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Justiça Federal da 3ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

11/11/2022

Número: 5029020-90.2022.4.03.6100
Classe: AÇÃO POPULAR
Órgão julgador: 11ª Vara Cível Federal de São Paulo
Última distribuição : 11/11/2022
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Improbidade Administrativa, Violação aos Princípios Administrativos
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS (AUTOR) CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS (ADVOGADO)
ALEXANDRE DE MORAES (REU)
UNIÃO FEDERAL (REU)
MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA (TERCEIRO
INTERESSADO)
JAIR MESSIAS BOLSONARO (TERCEIRO INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
26825 11/11/2022 09:33 Certidão Certidão
3043
26824 11/11/2022 03:34 Petição inicial Petição inicial
6767
26824 11/11/2022 03:34 Acao popular. TSE.MD. ANULACAO._compressed Petição inicial - PDF
6773
26824 11/11/2022 03:34 Título eleitoral Documento de Identificação
6772
26824 11/11/2022 03:34 Documento pessoal. Carteira da OAB Documento de Identificação
6771
26824 11/11/2022 03:34 2224417647_relatorio_defesa Documento Comprobatório
6770
26824 11/11/2022 03:34 PEC-135-2019 Documento Comprobatório
6769
CEDIS - CENTRAL DE DISTRIBUIÇÃO E PROTOCOLOS

CERTIDÃO DE AUTUAÇÃO

11ª Vara Cível Federal de São Paulo

AÇÃO POPULAR (66) Nº 5029020-90.2022.4.03.6100

AUTOR: CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS

REU: ALEXANDRE DE MORAES, UNIÃO FEDERAL

Certifico e dou fé, nos termos do art. 214, inciso III, alíneas e §1 e §2 do Provimento nº
01/2020-CORE:

( x ) Procuração Judicial, não consta;

( ) Custas Processuais, recolhidas;

( ) Custas Processuais: prazo de 5 dias úteis, conforme o disposto na Resolução PRES


TRF3R nº 475/2021;

( ) Custas Processuais, não recolhidas;

( ) Custas Processuais, recolhidas através de guia diversa;

( x ) Existe Pedido de Justiça Gratuita;

( ) Juntada de Documentos em Língua Estrangeira com Tradução;

( x ) existe(m) processo(s) na aba associados que aponta(m) possível prevenção ou


dependência: [5010481-13.2021.4.03.6100, 5025139-76.2020.4.03.6100,
5024080-53.2020.4.03.6100, 5023147-80.2020.4.03.6100, 5000297-32.2020.4.03.6100,
5017148-83.2019.4.03.6100, 5015514-52.2019.4.03.6100, 5013954-75.2019.4.03.6100,
5003405-06.2019.4.03.6100, 5024628-49.2018.4.03.6100, 5022592-34.2018.4.03.6100,
5001387-46.2018.4.03.6100, 5013569-98.2017.4.03.6100, 5010431-26.2017.4.03.6100,
5011038-63.2022.4.03.6100, 5010481-13.2021.4.03.6100, 5025139-76.2020.4.03.6100,
5024080-53.2020.4.03.6100, 5023147-80.2020.4.03.6100, 5008042-63.2020.4.03.6100,
5000297-32.2020.4.03.6100, 5017148-83.2019.4.03.6100, 5015514-52.2019.4.03.6100,
5013954-75.2019.4.03.6100, 5003405-06.2019.4.03.6100, 5000542-35.2019.4.03.6114,
5000777-44.2019.4.03.6100, 5024628-49.2018.4.03.6100, 5022592-34.2018.4.03.6100,
5020193-32.2018.4.03.6100, 5011222-58.2018.4.03.6100, 5001387-46.2018.4.03.6100,
5013569-98.2017.4.03.6100, 5000745-94.2019.4.03.6114, 5011346-75.2017.4.03.6100,

Assinado eletronicamente por: CARLOS VAGNER ARANTES - 11/11/2022 09:33:19 Num. 268253043 - Pág. 1
https://pje1g.trf3.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22111109331922500000259573626
Número do documento: 22111109331922500000259573626
5010431-26.2017.4.03.6100, 5006937-56.2017.4.03.6100, 5000294-74.2016.4.03.6114,
5000104-14.2016.4.03.6114, 5011038-63.2022.4.03.6100, 5008042-63.2020.4.03.6100,
5000777-44.2019.4.03.6100, 5020193-32.2018.4.03.6100, 5011222-58.2018.4.03.6100,
5011346-75.2017.4.03.6100, 5006937-56.2017.4.03.6100, 5000294-74.2016.4.03.6114,
5000104-14.2016.4.03.6114]

( ) observações:

Certifico, também, que foram efetuadas as retificações de acordo com os termos da petição
inicial (Classe, Assuntos e Partes).

CENTRAL DE DISTRIBUIÇÃO E PROTOCOLOS - CEDIS

São Paulo, 11 de novembro de 2022.

Assinado eletronicamente por: CARLOS VAGNER ARANTES - 11/11/2022 09:33:19 Num. 268253043 - Pág. 2
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Número do documento: 22111109331922500000259573626
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ FEDERAL DA
MM. ...ª VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO-SP

Ação popular com pedido de liminar.

Relatório do Ministério da Defesa.

Estado de coisas inconstitucional.

Anulação das eleições presidenciais 2022.

Violação aos princípios transparência, accountability, prestação de contas.

Atos omissivos. Fiscalização e auditoria das urnas eletrônicas.

Comoção social. Insegurança jurídica. Soberania e segurança nacional.

CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS, brasileiro, divorciado,


advogado, registrado na OAB/SP sob o número 346.140, com e-mail que
declina carlosklomfahs@adv.oabsp.org.br, com fundamento no artigo 5º, inciso
LXXIII, e art. 37, da Constituição Federal, c/c artigo 1º, da Lei nº 4.717 de
1965, vem propor a presente

AÇÃO POPULAR com pedido de suspensão liminar (artigo 5º, § 4º)


para anulação das eleições presidenciais de 2022, com fulcro no art. 221, II,
do Código Eleitoral, contra ato/omissão doTRIBUNAL SUPERIOR
ELEITORAL, na pessoa do seu presidente,SENHOR MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES, representado pela UNIÃO FEDERAL, Setor
de Administração Federal Sul (SAFS) Quadra 7, Lotes 1/2, Brasília/DF -

Assinado eletronicamente por: CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS - 11/11/2022 03:34:09 Num. 268246767 - Pág. 1
https://pje1g.trf3.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22111103340844800000259567900
Número do documento: 22111103340844800000259567900
70070-600, Sede do Tribunal Superior Eleitoral. Tel.: (61) 3030- 7000, em face
das razões e dos motivos fáticos e jurídicos em anexo.

Termos em que,

Pede deferimento.

São Paulo, 11 de novembro de 2022.

CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS

[assinatura por certificado digital]

OAB/SP Nº 346.140.

Assinado eletronicamente por: CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS - 11/11/2022 03:34:09 Num. 268246767 - Pág. 2
https://pje1g.trf3.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22111103340844800000259567900
Número do documento: 22111103340844800000259567900
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ
FEDERAL DA MM. ...ª VARA DA SUBSEÇÃO
JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO-SP

Ação popular com pedido de liminar.


Relatório do Ministério da Defesa.
Anulação das eleições presidenciais 2022.
Violação aos princípios transparência, accountability, prestação de contas.
Atos omissivos. Fiscalização e auditoria das urnas eletrônicas.
Comoção social. Insegurança jurídica. Soberania e segurança nacional.

CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS, brasileiro,


divorciado, advogado, registrado na OAB/SP sob o número
346.140, com e-mail que declina
carlosklomfahs@adv.oabsp.org.br, com fundamento no
artigo 5º, inciso LXXIII, e art. 37, da Constituição Federal, c/c
artigo 1º, da Lei nº 4.717 de 1965, vem propor a presente
AÇÃO POPULAR com pedido de suspensão liminar
(artigo 5º, § 4º) para anulação das eleições presidenciais de
2022, com fulcro no art. 221, II, do Código Eleitoral, contra
ato/omissão do TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, na
pessoa do seu presidente, SENHOR MINISTRO
ALEXANDRE DE MORAES, representado pela UNIÃO

Assinado eletronicamente por: CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS - 11/11/2022 03:34:09 Num. 268246773 - Pág. 1
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Número do documento: 22111103340976500000259567906
FEDERAL, Setor de Administração Federal Sul (SAFS)
Quadra 7, Lotes 1/2, Brasília/DF - 70070-600, Sede do
Tribunal Superior Eleitoral. Tel.: (61) 3030- 7000, em face das
razões e dos motivos fáticos e jurídicos que se passa a expor.

PRELIMINARMENTE

Requer o impetrante os benefícios da justiça gratuita,


em razão da ação de exercício de cidadania, nos termos da
Constituição.

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

HELY LOPES MEIRELLES1 e outros comentando


sobre a competência da ação popular assim ensinou:

Esclareça que a ação popular, ainda que ajuizada contea o Presidente


da república, o presidente do senado, o presidente da câmara, o
governador ou o prefeito, será processada e julgada perante a justiça de
primeiro grau (federal ou comum)

1 2012:89

Assinado eletronicamente por: CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS - 11/11/2022 03:34:09 Num. 268246773 - Pág. 2
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Número do documento: 22111103340976500000259567906
Assim, sendo ato do Tribunal Superior Eleitoral e
Ministério de Estado da Defesa, claro o interesse da União,
consoante o artigo 109, I da Constituição Federal.
Nesse sentido decidiu o Supremo Tribunal Federal que
(grifos nossos):

Trata-se de ação popular constitucional, com pedido de liminar,


ajuizada contra o Senhor Presidente da República, promovida por
Vereador à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com o objetivo de
resguardar a integridade do Parque Nacional da Tijuca,
alegadamente exposto a um "crescente processo de degradação"(fls.
2).Devo observar, desde logo, que o autor popular em questão sequer
comprovou a sua necessária condição de eleitor (RT 186/648 -RT
436/131 - RTJ 89/240), descumprindo, desse modo, a exigência imposta
pelo art. 1º, § 3º, da Lei nº 4.717/65, que dispõe, para esse específico
efeito, que "A prova da cidadania para ingresso em juízo será feita com
o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda".

Há, contudo, um insuperável obstáculo formal que impede o


ajuizamento originário, perante o Supremo Tribunal Federal, da ação
popular constitucional contra o Presidente da República.É que falece
competência ao Supremo Tribunal Federal para processar e julgar,
originariamente, a presente causa. A Constituição Federal de 1988 -
observando uma tradição que se inaugurou com a Carta Política de
1934 - não incluiu o julgamento da ação popular na esfera das
atribuições jurisdicionais originárias da Suprema Corte, mesmo
naquelas hipóteses em que figure, como sujeito passivo da relação
processual, o próprio Presidente da República.

Na realidade, não há como dar trânsito, nesta Suprema Corte, à


presente ação popular, eis que a causa em questão não se subsume a
qualquer das hipóteses taxativamente enunciadas no rol inscrito no art.
102, I, da Carta Política.Não se pode perder de perspectiva, neste ponto,
que a competência originária do Supremo Tribunal Federal, por
qualificar-se como um complexo de atribuições jurisdicionais de
extração essencialmente constitucional - e ante o regime de direito
estrito a que se acha submetida - não comporta a possibilidade de ser
estendida a situações que extravasem os rígidos limites fixados em
numerus clausus pelo rol exaustivo inscrito no art. 102, I, da Carta
Política, consoante adverte a doutrina (MANOEL GONÇALVES
FERREIRA FILHO," Comentários à Constituição Brasileira de
1988",vol. 2/217, 1992, Saraiva) e proclama a jurisprudência desta
própria Corte (RTJ 43/129 - RTJ 44/563 - RTJ 50/72 - RTJ 53/776).A
ratio subjacente a esse entendimento, que acentua o caráter
absolutamente estrito da competência constitucional do STF,vincula-se
à necessidade de inibir indevidas ampliações descaracterizadoras da
esfera de atribuições institucionais desta Suprema Corte, conforme
ressaltou, a propósito do tema em questão, em voto vencedor, o

Assinado eletronicamente por: CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS - 11/11/2022 03:34:09 Num. 268246773 - Pág. 3
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saudoso Ministro ADALÍCIO NOGUEIRA (RTJ 39/56-59, 57).É certo
que o Supremo Tribunal Federal, não obstante as considerações
precedentes - e sempre enfatizando os propósitos teleológicos do
legislador constituinte - tem procedido, algumas vezes, em casos
excepcionais, a construções jurisprudenciais que lhe permitem extrair,
das normas constitucionais, por força de compreensão ou por efeito de
interpretação lógico-extensiva, o sentido exegético que lhes é inerente
(RTJ 80/327 - RTJ 130/1015 -RTJ 145/509, v.g.).Não é esse, porém, o
caso dos autos.Com efeito, a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal -quer sob a égide da vigente Constituição republicana (RTJ
141/344,Rel. Min. CELSO DE MELLO - Pet 296, Rel. Min. CÉLIO
BORJA -Pet 352, Rel. Min. SYDNEY SANCHES - Pet 431, Rel. Min.
NÉRI DA SILVEIRA - Pet 487, Rel. Min. MARÇO AURÉLIO - Pet 626,
Rel. Min.CELSO DE MELLO - Pet 682, Rel. Min. CELSO DE MELLO -
Pet 713, Rel.Min. CELSO DE MELLO), quer sob o domínio da Carta
Política anterior (Pet 129, Rel. Min. MOREIRA ALVES) - firmou-se no
sentido de que a competência originária desta Corte, por revestir-se
de caráter estrito, não abrange as ações populares constitucionais,
ainda que propostas com o objetivo de impugnar atos ou omissões do
Presidente da República, das Casas que compõem o Congresso
Nacional ou de Ministros de Estado. O Plenário do Supremo Tribunal
Federal, ao pronunciar-se sobre esse específico aspecto da questão,
reconheceu não lhe assistir competência originária para processar e
julgar ações populares constitucionais contra quaisquer autoridades -
inclusive o próprio Presidente da República - cujos atos estejam
sujeitos, em sede de mandado de segurança, à jurisdição imediata desta
Corte:"

Competência. Ação Popular contra o Presidente da República.- A


competência para processar e julgar ação popular contra ato de
qualquer autoridade, inclusive daquelas que, em mandado de
segurança, estão sob a jurisdição desta Corte originariamente, é do
Juízo competente de primeiro grau de jurisdição.

Agravo regimental a que se nega provimento."(RTJ 121/17, Rel. Min.


MOREIRA ALVES - grifei) Essa orientação jurisprudencial reflete-se no
magistério da doutrina (ALEXANDRE DE MORAES," Direito
Constitucional", p. 174,item n. 7.8, 3ª ed., 1998, Atlas; RODOLFO DE
CAMARGO MANCUSO, "Ação Popular", p. 129-130, 1994, RT, v.g.),
que também assinala não se incluir, na esfera de competência originária
do Supremo Tribunal Federal, o poder de processar e julgar ações
populares ajuizadas contra o Presidente da República. Esse mesmo
entendimento é perfilhado por HELY LOPES MEIRELLES ("Mandado
de Segurança, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, 'Habeas
Data'", p. 122, 19ª ed., 1998, atualizada por Arnoldo Wald, Malheiros),
cuja autorizadíssima lição deixou consignada a seguinte advertência:"

Esclareça-se que a ação popular, ainda que ajuizada contra o


Presidente da República, o Presidente do Senado, o Presidente da
Câmara dos Deputados, o Governador ou o Prefeito, será processada
e julgada perante a Justiça de primeiro grau (Federal ou Comum).
"Sendo assim, tendo presentes as razões expostas, não conheço desta
ação popular constitucional, por absoluta ausência de competência
originária do Supremo Tribunal Federal, motivo pelo qual nego
trânsito ao processo em questão, ficando prejudicada, em

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Número do documento: 22111103340976500000259567906
conseqüência, a apreciação da medida liminar. Arquivem-se os
presentes autos.
Publique-se. Brasília, 31 de julho de 1998.Ministro CELSO DE MELLO
Presidente 3

(STF - Pet: 1546 RJ, Relator: Min. PRESIDENTE, Data de Julgamento:


31/07/1998, Data de Publicação: DJ 17/08/1998<span
id="jusCitacao"> PP-00023</span>)

Por fim, afirma o autor sobre a competência territorial


que:
Quando o pleito interessar à União e a qualquer outra pessoa ou
entidade, será competente o juiz das causas da União, isto é, o juiz
federal da seção judiciária em que se verificou o ato lesivo.

Além disso, há previsão inserta e expressa no artigo


109, § 2º, da CF/88 que faculta o ajuizamento da ação na
capital da seção judiciária do autor, verbis:

§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção


judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

Portanto, preenchido os requisitos de competência


para distribuição do presente processo.

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Número do documento: 22111103340976500000259567906
I - DA AÇAO POPULAR

NAGIB SLAIBI FILHO em artigo2 sobre “Ação


Popular”, escrito para a Revista da Escola da Magistratura
do Estado do Rio de Janeiro, citando clássica definição dada
por JOSÉ AFONSO DA SILVA escreveu:

A ação popular é instituto processual civil, outorgado a qualquer


cidadão como garantia político-constitucional, para a defesa do
interesse da coletividade, mediante a provocação do controle
jurisdicional corretivo da ilegalidade de atos lesivos ao patrimônio
público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural.

Laborando sobre ação popular DIOGO CALDAS


LEONARDO DANTAS3, na introdução ao seu artigo na
Revista Jurídica da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, preambula:

A ação popular se mostra como antigo mecanismo jurídico brasileiro,


estando presente, ainda que de forma embrionária, até mesmo no
antigo regime das Ordenações, apresentando-se, mesmo naquela
época, como meio de defesa ou conservação da coisa pública (...)

2 Revista da EMERJ. v.6, n.22, 2003.


3 2011:12. Revista Juridica In Verbis. ISSN nº 1413-2605. Ano XVI – Jan/Jun
2011.

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Número do documento: 22111103340976500000259567906
RODRIGO MAZZEI em obra de Coordenadoria de
FREDIE DIDIER JUNIOR4 e JOSÉ HENRIQUE MOUTA
sobre “Tutela jurisdicional coletiva”, explica a importância
da ação popular enquanto integrante do sistema da tutela
coletiva:

Apesar de ser lembrada como marco histórico na tutela coletiva


nacional, normalmente a ação popular é estudada do espectro da lei nº
4717/65 (...)

(...)

De fato há um microssistema formado por normas envolvendo o direito


coletivo, sob vários enfoques, sendo a ação popular partícipe desse
conjunto organizado de diplomas, razão pela qual recebe e devolve
influencias, em forma de diálogos, com esse sistema especialíssimo.

ELPÍDIO DONIZETTI e MARCELO MALHEIROS


CERQUEIRA em “Curso de Processo Coletivo5”, citando o
resumo feito por GEISA DE ASSIS RODRIGUES sobre o viés
politico e de controle social da ação popular, leciona:

A ação popular é uma manifestação do direito politico de participação


na gestão da coisa pública, porque confere uma posição ativa ao
cidadão que pode realizar o controle social, sem intermediários, sobre
os atos da Administração Pública

4 2009:373.
5 2010:477

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Número do documento: 22111103340976500000259567906
MARIA HELENA DINIZ6 em “Dicionário jurídico”
conceitua ação popular como:

O meio pelo qual qualquer cidadão, no gozo de seus direitos políticos


pode provocar o pronunciamento do órgão judicante sobre atos ilegais
ou inconstitucionais.

No Brasil, a ação popular encontrou assento na


Constituição de 1934, no seu artigo 113, nº 38:

Art. 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros


residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à
liberdade, à subsistência, à segurança individual e à propriedade, nos
termos seguintes:
(...)
38) Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de
nulidade ou anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos
Estados ou dos Municípios.

Foi omissa na Carta de 1937, nas Constituições de 1946


e 1967, inclusive com a redação da EC n° 1 de 1969,
mantiveram a ação no artigo 153.

A Lei foi regulada posteriormente pela Lei nº


4.717/1965 oriunda de anteprojeto de Seabra Fagundes e
Bilac Pinto, e na Constituição no artigo 5º, inciso LXXIII.

6 2005:81

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Mister repisar que protege-se na ação popular o
interesse geral, (patrimônio público e moralidade
administrativa) não direito próprio e sim o da coletividade.

PEDRO DA SILVA DINAMARCO7 participando de


volumosa obra intitulada: “Comentários à Lei de Ação Civil
Pública e Lei de Ação Popular”, comentou sobre a origem da
ação popular:

A origem da ação popular é distante. Surgiu, logicamente sem tanta


clareza conceitual quanto em sua versão atual, em Roma antiga, onde
o cidadão podia agir em defesa dos bens de uso comum do povo – e,
portanto, indiretamente pertencente a si próprio.

Corrobora UADI LÂMMEGO BULOS8 em


“Constituição Federal anotada”, a origem da ação:

A origem da ação popular está ligada à história do povo romano.


Como disse o jurisconsulto Paulo, ela foi assim cognominada para
garantir direito próprio do povo .

PAULO BONAVIDES9, JORGE MIRANDA e


WALBER DE MOURA AGRA, em “Comentários à

7 2006:31. Coordenadora Susana Henriques da Costa. Quartier Latin.


8 2009:388
9 2009:287

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Constituição de 1988”, do articulista SÉRGIO CRUZ
ARENHART, sobre a ação popular, comentou:

É corrente dizer que o direito de ação tem hierarquia constitucional,


assentada nessa garantia de acesso à jurisdição, posta no artigo 5º,
LXXIII da CF. Não há dúvida de que essa assertiva é procedente, o que
coloca a ação como uma garantia individual fundamental, do que
decorre especial proteção dentro da ordem jurídica nacional.

Trata-se de instrumento que não tem por finalidade precípua a defesa


de direitos individuais, mas sim a proteção da cidadania e do interesse
público. [..] de proteger toda coletividade.

ALEXANDRE DE MORAES10 em “Constituição do


Brasil Interpretada”, explica sobre os seus requisitos objetivo
e subjetivo da ação popular:

Requisito subjetivo: somente tem legitimidade para a propositura da


ação popular o cidadão.

Requisito objetivo: refere-se a natureza do ato ou da omissão do Poder


Público a ser impugnado, que deve ser obrigatoriamente lesivo ao
patrimônio público, seja por ilegalidade seja por imoralidade

Por fim no Direito Comparado11, encontramos a


previsão da ação popular nos seguintes países:

2003:430
10

José Arnaldo Vitagliano. Ação Popular características gerais e direito


11

coparado. Disponível em: http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15362-15363-1-


PB.pdf.. Acesso em: 12/03/2016.

10

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 Constituição Portuguesa de 1976, artigo 52;
 Constituição da Espanha de 1978, artigo 125;
 Constituição do Peru de 1979, artigo 295;
 Constituição da Itália, artigo 113;
 Constituição da Baviera de 1946;
 Constituição dos Estados Unidos no citizen action
por força da Lei Federal de 1970;
 Na Inglaterra e na Austrália há o relator action;
 Na França;
 No México desde 1840, na Constituição de 1857 e
de 1917;
 E por fim na Áustria.

Sendo, pois, o remédio constitucional posto à


disposição do cidadão para a defesa do sufrágio universal e
do direito político constitucional.

11

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II – DOS FATOS E DOS FUNDAMENTOS
JURÍDICOS DO PEDIDO

Em 09 de novembro de 2022 o Ministério de Estado da


Defesa tornou público em seu site na internet12, que
apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral o relatório sobre o
processo de fiscalização/auditoria das urnas eletrônicas em
todas as suas etapas, nos termos da Resolução do TSE nº
23.603 e 23.673, elaborado por equipe técnica especializada,
nos termos da Portaria GM-MD nº 4115/2022 e diretriz
EMCFA-MD/2022.
Ora, um processo de Análise de Vulnerabilidade (AV)
de um software crítico é repetidamente descrito, como uma
das lacunas em estratégias nacionais e internacionais de
segurança cibernética.
Neste processo, por exemplo, objetiva-se que um
analista de segurança encontre informações cruciais sobre
determinado alvo testado para detectar e identificar
vulnerabilidades. Isto é, a Análise de Vulnerabilidade é uma

12 https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/relatorio-do-
trabalho-de-fiscalizacao-do-sistema-eletronico-de-votacao

12

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estratégia proativa de segurança cibernética que deve ser
implementada e finalizada, in casu, pela equipe técnica do
MD.
Ocorre que de uma leitura rápida e leiga, deixa claro
que a fiscalização pelos técnicos do Ministério da Defesa, fo
muito limitada pelo TSE, quanto ao código-fonte, qual a
versão testada, dos acessos externos (código, banco de
dados), da baixa quantidade da amostra, a busca de
informações externas à rede (um princípio em espionagem
intitulado: o homem no meio do caminho), das bibliotecas
externas, da vulnerabilidade da integração de sistema e dos
históricos de modificação do processo de lacração,
impossibilitando de recontagem dos votos, em ambiente
de simulação, efetividade e precisão do sistema.
Conclui-se assim que o processo de
auditoria/fiscalização que normalmente envolve cinco fases:
Planejamento, Descoberta, Análise, Exploração e Relatório,
sequer teve suas fases implementadas, não podendo daí
aceitar o resultado da eleição presidencial como confiável
juridicamente.
Consequentemente, ocasionando dezenas de questões
em aberto quanto à segurança e confiabilidade das urnas
eletrônicas.

13

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A nota13 oficial de 10 de novembro de 2022 do
Ministério da Defesa, veio a deixar as preocupações da
sociedade em patamares ainda mais elevados, com
afirmação de que o “Relatório das Forças Armadas não
excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas
eletrônicas”, ocasionando quase um convulsão social com
consequências imprevisíveis – inclusive para a segurança
nacional -, ante as recentes ações, decisões e ordens do STF e
do TSE que maculam a liberdade de expressão e o natural e
constitucional questionamento da segurança das urnas,
com determinação de bloqueio de perfis de vários cidadãos,
empresas de mídia, empresários, profissionais de redes
sociais, artistas e membros do Poder Legislativo, com
expedição de mandados de prisão e aplicação de multas
desarrazoadas e inconstitucionais.
Pois bem.
Além disso, foi veiculado pela imprensa de relativa
credibilidade, o fato de que autoridades estrangeiras tem
explicitamente intimidado o Brasil para que não
questionasse os resultados das urnas, o que eleva a
preocupação de um problema doméstico para um problema
de segurança e soberania nacional.

13 https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/relatorio-das-forcas-
armadas-nao-excluiu-a-possibilidade-de-fraude-ou-inconsistencia-nas-urnas-eletronicas

14

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A Política Nacional de Defesa define Segurança como:
a condição que permite ao País a preservação da soberania e da
integridade territorial, a realização dos interesses nacionais, livre
de pressões e de ameaças de qualquer natureza, e a garantia aos
cidadãos do exercício do direito e deveres constitucionais.
O Coronel Moacyr W. de Sá Ferreira em artigo14
denominado: “A Estratégia Nacional de Defesa: Reflexão
sobre o papel da sociedade na construção da defesa
nacional” afirma que estudos evidenciam que o
envolvimento da sociedade vem a significar que todos os
cidadãos devem estar comprometidos com a temática da
defesa e reclamar a atenção das autoridades para esse
aspecto da vida nacional.
Ora, o caso em análise envolve clara e fundamentadas
preocupações com interferência estrangeira nas eleições
2022, como se pode inferir das seguintes reportagens:

14 http://ebrevistas.eb.mil.br/RMM/article/view/31

15

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Ipso facto, vemos que os fatos colacionados quanto ao
relatório e a nota oficial apresentados pelo Ministério da
Defesa, com suas dezenas de consectários lógicos, das
reportagens confirmando as interferências explicitas de altas
autoridades estrangeiras, levam a conclusão de que o
resultado das eleições ainda está aberto a questionamento
judicial, o que não impede o cidadão de participar da
decisão que busca adicionar elementos de segurança no
tocante a transparência, prestação de contas e accountability.

1) DA COMPETÊNCIA E RESPONSABILIDADE DO
TSE

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O Tribunal Superior Eleitoral tem como
competência uma tríade de papéis como:

a) organizador das eleições durante e antes da


votação, apuração e diplomação dos candidatos;
b) fiscalizador das contas, partidos e candidatos e
regulador de condutas para equilíbrio e paridade de armas;
c) como uniformizador de jurisprudência em
matéria eleitoral.

Bem como, em seu dever-constitucional e legal, se


constitui em verdadeiro instrumento viabilizador da
sistematização, da imparcialidade e da celeridade do
processo de escolha e votação de candidatos ao longo de
décadas, sua atuação dá-se de modo a evitar a influência dos
poderes econômico, político e de autoridade, garantindo a
legitimidade do pleito e a paridade de armas.
Data venia, isso em teoria.
Porque como veremos nas páginas seguintes, uma
série de atos, interferências e ações ao longo de quase uma
década por ministros do TSE e do STF impediram e
impedem vários mecanismos legislativos que buscavam

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redobrar a segurança, transparência, confiabilidade e
auditabilidade das urnas e dos votos eletrônicos.
Há inclusive excelente análise realizada em
10/11/2022, de peritos judiciais independentes disponível
na internet15, apresentado por PAULO BREIM, JOSÉ
MILAGRE E ROBERTO ABDALLA, que comentam o
Relatório Técnico de Fiscalização do Sistema Eletrônico de
Votação pelas Forças Armadas, atestando um estado de
coisas em que a confiabilidade das urnas, são questionadas,
mais pela omissão das autoridades eleitorais do que por
assertividade técnica cognoscível.

2) DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL

Os princípios mais relevantes do Direito Eleitoral


aplicado ao caso sob análise, é o princípio republicano,
representando uma autêntica norma jurídico-constitucional,
dotada de imperatividade e de forma cogente a produzir
efeitos jurídicos, notadamente um corolário do princípio ser
exatamente o dever de prestação de contas com a

15 https://www.youtube.com/watch?v=3QfywdJMC9M&t=3904s

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consequente responsabilização político-jurídica de todas as
autoridades estatais.
O princípio democrático em última análise significa o
governo do povo, pelo povo e para o povo, ou seja, o dever
de satisfação em todo espectro político-jurídico da Nação
politicamente organizada.
A soberania popular e a liberdade de expressão vem
sendo desrespeitado pelo Poder Público, nas reiteradas
manifestações de ministros do TSE, de partidos políticos e
mesmo de ministros do STF, ocasionando tensões sociais que
podem debandar para situações imprevisíveis, colocando
em risco a paz social e o respeito as decisões da sociedade de
manifestar-se a favor da auditoria e transparência nas
apurações do pleito e dos sistemas de votação e sistema
eleitoral.
A igualdade de chances (chancengleichheit) é
mandamento nuclear da seara eleitoral.
Inclusive o voto do ministro Gilmar Mendes no RE
633.703/MG, vaticinou: “a adoção do princípio de igualdade
de chances constitui condição indispensável ao exercício
legal do poder”.
Também a legitimidade e higidez do prélio eleitoral
funda-se na proibição do abuso do poder econômico, político

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e uso indevido dos meios de comunicação, como essa notícia
veiculada abaixo propositadamente:

22

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Situação que leva nos extratos mais vulneráveis da
sociedade à conclusão equivocada e não equilibrada quanto
ao apoio de candidato A ou B, violando as regras de
equilíbrio que a imprensa deve adotar.
Há ainda o princípio da moralidade, probidade e
ética eleitoral, todos autoexplicativos, e o princípio da
proporcionalidade – dupla vedação: proibição do excesso e
proteção deficiente – com duas etapas de análise adequação
e necessidade, e os custos e benefícios da medida restritiva.
E o da razoabilidade, que consiste no equilíbrio entre
motivos, meios e fins da medida jurídica adotada.
Destarte, conclui-se que variados atos de autoridades
do Poder Judiciário Eleitoral, tem violado sistematicamente
os princípios do direito eleitoral, na medida em que não
realizam o dever-constitucional de transparência, prestação
de contas e fiscalização/auditoria, consoante informado no
relatório do Ministério da Defesa.

3) DAS INTERFERÊNCIAS EXTERNAS, DA


SOBERANIA NACIONAL E DA ATUAÇÃO
CONSTITUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS

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Como se depreende das notícias arroladas
anteriormente, a manifestação de autoridade americanas
quanto ao pleito eleitoral no país viola o princípio
constitucional de autodeterminação dos povos e do respeito
aos assuntos internos dos Estados Soberanos.
Tal manifestação, somada com também fatos
noticiados de interferência direta de outros países, coloca o
país em situação crítica interna e internacional, o que poderia
e deveria ser evitado ou mitigado pelo TSE.

4) DA DEFESA CIBERNÉTICA NO BRASIL

A Defesa Cibernética, por ser um dos componentes da


Defesa Nacional, é também missão das Forças Armadas.
As operações das Forças Armadas em tempo de paz
prescindem de decisão presidencial, ministro da Defesa ou
do Alto Comando, isso porque a defesa cibernética atua
24/7, na medida em que o Brasil é campeão de ataques
cibernéticos consoante reportagem de 01/01/2021 da TV
EBC, abaixo em print:

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Portanto, na atual conjuntura mundial, caracterizada
por incerteza, mutabilidade e volatilidade das ameaças
potenciais, bem como pela presença de novos atores não
estatais nos possíveis cenários de conflito, a sociedade
brasileira, em particular a expressão militar do Poder
Nacional, está permanentemente preparada, considerando
os atuais e futuros contenciosos internacionais.
Para tal, medidas são adotadas de forma a capacitá-los
a responder oportuna e adequadamente, antecipando os
possíveis cenários adversos à Defesa Nacional (MD31-M07).
Veja-se, portanto, a realidade das ameaças como a
reportagem abaixo de 2018 no site O Globo, atestando a
interferência do Governo Americano em eleições mundo
afora:

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O ex-diretor da CIA James Woolsey disse que
"provavelmente" os Estados Unidos também interferiram
em eleições de outros países. A afirmação foi feita na sexta-
feira à noite, em entrevista ao canal Fox. A entrevista
concedida à apresentadora Laura Ingraham repercurtia o
indiciamento de cidadãos e empresas russas, acusados de
interferirem nas eleições americanas em 2016.

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Portanto, a atuação Cibernética Política/Estratégica - a
atuação cibernética política/estratégica ocorre desde o
tempo de paz, para atingir um objetivo político ou
estratégico definido no mais alto nível, normalmente no
contexto de uma Operação de Informação ou de Inteligência.
Os tipos de ações cibernéticas são os seguintes:
a) ataque cibernético;
b) proteção cibernética; e
c) exploração cibernética,

Esta última consiste em ações de busca ou coleta, nos


Sistemas de Tecnologia da Informação de interesse, a fim de
obter a consciência situacional do ambiente cibernético.

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Essas ações devem preferencialmente evitar o
rastreamento e servir para a produção de conhecimento ou
identificar as vulnerabilidades desses sistemas.
Em arremate, o que se entende das ações de Defesa
Cibernética, é a necessidade premente de se verificar se
existem vulnerabilidades do sistema de votação eletrônico
de urnas e quem são seus autores/responsáveis.

5) DO VOTO, DO VOTANTE E DO SISTEMA DE


VOTAÇÃO

Voto é a maneira de expressar a vontade ou opinião, é


um direito constitucional irrevogável pelo Estado.
Votante é o indivíduo que expressa sua vontade ou
opinião. É o ator que efetua o voto, possuidor do direito de
questionar todas as etapas do sistema eleitoral e do voto
eletrônico.
O sistema de votação é um conjunto de programas de
computadores que oferecem a estrutura necessária para a
realização ao de uma votação, incluindo componente
humano capacitado e componente material como hardware
e software, todos podendo ser objetos de fiscalização e
auditoria.

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6) ESTAPAS DE UMA ELEIÇÃO

Para fins de compreensão quanto a abrangência da


fiscalização/auditoria, as etapas de uma eleição são:

 Alistamento
 Configuração
 Votação
 Apuração e divulgação dos resultados

Assim, depreende-se que desde o alistamento a


divulgação de resultados e a consequente diplomação, a
fiscalização e auditoria devem ter total e irrestrito acesso a
dados, programas, pessoas, locais, para certificar a ausência
de vulnerabilidades do processo eleitoral eletrônico,
prestigiando o princípio da transparência e prestação de
contas à sociedade.

7) REQUISITOS GERAIS DE SEGURANÇA

Para que um sistema eletrônico de votação possa


garantir segurança deve prover serviços de
confidencialidade, integridade (o resultado não é alterado no
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tráfego), autenticação (identificação pessoas/organização) e
não-repúdio.
O que se deduz é que esses elementos se encontram
ausentes do escopo e da abrangência do que foi
disponibilizado aos técnicos do Ministério da Defesa.

8) REQUISITOS DE SEGURANÇA EM UM SISTEMA


DE VOTAÇÃO ELETRÔNICA

Os requisitos de segurança são: exatidão, unicidade


(autorização e voto único), privacidade (anonimato, não-
coação e segredo do voto) e verificabilidade (permite a
recontagem de votos universal/individual).
De idêntico modo, o que se deduz é que esses
elementos se encontram ausentes do escopo e da
abrangência do que foi disponibilizado aos técnicos do
Ministério da Defesa.

9) VISAO GERAL DO PROCESSO ELEITORAL


BRASILEIRO ATUAL

É possível observar no Processo Eleitoral Brasileiro, os


seguintes passos ou etapas:
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1. É realizada a votação na seção eleitoral 1 (esse
passo será descrito a seguir) utilizando a urna
eletrônica;
2. Encerrada a votação, é emitido o boletim de urna,
BU, que é o documento com o resultado da
votação. O BU contém as seguintes informações:
total de votos por partido, total de votos por
candidato, total de votos em branco, total de
comparecimento em voto e total de votos nulos,
identificação da seção e zona eleitoral, hora do
encerramento da eleição, código interno da urna
eletrônica e sequência de caracteres para validação
do boletim;
3. O resultado da seção e divulgado (BU), e retirado
o disquete com o resultado da votação e
encaminhado a Junta Eleitoral, juntamente com
cópia do BU e demais documentos;
4. Os dados da votação são transmitidos pela Junta
Eleitoral através de uma rede de comunicação de
dados;
5. TRE recebe os dados e os processa;
6. TSE recebe os dados e os processa;

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7. Divulgação dos resultados nacionais (presidente);
8. Divulgação dos resultados gerais pela Internet.

Assim, suscita dúvida os elementos de integração do


sistema com outros sistemas sem que houvesse o TSE
respondido aos questionamentos do Ministério da Defesa
quanto aos passos de criptografia, certificação de software
etc.

10) DO SISTEMA DE VOTAÇÃO

O sistema de votação obedece às seguintes funções:

 Gerar a zerézima
 Aquisição de votos
 Gerar BU – boletim de urna
 Gravação cifrada do BU e Log das operações de mídia
 Impressão BU e retirada disquetes

Segundo um relatório da UNICAMP, o totalizador é


formado por um conjunto de aplicativos instalados em um
computador com plataforma Unix (HP/UX) ou Windows
NT, instalados nos TREs ou em zonas-mãe eleitorais. Sua

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função e processar os arquivos enviados pelo transportador
e fazer a totalização dos resultados.
E são esses espaços desprotegidos que não foram
respondidos pelo TSE quanto ao necessário levantamento
detalhado requerido pelo relatório do MD.

11) DA VOTAÇÃO ELETRÔNICA

Como já explicitado, há na urna eletrônica dois


componentes essenciais: o hardware e o software, este último
usava-se até 2000 o sistema operacional virtuOS, de 2002
usava ao Windows CE, substituído pelo TSE pelo sistema
Linux, um sistema operacional aberto, cujo código-fonte está
disponível ao público em geral e pode ser auditado
livremente.
O que chama a atenção e inspira preocupação quanto
à segurança nacional e soberania nacional, é que mesmo nos
EUA há debates sobre os riscos de espionagem contra a
China na implantação de chips nos computadores
americanos, o que se dirá dos riscos a que estamos
submetidos.
Pois bem, a adequação da urna para votação precede a
instalação do referido software, carregando dados sobre

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eleitores e candidatos aptos a votar e receber votos na
respectiva seção.
Por qual razão então, não seria vulnerável os sistemas
operacionais utilizados no país?
São questionamento lídimos que a sociedade busca
respostas.

12) SUSPEITAS DE FRAUDE

Na literatura há pelo menos essas suspeitas de fraude:

1) Caso Aracoiaba da Serra - SP


2) Caso Sao Domingos - GO
3) Caso Itaberaba - BA
4) Caso Diadema – SP
5) Caso Camaçari - BA
6) Caso Santo Estevao - BA

Contanto inclusive a apresentada pelo Presidente da


República, que concorre à reeleição, relativo a inserção nas
rádios de propaganda a menor que seu concorrente.

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Dos casos analisados, pode-se inferir os mais graves
problemas: são o número de votos brancos e nulos que
influenciou o resultado da eleição e conclui-se que as
principais suspeitas se referem a manipulações humanas,
operação em equipamento e fiscalização inadequada.
Daí a preocupação da sociedade e dos técnicos das
Três Forças do Ministério da Defesa quanto ao acesso e
adoção das recomendações imprescindíveis para a
transparência na fiscalização e auditoria do sistema
eletrônico de votos.
Ora, tendo sido as interferências explícitas de
ministros do TSE e do STF que buscam inviabilizar o
processo de accountability, como da influência junto ao
Legislativo contra a Proposta de Emenda Constitucional do
Voto Impresso (PEC nº 135/2019) cuja ementa é:

Ementa
Acrescenta o § 12 ao art. 14, da Constituição Federal,
dispondo que, na votação e apuração de eleições,
plebiscitos e referendos, seja obrigatória a expedição de
cédulas físicas, conferíveis pelo eleitor, a serem depositadas
em urnas indevassáveis, para fins de auditoria.

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E cuja justificação é a seguinte para fins de
compreensão integral do contexto e do processo histórico
para subsidiar o presente processo, grifos nossos:

O Brasil, em questões eleitorais, tornou-se refém da


juristocracia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em
pleitos realizados por meio de sistema eletrônico, é
corolário lógico, decorrente do princípio da publicidade,
a imposição de que o eleitor, ainda dentro da cabine de
votação, possa ver e conferir, com seus próprios recursos,
o conteúdo de documento durável, imutável e inalterável
que registre seu voto. Trata-se do mesmo princípio que
exige que os candidatos e representantes dos partidos,
possam conferir o conteúdo de cada registro de voto
apurado. Apesar do totalitarismo concentrado no órgão
eleitoral, o Congresso brasileiro desde 2001, atento aos
avanços do voto eletrônico no mundo, tem buscado
acompanhá-lo, para atribuir maior legitimidade e
transparência ao sistema eleitoral. Nada obstante, há anos,
o TSE insiste, de forma obstinada, em não seguir as
recomendações e tendências seguidas por todo o restante
do mundo democrático. Um breve histórico é necessário
para dar ideia da dimensão do boicote que a Corte
Eleitoral vem opondo, de longa data, ao processo
destinado a criar o chamado “rastro de papel” – mediante
a obrigatoriedade de impressão dos votos –, pelo qual se
viabiliza a fiscalização do trabalho que o TSE desempenha
no processo de votação e apuração das eleições. A
primeira tentativa de implantação do voto impresso se
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deu com a edição da Lei nº 10.408/2001, segundo a qual o
eleitor deveria fazer a conferência visual do voto, sem ter
contato com sua versão impressa. Se os dados fossem
confirmados, o voto seria depositado em uma urna
lacrada. No ano de 2002, para testar esse método,
7.128.233 eleitores de 150 municípios de todas as
Unidades da Federação, isto é, 6,18% do eleitorado
brasileiro da época, tiveram seu voto impresso. No
relatório do TSE sobre o teste do método de votação nas
Eleições de 2002, constou que os trabalhos foram
dificultados em virtude do desconhecimento de eleitores
e de mesários, quanto ao novo mecanismo. Omitiu-se,
porém, o fato de que o TSE não divulgou explicação
alguma aos 7.128.233 eleitores de como deveriam
proceder para finalizar seu voto nessa nova modalidade,
configurando evidente boicote ao novo processo. O TSE,
para impedir a fiscalização de seu trabalho, alegou
motivos, como o alto custo da operação, para obstaculizar
a implantação do voto impresso. Usando essa classe de
argumentos e exercendo forte lobby junto ao Congresso
Nacional, o TSE conseguiu, pela primeira vez, derrubar
uma lei federal que previa o voto impresso e,
consequentemente, furtar-se à necessária e legítima
fiscalização do serviço público que presta à população,
conduzindo o processo eleitoral. Prosseguindo nesse
objetivo, alguns ministros do STF e do TSE, por
intermédio do então Senador Eduardo Azeredo,
apresentaram o Projeto de Lei do Senado – PLS 172/2003
(alcunhado de Lei do Voto Virtual às Cegas), que
tramitou, no Senado, em Regime Terminativo, ou seja,
sem ser apreciado no Plenário. Por esses meios, surgiu a

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Lei nº 10.740/2003, que instituiu o chamado RDV –
Registro Digital do Voto – que tem sido historicamente
violado durante testes de segurança obrigatórios, o que
era de se esperar, posto que concebido sem que fossem
ouvidos especialistas e mediante acordos, feitos a portas
fechadas e sob pressão dos ministros do TSE e do STF, que
não esconderam o interesse em vê-la aprovada, sem
alterações. Prova disso foi o comparecimento dos
Ministros Sepúlveda Pertence e Fernando Neves, do TSE,
à reunião de líderes na Câmara, onde solicitaram que a lei
fosse aprovada no regime de Urgência Urgentíssima.
Contudo, o RDV se tornou bastante problemático para o
TSE pois, durante os já referidos testes de segurança
obrigatórios, dezenas de investigadores conseguiram
rastrear e exibir todos os dados nele contidos. Importante
destacar que o Sigilo do Voto foi quebrado durante o teste
de 2012, via RDV das URNAS. A segunda tentativa de
implantação do voto impresso se deu com o art. 5° da Lei
nº 12.034/2009 – primeiro dispositivo legal que foi
chamado de “Lei do Voto Impresso” – que permitiria a
auditoria de que tratam as recomendações internacionais,
viabilizada pela simples recontagem dos votos, processo
conhecido, entendido e passível de acompanhamento por
todo e qualquer eleitor. Confira-se o que dispunha o § 4º
do referido artigo: “Após o fim da votação, a Justiça
Eleitoral realizará, em audiência pública, auditoria
independente do software mediante o sorteio de 2% (dois
por cento) das urnas eletrônicas de cada Zona Eleitoral,
respeitado o limite mínimo de 3 (três) máquinas por
município, que deverão ter seus votos em papel contados
e comparados com os resultados apresentados pelo

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respectivo boletim de urna.” No Brasil, o software das
urnas eletrônicas é totalmente desenvolvido e controlado
pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE
(STI/TSE), que não prevê nenhuma garantia contra
ataques internos e intencionais, em grupo de agentes
externos e internos, do TSE. Nesse sentido, há declaração
específica no depoimento prestado pelo Sr. Giuseppe
Dutra Janino, Secretário de Tecnologia da Informação
do Tribunal Superior Eleitoral, no dia 03 de novembro
de 2015, à Comissão Parlamentar de Inquérito dos
Crimes Cibernéticos, da Câmara dos Deputados,
conforme Notas Taquigráficas da Casa: “Todas as
soluções informatizadas, todos os programas da eleição
são desenvolvidos pela equipe do Tribunal Superior
Eleitoral, a equipe que eu lidero há pelo menos 10 anos.
Em torno de 300 técnicos desenvolvem todas as
funcionalidades, desde o cadastro de eleição até a
divulgação dos resultados. Não há atuação de
desenvolvimento externo das soluções.”
Isso explica claramente porque são sempre provenientes
do TSE – com “sólidos argumentos” fornecidos por sua
STI/TSE – todas as tentativas e ações para impedir a
vigência de qualquer lei que ameace a possibilidade de
fraude eleitoral por meio de software. Embora o art. 5° da
Lei nº 12.034/2009 tenha sido aprovado pelo Congresso
Nacional com o evidente objetivo de exigir que, a partir
do ano de 2014, o “voto impresso seja conferido pelo
eleitor” e que fosse realizada auditoria independente do
software instalado nas umas eletrônicas, apenas o Brasil
ainda adota urnas eletrônicas que não permitem a
geração de qualquer rastro físico, para viabilizar a

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conferência dos votos sufragados pelo eleitor. O que se
constata é que a Justiça Eleitoral Brasileira, firme em sua
sanha de não se deixar fiscalizar, resiste a essa evolução e,
através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – a
ADI 4543 – proposta perante o STF, integrado por vários
daqueles ministros que propugnaram a aprovação da Lei
do Voto Virtual às Cegas (RDV), conseguiu derrubar a Lei
de 2009. Verifica-se que a ADI 4543, embora formalmente
apresentada pela PGR – Procuradoria Geral da República,
foi de autoria da cúpula administrativa do TSE,
devidamente instrumentalizada por sua Secretaria de
Tecnologia da Informação – STI/TSE. Eis a sequência
cronológica dos fatos:
a) Setembro de 2009 A Lei nº 12.034/2009 (minirreforma
eleitoral) é aprovada no Congresso e sancionada pelo
Presidente da República, concedendo prazo até 2014 para
o TSE adaptar seus equipamentos.
b) Novembro de 2009: São recebidas propostas para o
fornecimento de 250 mil urnas eletrônicas (UE2009),
conforme projeto desenvolvido pela STI/TSE, prevendo a
inclusão de sensor e software de biometria no Terminal do
Mesário. Rejeitando impugnação ao certame, fundada no
desrespeito ao § 5° da Lei nº 12.034/2009, o então
Presidente do TSE, Ministro Carlos Ayres Britto, aprovou
o Comunicado 10/2009, pelo qual informou ao
impugnante que todas as urnas compradas a partir de
2009 “possuem serventia para o pleito de 2014 e
seguintes”, ou seja, terão dispositivo para acoplamento de
impressoras.
c) Outubro de 2010: Nota do TSE, com dados fornecidos
pela STI/TSE, informa que, por meio da licitação de 2009,

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foram compradas 194 mil umas da empresa Diebold, que
tem sido vencedora de todas as licitações, no Brasil,
desde 2003, mesmo tendo sido banida das eleições dos
EUA e condenada por fraudes, falsificação e suborno
2
d) Novembro de 2010: . A STI/TSE produz e apresenta na
51ª Reunião do Colégio de Presidentes dos Tribunais
Eleitorais um vídeo que induz interpretações totalmente
equivocadas e distorcidas sobre a Lei nº 12.034/2009. Tais
argumentos foram desmentidos em petição ao TSE e,
também, já haviam sido desacreditados no Congresso, na
ocasião em que foram apresentados pelo Secretário da
STI/TSE e ignorados pelos parlamentares que aprovaram
a nova lei. O vídeo da STI/TSE foi apresentado pelo então
Presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, para todos os
presidentes de TREs, na citada reunião. Assim, a STI/TSE
com o respaldo do presidente do TSE, conseguiu induzir
os presidentes de TREs a se oporem à Lei nº 12.034/2009,
como prova a Carta de Campo Grande, contendo as
decisões do Congresso do Colégio de Presidentes de
TREs, que diz: “(III) face as alterações advindas do art. 5°
da Lei n° 12.034/09, que comprometem o processo
eleitoral, decidiu-se pelo encaminhamento do vídeo
elaborado pela Secretaria de Tecnologia da Informação do
TSE a todos os Tribunais Regionais Eleitorais do País, para
conhecimento e providências, notadamente no fim de
adotar-se medidas urgentes no resguardo à tentativa de
quebra do sigilo do voto – assegurado na Carta Magna e
possíveis fraudes na votação ante a inovação legal.” Os
links relativos aos eventos que motivaram a “Carta dos

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Presidentes de TRE” e o da própria Carta foram
suprimidos do site do TSE.
e) Dezembro de 2010: O TSE adita o contrato com a
Diebold para comprar, agora sem licitação, mais 117 mil
urnas que não atendem ao § 5° do art. 5º da Lei Contra
Fraude Eleitoral por software, isto é, a Lei nº 12.034/2009.
f) Janeiro de 2011: Como resultado da indução
instrumentalizada pela STI/TSE, o Colégio de Presidentes
de TREs peticionou ao Procurador Geral da República,
solicitando que fosse apresentada uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade, para revogar a Lei nº 12.034/2009,
apresentando, para tanto, os argumentos equivocados e
distorcidos do vídeo. Atendendo ao pedido, a PGR
transcreve integralmente a petição incitada pelo TSE, com
os mesmos pobres argumentos, e, em 24/01/2011,
ingressa com a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
4.543 em defesa da fraude eleitoral por Software.
Ressalte-se que os ministros do STF que julgaram essa
ADI haviam sido, todos, administradores ou Presidentes
do TSE e já haviam se manifestado publicamente contra
o voto impresso, criticado a Lei então impugnada.
Resultou disso que apenas o Brasil, entre as nações
democráticas, continuou a usar urnas eletrônicas de 1ª
geração, opção retrógrada que teria cessado caso não
tivesse sido julgado inconstitucional o art. 5° da Lei nº
12.034/2009, que, a partir de 2014, implantaria o “voto
impresso conferido pelo eleitor” e a “auditoria (do
resultado) independente do software”. Foi assim em 2002,
em relação à Lei nº 10.408/2002; em 2011, com a Lei nº
12.034/2009; e, mais uma vez, em 2018, em relação à Lei
nº 13.165/2015, com a terceira tentativa de implantação do

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voto impresso, que se deu no bojo de outra
“minirreforma” eleitoral, proposta, inicialmente, em
06/06/2013, na forma do Projeto de Lei nº 5.735/2013, da
Câmara dos Deputados. Na versão original, esse PL não
continha dispositivo que contemplasse a impressão do
voto, no sistema eletrônico de votação. Contudo, diante
de inúmeros problemas e desconfianças demonstradas
documentalmente em questionamentos e petições, com
respostas insatisfatórias por parte do TSE, a Subemenda
Substitutiva Global apresentada ao PL nº 5.735/2013, em
09/07/2015, trouxe disposições assim formuladas:
“Art. 2º A Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, passa a
vigorar com as seguintes alterações: „Art. 59-A. No
processo de votação eletrônica, a urna imprimirá o
registro de cada voto, que será depositado, de forma
automática e sem contato manual do eleitor, em local
previamente lacrado. Parágrafo único. O processo de
votação não será concluído até que o eleitor confirme a
correspondência entre o teor de seu voto e o registro
impresso e exibido pela urna eletrônica.‟ (...) „Art. 12. Até
a primeira eleição geral subsequente à aprovação desta
Lei, será implantado o processo de votação eletrônica com
impressão do registro do voto a que se refere o art. 59-A
da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997.‟” Foi nesses
termos que o PL nº 5.735/2013 transformou-se na Lei nº
13.165/2015. Contudo, o TSE sugestionou para que a
Presidência da República vetasse o “processo de votação
eletrônica com impressão do registro do voto”, previsto
no art. 59-A da Lei nº 9.504/97 e no art. 12 da Lei nº
13.165/2015. O fundamento do veto foi o interesse
público, pois, segundo o TSE, a medida geraria um

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impacto estimado de R$ 1,8 bilhões. No entanto, 71% dos
representantes eleitos do povo brasileiro (368 deputados e
56 senadores – quórum superior ao necessário para
aprovação de Emendas Constitucionais) votaram pela
derrubada do veto da então Presidente da República às
disposições, que reintroduziram o mecanismo da
impressão do voto, como resposta à justificada
desconfiança do cidadão no sistema eletrônico, diante de
sua mundialmente reconhecida vulnerabilidade.
Verifica-se, assim, que os dispositivos tão temidos pelo
TSE tiveram inusitado respaldo dos legítimos titulares do
poder, por meio de seus representantes no Congresso
Nacional. Além disso, tornava-se cada vez mais evidente,
nas Redes Sociais, a insatisfação do cidadão com a recusa
do Tribunal Superior Eleitoral em cumprir a legislação
federal que, neste caso específico, foi formulada como
perfeita tradução de sua vontade. Pesquisa realizada pelo
Instituto Paraná Pesquisas informou, à época, que 70%
dos eleitores gostariam de ter seu voto impresso para
conferência
4 . Diante da derrota legislativa, o então Presidente do
TSE, Ministro Gilmar Mendes, enviou ao Presidente da
Câmara dos Deputados o Oficio n° 4608 GAB-SPR, de 27
de setembro de 2017, onde apresentou um cronograma
para implantação do voto impresso somente a partir de
2020, sob os seguintes argumentos: (1) alto custo: cada
urna, em seu entender, custaria R$ 3.666.00; (2) segurança;
e (3) necessidade de modernizar as urnas. Apressou-se,
também, em descartar as impressoras externas que
possuía, denominadas Módulo Impressor Externo 2002
(MIE2002), a pretexto da necessidade de liberar espaço

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para armazenamento das UE2015, que chegariam.
Fazendo uma síntese retrospectiva das disposições legais
que tentaram obrigar a inclusão da impressão do voto no
ordenamento jurídico brasileiro, temos que:  Em 2002, os
efeitos da Lei nº 10.408 foram, literalmente, neutralizados
pela Lei nº 10.740/2003, que instituiu o chamado Registro
Digital do Voto (RDV), que tem sido pretexto para a não
impressão do voto, mesmo diante das sucessivas
violações que já sofreu durante os testes obrigatórios de
segurança.  Em 2009, foi sancionada a Lei nº 12.034, cujo
art. 5° estabelecia o uso do voto impresso nas umas
eletrônicas a partir da eleição de 2014. Dessa feita, a
obstaculização do registro físico do voto veio diretamente
da Justiça, por meio da ADI nº 4.543, que julgou
inconstitucional a referida lei.  A partir de 2015, com o
advento da Lei nº 13.165, ficou evidente que o TSE
poderia, se quisesse, atender à implementação de voto
impresso em 100% das urnas, a partir do pleito de 2018,
como determinado no art. 59-A da Lei nº 9.504/1997 e no
art. 12 da própria Lei nº 13.165/15. Bastaria, para tanto,
que comprasse impressoras externas que seriam
acopladas às urnas eletrônicas que já possuía; impressoras
cujo valor de mercado varia de R$ 200,00 a, no máximo,
R$ 500,00, cada. Cabe lembrar que o valor de R$ 3.700,00,
informado pelo TSE como custo, por urna, para
implantação do voto impresso, não corresponde à
realidade, visto que as urnas projetadas a esse custo,
visam embelezamento por mudança de lay out,
substituição de urnas que o TSE entende obsoletas,
continuidade da implantação do projeto de biometria e,
finalmente, permitir acoplar uma impressora externa.

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Tratou-se, mais uma vez, de tentativa do administrador
eleitoral para impedir a auditabilidade do Registro Digital
dos Votos pelos fiscais partidários, em detrimento da
confiabilidade e segurança do pleito. No dia 30/11/2017,
foi realizada audiência pública na Comissão de Ciência e
Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos
Deputados, para a qual foram convidados os senhores
Gilmar Ferreira Mendes, então Presidente do TSE;
Giuseppe Dutra Janino, Secretário de Tecnologia da
Informação; Thiago Fini Kanashiro, Assessor-Chefe de
Gestão Eleitoral; e José de Melo Cruz, Coordenador de
Sistemas Eleitorais. A Assessoria de Articulação
Parlamentar do Tribunal Superior Eleitoral justificou a
ausência dos convidados, alegando que, naquele exato
momento estava acontecendo, no TSE, audiência pública
para tratar das eleições de 2018.
De fato, às 10 horas do dia 30/11/2017, foi realizada, no
TSE, audiência tratando de resoluções que
regulamentariam a eleição de 2018, inclusive definindo
regras de fiscalização para aquele ano. É certo, porém, que
dita reunião estava marcada para o dia seguinte –
01/12/2017 – e foi antecipada, caracterizando o objetivo
de justificar a ausência dos representantes do TSE, no
evento promovido pela Casa Legislativa, mesmo tendo
sido convidados desde o início do mês de novembro. No
mesmo dia 30/11, o TSE publica nota informando que, nas
eleições de 2018, irá implantar o voto impresso em apenas
30 mil urnas, contrariando, frontalmente, o art. 12 da Lei
nº 13.165/2015, que dispunha, textualmente que “O
processo de votação não será concluído até que o eleitor
confirme a correspondência entre o teor de seu voto e o

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registro impresso e exibido pela urna eletrônica.”.
Inconformados, integrantes de movimentos
representativos da sociedade organizada passaram a
atuar de forma mais incisiva, por exemplo, solicitando ao
Congresso Nacional provisionamento de verba extra, no
valor de R$ 250 milhões, para viabilizar, financeiramente,
a aquisição de impressoras para a totalidade das urnas já
existentes no TSE. Oportuno lembrar que a alegada
insuficiência de verba para custear a implementação do
disposto em lei deveu-se à omissão do TSE em relação à
observância ao disposto na Emenda Constitucional nº
95/2016, que excepcionou dos “limites individualizados
para as despesas primárias” despesas com eleições em
anos não recorrentes, e solicitou provisão de verba
insuficiente para suprir a necessidade imposta pela
legislação, ou seja, para o voto impresso. Sem prestar
qualquer esclarecimento quanto ao motivo pelo qual
desistira das “novas urnas eletrônicas”, o TSE anunciou
que iria promover licitação para a compra de impressoras.
Sem organização e divulgação adequadas, o Pregão
Eletrônico nº 106/2017 foi alvo de severas críticas e
recursos, por parte da sociedade civil organizada, e
terminou sendo revogado. 5 Coincidentemente, na
véspera da transmissão do cargo de presidente do TSE, do
Ministro Gilmar Mendes para o Ministro Luiz Fux
(05/02/2018), foi protocolada, no STF, a ADI nº 5889, de
autoria da Procuradora-Geral da República – PGR, Raquel
Dodge, contra os dispositivos legais que, por meio da Lei
nº 13.165/2015, haviam reintroduzido no ordenamento
jurídico o temido voto impresso. Importante observar que
a PGR ingressou com a referida ADI mais de dois anos

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após o Congresso haver derrubado o veto à lei do voto
impresso. Nessa nova investida contra a fiscalização do
processo eleitoral, a PGR, em síntese, fundamentou a
alegação de inconstitucionalidade da nova norma em três
aspectos:
1 – desrespeito ao sigilo do voto, ao determinar a sua
impressão além do registro eletrônico, por não explicitar
quais dados estarão contidos na versão impressa do voto;
2 – risco que se tornaria mais grave no caso de algum tipo
de falha no processo de impressão ou travamento do
papel, o que implicaria intervenção humana e
consequente “iniludível exposição dos votos já
registrados e daquele emanado pelo cidadão que se
encontra na cabine de votação” (sic);
3 – por fim, alude à “situação das pessoas com deficiência
visual e as analfabetas, que não terão condições de
conferir o voto impresso sem o auxílio de terceiros, o que,
mais uma vez, importará quebra do sigilo de voto”. De
fato, a relevância do sigilo do voto é inquestionável, em
vista do princípio constitucional da inviolabilidade.
Todavia, esse princípio não afasta outros, especialmente
os da publicidade e da transparência, e comporta, até
mesmo, exceções, como ocorre, precisamente, no caso
específico do exercício da cidadania pelo eleitor com
deficiência. O ordenamento jurídico pátrio contempla a
questão, na forma do inciso IV do § 1º do art. 76 da Lei nº
13.146, de 6 de julho de 2015. Em suma, é certo que o
princípio da inviolabilidade do voto se concretiza com a
simples exigência de que nenhuma informação que
identifique o eleitor seja incluída no documento que grava
cada voto, seja mediante registro digital ou impresso.

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Note-se que, no caso do registro unicamente digital,
inexistem garantias de que essa identificação não ocorra,
como, de fato, já ocorreu nos chamados “Testes Públicos
de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação”,
promovidos pelo TSE. Relevante lembrar que o olho
humano não pode ver o conteúdo do voto digital. Assim
sendo, qual a garantia de que ele não contém informação
capaz de identificar seu autor?
Apesar disso, o registro digital do voto, utilizado em todas
as eleições brasileiras desde 2004, nunca foi contestado
nem teve questionada sua constitucionalidade. Ora, se
ambos os registros devem conter os mesmos dados, não
há porque alegar que o conteúdo do registro impresso
poderia ameaçar o sigilo do voto e o digital não, máxime
quando o primeiro é conferível a olho nu e o segundo não.
Observe-se, ainda, que, ao contrário do alegado pela PGR,
a disposição contida no parágrafo único do art. 59-A,
questionado na ADI, determina que haja correspondência
entre o conteúdo do registro digital do voto e do registro
impresso do mesmo voto, a ser exibido pela urna
eletrônica para confirmação do eleitor. Portanto, o que
autoriza a conclusão de que o voto visível a olho nu
(registro impresso) poderia conter dados prejudiciais à
inviolabilidade do voto enquanto o registro digital estaria
imune a conter dados impróprios? Por outro lado, a
preocupação de que eventual falha no processo de
impressão implicaria “iniludível exposição dos votos já
registrados e daquele emanado pelo cidadão que se
encontra na cabine de votação”, merece ponderação, eis
que, no curso da ADI 4543 – DF, questão semelhante foi
submetida aos especialistas, na forma do seguinte quesito:

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4. Caso ocorra o “travamento do papel na urna
eletrônica”, (...), a hipotética exposição dos votos
registrados até então para o servidor responsável pela
manutenção do equipamento permitirá a este identificar o
autor de cada voto? Dr. Jorge Stolfi, Professor Titular do
Instituto de Computação da Universidade de Campinas
– UNICAMP - “o risco hipotético de violação de sigilo
levantado na ADI [travamento na impressão] é irrisório,
especialmente se comparado a todos os outros riscos
inevitáveis em qualquer tipo de votação” Dr. Walter Del
Picchia, Professor Titular aposentado da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo – POLI - “não
será possível identificar o autor de cada voto, pois os
votos impressos não têm nenhuma informação impressa
que possa identificar o eleitor. Apenas o voto do último
votante poderia ser identificado, e este problema é o
mesmo que sucede com as urnas sem voto impresso,
quando a urna trava com a foto do candidato congelada
na tela.”
Dr. Michael Stanton, Professor Titular do Departamento
de Ciência da Computação da Universidade Federal
Fluminense – UFF - “Não há maneira do servidor vir a
saber a correspondência entre o número único de
identificação de cada voto e o eleitor que o deu, e,
portanto, este servidor teria acesso apenas ao conjunto de
votos (impressos) já dados.” Dr. Clóvis Torres Fernandes,
Professor Associado da Divisão de Ciência da
Computação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica –
ITA - “Não será possível, no caso de travamento do papel
na urna eletrônica, identificar o autor de cada voto
impresso já depositado em local previamente lacrado,

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pois esse acesso seria negado aos mesários da seção
eleitoral, a menos que o lacre fosse rompido...”. Percebe-
se que o risco ao sigilo da votação, decorrente de falha de
impressão ou travamento do papel na urna eletrônica, foi
totalmente descartado pelos especialistas, que
apresentaram ressalvas apenas em relação ao último voto
impresso, eventualmente não recolhido na sacola lacrada,
ressaltando, porém, tratar-se de problema similar ao que
já ocorre com eventuais problemas nas urnas eletrônicas
comuns.
É oportuno ressaltar que a inconstitucionalidade de uma
lei não pode decorrer de eventual falha em sua execução.
Na ADI, a Procuradora-Geral requereu que se avaliasse a
lei, não em abstrato, mas pela forma concreta pela qual
poderia vir a acontecer sua execução. Tal pretensão agride
a hermenêutica e a lógica, além de desvirtuar a própria
essência da medida judicial adotada, cuja finalidade é o
chamado controle direto da constitucionalidade das leis e
atos normativos, exercido perante o Supremo Tribunal
Federal brasileiro. Portanto, além de não servir como
fundamento à pretensa inconstitucionalidade perseguida
pela Titular do Parquet, a impressão do voto pelo
equipamento eletrônico de votação, ao contrário do
alegado, representaria inegável evolução do sistema de
votação brasileiro, pois aumentaria sua transparência,
tornando-o conferível pelo eleitor comum, no momento
do voto, e não só por profissionais de tecnologia, com
sofisticada formação específica. Tal conclusão decorre da
simples observação de como os sistemas de voto
eletrônico evoluíram, desde que começaram a ser
adotados, na década de 90.

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Ora, a própria denominação dos diversos equipamentos
que se sucederam (primeira, segunda, terceira... geração),
por si só, demonstra que a verdadeira evolução ocorre
com a adoção de sistemas eleitorais eletrônicos com voto
impresso e que involução se daria caso fosse mantido o
sistema eleitoral que não dá transparência aos atos de
registro e contagem dos votos. Tudo isso demonstra a
improcedência da assertiva da PGR, no sentido de que “a
obrigatoriedade de adoção do voto impresso encontra
impedimento no princípio da proibição do retrocesso
político-constitucional, porque vulnera direitos
elementares da cidadania”, obviamente formulada a
partir de informações “técnicas” fornecidas pela equipe
do TSE, que considera retrocesso avançar para um sistema
de votação mais seguro, representado pelo voto impresso.
O Senado Federal, instado a manifestar-se nos autos da
ADI nº 5889, assim se pronunciou:
“O Estado Democrático de Direito pressupõe um corpo
legislativo legitimado a tomar decisões políticas em nome
da comunidade. Sendo assim, o viés judicialista deve ser
criticamente analisado, porque os juízes não são
democraticamente eleitos como o são os parlamentares e
porque a democracia pressupõe que a maioria das
decisões políticas seja tomada mediante a participação
igualitária dos cidadãos na esfera pública. O Parlamento
revela-se ainda o espaço mais amplo e pluralizado para
essa prática discursiva.
De fato, o postulante pretende, com esta ADI, alterar a
decisão prevalecente no Congresso Nacional,
transformando o Supremo Tribunal Federal em instância
revisora de um processo decisório eminentemente

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político, ainda que também jurídico. Nesse contexto, é
imprescindível que o Supremo Tribunal Federal
reconheça que, num Estado Constitucional, as Cortes
Constitucionais devem atentar para a necessidade de
autocontenção (self-restraint) na revisão e na
interpretação dos atos legislativos, sob o risco de se
investirem de um suprapoder, desnaturando o pacto
constituinte fundado na harmonia e na independência
entre os poderes.” A despeito de tudo quanto foi afirmado
pela PGR, de acordo com a Constituição e toda a
legislação infraconstitucional brasileira, é obrigatória a
observância ao Princípio da Publicidade e cabe abordá-lo
em duas vertentes:
1ª – o Registro Digital do Voto (RDV) exclusivo não
permite ao eleitor verificar se seu voto foi registrado
corretamente pelas “máquinas de votar” (como ponderou
a Suprema Corte Alemã);
2ª – é indispensável que o escrutínio – fase que sucede a
de votação no processo eleitoral – seja público e
transparente, permitindo ao eleitor, aos fiscais de partido,
aos candidatos etc. fiscalizar, acompanhar e certificar-se
da lisura do processo de apuração, em todas as suas fases.
Ao contrário de tudo quanto foi afirmado pela PGR, a
jurisprudência estabelecida em decisões das Cortes
Supremas da Alemanha e da Índia apontam no sentido
contrário, pois reconhecem que o voto impresso,
conferível pelo eleitor, é essencial para dar segurança e
confiabilidade a um sistema eleitoral eletrônico.
No processo, em que a Suprema Corte alemã decretou a
inconstitucionalidade do uso de urnas eletrônicas sem
Voto Impresso Conferível pelo Eleitor, destaca-se o

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seguinte: “Princípios 2. Na utilização de máquinas
eletrônicas de votar, é necessário que o cidadão, que não
possui experiência especial sobre o assunto, possa
controlar de forma confiável os passos essenciais da ação
de votar e da aferição dos resultados. Decisão 2. A
utilização de máquinas de votar Nedap ESD1 e ESD2
[máquinas eletrônicas sem voto impresso] na eleição do
16º Parlamento Alemão não estava de acordo com o
PRINCÍPIO DE PUBLICIDADE no processo eleitoral
implícito no artigo 38, conjugado ao artigo 20, parágrafos
1 e 2 da Constituição. Fundamento 111 O PRINCÍPIO DA
PUBLICIDADE exige que todos os passos essenciais da
eleição estejam sujeitos à comprovação pública. A
contagem dos votos é de particular importância no
controle das eleições. Fundamento 155 Os votos foram
registrados somente em memória eletrônica. Nem os
eleitores, nem a junta eleitoral ou os representantes dos
partidos poderiam verificar se os votos foram registrados
corretamente pelas máquinas de votar. Com base no
indicador no painel de controle, o mesário só pode
detectar se a máquina de votar registrou um voto, mas não
se os votos foram registrados sem alteração. As máquinas
de votar não previam a possibilidade de um registro do
voto independente da memória eletrônica, que permitisse
aos eleitores uma conferência dos seus votos. Fundamento
156 As principais etapas no processamento dos dados
pelas máquinas de votar não poderiam ser entendidas
pelo público. Como a apuração é processada apenas
dentro das máquinas, nem os oficiais eleitorais, nem os
cidadãos interessados no resultado podiam conferir se os
votos dados foram contados para o candidato correto ou

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se os totais atribuídos a cada candidato eram válidos. Com
base num resumo impresso ou num painel eletrônico, não
era suficiente conferir o resultado da apuração dos votos
na central eleitoral. Assim, foi excluída qualquer
conferência pública da apuração que os próprios cidadãos
pudessem compreender e confiar sem precisar de
conhecimento técnico especializado.” Na mesma linha, a
Suprema Corte da Índia, também decidiu, em 2013, que o
voto impresso é fundamental para a confiabilidade do
sistema eleitoral e para o atendimento ao Princípio da
Publicidade, confira-se: “A partir dos materiais colocados
por ambos os lados, estamos convencidos de que o “rastro
de papel” é exigência indispensável para eleições livres e
justas. A confiança dos eleitores nas EVMs só pode ser
alcançada com a introdução da “trilha de auditoria em
papel”. EVMs com sistema VVPAT asseguram a precisão
do sistema de votação. Com a intenção de obter maior
transparência no sistema e para restaurar a confiança dos
eleitores, é necessária a criação de EVMs com Sistema
VVPAT porque voto é um ato de expressão que tem
imensa importância no sistema democrático 6 .
Apesar de tudo isso, a PGR alegou que estaria
caracterizado o “sinal do bom direito (...) por todos os
argumentos expostos” em sua petição e por suposto
precedente do Plenário do STF. E qual seria esse
precedente, senão a Ação Direta de Inconstitucionalidade
– ADI nº 4.543, autuada no STF em 24/01/2011, transitada
em julgado em 28/10/2014 e que fora protagonizada
pelos mesmos atores. No dia 06/06/2018 foi julgada a
medida cautelar pleiteada na ADI 5889, sob a relatoria
do Ministro Gilmar Mendes, que deixara a Presidência

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do TSE em 05/02/2018. O Tribunal, por maioria, deferiu
a medida cautelar, para suspender a eficácia dos
dispositivos da Lei 13.165/2015. Vencidos, parcialmente,
os Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que, a bem da
verdade, deveriam ter-se declarado formalmente
suspeitos, pois haviam presidido o TSE à época dos fatos.
No curso do julgamento ficou evidenciado:
1 – Os julgadores comportaram-se mais como defendentes
do que como magistrados, pois cada um deles já fora
titular do TSE e, naquela condição, agira contra a
impressão do voto, seja de forma omissiva ou comissiva.
2 – O Relator adotou discurso com claro intuito de
desmoralizar os que se opunham à tese que impediria –
como de fato impediu – a tipificação de seus atos. Forçou
desvio do tema, tentando atribuir-lhe viés partidário,
ressuscitando a auditoria ocorrida em 2014 e atribuindo
seu resultado, sabidamente contaminado pela
impossibilidade de auditar as urnas, “à insatisfação do
perdedor”.
3 – De forma obstinada, o Relator prosseguiu com as
inverdades contidas nos argumentos da área técnica do
TSE sobre os testes de segurança, cujos resultados, a
despeito das reiteradas comprovações em contrário,
voltaram a ser apresentados como prova de higidez do
sistema.
4 – Até o final de seu voto e, em especial, a partir da marca
1:35:00 do vídeo “Plenárias – Suspenso voto impresso
(1/2)” , o Relator, expôs de forma inadequada a posição
daqueles que se opõem às falácias repetidas, ad nauseam,
pelo TSE. Cogitou até a hipótese de que o eleitor teria a
possibilidade de “ter o voto impresso que ele vai levar

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para casa”, o que de forma alguma poderia ocorrer. 5 –
Confira-se, in verbis, a tentativa do Relator de induzir
entendimento equivocado: “Sobre a imprestabilidade da
impressão do voto para servir como um controle
adicional, (...) a informação prestada, à época, pela
Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal
Superior Eleitoral, dando conta que (...). Em suma, se
houvesse fraude no programa de votação obviamente que
isso se traduziria, também, no voto impresso”.
A impressão do voto ou, como é reconhecido no meio
técnico, o rastro de papel, consubstanciado na
materialização do voto eletrônico, é a solução
internacionalmente recomendada – exceto pelos técnicos
do TSE – para que as votações eletrônicas possam ser
auditadas de forma independente, medida que,
inexplicavelmente, causa receio à Justiça Eleitoral
brasileira. De tudo quanto foi exposto, fica patente a
preocupação em combater cada argumento que,
historicamente, vem sendo denunciado às instâncias
decisórias do processo eleitoral. No entanto, foram as
colocações do próprio Relator que ratificaram a
veracidade dos argumentos que, em última análise, nada
mais são do que fatos constatados ao longo do tempo. Foi,
também, evidenciado que o voto puramente eletrônico, a
par de não dar a necessária segurança jurídica ao eleitor,
ainda fere os princípios da publicidade e da transparência,
confirmando que a urna eletrônica de votação, embora
tenha representado modernização do processo eleitoral,
no sentido de garantir celeridade tanto na votação quanto
na apuração das eleições, tem sido alvo de críticas
constantes e bem fundamentadas no que se refere à

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confiabilidade dos resultados apurados, além de outros
riscos discutidos exaustivamente, em diversos cenários.
Quanto à opção pela forma de Proposta de Emenda à
Constituição, deve-se ao fato de que a legislação ordinária
tem sido, historicamente, insuficiente para garantir o
respeito da Justiça Eleitoral à vontade popular, no sentido
de garantir o princípio constitucional da publicidade, pois
o voto impresso, conferível pelo eleitor, é essencial para
dar segurança e confiabilidade a um sistema eleitoral
eletrônico, conforme demonstram os fatos aqui narrados.
Sendo assim, a presente proposição tem por escopo
garantir a confiabilidade do processo, sem que sejam
perdidos os resultados dos avanços tecnológicos
implementados na Justiça Eleitoral brasileira, razão pela
qual submeto-a ao apoio dos nobres pares.

Logo, pode-se perceber toda a ação e interferência de


ministros do STF e do TSE desde longa data, articulando
frontalmente contra todas as tentativas do Poder Legislativo
de oferecer garantias adicionais de transparência e
accountability, atuando contra a lei e contra a Constituição,
agindo no âmbito de influências espúrias e ilegítimas,
causam ou refletem o atual estado de coisas inconstitucional,
levado a efeito na condução das Eleições de 2022.

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13) DO RELATÓRIO DO MINISTÉRIO DA
DEFESA

A íntegra do relatório segue em anexo, e é relevante


juntar à íntegra a nota explicativa16 do Ministro de Estado da
Defesa, quanto a possibilidade de fraudes nas eleições, Se e
somente Se, não forem atendidas as recomendações do órgão
técnico:

Relatório das Forças Armadas não excluiu a possibilidade


de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas

Brasília (DF), 10/11/2022 - Com a finalidade de evitar


distorções do conteúdo do relatório enviado, ontem (9.11),
ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério da Defesa
esclarece que o acurado trabalho da equipe de técnicos
militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação,
embora não tenha apontado, também não excluiu a
possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas
urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022. Ademais,
o relatório indicou importantes aspectos que demandam
esclarecimentos. Entre eles:
- houve possível risco à segurança na geração dos
programas das urnas eletrônicas devido à ocorrência de
acesso dos computadores à rede do TSE durante a
compilação do código-fonte;

- os testes de funcionalidade das urnas (Teste de


Integridade e Projeto-Piloto com Biometria), da forma
como foram realizados, não foram suficientes para afastar
a possibilidade da influência de um eventual código
malicioso capaz de alterar o funcionamento do sistema de
votação; e
- houve restrições ao acesso adequado dos técnicos ao
código-fonte e às bibliotecas de software desenvolvidas por

16 https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/relatorio-das-forcas-
armadas-nao-excluiu-a-possibilidade-de-fraude-ou-inconsistencia-nas-urnas-eletronicas

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terceiros, inviabilizando o completo entendimento da
execução do código, que abrange mais de 17 milhões de
linhas de programação.
Em consequência dessas constatações e de outros óbices
elencados no relatório, não é possível assegurar que os
programas que foram executados nas urnas eletrônicas
estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu
funcionamento.

Por isso, o Ministério da Defesa solicitou ao TSE, com


urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o
ocorrido na compilação do código-fonte e de uma análise
minuciosa dos códigos que efetivamente foram executados
nas urnas eletrônicas, criando-se, para esses fins, uma
comissão específica de técnicos renomados da sociedade e
de técnicos representantes das entidades fiscalizadoras.
Por fim, o Ministério da Defesa reafirma o compromisso
permanente da Pasta e das Forças Armadas com o Povo
brasileiro, a democracia, a liberdade, a defesa da Pátria e a
garantia dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem.

Ministério da Defesa

14) DA AUSÊNCIA/SUSPEITA DE
CONFIABILIDADE E SEGURANÇA

De tudo que foi exposto quanto às questões


contextuais, técnicas, jurídicas e políticas, vê-se que, além
dos atos pessoais de agentes públicos que há décadas vem
gerando insegurança jurídica em todo país, chega em 2022
ao ápice do absurdo de explicitamente a própria cúpula do
Poder Judiciário agir com clara violação aos preceitos de
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paridade de armas, proporcionalidade, razoabilidade, etc.,
causando impacto na economia no curto, médio e longo
prazo, bem como expondo o país à críticas e eventuais
intervenções externas na nossa política doméstica, não
excluindo uma possível escalada em nível geopolítico,
notadamente quanto aos interesses estrangeiros em nossas
riquezas, vide os problemas enfrentados pela Federação
Russa na Europa contra a Otan.
Veja-se a patente violação aos preceitos constitucionais
pelos ministros do STF e do TSE, beneficiando mais um
candidato e rejeitando outro, que ainda mais trazem dúvidas
sobre o processo eleitoral, o voto eletrônico e a transparência
e fiscalização pelo Ministério da Defesa:

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Portanto, é cabível a presente ação popular que visa
anular ato inconstitucional, já que, quem pode o menos que
é anular atos ilegais, pode o mais que é agir contra atos ou
omissões inconstitucionais, e dado que a União Federal é
quem defende juridicamente ações contra o Tribunal
Superior Eleitoral, e dado que ação popular não observa
prerrogativa de foto, podendo inclusive agir sobre o
presidente da República, portanto, não estão imunes à ação
popular e seus efeitos, os ministros do TSE e do STF quando
seus atos administrativos violam a constituição e levam a um
estado de coisas inconstitucional que a Justiça Federal pode
apreciar em sede de ação popular.

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DO ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL
POR SUSPEIÇÃO DAS ETAPAS DE FISCALIZAÇÃO E
AUDITORIA DO SISTEMA DE VOTAÇÃO

Somando o exposto nas linhas antecedentes, o estado


de coisas inconstitucional se configura, além do todo
exposto que vem ocorrendo há mais de uma década, também
na suspeição da fiscalização e auditoria das eleições,
atestada por um órgão de Estado - instituições nacionais
permanentes e regulares -, que são as Forças Armadas, via
ministério de Estado da Defesa e técnicos das Três Forças
Singulares.
Veja-se que, quanto às fraudes, às interferências
citadas e o abuso de poder econômico e político, ainda que
não embasado judicialmente com a competente ação
eleitoral cabível, o fundamento jurídico do pedido também
repousa no Código Eleitoral, que dispõe:

Art. 221. É anulável a votação:

I - quando houver extravio de documento reputado


essencial; (Renumerado do inciso II pela Lei nº 4.961, de
4.5.1966)

II - quando fôr negado ou sofrer restrição o direito de fiscalizar,


e o fato constar da ata ou de protesto interposto, por escrito, no
momento: (Renumerado do inciso III pela Lei nº 4.961, de
4.5.1966)

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III - quando votar, sem as cautelas do Art. 147, § 2º.

Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de


falsidade, fraude, coação, uso de meios de que trata o Art. 237,
ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei.

Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio


ou abuso do poder de autoridade, em desfavor da liberdade do
voto, serão coibidos e punidos.

Até porque, repisa-se, a fraude não se consubstancia


somente em ações mas também por omissão, via uma
construção jurisprudencial e doutrinária, que pode ser
suscitada com base nos princípios gerais do direito, na
medida em que o Poder Público tem o Poder-Dever de
prestação de contas à sociedade quando demandado,
notadamente quando o pedido busca garantias adicionais e
complementares de transparência e accountability.
Esses, pois o contexto dos fundamentos fáticos,
jurídicos e políticos do mérito do pedido.
Quanto aos requisitos específicos da ação popular para
preenchimentos dos seus pressupostos processuais formais
e materiais, temos que restam todos preenchidos:

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a) Competência: Justiça Federal
b) Polo passivo: UNIÃO FEDERAL
c) Legitimação ativa: cidadão
d) Legitimação passiva: pessoas jurídicas de direito
público;
e) Ilegalidade ou inconstitucionalidade, violação à
princípios constitucionais republicano,
democrático, transparência/accountability, da
segurança jurídica, da razoabilidade e da
proporcionalidade;
f) Ato lesivo (ativo/omissivo): não atendimento
dos requisitos mínimos para segurança do voto
eletrônico, gerando um estado de coisas
inconstitucional por suspeição das etapas de
fiscalização e auditoria do sistema de votação
g) Prejuízo: insegurança jurídica, direito
constitucional ao voto, a transparência nas
eleições e a prestação de contas do Poder Público.

O ato vergastado (pleito eleitoral presidencial de 2022)


se fundamenta na possibilidade da Administração Pública
anular seus atos quando contrários à legalidade ou revogar

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por motivo de conveniência com fulcro na Súmula 473 do
STF, verbis:

Súmula 473 – STF

A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS


ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS
TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM
DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE
CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS
OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM
TODOS OS CASOS,A APRECIAÇÃO JUDICIAL.

O que, não sendo realizado, busca-se o fiel


cumprimento imediato das recomendações do ministério de
Estado da Defesa sob pena de anulação do ato – ativo ou
omissivo – que encerou as eleições presidenciais de 2022.

III – DO PEDIDO E DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

A concessão da gratuidade, da medida liminar, nos


termos preconizados, inaudita altera pares, a fim de
determinar o atendimento imediato dos requerimentos do
Ministério da Defesa, sob pena de suspender os efeitos das

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Número do documento: 22111103340976500000259567906
eleições presidenciais, como a diplomação do candidato
vencedor, até que sejam atendidas as recomendações
urgentes de acesso integral ao código fonte e as demais
medidas impeditivas do completo processo de fiscalização e
auditoria do Ministério da Defesa via Equipe das Forças
Armadas de Fiscalização e Auditoria do Sistema Eletrônico
de Votação. E mais:
Citação da UNIÃO para ingressar no feito e contestar
a presente AÇÃO POPULAR, nos termos do Art. 7º, I, "a",
Lei 4717/1965.
Notificação o Ministro de Estado da Defesa, para
querendo, ingresse no feito para prestar esclarecimentos
adicionais.
Intimação do interessado, Presidente da República,
para querendo, apresente eventuais documentos probatórios
quanto à violação da paridade de armas no pleito sub judice,
como as provas de erros na inserção de rádios apresentadas
ao TSE.
Intimação, nos termos do art. 178, I, do Código de
Processo Civil, do Ministério Público Federal para intervir e
se manifestar nos autos.
Intimação da perícia judicial para apresentar laudo
pericial complementar sobre o tema sub judice.

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Tornar público, nos termos do art. 138 do Código de
Processo Civil, eventual participação de pessoas ou
entidades amici curiae com expertise na área de perícia
judicial em tecnologia/informática ou engenharia da
computação.
Por fim, havendo indícios de ilícitos penais, inclusive
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, requer, nos termos do
Art. 40, CPP, seja notificado o MP, também como prevê o Art.
15, da Lei 4.717/65, para as providências cabíveis no âmbito
penal e administrativo.
Protesta a produção de provas por todos os meios
admitidos em Direito, principalmente prova pericial
especializada, desde já e eventualmente requeridas, oitiva de
testemunhas e depoimento pessoal, tudo desde já requerido.
Pede a TOTAL PROCEDÊNCIA da presente ação,
com a concessão definitiva do direito, confirmando a
suspensão das eleições presidenciais, e no mérito sua
anulação.

IV – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00

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Número do documento: 22111103340976500000259567906
Termos em que,
Pede deferimento.

São Paulo, 11 de novembro de 2022.

CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS


[assinatura por certificado digital]
OAB/SP Nº 346.140.

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PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL
(Da Sra. Bia Kicis e outros)

Acrescenta o § 12 ao art. 14, da Constituição


Federal, dispondo que, na votação e apuração de
eleições, plebiscitos e referendos, seja obrigatória
a expedição de cédulas físicas, conferíveis pelo
eleitor, a serem depositadas em urnas
indevassáveis, para fins de auditoria.

As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da


Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda constitucional:

Art. 1º O art. 14 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido do seguinte § 12:

“Art.14 ...........................................................................................................................
.........................................................................................................................................

§ 12 No processo de votação e apuração das eleições, dos plebiscitos e dos


referendos, independentemente do meio empregado para o registro do voto, é
obrigatória a expedição de cédulas físicas conferíveis pelo eleitor, a serem
depositadas, de forma automática e sem contato manual, em urnas indevassáveis,
para fins de auditoria.”

Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua promulgação.

JUSTIFICAÇÃO

O Brasil, em questões eleitorais, tornou-se refém da juristocracia do Tribunal


Superior Eleitoral (TSE). Em pleitos realizados por meio de sistema eletrônico, é corolário
lógico, decorrente do princípio da publicidade, a imposição de que o eleitor, ainda dentro da
cabine de votação, possa ver e conferir, com seus próprios recursos, o conteúdo de documento
durável, imutável e inalterável que registre seu voto. Trata-se do mesmo princípio que exige que
os candidatos e representantes dos partidos, possam conferir o conteúdo de cada registro de voto
apurado.

Apesar do totalitarismo concentrado no órgão eleitoral, o Congresso brasileiro desde


2001, atento aos avanços do voto eletrônico no mundo, tem buscado acompanhá-lo, para atribuir
maior legitimidade e transparência ao sistema eleitoral. Nada obstante, há anos, o TSE insiste, de
forma obstinada, em não seguir as recomendações e tendências seguidas por todo o restante do
mundo democrático.

Um breve histórico é necessário para dar ideia da dimensão do boicote que a Corte
Eleitoral vem opondo, de longa data, ao processo destinado a criar o chamado “rastro de papel” –
mediante a obrigatoriedade de impressão dos votos –, pelo qual se viabiliza a fiscalização do
trabalho que o TSE desempenha no processo de votação e apuração das eleições.

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A primeira tentativa de implantação do voto impresso se deu com a edição da Lei
nº 10.408/2001, segundo a qual o eleitor deveria fazer a conferência visual do voto, sem ter
contato com sua versão impressa. Se os dados fossem confirmados, o voto seria depositado em
uma urna lacrada. No ano de 2002, para testar esse método, 7.128.233 eleitores de 150
municípios de todas as Unidades da Federação, isto é, 6,18% do eleitorado brasileiro da época,
tiveram seu voto impresso.

No relatório do TSE sobre o teste do método de votação nas Eleições de 2002,


constou que os trabalhos foram dificultados em virtude do desconhecimento de eleitores e de
mesários, quanto ao novo mecanismo. Omitiu-se, porém, o fato de que o TSE não divulgou
explicação alguma aos 7.128.233 eleitores de como deveriam proceder para finalizar seu voto
nessa nova modalidade, configurando evidente boicote ao novo processo.

O TSE, para impedir a fiscalização de seu trabalho, alegou motivos, como o alto
custo da operação, para obstaculizar a implantação do voto impresso. Usando essa classe de
argumentos e exercendo forte lobby junto ao Congresso Nacional, o TSE conseguiu, pela
primeira vez, derrubar uma lei federal que previa o voto impresso e, consequentemente, furtar-se
à necessária e legítima fiscalização do serviço público que presta à população, conduzindo o
processo eleitoral.

Prosseguindo nesse objetivo, alguns ministros do STF e do TSE, por intermédio do


então Senador Eduardo Azeredo, apresentaram o Projeto de Lei do Senado – PLS 172/2003
(alcunhado de Lei do Voto Virtual às Cegas), que tramitou, no Senado, em Regime
Terminativo, ou seja, sem ser apreciado no Plenário.

Por esses meios, surgiu a Lei nº 10.740/2003, que instituiu o chamado RDV –
Registro Digital do Voto – que tem sido historicamente violado durante testes de segurança
obrigatórios, o que era de se esperar, posto que concebido sem que fossem ouvidos especialistas
e mediante acordos, feitos a portas fechadas e sob pressão dos ministros do TSE e do STF, que
não esconderam o interesse em vê-la aprovada, sem alterações. Prova disso foi o
comparecimento dos Ministros Sepúlveda Pertence e Fernando Neves, do TSE, à reunião de
líderes na Câmara, onde solicitaram que a lei fosse aprovada no regime de Urgência
Urgentíssima.

Contudo, o RDV se tornou bastante problemático para o TSE pois, durante os já


referidos testes de segurança obrigatórios, dezenas de investigadores conseguiram rastrear e
exibir todos os dados nele contidos. Importante destacar que o Sigilo do Voto foi quebrado
durante o teste de 2012, via RDV das URNAS.

A segunda tentativa de implantação do voto impresso se deu com o art. 5° da Lei


nº 12.034/2009 – primeiro dispositivo legal que foi chamado de “Lei do Voto Impresso” – que
permitiria a auditoria de que tratam as recomendações internacionais, viabilizada pela simples
recontagem dos votos, processo conhecido, entendido e passível de acompanhamento por todo e
qualquer eleitor.

Confira-se o que dispunha o § 4º do referido artigo:

“Após o fim da votação, a Justiça Eleitoral realizará, em audiência pública,


auditoria independente do software mediante o sorteio de 2% (dois por cento) das
urnas eletrônicas de cada Zona Eleitoral, respeitado o limite mínimo de 3 (três)
máquinas por município, que deverão ter seus votos em papel contados e
comparados com os resultados apresentados pelo respectivo boletim de urna.”

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No Brasil, o software das urnas eletrônicas é totalmente desenvolvido e controlado
pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE (STI/TSE), que não prevê nenhuma
garantia contra ataques internos e intencionais, em grupo de agentes externos e internos, do TSE.

Nesse sentido, há declaração específica no depoimento prestado pelo Sr. Giuseppe


Dutra Janino, Secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral, no dia 03
de novembro de 2015, à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Crimes Cibernéticos, da Câmara
dos Deputados, conforme Notas Taquigráficas da Casa:

“Todas as soluções informatizadas, todos os programas da eleição são


desenvolvidos pela equipe do Tribunal Superior Eleitoral, a equipe que eu lidero há
pelo menos 10 anos. Em torno de 300 técnicos desenvolvem todas as
funcionalidades, desde o cadastro de eleição até a divulgação dos resultados. Não
há atuação de desenvolvimento externo das soluções.”1

Isso explica claramente porque são sempre provenientes do TSE – com “sólidos
argumentos” fornecidos por sua STI/TSE – todas as tentativas e ações para impedir a vigência de
qualquer lei que ameace a possibilidade de fraude eleitoral por meio de software.

Embora o art. 5° da Lei nº 12.034/2009 tenha sido aprovado pelo Congresso


Nacional com o evidente objetivo de exigir que, a partir do ano de 2014, o “voto impresso seja
conferido pelo eleitor” e que fosse realizada auditoria independente do software instalado nas
umas eletrônicas, apenas o Brasil ainda adota urnas eletrônicas que não permitem a geração de
qualquer rastro físico, para viabilizar a conferência dos votos sufragados pelo eleitor.

O que se constata é que a Justiça Eleitoral Brasileira, firme em sua sanha de não se
deixar fiscalizar, resiste a essa evolução e, através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade
– a ADI 4543 – proposta perante o STF, integrado por vários daqueles ministros que
propugnaram a aprovação da Lei do Voto Virtual às Cegas (RDV), conseguiu derrubar a Lei de
2009.

Verifica-se que a ADI 4543, embora formalmente apresentada pela PGR –


Procuradoria Geral da República, foi de autoria da cúpula administrativa do TSE, devidamente
instrumentalizada por sua Secretaria de Tecnologia da Informação – STI/TSE.

Eis a sequência cronológica dos fatos:

a) Setembro de 2009
A Lei nº 12.034/2009 (minirreforma eleitoral) é aprovada no Congresso e sancionada pelo
Presidente da República, concedendo prazo até 2014 para o TSE adaptar seus equipamentos.

b) Novembro de 2009:
São recebidas propostas para o fornecimento de 250 mil urnas eletrônicas (UE2009),
conforme projeto desenvolvido pela STI/TSE, prevendo a inclusão de sensor e software de
biometria no Terminal do Mesário. Rejeitando impugnação ao certame, fundada no
desrespeito ao § 5° da Lei nº 12.034/2009, o então Presidente do TSE, Ministro Carlos Ayres
Britto, aprovou o Comunicado 10/2009, pelo qual informou ao impugnante que todas as urnas

1
http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/parlamentar-de-
inquerito/55a-legislatura/cpi-crimes-ciberneticos/documentos/notas-taquigraficas/nt031115-crc-sem-revisao

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compradas a partir de 2009 “possuem serventia para o pleito de 2014 e seguintes”, ou seja,
terão dispositivo para acoplamento de impressoras.

c) Outubro de 2010:
Nota do TSE, com dados fornecidos pela STI/TSE, informa que, por meio da licitação de
2009, foram compradas 194 mil umas da empresa Diebold, que tem sido vencedora de todas
as licitações, no Brasil, desde 2003, mesmo tendo sido banida das eleições dos EUA e
condenada por fraudes, falsificação e suborno2.

d) Novembro de 2010:
A STI/TSE produz e apresenta na 51ª Reunião do Colégio de Presidentes dos Tribunais
Eleitorais um vídeo que induz interpretações totalmente equivocadas e distorcidas sobre a Lei
nº 12.034/2009. Tais argumentos foram desmentidos em petição ao TSE e, também, já haviam
sido desacreditados no Congresso, na ocasião em que foram apresentados pelo Secretário da
STI/TSE e ignorados pelos parlamentares que aprovaram a nova lei.
O vídeo da STI/TSE foi apresentado pelo então Presidente do TSE, Ricardo Lewandowski,
para todos os presidentes de TREs, na citada reunião. Assim, a STI/TSE com o respaldo do
presidente do TSE, conseguiu induzir os presidentes de TREs a se oporem à Lei nº
12.034/2009, como prova a Carta de Campo Grande, contendo as decisões do Congresso do
Colégio de Presidentes de TREs, que diz:
“(III) face as alterações advindas do art. 5° da Lei n° 12.034/09, que comprometem o
processo eleitoral, decidiu-se pelo encaminhamento do vídeo elaborado pela Secretaria de
Tecnologia da Informação do TSE a todos os Tribunais Regionais Eleitorais do País, para
conhecimento e providências, notadamente no fim de adotar-se medidas urgentes no
resguardo à tentativa de quebra do sigilo do voto – assegurado na Carta Magna e possíveis
fraudes na votação ante a inovação legal.”
Os links relativos aos eventos que motivaram a “Carta dos Presidentes de TRE” e o da própria
Carta foram suprimidos do site do TSE.

e) Dezembro de 2010:
O TSE adita o contrato com a Diebold para comprar, agora sem licitação, mais 117 mil urnas
que não atendem ao § 5° do art. 5º da Lei Contra Fraude Eleitoral por software, isto é, a Lei nº
12.034/2009.

f) Janeiro de 2011:
Como resultado da indução instrumentalizada pela STI/TSE, o Colégio de Presidentes de TREs
peticionou ao Procurador Geral da República, solicitando que fosse apresentada uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade, para revogar a Lei nº 12.034/2009, apresentando, para tanto, os
argumentos equivocados e distorcidos do vídeo. Atendendo ao pedido, a PGR transcreve
integralmente a petição incitada pelo TSE, com os mesmos pobres argumentos, e, em
24/01/2011, ingressa com a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.5433, em defesa da fraude
eleitoral por Software.

2
https://medium.com/@FranklinBerwig/fabricante-das-urnas-eletrônicas-do-brasil-já-foi-condenada-por-fraude-
falsificação-e-suborno-77deaf05d947
Procurador americano alerta sobre a conduta criminosa mundial Diebold:
http://www.libertar.in/2013/12/procurador-dos-eua-diz-que-fabricante.html
Hacking Democracy - Documentário HBO baseado nas fraudes Diebold: https://youtu.be/vx1vxPFXIiw
3
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4019347

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Ressalte-se que os ministros do STF que julgaram essa ADI haviam sido, todos,
administradores ou Presidentes do TSE e já haviam se manifestado publicamente contra o voto
impresso, criticado a Lei então impugnada.

Resultou disso que apenas o Brasil, entre as nações democráticas, continuou a usar
urnas eletrônicas de 1ª geração, opção retrógrada que teria cessado caso não tivesse sido julgado
inconstitucional o art. 5° da Lei nº 12.034/2009, que, a partir de 2014, implantaria o “voto
impresso conferido pelo eleitor” e a “auditoria (do resultado) independente do software”.

Foi assim em 2002, em relação à Lei nº 10.408/2002; em 2011, com a Lei nº


12.034/2009; e, mais uma vez, em 2018, em relação à Lei nº 13.165/2015, com a terceira
tentativa de implantação do voto impresso, que se deu no bojo de outra “minirreforma”
eleitoral, proposta, inicialmente, em 06/06/2013, na forma do Projeto de Lei nº 5.735/2013, da
Câmara dos Deputados.

Na versão original, esse PL não continha dispositivo que contemplasse a impressão


do voto, no sistema eletrônico de votação. Contudo, diante de inúmeros problemas e
desconfianças demonstradas documentalmente em questionamentos e petições, com respostas
insatisfatórias por parte do TSE, a Subemenda Substitutiva Global apresentada ao PL nº
5.735/2013, em 09/07/2015, trouxe disposições assim formuladas:

“Art. 2º A Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, passa a vigorar com as seguintes


alterações:
„Art. 59-A. No processo de votação eletrônica, a urna imprimirá o registro de cada
voto, que será depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em
local previamente lacrado.
Parágrafo único. O processo de votação não será concluído até que o eleitor confirme
a correspondência entre o teor de seu voto e o registro impresso e exibido pela urna
eletrônica.‟ (...)
„Art. 12. Até a primeira eleição geral subsequente à aprovação desta Lei, será
implantado o processo de votação eletrônica com impressão do registro do voto a que se
refere o art. 59-A da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997.‟”

Foi nesses termos que o PL nº 5.735/2013 transformou-se na Lei nº 13.165/2015.


Contudo, o TSE gestionou para que a Presidência da República vetasse o “processo de votação
eletrônica com impressão do registro do voto”, previsto no art. 59-A da Lei nº 9.504/97 e no art.
12 da Lei nº 13.165/2015.

O fundamento do veto foi o interesse público, pois, segundo o TSE, a medida geraria
um impacto estimado de R$ 1,8 bilhões.

No entanto, 71% dos representantes eleitos do povo brasileiro (368 deputados e 56 senadores –
quórum superior ao necessário para aprovação de Emendas Constitucionais) votaram pela
derrubada do veto da então Presidente da República às disposições, que reintroduziram o
mecanismo da impressão do voto, como resposta à justificada desconfiança do cidadão no
sistema eletrônico, diante de sua mundialmente reconhecida vulnerabilidade.

Verifica-se, assim, que os dispositivos tão temidos pelo TSE tiveram inusitado
respaldo dos legítimos titulares do poder, por meio de seus representantes no Congresso
Nacional. Além disso, tornava-se cada vez mais evidente, nas Redes Sociais, a insatisfação do
cidadão com a recusa do Tribunal Superior Eleitoral em cumprir a legislação federal que, neste

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caso específico, foi formulada como perfeita tradução de sua vontade. Pesquisa realizada pelo
Instituto Paraná Pesquisas informou, à época, que 70% dos eleitores gostariam de ter seu voto
impresso para conferência4.

Diante da derrota legislativa, o então Presidente do TSE, Ministro Gilmar Mendes,


enviou ao Presidente da Câmara dos Deputados o Oficio n° 4608 GAB-SPR, de 27 de setembro
de 2017, onde apresentou um cronograma para implantação do voto impresso somente a partir de
2020, sob os seguintes argumentos: (1) alto custo: cada urna, em seu entender, custaria R$
3.666.00; (2) segurança; e (3) necessidade de modernizar as urnas. Apressou-se, também, em
descartar as impressoras externas que possuía, denominadas Módulo Impressor Externo 2002
(MIE2002), a pretexto da necessidade de liberar espaço para armazenamento das UE2015, que
chegariam.

Fazendo uma síntese retrospectiva das disposições legais que tentaram obrigar a inclusão da
impressão do voto no ordenamento jurídico brasileiro, temos que:

 Em 2002, os efeitos da Lei nº 10.408 foram, literalmente, neutralizados pela Lei nº


10.740/2003, que instituiu o chamado Registro Digital do Voto (RDV), que tem sido pretexto
para a não impressão do voto, mesmo diante das sucessivas violações que já sofreu durante os
testes obrigatórios de segurança.

 Em 2009, foi sancionada a Lei nº 12.034, cujo art. 5° estabelecia o uso do voto impresso nas
umas eletrônicas a partir da eleição de 2014. Dessa feita, a obstaculização do registro físico do
voto veio diretamente da Justiça, por meio da ADI nº 4.543, que julgou inconstitucional a
referida lei.

 A partir de 2015, com o advento da Lei nº 13.165, ficou evidente que o TSE poderia, se
quisesse, atender à implementação de voto impresso em 100% das urnas, a partir do pleito de
2018, como determinado no art. 59-A da Lei nº 9.504/1997 e no art. 12 da própria Lei nº
13.165/15. Bastaria, para tanto, que comprasse impressoras externas que seriam acopladas às
urnas eletrônicas que já possuía; impressoras cujo valor de mercado varia de R$ 200,00 a, no
máximo, R$ 500,00, cada.

Cabe lembrar que o valor de R$ 3.700,00, informado pelo TSE como custo, por urna,
para implantação do voto impresso, não corresponde à realidade, visto que as urnas projetadas a
esse custo, visam embelezamento por mudança de lay out, substituição de urnas que o TSE
entende obsoletas, continuidade da implantação do projeto de biometria e, finalmente, permitir
acoplar uma impressora externa. Tratou-se, mais uma vez, de tentativa do administrador eleitoral
para impedir a auditabilidade do Registro Digital dos Votos pelos fiscais partidários, em
detrimento da confiabilidade e segurança do pleito.

No dia 30/11/2017, foi realizada audiência pública na Comissão de Ciência e


Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, para a qual foram
convidados os senhores Gilmar Ferreira Mendes, então Presidente do TSE; Giuseppe Dutra
Janino, Secretário de Tecnologia da Informação; Thiago Fini Kanashiro, Assessor-Chefe de
Gestão Eleitoral; e José de Melo Cruz, Coordenador de Sistemas Eleitorais. A Assessoria de
Articulação Parlamentar do Tribunal Superior Eleitoral justificou a ausência dos convidados,
alegando que, naquele exato momento estava acontecendo, no TSE, audiência pública para tratar
das eleições de 2018.

4
http://www.paranapesquisas.com.br/noticias/polibio-braga-divulga-pesquisa-realizada-pela-parana-pesquisas-
com-a-opiniao-dos-brasileiros-sobre-o-voto-impresso/

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De fato, às 10 horas do dia 30/11/2017, foi realizada, no TSE, audiência tratando de
resoluções que regulamentariam a eleição de 2018, inclusive definindo regras de fiscalização
para aquele ano. É certo, porém, que dita reunião estava marcada para o dia seguinte –
01/12/2017 – e foi antecipada, caracterizando o objetivo de justificar a ausência dos
representantes do TSE, no evento promovido pela Casa Legislativa, mesmo tendo sido
convidados desde o início do mês de novembro.

No mesmo dia 30/11, o TSE publica nota informando que, nas eleições de 2018, irá
implantar o voto impresso em apenas 30 mil urnas, contrariando, frontalmente, o art. 12 da Lei nº
13.165/2015, que dispunha, textualmente que “O processo de votação não será concluído até que
o eleitor confirme a correspondência entre o teor de seu voto e o registro impresso e exibido pela
urna eletrônica.”.

Inconformados, integrantes de movimentos representativos da sociedade organizada


passaram a atuar de forma mais incisiva, por exemplo, solicitando ao Congresso Nacional
provisionamento de verba extra, no valor de R$ 250 milhões, para viabilizar, financeiramente, a
aquisição de impressoras para a totalidade das urnas já existentes no TSE.

Oportuno lembrar que a alegada insuficiência de verba para custear a implementação do disposto
em lei deveu-se à omissão do TSE em relação à observância ao disposto na Emenda
Constitucional nº 95/2016, que excepcionou dos “limites individualizados para as despesas
primárias” despesas com eleições em anos não recorrentes, e solicitou provisão de verba
insuficiente para suprir a necessidade imposta pela legislação, ou seja, para o voto impresso.

Sem prestar qualquer esclarecimento quanto ao motivo pelo qual desistira das “novas
urnas eletrônicas”, o TSE anunciou que iria promover licitação para a compra de impressoras.
Sem organização e divulgação adequadas, o Pregão Eletrônico nº 106/2017 foi alvo de severas
críticas e recursos, por parte da sociedade civil organizada, e terminou sendo revogado.5

Coincidentemente, na véspera da transmissão do cargo de presidente do TSE, do


Ministro Gilmar Mendes para o Ministro Luiz Fux (05/02/2018), foi protocolada, no STF, a ADI
nº 5889, de autoria da Procuradora-Geral da República – PGR, Raquel Dodge, contra os
dispositivos legais que, por meio da Lei nº 13.165/2015, haviam reintroduzido no ordenamento
jurídico o temido voto impresso.

Importante observar que a PGR ingressou com a referida ADI mais de dois anos após
o Congresso haver derrubado o veto à lei do voto impresso. Nessa nova investida contra a
fiscalização do processo eleitoral, a PGR, em síntese, fundamentou a alegação de
inconstitucionalidade da nova norma em três aspectos:

1 – desrespeito ao sigilo do voto, ao determinar a sua impressão além do registro eletrônico, por
não explicitar quais dados estarão contidos na versão impressa do voto;

2 – risco que se tornaria mais grave no caso de algum tipo de falha no processo de impressão
ou travamento do papel, o que implicaria intervenção humana e consequente “iniludível
exposição dos votos já registrados e daquele emanado pelo cidadão que se encontra na cabine de
votação” (sic);

5
http://www.tse.jus.br/transparencia/licitacoes-e-contratos/licitacoes/licitacoes-concluidas

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3 – por fim, alude à “situação das pessoas com deficiência visual e as analfabetas, que não
terão condições de conferir o voto impresso sem o auxílio de terceiros, o que, mais uma vez,
importará quebra do sigilo de voto”.

De fato, a relevância do sigilo do voto é inquestionável, em vista do princípio


constitucional da inviolabilidade. Todavia, esse princípio não afasta outros, especialmente os da
publicidade e da transparência, e comporta, até mesmo, exceções, como ocorre, precisamente, no
caso específico do exercício da cidadania pelo eleitor com deficiência. O ordenamento jurídico
pátrio contempla a questão, na forma do inciso IV do § 1º do art. 76 da Lei nº 13.146, de 6 de
julho de 2015.

Em suma, é certo que o princípio da inviolabilidade do voto se concretiza com a


simples exigência de que nenhuma informação que identifique o eleitor seja incluída no
documento que grava cada voto, seja mediante registro digital ou impresso. Note-se que, no caso
do registro unicamente digital, inexistem garantias de que essa identificação não ocorra, como,
de fato, já ocorreu nos chamados “Testes Públicos de Segurança do Sistema Eletrônico de
Votação”, promovidos pelo TSE. Relevante lembrar que o olho humano não pode ver o conteúdo
do voto digital. Assim sendo, qual a garantia de que ele não contém informação capaz de
identificar seu autor?

Apesar disso, o registro digital do voto, utilizado em todas as eleições brasileiras


desde 2004, nunca foi contestado nem teve questionada sua constitucionalidade. Ora, se ambos
os registros devem conter os mesmos dados, não há porque alegar que o conteúdo do registro
impresso poderia ameaçar o sigilo do voto e o digital não, máxime quando o primeiro é
conferível a olho nu e o segundo não.

Observe-se, ainda, que, ao contrário do alegado pela PGR, a disposição contida no


parágrafo único do art. 59-A, questionado na ADI, determina que haja correspondência entre o
conteúdo do registro digital do voto e do registro impresso do mesmo voto, a ser exibido pela
urna eletrônica para confirmação do eleitor. Portanto, o que autoriza a conclusão de que o voto
visível a olho nu (registro impresso) poderia conter dados prejudiciais à inviolabilidade do voto
enquanto o registro digital estaria imune a conter dados impróprios?

Por outro lado, a preocupação de que eventual falha no processo de impressão


implicaria “iniludível exposição dos votos já registrados e daquele emanado pelo cidadão que se
encontra na cabine de votação”, merece ponderação, eis que, no curso da ADI 4543 – DF,
questão semelhante foi submetida aos especialistas, na forma do seguinte quesito:

4. Caso ocorra o “travamento do papel na urna eletrônica”, (...), a hipotética


exposição dos votos registrados até então para o servidor responsável pela
manutenção do equipamento permitirá a este identificar o autor de cada voto?
Dr. Jorge Stolfi, Professor Titular do Instituto de Computação da Universidade de
Campinas – UNICAMP - “o risco hipotético de violação de sigilo levantado na ADI
[travamento na impressão] é irrisório, especialmente se comparado a todos os outros
riscos inevitáveis em qualquer tipo de votação”
Dr. Walter Del Picchia, Professor Titular aposentado da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo – POLI - “não será possível identificar o autor de cada voto,
pois os votos impressos não têm nenhuma informação impressa que possa identificar o
eleitor. Apenas o voto do último votante poderia ser identificado, e este problema é o
mesmo que sucede com as urnas sem voto impresso, quando a urna trava com a foto do
candidato congelada na tela.”

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Dr. Michael Stanton, Professor Titular do Departamento de Ciência da Computação da
Universidade Federal Fluminense – UFF - “Não há maneira do servidor vir a saber a
correspondência entre o número único de identificação de cada voto e o eleitor que o deu,
e, portanto, este servidor teria acesso apenas ao conjunto de votos (impressos) já
dados.”
Dr. Clóvis Torres Fernandes, Professor Associado da Divisão de Ciência da Computação
do Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA - “Não será possível, no caso de
travamento do papel na urna eletrônica, identificar o autor de cada voto impresso já
depositado em local previamente lacrado, pois esse acesso seria negado aos mesários da
seção eleitoral, a menos que o lacre fosse rompido...”.

Percebe-se que o risco ao sigilo da votação, decorrente de falha de impressão ou


travamento do papel na urna eletrônica, foi totalmente descartado pelos especialistas, que
apresentaram ressalvas apenas em relação ao último voto impresso, eventualmente não recolhido
na sacola lacrada, ressaltando, porém, tratar-se de problema similar ao que já ocorre com
eventuais problemas nas urnas eletrônicas comuns.

É oportuno ressaltar que a inconstitucionalidade de uma lei não pode decorrer de


eventual falha em sua execução. Na ADI, a Procuradora-Geral requereu que se avaliasse a lei,
não em abstrato, mas pela forma concreta pela qual poderia vir a acontecer sua execução. Tal
pretensão agride a hermenêutica e a lógica, além de desvirtuar a própria essência da medida
judicial adotada, cuja finalidade é o chamado controle direto da constitucionalidade das leis e
atos normativos, exercido perante o Supremo Tribunal Federal brasileiro.

Portanto, além de não servir como fundamento à pretensa inconstitucionalidade


perseguida pela Titular do Parquet, a impressão do voto pelo equipamento eletrônico de votação,
ao contrário do alegado, representaria inegável evolução do sistema de votação brasileiro, pois
aumentaria sua transparência, tornando-o conferível pelo eleitor comum, no momento do voto, e
não só por profissionais de tecnologia, com sofisticada formação específica. Tal conclusão
decorre da simples observação de como os sistemas de voto eletrônico evoluíram, desde que
começaram a ser adotados, na década de 90.

Ora, a própria denominação dos diversos equipamentos que se sucederam (primeira,


segunda, terceira... geração), por si só, demonstra que a verdadeira evolução ocorre com a
adoção de sistemas eleitorais eletrônicos com voto impresso e que involução se daria caso fosse
mantido o sistema eleitoral que não dá transparência aos atos de registro e contagem dos votos.

Tudo isso demonstra a improcedência da assertiva da PGR, no sentido de que “a


obrigatoriedade de adoção do voto impresso encontra impedimento no princípio da proibição
do retrocesso político-constitucional, porque vulnera direitos elementares da cidadania”,
obviamente formulada a partir de informações “técnicas” fornecidas pela equipe do TSE, que
considera retrocesso avançar para um sistema de votação mais seguro, representado pelo voto
impresso.

O Senado Federal, instado a manifestar-se nos autos da ADI nº 5889, assim se pronunciou:

“O Estado Democrático de Direito pressupõe um corpo legislativo legitimado a tomar


decisões políticas em nome da comunidade. Sendo assim, o viés judicialista deve ser
criticamente analisado, porque os juízes não são democraticamente eleitos como o são os
parlamentares e porque a democracia pressupõe que a maioria das decisões políticas seja
tomada mediante a participação igualitária dos cidadãos na esfera pública. O Parlamento
revela-se ainda o espaço mais amplo e pluralizado para essa prática discursiva.

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De fato, o postulante pretende, com esta ADI, alterar a decisão prevalecente no Congresso
Nacional, transformando o Supremo Tribunal Federal em instância revisora de um
processo decisório eminentemente político, ainda que também jurídico.
Nesse contexto, é imprescindível que o Supremo Tribunal Federal reconheça que, num
Estado Constitucional, as Cortes Constitucionais devem atentar para a necessidade de
autocontenção (self-restraint) na revisão e na interpretação dos atos legislativos, sob o
risco de se investirem de um suprapoder, desnaturando o pacto constituinte fundado na
harmonia e na independência entre os poderes.”

A despeito de tudo quanto foi afirmado pela PGR, de acordo com a Constituição e
toda a legislação infraconstitucional brasileira, é obrigatória a observância ao Princípio da
Publicidade e cabe abordá-lo em duas vertentes:

1ª – o Registro Digital do Voto (RDV) exclusivo não permite ao eleitor verificar se seu
voto foi registrado corretamente pelas “máquinas de votar” (como ponderou a Suprema
Corte Alemã);

2ª – é indispensável que o escrutínio – fase que sucede a de votação no processo eleitoral –


seja público e transparente, permitindo ao eleitor, aos fiscais de partido, aos candidatos etc.
fiscalizar, acompanhar e certificar-se da lisura do processo de apuração, em todas as suas
fases.

Ao contrário de tudo quanto foi afirmado pela PGR, a jurisprudência estabelecida em


decisões das Cortes Supremas da Alemanha e da Índia apontam no sentido contrário, pois
reconhecem que o voto impresso, conferível pelo eleitor, é essencial para dar segurança e
confiabilidade a um sistema eleitoral eletrônico.

No processo, em que a Suprema Corte alemã decretou a inconstitucionalidade do uso de urnas


eletrônicas sem Voto Impresso Conferível pelo Eleitor, destaca-se o seguinte:

“Princípios
2. Na utilização de máquinas eletrônicas de votar, é necessário que o cidadão, que não
possui experiência especial sobre o assunto, possa controlar de forma confiável os
passos essenciais da ação de votar e da aferição dos resultados.
Decisão
2. A utilização de máquinas de votar Nedap ESD1 e ESD2 [máquinas eletrônicas sem voto
impresso] na eleição do 16º Parlamento Alemão não estava de acordo com o
PRINCÍPIO DE PUBLICIDADE no processo eleitoral implícito no artigo 38,
conjugado ao artigo 20, parágrafos 1 e 2 da Constituição.
Fundamento 111
O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE exige que todos os passos essenciais da eleição
estejam sujeitos à comprovação pública. A contagem dos votos é de particular
importância no controle das eleições.
Fundamento 155
Os votos foram registrados somente em memória eletrônica. Nem os eleitores, nem a
junta eleitoral ou os representantes dos partidos poderiam verificar se os votos foram
registrados corretamente pelas máquinas de votar. Com base no indicador no painel de
controle, o mesário só pode detectar se a máquina de votar registrou um voto, mas não se
os votos foram registrados sem alteração.

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As máquinas de votar não previam a possibilidade de um registro do voto
independente da memória eletrônica, que permitisse aos eleitores uma conferência
dos seus votos.
Fundamento 156
As principais etapas no processamento dos dados pelas máquinas de votar não poderiam
ser entendidas pelo público. Como a apuração é processada apenas dentro das
máquinas, nem os oficiais eleitorais, nem os cidadãos interessados no resultado
podiam conferir se os votos dados foram contados para o candidato correto ou se os
totais atribuídos a cada candidato eram válidos. Com base num resumo impresso ou
num painel eletrônico, não era suficiente conferir o resultado da apuração dos votos na
central eleitoral. Assim, foi excluída qualquer conferência pública da apuração que os
próprios cidadãos pudessem compreender e confiar sem precisar de conhecimento técnico
especializado.”

Na mesma linha, a Suprema Corte da Índia, também decidiu, em 2013, que o voto impresso é
fundamental para a confiabilidade do sistema eleitoral e para o atendimento ao Princípio da
Publicidade, confira-se:

“A partir dos materiais colocados por ambos os lados, estamos convencidos de que o
“rastro de papel” é exigência indispensável para eleições livres e justas. A confiança
dos eleitores nas EVMs só pode ser alcançada com a introdução da “trilha de auditoria em
papel”. EVMs com sistema VVPAT asseguram a precisão do sistema de votação. Com a
intenção de obter maior transparência no sistema e para restaurar a confiança dos
eleitores, é necessária a criação de EVMs com Sistema VVPAT porque voto é um ato de
expressão que tem imensa importância no sistema democrático6.”

Apesar de tudo isso, a PGR alegou que estaria caracterizado o “sinal do bom direito
(...) por todos os argumentos expostos” em sua petição e por suposto precedente do Plenário do
STF. E qual seria esse precedente, senão a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº 4.543,
autuada no STF em 24/01/2011, transitada em julgado em 28/10/2014 e que fora protagonizada
pelos mesmos atores.

No dia 06/06/2018 foi julgada a medida cautelar pleiteada na ADI 5889, sob a
relatoria do Ministro Gilmar Mendes, que deixara a Presidência do TSE em 05/02/2018. O
Tribunal, por maioria, deferiu a medida cautelar, para suspender a eficácia dos dispositivos da
Lei 13.165/2015. Vencidos, parcialmente, os Ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que, a
bem da verdade, deveriam ter-se declarado formalmente suspeitos, pois haviam presidido o TSE
à época dos fatos. No curso do julgamento ficou evidenciado:

1 – Os julgadores comportaram-se mais como defendentes do que como magistrados, pois cada
um deles já fora titular do TSE e, naquela condição, agira contra a impressão do voto, seja de
forma omissiva ou comissiva.

2 – O Relator adotou discurso com claro intuito de desmoralizar os que se opunham à tese que
impediria – como de fato impediu – a tipificação de seus atos. Forçou desvio do tema, tentando
atribuir-lhe viés partidário, ressuscitando a auditoria ocorrida em 2014 e atribuindo seu

6
Tradução para o português realizada pelo CMInd; Decisão original em:
http://supremecourtofindia.nic.in/jonew/bosir/orderpdf/1825216.pdf
http://www.business-standard.com/article/current-affairs/sc-asks-ec-to-install-vvpat-in-evms-for-2014-polls-
1131008 00259_1.html

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resultado, sabidamente contaminado pela impossibilidade de auditar as urnas, “à insatisfação do
perdedor”.

3 – De forma obstinada, o Relator prosseguiu com as inverdades contidas nos argumentos da


área técnica do TSE sobre os testes de segurança, cujos resultados, a despeito das reiteradas
comprovações em contrário, voltaram a ser apresentados como prova de higidez do sistema.

4 – Até o final de seu voto e, em especial, a partir da marca 1:35:00 do vídeo “Plenárias –
Suspenso voto impresso (1/2)”7, o Relator, expôs de forma inadequada a posição daqueles que se
opõem às falácias repetidas, ad nauseam, pelo TSE. Cogitou até a hipótese de que o eleitor teria
a possibilidade de “ter o voto impresso que ele vai levar para casa”, o que de forma alguma
poderia ocorrer.

5 – Confira-se, in verbis, a tentativa do Relator de induzir entendimento equivocado: “Sobre a


imprestabilidade da impressão do voto para servir como um controle adicional, (...) a informação
prestada, à época, pela Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral,
dando conta que (...). Em suma, se houvesse fraude no programa de votação obviamente que isso
se traduziria, também, no voto impresso”.

A impressão do voto ou, como é reconhecido no meio técnico, o rastro de papel,


consubstanciado na materialização do voto eletrônico, é a solução internacionalmente
recomendada – exceto pelos técnicos do TSE – para que as votações eletrônicas possam ser
auditadas de forma independente, medida que, inexplicavelmente, causa receio à Justiça Eleitoral
brasileira.

De tudo quanto foi exposto, fica patente a preocupação em combater cada argumento
que, historicamente, vem sendo denunciado às instâncias decisórias do processo eleitoral. No
entanto, foram as colocações do próprio Relator que ratificaram a veracidade dos argumentos
que, em última análise, nada mais são do que fatos constatados ao longo do tempo.

Foi, também, evidenciado que o voto puramente eletrônico, a par de não dar a
necessária segurança jurídica ao eleitor, ainda fere os princípios da publicidade e da
transparência, confirmando que a urna eletrônica de votação, embora tenha representado
modernização do processo eleitoral, no sentido de garantir celeridade tanto na votação quanto na
apuração das eleições, tem sido alvo de críticas constantes e bem fundamentadas no que se refere
à confiabilidade dos resultados apurados, além de outros riscos discutidos exaustivamente, em
diversos cenários.

Quanto à opção pela forma de Proposta de Emenda à Constituição, deve-se ao fato de


que a legislação ordinária tem sido, historicamente, insuficiente para garantir o respeito da
Justiça Eleitoral à vontade popular, no sentido de garantir o princípio constitucional da
publicidade, pois o voto impresso, conferível pelo eleitor, é essencial para dar segurança e
confiabilidade a um sistema eleitoral eletrônico, conforme demonstram os fatos aqui narrados.

Sendo assim, a presente proposição tem por escopo garantir a confiabilidade do


processo, sem que sejam perdidos os resultados dos avanços tecnológicos implementados na
Justiça Eleitoral brasileira, razão pela qual submeto-a ao apoio dos nobres pares.

7
https://www.youtube.com/watch?v=yNk8jiQAc-U

Assinado eletronicamente por: CARLOS ALEXANDRE KLOMFAHS - 11/11/2022 03:34:09 Num. 268246769 - Pág. 12
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Número do documento: 22111103340967600000259567902
Deputada BIA KICIS
PSL/DF

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