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2. O PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
Transformador ideal
Como estamos a considerar o transformador sem perdas, logo podemos considerar que,
a relação de transformação é:
Transformador real
Tendo qualquer transformador, real, perdas, estas terão que ser consideradas, mesmo
quando apenas ao nível de utilização da máquina – determinação do rendimento, que relaciona a
energia fornecida e a energia utilizada. Às perdas já referidas no eletromagnetismo (perdas por
correntes induzidas, perdas por histerese e perdas por dispersão magnética) vem adicionar-se as
perdas por Efeito Joule nos enrolamentos primário e secundário, visto que tem resistência e por elas
passam as correntes do primário e do secundário.
Levando em conta com as referidas perdas, teremos o circuito elétrico equivalente do
transformador:
Em que:
A determinação dos valores analíticos relacionados com as referidas perdas pode ser
realizada através de testes ao transformador – ensaio em curto circuito e ensaio em vazio.
4. ALTERNATIVA ENTRE TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS E TRIFÁSICOS
5. AUTOTRANSFORMADOR
O modo de operação trifásico pode ser obtido seja através de um único transformador
trifásico ou pelo uso de três transformadores monofásicos, apropriadamente interligados para
operação trifásica. Uma unidade trifásica é construída com três pernas, com cada perna
acomodando as bobinas do primário e secundário de uma fase.
Quando comparado com três transformadores monofásicos projetados para suportar os
mesmos volt-ampères, a unidade trifásica isolada é mais leve, mais barata, requer menos espaço e é
ligeiramente mais eficiente. Algumas instalações econômicas empregam preferencialmente o
transformador trifásico, pelo seu menor investimento inicial.
Porém, uma escolha a favor de três transformadores monofásicos tem algumas
vantagens importantes. A área de superfície total maior, por exemplo, propicia uma melhor
refrigeração e maior facilidade de reparo. Além disso, na fase inicial de um sistema de potência,
pode ser perfeitamente possível operar com apenas dois dos transformadores, se bem que com
capacidade reduzida. Uma terceira unidade pode ser acrescentada em alguma ocasião futura,
quando toda a capacidade do sistema for necessária.
Também, se uma unidade de reserva for necessária para atender a condições de
emergência, uma pequena unidade é suficiente para se ter disponível, em comparação com a
necessidade de se possuir um transformador trifásico completo, no outro caso. Somando-se a isso,
esta última solução vai requerer mais espaço para armazenagem e é mais difícil de movimentar. Em
vista destes prós e contras, é óbvio que a escolha em uma situação específica será fortemente
influenciada pelas circunstâncias especiais envolvendo o caso em particular.
Vantagens
Ver “aplicações”
Desvantagens
- Dependendo do propósito para o qual se queira o enrolamento adicional (∆), o custo incremental
pode ser muito grande.
- Se usado para o suprimento de uma carga, o circuito auxiliar pode, em transformadores que
operam com altas tensões de ambos os lados, ficar sujeito a uma tensão à terra perigosa devido à
indução eletrostática.
- Uma falha do enrolamento auxiliar (∆) pode tornar o transformador inoperante.
Aplicação
- O enrolamento em delta fornece um caminho para os componentes de 3º harmônico da corrente de
magnetização, que elimina as tensões de 3º harmônico dos enrolamentos principais. Os pontos
neutros de tais enrolamentos são então estáveis e podem ser aterrados sem quaisquer efeitos
perniciosos para o transformador ou para o sistema.
- O enrolamento adicional (∆) pode ser utilizado para o suprimento de cargas, tais como motores,
ou mesmo ser usado para distribuição.
Vantagens
- Se faltar uma fase em qualquer um dos lados as duas remanescentes poderão ser operadas em
delta aberto para dar saída trifásica com l/√3 da potência anterior.
- É a combinação mais econômica para transformadores de baixa tensão e altas correntes.
- As tensões de 3º harmônico são eliminadas pela circulação de correntes de 3º harmônico nos
"deltas".
- Uma das mais fáceis combinações para colocação em paralelo.
- Com tensões de linha simétricas, nenhuma parte dos enrolamentos pode estar normalmente a um
potencial excessivo em relação à terra, a não ser devido a cargas estáticas.
Desvantagens
- Não há neutros disponíveis.
- Não pode haver suprimento de energia com quatro condutores.
- As dificuldades de construção das bobinas são maiores e os custos, mais altos com altas tensões de
linha.
- Sob condições normais de operação, a máxima tensão à terra em cada fase é 1/√3 da tensão de
linha; a mínima tensão é de 1/2√3. As solicitações do isolamento são, portanto, maiores que para
conexão estrela.
Aplicações
- Em sistemas em que uma falta fase-terra é muito provável, pode ser uma opção perigosa.
Vantagens
- As tensões de 3º harmônico são eliminadas pela circulação de correntes de 3° harmônico com o
primário em ∆.
- O neutro do secundário pode ser aterrado ou utilizado para alimentação de cargas, ou, ainda, para
prover um neutro para um sistema de corrente contínua (c.c.) de três condutores.
- Cargas equilibradas e desequilibradas podem ser alimentadas simultaneamente.
- De grande aplicação em sistemas de conversão estática.
Desvantagens
- A falta de uma fase torna o transformador trifásico inoperante.
- Devido ao defasamento das metades dos enrolamentos, que são conectados em série para formar
uma fase, a conexão zigue zague exige em cada enrolamento 15,5% de cobre a mais.
Aplicação
- A principal aplicação é em transformadores para conversores. Ainda mais uma considerável
componente c.c., devido ao desequilíbrio, pode ser solicitada sem qualquer efeito pernicioso sobre a
característica magnética do transformador.
Vantagens
- As tensões de 3º harmônico são eliminadas pela circulação das correntes de 3º harmônico no
secundário em delta.
- O neutro do primário mantém-se estável devido ao secundário em delta.
- O neutro do primário pode ser aterrado.
- É a melhor combinação para transformadores abaixadores, pois a conexão estrela é apropriada
para altas tensões e a delta, para altas correntes.
Desvantagens
- Não há neutro no secundário disponível para aterramento ou para uma possível alimentação a
quatro fios.
- A falta de uma fase torna o transformador inoperante.
Aplicações
A principal é a do abaixamento de tensão de sistema usando grandes transformadores.
8.6 – CONEXÃO DELTA/ESTRELA
Vantagens
- As tensões de 3º harmônico são eliminadas pela circulação das correntes de 3º harmônico no
primário em delta.
- O neutro do secundário pode ser aterrado ou utilizado para uma alimentação a quatro condutores.
- Cargas equilibradas e desequilibradas podem ser alimentadas simultaneamente.
Desvantagens
- A falta de uma fase leva à inoperância do transformador.
- O enrolamento em delta pode ser mecanicamente fraco no caso de transformadores abaixadores
com uma tensão primária muito alta, ou no caso ele pequenas potências de saída.
Aplicações
- A principal aplicação é na alimentação com quatro condutores de cargas, que podem ser
equilibradas ou desequilibradas.
- É também usado para a elevação de tensão para a alimentação de uma linha de alta tensão. Como
as tensões de 3º harmônico são eliminadas, o neutro é disponível para aterramento, e ambos os
enrolamentos são empregados sob as melhores condições.
9. TESTES EM TRANSFORMADORES
Ensaio em vazio
Note-se que, estando o secundário em curto circuito, a sua impedância é quase nula,
donde, a tensão necessária, no primário, para obter essa corrente, é muito pequena1. É, assim,
necessário possuir uma fonte de tensão regulável para alimentar com um valor reduzido o
enrolamento primário2.
Como neste ensaio a tensão no primário é reduzida, então a corrente que flui no
enrolamento (IP) é também reduzida.
Este ensaio permite conhecer, também, o valor da corrente de curto circuito do
secundário (e, através da relação de transformação, a corrente de curto circuito do primário),
fazendo uma regra de três simples – se com uma tensão VPcc se obtém a corrente nominal no
secundário, então com a tensão nominal no primário (e um curto circuito no secundário) obter-se-á
a corrente de curto circuito. O conhecimento deste valor é de fundamental importância para a
determinação de algumas grandezas relacionadas com dispositivos de proteção na instalação
elétrica, à qual o transformador pertence.
1
Se a tensão no primário fosse a nominal, a corrente no secundário seria extremamente elevada, danificando esse
enrolamento (IS = VS / ZS)
2
Estamos a supor um transformador abaixador
10. RENDIMENTO
Que tem o seu valor máximo, quando PFe = PCu, ou seja quando o fator de carga é
aproximadamente três quartos (C ≈ ¾).
11. ARREFECIMENTO DE TRANSFORMADORES
Dada a existência de perdas por efeito de Joule, haverá aquecimento dos enrolamentos
do transformador. Aquecimento esse, que deverá ser dissipado. Dependendo da potência do
transformador, essa dissipação poderá revestir-se de maior ou menor importância. Para
transformadores de pequena potência (Imenor ⇒ Ejoule menor) essa dissipação processa-se por
convecção natural. Para transformadores de médias e altas potências essa dissipação é realizada
mergulhando os enrolamentos em óleo mineral isolante que, para além de melhorarem o fator de
dissipação, aumentam o isolamento elétrico. Para transformadores de elevada potência adiciona-se
ainda, em momentos de carregamento elevado a convecção forçada do óleo, ou ventilação forçada.
BIBLIOGRAFIA:
TORO, Vicente Del. Fundamentos de Máquinas Elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 1994.
OLIVEIRA, José Carlos de; COGO, João Roberto; ABREU, José policarpo Gonçalves.
Transformadores: Teoria e Ensaios. São Paulo: Edgard Blucher, 1984.
FITZGERALD, A. E.; JR, Charles Kingsley; UMANS, Stephen D. Máquinas Elétricas com
Introdução à Eletrônica de Potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
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