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MÁQUINA SÍNCRONA

(MOTOR SÍNCRONO)

DISCIPLINA: MÁQUINAS ELÉTRICAS


3º ANO INTEGRADO
DOCENTE: SUELLEN NASCIMENTO

2021
1. INTRODUÇÃO

A máquina síncrona pode operar como gerador e como motor, mas como
motor recebe atenção especial não só em sua operação como também em sua
aplicação diferenciada e muito interessante no controle do fator de potência (FP).
Antes da tecnologia dos capacitores atingirem seu nível satisfatório de operação na
correção do fator de potência, o motor síncrono era também utilizado para absorver a
potência reativa no sistema, melhorando o FP.
Outra característica operacional do motor síncrono é que o mesmo apresenta
dupla excitação, diferentemente do que ocorre com o motor de indução, conforme
veremos mais adiante.

2. ASPECTOS CONSTRUTIVOS

O estator da máquina síncrona é composto de chapas laminadas dotadas de


ranhuras axiais onde é alojado o enrolamento do estator. As chapas possuem
características magnéticas de alta permeabilidade, criando um caminho magnético de
baixa relutância para o fluxo, diminuindo assim o fluxo disperso e concentrando o
campo no entreferro. A construção do estator e rotor a partir de chapas tem a mesma
justificativa que para os demais tipos de máquinas: diminuição das perdas provocadas
por correntes parasitas (correntes de Foucault), as quais estariam presentes em maior
grau, caso fosse empregado uma construção maciça. As chapas são em geral
tratadas termicamente a fim de reduzir o valor das perdas específicas por correntes
induzidas. Não existe, em geral, uma isolação física entre as chapas que compõem o
rotor e o estator.
O enrolamento do estator do motor síncrono trifásico é idêntico ao
enrolamento de um motor de indução trifásico, com grupos de bobinas defasados em
120° entre si.

Figura 1: Enrolamento do estator trifásico 2


Além do enrolamento de campo, o rotor pode conter também um enrolamento
semelhante ao do rotor da máquina de indução em gaiola. Este enrolamento é
chamado de enrolamento amortecedor e é alojado em ranhuras semiabertas e de
formato redondo sobre a superfície do rotor.

Figura 2: Sapata polar com enrolamento Figura 3: Ilustração da sapata polar com
amortecedor enrolamento amortecedor de uma
máquina real

Conforme o nome sugere, ele serve para amortecer oscilações que ocorrem
em condições transitórias, como por exemplo, uma retirada brusca de carga,
alterações súbitas de tensão, variações de velocidade, etc. Ele confere, assim, uma
maior estabilidade à máquina.

Figura 4: Rotor de polo saliente com enrolamento amortecedor


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Neste enrolamento só é induzida tensão quando ocorrem fenômenos
transitórios na máquina, em condições normais e em regime permanente não há nem
tensão nem corrente induzida neste enrolamento; as suas dimensões são, portanto
reduzidas em relação ao enrolamento do estator e do rotor. No caso de motores
síncronos ele pode também funcionar como dispositivo arranque, funcionando da
mesma forma que o enrolamento em gaiola de esquilo dos motores de indução. O
enrolamento neste caso se chama enrolamento de partida e a partida do motor é
chamada de partida assíncrona; neste caso o motor não possui, via de regra, carga no
eixo durante a partida.
Devido ao fato de não haver em regime permanente variações de fluxo em
relação ao rotor, este pode também ser construído de um material sólido, ao invés de
lâminas. Assim, em algumas máquinas todo ou parte do rotor é construído de material
sólido, a fim de aumentar a rigidez mecânica. Neste caso, a própria superfície do rotor
funciona como enrolamento amortecedor, sendo desnecessário um enrolamento
amortecido inserido em ranhuras.
Assim como no gerador síncrono, o motor síncrono apresenta dois tipos, o
rotor cilíndrico e o rotor de polo saliente.

Figura 5: Motor Síncrono com Rotor Figura 6: Motor Síncrono com Rotor de
Cilindrico Polo Saliente

3. CAMPO GIRANTE

Como é possível fazer para que o campo magnético do estator gire?


O princípio fundamental do funcionamento das máquinas CA é que, se
correntes trifásicas, todas de mesma intensidade e defasadas de 120° entre si,
estiverem fluindo em um enrolamento trifásico, um campo magnético girante de
intensidade constante será produzido.
O enrolamento trifásico consiste em três enrolamentos espaçados de 120
elétricos entre si ao redor da superfície da máquina.

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4. FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO MOTOR

Para explicar o funcionamento do motor síncrono, considere-se a máquina


trifásica bipolar indicada na figura 7, que, inicialmente está parada. Ao alimentar o
enrolamento induzido com um sistema trifásico de corrente, produz-se um campo
magnético rotativo que instantaneamente alcança e mantém a velocidade determinada
por N = 60 f / P, onde N é o número de rotação por minuto, P o número de pares de
polos e f a frequência da linha de alimentação.
Este campo rotativo pode ser concebido como dois polos rotativos, dentro da
coroa induzida, que rodam, por exemplo, no sentido indicado pela seta St. Na posição
indicada pela figura 7, o campo rotativo impulsiona a roda polar indutora no sentido St.
Entretanto, pelo fato de ser elevada a velocidade do campo rotativo e ser grande a
inércia da roda polar indutora, o campo rotativo não consegue arrastar esta última no
movimento, ficando a mesma parada.
Quando o campo rotativo ultrapassa a posição da roda polar, esta última é
solicitada a rodar em sentido contrário ao do movimento St, destruindo assim o
impulso anterior. O mesmo fenômeno repete-se a cada período e o conjugado médio
resultante é constantemente igual à zero.

Figura 7: Motor Síncrono Trifásico Bipolar

Como o campo girante não consegue vencer a inércia do rotor e arrastá-lo.

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5. MÉTODOS DE PARTIDA DE MOTORES SÍNCRONOS

O motor síncrono e sua incapacidade de atingir a velocidade síncrona, partindo


da inércia, sob carga, som procedimentos especiais. Com isso, podemos afirmar que
o motor síncrono não consegue arrancar sozinho.
Os métodos de partida do motor síncrono são:

 Frequência reduzida
 Máquina auxiliar (1)
 Enrolamento amortecedor (2)

5.1 FREQUÊNCIA REDUZIDA

Com o auxílio do inversor de frequência, o motor síncrono é acionado. O


enrolamento do rotor deverá receber a alimentação CC e o enrolamento do estator
recebe alimentação do inversor. Com a frequência reduzida, o rotor consegue
acompanhar o campo girante, sendo arrastado pelo mesmo.

5.2 MÁQUINA AUXILIAR

Com o auxílio de um motor CC acoplado ao eixo do motor síncrono ou um


pequeno motor de indução com, no mínimo, um par de polos menos que os do motor
síncrono.

5.2.1 COMO SE PROCESSA A PARTIDA DO MOTOR SÍNCRONO?


A partida é dada com a corrente contínua desligada (somente o estator é
alimentado por CA no momento do arranque). Quando o rotor estiver próximo à
velocidade síncrona (90% da velocidade do campo girante), a corrente contínua pode
ser aplicada ao enrolamento do mesmo.

5.3 ENROLAMENTO AMORTECEDOR

É o método de partida mais comum para motores síncronos, sua partida se


processa como se fosse de indução. Este método é o mais simples e não requer
máquinas auxiliares especiais.
A figura 8 mostra o enrolamento amortecedor ou de compensação. Deve-se
notar que o anel que faz o curto-circuito das barras do motor possui orifícios para
conectar o conjunto seguinte de enrolamentos amortecedores no respectivo polo.

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Desta maneira, formam-se um completo enrolamento em gaiola; e, embora as barras
não tenham capacidade para carregar a corrente de carga nominal do motor, elas são
suficientes para dar-lhe a partida como se fosse um motor de indução.

Figura 8: Polo de uma Máquina Síncrona CA mostrando Enrolamento Amortecedor

O fato do rotor girar com a mesma velocidade do campo magnético do estator


(velocidade síncrona) é chamado “Síncrono”.

6. EFEITO DA VARIAÇÃO DE EXCITAÇÃO DO MOTOR SÍNCRONO

Através da corrente contínua aplicada ao rotor, é possível variar o ângulo de


defasagem entre a tensão e a corrente, bem como o fator de potência.
O referido motor se comporta tal qual a sua natureza (indutivo), se estiver
subexcitado. Neste regime da excitação, a fcem (força contra eletromotriz) é menor
que a tensão da rede que alimenta a referida máquina, neste caso, o motor absorve
corrente em atraso em relação à tensão, apresentando fator de potência menor que a
unidade em atraso (cos φ indutivo).

Figura 9: Diagrama fasorial do motor síncrono com FP indutivo

Aumentando a corrente de excitação rotórica, até que o cossímetro indique


fator de potência igual à unidade (cos φ = 1), chega-se ao regime de excitação normal,
neste regime a fcem tem a mesma amplitude da tensão da rede, toda corrente
absorvida fica em fase com a tensão de alimentação do motor, não existindo corrente
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reativa. Neste caso, o motor síncrono se comporta tal qual a uma carga ôhmica, e,
apresenta o melhor rendimento, ou seja, a potência ativa é igual à potência aparente.

Figura 10: Diagrama fasorial do motor síncrono com FP unitário

Avançando mais a corrente de campo, o fluxo rotórico fica mais intenso, a fcem
fica maior em relação à tensão que alimenta o enrolamento do estator, neste caso, o
motor solicita da rede corrente avançada em relação à tensão, apresentando fator de
potência menor que a unidade capacitivo (cos φ capacitivo). A referida máquina neste
regime pode acionar a carga que se encontra acoplada em seu eixo, e também corrigir
fator de potência indutivo.

Figura 11: Diagrama fasorial do motor síncrono com FP capacitivo

Quando o cossímetro indica fator de potência capacitivo, o motor síncrono está


no regime de superexcitação, e, se comporta tal qual um capacitor. Nessa condição o
motor síncrono é chamado Condensador Síncrono.
Controlando a corrente de campo, controla-se o consumo ou produção de
energia reativa, ou seja, controla-se o fator de potência.

7. CURVAS V

Os gráficos da curva V representam a dependência da corrente de armadura


sobre a corrente de campo (excitação).

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Foi visto anteriormente que, quando é reduzida a corrente de campo de um
motor síncrono, uma corrente de armadura, em atraso, é produzida, excedendo a
corrente mínimo a um fator de potência unitário ou à excitação normal. Quando o
motor é sobre-excitado, a corrente de armadura também cresce e excede a corrente
requerida à excitação normal para desenvolver o torque necessário.
O motor é submetido a uma carga constante em seu eixo e variando a corrente
de campo desde a subexcitação até a sobre-excitação, analisando ponto a ponto a
corrente de armadura, obtemos as curvas V de operação do motor.

Figura 12: Curvas V do motor síncrono

As linhas tracejadas ilustram como a corrente de campo deve ser variada à


medida que a carga (corrente de armadura) é alterada de modo a manter constante o
fator de potência.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CHAPMAN, Stephen J.; Fundamentos de Máquinas Elétricas. 5ª edição. Ed.: Mc Graw


Hill. Porto Alegre: AMGH, 2013.

JUNIOR, Geraldo C. do N. Máquinas Elétricas: Teoria e ensaios. 4ª edição. Ed.: Érica.


São Paulo, 2011.

KINDERMANN, Geraldo. Curto Circuito. 2ª edição. Ed.: Sagra Luzzato. Rio Grande do
Sul, 1997.

KOSOW, Irving L. Máquinas Elétricas & Transformadores. 4ª edição. Ed.: Globo. São
Paulo. 2011.

SANTOS, Prof. Mário Henrique Farias. Apostila da disciplina de conversão de energia


B. UDESC – Juinvile/SC.

TORO, Vicent Del; Fundamentos de Máquinas Elétricas. 1ª edição. Ed.: LTC. Rio de
Janeiro/RJ. 1994.

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