Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SINOP
MATO GROSSO – BRASIL
2022
KLECIO RAMON DA SILVA SANTOS
SINOP
2022
“Eu acredito que às vezes são as pessoas que ninguém espera nada que fazem
as coisas que ninguém consegue imaginar.”
Alan Turing
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Raimundo dos Santos e Cleonice Soares, por acreditarem em
mim, por sempre estarem do meu lado e me incentivarem ao moldar meu futuro.
Ao meu irmão, por sempre estar do meu lado, me apoiando em todas as minhas
decisões e pela sua companhia em todos os momentos.
Aos meus colegas e amigos, em especial Guilherme Modesto, Joyce Ribeiro e
Larissa Portiliotti, por toda paciência, conselhos, incentivo, apoio e risadas desde o
início da faculdade, nos piores e melhores momentos, e que continuem assim.
Aos meus mestres, doutores, cada qual compartilharam parte de seus
conhecimentos, me ajudando a moldar quem eu serei no futuro.
A minha orientadora, Drª. Roselene Maria Schneider, por ser sempre tão
paciente e prestativa, me incentivando mesmo nos meus piores momentos, por toda
conversa e ensinamentos desde o começo do projeto.
A minha coorientadora Me. Mariana Pizzatto, por sempre estar disponível a
nos ajudar em momentos tão difíceis, e por todo apoio no projeto, desde seu início à
conclusão.
Por fim, a todos que não foram citados, mas que fizeram diferença em minha
vida, os meus mais sinceros agradecimentos.
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................................... 8
ABSTRACT ........................................................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 10
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 36
With the increase of the urban world population, the production of sanitary waste is increasing
in such a way that problems with the destination of these materials becomes more and more
worrying. Thus, the objective of this study was to evaluate the growth of emerald grass (Zoysia
japonica) under different doses of biosolids. The experiment was conducted in pots at the
Federal University of Mato Grosso, Sinop-MT, under protected environment. An entirely
randomized design was used, with the dosages of biosolids and chemical fertilizer as plots,
and days after fertilization (DAA), as subplots, with 6 repetitions for each dosage. The
treatments corresponded to different dosages of biosolids (11.8; 15.7 and 19.6 Mg biosolid ha-
1
) and control with NPK fertilization. The biosolid dosage of 15.7 Mg ha-1 corresponds to the
same nitrogen dosage as the NPK fertilization. The mats were monitored until 84 DAA. It is
found that the highest biosolids dosage, 19.6 Mg ha-1, results in the highest value of aerial
fresh mass (25.9 g); the highest biosolids dosages (15.7 and 19.6 Mg ha-1) generate the
highest SPAD index values (42.2 and 40.3) (p≤0.05). Among the biosolids dosages (11.8, 15.7
and 19.6 Mg ha-1) there is equality of values for aerial dry mass (10.3; 8.3 and 7.0 g), root
volume (148.3; 131.7; 120.8 cm3) and surface cover rate at 84 DAA (72, 66 and 50%) (p≤0.05).
The lowest dosage of biosolids, 11.8 Mg ha-1, and NPK fertilization showed statistically equal
values for the SPAD index, but lower than the highest dosages of biosolids (p≤0.05). For the
other parameters, the NPK fertilization presented average values lower than the fertilization
with biosolids. Regarding color perception, the dosages of biosolids differed to a greater
degree compared to mineral fertilization. The results show that the use of biosolids in grass
production is equivalent or superior to NPK fertilization, thus, the biosolids-based fertilization
can be employed in the fertilization of emerald grass.
INTRODUÇÃO
Em decorrência do aumento exponencial da população, da produção de alimentos e
do avanço das tecnologias de tratamento de esgoto, há aumento na geração de resíduos,
sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos (RIGO et al., 2014). Entre os resíduos líquidos cita-
se o esgoto, que é o resíduo líquido gerado em residências ou outros locais onde há consumo
de água para as atividades humanas (SCHNEIDER; BONGIOVANI; JORGE, 2021).
Os esgotos que são coletados em áreas urbanas são enviados às estações de
tratamento de esgotos-ETE. Estas têm a função de remover os poluentes do esgoto, que
passa a possuir características aceitáveis de disposição em corpos d’água, para que este
possa ser despejado em rios ou tornar-se água de reuso.
O tratamento do esgoto sempre gera lodo, material sólido que, em geral, apresenta
concentração importante de matéria orgânica e nutrientes, e por isso apresenta potencial para
utilização no solo. Entretanto, a presença de metais pesados, como zinco e chumbo (MACIEL
et al., 2012), agentes patogênicos ao homem e a cultura (LOPES, 2005), e outros compostos
orgânicos tóxicos (SOUZA et al., 2010) inviabiliza ou dificulta seu uso na agricultura.
Em não havendo restrições pela presença de poluentes, o lodo apresenta
características para uso na agricultura. Nesta situação o lodo é chamado de biossólido
(BRASIL, 2020), e sua aplicação no solo deve seguir as necessidades nitrogenadas das
plantas (BOEIRA; MAXIMILIANO, 2006).
O biossólido é capaz de proporcionar melhorias na estrutura do solo, reduzindo a
densidade e aumentando a macro porosidade, o que resulta em melhor infiltração de água no
solo (BETTIOL; CAMARGO, 2006). Além disso, possui concentrações de macro e
micronutrientes essenciais para o desenvolvimento de plantas, como o nitrogênio, que
agregam valor ao material (GALDOS et al., 2004).
Outro dos principais problemas que motivam a utilização do biossólido no solo é o fato
de que este é disposto em aterros, sem nenhum aproveitamento do material orgânico e
nutrientes. O lodo disposto em aterro traz inconvenientes, pois contribui para a geração de
lixiviados e gases que demandam de captação e tratamento (FERNANDES et al., 2001).
A grama esmeralda (Zoysia japonica) é muito utilizada para cobertura do solo em
jardins, canteiros urbanos, ao longo de rodovias e taludes, uma vez que é resistente à seca e
ao pisoteio, apresenta rápido enraizamento e bem adaptada ao clima tropical (MOTA et al.,
2019).
Krogstad et al. (2005), ao estudar a influência do lodo de esgoto na disponibilidade de
fósforo (P) e outros nutrientes ao solo, observaram a influência significativa ao pH do solo a
partir da adição do composto, e concluíram o composto como fator influenciável ao acesso
aos micronutrientes do solo pelas plantas. Backes et al. (2010) concluiu que aplicar lodo de
11
esgoto em grama promove aumento da concentração de nitrogênio (N) nas folhas da grama
e da taxa de cobertura do solo.
Baseado na hipótese que o biossólido pode fornecer nutrientes que implicam no
crescimento e manutenção nutricional de plantas, o objetivo deste trabalho foi avaliar o
crescimento de grama esmeralda com diferentes dosagens de biossólido.
12
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Esgoto
Esgoto sanitário pode ser definido como o efluente gerado pela utilização da água em
atividades residenciais ou em outras atividades que se assemelhem aos usos domésticos,
como pias, banheiros, lavanderias e outros, presentes em atividades industriais e comerciais.
Segundo Nuvolari (2003), a composição do esgoto é de aproximadamente 99,87% de
água, 0,04% de sólidos sedimentáveis, 0,02% de sólidos não sedimentáveis e 0,07% de
substâncias dissolvidas.
Apesar dos esgotos apresentarem baixa proporção de poluentes comparado à
quantidade da água, é por causa desses que o esgoto precisa receber tratamento. O
tratamento de esgotos visa amortizar o potencial poluidor pela combinação de operações
unitárias, que podem englobar processos físicos, físico-químicos e biológicos.
Quando o esgoto chega na ETE, ele passa pela etapa de remoção de sólidos
grosseiros, com a passagem do esgoto por grades, desarenadores, caixa de óleos e graxas
ou peneiras. Esta etapa, dita tratamento preliminar, tem como objetivo melhorar as
características do esgoto, reduzindo danos aos equipamentos a jusante, como entupimentos
e abrasões (COPASA, 2022).
Na sequência ao tratamento preliminar, pode ser necessário o tratamento primário,
que objetiva a remoção dos sólidos dissolvidos e em suspensão sedimentáveis. As principais
unidades de tratamento primário são os decantadores e a coagulação e floculação (CF). No
caso da CF, lança-se mão de agentes coagulantes ou floculantes que sejam capazes de
agrupar e aglutinar as partículas que são removidas posteriormente por decantação ou ar
dissolvido (Von Sperling, 1996). Quando a quantidade de sólidos dissolvidos e em suspensão
não for alta, esta etapa pode ser suprimida, e os esgoto pode seguir do tratamento preliminar
ao secundário.
O tratamento secundário engloba os processos em que se tem a degradação da
matéria orgânica por microrganismos, como fungos, bactérias e protozoários. Estes utilizam
a matéria orgânica como alimento, convertendo tais materiais em gás carbônico, metano,
material celular e água (Von Sperling, 1996). Os processos biológicos são classificados em
aeróbios e anaeróbios, e a escolha de qual destes processos seguir é uma decisão pautada
em muitos aspectos, como clima, custo-benefício, reuso do esgoto após tratamento e do lodo
gerado, entre outros.
Eventualmente há a necessidade de complementação do tratamento do esgoto com
vistas a remover poluentes que não foram removidos nas etapas anteriores, como nutrientes
e organismos patogênicos. Esta complementação é chamada de etapa terciária. Os
13
tratamentos mais comuns para remoção de tais materiais são a desnitrificação por meio de
condições anóxicas e a remoção do fósforo por meio químico.
14
3. MATERIAL E MÉTODOS
O substrato utilizado nos vasos foi obtido pela mistura de solo (retirado na área da
universidade, em profundidade entre 20 e 40 cm) com areia branca fina, na proporção de 2:1
(Figura 2). Os atributos do substrato (solo+areia) foram: pH em água = 5,2; P (Mehlich) = 0,7
Mg dm-3; K+(Mehlich) = 4,4 Mg dm-3; S (Mehlich) = 33 Mg dm-3; Ca2+ = 0,24 cmolc dm-3; Mg2+
= 0,05 cmolc dm-3; Al3+ = 0,09 cmolc dm-3; H+Al = 2,30 cmolc dm-3; MO = 0,8 g dag kg-1; C.O.
= 0,46 dag kg-1; B = 0,09 Mg dm-3; Cu = 0,2 Mg dm-3; Fe = 58 Mg dm-3; Mn = 1,3 Mg dm-3; Zn
= 0,7 Mg dm-3.
19
A irrigação dos vasos era realizada diariamente, durante 10 minutos, por aspersão
automática. O tempo de irrigação foi definido em pré-teste, garantindo que o substrato
estivesse sempre em capacidade de campo. O controle de plantas daninhas e pragas era
realizado manualmente quando necessário.
O crescimento e desenvolvimento da grama foram avaliados pelo espalhamento da
grama, teor de clorofila, cor, massas verde e seca da parte aérea e volume das raízes.
𝐶 ∗ = √[(𝑎∗ )2 + (𝑏 ∗ )2 ] (2)
Com a equação 3 foi possível calcular a diferença de cor pela distância de dois pontos
no espaço tridimensional (𝛥𝐸).
A análise visual dos tapetes foi feita pelo uso da Norma DIN 6174 (1979), que classifica
as diferenças das distâncias de dois pontos no espaço tridimensional de acordo com a
percepção humana.
Tabela 1 – Norma DIN 6174 (1979) classificação da diferença entre as distâncias de dois pontos no
espaço tridimensional.
Diferenças ΔEab Classificação
0,0 – 0,2 Imperceptível
0,2 – 0,5 Muito pequena
0,5 – 1,5 Pequena
1,5 – 3,0 Distinguível
3,0 – 6,0 Facilmente Distinguível
Maior que 6,0 Muito grande
Fonte: Norma DIN 6174 (1979)
A B C
Figura 4 – Corte das folhas A e B, retirada das raízes C, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus
de Sinop, MT, 09/03/2022.
22
A massa fresca aérea (MFA) da grama de cada vaso foi aferida em balança. Após, o
material foi colocado em saco de papel, levado à estufa de circulação forçada (65 °C), até
secagem (aproximadamente 72 h) e aferição da massa seca aérea (MSA). A massa seca
radicular (MSR) foi obtida nas mesmas condições de secagem da massa seca aérea.
Para a determinação do volume de raiz (VR), em uma proveta de 1000 mL foi inserido
um volume conhecido de água (V1). Após mergulhou-se completamente a raiz na água, e o
volume final de água foi anotado (V2). O volume de raiz (mL) é dado pela diferença entre os
volumes final e inicial de água.
23
3.3. Biossólido
O lodo utilizado no experimento foi coletado em leito de secagem da Estação de
Tratamento de Esgoto Curupy, do município de Sinop-MT. O efluente tratado na estação é de
origem domiciliar. Após coletado o lodo permaneceu armazenado em bombonas plásticas
para a redução da umidade, caracterização química e biológica (ROTA, 2021). O autor
também observou, que devidos às características do lodo, seu reuso foi aprovado, pois
cumpriu com as exigências definidas pela Resolução CONAMA n° 498/2020 (BRASIL, 2020).
Após a secagem, o lodo ficou armazenado em sacos plásticos fechados por aproximadamente
um ano. O material utilizado no experimento foi caracterizado por Rota (2021) em relação ao
teor de umidade, sólidos totais, fixos e voláteis, condutividade elétrica e valores de pH em
CaCl2 e KCl (Tabela 2), seguindo as metodologias de Matos (2012).
Tabela 2. Resultados das análises físicas e microbiológicas para o lodo da Estação de Tratamento de
Esgoto (LETE), Sinop, MT.
Parâmetros Unidades Resultado LETE
pH - 7,26
81,3 (Ubu1)
Umidade* %
434,9 (Ubs2)
Sólidos Totais % (m/m) 18,7
Sólidos Fixos dag kg-1 [% ST (m/m)] 9,51[50,7]
Sólidos Voláteis dag kg-1 [% ST (m/m)] 9,23 [49,3]
SV/ST - 0,49
Coliformes Fecais NMP (g de ST)-1 8,59 E3
Fonte: Rota, 2021. *Valor obtido da amostra assim que coletada. A umidade foi ajustada por meio de
secagem ao ar para os experimentos.
Rota (2021) obteve a contagem de 8,59E3 NMP (g de ST)-1 para os coliformes fecais,
valor descrito pelo autor como dentro do limite descrito pela Resolução CONAMA n° 498 de
2020. Segundo o valor médio dos sólidos totais, 51,8%, o biossólido foi classificado como
Classe B, e para os valores de substâncias químicas, foi enquadrado como Classe 1.
Antecedendo a implantação do experimento amostras do LETE armazenado foram
submetidas a novas análises a fim de obter os dados para cálculo das dosagens de biossólido
a ser a plicado (Tabela 3).
Tabela 3. Resultados das análises físicas e microbiológicas, Pré adubação, para o LETE, Sinop, MT.
Parâmetros Unidades Resultado LETE
pH - 7,26
36,28 (Ubu1)
Umidade %
56,94 (Ubs2)
Sólidos Totais % 63,71
25
A B
Figura 5 – Variação da Temperatura do ar (A) e Umidade relativa (B) diárias na casa de vegetação
entre 16/12/2021 a 09/03/2022.
27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
T0
NPK
T1
15,7 Mg
ha-1
T2
11,8 Mg
ha-1
T3
19,6 Mg
ha-1
Tabela 9 – Valores médios das áreas dos tapetes (cm2) e taxa de cobertura superficial (TCS, %) nas
dosagens de NPK e biossólido e nos dias após a aplicação (DAA)*.
DAA/TCS**
Dosagens
0 21 42 63 84
T0 - NPK 19,9aC /7 21,5aC /8 41,5aC /15 62,2cB /22 97,8cA /34
T1 - 15,7 Mg ha-1 20,1aD /7 31,3aD /11 74,9aC /26 131,0bB /46 186,9aA /66
T2 -11,8 Mg ha-1 20,0aD /7 30,8aD /11 67,1aC /24 110,2bB /39 142,0bA /50
T3 - 19,6 Mg ha-1 19,7aD /7 38,0aD /13 78,9aC /28 154,8aB /55 202,8aA /72
*Letras iguais e minúsculas nas colunas, iguais e maiúsculas nas linhas indicam que não há diferenças
pelo teste Scott-Knott a 0,05 de probabilidade de erro. ** com base na área total do vaso, 283,5 cm 2.
Avaliando as dosagens dentro de cada DAA, os valores de área dos tapetes foram
estatisticamente iguais entre os DAA 0 a 42 dias para a adubação NPK. Nesta mesma
dosagem, o maior valor de área foi para o dia 84 e o valor de área para o dia 63 foi inferior ao
dia 84. Para as dosagens de biossólido, 15,7 Mg ha-1, 11,8 Mg ha-1 e 19,6 Mg ha-1, os maiores
valores de área foram aos 84 dias, seguido pelos valores aos 63 e 42 dias. Para os DAA de
0 e 21 dias, os valores médios foram estatisticamente iguais entre as dosagens de biossólido,
e menores ao comparadas com a adubação NPK.
Mota (2016), ao testar diferentes doses de lodo em grama esmeralda, observou que
para as maiores doses de lodo de esgoto aplicadas (30 e 40 Mg ha-1), a cobertura com grama
demonstrou melhor desempenho. Corroborando com os dados encontrados por Backes et al.
(2009), a autora encontrou TCS de aproximadamente 90% aos 156 DAA utilizando doses de
40 Mg ha-1. A autora concluiu que para as maiores dosagens de lodo de esgoto (30 e 40 Mg
ha-1), os tapetes se apresentaram inteiros e sem abrasões, em sua totalidade, estando aptos
à comercialização.
Em relação ao desdobramento do DAA dentro de cada dosagem verificou-se que não
houve diferença de áreas entre as adubações, nas avaliações nos dias 0, 21 e 42. No dia 63,
o maior valor de área foi para a dosagem 19,6 Mg ha-1, seguida pelas dosagens 11,8 Mg ha-1
e 15,7 Mg ha-1, estatisticamente iguais entre si, e o menor valor de área foi para a adubação
NPK. Para dia 84, os maiores valores de área foram para as dosagens 19,6 Mg ha-1 e 15,7
Mg ha-1, estatisticamente iguais, seguido pela dosagem 11,8 Mg ha-1 e adubação NPK.
A taxa de cobertura da grama esmeralda apresentou valores maiores do que 50% na
maior dosagem de biossólido (19,6 Mg ha-1) após 63 dias, atingindo mais de 70% de cobertura
aos 84 dias. Na dosagem T1 (15,7 Mg ha-1), a TCS atingiu 66% aos 84 DAA. Para a dosagem
de biossólido de 11,8 Mg ha-1, a máxima cobertura foi de 50% aos 84 DAA e 34% de cobertura
na adubação NPK. Backes et al. (2009), constataram 10 a 12 meses como média nacional
29
para a formação de tapetes de grama esmeralda, o que os 84 DAA do presente estudo não
foi suficiente para determinar o tempo adequado para a CS atingir 100%.
Em estudos com composto de lodo de esgoto aplicado por meio de diferentes
dosagens em grama Esmeralda, Mota et al. (2019) observaram como 30 Mg ha-1 como sendo
a dose mais adequada para a produção de tapetes, devido a formação completa do tapete
aos 212 DAA após a adubação com tal dosagem, resultado que corrobora com valores de
dose ótima de 31 Mg ha-1 encontrada por Backes et al. (2009) ao analisar tal dose como a
responsável pelo fechamento completo do tapete aos 165 DAA.
Godoy e Villas Bôas (2006) em estudos com diferentes doses de N como adubação
em grama Esmeralda e Santo Agostinho, observaram os menores períodos para a formação
dos tapetes foram de cerca de 6 e 10 meses, respectivamente, uma vez que apresentaram
altas taxas de cobertura (99,2% e 99,33% para as doses de 350 e 400 Kg ha-1 de lodo de
esgoto), tapetes formados apresentaram boa qualidade visual e resistência ao manuseio.
30
Os maiores valores médios do índice SPAD foram observados nos vasos com
aplicação do biossólido, nas dosagens 15,7 Mg ha-1 e 19,6 Mg ha-1, com valores médios e
estatisticamente iguais de 40,3 e 42,2, respectivamente. Para a dosagem 11,8 g vaso-1 e a
adubação com NPK, os valores médios do índice SPAD foram 36,73 e 32,59,
respectivamente. Estes valores médios são estatisticamente iguais entre si (p≤0,05),
diferentes e menores dos valores de clorofila obtidos nas dosagens 15,7 Mg ha-1 e 19,6 Mg
ha-1.
O índice SPAD, obtido por clorofilômetro portátil, mede a cor verde na folha, permitindo
observar de maneira rápida, econômica e não destrutiva a concentração indireta de nitrogênio
da planta (LEONARDO, 2013), uma vez que há correlação entre a concentração de nitrogênio
foliar, a intensidade da cor verde e o teor de clorofila nas folhas (GIL et al., 2012).
De acordo com Backes et al. (2010), maiores valores de clorofila estão relacionados
aos maiores valores de cor verde, e estes ocorrem em maiores quantidades de nitrogênio. No
caso do presente estudo, em que as dosagens de nitrogênio da adubação com NPK e
biossólido na dosagem 15,7 Mg ha-1 são iguais, (300 kg ha-1), a resposta em termos de
clorofila indicou maiores valores médios do índice SPAD para a adubação com o biossólido.
Assim, tem-se que o biossólido permitiu melhor aproveitamento do nitrogênio pela grama.
Santos e Castilho (2015) obtiveram resultados contundentes quanto a concentração
de nitrogênio foliar e o teor de clorofila em estudos com diferentes substratos, onde o substrato
composto com matéria orgânica e areia 3:1 apresentou melhores resultados, tanto que o autor
sugeriu como o indicado ao cultivo do gramado.
Segundo Backes et al. (2010), a diferença nos valores de clorofila entre as dosagens
de lodo aplicado é justificada pela influência da intensidade da cor verde da folha em relação
31
a concentração de nitrogênio, uma vez que quanto maior é a concentração de clorofila, maior
será a produção de carboidratos e consequentemente, maior será a intensidade da cor verde
e mais elevada a taxa de enraizamento e espalhamento dos tapetes de grama. Corroborando
com isso, no presente trabalho, as maiores dosagens de biossólido (15,7 Mg ha-1 e 19,6 Mg
ha-1) apresentaram maiores teores de clorofila (40,3 e 42,2, respectivamente) e também
maiores taxas de espalhamento (66% e 72% aos 84 DAA, respectivamente).
Godoy; Villas Bôas (2006) obtiveram resultados referentes ao controle da dosagem de
nitrogênio em estudos sobre a produção de tapetes de grama, uma vez que este nutriente é
o mais influente nas respostas das gramas, como coloração, crescimento, entre outros. Altas
dosagens de nitrogênio são capazes de acelerar o tempo de produção dos tapetes, pois
favorecem o rápido crescimento da parte aérea. Por outro lado, os autores destacam que o
favorecimento da parte aérea deteriora a evolução do sistema radicular, produzindo tapetes
mais frágeis no momento de corte. Tais dados se contrapõem com os valores encontrados no
presente trabalho, onde para as maiores doses (15,7 Mg ha-1 e 19,6 Mg ha-1), foram
encontrados os maiores valores de massa fresca aérea e volume de raízes, simultaneamente.
Mota (2016) também observou alteração no índice de cor verde de maneira crescente
e proporcional ao aumento da dose de lodo aplicada, ao trabalhar com tapetes de grama
esmeralda. Tal proposta, reforça a ideia de que a coloração verde das folhas está relacionada
à quantidade de nitrogênio liberada pelo composto utilizado na adubação. Godoy e Villas Bôas
(2004) observaram valores acima de 37 unidades SPAD como responsáveis pelo rápido
crescimento e espalhamento da grama esmeralda. Foram encontrados nas doses 15,7 Mg ha-
1
e 19,6 Mg ha-1 médias superiores a 37 unidades SPAD, doses estas responsáveis também
pelas maiores taxas de espalhamento (Tabela 5 e Tabela 9).
Ao serem comparados os valores médios do índice SPAD no decorrer dos dias após
a aplicação das adubações não foram observadas diferenças significativas entre os tempos
(Tabela 6). Essa observação indica que a cor verde, e indiretamente a concentração de
nitrogênio na grama se manteve constantes ao longo dos 84 dias.
32
Boeira (2004), ao trabalhar com diferentes dosagens de lodo de esgoto, observou que
nos primeiros dias após a aplicação a taxa de mineralização do nitrogênio era maior,
favorecendo a maior disponibilidade de nitrogênio. No decorrer do tempo, as taxas foram
diminuindo, com tendência à estabilidade, com a mineralização se tornando lenta, mas
contínua. Assim, neste estudo, a estabilidade dos valores do índice SPAD indicam que a o
tempo de 84 DAA não foi suficiente para observar a variação da disponibilidade do nitrogênio
para a grama.
33
Tabela 7 – Valores dos ângulos de coloração, índice croma e distância entre dois pontos no espaço
tridimensional.
Dosagens C*ns H*ns ΔEns
T0 - NPK 13,25 -55 44,7
T1 - 15,7 Mg ha-1 14 -59,7 45,6
T2 -11,8 Mg ha-1 14 -35,1 45,7
-1
T3 - 19,6 Mg ha 14,7 -54,8 45,9
TABELA 8. Comparações entre os tratamentos sobre a percepção humana para diferentes valores de
ΔEab de acordo com a norma DIN 6174 (1979)
Diferenças Classificação
Comparações
ΔE
T0 – T1 0,915 Pequena
T0 – T2 1,0557 Pequena
T0 – T3 1,2383 Pequena
T1 – T2 0,1407 Imperceptível
T1 – T3 0,3233 Muito pequena
T2 – T3 0,1826 Imperceptível
Tabela 4 – Massas fresca aérea (MFA) e Massa seca aérea (MSA), volume de raízes (VR) e massa
seca de raízes (MSR) nas dosagens de biossólido e adubo convencional.
Tratamentos MFA*(g) MSA*(g) VR*(cm3) MSR*(g)
T0 - NPK 8,5 c 3,8 b 73,5 b 19,6 a
T1 - 15,7 Mg ha-1 19,9 b 8,3 a 131,7 a 26,6 a
T2 -11,8 Mg ha-1 16,4 b 7,0 a 120,8 a 27,7 a
T3 - 19,6 Mg ha-1 25,9 a 10,3 a 148,3 a 31,9 a
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 0,05
de probabilidade de erro.
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, F. G. S. de. Utilização do lodo Estação de Tratamento de Esgoto bairro do
Araretama em Pindamonhangaba na geração de energia. Dissertação (Graduação em
Engenharia Mecânica) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia do
Campus de Guaratinguetá. Guaratinguetá, 2016. 47 p.
ANDREOLI, C. V.; TAMANIN, C. R.; HOLSBACH, B.; PEGORINI, E. S.; NEVES, P. S. Uso
de lodo de esgoto na produção de substrato vegetal. In: ANDREOLI, C. V. (Org.)
Biossólidos-alternativas de uso de resíduos do saneamento. Rio de Janeiro: ABES, v.
398, 2006, 398p.
BACKES, C.; BULL, L. T.; GODOY, L. J. G.; VILLAS BOAS, R. L.; LIMA, C. P.; PIRES, E.
C.; Uso de lodo de esgoto na produção de tapetes de grama esmeralda. Ciência Rural, v.
39, n. 4, p. 1045-1050. 2009.
BACKES, C.; VILLAS BOAS, R. L.; LIMA, C. P.; GODOY, L. J. G.; BULL, L. T.; SANTOS, A.
J. M. Estado nutricional em nitrogênio da grama esmeralda avaliado por meio do teor foliar,
clorofilômetro e imagem digital, em área adubada com lodo de esgoto. Bragantia, v. 69, p.
661-668, 2010.
GIL, P. T.; FONTES, P. C. R.; CECON, P. R.; FERREIRA, F. A.; Índice SPAD para o
diagnóstico do estado de nitrogênio e para o prognóstico da produtividade da batata.
Horticultura Brasileira. v. 20, p. 611-615. 2002.
GODOY, L. J. G.; VILLAS BOAS, R. L.; Calagem e adubação para produção de tapetes de
grama. In: III Simpósio sobre gramados, Botucatu-SP, 2006. Anais [...] Disponível em:
http://infograma.com.br/wp-content/uploads/2015/10/aduba-produ%C3%A7%C3%A3o.pdf.
Acesso em maio 2022.
GODOY, L. J. G.; VILLAS BOAS, R. L.; Tecnologias para auxiliar no manejo da adubação
na produção de gramas. In: V SIMPÓSIO SOBRE GRAMADOS, Botucatu-SP, 2010. Anais
[...] UNESP – Faculdade de Ciências Agronômicas, 2010. Disponível em:
http://infograma.com.br/wp-content/uploads/2015/10/godoy.pdf. Acesso em nov. 2021.
LEONARDO, F. A. P.; PEREIRA, W. E.; SILVA, S. M.; COSTA, J. P.; Teor de clorofila e
índice SPAD no abacaxizeiro cv. Vitória em função da adubação nitrogenada. Revista
Brasileira de Fruticultura. v. 35, n. 2, p. 377-383. 2013.
MOTA, F. D.; VILLAS BOAS, R. L.; MATEUS, C. M. D.; SILVA, T. B. G. Sewage sludge
compost in zoysia grass sod production. Revista Ambiente & Água. v. 14, n. 1, p. 1-10.
2019.
NUVOLARI, A.; MARTINELLI, A.; TELLES, D. D.; RIBEIRO, J. T.; MIYASHITA, N. J.;
RODRIGUES, R. B.; ARAUJO, R. Esgoto sanitário –Coleta, Transporte, Tratamento e
Reuso Agrícola. 2ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2003, 565p.
QUINTANA, N. R. G.; CARMO, M. S.; MELO, W. J.; Lodo de esgoto como fertilizante:
produtividade agrícola e rentabilidade econômica. Nucleus, p. 183-191. 2011.
RIGO, M. M.; RAMOS, R. R.; CERQUEIRA, A. A.; SOUZA, P. S. A.; MARQUES, M. R. C.;
Destinação e reuso na agricultura do lodo de esgoto derivado do tratamento de águas
residuárias domésticas no Brasil. Gaia Scientia. v. 8, n. 1, p. 174-186. 2014.
SILVA, E.R.; HIDALGO, A. F.; AYRES, M. I. C.; COIMBRA, A. B.; BARROS, D. R.;
Avaliação do lodo de esgoto como alternativa para adubação orgânica em grama-esmeralda
(Zoysia japonica Steud.). In: V Congresso Latino-americano de Agroecologia, La Plata,
2015. Anais [...] Disponível em:
http://sedici.unlp.edu.ar/bitstream/handle/10915/58548/Documento_completo.pdf-
PDFA.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em maio 2022.
SKORUPA, L. A.; SOUZA, M. D.; PIRES, A. M. M.; FILIZOLA, H. F.; BETTIOL, W.; GHINI,
R.; LIGO, M. A. V. Uso de lodo de esgoto na recuperação de áreas degradadas.
Embrapa Meio Ambiente, 2006.
SOUZA, R. A. S.; GONZALEZ, M. D. M.; SANTOS, J. L.; APARICIO, I.; BISSANI, C. A.;
ALONSO, E. Metais pesados e compostos orgânicos tóxicos em lodo de esgoto e composto
de lixo produzidos na cidade de Porto Alegre, RS. 2010.
VIEIRA, R. F.; TANAKA, R. T.; TSAI, S. M.; PEREZ, D. V.; SILVA, C. M. M. S.;
Disponibilidade de nutrientes no solo, qualidade de grãos e produtividade da soja em solo
adubado com lodo de esgoto. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v. 40, p. 919-926. 2005.
YUE, Y.; LIN, Q.; LI, G.; ZHAO, X.; Efficiency of sewage sludge biochar in improving urban
soil properties and promoting grass growth. Chemosphere, v. 173, p. 551-556, 2017.