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Topologias fontes chaveadas CA-CC e conversores CC-CC

Newton C. Braga

As fontes chaveadas, comutadas ou “switched-mode power supplies” (SMPS), se


adotarmos o nome inglês, são empregadas numa grande quantidade de equipamentos
modernos em lugar das fontes lineares ou analógicas comuns. Essas fontes, cujo
princípio de funcionamento já abordamos em diversos artigos, aparecem em diversas
topologias que o leitor precisa conhecer. Nesse artigo analisamos essas topologias,

Uma grande quantidade de equipamentos eletrônicos portáteis, alimentados por baterias,


precisa aproveitar muito bem a energia fornecida por essas baterias de modo sua carga
ou durabilidade seja a maior possível.

Isso ocorre com telefones celulares, MP3 players, games, telefones sem fio,
computadores e muitos outros.

Mesmo eletro-eletrônicos ligados à rede de energia precisam atender à itens de consumo


que cada vez são mais importantes dada à necessidade cada vez maior de se preservar as
fontes de energia.

As fontes analógicas comuns têm baixo rendimento e além disso empregam


componentes pesados como os transformadores. A solução para as fontes dos
equipamentos modernos está nas fontes chaveadas que são muito mais eficientes.

As fontes chaveadas podem tanto abaixar a tensão o que nos leva aos conversores tipo
“book” como podem aumentar a tensão de entrada, o que nos leva aos conversores tipo
“boost”. Também temos os conversores que podem produzir tensões negativas ou ainda
tanto abaixar como elevar a tensão conforme veremos a seguir.

Temos então uma hierarquia de topologias que, partindo das fontes lineares, nos levam
às diversas fontes chaveadas que encontramos nos equipamentos.

a) Regulador linear

Na figura 1 temos então a configuração básica em que um transistor funciona como um


resistor variável determinando assim quanto de corrente deve passar para a carga.
O resistor e a carga formam então um divisor variável que estabelece sobre a carga uma
tensão constante.

As vantagens desse tipo de configuração estão no seu baixo custo, corrente quiescente
baixa e no fato de que ela não produz ruídos nem EMI.

As desvantagens estão no fato de que ela só pode abaixar a tensão (sua saída é sempre
menor do que a entrada) e que ela desperdiça energia que é dissipada na forma de calor
no elemento regulador (transistor). Isso significa que sua eficiência é baixa.

b) Bomba de carga (Charge pump)

Trata-se de uma configuração em que cargas são bombeadas para capacitores de modo a
carregá-los.

Depois, os capacitores são descarregados através do circuito a ser alimentado de forma


controlada, determinando a tensão que ele deve receber.

A velocidade de chaveamento é determinada por um oscilador externo podendo chegar


a alguns megahertz.

Na figura 2 temos a representação dessa topologia.


As vantagens desse tipo de fonte estão no seu baixo custo, no seu tamanho reduzido e
no fato dela tanto poder aumentar como diminuir a tensão.

Por exemplo, os capacitores podem ser carregados em paralelo e depois descarregados


em série, obtendo-se assim na saída o dobro da tensão de entrada.

A tensão de saída também pode ser invertida, com o uso de um circuito de chaveamento
apropriado.

A desvantagem está na sua potência de saída limitada e na faixa de tensões tanto de


entrada como de saída.

Outro problema que essa topologia pode apresentar é a geração de ruídos pela
comutação rápida do circuito.

c) Conversor Buck (Abaixador)

Trata-se de uma configuração de fonte chaveada que abaixa a tensão obtendo-se a


regulagem da tensão na carga através de circuitos PWM. Sua representação está
mostrada na figura 3.
Nessa configuração o capacitor carrega-se através de um indutor e depois descarrega-se
através da carga.

A energia armazenada no campo magnético do indutor fornece energia à carga, a qual é


filtrada pelo capacitor.

d) Conversor Boost (elevador)

O que essa configuração faz é elevar a tensão.

Para isso, um sistema chaveia a corrente num indutor de modo que energia é
armazenada em seu campo magnético.

Como as linhas de força do campo desse indutor se contraem mais rapidamente do que
na expansão que cria o campo, a tensão induzida no processo é maior do que a usada na
entrada.

Com isso a tensão de saída é maior do que a de entrada. Na figura 4 temos uma
representação simplificada dessa topologia.
As vantagens dessa configuração estão na sua baixa corrente de pico e no chaveamento
na entrada.

As desvantagens estão no fato de que tem bom rendimento apenas na elevação da tensão
e não existe proteção contra curto-circuitos.

e) Inversor (inverter)

Nessa configuração temos um indutor que carrega-se (energia no campo) com a tensão
circulando no sentido e quando dle descarrega ele faz circular pela carga uma corrente
no sentido inverso. Na figura 5 temos a representação simplificada dessa topologia.
A principal vantagem está na simplicidade da configuração que usa apenas um indutor.

As desvantagens estão no fato de se obter uma tensão negativa apenas e de que a


corrente de pico é elevada.

f) Flyback

Nesse caso, utiliza-se um transformador em lugar do indutor para fazer a transferência


da energia através do campo magnético.

O transformador usado pode ter núcleo de ferrite, e ser de pequenas dimensões, graças
ao uso de freqüências elevadas de comutação. Na figura 6 temos a representação desse
tipo de fonte.

As principais vantagens estão no isolamento dado pela presença do transformador, a


possibilidade do enrolamento secundário ter derivações, e além a possibilidade tanto de
se aumentar como diminuir a tensão.

A desvantagem está no uso do transformador, nas correntes elevadas de pico e alta


tensão que aparece na comutação.

g) Push-Pull
Trata-se de uma configuração que pode ser considerada como a versão fly-back com
comutação em oposição de fase de modo a se obter maior rendimento.

Nesse caso, o enrolamento primário do transformador é dotado de tomada central,


conforme mostra a figura 7.

As vantagens estão no isolamento dado pelo transformador, na possibilidade de se ter


diversas saídas, tanto com a elevação como abaixamento da tensão e, além disso, a
filtragem é facilitada pelo sinal que aparece nos dois ciclos de comutação.

A desvantagem está no transformador e na necessidade de dois circuitos de comutação.

h) Outras topologias

Existem ainda outras topologias mais complexas que podem ser encontradas em
algumas aplicações, principais as mais sofisticadas já que seus circuitos usam mais
componentes e elas normalmente consomem mais energia.

Essas topologias são encontradas com mais freqüência em equipamentos que não sejam
alimentados por baterias.

Dentre elas destacamos a topologia denominada ressonante, combinadas (boost x buck),


além de outras.
Modos de Operação

Os reguladores comutados podem operar em dois modos: contínuo e descontínuo.

No modo descontínuo, na configuração em que existe um indutor, a corrente nesse


componente cai a zero no ciclo de não condução, conforme mostra a figura 8. Isso faz
com que a energia armazenada em seu campo magnético seja totalmente transferida
para a carga.

Na operação no modo contínuo, existe uma componente de corrente contínua no


circuito que faz com que a corrente no indutor no caia totalmente a zero nos ciclos de
não condução. Essa corrente é proporcional à carga, conforme mostra a figura 9.
Nesse modo de operação, a vantagem está no menor ripple, o que facilita a filtragem
além de menores perdas no núcleo do indutor.

Conclusão

Analisando qualquer fonte chaveada, principalmente as usadas em equipamentos


alimentados por baterias, certamente o leitor vai encontrar uma das que vimos nesse
artigo.

Nessas topologias, os elementos de chaveamento e os circuitos de controle podem variar


bastante, indo desde transistores bipolares comuns ou Darlingtons até MOSFETs de
potência.

Circuitos integrados relativamente simples ou dedicados atuam como elementos de


controle e regulagem da tensão, havendo assim diversos graus de complexidade das
configurações.

Para o profissional de manutenção é importante saber quais são as topologias existentes


e ter uma ideia do seu princípio de funcionamento para pode ter uma ideia de que tipos
de sinais devem ser encontrados e quais são as funções dos componentes principais.

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