu sei, bonitão. — Puxei meu cabelo da mão dele.
— Me beija? — Perguntou baixo.
— Não. Estamos na aula de química. — Respondi séria.
— Aí gata... — Começou. — Já te falei da química que rola entre a gente?
— Passou o dedo indicador em círculos na minha coxa.
— Jesus... — Coloquei a mão no rosto.
— Minha namorada é uma gatinha inteligente. — Ele disse encarando meu
caderno, completo.
— Na verdade... sua namorada presta muita atenção na matéria. —
Continuei copiando. — Enquanto o meu namorado, fica conversando e me
desconcentrando.
— Eu te desconcentro? — Sorriu mais ainda.
— Para de ser idiota! — Sorri de lado.
Escutei um suspiro vindo de trás de nós, obviamente era a cabelo de fogo.
— Senhor Lee! — Ela começou. — É permitido conversar em sala de
aula? — Levantou.
De novo isso? Tá virando rotina.
Parece um clichê de filme.
— Sabe muito bem a resposta, Thompson. — Revirou os olhos, sentado
na cadeira enquanto lia um livro.
— Eu sei. — Sorriu. — Mas parece que os pombinhos aqui, não. —
Apontou para nós dois.
— Sério isso, sua vaca rosa? — Jaden falou alto demais, franzindo o
cenho.
— Detenção para Jaden Walton. — Senhor Lee disse tedioso.
— NÃO! — Rosa continuou. — Quer dizer... não foi ele. Maxinne também
estava de cochichos.
Quando ela disse isso, apertei minha mão fechada. Por que ela é tão
obcecada por mim?
— Detenção para Walton e Cline. — Lee continuou a dizer preguiçoso.
— Os dois juntos!? Ah não!
O que ela tá querendo, hein?
— Detenção para Walton, Cline, e Thompson. — Lee fechou o livro.
— Ah, mas... — Rosa ia começar a dizer, mas foi interrompida.
— Sem "mas". — Ele levantou, e apagou a lousa.
Legal... detenção com a vaca rosa.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
O sino bateu, e saímos em silêncio direto para a sala da detenção.
— Era pra eu estar na manicure fazendo minha massagem semanal... —
Jaden sussurrou choramingando.
— Ih... mauricinho. — Sussurrei de volta.
Ele sorriu, e passou o braço em volta do meu ombro.
— Parem de ser assim... — Rosa disse com voz enjoada.
— Para você! Só estamos aqui por sua culpa. — Jaden rebateu.
— Se não estivessem fazendo barulho e cochichando a aula toda, não
estaríamos aqui! — Falou um pouco mais alto.
— Você que ficou incomodada com a felicidade alheia, e a culpa é nossa?
— Sorri incrédula.
— Desde quando o conceito de "felicidade" foi alterado pra "dois idiotas
de melação na sala de aula"!?
— Eu não sou idiota! — Jaden olhou pra ela.
— Tem razão. — Ela sorriu boba.
— Nem eu, nem a minha gatinha. — Me puxou pra perto. — Mas você é!
— Apontou para ela.
Rosa revirou os olhos, e abriu a porta da sala de detenção. Já estive lá
algumas vezes, ela é normal. Silenciosa, meio mal iluminada, vazia... nela
fica um inspetor sentado na frente das carteiras, para fiscalizar se os punidos
estão fazendo as coisas certas.
O que na verdade... não funciona muito bem. Já que na maioria das vezes
ele está dormindo, ou não está prestando atenção.
As carteiras de lá também eram separaras de duas em duas, como na sala
de aula comum. Uma mesa grande comportando duas cadeiras.
Quando eu fui me sentar com Jaden ao meu lado, Rosa me empurrou, e
chamou atenção do inspetor.
— Eles são namorados, não podem sentar juntos aqui, não é!? — Ela
perguntou estranhamente desesperada.
— Claro que não! — Ele acordou num susto, olhando para nós.
Claramente nem tinha percebido que tínhamos entrado aqui.
— Então... eu vou sentar aqui. — Rosa sorriu vitoriosa, e se sentou
devagar na cadeira ao lado de Jaden.
— Não! — Ele tentou sair, mas ela forçou seu ombro pra baixo, fazendo
ele voltar pra cadeira. — Me solta, vaca rosa! — Ele choramingou.
— Solta ele, maluca. — Falei tediosa.
— Silêncio na detenção! — O homem velho exclamou. — Você de rosa!
Pode sentar aí do lado dele se quiser. — Falou pra ruiva. — E você senta na
carteira ao lado. — Apontou pra mim.
Se eu tivesse só uma oportunidade de ficar em um ring de boxe sozinha
com essa garota, eu faria tanta coisa.
Me sentei, completamente vencida pela Rosa, escutando ela sussurrar mil
coisas para Jaden.
Eu mereço?
— Silêncio! Sem cochicho!
Olhei para Jaden, e dei um mínimo sorriso olhando em seus olhos
distantes dos meus. Ele olhou de volta, piscou, e mandou um beijinho no ar.
Voltei minha concentração para o inspetor, e fiquei quieta no meu canto.
— Nessa detenção, vamos aprender o uso dos "porquês". — O homem
mais velho começou falando.
Legal, vamos aprender assunto do quarto ano. Vai ser uma longa "aula".

Depois que saímos da escola, Jaden me deixou em casa.
— Podemos nos ver mais tarde? — Ele perguntou, com o carro parado em
frente à minha garagem.
— Claro, gatinho. — Acariciei seu rosto.
— Já tô com saudade. — Aproximou seu rosto.
— Eu sei. — Sorri.
Ele deu dois selinhos na minha boca, e se afastou novamente.
— Toma cuidado, não vai rápido. — Abri a porta.
— Nem um pouquinho? — Perguntou.
— Não, nem um pouquinho. — Saí, fechei a porta, e rodeei o carro,
parando na janela dele.
— Pode deixar. — Ele respondeu seguro.
— É sério, Jad. Eu tô com mal pressentimento com essa cidade, é muito
perigoso. Vai devagar. — Falei alto e claro.
— Tá bom, amor. Eu vou devagar! — Deu dois tapinhas no volante.
Eu sorri sem mostrar os dentes, e entrei em casa.
𝗝𝗔𝗗𝗘𝗡
Achei fofo ela se preocupando comigo, ela me ama.
Acelerei, e decidi passar no McDonald's antes de ir pra casa.
Fechei os olhos por dois segundos, e suspirei sorrindo. Pensei no que
estava acontecendo na minha vida, pensei... ok, pensei na Maxie.
Eu juro que eu tento parar, mas é impossível pra mim.
Desde que conheci a Maxie, foi como se uma luz tivesse se acendido
dentro de mim. É como se toda vez que eu a vejo, eu sentisse minha pupila
dilatar, e minha vista se embaçar. Como se eu necessitasse dos seus olhos
verdes para sobreviver, como se eu só conseguisse respirar, se ela estivesse
lá comigo respirando. Às vezes eu questiono a mim mesmo, o porquê de eu
sentir esse turbilhão de coisas por uma única pessoa, e... simplesmente
cheguei a conclusão que NÃO EXISTE UMA RAZÃO.
Ela é a pessoa mais delicada que eu já conheci na minha vida, é como se
fosse um prato frágil, que eu tenho a obrigação de cuidar, e manter protegido.
Sua risada sincera faz meus dias terem sentido.
Eu sinto que nos completamos, nos encaixamos, como um quebra cabeças de
cinco mil peças... que parece difícil, e impossível. Mas no final, é como se
tudo estivesse em seu devido lugar, como sempre teve que estar. Como se
nascêssemos pra isso.
Seus cabelos claros tingidos... suas mãos macias, seus olhos brilhantes que
parecem sempre saber no que os meus estão olhando, seu sorriso... ah, tudo
me nela me faz enlouquecer. Ela me faz enlouquecer.
Eu tenho a plena certeza de dizer: eu amo a minha namorada.
Eu lembro até hoje como é a sensação de ter seus lábios colados nos meus
pela primeira vez, quando senti seu gloss de cereja em mim. Eu acho que
aquele beijo na chuva quando estávamos bêbados foi necessário para nós
dois nos tornarmos... o que somos hoje. Eu não tenho ideia de como isso
aconteceu, quando foi que a garota marrento do acampamento de férias iria
se tornar a garota que eu mais amo?
Dei uma risada sincera, e acelerei.

𝗠𝗔𝗫𝗜𝗡𝗡𝗘
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Duas Horas
Saí do banheiro vestindo qualquer roupa, com o cabelo ainda molhado,
pois meu celular estava desesperadamente tocando. Corri para sentar na
cama, e atender as ligações.
Jayla Walton.
— Oi! — Atendi, empolgada.
— Jaden sofreu um acidente. — Escutei sua voz abafada e falhada.
Meu sorriso se desfez em três segundos, e senti minha visão embaçar com
lágrimas.
— Vou mandar o endereço, vem correndo pra cá! — Ela continuou.
Jayla desligou a chamada, e logo escutei meu celular apitar de mensagem,
era o endereço.
Fiquei paralisada, franzi o cenho, e comecei a respirar pesado. Eu senti
que havia um tipo de arame passando em volta do meu pescoço, e uma
ardência enorme subir pela minha garganta.
Me levantei, e andei rapidamente pelo quarto, procurando minha
bombinha de ar. Achei ela em cima da cômoda, e usei. Me recuperando aos
poucos.
Continuei a sentir as lágrimas invadirem minha visão, e passei a mão
bruscamente na área dos olhos. Peguei meu celular, e saí apressada.
— Oi Filhota! Advinha? Fiz bolo de carn... — Minha mãe começou a
dizer, mas parou. — O que houve?
— Pode me levar para aquele hospital que você trabalhou ano passado?
— Perguntei desesperada.
— Claro.. mas, por que? — Largou as coisas em cima da mesa, e veio em
minha direção.
— Jaden. — Respondi com a voz enfraquecida.
— Oh meu Deus, querida... — Ela pegou a chave do carro, e fomos até a
saída. — Thomas! Cuida dos seus irmãos!

Quando chegamos lá, de cara já encontrei os Walton, e corri para onde
estavam.
— Max! — Jayla me abraçou junto a Javon.
— Tá tudo bem com ele? — Perguntei quando nos afastamos.
— A gente não sabe, querida. — Jessica respondeu.
— Você foi a última pessoa que ele conversou. — Javon olhou pra mim
com olhos tristes.
— Eu falei pra ele ir devagar, e... — Comecei.
— Não se sinta culpada! — Dj disse compreensivo.
Abaixei a cabeça, e limpei as lágrimas em meus olhos novamente.
— Walton? — Uma voz feminina ecoou pelo local. Era uma enfermeira.
— Aqui!
— Precisamos falar sobre ele. — A enfermeira veio até onde Jessi estava.
— Por hoje... não poderá receber visita. — Ela continuou a cochichar
coisas.
Suspirei, e me sentei numa cadeira.
Depois de alguns longos minutos, Jessica apareceu, preocupada.
— Sem visitas por hoje.
Isso é uma merda.

Decidi ficar, e esperar alguma notícia, qualquer uma.
Em nenhum momento, consegui segurar o choro, meus olhos estavam
maltratados e vermelhos, eu estava mal.
Eu sabia que está merda de cidade está perigosa. Eu avisei, mas deveria
ter impedido. Deveria ter feito algo além.
Encarei um ponto fixo, e engoli em seco.
Tremer as minhas pernas compulsivamente era automático, assim como
morder a pele dos meus lábios.
Eu não sei porra nenhuma sobre o que aconteceu, mas eu sei que foi grave.
Sei que é sério.
Eu não posso perder o meu garoto.

O seu VOTO é muito importante!!
capítulo curtinho :)
39.

Quem comentar bastante, ganha beijinho 💋💋


05/11
Sábado
12:21

Dois dias se passaram, e não aconteceram muitas coisas. Eu fui pra casa
tomar banho, e voltei. Eu não fui vê-lo, mas sei que ele não está bem.
Nesse momento, eu não tenho certeza de nada.
— Pode ir pra casa, querida. — Jessi sussurrou, sentada ao meu lado em
um sofá do lado de fora do quarto.
— Tá tudo bem. — Olhei pra ela. — Eu posso ficar aqui.
— Se não estiver se sentindo bem, pode contar comigo. — Acariciou meu
cabelo.
— Tá bom. — Assenti.
Voltei minha atenção para o chão, e fiquei quieta. Girei a aliança algumas
vezes em meu dedo anelar.
Eu não gosto de pensar no pior, mas... eu não sei o que eu faria sem ele
comigo.
Era pra eu estar com ele. Era pra ser eu no lugar dele. Eu daria tudo pra
trocar de lugar com ele.
Tentei me segurar para não chorar mais, para ser forte. Chorar não vai
trazê-lo de volta.
Olhei para Javon, que estava sentado ao meu outro lado, e percebi que ele
também estava se forçando a não desabar.
Mas quando olhou pra mim, não segurou, e chorou. Puxei ele para escorar
a cabeça no meu ombro, e o acolhi do jeito que eu conseguia.
— Ele vai ficar bem, né? — Jav perguntou baixo.
Hesitei em responder.
— Vai. — Respondi.
Eu não sabia se ele realmente ia, mas eu acreditava que sim.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
10/11
Eu já estava quase caindo de sono, mas estava ainda esperando por
notícias.
Até agora, eu só sei que meu garoto está se recuperando aos poucos, mas
ainda todo cuidado é pouco. E as visitas foram liberadas ontem, onde
Jessica, Dj, e Jayla foram, já que Daelo é jovem demais, e Javon
simplesmente não conseguiu entrar lá dentro...
Ele disse que iria entrar hoje, e sinceramente... não acho que esteja pronto
pra isso.
— Tá tudo bem? — Perguntei a Javon.
— Não. — Respondeu nervoso.
— Não precisa entrar lá se não estiver preparado.
— Eu sei, eu só... quero ver o meu irmão logo.
— Eu também quero ver ele. Mas no tempo certo, quando eu sentir que
estou pronta. — Sentei mais perto. — E eu sei que não estou. Não agora.
Ele suspirou, e colocou as mãos no rosto, tremendo.
— Não vou entrar hoje. — Anunciou, decidido.
Funguei, e cruzei os braços.
13/11
Hoje eu finalmente vou ver ele.
Eu acho que estou bem, pra... falar com ele.
O médico dele disse que faz uns dias que ele não conversa, só abre o
olho. Eu quero olhar para seus olhos verdes novamente.
Encostei minha mão fria na maçaneta, e virei devagar. Abri a porta, e
entrei. Senti meus olhos arderem novamente, fechando a porta atrás de mim.
Caminhei até onde ele estava, e meu coração acelerou, talvez pela
sensação de vê-lo depois de muitos dias. Ou... depois de ver ele nesse
estado.
Jaden estava meio que "sentado" na maca, o braço direito de estava
engessado, vários hematomas na região do rosto, e uma faixa branca
enrolada na cabeça.
Por que isso aconteceu com você? Isso não é justo.
Acariciei sua mão, e olhei para ele. Depois de alguns segundos em
silêncio, vi ele abrir os olhos com dificuldade.
— Meu Deus! — Sussurrei, o encarando.
Ele resmungou algo, que eu não entendi.
— Jaden! — Cheguei mais perto.
Ele olhou pra mim, com os olhos cerrados.
— Quem é você?
Meu pequeno sorriso que havia se formado, sumiu. Meus olhos
derramaram lágrimas automaticamente.
Ele se esqueceu de mim?
— O que..? — Foi a única coisa que eu consegui responder.
— Ah tá, lembrei. — Sorriu com dificuldade. — É a minha gata.
— Idiota! — Murmurei, sentindo meu coração voltar ao normal.
— Não me chama de idiota... — Murmurou.
— Desculpa. — Sorri, e me aproximei mais.
— O que aconteceu, gatinha?
— Nada que você não aguente. — Toquei a ponta de seu nariz.
— Eu vou ficar bem?
Ele estava lutando pra conseguir formar uma frase inteira, mas conseguia.
Ele sempre mostra o quanto é forte.
— Vai. — Sussurrei. — Prometo.
— Me dá um beijinho? — Sorriu com dificuldade.
— Não! — Respondi firme. — Olha o seu estado!
— Meu estado? Atlanta!
— Atlanta é uma cidade, meu bem. — Dei risada.
— Meu estado, é o seu coração. — Fechou os olhos.
— Tem razão. — Concordei.
Eu amo tanto esse garoto, eu o amo mais do que eu mesma. E escutar sua
voz rouca, e sua respiração pesada me faz ficar aliviada, depois desse susto.
— Dorme aqui comigo, por favor. — Resmungou ainda com os olhos
fechados.
— Eu acho que não dá, Jad.
— Dá sim, mamãe dormiu aqui quase a semana toda! — Abriu os olhos.
"mamãe" quem vê pensa que é um neném.
— Mas é diferente. É normal a mãe ficar, a namorada... acho que não.
— Eu tenho direito de escolher com quem eu quero dormir, não tenho!? —
Fez cara de chorão.
— Calma! Eu tô aqui. — Passei meu dedo indicador na sua bochecha.
Ele ficou em silêncio. É difícil saber no que ele está pensando.
— Tá precisando de algo, mozão? — Debochei.
— Queria um copinho de água, vida. — Sorriu de volta.
— Espera aí, que eu vou pegar. — Andei até o canto direito do quarto,
onde tinha um filtro de água com torneira. — Gelada?
— Sim.
Coloquei água no copo descartável, e levei pra ele.
— Quer que coloca água na sua boquinha também, reizinho? — Perguntei
me aproximando.
— Quero. — Respondeu, e abriu a boca.
— Eu me humilho tanto por você, querido. — Coloquei um canudinho no
copo, e levei até perto da sua boca.
— Te amo, minha gatinha. — Cruzou seus olhos aos meus, tomando a
água.
— Te amo muito mais. — Dei um beijinho na sua bochecha, e coloquei o
copo vazio em cima da mesa.
— Será que vai demorar pra eu sair daqui?
— Não sei, gatinho. — Respondi. — Acho que não. Já está nesse hospital
há tanto tempo...
— Quando eu sair, vai estar comigo? — Fez outra pergunta.
— Vou. — Sorri.
— Então... que bom! — Deu uma risada sincera.
— Tenho saudade de ficar com você. — Murmurei.
— Eu vou sair daqui logo. — Se ajeitou. — Tá indo pra escola?
— Não! A última coisa que eu tô pensando ultimamente é na escola.
Imagina ficar trombando com a vaca rosa todos os dias!?
— Tem razão em não querer ir!
— E eu sei! — Dei risada.
— Deita comigo, baby? — Perguntou, abrindo um espacinho ao seu lado.
— Jaden! — Repreendi. — Melhor não.
— Vem logo! — Franziu o cenho, e eu revirei os olhos.
Cheguei mais perto, e sentei no espaço vago.
Não acredito que eu tô fazendo isso.
— Perfeito. — Ele disse, e me abraçou.
— Só por alguns minutinhos! Depois vou descer daqui.
— Não podemos dormir assim?
— Não! Você vai dormir em uma cama inteira.
— Mas a cama não tá pela metade. — Debochou.
— Quer ver eu descer daqui!? — Olhei pra ele.
— Não, não, não! — Me abraçou mais forte.
O que eu não sei como é possível, porque esse garoto não tem força nem
pra ficar em pé direito.
— Minha mãe disse que você foi a pessoa que mais ficou no hospital me
esperando. — Jad disse com uma voz doce.
Eu não tive reação pra isso, fiquei quieta. Apenas aproveitando esse
momento.
— Eu só quero voltar pra casa. — Continuou murmurando.
— Eu sei. — Acariciei seus cabelos. — Tenho certeza que vai sair logo
daqui.
— Tô com saudade da Jane!
— Eu também! — Dei risada. — Minha mãe tá cuidando dela, reizinho.
Ele ficou quieto, estranho...
— Você emagreceu? — Arqueou a sobrancelha.
Os tipos de perguntas que ele faz, super convenientes ao momento!
— Acho que não, por que? — Respondi.
— Cai entre nós... eu conheço a sua cintura mais do que conheço eu
mesmo! — Justificou.
Não contive o sorriso bobo ao escutar isso, e enchi seu rosto de beijinhos,
encerrando com dois na boca.
— Eu gosto quando você faz isso. — Afirmou.
— Eu sei. — Sussurrei.
Queria poder beija-lo do jeito que realmente gostamos, queria dormir
grudada nele, rodar seus anéis em seus dedos, poder abraçá-lo até esmagar!
— Sabe do que eu mais sinto falta aqui? — Ele iniciou outro assunto.
— Do que?
— De você passando hidratante nas minhas costas antes de dormir.
Gargalhei, também sinto saudade de passar creminho nas costas depois
dele sair do banho.
— E também, de quando você passava protetor solar no meu rosto! —
Continuou. — E às vezes entrava dentro do meu olho, e me deixava cego de
um olho.
— Isso só aconteceu seis vezes! — Continuei rindo.
— "Só"!?
— Só!
Ficamos em silêncio, apenas um encarando os olhos do outro. Era um
silêncio confortável, eu me sentia bem!
— Eu te amo. — Ele disse.
— Duvido.
Eu não deveria ter dito iss...
— Meu pau no seu ouvido! — Rodeou uma mão pelo meu pescoço, e fez
carinho nele.
— Espera... no sentido literal, ou... — Comecei a raciocinar, confusa.
— Não, Maxie! — Riu alto. — Não no sentido literal.
— Ah tá, desculpe. — Ri frouxo. — Sendo assim, eu também te amo!
Eu não sei como nós sempre conseguimos a chegar em um nível de
conversa tão...??! Mas eu gosto.

Clica na estrelinha?? 💘
40.

15/11
Quarta - Feira
10:40

Finalmente vou sair desse inferno.
Eu estava saindo do banheiro, e minha família quase toda estava lá me
esperando, credo.
Andar de novo, é bom.
— Tá pronto pra dormir na sua caminha de novo? — Javon veio até mim.
— Tô! — Sorri empolgado. — Não vejo a hora!
— Como cê tá se sentindo? — Maxie perguntou com voz doce.
— Parece que eu sou uma sereia, que está aprendendo a usar as pernas
agora. — Passei meu braço pelo seu ombro.
— Você se acostuma. — Sorriu convencida.
— Você sabe que vai ficar um bom tempo sem beisebol, né filho? —
Minha mãe disse apreensiva.
— Sei. — Respondi cabisbaixo. — Espero voltar logo.
Eu acabei de tirar um gesso da perna direita, e tirei um do braço direito há
dois dias, fora os machucados, e a clavícula fraturada recém recuperada.
— Sem beisebol, sem carro... — Meu pai completou.
Meu carro virou um papel amassado.
— Ah não! — Retruquei.
— Ah sim! — Maxie.
— Todos contra mim, todos! — Resmunguei.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Eu estava junto com Jad no quarto dele, pra variar! Ele estava
estranhamente mais atacado que o normal.
— Namoral... de quem foi essa ideia!? — Jaden perguntou cutucando a
muleta.
— Jaden! Para de brincar. — Fui atrás dele. — Tem que coloc...
— Isso não vai me servir pra nada, ok? Eu sou muito forte. — Jogou a
muleta em cima da cama. — Olhe pra mim, gatinha! — Deu dois passinhos,
parecendo um neném.
Sorri ao ver isso. Mas o sorriso se desfez quando ele fez cara de dor, e se
jogou na cama.
— Tá tudo bem? — Perguntei.
— Tá. Deita aqui!
Caminhei até ele, e me deitei.
— Lembra quando ficamos pelo da primeira vez? —Perguntou do nada.
— Como eu poderia esquecer? — Dei risada.
Ele soltou uma risadinha boba, e segurou meu rosto para olhar para o seu.
— Quero viver com você pra sempre. — Sussurrou. — Sabe... não quero
que isso parece estranho, mas.. você sab...
— Eu também quero viver com você pra sempre.
Eu não acredito que eu consegui dizer isso.
— Jura? — Acariciou minha bochecha.
— Juro.
Um breve silêncio pairou no ar.
— Casa comigo, Maxie! — Fechou os olhos.
— Ah não! Pede direito! — Debochei.
Suspirou, e levantou da cama.
— Só que... não dá pra ajoelhar, sabe? — Deu uma risada sem graça. —
Meu joelho tá todo lascado.
— Então tá! — Levantei também, e parei em sua frente.
Eu acho que não seria muito ético eu ajoelhar agora, então... sem falar na
humilhação.
— É... — Segurei o riso. — Você... — Tentei falar, mas não consegui, de
novo.
Eu estava tendo um ataque de risada, Jaden me faz querer rir pra caralho.
De repente, ele também começou a rir, e me agarrou pela cintura. Me
levantando, e tentando me girar. As vezes ele esquece que acabou de sair do
hospital.
— Merda! — Sussurrou, caindo de novo na cama por cima de mim.
— Você é pesado, reizinho! — Falei embolado em meio às risadas.
— Quer casar comigo, Maxinne? — Cruzou nossos olhos.
— Quero. — Respondi.
— Linda. — Disse do nada.
— Ham? — Franzi o cenho.
— Você é linda. — Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha
orelha. — A mais linda que eu já vi.
— Jad... — Fui interrompida.
— Shh! — Tampou minha boca com a mão. — Não precisa dizer nada. —
Deitou com a cabeça no meu peito.
— Tira a mão da minha boca, bobo. — Falei abafado.
— Você não manda em mim! — Retrucou.
— Mando sim.
— Verdade. — Concordou, e tirou a mão da minha boca.
Eu me sinto exageradamente bem, e diferente desde que comecei a
namorar Walton. Nunca tinha sentido como era ser amada e respeitada de
verdade, e eu tô adorando.
— 'Vamo dormir juntinho assim pra sempre? — Me esmagou.
— Por que você tá todo carente?
— Porque estava com saudades! — Respondeu fraco.
Jaden estava prestes a dormir.
Um garoto com o dobro do meu peso e tamanho estava prestes a dormir em
cima de mim.
— Jay... — Tentei acorda-lo.
Não funcionou! Esse moleque já havia fechado os olhos. Estava roncando
baixinho como um neném.
Merda... que boiolagem. Eu não vou acordar ele! Deve estar cansado.
Fechei os olhos, e esperei o sono bater.
⋆ 𝗖𝗢𝗥𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗧𝗘𝗠𝗣𝗢 ⋆
Abri os olhos vagarosamente, não sentia mais aquele peso em cima de
mim. Só conseguia sentir uma mão quente fazendo carinho na minha barriga.
— Oi. — Sussurrei.
— Oi, mozão. — Debochou, e eu dei uma risadinha.
— Tô me sentindo uma grávida. — Me referi a sua mão na minha barriga.
— Eu sei que não está, bobona. — Escondeu o rosto no meu pescoço. —
Pelo menos não de mim... — Deu risada, e eu dei uma cotovelada por trás.
Idiota.
— Engravidar na adolescência parece horrível! — Comentei.
— Nem me fale, parece ser uma catástrofe. Imagina o dinheirão...
— Você sabe ao menos trocar uma frauda? — Dei risada.
— Acreditaria se eu dissesse que nunca troquei o Daelo? — Deslizou a
outra mão pelo meu braço.
— Acreditaria. — Afirmei com a cabeça. — Você é leigo demais pra
trocar um bebê.
— Ei! Consigo trocar um bebê muito melhor que você, sabia?
— Duvido. — Comecei outra frase, antes que ele pudesse dizer qualquer
coisa. — Passei um bom tempo da minha vida trocando meu irmãozinho.
— Se colocar um bebê na minha frente agora, garanto que consigo trocá-lo
perfeitamente.
Apenas neguei com a cabeça.
— Eu sou expert em trocar frauda, reizinho. — Me virei para ficar de
frente pra ele.
— Quando tivermos nossos filhos, vou provar o contrário. — Deu um
beijinho na minha testa.
— O que te faz pensar que vamos "ter nossos filhos", garoto? — Sorri.
— Não quer ter nossos filhos?
— Quero. — Ergui os ombros. — Mas não agora, nem tão próximo de
agora...
— Quantos? — Perguntou todo empolgado.
— Um! — Franzi o cenho. — Sou uma mulher de princípios. — Apontei o
dedo em seu rosto. — Primeiro resolvemos a estabilidade financeira,
depois... começamos a pensar em filhos.
— Ah.. — Fez cara de triste.
— Por que está tão ansioso pra isso? — Ergui as sobrancelhas. — Vai
demorar pra caramba.
— Que chato.
— Ok... por que estamos falando sobre bebês, com dezesseis anos de
idade? — Perguntei confusa.
— Eu tenho dezessete. — Respondeu simples.
— Tá bom... senhor adulto pai de família. — Me afastei, e levantei da
cama.
— Te amo, gatinha. — Falou alto, enquanto eu andava pelo quarto.
— Também te amo, mano. — Respondi, e fechei a porta do banheiro.
As vezes parece que somos casados há anos.
Eu gosto!
— Maxie! — Escutei ele chamar.
— Fala, cabeção. — Respondi colocando pasta na escova.
— Você não vai acreditar em quem veio me visitar!
Quem?
— Quem? — Respondi com a escova na boca.
— Vem ver!
Terminei de escovar os dentes, e abri a porta.
Me encantei quando vi Jad brincando com Jane em cima da cama, dei
risada e andei até eles.
— O que tá fazendo com esse cachorro? — Perguntei segurando o riso.
— Brincando! — Respondeu sorrindo.
— Eu perguntei pra ela! — Nem consegui segurar a risada até o final da
frase.
Jad me olhou boquiaberta, e fechou a cara.
— Como ela veio parar aqui? — Me sentei ao seu lado.
— Não interessa! Tô bravo. — Respondeu. — Só falo se pedir desculpa.
— Eu não! Você que tem que pedir desculpa por ficar bravo comigo. Onde
já se viu?
— Verdade, amor. Desculpa. — Voltou a brincar. — Foi a Liv que trouxe
ela.
— A Liv tá aqui? — Levantei de novo. — Vou lá ver ela. — Saí do
quarto.
Ela estava na sala, conversando com a Jayla.
— Oi Olívia! — Fui até ela.
— Quanto tempo, né gata? — Arqueou a sobrancelha.
— Veio me ver? — Perguntei confusa.
— Nah... vim a negócios, né? — Olhou para Jayla.
— Absolutamente! — Jayla respondeu, e levantou.
— Tchau. Se cuida, viu? — Liv levantou, e começou a andar rápido para
a porta.
— Espera aí, vocês vão sair jun... — Nem terminei de falar, e já bateram
a porta.
Eu hein...
— Você não acha isso meio... suspeito? — Javon brotou do nada, entrando
na sala.
— Acho. — Assenti com a cabeça.
— Aposto que elas começam a namorar antes do natal. — Entendeu a mão
pra mim.
— Aposto que começam antes de primeiro de dezembro! — O olhei com
confiança.
— Cem dólares?
— Cem dólares. — Apertei sua mão.
Nada como uma boa aposta que já está ganha.
— Estão apostando no futuro namoro da jayla, né? — Jaden chegou com a
Jane no colo.
— Claro! — Respondemos juntos.
— Coitada da encalhada, é a única irmã que não namora. — Jaden
comentou.
— 'Cê namora!? — Perguntei para Javon, confusa.
— Namora uma loira meio... — Jaden respondeu primeiro. — Ai, sei lá...
meio nariz empinado.
— Se manca! — Javon mostrou o dedo.
— Morde ele, morde ele! — Jad apontou a cachorra pra ele, como se
fosse uma arma.
— Bobo. — Jav revirou os olhos, e saiu.
— Coitada da namorada dele, deve ser uma pessoa legal. — Sentei no
sofá.
— Ela deve ser mesmo, nunca conversei. — Sentou do meu lado. — Nada
contra.
— Pelo menos ele tá mais feliz, né?
— Acho que sim. — Ergueu os ombros. — Mas... eu acho que ele tá muito
sobrecarregado. Tem muitas reuniões, contratos, deveres...
— É como dizem no Brasil: dias de luta, dias de glória.
— É, pode ser. — Sorriu. — Tenho orgulho dele. — Escorou a cabeça no
meu ombro.
— Vocês são fofos.
— Sei que sou fofo! — Respondeu convencido.
— Quando vai parar de ser convencido? — Olhei para ele.
— Amanhã. Hoje não. — Ergueu os ombros.
Idiota.

➯ Não se esqueça de VOTAR!
⌗by: 𝘀𝗵𝗶𝗳𝘁𝗻𝗮𝗻𝗮 ✍
41. CAPITULO FINAL.

24/12
Sábado
22:22

Faltam apenas duas horas para o natal. O NATAL!
Incrível como esse ano passou tão rápido, minha ficha não quer cair.
Tenho tantas coisas pelas quais sou grata, que nem sei por onde começar!
Mas com certeza uma das melhores delas foi ter conhecido meu namorado,
Jaden.
— Natal se escreve com "U" ou com "L"? — Jaden perguntou enquanto
escrevia uma cartinha para o "Papai Noel".
— "L". — Dei risada. — Vai escrever uma cartinha pra ele faltando só
duas horas!?
— Aham. — Assentiu. — Por que? Acha que eu não mereço? — Olhou
pra mim. — Eu fui um ótimo garoto esse ano.
— Claro que foi, é... — Cruzei os braços.
— Sério! Um ótimo filho, ótimo neto, ótimo irmão, amigo... — Levantou,
e parou na minha frente. — E um namorado melhor ainda. — Me deu um
selinho.
— Você é confiante, né? — Ergui as sobrancelhas. — Metido.
— Te amo! — Me abraçou, e me girou no ar.
Pelo visto ele está mais recuperado do que nunca.
— Jaden! — Tentei me espernear, mas não deu em nada. — Você tá com a
clavícula recém operada!
— Eu sou forte! — Me colocou no chão novamente. — Já aguento até
voltar a jogar beiseb...
— Shiu! — Coloquei o dedo indicador em sua boca, na intenção de cala-
lo.
— Sabia que minha mãe te chama de nora, mesmo a gente nem sendo
casados ainda? — Sorriu.
— Minha mãe também te chama de genro. — Segurei seu rosto com as
duas mãos.
— Isso significa que temos que nos casar agora mesmo, né? — Se
aproximou, animado.
— E ter uma filha chamada Jane. — Encostei nossas testas.
Eu não consigo descrever o que eu sinto. Acho que seria humanamente
impossível resumir tudo isso em pequenas palavrinhas. É como se fogos de
artifício estivessem explodindo dentro do meu estômago.
São as malditas borboletas, uau...
— Vamos viajar? — Ele perguntou do NADA.
— Hum!? — Saí dos meus pensamentos, franzindo o cenho.
— Viajar, pra um lugar bem legal! Eu e você.
— Podemos ver isso depois, querido? — Sorri, e me joguei em sua cama
que estava atrás de mim.
Estávamos em seu quarto, enquanto nossas família celebravam (juntas) a
véspera do natal, lá fora.
— Eu sei que parece ser bem clichê, e brega, mas... — Se deitou ao meu
lado. — Se você não existisse, eu acho que eu inventaria você. Sabe? Tipo,
no pensamento. Eu com certeza pensaria "Nossa, eu queria tanto encontrar
um garota assim" — Desviou o olhar. — E eu encontrei, encontrei o meu tipo
ideal. Meu tipo de garota.
Encaminhei minha mão até chegar ao lado da sua, e as cruzei.
— Tá vermelhinho? — Segurei seu queixo, e o virei para mim. — Que
fofo! — Dei risada.
— Não tô vermelho! — Exclamou, passando as mãos na bochecha.
— Tá sim!
— Não tô. — Protestou.
— Às vezes eu choro quando lembro o tanto que eu te amo. — Depositei
um selinho em sua testa. — É normal. — Agora um em sua boca.
— Para, Maxie! — Mostrou o dedo, e eu dei risada.
Deus... quando eu for pro céu, não me deixe ir sem o meu garoto.
— Você é tão linda, sabia? — Parou de sorrir, e encarou meus olhos. —
Tem aparência de um.. anjo! Isso, um anjo! Tão puro quanto... Ah, sei lá!
Não manjo desses 'negócio de poema, poesia, não sei que troço é isso.
— Quando eu não for mais "linda" e "pura como um anjo", vai continuar
me amando? — Perguntei enquanto acariciava seus cabelos.
— Eu sempre vou te amar. Até quando você enjoar de mim, até quando eu
não estiver mais forças pra continuar sobrevivendo. Vou te amar até meu
último oxigênio respirado.
— Eu sei que vai.
Quando me dei conta de que já estávamos tão próximos um do outro que
podíamos ouvir nossas respirações, tomei a atitude de atacar seus lábios,
não consegui conter um sorriso. Sempre que eu o beijo, sinto como se fosse a
primeira vez.
Enfiei meus dedos pelos seus fios de cabelo, enquanto sentia sua mão
deslizar do meu braço para a minha cintura.
Com a outra mão, acariciei sua bochecha. Ele me puxou para mais perto, e
eu só conseguia imaginar que só existíamos nós. Nós dois, e mais ninguém.
CORTE DE
TEMPO
Dois Meses

Finamente!! Finalmente vou para o meu primeiro jogo de beisebol depois do


acidente.
— Tô feliz. — Comentei do lado de fora do vestiário.
Não é por nada não, mas eu tava conversando com a minha namorada!
— Boa sorte! Toma cuidado, tá bom? — Maxie disse.
— Cuidado é meu nome do meio! — Ergui meus bíceps. — Não é pra
ficar olhando os bíceps dos meus amigos, só os meus! — Abaixei os braços.
— Não vai ser nenhum sacrifício. — Mandou um beijinho no ar. — Te
vejo depois, vai lá! Campeão.
O jogo vai começar.
Eu confesso que não estava me sentido 100%. Mas sabia que poderia pelo
menos tentar! Eu treinei muito, e me saí muito bem nos treinos. Eu tinha que
tentar.
Na primeira tacada, consegui defender. Mas na segunda e na terceira,
não... Mas acertei a maioria depois dessas. O que é muito bom, pra ser o
primeiro campeonato depois de... você sabe.
Minha ficha caiu que íamos perder, quando errei três em seguida. Estava
decepcionado comigo mesmo. Realmente pensei que poderíamos ganhar
essa. Porra...
— Walton! — Meu treinador chamou durante o pequeno intervalo.
— Foi mal, não é porque eu quero. — Me justifiquei.
— Presta mais atenção nas laterais, eles estão jogando nas laterais
propositalmente. — Falou baixo para que ninguém ouvisse. — Esse novo
lançador que vai entrar agora, é o famoso "Braço de Canhão". Esse é o
apelido dele, preciso que tome o dobro de cuidado agora, entendeu? — Me
encarou.
Não.
Apenas olhei em volta, estavam todos gritando, e torcendo. Estavam
torcendo por mim... (?)
Eu vou decepcionar muitas pessoas. Pessoas que pagaram pra entrar aqui.
Desperdiçaram seu dinheiro, por minha causa.
Achei que estava preparado.
Talvez... o beisebol tenha esfriado. Talvez não é para ser, mesmo. Será
que esse acidente só ocorreu pra me mostrar isso? Por que estou sendo tão
insistente? Eu sou um idiota.
Larguei meu taco na grama molhada, e me virei. Eu saí de lá, eu precisava
sair de lá.
Eu poderia ter ficado quieta no meu canto, mas não consegui. Eu levantei e
fui atrás de Jaden. Ele foi pro vestiário, no qual estava vazio.
— Jad..? — Dei duas batidinhas na porta.
— Oi, Maxie. — Respondeu fraco.
— Quer falar comigo? — Perguntei.
Ele apenas abriu a porta, e me encarou por três segundos antes de me
abraçar forte. Senti que ele estava praticamente chorando, me doeu vê-lo
assim.
— Eu sempre quero falar com você, sabe disso. — Se afastou.
— O que houve? — Olhei em seus olhos.
— Pressão. — Bagunçou o próprio cabelo. — Eu não sei se estou fazendo
o certo, eu acho que o beisebol não é pra mim mesmo! Acho que estou
insistindo, e forçando muito.
— É normal se sentir pressionado, ainda mais em uma situação como essa
que você está passando agora. — Eu tentava achar as melhores palavras,
mas não sabia o que fazer. — Você joga beisebol desde pequeno, e eu sei
que ama isso.
Ele assentiu com a cabeça, e sorriu minimamente.
— Do que você tem medo?
— De perder. — Suspirou. — Perder, e decepcionar as pessoas que
acreditaram em mim.
— Não é uma derrota que vai definir se é bom ou não. Isso não vai anular
todas as suas vitórias, suas conquistas... tá tudo bem perder as vezes, sei que
entende isso, bem lá no fundo. — Encostei o dedo indicador em seu peito.
— Olha... — Continuei. — Saiba que todas essas pessoas que você tá
com medo de decepcionar, estão torcendo por você! Elas confiam em você.
— Falei, e vinham sorriso de verdade surgir em seu rosto. — Eu também
estou. E tenho certeza que elas ficaram muito chateadas quando te viram sair
daquele campo, sem ao menos tentar.
— Tentar... ganhar?
— Tentar voltar a fazer o que você ama. Foda-se se vai perder ou não, eu
vou continuar te achando o melhor de todos! O meu campeão. — Sorri.
— Eu vou voltar lá, então! — Disse empolgado.
— Volta! Eu vou torcer por você, Jdub.
Voltei pro meu lugar, e Jaden finalmente voltou para o campo. Está
confiante. Ele vai rebater contra o tal do "Braço de canhão".
Estava um clima tenso nas arquibancadas. Um silêncio total, todos
estavam adorando a sensação de suspense, e curiosidade.
O jogo estava rolando, (e sendo sincera, eu não tava entendo nada) mas
estava apoiando mesmo assim.
"Buford, Winner"
Ele venceu. ELE VENCEU!
Uma gritaria se ecoou pelo campo, eram todos para o meu garoto. Ele
conseguiu.
Senti meus olhos brilhantes, e meu corpo esquentar. Levantei, e o aplaudi
em pé. Era orgulho.
...
Quando ele estava saindo do campo, depois de tirar milhares de fotos, e
receber um troféu. Finalmente pude ir até ele.
Corri até ele, e o abracei apertado.
— Eu ganhei, você viu? — Ergueu o troféu.
— Eu vi. — Dei vários selinhos pelo seu rosto todo.
Eu simplesmente ignorei totalmente o fato dele estar todo suado!
— Filho, parabéns! — Jessi o abraçou assim que eu me afastei.
Toda sua família o cumprimentou, e ele estava feliz. Eu amo isso.
Beisebol o faz feliz.
— Eu ganhei graças a minha gatinha. — Passou o braço pelo meu ombro.
— Nada a ver. — Neguei com a cabeça. — Ganhou graças a você mesmo.
Ele não disse nada, apenas entregou o troféu pra mim. Eu sorri, e o segurei
em minha mão.
Depois que saímos de lá, eles passaram em um restaurante para
comemorar, mas eu fui embora. Acho que ele precisa desse momento com a
família. Decidi ficar em casa, quietinha, deitada na cama.
— Querida! — Minha mãe apareceu na porta. — Tem roupa pra lavar? Se
tiver, deixa aí que a Floren... Uai!
Eu estava estirada na cama sorrindo igual uma tonta, olhando pro teto.
— Enlouqueceu? Que isso!? Usou drogas!? — Gritou.
— Não são drogas não! São as borboletas, mãe. Elas vivem aqui ó, bem
aqui... — Apontei para meu estômago.
— NA BARRIGA!? — Berrou. — Maxinne! Eu te avisei pra não ficar
fazendo essas coisas!
— Que coisas, mulher!? — Saí do "transe", e levantei.
— De que merda você tá falando!?
— Borboletas na barriga..? — Franzi o cenho.
— Ah... — Sorriu sem graça. — Ah tá. — Se virou, e saiu.
Eu hein...
DIA
SEGUINTE
Lembra da viagem que Jaden tinha falado? Hoje é o dia. Vou pra Las
Vegas com meu namorado, e minha mãe... legal.
— Tem certeza que é uma boa ideia ir pra outro estado, com a sua mãe?
— Jaden perguntou receoso.
— Tenho, ela é responsável o suficiente... eu acho.
— Deus lhe ouça!
— Além do mais... ela não vai precisar levar as crianças, então vai estar
de boa.
— Estão prontas, crianças!? — Ela apareceu na porta do meu quarto.
— Vai ser ótimo. — Sorri pra ele, e levantei.
Isso vai dar certo? Entrar dentro de um avião pra outro estado junto com a
Max e a mãe dela? Ah, claro.
Pelo menos, se eu morrer, vou estar ao lado da minha mulher.
— Tô com medo de morrer. — Maxie sussurrou enquanto caminhávamos
até o embarque.
— Nem me fale. — Sussurrei de volta.
— Se estão achando que eu não dou conta de cuidar dois adolescentes...
estão muito enganados! — Pelo visto Virgínia escutou a gente cochichando.
Não respondemos nada, apenas sorri sem graça.
Finalmente entramos, e imediatamente já corri na frente da Maxie para
ficar na janelinha.
— Pelo amor de Deus... — Murmurou. — Cresce! — Sentou ao meu lado.
— Cresci tanto que fiquei maior que você. — Pisquei.
— Blá, blá, blá... — Revirou os olhos.
— Sem gracinhas durante a viagem, viu!? — Virgínia murmurou no banco
atrás do nosso.
— Dorme, mãe! — Max retrucou.
— Maxie? — Chamei.
— Hum?
— Quem nasceu em Las Vegas é Vegano? Tipo.. Vegas= Vegano.
— Senhor... dorme também, Jaden. — Colocou a mão na minha cara.
CORTE DE
TEMPO
Já tínhamos chegado há algumas horas, nos hospedamos em um hotel perto
da praia. A Maxie já tinha terminado de arrumar as coisas dela há um
tempão, mas eu ainda estava tentando abrir minhas malas.
— Eu não lembro a senha! — Falei com a voz falha. — Eu não lembro a
porra da senha!!
— Você tá chorando, Walton? — Max me olhou sorrindo.
— Não. — Respondi chorando.
— É o seu aniversário. — Respondeu como se fosse óbvio.
— É o meu aniversário!? — Perguntei surpreso.
— Por que aceitei namorar com uma pessoa tão burrinha? — Arqueou a
sobrancelha.
— Porque você me ama. — Mandei um beijinho no ar. — Quando que é
meu aniversário, mesmo?
— Vinte e dois de julho? — Respondeu confusa.
— Que ano? — Perguntei colocando a senha.
— Jaden... — Olhou pra mim, pensativa.
— Em que ano eu nasci? — Insisti na pergunta.
— Dois mil e seis. — Suspirou.
Finalmente consegui! Consegui sozinho.
Mal acabamos de organizar nossas coisas, e Jaden já estava enchendo o
saco pra ir passear na praia.
— Namoral cara! Eu necessito encostar meus lindos pezinhos naquela
areia! — Apontei para a praia vista pela nossa janela.
— Mãe! Será que é possível levar essa criança de volta para Atlanta? —
Retruquei.
— Para de ser chata, vamos descer. — Minha mãe sorriu. — Nem sei de
onde que puxou essa chatice.
— É sério isso!? — Protestei indignada.
— Isso aí, sogra! — Jaden fez um "toquinho" de mão com ela.
Pelo amor de Deus. Passar três dias com esses dias vai ser incrível.
Não acredito que conseguimos descer seis andares de escada por conta do
elevador estragado. Eu estava ofegante, e quase caindo no chão de cansaço,
descemos correndo, eu sou sedentária!
— Jesus... — Mamãe sussurrou sem fôlego. — Estão todos aqui? —
Olhou em volta. — Quem não estiver aqui, levanta a mão!
É claro que o Jaden levantou.
— Somos só três pessoas, não é como se fôssemos uma turma de escola. É
quase improvável nos perd...
— Não precisa ser nerd aqui, garota... — Jaden me interrompeu.
— Verdade, garota... — Minha mãe concordou.
Chegamos lá, e o lugar é realmente encantador. Estava quase deserto.
— Tá pronta? — Jaden perguntou assim que chegamos na beira do mar.
— Pra que?
Ele, sem dizer uma palavra, me levantou e se jogou em meio às ondas
grudado em mim. Filho da mãe...
— Te amo, te amo! — Gritou, quando tirou o rosto de dentro d'água.
— Às vezes eu duvido disso! — Cruzei minhas pernas ao redor do seu
corpo.
— Boboca. — Colocou a mão na minha bochecha.
— Tem ouvido falar da Rosa Thompson? — Perguntei.
Faz tempo que não a vejo.
— Ela se mudou pra cidade natal. — Ergueu os ombros. — Ouvi falar que
ela sossegou agora.
— Será mesmo?
— Uma vez, eu troquei o corretor do celular dela de "Rosa" para
"Bunda". Agora toda vez que ela vai falar o próprio nome, ela fala "Bunda".
— Falou sorrindo. — Bunda Thompson!
— Você é um ser humano horrível. — Dei risada.
Jaden acariciou meu rosto, contornando a cicatriz que se formou em meu
rosto no dia em que caí de skate.
— Ela não é muito agradável, eu sei. — Comentei.
— É linda. E conta uma parte da nossa história.
Sorri, e escorei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos. Ele
apenas aceitou, e fez carinho nas minhas costas.
Eu amo ele.
E essa é a história de quando o acampamento de férias me fez encontrar o
garoto que me faz feliz todos os dias.
Ok, eu admito. O nome da gatinha é realmente Godofreda Aparecida
Walton.
FIM
by: shiftnana
BÔNUS 💘

SEIS ANOS DEPOIS

"Nada mudou."
⎯⎯ Feliz Aniversário!
Era aniversário do meu noivo, Jaden.
⎯⎯ Logo cedo!? Ah não! ⎯⎯ Cobriu o rosto com o travesseiro.
⎯⎯ Acorda logo, cara! A gente tem que sair pra comemorar. ⎯⎯ Depositei
diversos selinhos pelo seu rosto.
Logo depois disso, nossa cachorrinha Jane pulou em cima da cama,
latindo e lambendo a cara do "papai".
⎯⎯ Filha! Bom dia! ⎯⎯ Acariciou os pelos macios.
⎯⎯ Vai falar só com essa filha? ⎯⎯ Me deitei ao seu lado.
Um sorriso se formou em seu rosto quando eu disse isso, e logo se virou
para colocar a mão na minha barriga.
Eu estou grávida de cinco meses.
⎯⎯ Que demora, né? Pelo amor de Deus! Como que demora tanto assim
pra nascer? ⎯⎯ Exclamou indignado.
⎯⎯ É um ser humano crescendo dentro de mim Jaden, é claro que vai
demorar.
⎯⎯ Na minha época essas coisas eram mais rápidas. Não aguento mais
viver nessa espera! Nem a sua barriga cresceu direito.
É incrível como nada mudou.
⎯⎯ Ela cresceu sim! ⎯⎯ Apontei para ela. ⎯⎯ Tem um relevo bem aqui, ó!
⎯⎯ Acariciei o pé da minha barriga, onde tinha uma espécie de relevo
arredondado.
⎯⎯ Não vejo a hora da...
Ele começou a falar, mas ficou quieto quando o viu a barriga se mexendo,
o bebê chutou.
⎯⎯ AMOR VOCÊ VIU!? ⎯⎯ Gritou com os olhos arregalados.
Na verdade os seus olhos estavam quase saltando pra fora.
⎯⎯ Ela escutou você humilhando ela.
⎯⎯ Que cute cute! Que neném!
Eu disse! Nada mudou.
Se eu dissesse para a Max de quinze anos que com vinte e dois, estaria
grávida do garoto burrinho do acampamento, ela iria rir da minha cara.
⎯⎯ Chega logo, Jane! ⎯⎯ Abraçou minha barriga.
Jane.
⎯⎯ Será que quando ela nascer, ela vai me humilhar igual você me
humilha? ⎯⎯ Olhou pra mim de volta.
⎯⎯ Vai. ⎯⎯ Afirmei com toda certeza do mundo.
⎯⎯ Que desastre! ⎯⎯ Choramingou. ⎯⎯ Eu literalmente tô criando um
monstrinho.
⎯⎯ Agora pode ir se arrumar, vai! ⎯⎯ Levantei da cama, e cruzei os
braços.
⎯⎯ Ah não! Olha aqui, a Jane não quer que eu saia, tá vendo? ⎯⎯ Na
verdade, era ele que estava prendendo a cachorra em cima da cama.
⎯⎯ Vem, filha! Que o papai precisa levantar. ⎯⎯ Peguei ela no colo.
⎯⎯ Eu acho essa palavra tão fofa.
⎯⎯ Que palavra?
⎯⎯ "Papai".
⎯⎯ Então vai logo se arrumar, papai. ⎯⎯ O puxei pelo braço.
⎯⎯ Tô indo, ranzinza! ⎯⎯ Finalmente levantou.
CORTE DE
TEMPO
Levei ele ao cinema, para assistir um filme de romance adolescente
clichê. Eu não sei quando foi que Jaden começou a gostar desse gênero, mas
hoje em dia é o que ele mais gosta de assistir.
⎯⎯ Own... nós éramos assim. ⎯⎯ Apontei para os dois personagens tendo
um momento fofo e extremamente grudento de casal.
⎯⎯ A gente nunca foi assim. ⎯⎯ Arqueou a sobrancelha. ⎯⎯ Que nojo.
Apenas virei meu rosto e o encarei por dois segundos, antes de depositar
um tapa em seu rosto.
⎯⎯ Sempre foi assim. ⎯⎯ Sorriu.
De repente um sorriso singelo cresceu em meu rosto, sentindo meu rosto
queimar, e meus olhos brilharem.
Eu sinto como se fosse a primeira vez, sempre. As sensações que ele me
faz sentir... parecem fogos de artifício no meu estômago.
É amor.
⎯⎯ Será que o nosso segundo filho vai ser pau mandado de mulher igual
ao pai dele? ⎯⎯ Ele soltou essa do nada.
⎯⎯ Segundo filho!? Mal fizemos a primeira, garoto!
⎯⎯ O nome dele vai ser... Jaden Walton Junior.
⎯⎯ Pelo amor de Deus... não! Depois a gente pensa em segundo filho. ⎯⎯
Puxei seu rosto e dei um selinho.
⎯⎯ Hum.. me beija de novo. ⎯⎯ Veio de encontro ao meu rosto.
⎯⎯ No cinema? ⎯⎯ Franzi o cenho.
⎯⎯ É. ⎯⎯ Passou o braço pelo meu ombro.
⎯⎯ Ok.
Nada mudou.
by: shiftnana

Você também pode gostar