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FACHA - Faculdades Integradas Hélio Alonso

Cinema

Carolina Hein Rodrigues Ferreira- 20206923


Clara Cardoso Ferraz- 20205927

AV1 – Direção de atores


(N505F)

Rio de Janeiro
2022
Curta: Tamo Junto
Pedro Conti

1. Estética da comparação

Baseando-se na estética da comparação, no curta Tamo Junto é visível o


carinho que o Dinho tem pela dona Edi, e isso se torna mais notório quando se
percebe que ela sempre esteve presente na vida dele por conta de sua falecida
mãe. A dona Edi ajudou a cuidar dele quando quebrou a perna, como pode-se ver
na foto emoldurada em sua mesa, o que explica mais o cuidado que ele tem com
ela, um sempre cuidando um do outro.
Na estética da comparação invisível, o curta se passa na pandemia de
covid-19, assim envolvendo a obra onde o Dinho ia a farmácia e a mercados para
ela não precisar se expor ao vírus e na sociedade mostrando o momento delicado
que a pandemia foi, principalmente para pessoas mais velhas.
Com isso temos a vida e a morte batendo de frente no curta, a preservação
da vida, que é o filme todo o Dinho fazendo a dona Edi se expor o menos possível e
o medo da morte de alguém próximo novamente, como a de sua mãe.

2. Simbólico

O curta é cheio de simbologias para relacionar e contar algo que aconteceu


na vida de Dinho, como a foto em sua mesa com a dona Edi, sua mãe e ele, que ao
fundo tem o Museu Memória do Jaçanã, e na parede deste Museu tem uma pintura
de um trem, como na mesa de Dinho que tem uma representação pequena de um
trem do Jaçanã, e na foto também existe ele segurando esse trem. Logo a frente do
curta, consegue-se entender o que aquele trem realmente representa, a cena que
mostra que um acidente aconteceu envolvendo o trem, é a que o Dinho acredita que
aconteceu algo com a dona Edi, quando a mesma não atende o celular e uma
ambulância passa em direção ao seu prédio, ele chega desesperado na porta do
apartamento dela e ela não abre, neste exato momento mostra o Dinho imaginando
um trem e ele gritando por ela e falando “...de novo não…”, mostrando-se o trauma
do acidente. Desta forma, deixando claro que foi sua mãe que morreu no acidente
de trem. Além disso, tem os bilhetes que ele costuma deixar para a dona Edi e ela
sempre guardando todos na porta de sua geladeira.

3. Subjetividade

A moral da história é que o Dinho tem um medo muito grande de perder outra
pessoa além de sua mãe, e por isso ele cuida da melhor forma que pode das
pessoas que ele ama, para ter o máximo de tempo de qualidade com ela e para
tentar não perder essa pessoa, mesmo que existam umas situações onde ele não
pode ter o controle de tudo que possa acontecer, como um acidente de trem ou a
possível morte da dona Edi por covid-19. Com isso consegue-se notar o trauma que
o Dinho desenvolveu ao perder a pessoa que ele mais amava, sua mãe.
Entrevista
Melise Maia

1. Você considera que tem algum método ou usa algum sistema para
direção de atores?
Uso a minha experiência como atriz quando dirijo. Acho que ajuda muito o
fato de já ter estado do outro lado.

2. Como selecionar o elenco?


Através do conhecimento do trabalho dos atores, perfil ou semelhança com o
personagem. O fato de ser atriz também facilita muito, porque conheço, de fato,
muitos atores. Ou através de testes.

3. Quanto tempo costuma ensaiar com o elenco?


Depende do filme. Em geral fazemos algumas leituras de texto, para os atores
se conhecerem e tirarem as dúvidas sobre o personagem.

4. Como vê o improviso, desde o caco até cenas completas sem


roteiro?
Quanto ao improviso, é sempre bem vindo, mas principalmente durante os
ensaios. Em filmagem tempo é dinheiro e improvisos na hora da filmagem, com
raras exceções, mais atrapalham do que ajudam.

5. Utiliza preparadores de elenco? Como vê este profissional?


Não. Meus projetos sempre foram bem enxutos, nunca tive grana pra
preparador de elenco.

6. Como é trabalhar com atores e não atores?


Só trabalho com atores.

7. Qual a preferência de atores, têm definido por tipos e arquétipos?


Em geral é o roteiro que determina o tipo de atores que o filme precisa.
8. Como relaciona dramaturgia e outros elementos da imagem com
os atores?
O Cinema é totalmente imagético, mas sem dramaturgia dificilmente se
consegue fazer um bom filme. As duas coisas têm de se relacionar.

9. Como estabelecer um diálogo entre a direção de atores e o


elenco?
Esse diálogo é estabelecido através da confiança e da escolha certa para os
personagens. Se o diretor acerta na escalação, certamente terá uma chance maior
de ter um bom filme, e de ter sucesso ao contar a sua história.
Narrativa: Onde houver sol
João Ferraz

Amanheceu, frio e sonolento. Abro os olhos durante um minuto. O sol,


preguiçoso, ainda não deu o ar da graça. Me identifico com sua lentidão. Escuro.
Vou ao banheiro, sento na privada e divago. “Está chegando a hora. Porquê tão
cedo? Ainda tantas coisas a fazer, tantas coisas para ver. Quantas pessoas não vou
conhecer? Amores que nunca sentirei.”. Me limpo, jogo uma água gelada no rosto e
com as mãos ainda molhadas, passo os dedos pelos cabelos desarrumando o
trabalho do travesseiro.
Desde que ele soube que estava doente, se afastou de tudo e de todos,
inclusive de sua família. A tristeza era tão plena que só existia espaço para o nada.
Passava os dias, as semanas, os meses, e o imenso tédio fazia com que o tempo
quase parasse. O sono era seu maior amigo. Com ele montava num cavalo e
saltava as horas com a leveza de quem não pode mais sonhar. O mundo ficou
pequeno e ele se sentia como um gigante flutuando no vácuo sideral. Sua filha o
procurou intensamente mas diante de tanta negativa e mau humorados grunhidos,
deixou-o em paz.
Vago pela casa, sem rumo, em câmera lenta. Meus olhos se adiantaram e
não tem mais vida. Penso sobre a possibilidade da inexistência e de sua oposição
com a onipresença. Deus existe? Em breve saberei. Esse sempre foi meu trabalho,
pensar, escrever, falar. Abandonei o convívio da família para me dedicar a um
trabalho que iria mudar o pensamento humano. Viajei o mundo levando minhas
ideias. E agora? Sinto sono.
A campainha toca e de má vontade, ele segue até a porta.
- Quem é?
- Oi vô! Sou eu, seu neto. É que hoje é o dia das crianças e eu pedi à mamãe
que me trouxesse aqui para ver o senhor. Estou com muitas saudades.
Seu neto de 6 anos, única criança que se relacionou na vida, pois sua filha
não teve esse prazer. Com muita profundidade, esse pequeno ser arrebatou seu
coração. Amava o garoto e não queria vê-lo sofrer, e nem expô-lo a essa massa fria
e estéril em que se transformou.
Abriu a porta e viu o carro de sua filha indo embora. Quando seus olhos
encontraram os da criança, o sol brilhou e seu coração enrijecido amoleceu,
esquentando seu corpo. Uma lágrima quente escorreu pelo seu rosto.
- Trouxe um bolo de chocolate para o lanche. Vamos brincar vô?
Despertei. Colocamos o bolo em cima da mesa e demos um longo abraço.
Não queria mais soltá-lo. Brincamos de pique, esconde-esconde, contei histórias e
ele me contou outras histórias, rimos muito, comemos bolo. Minha filha veio
buscá-lo, abracei-os e me despedi.
Morreu dormindo, no dia das crianças, com o coração quente e um sorriso no
rosto.

1. Proposta de direção:

É uma narrativa contemporânea. Reflete questões atuais com foco em revelar


os sentimentos de um protagonista que sabe que morrerá em breve ele se
arrepende de não ter conseguido manter uma relação com sua família.
No primeiro momento do nosso curta, pretendemos evidenciar a situação em
que o personagem se encontra, mostrando seu estado de infelicidade através de
suas expressões e movimentos. A iluminação é baixa, apenas de um abajur com luz
amarela, apesar da janela aberta ainda está escuro. Ele vai ao banheiro, olha no
espelho e não gosta do que vê.
Ele está abalado, frustrado com o rumo que sua vida tomava. Um ar de
tristeza exala em seu rosto a todo momento.
Sua casa está bagunçada, amontada e nada ele faz para mudar isso, pelo
contrário, desvia dos objetos pelo chão como se fizesse parte da decoração.O jogo
de luzes e sombras, um ambiente abandonado, a fisionomia cansada e triste do
personagem, todas essas características visuais expressam a densidade de toda a
situação.
À medida que os dias passam suas ações se mantém lentas, sem
movimentos bruscos, e nem grandes acontecimentos. A monotonia do seu cotidiano
é evidente ao decorrer do curta. Seus dias se resumem, em dormir, comer algo
congelado na geladeira, ler um livro e voltar a dormir.
Em um certo momento a campainha toca. Ao abrir a porta, seu semblante
muda. Onde se destacava tristeza agora tem um ar de esperança. A iluminação do
ambiente muda no instante em que o neto entra na sala. As frestas do sol invadem
o ambiente. O vô se torna mais ágil e alegre. A ingenuidade da criança ao se dirigir a
ele faz seus olhos brilharem. Eles brincam pela sala, rindo sempre. Sentam na mesa
e comem o bolo que o neto fez questão de trazer enquanto conversam e contam
histórias. Uma música alegre sobressai e as risadas ficam em segundo plano.
Ele aparece abrindo a porta para sua filha, emocionado, olha para ela e os
dois se abraçam, depois ele abraça seu neto, sorrindo. Os dois saem.
Na última cena, ele está deitado em sua cama de olhos fechados com uma
feição tranquila.

2. Personagens:

Avô: Pai e avô ausente. Dedicou toda sua vida ao trabalho e esqueceu de sua
família. Agora, velho, se arrepende. Esse arrependimento o torna uma pessoa
frustrada e infeliz. Tá doente, magro e com uma expressão abatida. Sempre com
roupa de dormir e cabelo bagunçado.

Filha: Conformada com a falta de convívio com o pai. Depois de tantas


tentativas, desistiu de correr atrás dele e de ter sua atenção. Sua única preocupação
é realizar o desejo de seu filho e o fazer feliz. Com roupas sociais e um rabo de
cavalo desarrumado, parece cansada.

Neto: Uma criança feliz e ingênua. Não tem muita noção do que acontece em
sua volta, das questões e problemas de uma vida adulta. Ama sua família
incondicionalmente. É brincalhão, risonho e educado. Só quer um tempo com seu
avô que não vê com frequência.

3. Direção de atores:

O ator traz a emoção para a cena e nosso objetivo é exprimir esses


sentimentos ao máximo. A direção de atores deverá ser feita através de ensaios e
dando todo os suportes e ferramentas necessárias na hora da construção do
personagem, mas também os dando liberdade para que se sintam à vontade e
tenham uma certa propriedade na interpretação, para que seja o mais natural
possível. Queremos um curta mas intimista e sensitivo com tom de realidade.

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