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A PRÁTICA DE ENSINO E O
ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO
NO CURSO DE
PEDAGOGIA:
DESAFIOS E POSSIBILIDADES
2018
3
4
Realização
Departamento de Educação
PPG Docência para Educação Básica
Faculdade de Ciências – Unesp – Campus Bauru
Av. Eng. Edmundo Carrijo Coube, 14-01
Bauru – SP - CEP 17.033-360
Tel. (14) 3103-6081 FAX (14) 3103-6095
CONSELHO EDITORIAL
Disponível em:
https://www.fc.unesp.br/#!/ensino/pos-
graduacao/programas/mestrado-profissional-em-docencia-
para-a-educacao-basica/publicaes/
ISBN 978-85-7983-941-2
Inclui bibliografia
SUMÁRIO
PREFÁCIO 10
PREFÁCIO
REFERÊNCIAS
Porém, muito do que está prescrito nos documentos legais ainda precisa ser
sistematizado e implementado em âmbito nacional. Isso fica evidenciado em
estudos, como os de Kramer (2001a), Campos (2002), Oliveira (2002), dentre outros,
1
Doutor em Educação. Professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal do Espírito Santo.
2
Doutor em Educação. Professor do Centro de Educação e do Programa de Pós Graduação de Mestrado
Profissional em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo.
3
Com o Ensino Fundamental de nove anos, a Educação Infantil passa a atender crianças de zero a cinco anos.
15
que mostram aspectos referentes ao fato de que, durante muito tempo, a Educação
Infantil foi vista como uma instância educacional em que as crianças ficavam
“depositadas” enquanto os pais trabalhavam ou realizavam outras tarefas (KRAMER,
2003). O paradigma atual é outro. A Educação Infantil tem sido vista como uma
conquista legal, pela qual se reconhece o direito à educação da criança de zero a
cinco anos. Direito inalienável de busca pela cidadania. Ou seja,
Pode-se afirmar que aquilo que hoje ainda acreditamos ser a infância teve
suas raízes no momento em que à criança foi dado papel não mais secundário no
seio familiar e social, mas ela passou a ser vista como um ser que possuía uma
função, um papel que, como salientam Sarmento e Pinto (1997, p. 17), “[...] varia
entre sociedades, culturas e comunidades, pode variar no interior da fratria de uma
mesma família e varia de acordo com a estratificação social. Do mesmo modo, varia
com a duração histórica e com a definição institucional de infância dominante de
cada época”.
Ou, nas palavras de Heywood (2004, p. 23), pode-se supor que os estudos
revelam que “[...] o que faltava era qualquer sentiment de l’enfance, qualquer
consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem” (grifos do autor).
Historicamente, de acordo com Heywood (2004) e Ariés (1981), o
pensamento acerca da criança tem sido construído de forma complexa e, muitas
vezes, conflituosa. Ora se tem a ideia, ainda presente (MICARELLO; DRAGO,
2005), de criança como um ser puro, ingênuo, que será alguém num futuro próximo;
ora ela é abordada no discurso atual como um ser que é produtor, possuidor e
reprodutor de história, cultura e conhecimento; ora é vista como folha em branco que
precisa ser preenchida com tudo aquilo que a humanidade foi construindo durante
os tempos. Às vezes se crê que, depois de tantos séculos, desde seu surgimento
como categoria social, a infância já ocupa o papel que verdadeiramente lhe cabe, ou
seja, o de que “[...] as crianças são sujeitos sociais e históricos, marcados pelas
contradições das sociedades em que vivem” (KRAMER, 2003, p. 91).
Neste contexto, muitos autores (KRAMER, 2001b, 2003, 2001a, 2009; ARCE
e MARTINS, 2009; REDIN et all, 2007; SARMENTO, FERNANDES e TOMÁS, 2006;
CRUZ, 2008; dentre outros), têm se debruçado sobre estudos científicos de cunho
qualitativo e quantitativo que envolvem a vida social, psicológica, afetiva, escolar,
cultural, etc., das crianças e os espaços aos quais estão inseridas. Esses estudos
18
A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte
de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma
determinada cultura, em um determinado momento histórico. É
profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas
também o marca (BRASIL, 1998a, p. 21).
profissionais que precisam de uma formação tão sólida quanto qualquer outro
profissional.
Referências
AGUIAR, M. A.; MELO, M. de O. Pedagogia e faculdades de educação: vicissitudes
e possibilidades de formação pedagógica e docente nas IFES. Educação &
Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, p. 959-982, out. 2005.
ARCE, A.; MARTINS, L. (Orgs.). Ensinando aos pequenos de zero a três anos.
Campinas: Alínea, 2009.
ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1981.
BARROS, M. E. B. (Org.). Psicologia: questões contemporâneas, Vitória: EDUFES,
1999.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDBEN, nº 9.394.
Brasília: Câmara Federal, 1996.
_____. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Congresso
Nacional, 1988.
28
Introdução
Parece banal, mas um professor é, antes de tudo, alguém que sabe alguma
coisa e cuja função consiste em transmitir esse saber a outros. No entanto,
[...] essa banalidade se transforma em interrogação e em problema a partir
do momento em que é preciso especificar a natureza das relações que os
professores [...] estabelecem com os saberes, assim como a natureza dos
4
Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD/ Universidade Federal de Uberlândia – UFU
5
Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD / Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
- UEMS
33
I. Monitoria
II. Elaboração de Diagnóstico da Realidade Observada
III. Elaboração e regência de Projeto de Ensino denominado “Projeto de
Intervenção Pedagógica” (PIP).
IV. Mini-curso
V. Oficina
VI. Outros (DOURADOS, 2013).
São indicativos que apontam o perfil do professor que o século XXI solicita, ou
seja, é preciso “formar” um professor que possa teoricamente construir:
[...] uma identidade profissional que não seja imutável, mas capaz de
leituras aprofundadas sobre o fenômeno educacional. Tal perfil se
caracteriza por um processo de construção do sujeito historicamente situado
[...] que emerge da necessidade da sociedade em dado contexto e
momento histórico, tomando as finalidades educacionais da sociedade em
seu conjunto para compreender o sujeito que se pretender formar. Ora,
muito mais do que se pretender ler os desafios desta sociedade de uma
maneira linear cabe ao professor refletir sobre sua realidade, sobre as
múltiplas determinações que condicionam a reprodução ou transformação
da sociedade, mobilizando-a por meio de interlocutores o objeto histórico de
sua adesão ou contestação. Ser professor então passa a ter um caráter
dinâmico, reflexivo, transdisciplinar e solicitando que o professor saiba
articular os saberes de forma significativa desdobrando uma visão de
totalidade e não fragmentação, de completude e não de dimensão lacunar,
de participação e não de isolacionismos de ações (LIMA; BARRETO; LIMA,
2007, p. 94).
tanto,
Ilustrando o que foi até aqui explicitado, o Quadro 1 consta parte do processo
e desenvolvimento das atividades realizadas durante experiências de estágios na
gestão e na docência do ensino fundamental por acadêmicos do Curso de
Pedagogia da FAED/UFGD.
43
Estágio I Estágio II
Aulas, Reuniões e Orientações. Aulas, Reuniões e Orientações.
Elaboração de Cronograma para a execução Elaboração de Cronograma para a execução
do Estágio na sua totalidade. do Estágio na sua totalidade.
Conhecimento e discussão sobre a gestão dos Monitoria em salas de aula dos 3º ao 5ºanos do
Sistemas de Ensino: SEMED, COMED, SED Ensino Fundamental indicada pela
(Projeto de Ensino: Palestras com Profissionais Coordenação Pedagógica da Escola .
de cada Órgão mencionado).
Conhecimento da Escola: PPP, Regimento Elaboração de uma avaliação diagnóstica (o
Escolar. que os alunos sabem, o que não sabem, mas
precisariam saber para o momento) de cada
turma de alunos, decorrente da observação e
monitoriaefetivadas. Discutir o resultado com a
professora regente e com a Coordenadora
responsável pela turma/sala.
Monitoria na gestão da escola: direção e Elaboração de um Projeto de Intervenção
secretária da escola. Pedagógica (PIP) considerando o diagnóstico
feito articulando as Disciplinas de Língua
Portuguesa, Matemática, História, Geografia e
Ciências.
Monitoria na gestão escola: coordenação Desenvolvimento do PIP (Regência).
pedagógica.
Monitoria em salas de aula dos 1º e 2º anos do Monitoria na EJA – Primeira Fase.
Ensino Fundamental indicada pela
Coordenação Pedagógica da Escola.
Elaboração de uma avaliação diagnóstica (o Conhecimento de um espaço não escolar que
que os alunos sabem, o que não sabem, mas atende crianças na faixa etária condizente aos
precisariam saber para o momento) de cada anos iniciais do ensino fundamental.
turma de alunos, decorrente da observação e
monitoria efetivadas. Discutir o resultado com a
professora regente e com a Coordenadora
responsável pela turma/sala.
Elaboração de um Projeto de Intervenção Elaboração de uma atividade educativa
Pedagógica (PIP) considerando o diagnóstico Conhecimento e realização da mesma em um
feito articulando as Disciplinas de Língua espaço não escolar que atende crianças na
Portuguesa, Matemática, História, Geografia e faixa etária condizente aos anos iniciais do
Ciências. ensino fundamental.
Desenvolvimento do PIP (Regência).
Elaboração e fechamento do Relatório Final. Elaboração e fechamento do Relatório Final.
144h 144 h
Fonte: Planos de Ensino (ARANDA, 2012-2013).
Considerações Finais
Referências
ARANDA, Maria Alice de Miranda; NASCIMENTO, Maria José de Oliveira. Estágio
Supervisionado na gestão e na docência em Pedagogia. In: GONÇALVES, Adair
Vieira; PINHEIRO, Alexandra Santos; FERRO, Maria Eduarda (Orgs.). Estágio
Supervisionado e práticas educativas: diálogos interdisciplinares. Dourados (MS):
Editora UEMS, 2011. p. 223-247.
______. Estagio Supervisionado na Gestão e na Docência nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental (I e II). Planos de Ensino. FAED/UFGD. Dourados, MS, 2012-
2013.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.º 9.394 de 20 de
dezembro de 1996. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, n.º 248, de23
de dezembro de 1996.
______. Resolução nº. 1, de 15 de maio de 2006. Instituiu as Diretrizes
Curriculares para o Curso de Pedagogia, licenciatura. Brasília: Conselho Nacional de
Educação, 2006.
______. Parecer CNE/CP n. 5, de 13 de dezembro de 2005.Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Pedagogia.Brasília: Conselho Nacional de Educação,
2005.
______. Parecer CNE/CP n. 3, de 21 de fevereiro de 2006. Reexame do Parecer
CNE/CP n. 5/2005. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia.
Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2006.
DOURADOS. Resolução nº. 058/2013 do Conselho Diretor da Faculdade de
Educação. Regulamento dos Estágios Supervisionados na Gestão e na Docência
na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. FAED/UFGD,
2013.
GOMES, Márcia Bueno; ARANDA, Maria Alice de Miranda. Projeto de Intervenção
Pedagógica – PIP: uma experiência de estágio supervisionado na FAED/UFGD. In:
SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO. Diálogo entre
licenciaturas e I Fórum de Licenciaturas da UEMS. Dourados: UEMS/UFGD,
2009. Disponível em:
<http://www.uems.br/seminarioestagio/anais/completos/Final_educacao.htm>.
Acesso em: nov. 2013.
LIMA, P. G.; BARRETO, E. M. G; LIMA, R.R. Formação docente uma reflexão
necessária. Educare et Educare: revista de educação, Vol.2 nº. 4. São Paulo:
jul/dez, 2007. p. 91-101
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. 3ª.
Ed. São Paulo: Cortez, 2008. 296 p.
SANTOS, Adriana Alves Pugas dos; LEITE, Yoshie Ussami Ferrari. O papel do
estágio na formação de professores. Anped, 2007.
TARDIF, Maurice. Os professores diante do saber: esboço de uma problemática do
saber docente. In: ______. Saberes docentes e formação profissional. 11. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. p. 31-55
46
6
Professora Adjunto III da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia.
Professora de Estágio Supervisionado no Curso de Pedagogia. Professora do Programa de Pós-
Graduação em educação e atualmente coordenadora do Curso de Pedagogia da UFU.
47
condições existentes há uma década e/ou um pouco mais atrás. Hoje a preocupação
com a promoção das condições de existência humana focadas na ampliação da
cidadania é uma preocupação que não está no rol de metas dos jovens. Portanto, é
justamente este compromisso com o sentido social que se pretende tomar como
referência para repensar e construir novos espaços de ação no contexto escolar
aliando-os a estes dois processos históricos na formação docente.
No entanto, tais mudanças precisam ser contextualizadas de acordo com as
concepções de homem, mundo e sociedade que temos em mente, pois são elas que
irão nortear o compromisso, social, político, cultural e pedagógico que se pretende
construir. Para tanto, a realização de trabalho diferenciado com estes componentes
curriculares não pode ocorrer desvinculados do Projeto Pedagógico dos Cursos
(PPC) nos quais estão inseridos. Isto, considerando que não existem práticas nem
teorias neutras, mas que estas estão a serviço de um conjunto estrutural político,
econômico, social e cultural do qual se compactua.
Assim ao pensar, planejar e promover as ações pedagógicas destes
componentes curriculares é preciso se considerar que:
a) na atualidade há que se enfrentar cotidianamente, profundas
transformações do mundo do trabalho;
b) existem mudanças de valores, tendências e relações no tempo e no
espaço;
c) há um processo contínuo de (re)construção do conhecimento do mundo
usando outras linguagens;
d) a realidade na qual atualmente a aprendizagem e o ensino ocorrem
não se efetiva apenas na escola;
e) existem os avanços das Tecnologias da informação e Comunicação
(TICs) e do desenvolvimento científico que impactam a vida cotidiana das pessoas e
da escola em geral;
f) existem os desafios de pensar e se constituir como ser relacional com a
compreensão de que atualmente a sociedade, a instituição e todos os contextos
necessitam de se tornarem comunidades de aprendentes e, portanto, instituições
pedagógicas, o que demanda novas demandas para produção e gestão de
conhecimentos e para exercício das profissões.
Diante deste contexto, na formação não é compatível o exercício de práticas
vinculas a modelos formativos meramente instrumentais, pois a dinamicidade e a
flexibilidade do mundo contemporâneo não consegue incorporar profissionais
49
Como ato educativo que precisa ser supervisionado demanda de, no mínimo,
da existência de um profissional da instituição formadora responsável por
acompanhar e supervisionar as atividades de campo, não devendo o acadêmico ser
encaminhado sozinho ao campo de estágio, carecendo este de planejar e realizar
7
Destaque nossos.
52
comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7º, desta
Lei e por menção de aprovação final.
Portanto, são muitos os desafios que se apresentam, dentre eles destacamos
alguns relativos ao desenvolvimento do estágio e outros no tocante ao perfil do
egresso expresso no Projeto Pedagógico do Curso.
Quanto ao desenvolvimento do estágio:
a) a utilização do estágio não obrigatório como instrumento para
substituição de trabalhadores permanentes e/ou de baixo custo. Esta deve ser
uma preocupação constante das instituições formadoras, de cuidar para que seus
acadêmicos não se convertam em mão de obra barata. Assim, há que se firmar
convênios entre ambas, sendo estes supervisionados e acompanhados por
relatórios periódicos visando a garantia de que os mesmos sejam tomados como
espaços de aprendizagem e desenvolvimento profissional e não atividade
profissional com baixo custo para o empregador;
b) a desvalorização do estágio como estratégia pedagógica no
interior das próprias instituições. As instituições formadoras precisam ficar
atentas para formalizar suas possibilidades de estágio, de maneira a potencializa-las
e enriquece-las enquanto dimensão formativa do currículo, não permitindo que o
estágio torne-se um mero exercício de prática profissional, mas uma atividade de
ensino articulada com a pesquisa e com a extensão, atribuindo-lhe um sentido
formativo e social;
c) a ausência de profissionais qualificados para dar suporte nos
campos de estágios. Este é um grande desafio e dificuldade constante nos cursos
de licenciatura em geral, porém mais agravada no curso de pedagogia, pela
especificidade do mesmo, relacionada aos processos de aquisição da leitura e
escrita que requerem além de conhecimentos teóricos, experiência profissional na
realização destes processos. Atualmente os docentes das instituições formadoras,
em grande parte, não encontram no estágio uma possibilidade de produção
acadêmica, logo, não querem estabelecer vínculo com este componente curricular.
Outro problema aliado a este, fruto da atualidade, é a composição do corpo docente
das instituições formadoras que, em grande parte, é originária de docentes que não
viveram à docência na Educação Básica, sendo portanto, mestres e doutores, com
experiência de docência no ensino superior, não acumulando vivencias nos
processos educativos da fase de ensino para a qual está trabalhando na formação,
isto faz com que os mesmos, resistam a se envolver com as atividades de estágio e,
54
11
Não se trata aqui de um prazer e entusiasmo ingênuos, mas, da alegria de estar imerso em uma atividade
significativa, produtiva, capaz de oferecer retorno pessoal e profissional.
12
O NDE constitui-se de um grupo de docentes de cada curso de graduação – independentemente
da oferta de modalidades e ou habilitações –, com atribuições acadêmicas de acompanhamento,
consolidação e contínua atualização do projeto pedagógico do curso. Foi um conceito criado pela
Portaria N. 147 de 02 de fevereiro de 2007, art. 2º, inciso IV, no para efeito de reconhecimento o
curso de medicina deveria apresentar a “indicação da existência de um núcleo docente estruturante,
responsável pela formulação do projeto pedagógico do curso, sua implementação e
desenvolvimento, composto por professores: a) com titulação em nível de pós-graduação stricto
sensu; b) contratados em regime de trabalho que assegure preferencialmente dedicação plena ao
curso; e c) com experiência docente. Posteriormente, este “órgão” colegiado foi estendido aos demais
cursos de graduação.
56
13
Esta parte do texto, já foi apresentada e divulgada em outras obras, mas aqui toma outro sentido se
observado as referências tomadas na primeira parte deste trabalho. Conferir em Silva (2010 e 2012 a
e b).
57
Considerações finais
REFERENCIAS
ALMEIDA, Jane Soares de. Prática de Ensino e Estágio Supervisionado na formação
de professores. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 93, maio de 1995. P. 22-31.
ANDRÉ, Marli Eliza Damaceno Afonso de. O Papel da pesquisa no ensino de
didática. In. ANDRË, Marli E. D. A, OLIVEIRA, Maria Rita N.S. Alternativas do
Ensino de Didática. Campinas, SP: Papirus,1997.
BRASIL, CNE. Parecer que institui as Institui Diretrizes Curriculares Nacionais
para o curso de graduação em Pedagogia, Licenciatura. 2002. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0146.pdf. Consultado em Consultada
em 10 de outubro de 2012.
BRASIL, CNE. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, de 18 de Fevereiro de 2002. Institui
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação
Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/res1_2.pdf. Consultada em 10 de outubro
de 2012.
BRASIL, MEC. Portaria n. 147, de 02 de fevereiro de 2007, que dispõe sobre a
complementação da instrução dos pedidos de autorização de cursos de graduação
em direito e medicina, para os fins do disposto no art. 31, § 1º, do Decreto nº 5.773,
de 9 de maio de 2006. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/portarias/portaria147.pdf. Consultada em
13 de janeiro de 2014.
BRASIL, Presidência da Republica. LEI Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008.
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11788.htm. Consultado em 10 de outubro de 2013.
CARVALHO, Maria Helena da Costa. Formação e profissionalização do professor:
Uma leitura a partir da relação educação e trabalho. Revista de Educação AEC.
65
14
Professora Adjunto do Departamento de Educação, Faculdade de Ciências, UNESP / Campus de
Bauru/SP
15
Coordenadora Didática de Projetos Pedagógicos da Universidade Sagrado Coração de Jesus -
Bauru/SP
67
Por conseguinte, a prática de ensino por ser uma disciplina teórica prática
desenvolve-se a partir de vivências pedagógicas, por meio do processo de
teorização que permite transformar essa realidade em propostas de ensino
emergentes e inovadoras.
Depoimento 1: Acredito que o estágio é uma etapa muito importante para alunas
como eu, pois nunca trabalhei em escola alguma. Esse é o momento em que
realmente conheci o espaço escolar e comecei a construir ideias importantes sobre
a relação professor - aluno, professor - equipe escolar geral (direção,
funcionários...), fazendo intervenções e utilizando o que aprendi ao longo desses 4
anos.
71
Depoimento 2: Para melhorar, creio que o estágio poderia ser antecipado na grade
curricular do curso, pois 4º ano + monografia + estágio + fatores pessoais (morar
em outra cidade ou ter que conciliar com trabalho)
são características determinantes para o aproveitamento pleno dessa etapa. Para
ilustrar uso meu próprio exemplo, pois como trabalho, não consegui fazer o
estágio na educação infantil até o momento.
Considerações finais
Referências
Apresentação
16
UNESP/IBILCE/Campus de São José do Rio Preto
77
Na Parte 4 orienta-se que o aluno investigue como foi elaborada e como está
sendo utilizada a proposta pedagógica na escola campo de estágio. Pede-se que,
com base no material estudado na disciplina Organização e Gestão da Educação
Infantil, o aluno descreva e analise as seguintes informações: 1) como foi elaborada
a proposta pedagógica da escola? 2) quais concepções de criança e de escola de
Educação Infantil estão presentes na proposta pedagógica? 3) quais legislações e
documentos foram observados na elaboração da proposta pedagógica? 4) quais
tópicos estão presentes na proposta pedagógica? 5) quem participou da elaboração
da proposta pedagógica? 6) quais outros documentos fazem parte da proposta
pedagógica da escola? 7) quais outros documentos a escola precisa providenciar?
8) desde quando existe a proposta pedagógica na escola e de quanto em quanto
tempo ela é revisada.
Orienta-se, também, que o aluno busque uma informação importante durante
as atividades de estágio: qual é a proposta pedagógica que se concretiza na
instituição? Assim, mesmo que a instituição não possua uma proposta escrita – o
que acontece algumas vezes, pelo fato de a escola ainda não ter elaborado sua
proposta, ou pelo fato de o documento estar tramitando nas Secretarias Municipais
de Educação – o aluno é orientado de que há uma proposta que orienta o trabalho lá
realizado, mesmo que ela não seja de fato explicitada pelos profissionais.
Então, nas orientações o aluno é lembrado de que, mesmo que não tenha
acesso a um documento escrito, deve escrever essa parte do relatório levando em
conta a proposta pedagógica vista por ele na escola. Por meio de suas observações,
pede-se que o aluno identifique quais são as concepções de criança e de escola de
Educação Infantil presentes no dia a dia da escola observada, identifique quais
documentos parecem estar sendo seguidos, identifique os objetivos da escola.
Finalmente, na Parte 5 das orientações de estágio, o aluno é solicitado a
analisar os espaços interno e externo da escola campo de estágio com base nos
Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil
(BRASIL, 2006a) publicado pelo Ministério da Educação para subsidiar construções,
reformas e organização dos ambientes nas creches e pré-escolas. Também nessa
parte das orientações, pede-se que o aluno desenhe uma planta baixa da escola, de
próprio punho, de modo que ele perceba com detalhes como o espaço da escola
80
(BRASIL, 2006a), a Política nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças
de zero a seis anos pela educação (BRASIL, 2006c), os Critérios para um
atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças
(CAMPOS; ROSEMBERG, 2009), os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil
(BRASIL, 2009a), a Política de Educação Infantil no Brasil: relatório de avaliação
(BRASIL, 2009b), entre outros.
Pesquisas também vêm sendo realizadas com objetivo de investigar e
subsidiar políticas de formação do profissional de Educação Infantil diante das novas
exigências para esta etapa da Educação Básica (AZEVEDO; SCHNETZLER, 2005,
CERISARA, 2004, CÔCO, 2009, GATTI, 2010, KRAMER, 2005, MICARELLO,
2006). Conforme afirma Lanter (1999), “A questão da formação dos professores
representa para a educação infantil, dentre outros aspectos, questão fundamental
para o reconhecimento desse segmento como instância educativa e também para
sua qualidade” (p. 137), o que sugere a necessidade do investimento em pesquisas
na área.
Devendo participar inclusive da elaboração da proposta pedagógica da escola
de Educação Infantil em que atua, o professor desta etapa da Educação Básica – e
também o gestor – devem possuir uma formação que inclua o exame dos
conhecimentos e valores que possuem acerca da criança e da função da creche e
da pré-escola e que garanta a apropriação de um conhecimento técnico e o
desenvolvimento de habilidades para interagirem com crianças pequenas,
auxiliando-as a interagir com outras crianças (OLIVEIRA, 2007).
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia (Resolução
CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006) apontam a necessidade da formação do aluno
deste curso para atuar na gestão e na docência na Educação Infantil e indicam a
obrigatoriedade da realização de 300 horas de Estágio Curricular Supervisionado
prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental
(artigo 7º, parágrafo II). De acordo com Oliveira (2007), as reuniões de supervisão
de estágio são um ponto fundamental na formação adequada do profissional de
Educação Infantil. Segundo a pesquisadora, “Nelas devem ser trabalhadas, de forma
integrada e crítica, tanto a percepção do papel de professor quanto o desempenho
dele, cuidando ainda para garantir o exame das dimensões éticas da atuação
docente” (p. 32).
O estágio curricular tem como finalidade “[...] integrar o processo de formação
do aluno, futuro profissional, de modo a considerar o campo de atuação como objeto
84
O estágio curricular deve ser encarado com uma jornada rumo a si mesmo.
Por quê? Porque, quando a estagiária entra em contato com a instituição
educativa, descortina-se à sua frente um contexto de relações tão
complexas e específicas que a empurram para si mesma. Isso não se dá no
sentido de isolá-la, de deixá-la só; ao contrário: ao entrar em contato com o
outro, o diferente – instituição, crianças, educadores, profissionais em geral
–, cada pessoa pode “se ver” e, dessa forma, aprender mais sobre si
mesma. Em tal processo, atitudes, ações, reações, limites, qualidades,
dificuldades, facilidades, sentimentos – o outro lado do que normalmente se
mostra – podem vir à tona, manifestando-se e indicando um profícuo
caminho de aprendizagem; caminho que, ao ser trilhado, amplia o olhar: à
medida que eu me vejo, posso melhor ver e compreender o outro.
devem ter com relação a essa faixa etária, pois somente isso permite o
desenvolvimento do trabalho com segurança e eficiência; o segundo é a
existência na escola de uma gestão que tenha capacidade suficiente para
supervisionar os trabalhos, disposição para auxiliar os demais educadores,
confiança para propor soluções e, acima de tudo, liderança para estabelecer
uma convivência democrática e leal aos princípios estabelecidos pela
legislação pertinente (A5 – Relatório de Estágio, 2011).
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
17
Pedagoga, Mestre em Educação, Diretora de Escola da Rede Municipal de Rio Claro/ SP, exerceu
a função de Coordenadora da Educação Infantil, na SME até março de 2017. Atualmente exerce a
função de Supervisora de Ensino, também na SME de Rio Claro. Professora do curso de Licenciatura
em Pedagogia do Claretiano Faculdade.
18
Pedagoga, Mestre e Doutora em Psicologia Educacional, Coordenadora do GEPEM (Grupo de
Estudos e Pesquisa em Educação Moral, no período 2005-2016 ) e Profa. do Departamento de
Educação –Instituto de Biociências- UNESP-Campus de Rio Claro- SP
91
Rio Claro - SP, as condições não satisfatórias no processo de formação não estão
relacionadas a ausência clara de um perfil profissional e , muito menos, a
inexistência, na grade curricular de disciplinas que contemplem os fundamentos
metodológicos da ação em sala de aula. Ao contrário, este curso de Licenciatura em
Pedagogia aponta para a formação de um perfil de professor-pesquisador e as
disciplinas que compõem a grade curricular abrangem aquelas de conteúdo
especifico sobre os diferentes fundamentos metodológicos necessários à formação
do profissional. Neste caso especifico as condições não satisfatórias no processo de
formação ocorrem, segundo a nossa perspectiva, em consequência da concepção
de alunos e profissionais que atuam na rede pública de ensino que contemplam uma
visão reducionista sobre o estágio, dissociando teoria e prática o que empobrece o
fazer pedagógico e “expõe os problemas na formação profissional docente” (
Pimenta e Lima,2008, p. 41)
Em outras palavras, talvez, o grande impasse esteja no fato de que escola e
universidade possuem formas diferenciadas de integração teoria-prática (Perrenoud,
apud Borges, 2008). E, ao reconhecer essa forma diferenciada acreditamos que o
papel da universidade deve ser o de provocar o encontro entre essas duas
instâncias do saber para que juntas busquem o caminho do diálogo, da troca de
perspectivas.
O fato é que por mais que tenhamos nos debruçado em promover essa
interação teoria-prática há, ainda, um abismo entre o que se espera da formação do
futuro professor no que se relaciona especificamente com o fazer pedagógico e a
operacionalização deste saber na prática cotidiana da sala de aula. Esclarecemos
aqui que não somos partidárias da ênfase sobre a prática em detrimento da teoria e,
muito menos, da ênfase sobre a teoria em detrimento da prática. Defendemos, assim
como Pimenta e Lima (2008; 1994), a articulação teoria-prática sinalizando a
necessidade de uma discussão no sentido de superar a dicotomia entre teoria e
prática esclarecendo que o estágio se constitui em uma atividade prática que
pautada na teoria, possibilita a reflexão sobre a práxis docente, instrumentalizando,
dessa forma, o fazer pedagógico. E ao defender a articulação teoria-prática
evidenciamos aqui a nossa concepção de estágio enquanto um elo horizontal no
processo de formação do futuro professor, onde não existe um polo único ou central
que coordena ou direciona os diferentes saberes no processo formativo. Neste
sentido universidade e escola contribuem, em igualdade de condições e com
saberes diferentes, no processo de formação do futuro professor e, desta forma, o
92
19
A Educação Infantil atende a dois níveis de ensino, denominados como Etapa I (faixa etária de zero
a três anos) e Etapa II (faixa etária de quatro e cinco anos) em período parcial e integral. Nas escolas
de Etapa I, o atendimento é realizado em período integral e as divisões por idade são denominadas
de Berçário I, Berçário II e Maternal I. Nas escolas de Etapa II as divisões, também por idade, são
assim denominadas de Maternal II, Infantil I e Infantil II, sendo que em algumas unidades o Maternal I
é ofertado em período parcial.
94
diálogo com a equipe de gestão20 para saber em qual sala irá realizar o estágio,
(neste ano, diferente das experiências anteriores estabeleceu-se que cada professor
receberia apenas um estagiário em sua sala de aula)21; conhecer as dependências
da unidade escolar, assim como os recursos materiais que estarão disponíveis para
a realização das atividades; pegar o cronograma das atividades semanais e
agendar, com o professor-coordenador, dois horários de HTPI ( Horário de Trabalho
Pedagógico Individual) com o professor da sala em que o estágio será realizado, o
qual tem como objetivos: conhecer a professora; tomar ciência sobre os conteúdos e
projetos que estão ou que serão desenvolvidos durante o período em que estiver
estagiando na sala.
De posse desses dados, ocorre então, o encontro entre o aluno estagiário e
a professora que supervisiona o estágio. Neste encontro desenha-se a organização
do plano de trabalho, o qual será submetido à apreciação do professor-orientador
com o intuito de que o mesmo seja adequado às necessidades do grupo. Ao
promover o encontro entre professor supervisor – aluno estagiário – professor
orientador, para a elaboração e análise do plano de trabalho, estamos propiciando
um momento de reflexão sobre o fazer pedagógico, no qual todos os elementos
envolvidos necessariamente tem que tomar “distância do próprio trabalho, olhá-lo de
longe, percebê-lo sob a ótica de outras leituras” (FUSARI, 2007, p. 19) , o que sem
dúvida, implicará em um momento de avaliação sobre a organização da ação
pedagógica visando a formação do sujeito autônomo, crítico e transformador da
realidade em que vive.
As questões, oriundas desse encontro, são debatidas no curso oferecido aos
docentes e equipe gestora das escolas que recebem os estagiários, oportunizando,
desta forma, a discussão teórica; a troca de perspectivas e naturalmente
consolidando o diálogo. A inserção deste espaço significa uma ruptura com
parâmetro tradicional de estágio, enquanto um momento fim e contribui, de forma
significativa, segundo a nossa perspectiva, para a formação da identidade do
professor. Isto porque ao promover a reflexão sobre a prática, propiciamos a
oportunidade para que surjam os diferentes saberes e ao emergirem, os mesmos
são analisados à luz das teorias; o que caracteriza o estágio como um espaço de
20
A equipe de gestão deverá ainda agendar, já na primeira visita do estagiário a unidade educacional,
o dia do HTPC no qual os estagiários irão participar como aprendiz de professor.
21
Em anos anteriores, alguns professores receberão mais de um aluno por sala e isso, segundo a
fala dos professores, interferiu de forma negativa no andamento dos trabalhos com a classe. Os
alunos e os professores-orientadores ficavam por muitos períodos se adaptando a presença estranha
de um estagiário.
98
Estes encontros, por sua vez, se consolidam como o palco onde ocorrem os
desencontros e os conflitos, questões estas que , segundo nossa perspectiva, tem
um alto valor formativo, pois permite “maior aderência à realidade do professor e
maior atenção ao seu repertório de práticas em culturas escolares diversas, seja
para legitimá-lo, ressignificá-lo ou superá-lo”. (GATTI, 2009, p.203).
O segundo momento é a inserção do futuro docente no espaço de sala de
aula, espaço este em que permanecerá por duas semanas, quatro horas diárias,
totalizando quarenta horas de vivencia na Etapa I e quarenta horas de vivencia, na
Etapa II. Na primeira semana, o aluno estagiário atua de acordo com o planejamento
do docente, auxiliando no trabalho pedagógico e realizando, sob a orientação do
professor-orientador, uma das atividades programadas para o dia. “Esse primeiro
momento visa a adaptação das crianças diante do “sujeito estranho que adentra a
sala de aula”; do professor da sala diante da figura do sujeito que” invade o espaço”
e do estagiário, no sentido de que este deve adequar-se a rotina de trabalho. Na
segunda semana, a realização da ação pedagógica ocorre de acordo com o
planejamento do aluno-estagiário, em conjunto com o professor supervisor e o
professor-orientador do estágio, contemplando, desta forma, o plano de trabalho
previsto pelo professor da sala no que se refere aos objetivos, conteúdos e temas ou
projetos a serem desenvolvidos durante a permanência do estagiário 22.
Entendemos que ao propiciar a ação conjunta entre professor-orientador,
estagiário e professor-supervisor na elaboração e organização da ação didática
todos os envolvidos são convidados a trabalhar os objetivos, os conteúdos e as
atividades que permeiam o fazer docente, ao mesmo tempo em que atuam como
22
Durante essas quatro semanas de imersão no cotidiano pedagógico o aluno estagiário participa de
todos os momentos de capacitação em serviço ( HTPI , HTPC,) assim como das Reuniões de Pais e
da Reunião Pedagógica, se houver.
99
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
24
Centros Específicos de Formação de Professores.
105
25
Universidade Estadual Paulista.
107
docente universitário não pode justificar trabalho docente a partir das horas (e horas
e, e horas) empregadas na supervisão de estágios e/ou realização de projetos
colaborativos com escolas”. Esta situação lamentavelmente é vivenciada em nossa
instituição, sendo por isso alvo de lutas e disputas para garantir que o ECS seja
reconhecido como espaço privilegiado de formação, com status de disciplina como o
têm as de natureza teórica.
Como expressão da desvalorização do ECS na formação inicial no âmbito
institucional, temos o não reconhecimento deste campo privilegiado de produção de
conhecimentos. Não há para os professores responsáveis o reconhecimento integral
das horas dedicadas às disciplinas de estágio na constituição da jornada de trabalho
docente, considerando-se apenas 50% da carga horária total, havendo também
questionamentos sobre o ECS ser ou não “aula”26, obrigando o professor a se
dedicar a outras disciplinas “teóricas” que juntamente com as demais tarefas
cumpridas dificultam a supervisão dos alunos nas escolas. Desta forma, sem uma
supervisão realmente efetiva não conseguimos fortalecer a relação com as escolas
de educação básica, corresponsáveis pela formação docente. Outro agravante é o
número de alunos sob a responsabilidade de um único professor no ECS. Como é
possível supervisionar turmas de 40 ou 50 alunos que realizam estágios em escolas
e cidades diferentes?
Em vista das dificuldades enfrentadas institucionalmente é comum que o ECS
seja destinado a professores substitutos que eventualmente lecionam a disciplina ou
bolsistas que ainda estão cursando a pós-graduação. Assim, torna-se difícil fazer a
articulação com as demais disciplinas dos cursos ou melhorar a relação com as
escolas pertencentes às redes públicas de ensino, superando o aspecto meramente
burocrático dos convênios. Sem condições objetivas adequadas, o ECS como
disciplina integradora dos cursos se fragiliza e apresenta aspectos de precarização,
dos quais a rotatividade de professores é uma forte expressão.
Assim sendo, temos ainda uma intensa luta interna para que o estágio,
emprestando uma expressão de Dias-da-Silva (2005), deixe de ser tratado
institucionalmente como “perfumaria pedagógica”, ao passo que deve ser o eixo
estruturante do trabalho na formação de professores. É por meio do estágio que se
estabelecem e são fortalecidas as relações da universidade com a escola pública.
26
Em alguns casos recebemos questionamentos até mesmo sobre a necessidade de salas de aula para as
disciplinas de estágio, dada ainda uma visão de que ECS é mandar os alunos aleatoriamente para as escolas sem
ter espaços coletivos e/ou individuais de orientação e discussão.
108
27
Outra disciplina sob nossa responsabilidade intitula-se Coordenação Pedagógica, objeto de cursos de extensão
e do Programa Núcleos de Ensino. Temos investido muito no papel que o coordenador pedagógico pode
desempenhar junto aos alunos estagiários, realizando as pontes necessárias entre a Universidade e a escola de
educação básica.
110
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básica no Brasil: um panorama nacional. In: Reunião da Associação Nacional de
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curriculares. Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação Docente. Belo
Horizonte, v. 3, n. 5, p. 30-45, ago./dez. 2011.
112
Introdução
28
Departamento de Didática – Faculdade de Ciências e Letras - UNESP/Araraquara
29
Departamento de Didática – Faculdade de Ciências e Letras - UNESP/Araraquara
113
ênfase, o que demonstra pouca atenção ao aluno da licenciatura. Além disso, faltam
investigações sobre as articulações entre as disciplinas pedagógicas e específicas.
O que se observa dessa constatação é uma visão fragmentada dos cursos, pois o
todo de cada um deles se perde em particularidades e redundâncias. As pesquisas
também se relacionam a aspectos específicos, como uma disciplina, um curso ou
uma proposta de formação e as principais questões levantadas nesses trabalhos
são o currículo, a estrutura ou o funcionamento de um curso, o que nos leva a um
quadro fragmentado e parcial da formação docente.
Levando-se em consideração as questões anteriormente apontadas,
acreditamos que pesquisar a formação inicial e acompanhar o movimento que a
envolve torna-se importante para ampliar as reflexões sobre os cursos de formação
e as demandas da sociedade. Para tanto, o intuito do presente estudo é refletir
sobre como o curso de Licenciatura em Pedagogia da UNESP/ Araraquara está
estruturado a partir das atuais diretrizes para atender à formação de professores e
apontar para o impacto sofrido em relação à Educação Inclusiva. Estudar esse curso
pode trazer contribuições relevantes aos estudos da área, uma vez que, pela
característica da UNESP ter vários cursos de Pedagogia e em locais diferentes, esta
pode ser uma amostragem significativa dessa formação no estado de São Paulo.
O curso era estruturado com uma formação geral de 1.410 horas distribuídas
em 23 disciplinas obrigatórias e contava também com 6 disciplinas optativas
totalizando 300 horas. Era composto, ainda, com outras 11 disciplinas também
obrigatórias, porém voltadas para a formação para as séries iniciais (1360 horas),
em paralelo às outras 11 disciplinas do eixo da formação em educação especial
(1360 horas), acrescidas por 200 horas de atividades artístico-culturais. Dessa
forma, o curso da UNESP de Araraquara, anteriormente às Diretrizes para o Curso
de Pedagogia, contava com 3270 horas.
Essa estrutura perdurou até a aprovação das Diretrizes Curriculares
Nacionais, que reorganizou os cursos de graduação em Pedagogia. Com essas
alterações, a organização curricular do curso propôs uma formação de alto nível
qualitativo do pedagogo, como um profissional capaz de desempenhar a função
básica da docência nos anos iniciais do Ensino Fundamental e da Educação Infantil,
bem como um profissional capaz de compreender e atuar em unidades escolares,
exercendo funções ou desenvolvendo atividades próprias da coordenação de áreas,
temas ou projetos; gestão e planejamento de ações ou atividades e realizando
115
Pedagogia como focus principal para a formação do professor para atuar nessa
área.
Com a aprovação das novas Diretrizes Curriculares para os cursos de
Pedagogia, observa-se uma alteração significativa no oferecimento de disciplinas
voltadas para a formação de professores.
Em Araraquara, com a desativação do eixo em Educação Especial, o curso
passou a contar com apenas uma disciplina obrigatória e a possibilidade de realizar,
em um leque de três optativas, talvez outras relacionadas à educação especial ou
inclusiva. Essa situação permite concluir que no referido curso os alunos poderão
concluí-lo com apenas uma disciplina que enfoque a temática da educação especial
em suas formações.
C) Processo de Avaliação:
REFERÊNCIAS
Introdução
30
Pós-Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP
Campus de Assis. Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Maringá-UEM. Docente do
Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina.
31
Pós-Doutora e Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”- UNESP- Campus de Marilia. Docente do Departamento de Educação da Universidade
Estadual de Londrina.
32
Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP-
Campus de Marilia. Docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina.
33
Utilizaremos a palavra professor no feminino, já que a presença maciça de mulheres que optam
pela educação infantil é marcante no Brasil.
125
além de não especificarem o que seria essa qualidade, também não aponta ações
concretas para sua efetivação no contexto escolar.
É importante destacar que do ponto de vista prático a qualidade deve se
constituir como pano de fundo na ação dos professores, principalmente no trato com
as crianças e o “[...] respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas
nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas
etc.; direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento,
interação e comunicação infantil (BRASIL, 1998, v. 1, p.13).
A autonomia, a identidade e a competência, também estão ligadas no
processo de desenvolvimento da criança e na concepção de uma educação de
qualidade (ZABALZA, 1998). Assim, enquanto a identidade infantil só se concretiza
por meio do amadurecimento de uma autoimagem positiva e um sentimento de
confiança em si mesmo e nas próprias capacidades; as competências se tornam
possíveis a partir da construção da capacidade de interiorizar e utilizar os sistemas
simbólicos e culturais.
De modo geral, as crianças quando expostas a diferentes situações de
interação social têm seu universo de significados ampliado, sobretudo quando
participam em contextos coletivos que primam pela qualidade. Portanto, mesmo
antes de se expressarem por meio da linguagem verbal, elas são capazes de
interagir a partir de outras linguagens, seja a corporal, gestual, plástica, simbólica e
lúdica. Assim, a ênfase na apropriação de significados pelas crianças, na ampliação
progressiva de conhecimentos de modo contextualizado, com estratégias
apropriadas às diferentes fases do desenvolvimento infantil é condição básica para a
consolidação de padrões mínimos de qualidade (BRASIL, 2009).
A importância da participação dos professores nesse processo é primordial, já
que as crianças principalmente as pequenas, dependem dos adultos para sua
sobrevivência. Vale ressaltar que em função das novas exigências previstas na Lei,
faz-se necessário uma formação inicial sólida e constante atualização em serviço,
uma vez que a realidade aponta que ambas as formações, são variáveis que maior
impacto causa sobre a qualidade desse tipo de atendimento.
Campos, Rosemberg e Ferreira (1994) ao discutirem o cotidiano das escolas
infantis, ressaltam que o perfil da professora normalmente está relacionado aos
objetivos que se pretende alcançar junto à criança, pois, se a intenção é somente
cuidar, manter um lugar seguro e limpo, alimentar, dar banho e fazê-la dormir, a
pessoa deverá apresentar características para essa finalidade, ou seja, não precisa,
130
Considerações finais
O tempo de formação para a docência não deve ser quieto, passivo, nem
tarefeiro, mas um tempo de construção ativa, significativa e reflexiva onde se tece a
formação e sua práxis. Uma construção de conhecimentos como tarefa de cada
sujeito envolvido na educação na construção de si mesmo, de sua identidade e,
portanto, num processo que está constantemente sendo formado e se formando.
Uma tarefa que nunca deve ser solitária, mas construída pela coletividade. Um
tempo de construção, em que os professores irão construindo sua formação
coletivamente e assim, se construindo.
Concebido como espaço privilegiado de articulação entre teoria e prática o
estágio se torna um duplo desafio, já que por um lado, exige uma revisão do seu
formato, garantindo o tempo e as condições adequadas para o contato qualificado
dos estudantes com professores e escolas; por outro, interroga o grau de interação
existente entre as instituições formadoras e as instituições estagiadas, a capacidade
de diálogo entre saberes destas duas instituições e entre os profissionais que nelas
atuam.
Nesse contexto, a formação inicial deve garantir articulação e trabalho
coletivo entre os cursos de formação e as escolas infantis, por meio da elaboração e
implementação de propostas pedagógicas que possibilitem à criança a apropriação
do conhecimento, assim como o direito à brincadeira e a interação com os pares.
Para tanto, é fundamental a valorização dos professores e a participação dos
mesmos em programas de formação inicial e em exercício, atreladas à valorização
profissional.
135
REFERÊNCIAS