Você está na página 1de 97

CROMATOGRAFIA

INTRODUÇÃO

A cromatografia (do grego chroma = cor e grafia = escrita)


foi utilizada pela primeira vez em 1903, a partir das
experiências efetuadas pelo botânico russo Mikhail
Semionovitch Twestt. O experimento consistia em separar e
visualizar em uma pipeta, os pigmentos dos extratos de
plantas, onde se verificava a separação da clorofila, da
xantofila em cores distintas.
Esta técnica passou por constantes aperfeiçoamentos até
que em 1952, pesquisadores americanos aplicaram pela
primeira vez o processo cromatográfico que é atualmente
utilizado nos analisadores atuais.
DEFINIÇÃO

Cromatografia é um processo físico-químico de


separação de substancias que compõem uma amostra.
Podemos considerar a título de exemplificação que
esta metodologia é análoga a destilação fracionada.
Resumidamente podemos afirmar que cromatografia
(método analítico industrial) é uma técnica onde temos um
tubo com determinado material interno. A amostra pode ser
um gás, um sólido ou líquido, a qual irá entrar pelo tubo
sendo arrastada por um líquido ou gás. Ela será separada
em seus diversos componentes por meio do material
interno do tubo e na fase final os componentes da amostra
poderão ser qualificados e quantificados por um detector.
Podemos classificar a cromatografia de aplicação industrial em duas
técnicas:

Cromatografia gasosa ou cromatografia a gás- quando quem empurra a


amostra pelo tubo analítico é um gás.

Cromatografia líquida- quando a amostra a ser analisada é empurrada por


um líquido através do tubo analítico.
As aplicações da cromatografia podem ser qualitativa ou
quantitativa, sendo que podemos através de análise
comparativa com padrões e dados bibliográficos chegar a
descobrir qual ou quais substâncias compõem a amostra ou
também com auxílio de padrões quantitativos além de
qualificar a amostra, podemos quantificar os componentes da
mesma.
FASES EM CROMATOGRAFIA

São os meios físicos onde componentes da amostra são separados.


Classificação:

Fase móvel: é o fluido que transporta a amostra pelo tubo analítico.

Fase estacionária: é a substância contida no interior do tubo analítico, a


qual tem a propriedade de separar os diversos componentes da amostra.
Fase móvel: é o fluido que transporta a amostra pelo tubo analítico.
Fase estacionária: é a substância contida no interior do tubo analítico, a qual tem a
propriedade de separar os diversos componentes da amostra.
CROMATOGRAFIA GASOSA

Este tipo de cromatografia é indicado para substancias


líquidas, preferencialmente orgânicas, voláteis, do tipo
solvente, ou gases.
Esta técnica é uma das mais utilizadas no mundo devido
sua versatilidade, e principalmente custo/benefício.
Resumidamente, a técnica se baseia em injetar uma
amostra líquida ou gasosa para dentro de uma coluna
cromatográfica, sendo que a amostra dentro da coluna
será transportada por uma fase móvel (gás inerte) e seus
componentes serão separados por intermédio de uma fase
estacionária que separará os componentes da amostra
através do fenômeno de adsorção seletiva ou partição
(diferença de dissolução).
Fases em cromatografia gasosa

Fase móvel

O sinônimo de fase móvel neste tipo de cromatografia pode ser gás de transporte, gás
vetor ou, o mais utilizado, gás de arraste.
Os gases mais utilizados são: nitrogênio, argônio, helio e hidrogênio.
Estes gases devem possuir as seguintes características:
 Inerte quimicamente;
 Alta pureza;
 Compatibilidade com o sistema de detecção;
 Disponibilidade e;
• Atóxico.
GÁS HELIO
GÁS NITROGENIO
GÁS ARGÔNIO
GÁS HIDROGÊNIO
Colunas cromatográficas para
Cromatografia Gasosa
Tipo de coluna Diâmetro Comprimento
Empacotada ou 1/8 a 1/4 de 15 cm a 20 m
recheada polegada
Capilar 0,08mm a 25 m a 800 m
0,32mm
megabore 0,52mm 0,5 m a 15 m
Formato e material das colunas cromatográficas

Quanto ao formato temos três tipos:


Referente a estes formatos temos a citar que o ideal seria o formato retilíneo, pois não
haveria interferência alguma no caminho da amostra e do gás de arraste. Porém, o mais
utilizado é o helicoidal devido sua facilidade de instalação em espaços minimizados. Temos
a perda de carga com o formato helicoidal, mas uma grande conquista de espaço se
levarmos em conta que uma coluna capilar pode chegar facilmente a cem metros, e no caso,
teríamos a necessidade que o forno do cromatógrafo deveria ter em torno de cem metros de
comprimento, o que é inviável economicamente.

O material de composição dos tubos das colunas cromatográficas pode ser: vidro, teflon,
cobre, aço inoxidável e no caso das capilares e megabore temos a sílica recoberta com
resina
Composição das
colunas
cromatográficas em
CG

Coluna empacotada
Este tipo de coluna
possui seu interior
totalmente
preenchido pela fase
estacionária
Coluna capilar

Este tipo de coluna possui uma constituição diferente devido seu diâmetro
reduzido. A figura a seguir mostra seu formato e composição, além do fluxo
do gás pela coluna:
Megabore, exemplo abaixo tem 0.53mm de diâmetro
Classificação

Pode-se classificar a cromatografia gasosa segundo sua fase


estacionaria:
 Cromatografia gás-sólido – CGS – quando a fase estacionária
é um sólido poroso.
 Cromatografia gás-líquido – CGL – quando a fase
estacionária é um líquido.
CROMATOGRAFIA GÁS-SÓLIDO
CGS
Fase estacionária

Neste tipo de cromatografia (gasosa) temos dois tipos de fase estacionária: sólida e líquida.

Fase estacionária sólida

Esta geralmente é porosa, de forma granular, uniforme, grande área superficial, elevada resistência mecânica e
quimicamente inerte.
Geralmente os materiais mais usados como fase estacionária sólida são: peneira molecular, sílica, alumina, carvão
ativado, terras diatomáceas e outros similares.

O princípio analítico desta forma de fase estacionária é a separação das substancias da amostra pelo fenômeno de
adsorção. As forças de van der Walls regem principalmente este tipo de fenômeno, porém estas são de baixa
intensidade, e proporcionam uma retenção provisória das substancias que compõem a amostra nos poros da fase
estacionária.
Cromatografia Gás-Sólido – CGS

Este tipo de cromatografia tem por fase móvel um gás e como fase
estacionaria um sólido. Ela é indicada para análises de amostras
gasosas ou de líquidos muito voláteis.
A separação dos diversos componentes da amostra será por
diferença de adsorção. As substancias serão separadas conforme sua
afinidade com a fase estacionaria, ou seja, a substância que sofrer
menor atração por parte da fase estacionaria sairá na frente de outra
substancia com maior atração (adsorção).
Fatores como tamanho de molécula e polaridade também
influenciam na separação das substancias neste tipo de
cromatografia.
Moléculas grandes ou muito polares acabam ficando mais tempo
retidas na fase estacionária. Por este motivo os gases e moléculas
menores são mais facilmente analisáveis por este tipo de
cromatografia.
Exemplos de aplicações deste tipo de cromatografia são; análise
do ar atmosférico, amostras gasosas, etc.
 Cromatografia gás-sólido – CGS – quando a fase estacionária é um sólido poroso.
CROMATOGRAFIA GÁS-LÍQUIDO
CGL
Cromatografia Gás-Líquido - CGL

Este é o tipo de cromatografia gasosa mais utilizada no mundo. O motivo é


sua aplicabilidade junto aos produtos derivados do petróleo, principalmente
solventes, onde se consegue caracterizar a composição de um solvente ou sua
concentração em determinada amostra.
Na CGL os componentes da amostra são separados pela diferença de
intensidades de dissolução na fase estacionaria liquida, isto também significa
tecnicamente que as substancias são separadas pela diferença de coeficientes
de partição entre elas em relação a fase estacionaria.
Fase estacionária líquida

Esta fase líquida separa os componentes de uma amostra através do princípio


analítico de partição, o qual também pode ser entendido como dissolução, ou
seja, as substancias da amostra se dissolvem nesta fase estacionaria líquida de
forma seletiva, sendo que quem irá reger esta dissolução será principalmente o
fenômeno das pontes de hidrogênio e a polaridade.
A fase estacionaria líquida deve ter as seguintes características:
 Solubilidade diferenciada para os diversos componentes da amostra;
 Estabilidade térmica;
 Não ser reativo com a amostra na temperatura de trabalho e;
 Não volatilidade na temperatura de trabalho.
 Cromatografia gás-líquido – CGL – quando a fase estacionária é um
líquido.
Esta fase estacionária necessita de um suporte sólido para
literalmente suportar o líquido. O líquido entra nos poros deste
suporte sólido impregnando-o e formando uma película, a qual
atuará separando as substancias da amostra por partição.

O suporte sólido na realidade é igual ou parecido com as fases


estacionárias sólidas, ou seja, são substancias com exatamente as
mesmas características deste tipo de material.
A fase estacionaria líquida também possui uma classificação, a qual é baseada no princípio
de separação desta fase, que é a partição, ou dissolução. O fenômeno que rege
principalmente este princípio é a polaridade, e a classificação é a seguinte: apolar, baixa
polaridade, polar, alta polaridade.
A importância desta classificação reside na capacidade de solubilização das substancias que
compõem a amostra mediante a polaridade da fase estacionária.
Coeficiente de partição

Este coeficiente representa a capacidade que uma determinada substancia


tem de manter um equilíbrio entre a dissolução na fase estacionária líquida e
sua pressão de vapor na fase móvel.

K= Quantidade de gás na fase estacionária líquida


Quantidade de gás na fase móvel
Número de Pratos Teóricos

Prato teórico em cromatografia é a denominação dada ao momento


em que um componente entra em equilíbrio com a fase móvel e
com a fase estacionária.
O número de pratos teóricos é a grandeza que quantifica o número
de pratos de uma coluna cromatográfica para um componente em
particular. Consideremos a fórmula e a figura a seguir:
Fórmula: n = 16 . ( Tr )2
W

Onde:
n: nº de pratos teóricos
Tr: tempo de retenção
W= largura do pico, comprimento da linha base interceptada pelos
dois lados do pico

***Observação*** Tanto TR como W possuem a mesma unidade


de tempo, quanto a n este é um adimensional.
Altura Equivalente de um Prato Teórico – AEPT
AEPT é o comprimento necessário para introduzir um prato teórico.

Fórmula: AEPT = L
N
Onde:
L = comprimento da coluna
n = nº de pratos teóricos
Avaliação de colunas cromatográficas

A avaliação do desempenho da coluna cromatográfica é realizada a partir dos


resultados de uma análise registrados em um cromatograma. Os parâmetros para esta
avaliação são eficiência e resolução.
Eficiência de uma coluna cromatográfica
A eficiência é a capacidade da coluna em gerar pratos teóricos. Quanto maior o número de pratos
teóricos melhor a eficiência de uma coluna cromatográfica.
A tabela a seguir mostra a relação entre eficiência de uma coluna, nº de pratos teóricos e AEPT.

Eficiência AEPT n

Ótima Menor que 0,6mm Maior que 500

Razoável 0,6 a 1,0mm 300 a 500

Fraca 1,0 a 1,5mm 200 a 300


Resolução de uma coluna cromatográfica

Resolução de uma coluna cromatográfica é a capacidade que


a mesma tem de separar dois picos e proporcionar a medição
dos mesmos.
A figura a seguir simula a separação de dois picos em um
cromatograma e ilustra a resolução de uma coluna
cromatográfica
A fórmula aplicável é:R = 2. Tr2 – Tr1
W2 – W1
Onde:
R= resolução
Tr = tempo de retenção
W = largura do pico
Resolução (R) Avaliação
Maior ou igual a 3 Excelente
Entre 1 e 3 Ótima
1 Razoável
Menor que 1 Fraca
Detectores para cromatografia gasosa

Detector é um dispositivo que acoplado a um circuito elétrico


apropriado, forma o sistema de medição. Esse sistema gera um
sinal elétrico proporcional à variação da composição do gás na
saída da coluna cromatográfica.
Os principais detectores em análise por cromatografia gasosa são:

 Detector por ionização de chama


 Detector por condutividade térmica
 Detector de captura de elétrons
 Detector de Massas (Espectrômetro de Massas)
Parâmetros característicos de um detector:

a) Resposta: é o sinal gerado pelo detector. A amplitude da resposta é função da quantidade da natureza do
componente detectado.
b) Sensitividade: é a grandeza que relaciona amplitude da resposta com a quantidade do componente
detectado.
c) Seletividade: determina a que tipo de substância o detector é sensível. Se o detector for universal, ele
responderá a qualquer tipo de substância. Se o detector for seletivo, ele responderá apenas a certas
substâncias ou grupos de substâncias.
d) Ruído: é o sinal típico de qualquer sistema de detecção, que pode ser gerado pelo detector e também pelo
circuito eletrônico. Sendo que este sinal não pode ser confundido com o sinal da amostra.
e) Mínima quantidade detectável: é a quantidade do componente separado na coluna, capaz de produzir um
sinal duas vezes maior que o ruído do detector.
f) Faixa linear: é a região na qual a resposta do detector é diretamente proporcional à quantidade de
componente.
Detector de Massas
Sistema CG-MS
Detector por condutividade térmica

Este tipo de detector é considerado como “universal”, pois analisa qualquer substancia
gasosa.
O princípio de funcionamento se baseia no desbalanceamento de uma Ponte de Weathstone,
que neste caso são quatro resistores formando a ponte, numa abertura temos o gás de
arraste passando pela câmara de referência e noutra temos o gás de arraste e a amostra
passando pela câmara de medição; quando a amostra for diferente do gás de arraste,
teremos a geração de um sinal, pois o gás que passará pelos resistores irá retirar mais calor
do sistema do que apenas o gás de arraste, e este retirada de calor do sistema forçará a
geração de mais energia elétrica para passar pelo resistor para compensar a corrente, sendo
isto proporcional à concentração de gás da amostra que passa pelo detector.
O hidrogênio é a menor molécula de gás conhecida, portanto utilizamos este gás como
arraste, pois qualquer outro gás que passar junto com este retirará menos calor do que o
hidrogênio.
Detector por ionização de chama

A ionização de gases por combustão é a formação momentânea


de íons quando substâncias inflamáveis sofrem combustão. Este
é um dos processos mais utilizados na cromatografia gasosa.
O gráfico abaixo representa as etapas para obtenção de íons
ativos em combustão.
Na primeira etapa os gases se misturam, mas não reagem por não possuírem a energia
suficiente para quebrar as moléculas e gerar os íons.
Na segunda etapa os reagentes são ativados por uma fonte de ignição, provocando assim a
quebra das moléculas. Essas se apresentam momentaneamente como complexos iônicos com
grande quantidade de energia. Em seguida reagrupam-se e tornam-se compostos estáveis.
Na terceira etapa, os produtos de combustão são os compostos reagrupados apresentando-se
com menor nível de energia.
O princípio de funcionamento deste detector leva em consideração a teoria explanada
anteriormente. No caso, quando a amostra passa pela chama do detector, esta se decompõe
em íons e se aplicarmos uma ddp entre duas placas localizadas na passagem desta chama
teremos a passagem de corrente proporcional a quantidade de íons gerada.
Temos na figura acima, na base do detector, indicado pela seta verde a saída da coluna cromatográfica. As setas branca e
vermelha indicam a entrada de ar (oxigênio) e combustível (hidrogênio) no detector. Percebe-se que na chama temos um
cilindro (polo negativo) e acima um cilindro maior (polo
positivo), sendo este o sistema que gera a ddp.

A amostra toda separada pela coluna cromatográfica entra no detector empurrado pelo gás de arraste. Os componentes da
amostra entram e queimam junto com o gás de arraste. Geralmente o gás de arraste é hidrogênio no caso de colunas
capilares e nitrogênio no caso de colunas empacotadas. A chama do detector é mantida pela vazão de hidrogênio, oxigênio
(ar) e nitrogênio, lembrando que nitrogênio não é combustível, mas mantém a estabilidade da chama, principalmente em
termos de ruído.

Você também pode gostar