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Má quinas Eléctricas II
Beira, 2024
1. TRANSFORMADOR TRIFÁ SICO
1.0 Introdução
Notas de aulas sobre Transformador Trifásico & Ondas Harmónicas. Por: DMajequete@2024 1
(a) Banco trifásico (b) Núcleo trifásico
Figura 1. Transformador trifásico. (a) composto por três transformadores monofásicos e (b) construído
sobre único núcleo de três colunas
Para o caso de transformador trifásico de uma única unidade, considera-se que o seu núcleo é
resultante da união de três sistemas monofásicos de acordo com o processo de simplificação do
banco de três transformadores monofásicos. Portanto, se for considerado que o sistema de
alimentação é trifásico equilibrado, os três fluxos magnéticos ΦA, ΦB, ΦC produzidos serão iguais
em magnitude estando desfasados no tempo em 120°, e isso irá resultar na coluna central em um
fluxo total Φt nulo (φ A +φ B +φ C =0) o que permite suprimir essa coluna de retorno, ficando
conforme a figura 1.a. O sistema resultante se obtém como projecção sobre um mesmo plano do
núcleo, e tal disposição é a que se utiliza na prática embora apresentar uma assimetria na coluna
central, graças ao menor caminho do fluxo. Devido a isso a coluna central B tem menos
relutância magnética quando comparado com as colunas laterais A e C, o que causa uma
assimetria nas correntes em vazio, e isso se torna mais evidente em transformadores trifásicos de
pequena potência, onde as culatras desempenham um papel relativamente importante, e nesses
casos as correntes em vazio das fases correspondentes as colunas A e C podem ter uma corrente
entre 1,2 e 1,5 vezes a corrente que flui na fase da coluna central B. É por isso que quando os
transformadores trifásicos são submetidos a ensaios em vazio, deve se medir as três correntes do
primário e tomar I0 como valor médio das correntes nas três fases. Como a corrente em vazio é
de pequeno valor (na ordem de 3 a 8% da corrente nominal primária), e o efeito de assimetria das
correntes em vazio quando o transformador trabalha em carga é também praticamente
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desprezível, então não se analisam assimetrias das correntes nessa situação. Assim, compreende-
se que o transformador trifásico é igual ao esquema de ligação de banco de transformadores
(grupo de três transformadores monofásicos), a única diferença é que o trifásico é composto por
uma unidade estando todos os enrolamentos das três fases dentro de um mesmo equipamento.
Quer se trate de banco trifásico ou de transformador trifásico (uma única unidade), o seu
princípio de funcionamento é o mesmo que de um transformador monofásico. No seu estudo há
que considerar cada coluna como um transformador monofásico, de tal forma que os ensaios,
esquemas equivalentes, ou outros estudos, devem ser expressos em valores simples, quer tenham
neutro real ou imaginário, podendo se aplicar as mesmas técnicas de análise empregues em
estudos de transformadores monofásicos. Por exemplo, a relação de transformação será o
quociente entre o número de espiras por fase do primário e o número de espiras por fase do
secundário, que coincidirá com a relação entre as fems por fase entre primário e secundário.
A designação dos terminais dos enrolamentos será segundo as recomendações expressas nos
capítulos anteriores, usando as letras A, B, C para denominar os princípios das bobinas dos
enrolamentos de Alta Tensão, e as mesmas letras em minúsculas, a, b, c, indicarão os terminais
da mesma polaridade instantânea dos enrolamentos do lado de Baixa Tensão.
Os transformadores trifásicos são construídos com um núcleo que pode ser de dois tipos:
Núcleo envolvido, que também são chamados de Nucleares
Núcleo envolvente, também chamados de Encouraçados
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Fig. 1.2. Elementos constituíntes de Transformador Trifásico
Da figura nota-se a presença das buchas de Alta Tensão (AT) e as de Baixa Tensão (BT), onde
são
conectados respectivamente os cabos de entrada e saída do tranasformador, podendo ser para
transmissão ou distribuição.
O tanque é um compartimento onde se encontra a parte activa (enrolamentos) e é preenchido
com um fluido dieléctrico, geralmente, óleo mineral.
Como os enrolamentos da parte activa se aquecem muito, é necessário que haja um sistema de
refrigeração, por esse motivo a parte activa é envolvida em óleo que além de contribuir para o
isolamento, permite também a troca de calor com o ambiente, e essa troca ocorre através da
circulação do óleo pelo radiador depois desse aquecer e ocupar a parte superior do tanque
entrando pela tubulação.
Por forma a aumentar a eficiência do sistema de refrigeração, acrescenta-se ventilação forçada
aos radiadores e o óleo também pode ser forçado a circular.
Como o fluido dieléctrico deve preencher totalmente o tanque do transformador, é necessário
compensar a variação do volume do fluido nas variações da temperatura do equipamento.
Portanto, é essa a função do tanque de expansão ou compensação do transformador.
Ocorre que em um transformador real, os enrolamentos primário e secundário envolvem-se um
ao outro, sendo o enrolamento de baixa tensão o mais interno. Essa disposição atende a dois
propósitos:
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1. Simplificar o problema de isolar o enrolamento de alta tensão do núcleo;
Deve se observar que os condutores são geralmente de cobre, e muito raramente de alumínio e
possuem secção retangular para facilitar a sua disposição no núcleo. O isolamento dos
condutores é feita com material isolante à base de celulose, um papel isolante, que tem suas
características dieléctricas melhoradas quando as fibras de celulose são impregnadas com o óleo
isolante.
A parte ativa também é comprimida pelo disco de compressão a fim de evitar uma possível
movimentação vertical. Os espaçamentos entre as camadas de condutores permitem a circulação
do fluido para que este possa retirar o calor gerado pelo enrolamento, isto é, manter o caminho
de circulação e assegurar a rigidez mecânica do conjunto do enrolamento.
O núcleo, é constituído de aço silício que é um material que combina grande permeabilidade
magnética e resistência mecânica. O mesmo núcleo encontra se preso pela estrutura de
sustentação, a fim de evitar qualquer movimentação devido a esforços electromecânicos
provocados pela interação dos campos magnéticos internos no núcleo.
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Figura 2. Ligação Estrela
I l=I f (1.2.1)
El =√ 3 E f (1.2.2)
S=3 E f I f (1.2.3)
Onde:
Ef - tensão de fase
EL –tensão de linha
Il –corrente de linha
If – corrente de fase
S - potência
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Figura 3. Ligação Triângulo
I l=√ 3 I f (1.2.4)
El =Ef (1.2.5)
S =3 E f I f (1.2.6)
A conexão em Zig-zag (Z) que na prática só se emprega do lado de menor tensão, consiste em
subdividir enrolamentos secundários (A1, B1, C1) em duas partes iguais A 1 (a1, a2), B1 (b1, b2),
C1 (c1, c2), sendo que uma parte se conecta em estrela e logo cada ramo se une em série com as
bobinas invertidas das fases adjacentes (figura 4). Essa conexão possui algumas características
da conexão estrela e da conexão triângulo, combinando desse modo as vantagens de ambas
conexões, incluindo o neutro. A desvantagem desta conexão é o maior consumo da quantidade
de cobre usado para um enrolamento quando comparado com um enrolamento conectado em
triângulo ou em estrela.
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}} over {3 {U} rsub {s} rsup {
cosφ=E l (1.2.7)
=√ 3U f
} =2 {sqrt {3}} over {2} {U} rsub {f} rsup { ¿
Ec (1.2.9)
Uf 3
Euv =√ 3 √ 3 = U (1.2.10)
2 2 f
3
S= √3 U l I l= √ 3U f I f (1.2.11)
2
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De acordo com a CEI, designa-se o grupo de ligação de enrolamentos nos transformadores da
seguinte ordem: designação da ligação do enrolamento de mais alta tensão, seguido da
designação da ligação do enrolamento de tensão mais baixa e no fim o respectivo desfasamento
(índice horário) das tensões do primário e secundário.
Os principais e mais usuais grupos ou configurações de ligação dos transformadores são:
U A1 UB1 UC 1
= = =k (1.3.12)
U A2 UB2 UC 2 t
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Porém, esta conexão pode fazer com que o sistema apresente algumas características
indesejáveis, como são os casos das distorções nas tensões dos enrolamentos causadas pelas
correntes da terceira harmónica geradas pelos fenómenos de excitação do transformador e o
desequilíbrio de correntes no caso de alimentar uma carga não equilibrada. Contudo, pode-se
contornar o problema causado pelas componentes harmónicas, que passa necessariamente de
adicionar ao transformador um enrolamento terciário conectado em triângulo, podendo este estar
embutido. A outra forma de contornar esses problemas é o aterramento dos neutros n1 e n2, mas
principalmente o n1.
O aterramento do neutro nos transformadores trifásicos é muito importante, pois fornece um
caminho fechado para as correntes desequilibradas do sistema (devidas às cargas
desequilibradas) e aumenta a possibilidade de utilização do sistema para cargas variadas, isto é,
cargas trifásicas de alta potência e monofásicas diversas. Portanto, dadas as fragilidades que esse
oferece em relação as harmónicas da terceira ordem, recomenda-se a interconexão dos neutros da
fonte e o do primário do transformador, ou dos neutros do secundário com os neutros da carga,
eliminando dessa forma as correntes harmónica introduzidas no sistema devido à não linearidade
do material magnético. Essa ligação apresenta como vantagens, o seguinte:
1. As grandezas eléctricas primárias e secundárias estão em fase, o que pode ser factor
importante em certas instalações;
2. Os módulos das tensões de fase são cerca de 57% do módulo das tensões de linha e, por isso,
quando comparada esta ligação com aquelas feitas entre fases (ligações delta) são necessárias
menos espiras em cada enrolamento para produzir o mesmo fluxo magnético;
3. Pode ser religado como autotransformador (observando os níveis de isolamento do
equipamento original) com a grande possibilidade económica quando comparado com
transformador de dois enrolamentos.
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3. Um curto-circuito fase – terra em um sistema cujo neutro do primário é aterrado fará com que
as tensões fase– neutro das fases não atingidos se elevem em aproximadamente 173%,
aumentando drasticamente a excitação do núcleo, e consequentemente as perdas;
4. Estando os neutros do primário e do secundário aterrados, um curto-circuito fase – terra no
secundário fará circular correntes altas também no primário fazendo com que a protecção de
neutro do primário actue por faltas no secundário.
5. Sobretensões causadas pela ferroressonância fase - terra;
Nesta ligação a tensão de fase primária é transformada em tensão de linha secundária Desta
forma, a relação de transformação dependerá não só da relação de espiras, mas também da
relação entre as tensões de fase e de neutro. Assim, a relação de transformação será:
U1l U1f
= √3 = √3 k t (1.3.14)
U2l U2f
Uma das vantagens deste tipo de conexão é a supressão de harmónicas. Na conexão Y-Y
aterrado, o único caminho possível para as correntes de terceira harmónica é através do neutro
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enquanto que na conexão Y aterrado - Δ, estas correntes iguais em amplitude e fase circulam no
circuito fechado formado pelos enrolamentos conectados em delta. Se as correntes de
magnetização dos enrolamentos possuírem aproximadamente a mesma forma de onda, e se as
correntes de carga do transformador estiverem desfasadas em 120◦ em sistema a 50 Hz, pode-se
observar que as correntes harmónicas permanecem circulando somente nos enrolamentos
conectados em delta, não alterando as formas de onda das correntes de carga no secundário.
Outra vantagem desta conexão é o isolamento eléctrico referente às correntes de neutro entre o
primário e o secundário, já que o enrolamento em delta não possui neutro aparente, o que é
importante para efeitos de coordenação de protecção.
Um ponto importante a ser observado é que este tipo de conexão causa um desfasamento de 30◦
entre as tensões primárias e secundárias, o que deve ser cuidadosamente considerado ao se
associar mais transformadores trifásicos em paralelo. Este desfasamento pode ser positiva (+30◦)
ou negativa (-30◦) dependendo da sequência de fases aplicadas ao primário. Se haver inversão de
dois cabos conectados ao terminal primário, ou dois do secundário ocorrerá inversão de
sequência de fases para C-A-B, e o desfasamento no terminal secundário será de +30◦. Se houver
ao mesmo tempo inversão de dois cabos no primário e secundário, volta-se ao caso inicial de
sequência directa de fases.
Este tipo de ligação apresenta as mesmas características da ligação Y-Δ, sendo diferente apenas a
sua relação de transformação. Neste tipo de ligação a tensão de linha do enrolamento primário
conectado em delta é transformada na tensão de fase do enrolamento secundário conectado em
Y. desta forma, a relação de transformação é:
U1l U1f kt
= = (1.3.15)
U 2 l U 2 f √3 √ 3
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Assim como ocorre na conexão Y-Δ, o transformador conectado em Δ-Y provoca um
desfasamento de 30◦ entre as tensões primárias e secundárias. Na sequência directa, as tensões
secundárias estarão 30◦ em avanço em relação às do primário, ou +30◦ de desfasamento.
Aplicando-se a sequência inversa de fases no primário, será observado um desfasamento de -30◦
nas tensões do secundário.
1.3.4 Ligação Triângulo –Triângulo (D –D)
Na ligação delta -delta, as tensões de linha primárias são transformadas em tensões de linha
secundárias. Assim, não há desfasamento entre as tensões do primário e secundário. A relação de
transformação é dada por:
U 1 AB U 1 BC U 1 CA U 1 l U 1 f √ 3
= = = = =k (1.3.16)
U 2 AB U 2 BC U 2 CA U 2 l U 2 f √ 3 t
Uma das vantagens deste tipo de ligação é que o transformador pode ser mantido em operação
mesmo quando é perdida uma das fases, ou quando é removido uma das unidades caso se trate de
bancos de transformadores.
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Se as correntes IA, IB, IC forem desfasadas em 120◦ entre si, não haverá cancelamento dos
amperes-espiras em cada par de enrolamentos, e assim não haverá drenagem de corrente para a
terra. Esta característica permite concluir que a conexão zig -zag é útil na condução de correntes
de sequência zero para a terra, por isso uma das principais aplicações dos transformadores com
este tipo de conexão é a utilização como ponto de aterramento em sistemas de potência.
Possui as mesmas vantagens da conexão Δ-Y, como eliminação de harmónicas e isolamento
contra correntes de falta, com uma vantagem adicional de não promover desfasamento entre as
tensões primárias e secundárias do sistema. Por essa particularidade a conexão pode ser utilizada
da mesma forma como as conexões Y-Y e delta-delta.
Portanto, cada fase do secundário, compõe-se de duas bobinas dispostas cada uma sobre colunas
diferentes, ligadas em série, assim a corrente de cada fase do secundário afeta sempre por igual
as duas fases do primário Além de atenuar a terceira harmônica, oferece a possibilidade de 3
tensões: 220/127; 380/220; 440/254 V.
Este tipo de ligação é preferível onde existem desequilíbrios acentuados de carga, mas torna-se
mais caro, além do aumento de 15,5% no volume de cobre o que permite maiores perdas de
energia I2R, e é também mais trabalhosa a sua montagem. Por essa razão torna este tipo de
transformador mais caro comparado com os de outras ligações, ficando a sua aplicação limitada
a casos muito particulares.
1.4 Ensaios
Os ensaios de transformadores representam as diversas provas que devem ser feitas para verificar
o comportamento das máquinas. Na prática resulta difícil a realização de ensaios reais pelas
seguintes duas razões: 1) A grande quantidade de energia que se dispersa nos tais ensaios; 2) por
ser praticamente impossível dispor de cargas suficientemente elevadas (sobre tudo quando se
trata de transformadores de grande potência) para proceder ensaios nas situações reais.
Portanto, o comportamento de um transformador para qualquer condição de trabalho, pode se
prever com suficiente precisão quando são conhecidos os parâmetros do seu circuito equivalente,
pelo que, tanto o fabricante assim como o utilizador precisam dessa informação.
À semelhança dos transformadores monofásicos, os transformadores trifásicos também realizam
os ensaios fundamentalmente, os ensaios em vazio e em curto-circuito, seguindo os mesmos
procedimentos.
U cc comp U cc , simples
ε cc ( % )= ∗100 %= ∗100 % (1.4.1)
U 1 n , compost U 1 e ,simples
Rcc
Perdas reais: Pcc ≈ Pcu=3 2
I1 n
P cc
Perdas do transformador monofásico ideal: P∅ cc =
3
O valor percentual (ε Pcc ) é o mesmo, isto é:
2
P cc 3 Rcc I 1 n R cc I 1 n
ε Pcc = = =
3 U1n I 1n 3 U1n I 1n U1n
Assim, o
Pcc /3 I ∗R ε (%)
cos φcc = = 1n cc = pcc (1.4.2)
I 1n U cc , simples U cc ,simples ε cc ( % )
U Xcc =U cc sin φ cc
*Aplicável tanto em valores trifásicos (tensões compostas) como em monofásicos (tensões simples).
U Rcc R cc I 1 n
ε Rcc(% )= 100= 100=ε cc cos φ cc (1.4.4)
U1n U 1n
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U Xcc X cc I 1n
ε Xcc (% )= 100= 100=ε cc sin φcc
U1n U1n
Aqui também:
2
R cc I 1 n Rcc I 1 n PCu /3
ε Rcc = 100= 100= 100=ε Cu (1.4.5)
U 1 n ,simple U 1 n I1 n S/3
Z∆
ZY = (1.5.1)
3
Por outro lado, se V l é tensão de linha no enrolamento conectado em estrela, então a tensão de
fase V f será:
U l j ± 30°
U f= e (1.5.2)
√3
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Onde o sinal positivo (+) corresponde a sequência de fase negativa, e o sinal (-) corresponde a
sequência de fase positiva. Nos cálculos sempre se considera que as tensões aplicadas no lado do
primário seguem a sequência de fase positiva, a menos que seja devidamente especificado ao
contrário.
valor real
Grandeza por unidade= (1.5.3)
valor de base da grandeza
Na definição de um dado sistema por unidade, é costume escolher duas grandezas para servir
como valores de base. Usualmente, as escolhidas são a tensão e a potência (ou potência
aparente). Uma vez que essas grandezas de base tenham sido escolhidas, todos os outros valores
de base são relacionados a elas por meio das leis eléctricas usuais. Em um sistema monofásico,
essas relações são:
Pbase ,Q base ou S base=U base x I base (1.5.4)
U base
Rbase , X base , ou Z base= (1.5.5)
I base
I base
Y base= (1.5.6)
U base
2
( U base )
e, Z base= (1.5.7)
Sbase
O sistema por unidade de medidas aplica-se de igual forma tanto para os transformadores
trifásicos como aos monofásicos. Assim, as equações de base monofásicas (1.5.3) a (1.5.7)
aplicam-se aos sistemas trifásicos fazendo-se a análise por fase. Se o valor de base total em
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volts-amperes do banco de transformadores for denominado Sbase, então o valor de base em volts-
amperes de um dos transformadores S1 ∅ , base, será:
S base
S1 ∅ , base = (1.5.8)
3
As grandezas de linha dos bancos de transformadores trifásicos também podem ser representadas
no sistema por unidade. A relação entre a tensão de linha de base e a tensão de fase de base do
transformador depende do tipo de ligação dos enrolamentos.
Se os enrolamentos forem ligados em triângulo, então U L, base=U ∅ ,base, ao passo que, se os
enrolamentos forem ligados em estrela, então U L, base=√ 3U ∅ , base. A corrente de linha de base em
um banco de transformadores trifásicos é dada por:
Sbase
I L ,base= (1.5.11)
√ 3U L ,base
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fornecedora de energia eléctrica poderá instalar apenas uma ou duas das três fases de uma linha
de distribuição por a demanda de energia na área em causa não justificar o custo de estender as
três fases.
Portanto, se ao longo de uma rede servida por uma linha de distribuição com apenas duas das três
fases, houver um consumidor isolado que necessite de potência trifásica, essas técnicas poderão
ser usadas para produzir potência trifásica para aquele consumidor local. Todas as técnicas que
disponibilizam potência trifásica utilizando apenas dois transformadores acarrectam uma redução
na capacidade da disponibilidade de potência por parte dos transformadores. Contudo, elas
podem se justificar devido a certas situações de ordem econômica.
Dentre as várias ligações que podem ser efectuadas com apenas dois transformadores para se
obter tensões trifásicas, aqui se apresenta as mais importantes que são:
1. A Ligação triângulo aberto (ou V–V)
2. A Ligação Estrela aberta – Triângulo aberto
3. A Ligação T de Scott
4. A Ligação T trifásica
j0° − j 120°
U C =−U A −U B =−U e −U e ( 1.6.1)
j 120 °
U C =−U−(−0 ,5 U − j 0,866 )=−0 ,5 U + j 0,866U =U e ,V
Essa é exactamente a mesma tensão que estaria presente se o terceiro transformador ainda
estivesse ali. Nalgumas vezes, a fase C é denominada fase fantasma. Portanto, a ligação de
triângulo aberto permite que um banco de transformadores siga operando com apenas dois
transformadores. Assim, alguma potência pode continuar fluindo mesmo que uma fase
defeituosa tenha sido removida.
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Nessa condição de falta dum transformador no banco, se a tensão nominal de um dos
transformadores do banco for U ∅ e a corrente nominal for I ∅, então a potência máxima que
poderá ser fornecida à carga será:
Assumindo que o ângulo entre a tensão U ∅ e a corrente I ∅ em cada fase é 0°, então a potência
fornecida pelo transformador trifásico é:
É importante observar os ângulos das tensões e correntes desse banco de transformadores. Como
um das fases do transformador está ausente, a corrente da linha nessa condição será igual à
corrente de fase de cada transformador e as correntes e tensões no banco de transformadores
terão uma diferença de fase em 30°. Como os ângulos de corrente e tensão são diferentes em
cada um dos dois transformadores, é necessário examinar cada transformador individualmente
para determinar a potência máxima que ele pode fornecer. No transformador 1, a tensão está em
um ângulo de 150° e a corrente está em um ângulo de 120°, de modo que a equação para a
potência máxima no transformador 1 é:
Portanto, a potência máxima total do banco de transformadores em triângulo aberto é dada por:
P= √ 3 U ∅ I ∅ (1.6.2e)
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disponível em um banco em triângulo aberto e a potência de saída disponível em um banco
trifásico normal é:
P ∆ aberto √ 3 U ∅ I ∅ 1
= = =0,577 (1.6.2f)
P trif á sico 3U ∅ I ∅ √ 3
1
Q1=U ∅ I ∅ sin ( 150 °−120 ° )=U ∅ I ∅ sin 30 °= U ∅ I ∅ (1.6.3a)
2
A potência reativa do transformador 2 é
−1
Q 2=U ∅ I ∅ sin ( 30 °−60 ° )=U ∅ I ∅ sin (−30° ) = U I (1.6.3b)
2 ∅ ∅
Assim, um transformador produz uma potência reactiva que é consumida pelo outro. Essa troca
de energia entre os dois transformadores limita a potência de saída a 57,7% do valor nominal
original do banco de transformadores em vez dos 66,7% que seriam esperados. Portanto, uma
maneira alternativa de olhar o valor nominal da ligação triângulo aberto é que 86,6% da potência
nominal dos dois transformadores restantes pode ser usada.
As ligações em triângulo aberto são usadas ocasionalmente para fornecer uma pequena
quantidade de potência trifásica a uma carga que em sua maior parte é monofásica.
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1.6.3 A ligação T de Scott
A ligação T de Scott é feita com intuito de obter duas fases separadas de 90° entre si a partir de
uma fonte de potência trifásica. Nos primeiros tempos da história da transmissão de potência CA,
eram bem comuns os sistemas de potência bifásicos e trifásicos. Naquela época, era necessário
interconectar rotineiramente sistemas de potência bifásicos e trifásicos, e a ligação de
transformadores T de Scott foi desenvolvida com esse propósito.
Actualmente, a potência bifásica é limitada primariamente a certas aplicações de controle, mas a
ligação T de Scott ainda é usada para produzir a potência necessária para operá-los.
Portanto, essa ligação consiste em dois transformadores monofásicos com especificações
nominais idênticas, e um deles apresenta uma derivação no seu enrolamento primário que
corresponde a 86,6% da tensão à plena de carga. A derivação de 86,6% do transformador T2 é
conectada à derivação central do transformador T1. Dessa forma, como as tensões de entrada
estão desfasadas em 90°, na saída irá resultar em uma tensão bifásica.
Com essa ligação, também é possível converter a potência bifásica em potência trifásica, mas
como há muito poucos geradores bifásicos em uso, isso raramente é feito.
A ligação T de Scott utiliza dois transformadores para converter potência trifásica em potência
bifásica em um nível de tensão diferente. Por meio de uma modificação simples dessa ligação, os
mesmos transformadores também podem converter potência trifásica em potência trifásica em
um nível de tensão diferente. Portanto, na ligação T Trifásica ambos os enrolamentos, primário e
secundário, do transformador T2 apresentam derivações do ponto de 86,6% e essas derivações
são conectadas às derivações centrais dos respectivos enrolamentos no transformador T1. Nessa
ligação, T1 é denominado transformador principal e T2 é denominado transformador de
equilíbrio.
Como na ligação T de Scott, a entrada de tensão trifásica produz duas tensões desfasadas em 90°
nos enrolamentos primários dos transformadores, e essas tensões primárias produzem tensões
secundárias que também ficam desfasadas de 90° entre si. No entanto, na ligação T Trifásica as
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tensões secundárias são recombinadas para produzir uma saída trifásica, o que não ocorre na
ligação T de Scott.
Uma vantagem importante da ligação T trifásica em relação às outras ligações trifásicas de dois
transformadores (o triângulo aberto e a estrela aberta – triângulo aberto) é que um neutro pode
ser conectado a ambos os lados, primário e secundário, do banco de transformadores.
Diz-se que dois ou mais transformadores funcionam em paralelo, quando seus bornes
homólogos estão ligados a uma mesma rede (mesmo barramento) tanto do lado primário como
do lado secundário. O acoplamento em paralelo é adequado quando não se produzem correntes
internas que circulem entre os transformadores quando estes trabalham em vazio, e nem
distribuição desigual de potência quando alimentam uma carga comum. São como condições
básicas e fundamentais para associação de transformadores em paralelo, as seguintes:
1. Devem ter o mesmo índice horário (isto é, devem pertencer ao mesmo grupo de ligação);
2. Devem ter as mesmas razões de transformação entre as tensões k t 1=k t 2=k tn. Isto é,
a) Mesma tensão primária, U 11 =U 12=U 1 n
b) Mesma tensão secundária, U 21=U 22=U 2 n
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3. Os transformadores devem ter os mesmos parâmetros de curto-circuito (tensão de curto-
circuito, impedância do curto-circuito, Z cc), isto é:
a) Mesma tensão de curto-circuito, U cc 1 ( % )=U cc 2 ( % )=U ccn ( % )
b) Mesma impedância do curto-circuito, Z cc1 =Z cc 2=Z ccn
Os valores associados aos parâmetros que caracterizam um sinal de tensão ou corrente em uma
instalação eléctrica podem sofrer alterações em função de muitos factores, tais como: Arranque
de motores eléctricos, utilização de cargas não-lineares como fornos de arco, rectificadores,
conversores de frequência, indutâncias saturáveis, controladores de factor de potência estáticos,
electrodomésticos (televisores, etc.), lâmpadas de descarga gasosa assim como transformadores.
Nesses casos, diz-se que a qualidade do sinal foi afectada ou, então, pode se dizer que houve um
problema de qualidade de energia.
Genericamente, as alterações podem ser caracterizadas por quatro tipos de perturbações
eléctricas no sinal de tensão ou corrente em uma instalação eléctrica conforme indicado a seguir,
e as perturbações podem estar relacionadas ao fenómeno conhecido como harmónica.
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Perturbações na amplitude da tensão;
Perturbações na frequência do sinal;
Desequilíbrios de tensão ou corrente em sistemas trifásicos e;
Perturbações na forma de onda do sinal.
A palavra “harmónica” foi originalmente definida em acústica, significando a vibração de um fio
ou uma coluna de ar, com frequência múltipla e diferente da fundamental, provocando uma
distorção na qualidade do som resultante. Fenómenos semelhantes a este ocorrem na Engenharia
Eléctrica, onde deformações das tensões e correntes eléctricas também têm sido registadas.
Neste caso, os fundamentos físicos e matemáticos utilizados naquela área da física podem ser
imediatamente aplicados às questões eléctricas. A distorção de tensão e corrente pode ser
analisada matematicamente através dos estudos das ondas não sinusoidais periódicas.
Nessas condições, sabe-se que qualquer onda que possua em seu conteúdo distorções com
amplitude diferente da fundamental pode ser decomposta de acordo com a Série de Fourier, em
uma componente de mesma frequência que a da onda resultante, chamada de “onda
fundamental”, e em outras ondas sinusoidais de frequências múltiplas da fundamental,
denominadas “harmónicas”. A ferramenta matemática utilizada no cálculo da amplitude e do
ângulo de fase das harmónicas é denominada de FFT (Fast Fourier Transform) ou Transformada
Rápida de Fourier.
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magnetização (i0). Supondo um transformador em vazio, para que o fluxo seja sinusoidal e
atendendo à curva de saturação e histerese teremos:
dθ
v 1=−e 1=−Em sin ( ωt )=N 1 (2.0)
dt
e1 Em
θ=−∫ dt=Em cos ( ωt )
N1 N1 ω
Quando um transformador trabalha em vazio (i 2=0), a corrente que absorve do lado primário ( i 0)
é denominada de corrente de vazio e é análoga a corrente de excitação de uma bobina com
núcleo de ferro. A figura 2.1 descreve a curva de magnetização de um transformador e a relação
daí resultante entre o fluxo e a corrente de magnetização. Note-se que quando o efeito de
histerese é considerado, a corrente de magnetização deixa de ser simétrica relativamente ao seu
valor máximo.
Todos os transformadores monofásicos, quando se excitam à tensão nominal produzem uma
terceira harmónica. Isto se deve ao facto da curva de saturação dos núcleos dos transformadores
comerciais aumentar abruptamente e se saturar com rapidez fazendo com que a corrente de
magnetização sofra uma distorção. Assim uma tensão puramente sinusoidal a uma frequência
fundamental, produz uma corrente de magnetização que contém uma frequência fundamental
mais uma componente grande da terceira harmónica.
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A distribuição real de harmónicas é a seguinte: 45% é da terceira, 15% é da quinta, 3% da sétima
e assim sucessivamente, e os valores percentuais aqui indicados equivalem a ondas sinusoidais
de corrente de excitação total. Numa análise simplificada pode se considerar a existência de uma
corrente a 50 Hz (componente fundamental), e a terceira harmónica a 150 Hz. Sendo audível a
frequência de 150 Hz, a circulação de correntes de terceira harmónica nas linhas aéreas apresenta
a inconveniência de interferir através de indução mútua, nas linhas telefónicas adjacentes. A
outra inconveniência de circulação de correntes de terceira harmónica em linhas aéreas e em
sistemas eléctricos em geral é a deformação de tensões afectando nas características sinusoidais.
Embora se considere que nos centros de produção de energia os geradores produzem tensões
sinusoidais, as correntes produzem a queda de tensão e as componentes fundamentais (50 Hz)
seguirão produzindo no final da linha um sistema simétrico de tensões, porém, as terceiras
harmónicas irão provocar quedas que poderão deformar as tensões.
Portanto, a seguir analisa-se os efeitos de harmónicas nos transformadores trifásicos.
Observa-se nas expressões anteriores que as componentes fundamentais das correntes de vazio
de cada transformador formam um sistema trifásico equilibrado, enquanto as correntes da
terceira harmónica estão em fase, e este facto é mostrado graficamente na figura 2.2. Se o
primário do banco de transformadores dispor do fio neutro, a aplicação da primeira lei de
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Kirchoff no ponto N ´ (ponto neutro do lado primário) do banco de transformadores nos indicará
que pelo fio neutro retorna ou flui uma corrente que é dada por:
Isto quer dizer que pelo neutro circula uma corrente de terceira harmónica, que é triplo do valor
correspondente ao valor de cada um dos transformadores (e pela simetria, a soma dos
componentes fundamentais é nula).
Como dito antes, a circulação de correntes harmónicas pelas linhas aéreas produzem
interferências em linhas telefónicas adjacentes por a frequência de 150 Hz estar no intervalo
audível pelo ser humano. Por outro lado, a circulação de corrente de terceiras harmónicas pelas
linhas aéreas, deforma as tensões que deixam de ser sinusoidais. Considerando que no princípio
das linhas trifásicas o sistema de tensões é equilibrado e sinusoidal, as componentes
fundamentais (primeira harmónica de 50 Hz) das correntes produzirão no fim da linha um
sistema simétrico de tensões.
Porém, as correntes de terceira harmónica produzem quedas de tensão entre fases, resultando em
deformações e desequilíbrio das tensões no fim da linha. É por essa razão que as linhas de AT
não podem dispor de neutro de retorno.
Portanto, se considerarmos que é anulado o condutor de retorno (condutor neutro) no banco de
transformadores, a aplicação da primeira lei de Kirchoff no ponto N ´ exigirá que a soma das três
correntes mostradas nas expressões (2.2) seja igual a zero. Em forma fasorial, a soma será:
Quer dizer,
( I 0 ,1 , I + I 0 ,1 , II + I 0 ,1 , III ) + ( I 0 , 3 , I + I 0 , 3 , II + I 0 ,3 , III ) =0 (2.5)
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Figura 2.2 – Harmónicas fundamentais e de terceira em um banco de transformador
No primeiro parêntese dá um valor nulo, posto que representa a soma das componentes
fundamentais das correntes em vazio, que de acordo com a expressão (2.2) constituem um
sistema simétrico equilibrado.
Para que se anule o segundo parêntese na expressão (2.5), será preciso que se anulem as
componentes de corrente de terceira harmónica, isto é, irá se cumprir a condição:
I 0 ,3 , I + I 0 ,3 , II + I 0 ,3 , III =0 (2.6)
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e I =√ 2 E 1, I cos ( ωt+ α 1 ) + √ 2 E3 , I cos ( 3 ωt +α 3 )
e II =√ 2 E 1 ,I cos ( ωt +α 1−120° ) + √ 2 E3 , I cos ( 3 ωt + α 3 ) (2.7)
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Figura 2.4 – Fems da primeira e terceira harmónicas, e movimento do neutro
Assim, as componentes fundamentais de fem irão girar no sentido contrário a das agulhas do
relógio a uma velocidade correspondente a 50 Hz, enquanto as terceiras harmónicas da fem
devem girar a 150 Hz. Se imaginarmos que os fasores fundamentais estão fixos no neutro n,
então os fasores da terceira harmónica estarão girando na razão de 100 Hz com centros em a, b, e
c. Os seguimentos n a ´ , n b´ e n c ´ , e representam as fems de cada uma das fases do secundário do
transformador, e que irão variando com o tempo em função do tempo do movimento a ´ , b´ , c ´, e
Porém, os seguimentos a ´ b ´ , b´ c ´ e c ´ a ´, que representam as fems compostas, formam um
triângulo indeformável cujos lados têm longitudes constantes e dotados de um movimento de
vaivém em função do movimento circular dos vértices a ´ , b´ , e c ´ . Pode se dar outra visão mais
cómoda deste fenómeno ao se considerar o triângulo final a ´ b ´ c ´ (figura 2.4) e admitir que o
neutro se move segundo uma circunferência de raio E3 (magnitude de terceira harmónica). Daí
vem a denominação de neutro inquieto devido a sua oscilação.
É notório que as fems de cada fase secundária variam com o tempo em virtude da presença de
terceira harmónicas. Porém, isso não sucede com as fems ou tensões compostas, que como se
sabe, se obtém como diferença entre as tensões simples correspondentes já que as terceiras
harmónicas desaparecem, quer dizer, nas tensões compostas não existem componentes de
terceira harmónica.
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Conclui-se dessa forma, que em banco de transformadores do grupo estrela – estrela de três fios
aparecem sobretensões nas tensões simples devido a presença de componentes da terceira
harmónica, o que resulta em prejuízo na vida útil do material isolante e isso origina grandes
tensões ressonantes entre a indutância do transformador e a capacidade da linha. Por essa razão,
os transformadores monofásicos no banco de transformadores devem ser projectados com
capacidade de induções baixas (abaixo da curva de magnetização) e isso encarece o custo dos
mesmos.
Como o núcleo trifásico (figura 2.5) é a soma dos fluxos das três colunas, eles devem anular-se
já que não existe a quarta coluna de retorno (a soma de fluxos em um nó magnético deve ser
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igual a zero). Evidentemente, a soma dos fluxos fundamentais é zero, já que estão desfasadas no
tempo em 120°. Porém, o mesmo já não ocorre com os fluxos de terceiras harmónicas, que estão
em fase, isto é, eles pulsam ao mesmo tempo , pelo que a sua soma é diferente de zero. Este facto
paradoxal se resolve de acordo com o circuito magnético da figura 2.5, fazendo com que a soma
dos fluxos anteriores, que não são nulos, possa saltar para algum lugar. Efectivamente, as
terceiras harmónicas de fluxo tendem a fecharem-se pela quarta coluna de retorno, que é nesse
caso o ar, que representa um caminho de grande relutância magnética, e portanto, existirão
apenas fluxos de terceiras harmónicas. A consequência de ordem prática é que as tensões simples
do secundário não apresentam terceiras harmónicas de grande relevância, mesmo quando o
transformador é projectado para funcionar na zona de saturação.
Uma forma prática de eliminar os fluxos harmónicos evitando que passem pelo ar, é conectar o
secundário em triângulo, e na figura 2.6 se observa a tal disposição. Supõe-se que o triângulo
está aberto por intermédio do interruptor D, e além das ondas fundamentais do fluxo existirão
componentes de terceira harmónica que passarão pelo ar e que irão induzir no enrolamento
secundário fems com expressões similares a expressões (2.7).
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Figura 2.7 – Transformador trifásico com enrolamento terciário
Entre os extremos m e n do interruptor D aparecerá uma tensão que será a soma das fems
induzidas em cada uma das bobinas secundárias:
e mn=( e1 , I +e 1 ,II + e1 , III ) + ( e 3 , I + e 3 ,II + e3 , III )=3 e 3 (2.8)
Nesta expressão foi levado em consideração que o primeiro parêntese é anulado porque as fems
da primeira harmónica são iguais e desfasadas em 120°, enquanto as terceiras harmónicas são
idênticas dai resultar em triplo de uma delas.
No momento em que se fecha o triângulo através do interruptor D, a fem resultante 3 e 3 irá
produzir uma corrente de terceira harmónica que ao circular pelos três enrolamentos do
secundário irá criar em cada um deles fluxos em oposição aos fluxos harmónicos preexistentes
produzidos pelas correntes de excitação. Finalmente, irá se cumprir a equação:
∅ 3 , I = ∅3 , II =∅ 3 , III=0 (2.9)
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Pode se conseguir o mesmo efeito, dotando o transformador Y-y de enrolamentos de
compensação (figura 2.7). O enrolamento terciário é um enrolamento conectado em triângulo e
sem conexão com o exterior, cujo princípio de funcionamento é análogo ao de conexão do
secundário em triângulo (figura 2.6). O enrolamento terciário constitui um caminho de baixa
impedância para que possa circular as correntes de terceira harmónica. Essa montagem se
utiliza quando se deseja eliminar os fluxos harmónicos, podendo dispor de um neutro no
secundário.
Nos transformadores conectados em estrela com neutro não aterrado, as correntes da terceira
harmónica e múltiplas de ordem superior fluem para o neutro de ligação e tendem a forçar o
deslocamento geométrico do ponto, provocando o desequilíbrio das tensões secundárias, tanto de
fase como de linha. Por essa razão, praticamente é sempre aconselhável aterrar o neutro de
ligação estrela justamente para evitar este desequilíbrio das tensões.
Como referido antes, os efeitos da poluição harmónica revelam-se quer ao nível das redes de
distribuição de energia quer ao nível do funcionamento dos equipamentos dispersos pelo sistema.
Portanto, sendo transformadores parte do sistema eléctrico também sofrem o efeito desse
fenómeno que se caracteriza pelo aumento das perdas nos enrolamentos devido a correntes
harmónicas e perdas no circuito magnético (correntes de Foucault e por histerese) devido as
tensões harmónicas.
Para a eliminação das harmónicas nos grandes transformadores, actualmente já se fabricam tanto
para linhas de transmissão assim como para redes de distribuição de energia transformadores
com terceiro enrolamento, o chamado enrolamento terciário. E destes enrolamentos terciários
aproveita-se para alimentar as cargas auxiliares nas subestações ou nas imediações do sistema.
As outras formas de suprir as harmónicas é aplicação de capacitores síncronos ou capacitores
fixos de alta voltagem nas saídas, ou então a aplicação de transformadores com enrolamentos
conectados em triângulo, pois, esta suprimi qualquer harmónica que se pode gerar no
transformador.
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I. Bibliografia de referência:
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