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FIS01213 - Física Atômica e Molecular A

Aluno: Rodrigo Fraga da Silva - Matrícula: 00209578


Professora: Sandra Denise Prado
IF-UFRGS

Lista III
Questão 1
Considere a função dada pela questão
 1/4
α 2 /2
ψα = e−αx (1)
π
e o operador hamiltoniano em uma dimensão
ℏ2 ∂ 2
Ĥ = − + V (x) (2)
2m ∂x2
com V (x) sendo o potencial atrativo dependente de x que em x → ∞, V = 0. O valor
esperado E(α) para a função ψ(α) será dado por
Z ∞
E(α) = ⟨ψα |Ĥ|ψα ⟩ = ψα∗ Ĥψα dx (3)
−∞

com ψα∗ sendo o complexo conjugado de ψα , mas como essa função é real, ψα = ψα∗ .
Utilizando o operador Ĥ, temos
( )
α ℏ2 Z ∞ −αx2 /2 ∂ 2 −αx2 /2 Z ∞
r
2
E(α) = − e 2
e dx + e−αx V (x)dx (4)
π 2m −∞ ∂x −∞

resolvemos a derivada presetne no primeiro termo


∂ −αx2 /2 2
e = −αxe−αx /2
∂x (5)
∂ 2 −αx2 /2 2 2

2
e = −αe−αx /2 + α2 x2 e−αx /2
∂x
e a integral fica
( )
α ℏ2 Z ∞ 2 2 Z ∞
r
−αx2 2
E(α) = − (α x − α)e dx + e−αx V (x)dx (6)
π 2m −∞ −∞


na primeira integral faremos a substituição u = αx de forma que

ℏ2 Z ∞ √
( Z ∞ )
α
r
2 2
E(α) = − α(u2 − 1)e−u du + e−αx V (x)dx (7)
π 2m −∞ −∞

1
Sabe-se que Z ∞
2 √
e−u du = π (8)
−∞

e fazendo r = u2 Z ∞ Z ∞√ √
2 −u2 −r π
ue du = re = (9)
−∞ 0 2
e com isso teremos

πα √
" ! Z #
α ℏ2 ∞
r
−αx2
E(α) = − − πα + e V (x)dx
π 2m 2 −∞

r " 2√ #
α ℏ πα Z ∞ −αx2
E(α) = + e V (x)dx (10)
π 4m −∞

Consideremos que α ≥ 0, dessa forma o primeiro termo de (10) também será ≥ 0. En-
quanto que a sua integral é formada por um produto de uma função exponencial que
é positiva definida com uma negativa definida (V (x) sempre será negativa a menos em
x → ∞), portanto o seu resultado deve ser sempre negativo. Se considerarmos α sufici-
ente pequeno (tendendo à zero). Podemos desprezar o primeiro termo de (10) de forma
a ter apenas o termo da integral, que será negativa, com isso E(α) < 0 enquanto que
V (x → ∞) = 0, de forma a termos um estado ligado.

Questão 2
Façamos a expansão do operador rotação Di
iθi Li θi2 L2i
Di ≈ 1 − + ··· (11)
ℏ 2ℏ2
e utilizemos no comutador
iθi θ2
[H, D] = [H, 1] − [H, Li ] + i 2 [H, L2i ] (12)
ℏ 2ℏ
os dois primeiros termos são nulos, já que 1 é apenas uma constante e H e Li comutam.
No terceiro termo usamos a identidade

[H, L2i ] = Li [H, Li ] + [H, Li ]Li (13)

e vemos que também comutam, logo, [H, L2i ] = 0. O mesmo pode ser feito para os termos
de maior ordem da expansão de Di , concluindo que

[H, D] = 0 (14)

Com isso, aplicamos esse comutador numa função de onda Ψnlm

HDi Ψnlm − Di HΨnlm = 0 (15)

como HΨnlm = Enlm Ψnlm , com Enlm sendo a auto-energia de Ψnlm


HDi Ψnlm = Di Enlm Ψnlm
(16)
H(Di Ψnlm ) = Enlm (Di Ψnlm )
mostrando que numa rotação de um eixo qualquer, a energia não muda. Se escolhermos o
eixo z para essa rotação, temos que E não deve depender de m, já que Lz Ψnlm = mℏΨnlm .

2
Questão 3
As autofunções podem ser escritas como um produto de uma função radial Rn (r) e
outra função, chamada de harmônico esférico, dos ângulos θ e ϕ, Ylm (θ, ϕ)

Ψnlm (r, θ, ϕ) = Rn (r)Ylm (θ, ϕ) (17)

numa transformação de paridade, em que ⃗r → −⃗r, temos as seguintes mudanças em


relação às variáveis r, θ e ϕ:

r →r
θ →π − θ (18)
ϕ →ϕ + π

como a alteração não altera r, podemos analisar a paridade de Ψ através de Ylm . Assim
sabe-se que os harmônicos esféricos são dados pela função
#1/2 #1/2
dl−m
" "
(2l + 1)! 1 (l + m)!
m
Yl (θ, ϕ) = (−1)l
l
eimϕ (sin θ)−m (sin θ)2l
4π 2 l! (2l!)(l − m)! d(cos θ)l−m
(19)
com a mudança de ϕ → ϕ + π, temos

eimϕ → (−1)m eimϕ (20)

e com θ → π − θ, cos θ → − cos θ e portanto

dl−m l−m dl−m


→ (−1) (21)
d(cos θ)l−m d(cos θ)l−m

já que (−1)l−m = (−1)m−l . Com isso temos uma alteração de (−1)m (−1)l−m = (−1)l
em Ylm . Com isso temos que numa operação de paridade Π, que faz ⃗r → −⃗r, sobre uma
função de onda Ψnlm ,
ΠΨnlm = (−1)l Ψnlm (22)
de forma que para l par, teremos uma função par e para l ímpar, uma função ímpar.

Questão 4
Item (a)
Para uma região r > R, com R sendo o raio nuclear, o núcleo será visto de forma
idêntica a uma carga pontual

⃗ > R) = 1 Ze
E(r ⃗er (23)
4πε0 r2
já para a região r ≤ R temos que tomar o campo elétrico pela lei de Gauss. Para uma
esfera de densidade de carga homogênea, o campo é dado por

⃗ ≤ R) = 1 Zer
E(r ⃗er (24)
4πε0 R3

3
O potencial Φ(r) na posição r será dada por
Z ∞
Φ(r) − Φ(∞) = ⃗ · d⃗r
E (25)
r

com Φ(∞) = 0 e dividindo a integral em duas


Z ∞ Z R
Φ(r) = ⃗ ′ > R) · dr⃗′ +
E(r ⃗ ′ ≤ R) · dr⃗′
E(r
R r
 
∞ ′2 R
1 1 r
= Ze − ′ + 
(26)
4πε0 r R
2R3 r
" #
1 3 r2
Φ(r) = Ze −
4πε0 2R 2R3
a energia potencial V (r) é o produto da carga do elétrons pelo potencial P hi(r), logo
" #
1 3 r2
V (r) = − Ze2 − (27)
4πε0 2R 2R3

Item (b)
A diferença ∆V será 0 para a região r > R, já que o núcleo é visto como uma carga
pontual. Já para a região em que r ≤ R teremos
!
Ze2 1 3 r2
∆V = − − + (28)
4πε0 r 2R 2R3

Item (c)
A função de onda, independente do tempo, do estado fundamental de uma átomo
hidrogenoide é
 3/2
1 Z
ψ100 = √ e−Zr/a0 (29)
π a0
e o valor esperado de ∆V para o estado 100 então será
Z
⟨ψ100 |∆V |ψ100 ⟩ = ψ ∗ ∆V ψdV (30)
V

Como ψ100 é real e em r > R, ∆V = 0,


!
Z 4 e2 Z 3 1 r2
⟨ψ100 |∆V |ψ100 ⟩ = 2 3 − − 3
e−2Zr/a0 dV (31)
4π ε0 a0 V 2R r 2R
R π R 2π
em coordenadas esféricas, dV = r2 sin θdrdθdϕ, e 0 0 sin θdθdϕ = 4π. Com isso temos
!
Z 4 e2 Z r −2Zr/a0 3r2 r4
⟨ψ100 |∆V |ψ100 ⟩ = e −r− dr (32)
πε0 a30 0 2R 2R3
como devemos considerar R ≪ a0 , podemos desprezar a exponencial (e−2Zr/a0 ≈ 1),
restando uma integral simples para resolver. Obtemos
!
Z 4 e2 R2 R2 R2
⟨ψ100 |∆V |ψ100 ⟩ = − −
πε0 a30 2 2 10
4 2 2
(33)
Z eR
⟨ψ100 |∆V |ψ100 ⟩ =
10πε0 a30

4
Item (d)
Para o átomo de hidrogênio Z = 1. Considerando R = a0 /104 e sabendo que ε0 =
8, 85 × 10−12 F.m−1 , a0 = 5, 3 × 10−11 m e e = 1, 6 × 10−19 C, obtemos para a correção
⟨ψ100 |∆V |ψ100 ⟩
⟨ψ100 |∆V |ψ100 ⟩ ≈ 1, 08 × 10−7 eV (34)
que é 108 vezes menor que o valor da energia do estado fundamental do átomo de hidro-
gênio, −13, 6eV .

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