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É sabido, de Bazin, que considerava a nova forma de “decupagem” que

associa a profundidade de campo e o plano-seqüência como mais “carregada


de sentido” (Bazin, 1991a:53) ou potencialmente aberta a “ambiguidade” (como
no comentário presente em Bazin, 1991b: 77) do que os filmes que faziam do
que ele denominava “ montagem de atrações” um elemento mais decisivo.
Qual o argumento que ele empreende para chegar a tal conclusão?

André Bazin, crítico de cinema, co-fundador da Cahiers e militante dos cineclubes, será o guia
dos jovens da Nouvelle Vague. Em seu artigo nomeado "O que é cinema?", o crítico analisa as
mudanças da modernidade no cinema e questiona a possibilidade desta forma de expressão se
constituir uma arte. De acordo com ele, até meados dos anos 50 o cinema era visto como uma
matéria técnica e os cineastas como operadores. Portanto, ele se incumbe da tarefa de o
legitimar intelectualmente chamando a atenção para sua linguagem própria e modo de escrita
novo. Na sua tese, os cineastas passam a serem artistas, merecendo uma leitura séria como
outros artistas. A Nouvelle Vague combina o paradoxo do realismo de Bazin e a montagem
clássica hollywoodiana.

Bazin defende um cinema realista como a dinamização da essência fotográfica, mas que, além
de captar a imagem, capta também a duração dos eventos. Para isso, enfatiza que, quanto
menos montagem em uma obra cinematográfica, melhor, pois a manipulação de imagem
diminui o impacto da obra. Assim, o cinema deve explorar a imagem em si e permitir ao
espectador liberdade em relação ao que está vendo, produzindo a riqueza da ambigüidade. O
crítico defende o plano seqüência e poucos enquadramentos, almejando a menor intervenção
artística possível. A mise-en-scène, conceito militante do movimento, é a capacidade de dispor
todos os recursos e elementos que o cinema oferece para transmitir a mensagem sem focar
em seu discurso, mas na riqueza da apreensão natural da realidade.
1954: a “política do
autor” exerceu tremenda
influência na crítica de cinema
daquele período e mudou (para
sempre!) a forma como o diretor
se relacionava com a produção,
dando-lhe muito mais poder real
críticos da Cahiers du Cinema

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