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LITERATURA | Willian Lista 03

2ª Série
Simbolismo
Data: 25/09/2023

POEMAS DOS AUTORES SIMBOLISTAS O céu é todo trevas: o vento uiva.


Do relâmpago a cabeleira ruiva
1. Alphonsus de Guimaraens Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Ismália Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar... E o sino chora em lúgubres responsos:
Viu uma lua no céu, "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!""
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu, 2. Cruz e Souza


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu, Acrobata da dor
Queria descer ao mar...
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
E, no desvario seu, como um palhaço, que desengonçado,
Na torre pôs-se a cantar... nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
Estava longe do céu... de uma ironia e de uma dor violenta.
Estava longe do mar...
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
E como um anjo pendeu agita os guizos, e convulsionado
As asas para voar. . . salta, gavroche, salta clown, varado
Queria a lua do céu, pelo estertor dessa agonia lenta ...
Queria a lua do mar...
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
As asas que Deus lhe deu Vamos! retesa os músculos, retesa
Ruflaram de par em par... nessas macabras piruetas d'aço. . .
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar... E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
A Catedral ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Entre brumas ao longe surge a aurora, Sinfonias do ocaso


O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol. Musselinosas como brumas diurnas
A catedral ebúrnea do meu sonho descem do ocaso as sombras harmoniosas,
Aparece na paz do céu risonho sombras veladas e musselinosas
Toda branca de sol. para as profundas solidões noturnas.

E o sino canta em lúgubres responsos: Sacrários virgens, sacrossantas urnas,


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
O astro glorioso segue a eterna estrada. iluminando a escuridão das furnas.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz. Ah! por estes sinfônicos ocasos
A catedral ebúrnea do meu sonho, a terra exala aromas de áureos vasos,
Onde os meus olhos tão cansados ponho, incensos de turíbulos divinos.
Recebe a benção de Jesus.
Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E o sino clama em lúgubres responsos: E como que no Azul plangem e choram
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" cítaras, harpas, bandolins, violinos ...

Por entre lírios e lilases desce


A tarde esquiva: amargurada prece
Poe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:


"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

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