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DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE DROGAS DE ABUSO

Aula 3 - CROMATOGRAFIA GASOSA - Parte 1

Olá aluno (a), na aula de hoje vamos falar sobre cromatografia gasosa, por esse
tema ser bem complexo vamos dividir essa aula em duas partes para abordarmos todo
o assunto. Bons estudos.

Gases ou substâncias volatilizáveis podem ser separados utilizando-se a técnica


denominada de cromatografia gasosa. A separação consiste na diferente distribuição
das substâncias da amostra entre uma fase estacionária, que pode ser sólida ou líquida,
e uma fase gasosa, que é gasosa (COLLINS, 1995).

Neste sistema, a amostra é introduzida em uma coluna por meio de um sistema


de injeção, sendo que na coluna tem-se a fase estacionária. O uso de temperaturas
adequadas no local de injeção da amostra e na coluna possibilita a vaporização destas
substâncias que, de acordo com suas propriedades e as da fase estacionária, são retidas
por tempos determinados e chegam à saída da coluna em tempos diferentes.

A detecção e quantificação destas substâncias são possíveis pela utilização de


um detector apropriado na saída da coluna (COLLINS, 1995).

Técnicas semelhantes à cromatografia gasosa apareceram desde 1930, no


entanto, seu desenvolvimento só foi acelerado depois da introdução da cromatografia
gás-líquido, em 1952, por James e Martin. O interesse pela cromatografia gasosa fez
com que houvesse um grande desenvolvimento de equipamentos e métodos e hoje ela
tornou-se uma técnica comum, presente na maioria dos laboratórios que utilizam a
análise química (SKOOG, 2002).

A cromatografia gasosa é uma técnica com um poder de resolução excelente,


tornando possível, muitas vezes, a análise de dezenas de substâncias de uma mesma
amostra. Uma das principais características da cromatografia gasosa é a sua
sensibilidade e desta forma, utiliza-se pequenas quantidades de amostra na análise
(SKOOG, 2002).

A cromatografia gasosa também apresenta algumas desvantagens como, por


exemplo, que devem ser empregadas na análise de substâncias voláteis e estáveis
termicamente.

A análise cromatográfica é rápida, entretanto, muitas vezes há a necessidade de


etapas de preparação da amostra, antes que ela possa ser analisada, para que não haja
interferências durante a análise e contaminação da coluna cromatográfica. Às vezes,
esta etapa de preparação é longa e complexa, aumentando em muito o tempo e o custo
da análise. A cromatografia gasosa não é uma técnica qualitativa eficiente,
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necessitando muitas vezes de técnicas auxiliares para identificação segura das
substâncias presentes na amostra (SKOOG, 2002).

Princípios básicos

A Cromatografia Gasosa (CG) é uma técnica para separação e análise de


misturas de substâncias voláteis. A amostra é vaporizada e introduzida em um fluxo de
um gás adequado denominado de fase móvel (FM) ou gás de arraste. Este fluxo de gás
com a amostra vaporizada passa por um tubo contendo a fase estacionária (FE), que é
a coluna cromatográfica, sendo o local onde ocorre a separação da mistura.

A fase estacionária pode ser um sólido adsorvente (Cromatografia Gás-Sólido)


ou, mais comumente, um filme de um líquido pouco volátil, suportado sobre um sólido
inerte (Cromatografia Gás-Líquido com Coluna Empacotada ou Recheada) ou sobre a
própria parede do tubo (Cromatografia Gasosa de Alta Resolução). Na cromatografia
gás-líquido (CGL), os dois fatores que governam a separação dos constituintes de uma
amostra são (SKOOG, 2002):

A. A solubilidade na FE: quanto maior a solubilidade de um constituinte na FE,


mais lentamente ele caminha pela coluna.

B. A volatilidade: quanto mais volátil a substância (ou, em outros termos, quanto


maior a pressão de vapor), maior a sua tendência de permanecer vaporizada e
mais rapidamente caminha pelo sistema.

As substâncias separadas saem da coluna, as quais são dissolvidas no gás de


arraste e passam por um detector; dispositivo que gera um sinal elétrico proporcional
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à quantidade de material eluido. O registro deste sinal em função do tempo é o
cromatograma, sendo que as substâncias aparecem nele como picos com área
proporcional à sua massa, o que possibilita a análise quantitativa (SKOOG, 2002).

Detalhes do equipamento

A amostra é transportada por uma corrente de gás por meio de uma coluna
empacotada com um sólido recoberta com uma película de um líquido. Devido a sua
simplicidade, sensibilidade e efetividade para separar os componentes de misturas, a
cromatografia de gás é uma das ferramentas mais importantes em química.

É amplamente usada para análises quantitativas e qualitativas de espécies


químicas e para determinar constantes termoquímicas tais como calores de solução e
vaporização, pressão de vapor e coeficientes de atividade.

A cromatografia gasosa é também usada para monitorar os processos industriais


de forma automática: analisam-se as correntes de gás periodicamente e realizam-se
reações de forma manual ou automática para compensar variações não desejadas
(SKOOG, 2002). A Figura 4 representa um cromatógrafo a gás típico.

Suprimento de gás de arraste

O gás de arraste é normalmente hélio, nitrogênio, hidrogênio ou argônio. A


escolha depende da disponibilidade, pureza, consumo e tipo de detector utilizado. O
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gás hélio, por exemplo, é o preferido com detectores de condutividade térmica porque
tem condutividade térmica alta em relação aos vapores da maior parte dos compostos
orgânicos.

Além do reservatório de gás em alta pressão, são necessários reguladores de


pressão e medidores de vazão para controlar e medir o fluxo de gás. A eficiência da
aparelhagem depende muito da manutenção de um fluxo constante de gás de arraste.
Duas considerações importantes de segurança têm de ser levadas em conta (COLLINS,
1995; SKOOG, 2002):

A. Os cilindros de gás devem estar sempre presos por cintos ou correntes;

B. Gases de refugo, especialmente hidrogênio, devem ser eliminados em uma


capela.

Devido aos problemas de segurança e armazenagem associados com cilindros


de gás, alguns gases de uso em cromatografia (ar, hidrogênio e nitrogênio) podem ser
obtidos com geradores de bancada capazes de fornecer gases de alta pureza com
velocidade de fluxo entre 300 e 900 mL.min-1. O sistema de gás de arraste pode conter
um filtro molecular para a remoção de água e outras impurezas (COLLINS, 1995;
SKOOG, 2002).

Sistema de injeção de amostras

Vários dispositivos de introdução da amostra foram desenvolvidos. Os mais


importantes envolvem a introdução de amostras líquidas com uma microsseringa
dotada de uma agulha hipodérmica. A agulha passa através de um septo de borracha
de silicone autosselante e coloca a amostra em um bloco de metal aquecido que está na
entrada da coluna.

A manipulação da seringa é uma arte a ser desenvolvida com a prática, que tem
como objetivo introduzir a amostra sempre da mesma maneira. A temperatura do bloco
deve ser suficiente para que a amostra líquida se vaporize rapidamente sem
decomposição ou fracionamento.

Uma regra prática útil é manter a entrada da amostra aproximadamente na


temperatura de ebulição do componente menos volátil. Para melhorar a eficiência, a
amostra deve ser a menor possível (1 a 10 µL), compatível com a sensibilidade do
detector. Amostras gasosas (0,5 a 10 mL) podem ser injetadas do mesmo jeito, desde
que se disponha de uma seringa de gás capaz de resistir à pressão existente na entrada
da coluna (SKOOG, 2002). Infelizmente, a injeção de amostras em sistemas capilares
é muito mais difícil devido às pequenas quantidades de material envolvidas e aos
baixos fluxos de gás de arraste usados.
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Desta forma, para colunas capilares utiliza-se uma câmara de injeção separada
onde somente uma pequena parte da amostra vaporizada/ gasosa é transferida à coluna,
este método é conhecido como injeção com divisão de fluxo (split injectíon). Isto é
necessário para não sobrecarregar a coluna com volume de amostra. O procedimento
consiste na injeção de 0,1 a 1,0 µL de amostra em um ejetor cuja superfície interna está
recoberta com vidro, em que ela se vaporiza e se mistura com o gás de arraste (SKOOG,
2002).

No caso de amostras com baixas concentrações de analito, a injeção sem divisão


de fluxo (splitless injection) é frequentemente mais apropriada. O procedimento
consiste em injetar lentamente um volume maior, entre 0,5 e 5 µL, da solução diluída
e um solvente volátil, com a janela de divisão de fluxo fechada. A temperatura da
coluna é mantida em uma temperatura 20 a 25o C mais baixa do que o ponto de
ebulição do solvente (SKOOG, 2002).

O método geral de introduzir a amostra em uma coluna capilar é o método de


injeção direta na coluna (direct on-column mehod), que é normalmente empregado em
sistemas empacotados (SKOOG, 2002). O procedimento para a cromatografia gasosa
consiste primeiramente na introdução da mistura de prova ou amostra em uma corrente
de gás inerte, normalmente hidrogênio, hélio, nitrogênio ou argônio, que atuarão como
gás de arraste. As amostras líquidas vaporizam-se antes da injeção no gás de arraste.

O fluxo de gás passa pela coluna empacotada pela qual os componentes da


amostra se deslocam a velocidades influenciadas pelo grau de interação de cada
componente com a fase estacionária não volátil. As substâncias que têm a maior
interação com a fase estacionária são retidas por mais tempo e, portanto, separadas
daquelas de menor interação.

À medida que as substâncias eluem da coluna, podem ser quantificadas por um


detector e/ou tomadas para outra análise (SKOOG, 2002). Existem dois tipos de
cromatografia de gás: cromatografia Gás - Sólido (CGS) e cromatografia Gás - Líquida
(CGL). A cromatografia Gás - Sólida se baseia na base sólida estacionária, na qual a
retenção das substâncias analisáveis é a consequência da absorção física. A
cromatografia Gás -Líquida é útil para separar íons ou moléculas dissolvidas em um
solvente.

Se a solução de amostra estiver em contato com um segundo sólido ou fase


líquida, os diferentes solutos interagem com a outra fase em diferentes graus, devido
as diferenças de adsorção, intercâmbio de íons, partição ou tamanho.

Estas diferenças permitem que os componentes da mistura se separem usando


estas diferenças para determinar o tempo de retenção dos solutos pela coluna (SKOOG,
2002).

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Bibliografia

COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.; BONATO, P. S. Introdução a métodos


cromatográficos. 6. ed. Campinas: Editora UNICAMP, 1995.

DUPONT, R.; BAUMGARTNER, W. Drug Testing by Urine and Hair Analysis:


Complementary Features and Scientific Issues. Forensic science international. No70
(63-76), 1994.

FESSENDEN, R. J.; FESSENDEN, J. S. Techniques and experiments of organic


chemistry. Willard Grant Press, Boston, 1982.

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