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APOSTILA 5

ENTRADAS DIGITAIS

Prof. Yves Rocha de Salles Lima


2020
1. MÓDULOS DE ENTRADAS E SAÍDAS
Os módulos de entrada e saída de um CLP conectam a interface com sistema externo.
Existem dois tipos de módulos analógicos e digitais com número variável de entradas e
saídas.
Os módulos de entrada do CLP recebem sinais dos dispositivos de entradas. Os
módulos de saída comunicam aos dispositivos de saídas o qual será a ação de controle ou
sinalização. Basicamente as Entradas tem a função de a transformação de dados em sinais
elétricos codificados para a unidade central de processamento e as Saídas transformam os
sinais elétricos codificados em dados que possam ser imediatamente entendidos pelo
homem ou manipulados posteriormente. Estes dispositivos de entrada e saídas são
conectados à unidade central de processamento por intermédio de portas que são
interfaces de comunicação dos dispositivos de entrada e saída. Na figura abaixo é
mostrado o esquema de transformações dos dados desde sua aquisição até a ação no
processo.

Figura 1 - Esquema de transformação de dados no CLP

Analisando a imagem acima os dispositivos de entrada fazem a leitura da variável do


processo e transforma essa unidade da variável em um sinal elétrico equivalente. Esse
sinal elétrico chega ao CLP é convertido em valores em bits por um conversor A/D para
ser armazenado em sua memória. O CLP com os valores vindo das entradas interagem
com a lógica (programa do usuário) e armazena na memória um valor para ser levado até
as saídas. Esse valor na memória é transformado em sinal elétrico e levado para os
dispositivos de saída que exerceram uma ação de acordo com o valor do sinal elétrico
vindo CLP.
Nos CLPs de pequeno porte (micro-CLPs), a quantidade de entradas e saídas é
pequena e fixa (menor que oito) e geralmente se resume a sinais digitais. Em CLPs de
médio e grande portes, os módulos de E/S são encaixados em slots situados na caixa da
UCP ou em rack de expansão separado, permitindo flexibilidade na configuração do CLP.
A utilização de slots também possibilita que o módulo danificado seja substituído
rapidamente.
Como falado anteriormente os dispositivos de entradas e saídas se dividem em digitais
e analógicos.
1.1. ELEMENTOS DIGITAIS
Os Elementos Digitais ou também conhecido como discreto trabalham com dois
níveis definidos. Enviam o sinal discreto (binário) para o cartão ou módulo de entrada
digital e após serem convertidos pelo conversor A/D são armazenados na memória na sua
respectiva palavra de memória. Para Entradas ou Saídas digitais uma palavra de memória
pode armazenar mais de um valor de entrada ou saída, depende do número de bits da
palavra de memória. Desta forma, uma palavra de memória de 4 bits pode armazenar
valores de 4 dispositivos de entrada, uma palavra de memória de 8 bits pode armazenar 8
e assim consecutivamente. Na figura 2 é possível ver um esquema de palavra de memória
de entrada e seu armazenamento dos valores digitais.

Figura 2 - Palavra de memória de entradas digitais

Na figura acima é mostrado uma palavra de memória de 8 bits cujo endereço na


memória se dá por ED0. Cada espaço nessa palavra de memória é numerado de 0 a 7,
então temos os endereços ED0.0, ED0.1, ED0.2, ED0.3, ED0.4, ED0.5, ED0.6 e ED0.7.
Cada um desses endereços pode armazenar o valor vindo de um dispositivo de entrada
digital pois os elementos digitais somente utilizam 0 ou 1, como temos 8 endereços é
possível, nesse caso, conectar 8 dispositivos de entradas digitais.
Para exemplificar, na palavra de memória da figura 2 são armazenados os seguintes
valores em cada endereço:
 ED0.0 = 1
 ED0.1=0
 ED0.2=1
 ED0.3 = 0
 ED0.4=0
 ED0.5=0
 ED0.6=0
 ED0.7=0

1.2. ELEMENTOS ANALÓGICOS


Os elementos analógicos trabalham dentro de uma faixa de valores. Enviam o sinal
analógico para o cartão ou módulo de entrada analógica digital e após serem convertidos
pelo conversor A/D são armazenados na memória na sua respectiva palavra de memória.
No caso das palavras de memória analógicas os seus valores não são apenas 0 ou 1
mas existe um faixa de valores que depende do tamanho da palavra de memória. Dessa
forma uma palavra de memória armazena apenas um dispositivo analógico.
Para sabermos a faixa de valores possíveis de uma palavra de memória basta utilizar
os conhecimentos aprendidos anteriormente quando falamos sobre memória. O limite
inferior é sempre 0 e o limite superior é dado por: 2(𝑛° 𝑑𝑒 𝑏𝑖𝑡𝑠) − 1. Na figura 3 temos um
exemplo de escrita em uma palavra de memória analógica.

Figura 3 - Palavra de memória de uma entrada analógica

No caso da figura 3 o valor armazenado é de apenas uma entrada analógica e não


de 8 como seria se fosse digital, isso porque um elemento analógico varia de acordo com
sua faixa de bits diferentemente de um digital que é apenas 0 ou 1. Logo essa palavra de
memória pode variar seu valor de 0 a 255 (28-1) e o valor armazenado é calculado como
foi ensinado anteriormente:
(1𝑥20 ) + (0𝑥21 ) + (1𝑥22 ) + (0𝑥23 ) + (1𝑥24 ) + (0𝑥25 ) + (0𝑥26 ) + (1𝑥27 ) =
= 1 + 4 + 16 + 128 = 149
Logo o valor armazenado na palavra de memória analógica EA0 do CLP pode ser
dado por 10101001 ou por 149.

2. ENTRADAS DIGITAIS

Apesar das variáveis físicas, tais como temperatura, pressão, força, massa terem
comportamento analógico, a maioria dos processos são controlados através de
informações digitais, provindas de dispositivos de entradas digitais como:
• Microchaves.
• Chaves push-button (Botoeiras)
• Chaves fim de curso.
• Sensores de proximidade.
• Chaves automáticas.
• Portas lógicas.
• Células fotovoltaicas.
• Contatos de starters de motores.
• Contatos de relés.
• Pressostatos.
• Termostatos
As entradas digitais de um CLP estão aptas a identificar a presença ou não de um sinal
elétrico provindo de um determinado dispositivo, dentro de uma determinada faixa de
valores, reconhecendo a presença do sinal, mas não sua amplitude. Os valores de tensão
mais utilizados em entradas digitais são 24 Vcc e 110 a 220 Vca.

2.1. ENTRADA DIGITAL EM CORRENTE CONTÍNUA


Tomando como exemplo um CLP que possui sua entrada digital alimentada por 24
Vcc. Se o CLP for do tipo de logica positiva (Comum Negativo), se chegar 24 Vcc na
entrada do CLP ele armazenará 1 na memória correspondente, no entanto se chegar 0 Vcc
ele armazena 0. No entanto em alguns CLP’s utiliza-se lógica negativa (Comum
Positivo), desta forma quando chega 24 vcc na entrada do CLP ele armazena 0 na
memória e se chega 0 Vcc ele armazena 1.

Na figura 4 abaixo é possível ver uma configuração do circuito eletrônico de entrada


de Lógica Positiva.

Figura 4 - Exemplo de ligação por lógica positiva

Notem que nos CLP’s sempre existe um ponto comum, e na lógica positiva esse ponto
comum deve ser alimentado com o polo negativo da fonte. O polo positivo é conectado
ao dispositivo de entrada que o mesmo é conectado a interface de entrada digital do CLP.
Internamente no CLP existe um circuito eletrônico até o seu armazenamento na palavra
de memória.
Um dos principais componentes internos do CLP e ó acoplador óptico também
conhecido como optoacoplador. Ele funciona exercendo uma isolação óptica, que serve
para eliminação de ruídos elétricos e proteção de sistemas de controle. Ele permite que
dois circuitos façam a troca de sinais e ainda permaneçam isolados eletricamente fazendo
transferência de sinais de um circuito para o outro através de luz. Na figura 5 vemos em
uma forma mais simplificada a ligação de uma entrada digital em um CLP com acoplador
óptico.
Figura 5 - Ligação da entrada digital em um CLP com acoplador óptico

Explicando resumidamente a figura 5, quando o sensor (entrada) não estiver


acionado (aberto) não existirá tensão nem corrente chegando ao acoplador óptico, ou seja,
0 Vcc. Dessa forma o acoplador óptico “mandará” escrever 0 na memória do CLP. No
caso do sensor (entrada) estiver acionado (fechado), existirá uma corrente e uma tensão
de 24 Vcc sobre o acoplador óptico e o mesmo “mandará” escrever 1 na memória do CLP.

2.2. ENTRADA DIGITAL EM CORRENTE ALTERNADA

Conforme às entradas de corrente contínua, as entradas digitais de corrente alternada


obtêm, como sinais do processo, tensões de 110 ou 220 V. A alimentação em corrente
alternada apresenta como vantagem a possibilidade de posicionar os sensores ou chaves
a maiores distâncias do CLP. Isso se deve à melhor relação sinal/ruído ao operar com
tensões alternadas de 110Vca e 220 Vca. Usualmente, se os sensores estão a uma distância
superior a 50 m do controlador, é necessário trabalhar com entradas CA.
É importante salientar que, utilizando com níveis CA, deve-se tomar mais cuidado no
que se refere à isolação geral da instalação. Um bom exemplo de aplicação de módulos
de entrada CA está em usinas hidroelétricas, onde os sensores podem estar situados a
distâncias de até 500 m. Na figura 6 é mostrado o esquema eletrônico das entradas digitais
alimentadas por corrente alternada.
Figura 6 - Esquema eletrônico das entradas digitais alimentadas por corrente alternada

O circuito de entrada é composto de duas partes principais: a de alta tensão e a


lógica. Essas duas partes são acopladas por um acoplador óptico que isola eletricamente
o sinal em alta tensão que chega dos dispositivos de entrada do circuito eletrônico interno
do CLP para o armazenamento da informação.
A seção de entrada converte a tensão de entrada (110 ou 220 VCA) de um
dispositivo em um sinal de nível lógico para ser usado pelo processador. O sinal senoidal
é retificado e aplicado a um filtro RC, que o torna constante. O sinal retificado passa pelo
acoplador óptico e finalmente é aplicado à UCP.

3. LIGAÇÃO ELÉTRICA DAS ENTRADAS DIGITAIS

A ligação elétrica dos dispositivos de entrada com o CLP pode ser feita de duas formas
com uma fonte interna ao CLP e com uma fonte externa. Na figura 7 podemos ver um
exemplo da ligação elétrica com uma fonte interna do CLP.

Figura 7- Ligação elétrica com fonte interna ao CLP


Como pode ser visto a ligação acima segue a lógica positiva pois o negativo da
fonte está ligado ao ponto comum das entradas do CLP. O polo positivo é conectado nos
dispositivos de entrada que são conectados aos pontos de entrada do CLP. Na figura 8 é
possível visualizar uma ligação com fonte externa ao CLP. Esse tipo de Ligação é o mais
comum e o mais utilizado nos CLP’s
Figura 8 - Ligação elétrica com fonte externa ao CLP

Nas figuras 7 e 8 é possível ver como é feita a ligação elétrica das entradas digitais
ao CLP com fonte interna e externa. Uma outra forma de representar a ligação elétrica
em forma de desenho e mais simplificada pode ser demonstrada na figura 9.
Figura 9 - Esquema elétrico simplificado das entradas digitais
Como demostrado anteriormente o CLP internamente possui circuitos eletrônicos
internos desde a aquisição da informação até o armazenamento da memória, um dos
componentes demostrado foi o optoacoplador, no entanto, existe um outro elemento
muito importante que faz o chaveamento da informação vinda da entrada.
Esse chaveamento em casos de corrente contínua na grande maioria das vezes é feito
por um transistor PNP ou NPN. Se o transistor for PNP é feita ligação de lógica positiva
e se for NPN será feita ligação de lógica negativa.
Nos casos de Corrente Alternada deve-se utilizar um triac para o seu chaveamento. As
entradas dos CLP’s têm alta impedância e por isso não podem ser acionadas diretamente
por um triac, em razão disso é necessário, quando da utilização deste tipo de chaveamento,
o acréscimo de uma derivação para a corrente de manutenção. Essa derivação consta de
um circuito resistivo-capacitivo em paralelo com a entrada acionada pelo triac, cujos
valores podem ser encontrados nos manuais do CLP. Na figura abaixo pode ser visto um
exemplo de ligação elétrica de uma entrada digital quando se utiliza de um triac.
Figura 10 - Ligação Elétrica de uma entrada digital à triac

Uma outra forma de se executar o chaveamento, mas que atualmente não se utiliza
muito são os relés, também conhecido como contato à seco. A entrada digital do tipo
contato seco fica limitada aos dispositivos que apresentam como saída a abertura ou
fechamento de um contato. É bom lembrar que em alguns casos uma saída do sensor do
tipo transistor também pode ser usada, esta informação consta no manual de ligação dos
módulos de entrada.
REFERENCIAS

VIANNA, William. Apostila de Controlador Lógico Programável – Instituto Federal


Fluminense. 2008.

PAREDE, Ismael Moura; GOMES, Luiz Eduardo Lemes. Eletrônica: automação


industrial. 6. ed. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011.

STOCLER, Geraldo. Controladores Lógicos Programáveis. Cataguases: Centro de


Formação Profissional José Inácio Peixoto, 2010.

CAVALCANTI, Anderson. Controladores Lógicos Programáveis – Universidade


Federal do Rio Grande do Norte, 2011.

FRANCHI, Claiton; VALTER, Camargo. Controladores Lógicos Programáveis:


Sistemas discretos. São Paulo: Érica, 2009.

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