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3◦ Ano de Licenciatura
Tema:
Máquinas Síncronas
Beira, 2020
Máquinas Síncronas
MÁQUINAS SÍNCRONAS
1.1 Introdução
As máquinas síncronas se encontram entre os três tipos mais comuns de máquinas eléctricas
rotativas. Elas são denominadas síncronas porque em regime estacionário operam a velocidades
e frequências constantes. A semelhança da maioria de máquinas rotativas, a máquina síncrona é
também capaz de operar nos dois regimes, portanto, no regime motor ou no regime gerador.
Portanto, como são poucos os sistemas de accionamentos industriais que requerem velocidades
fixas e constantes, raramente as máquinas síncronas se aplicam como motores eléctricos, quando
comparados com os motores de indução ou de corrente contínua, sendo indicada a sua aplicação
apenas para casos que requerem velocidades de transmissão constantes, e para esses casos
apresentam vantagens de poderem regular simultaneamente o factor de potência na instalação.
Face ao inconveniente acima apresentado, as máquinas síncronas são mais aplicadas no regime
de gerador para produção de energia eléctrica nos diferentes tipos de centrais ou estações de
produção.
A operação de um gerador síncrono se baseia na lei de Faraday de indução eletromagnética, e
funciona de uma maneira muito semelhante a um gerador de corrente contínua, em que a geração
de fems se realiza pelo movimento relativo de condutores e fluxo magnético. No entanto, é óbvio
que um gerador síncrono não possui o comutador a semelhança duma máquina de cc.
As partes fundamentais de uma máquina síncrona são a estrutura do campo magnético, com o
enrolamento excitado com cc, e a armadura, que frequentemente conta com um enrolamento
trifásico onde se gera a fem alternada. Actualmente, quase todas as máquinas síncronas têm o
circuito da armadura no estator, e o circuito do campo no rotor. O enrolamento cc de excitação
do circuito do campo principal da máquina se conecta à fonte cc externa através dos anéis
colectores e escovas. De realçar que em algumas máquinas, o circuito de excitação do campo não
dispõe das escovas, isto é, possui uma excitação sem escovas através dos díodos giratórios. Em
alguns casos o estator que possui os enrolamentos da armadura é similar ao rotor de uma
máquina de indução polifásica.
2. O circuito do campo e velocidade da máquina: Como dito antes que nas condições
estacionárias, a máquina síncrona funciona a velocidade constante. Esta velocidade ns coincide
com a velocidade síncrona, isto é, com a velocidade do campo girante, de acordo com a
expressão (1.1)
(rpm) (1.1)
Desta maneira, uma máquina síncrona de dois polos, 60 Hz, deve girar a 3600 rpm, enquanto a
velocidade síncrona de uma máquina de 12 polos, 60 Hz, é de apenas 600 rpm. O circuito do
campo do rotor depende da velocidade da máquina. Assim, os turbos geradores que são
máquinas de alta velocidade têm rotores cilíndricos (lisos) conforme a figura 1.2 (a). As
máquinas de polos lisos são caracterizadas por possuir um rotor de pequeno diâmetro, grande
comprimento e eixo na posição horizontal, de forma que as bobinas no rotor estejam distribuídas
uniformemente. Dada a sua característica, a máquina síncrona de polos lisos é geralmente usado
como gerador em centrais termoeléctricas, nas quais as fontes primárias de energia são as
turbinas a vapor ou a gás, e essas turbinas possuem baixa inércia rotacional o que possibilita os
rotores a atingirem elevadas velocidades, e dai possuir poucos polos. Para os casos de máquinas
de baixas velocidades, o exemplo de geradores hidroeléctricos e os grupos geradores, aplicam
rotores de polos salientes, conforme se pode observar na figura 1.2 (b). Estes rotores são menos
onerosos sob ponto de vista construtivo quando comparados com os polos lisos, e são
caracterizados por um espaço variável nas faces polares. Podendo identificar-se esse tipo de rotor
pelo seu diâmetro grande e comprimento pequeno, e normalmente, o eixo é vertical. Esses não
são adequados para máquinas de altas velocidades devido as excessivas forças centrífugas e aos
esforços mecânicos elevados que se desenvolvem em velocidades de ordem de 3600 rpm.
Figura 1.2 Estrutura do rotor da máquina síncrona (a) polos lisos, (b) polos salientes
2. Gerador Síncrono
A operação de um gerador síncrono se baseia na lei indução electromagnética de Faraday, e
trabalha de forma semelhante a um gerador de corrente contínua em que a geração da fem se
baseia no movimento relativo entre os condutores e o fluxo magnético, ademais, o gerador
síncrono tem anilhas colectoras em vez de comutador.
Os componentes básicos de um gerador síncrono são o circuito do campo magnético (indutor)
que possui o enrolamento excitado por uma corrente continua, e a armadura (induzido) na qual
ocorre o fenómeno de transformação de energia mecânica em eléctrica que é induzida nos seus
enrolamentos uma fem alternada. Quase todos os geradores síncronos modernos têm armadura
fixa e indutor móvel (giratório). O enrolamento do indutor instalado sobre a estrutura giratória se
conecta a excitatriz, a qual proporciona a corrente contínua através dos anéis colectores e
escovas, sendo que alguns geradores não têm escovas e a excitação é por meio de díodos
montados no veio da máquina.
Como o rotor está sujeito a campos magnéticos variáveis, independentemente se é de polos
salientes ou lisos, esses devem ser de barras laminada para reduzir as perdas por correntes
parasitas (correntes de Foucault).
[rpm] (2.1)
[rad/s]
circulação de correntes quando é conectada uma carga nos terminais da máquina (figura 2.1
(a) e (b)). Essa corrente origina um campo magnético na armadura, e este cria distorção do
campo magnético original e unidireccional do indutor, modificando a tensão resultante induzida
por fase. Este efeito é conhecido como reacção do induzido pelo facto da corrente da armadura
afectar o campo magnético que o originou quando a máquina funciona em vazio.
Como estão presentes as tensões nos enrolamentos da armadura, a tensão resultante de uma fase
será a soma da tensão e a tensão de reacção do induzido , isto é:
(2.2)
(2.6)
Para essas condições a magnitude da fem gerada em vazio pode ser determinada pela expressão:
√( ) (2.7)
Onde: - fem gerada em vazio
- Tensão nominal por fase a plena carga
- Corrente nominal por fase a plena carga
- Resistência efectiva da armadura por fase
- Reactância síncrona
- Ângulo do factor de potência da carga
O diagrama fasorial anterior pode comparar-se com os diagramas fasoriais do gerador síncrono
funcionando com cargas de factor de potência atrasado e adiantado, os quais são representados
nas figuras 2.3 e 2.4, nos quais se observa que para tensão e corrente da armadura, ambos por
fase, se requere gerar uma tensão para cargas com factor de potência atrasada que para cargas
com factor de potência adiantada. Por conseguinte, para argas indutivas é necessário uma maior
√( ) ( ) (2.8)
√( ) ( ) (2.9)
Na prática, o que encontramos são cargas com desfasamento intermediário, entre totalmente
indutiva, capacitiva ou resistiva. Nesses casos o campo de reacção da armadura pode ser
decomposto em dois campos, um transversal e outro desmagnetizante (carga indutiva) ou
magnetizante (carga capacitiva). Somente o campo transversal tem um efeito frenante,
consumindo desta forma potência mecânica da máquina primária. O efeito magnetizante ou
desmagnetizante é compensado alterando-se a corrente de excitação.
Conforme a mesma figura, observa-se que a potência mecânica na entrada é a potência no eixo
do gerador, isto é:
(2.10)
A potência eléctrica trifásica real fornecida pelo gerador síncrono pode ser representada em
grandezas por linha, como:
√ (2.12)
Como a reactância síncrona é muito maior quando comparado da resistência efectiva por fase da
armadura, sem cometer um erro apreciável e para casos de análise, pode-se desprezar o valor da
resistência e determinar uma expressão mais útil para avaliar a potência fornecida pelo gerador,
para isso utilizar-se-á o diagrama fasorial simplificado de acordo com a figura 2.7, na qual se
despreza o efeito da resistência da armadura.
(2.15)
Da expressão (2.15) se observa que a potência do gerador síncrono depende do ângulo que
potência máxima que um gerador síncrono pode produzir (gerar) é obtida quando o ângulo =
(2.16)
A partir da expressão (2.17a) pode se encontrar uma expressão alternativa para o torque induzido
( ) em um gerador síncrono, tal se é mostrado na expressão (2.17b).
(2.17a)
(2.17b)
(2.18a)
O outro valor da resistência, é a resistência efectiva (resistência eficaz) que se obtém em corrente
alternada e se define como resistência eléctrica aparente. Essa resistência é representada por
e seu valor é maior da resistência óhmica devido a certos efeitos tais como:
Efeito Kelvin ou pelicular
Efeito das correntes parasitas
Efeito de perdas por histerese
Efeito de perdas dieléctricas
Nas máquinas eléctricas, a resistência efectiva é difícil de se medir já que ela varia em função do
tipo de núcleo da bobina, isto é, se é núcleo de ar ou de ferro. Portanto, foi experimentalmente
(2.18b)
Para máquinas de polos lisos, o valor de K varia entre 2.5 a 4, e também pode se considerar o
valor médio de 3.25.
(2.18c)
(2.19)
√ (2.20)
Para corrigir a impedância por temperatura, apenas procede-se corrigindo a resistência já que a
reactância não depende da temperatura.
Com relação ao circuito equivalente do gerador síncrono existem três parâmetros que devem ser
conhecidos para auxiliar no estudo do comportamento do gerador quando funciona em vazio
assim como em carga. Para a obtenção desses parâmetros, os geradores são submetidos a ensaios
laboratoriais donde se obtém gráficos que relacionam a corrente de excitação ( ) e a fem gerada
em vazio ( ) e que relaciona a corrente que circula pela armadura ( ) quando o gerador
funciona em carga e a corrente de excitação, e com elas determinar os parâmetros da máquina
síncrona. Para tal, os geradores são submetidos a ensaio em vazio e em curto-circuito e além
desses pode se utilizar um método simples, conhecido como método de impedância síncrona,
para determinar seus parâmetros.
O ensaio em vazio consiste em por o gerador em marcha em vazio e a velocidade nominal, e vai
se reduzindo a corrente de excitação a zero ( ). Posteriormente vai se aumentando a
corrente de excitação por etapas até que a tensão de saída em vazio atingir aproximadamente a
125% da tensão nominal por fase do gerador, e nesse instante faz-se a leitura dos instrumentos de
medida, da tensão em vazio por fase ( ) e da corrente de excitação ( ) que circula pelo indutor
do gerador. Com as leituras obtidas se constrói o gráfico aproximado ao que se mostra na figura
2.8.
Da figura anterior observa-se que ela não começa de zero quando a corrente de excitação é nula,
devido ao magnetismo remanescente que origina uma pequena tensão ( ) chamada de tensão
remanescente. A partir desse ponto a curva começa a aumentar linearmente até ao ponto onde a
curva começa a inclinar devido ao início do fenómeno de saturação magnética do entreferro,
chegando ao ponto tal que com aumento grande da corrente de excitação se obtenha um pequeno
aumento de tensão gerada em vazio. Com este gráfico é possível obter tensão gerada em vazio
para qualquer valor de corrente de excitação. A região linear “oc” do gráfico se denomina linha
do entreferro da característica de vazio.
A tensão que se obtém nos terminais do gerador estando estas em curto-circuito se chama tensão
de impedância, e o seu valor deve ser pequeno, o suficiente para haver a circulação pela
armadura o seu valor nominal.
Com os dados que se podem obter com as características anteriores, determina-se a impedância
interna da máquina a qual se denomina de impedância síncrona, e representa-se por ( ), e sua
magnitude determina-se pela expressão:
(2.21)
De onde:
EA é a tensão em vazio por fase, que se obtém da característica em vazio a um determinado valor
de corrente de excitação durante o ensaio em vazio.
IA é a corrente de curto-circuito por fase, que se obtém da característica do curto-circuito a
mesma corrente de excitação com a qual se determina a tensão em vazio EA.
√ (2.22)
Geralmente é conhecida a tensão nominal a plena carga e devidas as quedas de tensão antes
descritas, é necessário regular a tensão gerada em vazio a um valor alto ou baixo de modo que
quando for conectada uma carga ao gerador, se garanta a tensão nominal nos terminais de saída
do gerador. Este processo é conhecido como Regulação de Tensão, e representa a capacidade da
máquina de manter constante a tensão nominal para qualquer variação da carga.
A regulação de tensão pode ser determinada pela expressão (2.23), na qual as suas unidades
podem ser por unidade ou percentuais.
(2.23)
( )
Conforme os diagramas vetoriais e factor de potência das cargas resistiva, inductiva e capacitiva,
deve em geradores síncronos monofásicos ou polifásicos cumprir-se o seguinte:
( ) ( ) (2.24)
Onde:
EA – Tensão gerada em vazio por fase
Vr - tensão nominal por fase
Em geradores síncronos com factor de potência unitário, isto é, a corrente da armadura por fase
em fase com a tensão por fase no induzido, a reacção de induzido é de magnetização cruzada e a
queda de tensão por reacção de induzido está atrasada 90◦ em relação a tensão gerada.
Nos geradores com factor de potência atrasado, isto é, a corrente da armadura por fase atrasada
90◦ em relação a tensão nominal por fase, a reacção do induzido é desmagnetizante e a queda de
tensão está atrasada 180◦ em relação a tensão gerada.
Em geradores com factores de potência adiantado, isto é, a corrente da armadura por fase
avançado em 90◦ em relação a tensão nominal por fase, a reacção do induzido é desmagnetizante
e a queda de tensão por reacçãao está em fase com a tensão gerada devido ao fluxo magnético no
entreferro.
Aumentar a carga significa aumentar a potenciam útil e ou reactiva tomada do gerador, no qual
aumenta-se também a corrente do induzido. Como a resistência do campo indutor varia dentro de
certos limites pré determinados, a corrente de excitação e o fluxo magnético são constantes
devido a manutenção constante da velocidade angular da máquina primária (máquina motriz) e
assim a tensão gerada internamente pelo gerador (EA) será constante.
Se o gerador funciona com factor de potência atrasado, ao aumentar a carga com o mesmo factor
de potência irá aumentar a corrente da armadura (Ia), conservando o ângulo inicial em relação
a tensão Vr. por conseguinte, a queda de tensão por reacção do induzido será maior comparado
com a queda obtida antes do aumento do valor da carga com o mesmo ângulo que provoca a
diminuição da tensão nominal com carga Vr.
Se o gerador está funcionando com carga resistiva (FP =1) apresenta o mesmo fenómeno anterior
com a variante de que a tensão nominal com carga Vr diminui ligeiramente.
A maioria das centrais eléctricas possui vários geradores CA funcionando em paralelo a fim de
aumentar a potência disponível. Antes de dois geradores serem ligados em paralelo é preciso que:
a) As tensões dos geradores sejam iguais;
b) Os ângulos de fase das tensões dos geradores sejam iguais;
c) As frequências das tensões dos geradores sejam iguais; e
d) A ordem de sequência das fases nos pontos da conexão seja a mesma.
Quando forem atingidas estas condições, os dois geradores poderão ser conectadas e
funcionando em sincronismo. A operação de se colocar os geradores em sincronismo chama-se
Este torque tem direcção contrária a da direcção do movimento e aumenta à medida que aumenta
o ângulo de fase entre EA e Vr. Este torque é oposto a direcção do movimento e frena o gerador
até que este entre em sincronismo com o resto do sistema de potência.
O mesmo fenómeno ocorre se o gerador girando a uma velocidade menor da velocidade síncrona
é conectada em paralelo com sistema de potência, no qual o rotor pela influência do campo
magnético resultante irá produzir um torque na direcção do movimento da máquina. Este torque
leva o rotor a atingir a velocidade síncrona do sistema no qual o gerador está conectado.
A condição transitória mais severa que um gerador pode apresentar é o curto-circuito trifásico,
que em sistemas de potência designa-se por falha.
Na figura 2.11- está representada a componente simétrica da corrente alternada, a qual divide-se
em três períodos: Aproximadamente o primeiro ciclo depois da falha, a componente ca é muito
grande e diminui rapidamente, e este ciclo é chamado de período subtransitório. Passado este
ciclo, a corrente continua diminuindo lentamente até alcançar o estado estacionário, o qual
corresponde o período transitório. Finalmente o tempo que decorre até que a corrente alcance o
estado permanente é conhecido como período de estado estacionário.
3. MOTOR SÍNCRONO
3.1 Introdução
Como seu nome indica, um motor síncrono funciona em condições de estado estável a uma
velocidade fixa chamada velocidade síncrona. Como discutido no capítulo anterior, a velocidade
síncrona só depende da frequência da tensão aplicada ao motor e ao número de polos da máquina.
Em outras palavras, a velocidade de um motor síncrono é independente da carga desde que se
mantenha dentro da capacidade do motor, e se o torque de carga (torque resistente) exceder ao
torque máximo que pode ser desenvolvimento pelo motor, este simplesmente se detém e o torque
resultante torna igual a zero.
Por este tipo de motor não ter uma característica de auto arranque, precisa para seu
funcionamento um meio auxiliar que o impulsione até que se sincronize com a tensão da rede
que o alimenta.
Os motores síncronos podem ser monofásicos ou polifásicos, e são utilizados com maior
frequência pelas indústrias, devido ao facto de possuírem características especiais de
funcionamento. O alto rendimento e o facto de poderem trabalhar como compensador síncrono
para corrigir o factor de potência da rede, se destacam como os principais motivos que resultam
na escolha dos motores síncronos para accionamento de diversos tipos de cargas. Altos torques,
velocidade constante mesmo com variações de carga e baixo custo de manutenção, são também
características especiais de funcionamento que proporcionam inúmeras vantagens económicas e
operacionais ao usuário.
Á semelhanças dos motores de indução, os motores síncronos têm enrolamentos no estator que
produzem um campo magnético girante. Mas, ao contrário do motor de indução, o circuito do
rotor de um motor síncrono é alimentado por uma fonte CC. O rotor engata na mesma rotação do
campo magnético girante do estator e o acompanha com a mesma velocidade, ou seja, ocorre um
acoplamento magnético entre os campos do rotor e do estator. Se o rotor sair do sincronismo (se
desacoplar magneticamente) não se desenvolve nenhum torque e o motor frena (imobiliza-se),
isto é, ou o motor síncrono funciona à velocidade síncrona ou não funciona.
A velocidade do campo magnético girante depende da frequência da rede CA, e como a
frequência da rede é constante, os motores síncronos são, na prática, motores de uma única
velocidade. Eles são utilizados em aplicações que requerem velocidade constante desde a
condição em vazio até a condição de plena carga. Observe-se que em um motor síncrono,
operando a velocidade síncrona, não há fem induzida no rotor, pois não há movimento relativo
entre o campo girante e o rotor, portanto, não há variação na quantidade das linhas de fluxo que
cortam os condutores do rotor (S = 0).
(a) Pólo saliente do rotor de um motor síncrono. (b) Enrolamento amortecedor para partida.
Figura 3.3 Enrolamento amortecedor de um motor síncrono, para partida como rotor de gaiola.
O motor síncrono arranca como um motor de indução, acelera a carga até o ponto onde o
conjugado do motor iguala ao conjugado resistente da carga. Usualmente este ponto ocorre a 95%
da velocidade síncrona, ou acima, e nesta situação a tensão cc de excitação é aplicada no rotor
que sincroniza, ou seja, irá acelerar a inércia combinada do rotor mais a da carga até a velocidade
síncrona necessária. As características da carga a ser accionada determinam as condições de
aceleração e sincronismo.
Para a partida do motor síncrono com carga, a melhor técnica é utilizar um rotor bobinado de
motor de indução, no lugar do enrolamento em gaiola nas faces polares, o chamado enrolamento
amortecedor tipo rotor bobinado. Reconhece-se imediatamente este rotor, pois utiliza cinco anéis
colectores: dois para o enrolamento do campo cc e três para o enrolamento bobinado do rotor
ligado em estrela. O desempenho na partida deste motor é semelhante ao de um motor de
Figura 3.4 Diagrama esquemático de um motor síncrono com enrolamento amortecedor bobinado.
Decididamente, o método de partida mais comum para motores síncronos é o que usa os
enrolamentos amortecedores para que a partida se dê como se o motor fosse de indução. Este
método é o mais simples e não requer máquinas auxiliares especiais.
O principal método utilizado para partida dos motores síncronos é a partida assíncrona através da
gaiola de esquilo com o enrolamento do rotor curto-circuitado ou conectado a uma resistência
usualmente chamada resistência de partida ou resistência de descarga. Através da partida
assíncrona, o rotor acelera a uma velocidade muito próxima da velocidade síncrona, com um
pequeno escorregamento em relação ao campo girante. Neste momento, aplica-se uma corrente
contínua no enrolamento do rotor, levando o motor ao sincronismo. Nas máquinas com escovas,
Figura 3.5 - Circuito equivalente por fase do motor síncrono de polos lisos.
̇ ̇ ̇ ( ) (3.1)
Em quanto o motor está funcionando em velocidade síncrona, o rotor é excitado com a corrente
directa cc e isso produz polos N e S alternos em redor da circunferência do rotor (fig. 3.6). Se
nesse instante os polos permanecem em frente de polos de polaridades opostas, no estator se cria
uma forte atracção magnética entre eles. Esta atracção mútua mantém juntos os polos do rotor e
do estator, e o rotor é literalmente obrigado a sincronizar-se com o campo giratório. Portanto, o
momento de torção desenvolvido neste instante é chamado de momento de torção de ajuste ao
sincronismo.
Figura 3.8 - Diagrama de fasores para condições de cargas diferentes e excitação de campo CC constante
Onde:
Vt → tensão aplicada nos terminais do estator ou tensão da rede eléctrica, V;
Vg → tensão induzida nos enrolamentos do estator ou força contra-electromotriz, V;
Vr → tensão resultante nos enrolamentos do estator (Vt + Vg), V;
I → corrente nos enrolamentos do estator ou corrente solicitada à rede pela carga, A;
α → desfasagem entre os pólos do estator e os pólos do rotor, ou ângulo de carga, °;
θ → desfasagem entre a tensão Vt e a corrente I solicitadas da rede, ou ângulo do factor de
potência, °,
( )
Figura 3.9 - Circuito equivalente por fase de um motor síncrono com excitação
Por a reactância síncrona Xs ser indutiva, a corrente vai 90 ° atrás de Vr (note-se que Vr equivale
Ex) e o seu diagrama fasorial em carga é mostrado na figura 3.8 (b). Como I está quase em fase
com Vt, o motor absorve energia activa. Esta potência é transformada totalmente em energia
mecânica, com excepção de pequenas perdas no cobre e no ferro do estator.
Na prática, a tensão de excitação Vg é ajustada para ser maior ou menor que a tensão de
alimentação Vt, e o seu valor depende da potência de saída do motor e do factor de potência
desejado.
Como em caso de geradores, a potência activa absorvida pelo motor depende da tensão de
alimentação Vt, da tensão de excitação Vg e do ângulo de fase entre eles. Se omitirmos as perdas
A expressão (3.3b) indica que a potência mecânica se incrementa com o ângulo do momento de
torção, e seu valor máximo se alcança quando δ = 90°. Nessas condições os polos do rotor
estarão à metade entre os polos N e S do estator, e a potência pico Pmax por fase será dada pela
expressao:
( )
(3.3c)
Quanto ao Momento de Torque T, pode se dizer que este é directamente proporcional a potência
mecânica porque a velocidade do rotor é fixa, e este se obtém através da equação:
(3.3d)
(3.3e)
3.7 Excitação de Campo Usada para Alterar o Factor de Potência do Motor Síncrono
Para uma carga mecânica constante, pode-se variar o factor de potência de um motor síncrono
desde um valor indutivo até um valor capacitivo ajustando-se a sua excitação de campo cc
(figura 3.11). A excitação de campo é ajustada de modo que FP=1,0 (figura 3.11 (b)). Para a
mesma carga, quando se aumenta a excitação de campo, a força contra-electromotriz Vg aumenta.
Isto provoca uma variação na fase entre a corrente I no estator e a tensão nos terminais Vt, de
modo que o motor funciona com um factor de potência capacitivo (figura 3.11 (c)). Se a
excitação do campo cc for reduzida abaixo do valor representado no gráfico da figura 3.11 (b), o
motor funciona com um factor de potência indutivo (figura 3.11 (a)). Um exemplo de curva V
para um motor síncrono, obtida de um fabricante, mostra como a corrente do estator varia, para
uma carga constante e com a excitação do campo cc do rotor (figura 3.10). O factor de potência
também pode ser lido quando se varia a corrente de campo.
Figura 3.11 - Diagrama de fasores para condições de carga constante e excitação de campo cc variável