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O MÉTODO DE ENSINO EM CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA:

REFLEXÕES COMPARATIVAS A PARTIR DO MÉTODO PROBLEM BASED LEARNING EM SALA DE


AULA TRADICIONAL EM RELATOS DE ESTUDANTES

Eurípedes Martins da Silva Júnior1


Weimar Silva Castilho2
Rivadavia Porto Cavalcante3
Mary Lucia Gomes Silveira de Senna4

RESUMO

Este estudo tem por objetivo refletir sobre o método de ensino mobilizado na Educação
Profissional e Tecnológica de Nível Médio de uma escola técnica de educação profissional e
tecnológica na cidade de Gurupi-TO. A fundamentação teórica na aprendizagem por
descoberta de Jerome Bruner e na experiência educacional de John Dewey, além do aporte
teórico de estudiosos da ciência na educação. Trata-se de um estudo qualitativo com objetivo
exploratório com realização mediante pesquisa de campo e roda de conversa com estudantes.
O estudo foi realizado na disciplina de Desenvolvimento de projeto, unidade curricular
integrante do curso técnico em Administração conduzida por um questionário semiestruturado.
Buscou-se investigação da percepção dos estudantes sobre suas aprendizagens mediadas pelo
PBL Problem Based Learning em comparação com o método tradicional para a fixação de
conceitos. Os resultados obtidos em categorias de análise mostraram que as estratégias da
metodologia PBL potencializaram o ensino-aprendizagem dos alunos, promoveram sua
autonomia, estimulando a capacidade de autoformação, fomentada pela busca ativa de
informações (papel ativo do aluno).
Palavras-chave: Aprendizagem baseada em problemas; Educação Profissional Tecnológica;
Análise qualitativa comparativa; Ensino médio integrado; Administração

ABSTRACT

Keywords: Problem-based learning; Technological Professional Education; Comparative


qualitative analysis; Integrated secondary education; Administration

1
Mestrando do Programa de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica, Campus Palmas,
IFTO. E-mail: euripedes.junior@estudante.ifto.edu.br
2
Prof. Dr. do Programa de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica, Campus Palmas, IFTO.
. E-mail: riva@ifto.edu.br
3
Prof. Dr. do Programa de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica, Campus Palmas, IFTO.
. E-mail: weimar@ifto.edu.br
4
Profª. Drª. do Programa de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica, Campus Palmas,
IFTO. . E-mail: marysenna@ifto.edu.br
1. INTRODUÇÃO

A prática pedagógica tradicional foi uma das primeiras elementares metodologias do


Brasil. Ela se caracteriza por defender a formação intelectual e moral dos estudantes. No
entanto, ainda convive em um mesmo contexto escolar com outras práticas de inquietação
crítica dos conteúdos, embora que, análises contrárias ao papel inerte, com ação minimizada,
adotado pelo aluno, estejam há décadas em pauta, em um planejamento educacional pouco
favorável à execução de atividades que o auxiliem em caminhos futuros. Observa-se,
evidentemente um grande distanciamento entre o conteúdo que é estudado em sala de aula e o
que é vivenciado pelo aluno em sua realidade, gerando assim, grandes dificuldades em se
implementar um currículo interdisciplinar, acrescentando também a incoerência no lugar do
professor como provedor do conhecimento na escola tradicional em detrimento de aulas mais
participativas por parte dos alunos.
Para o autor Cury (2017), a referida escola, além de não conseguir realizar seu
desiderato de universalização, ainda teve de curvar-se ante o fato de que nem todos os bem-
sucedidos se ajustavam ao tipo de sociedade que se queria consolidar, tornando os conteúdos
que geralmente são abordados em sala de aula, alguns não são bem-sucedidos na execução
prática. Nesse panorama escolar, por sua vez, o professor acaba ficando refém de um currículo
fechado, conteudista, com horários pré-estabelecidos, o que ocasiona poucas oportunidades
para realizar um trabalho avesso à homogeneização do ensino e oposto à comunicação e
repetição de informações predefinidas. Situação esta, que vão em direção à ponderação e
reflexão sobre a distinção espontaneamente traçada nas raízes dos alunos nas escolas, mormente
das públicas, e ao caráter aberto do itinerário formativo e curricular, exigindo o pensamento
crítico-reflexivo praticado pelo sujeito dentro do processo e não apenas como quem o olha da
superfície, como mero observante.
Diante disso, compete à escola a responsabilidade de oportunizar, promover e atingir
essa educação transformadora utópica e tão sonhada pelos alunos, docentes e sociedade.
Embora muito se fale em métodos ativos e métodos tradicionais na educação básica com vista
a colocar o estudante na centralidade do processo da sua aprendizagem, cabe investigar como
ocorre a aprendizagem do estudante exposto a um método ativo dentro de um contexto de
ensino tradicional.
Com isso posto, o seguinte questionamento de pesquisa norteou para o problema desta
pesquisa: O que revelam estudantes da disciplina Desenvolvimento de projeto de um curso
Técnico de nível médio em Administração do IFTO/Campus Gurupi sobre suas aprendizagens
mediadas pelo PBL-Problem based learning?
Para dar respostas a esse questionamento do estudo realizou-se uma roda de conversa com
estudantes do curso em questão.
Método de Aprendizagem baseada em problemas/Problem based learning, no qual se
propõe a discutir em sala de aula, com os alunos e professores, problemas constituídos por
situações reais e do cotidiano, especificamente neste estudo de pesquisa, estes problemas
podem ser caracterizados por empresas que descreveram situações problemáticas reais,
proporcionando assim uma reflexão crítica pelo ensino-aprendizagem centrado na capacidade
do aluno em propostas para resolução de problemas, no qual o docente atua como mediador e
facilitador do processo de aprendizagem e os alunos são ativamente os protagonista do processo
de ensino-aprendizagem, articulando seus conhecimentos prévios com os de outros membros
do grupo.
De acordo com os autores Ribeiro e Mizukami (2004) e Melo (2013) na EPT Educação
profissional e Tecnológica de Nível Médio, portanto, vislumbra-se que o ensino-aprendizagem
juntamente com as estratégias do Método PBL em processos ativos, integrados, construtivos e
influenciados por fatores sociais e contextuais criam caminhos para o aluno participar do
processo ativamente e desenvolver sua reflexão crítica na solução de problemas.
Com base neste contexto, este estudo de pesquisa propôs analisar qual é o impacto na
aprendizagem do aluno, com o uso PBL na disciplina de desenvolvimento de projetos, no curso
Técnico em Administração, no âmbito da educação profissional e tecnológica? Buscando
respostas para uma análise qualitativa comparativa entre o Método PBL e o Método
Tradicional, a fim de estabelecer relações de causalidade e levantar as que resultam em bons
direcionamentos em potencializar o ensino-aprendizagem no ambiente estudado.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Um breve histórico e pressupostos teóricos da Aprendizagem baseada em problemas.

Em 1965, John Evans, que acabara de assumir reitoria da escola de medicina de


McMaster, na cidade de Hamilton, no Canadá, tinha o desejo de modificar a forma como a
medicina estava sendo formada, certo de que o desafio da novidade só poderia se tornar fato
em uma escola que não estivesse impregnada de tradições e método tradicionais de ensino. No
entanto, ele selecionou quatro jovens médicos que pactuaram de seu pensamento para formar o
Comitê de Educação da McMaster. Constituíram e ficaram conhecidos como os Cinco
Fundadores. A finalidade do Comitê era admitir que seus alunos de medicina contivessem
habilidades para resolver problemas e conectar, medir, explicar, avaliar e aplicar uma grande
quantidade de informações que trouxessem melhores respostas aos pacientes. Com base neste
cenário, até então inovador, saíram em busca de inspiração, visitando algumas escolas e um dos
modelos que mais os agradou foi o método de estudo de casos da Harvard Business School, nos
Estados Unidos, que envolvia pequenos grupos discutindo casos práticos. Ribeiro e Mizukami
(2004)
Em Harvard, as discussões dos casos ocorriam nos últimos períodos dos cursos, no
entanto as propostas educacionais eram diferentes. Quando os alunos já tinham conhecimento
de grande parte do conteúdo curricular da McMaster, o objetivo era desenvolver os conceitos
depois de os estudantes receberem uma situação problema de aprendizagem. A equipe que
concretizou o método da (PBL) na McMaster procurava transformações no processo ensino-
aprendizagem, mas sem nitidez de quais seriam elas, afirma Ribeiro e Mizukami (2004).
Entretanto, na década de 70 do séc. passado, a (ABP/PBL) foi introduzida na Universidade de
Maastricht, na Holanda, em Newcastle na Austrália e Harvard, nos Estados Unidos. No Brasil,
o método foi inserido na Escola de Saúde Pública do Ceará em 1993, na Faculdade de Medicina
de Marília (FAMEMA) em 1997 e no curso de Ciências Médicas da Universidade de Londrina
(UEL) em 1998. Com o sucesso nos resultados de níveis de aprendizado, a metodologia (PBL)
vem sendo empregada em diversas universidades do mundo e assim como no Brasil, não apenas
na área da saúde, mas também em outras áreas como engenharia, enfermagem, pedagogia e
também na administração, Ribeiro (2004).
A (PBL) tem como premissa fundamental o uso de problemas da vida real para estimular
o desenvolvimento conceitual, procedimental e atitudinal do discente. De acordo com o autor,
fazer uma reconstrução histórica de ideias que não acompanham uma cronologia concisa é um
experimento não imune ao risco de incorrer em incerteza e precisão, porém, as proposições
existentes apontam para Bruner e Dewey como a base intelectual para o PBL.

2.2 Contribuição da teoria da descoberta em Jerome Bruner

O escopo deste subtópico é dar ao leitor uma visão sintética das proposições de Jerome
Bruner, professor de Psicologia e Diretor do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade de
Harvard, quanto à natureza do desenvolvimento intelectual e quanto a uma teoria de ensino que
leve em conta este desenvolvimento. Bruner é talvez mais conhecido por ter dito que "é possível
ensinar qualquer assunto, de uma maneira honesta, a qualquer criança em qualquer estágio de
desenvolvimento" (1969, 73, 76), do que por qualquer outro aspecto de sua teoria. Ao proferir
isso, no entanto, ele não quis falar que o assunto poderia ser instruído em sua forma final, e sim
que seria sempre possível ensiná-lo, desde que se levasse em consideração as diferentes etapas
do desenvolvimento intelectual.

De acordo com Ribeiro (2004) a (PBL) de caráter metodológico é fundamentada por


Bruner, como a motivação que estimula o indivíduo a conhecer melhor o mundo. Baseado na
aprendizagem autônoma de Dewey com o uso de problemas que vem antes do conceito,
lembrando a importância de se aprender com eventos e situações reais do cotidiano. Jerome
Seymour Bruner, psicólogo americano, foi o principal defensor e proponente do modelo da
Aprendizagem pela Descoberta (APD), no qual consistia na utilização de problemas com
discussão em grupos para desenvolver habilidades e capacidades de raciocínio e motivar os
estudantes em aprender com situações da realidade, fazendo assim, com que o processo fosse
facilitado e assimilado com retenção da informação.

Bruner argumenta que as teorias psicológicas de aprendizagem e desenvolvimento são


descritivas, enquanto uma teoria de ensino vai de encontro a levar em conta tais teorias, deve
ser prescritiva. Deve principalmente concentrar-se em como otimizar a aprendizagem, facilitar
a transferência ou a recuperação de informações. Contudo, embora reconheça a grande
influência de fatores culturais, motivacionais e pessoais no desejo de aprender e de tentar
solucionar problemas, Bruner concentra sua atenção na predisposição para explorar
alternativas. Partindo da premissa que o estudo e a resolução de problemas baseiam-se na
exploração de alternativas, propõe que a instrução deverá facilitar e ordenar tal processo por
parte do aluno.

Para Bruner, o que é relevante em uma matéria de ensino é sua estrutura, suas ideias e
relações fundamentais. Essa seria, aparentemente, a principal ideia de Bruner a respeito do que
ensinar. Quanto à questão de como ensinar, Bruner destaca o processo da descoberta, através
da exploração de alternativas, e o currículo em espiral, De acordo Bruner, "o ambiente ou
conteúdos de ensino têm que ser percebidos pelo aprendiz em termos de problemas, relações e
lacunas que ele deve preencher, a fim de que a aprendizagem seja considerada significante e
relevante. Portanto, o ambiente para aprendizagem por descoberta deve proporcionar
alternativas resultando no aparecimento e percepção, pelo aprendiz, de relações e similaridades,
entre as ideias apresentadas, que não foram previamente reconhecidas

Com base nos estudos de Bruner (1976), o processo de aprendizagem dar-se-á em três estágios,
que ocorrem quase que ao mesmo tempo: 1- Obtenção de uma nova informação, confirmando
ou contestando a informação previamente estabelecida pelo discente; 2- Transformação da
informação adaptando-a a inovações e gerando novas ideias; 3- Avaliação da adaptação da
informação. É importante salientar que, para que os processos se desencadeiam, é preciso haver
vontade do em querer aprender, aprendizagem essa que pode ser movida pela curiosidade e
interesse pela descoberta. O fato de ser desafiado por um problema permite que o aluno busque
informações, as confronte e encontre novas informações, materializando a aprendizagem.
Os entendimentos de Bruner, segundo Penaforte (2001), podem ser estimadas precursoras
imediatas da ABP, todavia é imprescindível regressar no tempo para analisar a proposição
teórica do conhecimento de Dewey. Em continuidade ao histórico da APB nas primeiras
décadas do século XX, nascem na Europa propostas pedagógicas de um movimento renovador
experimentado pela Escola Nova. A base das propostas é um método educativo conduzido pela
satisfação em aprender o conteúdo de forma ativa, desenvolvendo os cargos morais e
intelectuais do indivíduo, descaracterizando o procedimento de ensino de evidenciar
estritamente memorístico, padrão que prevalecia naquele período Penaforte, (2001).
Ponderando as pressuposições da ABP, há uma lógica direta com os apontamentos de John
Dewey, em específico quanto ao pensamento reflexivo e ao método de averiguação. Contudo,
a situação-problema, que dá início ao processo, ocasiona uma situação próxima da realidade
que o aluno enfrentará em sua profissão, ou seja, sem resposta pronta, causando a dúvida que é
própria da experiência reflexiva. Para Dewey (1976), ao admitir ser próprio do ser-humano
refletir em termos de oposições extremas, de polos contrários, desconsiderando probabilidades
mediadoras, crítica ser histórica a ideia de que a educação se dá de dentro para fora e a formação
de fora para dentro, no qual, caracteriza de que a teoria é educação e a prática é formação.
Conforme o autor, não há uma dicotomia entre teoria e prática dado que a relação ensino-
aprendizagem se dá a partir da ação ativa do educando. Todo o ato de pensar é original e
beneficia a descoberta, criando prazer da produtividade intelectiva, diversamente do
armazenamento de elementos e informações transmitidas por terceiros. É imprescindível que
sejam proporcionadas condições que estimulem o pensamento para que o aprendizado ocorra.
(DEWEY, 1976).
Contudo, para Dewey, o conhecimento se inicia por um problema e se encerra com a resolução
dele, calhando por um método interrogativo e reflexivo, por meio de uma sequência ordenada
e contínua de ideias. O pensamento reflexivo se inicia com questionamentos, que ocasionam o
ato de pensar e se encerra com a prática de uma pesquisa, cujo objetivo é encontrar respostas
para as indagações. Neste contexto, o processo de investigação ocorre considerando os
seguintes passos: 1) Apresentação de um problema; 2) Identificação do problema; 3) Sugestão
de solução; 4) Experimentação; 5) Solução - Ideação. Ponderando as pressuposições da ABP,
existe uma conexão direta com os apontamentos de John Dewey, em especial quanto ao
pensamento reflexivo e ao processo de investigação.
Portanto, aprender qualquer coisa com o auxílio de um instrutor, desde que o ensino seja
eficiente, deverá implicar menos perigo ou sacrifício que fazê-lo por conta própria, ou seja, as
consequências dos erros, ao explorar falsas alternativas, devem ser abrandadas em um regime
de instrução, e os resultados a obter, nas alternativas corretas, correspondentemente
aumentados. Dar direção consciente à exploração baseia-se em duas considerações
interdependentes: o sentido da meta de uma tarefa e o conhecimento da importância de verificar
as alternativas para atingir tal meta. Para dar direção à exploração, em resumo, o objetivo da
tarefa precisa ser conhecido, com alguma aproximação, e a verificação das alternativas deverá
sempre informar a posição com referência ao citado objetivo. Bruner, portanto, enfatiza a
aprendizagem por descoberta, porém de uma maneira "dirigida", de modo que a exploração de
alternativas não seja caótica ou cause confusão e angústia no aluno. Se, por um lado, um guia
de laboratório ou um roteiro de estudo, por exemplo, não deve ser do tipo "receita de cozinha",
por outro, não devem também ser totalmente desestruturados deixando o aluno "perdido". Deve
haver um compromisso entre instruções detalhadas a serem seguidas passo a passo e
"instruções" que deixam o aluno sem saber o que fazer. As instruções devem ser dadas de modo
a explorar alternativas que levem à solução do problema ou à "descoberta". Como já foi dito,
para Bruner, "ensinar é, em síntese, um esforço para auxiliar ou adaptar o desenvolvimento".
Assim, o ensino deve ser planejado levando em conta o que se sabe sobre o desenvolvimento
intelectivo do aprendiz. No entanto, é essa ideia de ensinar de acordo com o nível de
desenvolvimento do estudante que leva Bruner a dizer que "há uma versão de cada
conhecimento ou técnica apropriada para ensinar a cada idade, por mais introdutória que seja"
(1969, p. 51). Ou, em outras palavras, que "toda ideia, problema ou conjunto de conhecimentos
pode ser suficientemente simples para ser abrangida por qualquer aluno, sob forma
reconhecível" (1969, p. 60).
Para os autores Sakai e Lima (1996), citado por Berbel (1998), a Aprendizagem Baseada
em Problemas (ABP) constitui-se como o eixo principal do aprendizado teórico do currículo de
algumas escolas, cuja filosofia pedagógica é o aprendizado centrado no aluno. É baseado no
estudo de problemas propostos com a finalidade de fazer com que o aluno estude determinados
conteúdo. Esta metodologia é formativa na medida em que estimula uma atitude ativa do aluno
em busca do conhecimento e não meramente informativa como é o caso da prática pedagógica
tradicional.
Vale ressaltar que esta metodologia pode ser aplicada a qualquer nível escolar, muito
embora tenha encontrado maior utilização no Ensino Superior, em especial nos cursos ligados
à área da Saúde. A metodologia PBL Problem Based Learning consiste em uma equipe de
especialistas responsáveis por elaborar problemas com objetivos específicos. Tais objetivos
estão diretamente relacionados aos temas/conteúdos pertencentes à organização curricular. De
forma que, pretende-se desenvolver os conteúdos previstos por meio de problemas elaborados.
Após o entendimento de como surgiu a PBL Problem Based Learning e seus pressupostos
teóricos, discutimos no próximo tópico os aspectos dessa metodologia relacionados com o
ensino tradicional baseado em conteúdo.

2.3 Do ensino tradicional baseado em conteúdos a aprendizagem baseada em problemas.

As metodologias tradicionais de ensino aprendizagem baseiam-se na em estratégias


educacionais pautadas na transmissão dos conhecimentos, de perspectiva behaviorista e situada
numa ação aprendizagem de forma extrínseca, ou seja, conduzida por um professor, no qual
pondera o aluno como um mero receptor passivo de informações inerentes ao currículo
profissional. Com base nos estudos de Howard Barrows (2008) é possível demonstrar que há
uma autoaprendizagem altamente ativa e eficiente por parte do aluno, aprendendo por si muito
mais do que o ensinado pelo professor, estes estudos colocaram em causa todas as anteriores
metodologias, criando-se novos modelos centrados nos processos intrínsecos de apreensão do
aluno.
Conforme elencado no capítulo anterior, o método PBL – Problem Based Learning, que
traduzida significa “Aprendizagem baseada em problemas”, surgiu na Universidade de
Maastricht em uma cidade universitária na extremidade sul dos Países Baixos na Holanda, e foi
vastamente difundida pela Universidade McMaster, que é uma universidade pública cujo
campus principal está localizado em Hamilton, Ontário, Canadá. O método PBL estabelece uma
estratégia pedagógica de pesquisa e de raciocínio processada pelo aluno, buscando por si a
resolução dos mais diversos problemas e situações problemáticas. O método de resolução de
problemas é um destes novos modelos, tendo como objetivo levar os alunos a pensarem por si,
a buscarem os conhecimentos que precisam para resolverem os seus próprios problemas, sem
que o professor lhes proporcione de modo direto. Desta forma o professor se torna o mediador
do processo de ensino e aprendizagem e o aluno o protagonista.
Na metodologia PBL o professor expõe um caso ou um problema para os alunos
estudarem e resolverem. Segundo os autores Howard Barrows (2008) discorrido no capítulo
anterior sobre o histórico e pressupostos teóricos da Aprendizagem baseada em problemas o
método PBL inicialmente foi processada nos cursos de medicina, estendendo a sua aplicação
nas mais variadas áreas e programas profissionais e académicos, recolhendo já mais de 40 anos
de experiência e de investigações. Por ser uma metodologia que desenvolve soluções de
problemas reais, o processo de aprendizagem é baseado em alguns critérios de mediação tais
como; interação entre a teoria e a prática e a mediação do significado, que o autor Ausubel
(1976), converge que quando alguém atribui significados a um conhecimento a partir da
interação com seus conhecimentos prévios, estabelece a aprendizagem significativa,
independentemente de esses significados serem aceitos no contexto do sujeito.
Aprofundada em conhecimentos abertos da educação superior, no qual é preciso
considerar que são exemplos a investigação, a valorização da autonomia do aluno e o
desenvolvimento de pensamento crítico, a ideia proposta por Leite e Esteves (2005) assenta no
princípio de que as ações realizadas a partir de argumentos em que se têm que resolver
problemas são mais efetivas na construção de novo conhecimento do que a simples aplicação a
novos casos, da informação previamente obtida de modo teórico tradicional. Nas escolas que
usam o método de ensino clássico, muitos alunos ao ganharem ou receberem a teoria acabam
apelando para o método tradicional de memorização, recusando o aprendizado como um
procedimento, e valorizando apenas o resultado. Na maioria das vezes, culminando em uma
avaliação sobre as temáticas elucidadas pelos autores Leite e Esteves (2005)
O método PBL apresenta seu enfoque no aluno, nas suas descobertas individuais e em
grupo, com pauta principal na compreensão, reflexão e crítica. O uso da problematização
elucida temáticas do desenho curricular, que são voltadas ao habitual, fato que cativa mais a
atenção dos estudantes e os faz compreender o conteúdo de maneira mais facilitada, enfatiza os
autores Souza; Dourado (2015). Assim como qualquer estratégia educacional, o método
ABP/PBL também possui etapas. Souza e Dourado (2015) o divide em quatro etapas. A
primeira etapa é a criação de um panorama para o problema, que atraia a atenção do aluno, por
meio de mídias e tecnologias que ilustram situações habituais.
A segunda fase é a de abranger o problema de maneira precedente. Já a terceira é a hora
de aprofundar mais o que se iniciou na fase dois e elaborar soluções em grupo para a questão-
problema. A última fase, em síntese, é a apresentação da proposta de cada grupo, mostrando
todos os procedimentos para se chegar na solução de forma coletiva. Além disso, todas as etapas
poderão utilizar tempo apurado e um planejamento prévio, a fim de dirigir o processo, tanto
para os professores, quanto para os alunos. É preciso levar em consideração que em um mundo
com crescente avanço tecnológico, devemos lembrar que a tecnologia muda o trabalho, muda
a comunicação, muda a vida cotidiana e o pensamento. Daí surgem novas necessidades de
repensar o modo de ensinar, aprender, viver uma profissão. Neste mundo de rápidas mudanças,
a metodologia PBL, caracterizada como uma filosofia curricular, pode ser considerada uma
solução de melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, funcionando como um
eixo do aprendizado teórico do currículo médico, integrando as disciplinas, a teoria e a prática.
Diante deste contexto, reunindo-se em grupos de trabalho, denominados mais adiante
na metodologia de grupos focais, os alunos procuram identificar o problema, que investigam,
debatem, interpretam, para produzirem soluções possíveis e alternativas, que depois
experimentam até descobrirem a melhor solução para o problema contextualizado. Deste modo,
os alunos que utilizaram a metodologia PBL desenvolvem, não só conhecimentos de apoio que
lhes aceitem pesquisar, perceber e expor criticamente a literatura existente sobre determinado
assunto, como também a capacidade para a comunicar a outros e a competência para resolver
os problemas com que se enfrentará ao longo da sua vida e trajetória profissional. Para
contextualizar as premissas desses dois métodos de ensino a figura 1 se refere a comparação
das aplicações das metodologias tradicionais baseadas em conteúdos e a metodologia da
aprendizagem baseada em problemas PBL.
Figura 1 – Contextualização – Método PBL x Tradicional
Fonte: Autor 2023
No método PBL, o conhecimento em organismo, em andamento, mescla conceitos,
habilidades e atitudes por meio de descobertas realizadas pelo aluno. Diante disto, os alunos
aprendem com a prática e assimilam melhor ao descobrirem por si mesmos. Para Ribeiro e
Mizukami (2004), de forma diferente dos métodos habituais, cuja exercício é a
transmissão/recepção de conhecimentos “imutáveis”, entregues acabados para simples
memorização, guarda e conservação, o que a pedagogia freiriana chamou de “educação
bancária” (Freire, 1996).
Segundo os autores Ribeiro e Mizukami (2004), a PBL busca a problematização e o
diálogo, com vistas à concepção do pensamento crucial, diferindo-se também de pedagogias
antagônicas à pedagogia clássica tradicional, como as escola novas, e outras qualificadas como
pedagogias do “aprender a aprender”, baseadas no construtivismo, mencionando também a
pedagogia das competências, a teoria do professor reflexivo e o multiculturalismo, a pedagogia
dos projetos que dizem respeito ao currículo regulado em princípios relativistas e não
universais. A tabela 1 descreve as principais diferenças entre os métodos abordados neste estudo
de pesquisa.

Tabela 1. Diferenças entre método PBL x Tradicional


PBL TRADICIONAL
Docente atua como mediador e facilitador do processo
de aprendizagem Docente é o centro e detentor do saber

Estimula a capacidade de autoformação, fomentada


pela busca ativa de informações (papel ativo do aluno) Aluno passivo ao conteúdo transmitido pelo professor

Tutoria com discussão e resolução de problemas,


integração de diferentes áreas do conhecimento e
aplicação do conhecimento adquirido em situações Disciplinas com aulas expositivas
reais

O estudante é estimulado a construir ativamente sua


aprendizagem, articulando seus conhecimentos prévios Informações limitados ao conhecimento individual
com os de outros membros do grupo adquirido durante o curso

Fornece condições de desenvolvimento do raciocínio


crítico, de habilidades de comunicação, de habilidades
técnicas, cognitivas e atitudinais aplicáveis tanto para o
cuidado dos pacientes, quanto para a manutenção e
entendimento da necessidade de estudar/aprender ao Acúmulo mecânico de informações propedêuticas
longo de toda a vida profissional antes da inserção dos futuros profissionais em
atividades da prática professional
Valoriza o processo de aprendizagem, o aprender a
aprender, motiva o estudo Valoriza a matéria ensinada
Avaliação progressiva da aprendizagem com intuito de
acompanhar o processo de conhecimento; uma
avaliação diagnóstica (antes), formativa (durante), Avaliação somativa
somativa (fim) contínua e efetiva, que não avalie
somente o estudante após as suas sessões tutorais
Fonte: Autor 2023. Adaptado a partir de Ribeiro e Mizukami (2004).

Essa comparação entre os métodos nos permite a reflexão de que o conhecimento


contextualizado estudado na escola, em aplicações teórico-práticas determinadas pelo
cotidiano, exige, nas pedagogias predominantes e tradicionais influenciadoras, a validação de
contextos específicos, precisos, práticos ou imersos no indeterminismo cultural dos conteúdos
curriculares; portanto, constitui-se dizer que em primeiro lugar aborda-se de um relativismo
epistemológico: o conhecimento consistir em sempre depender do ponto de referência espacial
e temporal a partir do qual o aluno procura abranger e compreender os fenômenos naturais e
sociais. Se o ato de apreciar depende inteiramente das particularidades do ponto de referência
no qual se situa o sujeito cognoscente e se é impossível colocar-se para além dessas
particularidades, então permaneceram fatalmente comprometidas a universalidade e a
objetividade do conhecimento. Em segundo lugar, trata-se de um relativismo cultural que
afirma o Ribeiro e Mizukami (2004).
No entanto, apesar dessas pedagogias combaterem algumas práticas tradicionais de
ensino, elas o fazem dentro de um pragmatismo induzido, sem criticidade; no qual, por este
motivo, impossibilitadas de transpor as condições impostas pela Educação e o método
tradicional. O PBL, entretanto, projeta mudanças quanto ao currículo, organização das aulas,
aos atores e ao uso de tecnologia (Melo, 2013), conforme indicado comparativamente ao
método tradicional na Tabela 2.

Tabela 2. Comparação entre o Método Tradicional e o Método PBL/ABP


Critério Método Tradicional Método PBL/ABP
Parte ativa do processo de ensino-aprendizagem
Papel do aluno Passivo/receptivo ao definir objetivos e meios para alcançá-los

Gerencia todo processo de


Aprendizagem Tutor/facilitador. Estimula aos alunos à reflexão,
Papel do professor
à pesquisa, ao diálogo e à interação

Aprendizado de disciplinas Aprendizado contextualizado, interdisciplinar e


isoladas na ótica do currículo problematizado. Uso da crítica com vista à
Objetivos educacionais
autonomia

Alunos organizados em equipes, que interagem


Sala organizada em fileiras, com
Organização dos alunos durante a atividade:
alunos apenas ouvintes
em aula pesquisam/dialogam/questionam

O problema é apresentado após


O problema é apresentado no início da exposição
a exposição da teoria. Em geral
O problema na para dar suporte à teoria. É contextualizado à
é teórico e revisa o conteúdo
aprendizagem realidade; revisa e gera novos conhecimentos

É processual: uso de análise crítica do conteúdo,


É somativa: apura a
Avaliação trabalhos em grupo, relatórios parciais e finais,
memorização do conteúdo em
autoavaliação etc.
testes de múltipla escolha,
verdadeiro/falso etc.
Encerramento das Entrega do relatório das atividades, discussão dos
A critério do professor
atividades resultados e apresentação da teoria
Fonte: Autor 2023. Adaptado a partir de Ribeiro e Mizukami (2004).

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Compõe-se a metodologia deste estudo de pesquisa e investigação, os procedimentos


técnicos e científicos da pesquisa de campo na coleta de dados, a partir da aplicação do método
denominado roda de conversa com os estudantes, participantes da pesquisa sobre a comparação
das metodologias citadas neste trabalho. Tendo como tema de pesquisa: Qual é o impacto do
uso da metodologia PBL na educação profissional e tecnológica em comparação com
abordagens de ensino tradicional? Questão essa, no qual foi desenvolvida a pesquisa com 8
(oito) alunos. No entanto, os fins deste trabalho priorizou-se o aprofundamento analítico do
estudo de uma amostra das percepções extraídas dos relatos de 3 (Três) alunos do que
estudaram o curso Técnico em Administração no ano de 2023, especificamente na Unidade
curricular de Desenvolvimento de projetos, ministrada com embasamento na metodologia PBL
em uma escola técnica profissionalizante em uma escola Técnica Profissionalizante localizada
na região sul do estado do Tocantins.
Foi aplicado um roteiro de perguntas previamente estabelecidas. Contudo, os estudantes
não precisam segui-las rigorosamente. O roteiro da entrevista foi semelhante ao contexto
informal de uma conversa, onde buscou-se uma análise sob a perspectiva dos alunos das
principais diferenças, vantagens e desvantagens, o que mais contribuiu para a aprendizagem e
o que mais os alunos avançaram no processo de aprendizagem com o método PBL.
As questões para a coleta de dados foram categorizadas, para análise da percepção dos
alunos quanto ao método abordado.
Durante a roda de conversa com os estudantes participantes deste estudo, foram realizados
questionamentos que pudessem estimular os alunos a relatarem suas percepções sobre o estudo
em questão.
1) O primeiro contato com a metodologia PBL foi desafiador?
2) A metodologia PBL estimula o pensamento crítico?
3) O que você entende como o aluno sendo protagonista?
4) Qual é a palavra que melhor designa a aprendizagem baseada em problemas?
5) Quais as vantagens e desvantagens de aprender com método PBL?
6) Qual é a principal diferença entre o método PBL e o método tradicional no processo de ensino
aprendizagem?
Nesta pesquisa foram necessários extrair dados importantes de análise comparativa para
que se pudesse chegar a conclusões para responder à questão diagnóstica deste estudo de
investigação, que busca respostas para uma análise qualitativa comparativa entre o Método PBL
e o Método Tradicional, sob a perspectiva do aluno, a fim de estabelecer relações de causalidade
e levantar as que resultam em bons direcionamentos em potencializar o ensino-aprendizagem
no ambiente estudado. Portanto, duas questões foram realizadas para analisar busca de
respostas para o objetivo geral, que é fornecer uma compreensão abrangente e aprofundada dos
efeitos da PBL na aprendizagem do aluno, no contexto da educação profissional de nível técnico
profissionalizante, especificamente no curso técnico em Administração na Unidade Curricular
de desenvolvimento de projetos. Com isso, buscar contribuir para o aprimoramento das práticas
de ensino e da qualidade da educação profissional e tecnológica.
Questões norteadoras:
1. O que você mais aprendeu,na disciplina (Unidade Curricular) de desenvolvimento de
projetos no curso técnico em administração, conduzida pela metodologia PBL ?
2. Você poderia mencionar em que você considera ter mais avançado na aprendizagem
com esta metodologia (PBL)?
O presente estudo de pesquisa, utilizou a pesquisa qualitativa como em uma abordagem
que se concentra na compreensão profunda e na interpretação de tendências sociais. Segundo
Creswell e Poth (2017), “a pesquisa qualitativa é usada para explorar e compreender os
significados das experiências humanas”. Essa abordagem permite aos pesquisadores
investigarem características complexas e contextuais, frequentemente por meio de métodos
como entrevistas abertas, observação participante e análise de dados narrativos.
Um dos principais objetivos da pesquisa qualitativa é obter insights detalhados sobre as
experiências, percepções e comportamentos dos participantes. Como Denzin e Lincoln (2018)
afirmam, “a pesquisa qualitativa visa descrever e interpretar as complexidades da vida humana”
(Denzin & Lincoln, 2018).
Além disso, uma pesquisa qualitativa permite uma abordagem flexível e adaptativa,
permitindo que os pesquisadores explorem o fundo das questões de pesquisa em seu contexto
natural. Como Patton (2002) ressalta, “uma pesquisa qualitativa é especialmente útil quando se
deseja entender como as pessoas experienciam e dão sentido às características em seu ambiente
natural” (Patton, 2002).
E como instrumento da coleta de dados da pesquisa, utilizou-se da técnica de roda de
conversa que é uma metodologia de pesquisa qualitativa que envolve a realização de
descobertas abertas e colaborativas com um grupo de participantes. Embora essa abordagem
seja mais comumente associada à pedagogia e à educação popular, ela também pode ser
aplicada em contextos de pesquisa para explorar temas, coletar informações qualitativas e
promover a interação entre os participantes, no qual este é o objetivo desta pesquisa.
Quanto a aplicação da metodologia baseado na Roda de conversa neste presente estudo,
seguiu conforme sequência didática abaixo:
Objetivo da Roda de Conversa: Determinar o objetivo específico da roda de conversa em
relação ao seu estudo. Buscar explorar as percepções dos alunos sobre a integração do ensino
médio com o curso técnico em Administração;
Seleção dos participantes: Escolha da amostra representativa de alunos estudantes para
participar da roda de conversa. Verificar e explicar o propósito da pesquisa.
Roteiro de discussão: Preparação de um roteiro de discussão com tópicos ou perguntas
relevantes ao seu estudo para direcionar a conversa e garantir que os postos-chave sejam
abordados. Baseadas na questão de pesquisa e temáticas de comparações entre os métodos;
Realização de uma roda de conversa: Conduzir uma roda de conversa em um ambiente
adequado, como uma sala de aula. Explicar o formato da roda de conversa, incentivar a
participação ativa e garantir que todos tenham a oportunidade de falar;
Facilitar a discussão: Como facilitador, e pesquisador a função é guiar a conversa, manter o
foco nos tópicos relevantes e criar um ambiente de diálogo de respeito;
Registrar uma conversa: Gravar o debate e discussão e faça anotações elaboradas durante
uma roda de conversa para registrar as percepções e opiniões dos participantes;
Analisar os dados: Transcrever as gravações ou organizar suas anotações e analise os dados
qualitativos para identificar padrões, temas e insights relacionados ao estudo.
Relacionar os resultados: Em seu estudo, incluindo uma seção que descreva os resultados da
roda de conversa, destacando as percepções e opiniões dos participantes em relação à integração
do ensino médio com o curso técnico em Administração.
Como instrumento de pesquisa, o questionário é amplamente utilizado em pesquisas e
é definido como um conjunto de questões sistematicamente articuladas que se destinam a
levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a
opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo (Creswell, 2014).
Cervo e Bervian (2002, p. 48) explica que a entrevista é uma forma de obter respostas
às questões por meio de uma formulação que o próprio informante preenche, podendo conter
perguntas abertas e/ou fechadas. Enquanto as perguntas abertas possibilitam respostas mais
ricas e elaboradas, as fechadas oferecem maior facilidade na tabulação e análise dos dados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O quadro a seguir relaciona as questões de pesquisa com a percepção dos estudantes


participantes da roda de conversa sobre suas aprendizagens nas atividades realizadas com o
PBL. A síntese de cada resposta contém palavras-chave, ideia central e o que possibilitou o
aprendizado para os estudantes.

Quadro 1 - Análises Impactos e efetividade na aprendizagem do estudante

Temática Palavras-Chave (aluno) Síntese- Percepção (aluno)


Estudante A Estudante A
Colaboração, resolução de As atividades possibilitaram
problemas, engajamento. que eu pudesse desenvolver
e aprender uma abordagem
colaborativa de
aprendizagem, me incentivou
na resolução de problemas de
maneira prática.

Estudante B Estudante B
Autonomia, aplicação prática, Me permitiu maior
aprendizagem significativa. autonomia aos alunos, ou
seja, oferecendo
oportunidades para aplicar o
conhecimento na prática,
Temática – Efetividade resultando em uma
na Aprendizagem aprendizagem mais
Na sua percepção, qual é o significativa para a carreira
impacto efetivo com profissional.
método (PBL) no processo Estudante C percebo que eu desenvolvi
educativo? Pensamento crítico, mais o modo de pensar
habilidades interpessoais, crítico, promoveu o
motivação. aprimoramento das
habilidades interpessoais
entre os alunos e aumentou a
motivação para aprender
através da resolução de
problemas reais, pois foi uma
situação desafiadora.

Temática Palavras-Chave (aluno) Síntese- Percepção (aluno)


Estudante A Estudante A
Desafio, técnica, projeto real, ajudou no meu aprendizado
interpretação, ambiente, sobre técnicas, enfrentamento
significado, dificuldades de problemas reais e a
superadas, interação com importância de pensar e
alunos e professor. soluções que vão de encontro
com benefícios para
sociedade através do contexto
do problema estudado.
Estudante B Estudante B
Competência, autonomia, me possibilitou o
proatividade, gratificação, desenvolvimento de
aprendizagem ativa, competências ao trabalhar os
expressão, tomada de limites pessoais, incentivando
decisão, comunicação, a autonomia e a capacidade
leitura, pesquisa, de resolver problemas de
contextualização, forma proativa, e incentivou
apresentação, habilidades na melhoria dos processos.
comunicativas, Comparando com o método
tradicional, ela enfatiza a
preferência por aprender ao
Temática – Impacto na invés de simplesmente
Aprendizagem decorar informações
O que você mais aprendeu, extensas, e destaca a
nas atividades conduzidas metodologia PBL como uma
com o PBL, na disciplina experiência mais interativa e
de desenvolvimento de colaborativa, permitindo-lhe
projetos no curso Técnico expressar-se melhor e com
em administração? mais facilidade, além de
desenvolver decisões.
Destaca que a o ato de
pesquisar é fundamental
nessa metodologia.

Estudante C Estudante C
Desafio, superação de limites, me ajudou no
descoberta, esforço, desenvolvimento de meus
perseverança, possibilidades, projetos desafiou seus limites
transformação pessoal. e o incentivou a superar
obstáculos. Ela ressalta a
importância de descobrir
novos caminhos,
compreendendo que, com
esforço e perseverança, tudo
se torna possível. A
experiência com essa
metodologia se transformou
significativamente, fazendo-a
sentir uma pessoa
completamente diferente,
proporcionando uma
mudança positiva em sua
vida e uma maior disposição
para enfrentar desafios.
Temática Palavras-Chave (aluno) Síntese- Percepção (aluno)
Estudante A Estudante A
Identificação, interpretação, Me ajudou a considerar a
leitura cuidadosa, abordagem importância da identificação
estruturada, compreensão e interpretação cuidadosa dos
detalhada. problemas apresentados. Ela
enfatiza a necessidade de
evitar uma leitura superficial
e rápida, priorizando a
compreensão detalhada para
lidar eficazmente com os
desafios propostos. A aluna
Temática – Impacto na valoriza a abordagem
Aprendizagem estruturada, ou seja, é preciso
Você poderia mencionar fazer uma análise da situação
em que você considera ter de forma geral e compara a
mais avançado na aplicação da metodologia
aprendizagem com esta PBL, como um fluxograma,
metodologia (PBL)? enfatizando a importância de
seguir cada etapa para lidar
corretamente com os
problemas, o que facilita sua
aprendizagem durante os
projetos.

Estudante B Estudante B percebo que tive


Comunicação, análise, a melhoria significativa na
desenvolvimento de projetos, minha comunicação e na
habilidades interpessoais, compreensão das pessoas e
aprendizado com as problemas de forma mais
diferenças, resolução de abrangente. Avancei no
problemas, disciplina, desenvolvimento de projetos
estímulo ao raciocínio, e no entendimento de que
leitura, trabalho em equipe, lidar com problemas
transformação pessoal. empresariais não se resume
apenas ao planejamento, mas
também envolve interações
humanas e escuta ativa.
Adquiri mais segurança na
resolução de problemas em
empresa, responsabilidade,
disciplina, raciocínio, hábitos
de leitura e facilidade para
trabalhar em equipe.
Estudante C Estudante C
Criatividade, renovação, foi fundamental para minha
esperança, expectativas, formação. antes não sabia
superação de desafios, lidar com situações
persistência, luta, pesquisa, problemas. No entanto, após
objetivo. me envolver com essa
metodologia, me senti pronta
para enfrentar e superar
desafios. A experiência me
incentivou a persistir,
pesquisando e lutando por
seus objetivos, possibilitando
sua evolução pessoal e uma
nova perspectiva em relação
a capacidade de buscar
conhecimentos que não tinha.

Tendo por base o quadro de análises, e os enunciados categorizados, oriundos das


percepções dos alunos participantes deste estudo, observa-se que através da experimentação
metodológica conduzida pelo PBL abriu possibilidades para uma aprendizagem ativa dos
estudantes.
O conceito de experiência e conhecimento do autor Jerome Bruner (1973), pode estar
relacionado às respostas anteriores sobre o impacto do método PBL no processo educativo.
Jerome Bruner destacou a importância da experiência como um componente fundamental no
processo de construção do conhecimento. Ele argumentou que os seres humanos não apenas
recebiam informações passivamente, mas construíam seu conhecimento por meio da interação
com o ambiente e com os outros. Ao analisar as respostas anteriores em relação ao método PBL,
é possível perceber uma conexão com o conceito de Bruner.
O PBL, ao envolver os alunos em projetos práticos, desafia-os a resolver problemas
reais, permitindo-lhes adquirir conhecimento através da experiência ativa. As respostas
ressaltam a importância da colaboração, autonomia, aplicação prática, desenvolvimento de
habilidades interpessoais e motivação dos alunos. Nesse sentido, o método PBL se alinha com
a abordagem de Bruner, pois oferece oportunidades para os alunos construírem seu
conhecimento por meio da experiência prática, engajamento ativo na resolução de problemas e
interação com o conteúdo educativo.
Para Paulo Freire, um pedagogo renomado, e conhecido por sua ênfase no diálogo como
uma ferramenta fundamental para a educação. Ele descreve o diálogo como um processo de
troca de ideias e conhecimento entre os participantes. Em sua obra “Pedagogia do Oprimido”,
Freire afirma: “O diálogo é a essência da educação como prática da liberdade” (Freire, 1987).
Isso destaca a importância do diálogo colaborativo na construção do conhecimento.
Outro autor relevante é Mikhail Bakhtin, um teórico da linguagem e da comunicação. Ele
enfatiza a natureza dialógica da linguagem e a importância do diálogo na construção do
significado. Bakhtin observa que "a palavra vive, por assim dizer, no espaço entre os
interlocutores" enfatizando como o significado é construído na interação.
Em vez de apenas absorver informações, os alunos estão imersos em situações reais que
os desafiam a pensar criticamente, colaboram e aplicam o conhecimento de maneira
significativa, refletindo a perspectiva de Bruner sobre a importância da experiência na formação
do conhecimento.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados da pesquisa deste estudo investigativo, que tem como questão
de pesquisa O que revelam estudantes da disciplina Desenvolvimento de projeto de um curso
Técnico de nível médio em Administração do IFTO/Campus Gurupi sobre suas aprendizagens
mediadas pelo PBL-Problem based learning? evidencia-se como uma abordagem pedagógica
que se alinha com a perspectiva de Jerome Bruner sobre a construção do conhecimento através
da experiência ativa. As respostas dos estudantes pesquisados destacam o impacto positivo do
PBL no processo educativo, evidenciando aspectos como colaboração, autonomia, aplicação
prática, desenvolvimento de habilidades interpessoais e motivação para a aprendizagem.
Através do PBL, os alunos são desafiados a resolver problemas reais, colaboram em
projetos práticos e aplicam o conhecimento de maneira significativa. Essa abordagem
pedagógica promove uma educação mais centrada no aluno, permitindo que eles construam seu
conhecimento ativo por meio da experiência e da interação com o conteúdo educativo.
Uma análise geral das respostas dos alunos em relação ao PBL demonstra que essa
metodologia não apenas fornece uma aprendizagem mais significativa, mas também estimula o
pensamento crítico, a capacidade de resolução de problemas e o desenvolvimento de
habilidades essenciais para a vida pessoal e profissional.
Portanto, as considerações finais apontam para a relevância do método PBL na
promoção de uma educação mais dinâmica, participativa e orientada para a construção ativa do
conhecimento, alinhando-se com os ideais de Jerome Bruner sobre a importância da experiência
na formação do conhecimento dos alunos.
A aplicação da roda de conversa permitiu que se obtenha informações valiosas
diretamente dos alunos, o que pode enriquecer a compreensão do estudo sobre a integração
educacional. Além disso, esta abordagem promove o diálogo e a construção colaborativa do
conhecimento, alinhando-se com as ideias de Freire e Bakhtin sobre a importância do diálogo
na educação e na pesquisa.

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