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enquanto tal.
Estudou direito mas logo se interessou apaixonadamente por poesia e dedicou todo o seu tempo,
desde então, a isso, tornando-se um dos fundadores do OPOJAZ, que foi uma organização
responsável pelo desenvolvimento do Formalismo Russo e Critica Literária. Escreveu um dos
primeiros importantes estudos formalistas de sons na poesia, “Repetições do som, 1917”, pois tanto
na poesia como nos sons, o ritmo e a repetição sonora são uns dos elementos que unem estas duas
matérias.
Brik também era interessado por fotografia e cinema e a sua paixão por um abrangente leque
artístico levou-o a integrar-se, em 1918, na IZO Narkompros, traduzido Departamento de Belas Artes
do Comissariado do Povo para a Educação, estabelecido após a tomada do poder bolchevique na
Rússia em 1917. Foi um departamento soviético que administrava a educação pública e a maior
parte das matérias relativas à cultura. Os membros investiam em recuperar posições perdidas dos
pintores e tentavam apaziguar a rivalidade existente entre pintores e fotógrafos, que durava já quase
uma centena. A razão deste movimento surgiu pela necessidade de um registo visual da nova vida e
dos novos tempos; os pintores teriam desistido do seu ofício e linguagem formal das suas obras
porque ninguém investia neles; outra razão foi a escassa instrução da cultura artística nas pessoas,
pois a maioria das que compravam obras eram pouco cultas sobre o assunto e não sabiam
diferenciar, por exemplo, a reprodução exata de um objeto e uma aproximação, como a fotografia e
pintura. Este aspecto é referido no texto que escolhi e que vou falar a seguir.
TEXTO:
No texto, começa por afirmar que a fotografia passava a perna à pintura, mas a pintura persistia em
não perder o seu valor e lugar no quotidiano, então gerou-se uma rivalidade entre estas duas formas
de expressão.
Com o tempo, a pintura reinventou-se e desenvecilhou-se por novos caminhos, assim teve de ser
para sobreviver. Tanto a pintura como a fotografia, tinham o objetivo de representar um objeto, de
mostrar algo reproduzido, mas o que tanto as diferenciava e diferencia, é a sua metodologia e
execução. A fotografia é mais precisa, rápida e barata, a pintura é menos precisa, mais demorada e
mais cara. E estes fatores da fotografia, mais favoráveis às pessoas, foram uma grande ameaça para
os pintores.
Mas no contexto em que Osip Brik escreve, ou seja, quando a fotografia a cores ainda não era algo
comum, a pintura tinha ainda a vantagem de ser colorida, e as cores despertam sensações. Porém, a
sua precisão não é tão viável como a fotografia.
A pintura tenta reproduzir os objetos presentes na Natureza, mas não é possivel colocar todos os
aspectos desses objetos numa pintura, como a cor e a forma, podem aproximar-se mas fatores como
a luz que cria ilusão ótica não permitindo igualar as cores de uma pintura com as da realidade. E
como Brik escreve, a fotografia mesmo sendo incolor, ser a preto e branco, é mais fiel à realidade
porque não falsifica um objeto atribuindo-lhe uma cor não correspondente do real e a forma do objeto
representado corresponde à realidade.
Sendo Formalista e partindo dos seus fundamentos, assume esta situação como uma vantagem,
tanto a subjetividade do autor quanto a sua relação com o mundo exterior não importavam na
análise, e reparem que estes são aspectos tratados na pintura. O que realmente interessa aos
Formalistas são os elementos que compõem a obra, as formas são o que importa e não o conteúdo.
A tarefa dos pintores era trabalhosa e sabiam eles que representar fielmente a Natureza não era fácil
então argumentavam que na pintura o objetivo final não era a precisão, mas de certa forma recriar os
objetos de acordo com as leis puramente pictóricas, muitas vezes elas subjetivas. A Natureza era
apenas uma base para as ideias que seriam pintadas futuramente de forma pessoal de cada pintor, e
era ele que tinha o direito de alterar o que observava na natureza, era fundamentalmente o seu
dever, pois seria insensato da sua parte representar a Natureza de forma real, estariam a reproduzir
algo sem “aura”, assim deveriam recriar de uma maneira pictórica, de forma a envolver o espectador
com emoções. Mesmo que vários pintores representassem o mesmo objeto, nenhum deles seriam
igualmente comparados. Estas ideias são bases teóricas do século XIX como nos movimentos
cubismo e impressionismo.
Esta oposição dos pintores sobre a ideia de reprodução da Natureza, fez criar-se um muro entre a
pintura e a fotografia.
A fotografia é diferente, pois podemos tirar as fotos que quisermos ao objeto que o resultado será
sempre exato, se a fotografia for bem executada.
Resumindo esta diferenciação, o fotógrafo capturava a vida e o pintor “fazia fotos”, a fotografia não
tinha cor mas é fiel à forma do objeto, a pintura tinha cor mas não era exata ao objeto, nem na cor
nem na forma, mesmo que por mais parecido se aproximasse dele.
Para este aspecto, Brik destaca o artista Alexander Rodchenko, explica que o seu objetivo foi afastar-
se dos princípios da composição pictórica nas fotografias e encontrar novas leis fotográficas, para a
sua composição e execução. Este artista antes de se dedicar à fotografia, foi pintor e artista plástico
russo, e na sua vida enquanto fotógrafo foi muito experimental, para encontrar as tais novas leis
dentro deste contexto.
Como conclusão, a fotografia é um assunto de grande relevância artística. Tal como a pintura, a
fotografia também é igualmente uma arte, não é só um simples artesanato como pensavam os
fotógrafos que se sentiam insaciados ao se compararem com os pintores. Apenas estavam focados
em se aproximarem do que é pictórico e improvisarem ao invés de evoluir a fotografia e encontrar
novas “regras” e formas artísticas e compositoras de poderem emergir e respirar de modo mais
independente. Pondo de parte o tratamento pictórico e então representarem artisticamente a vida.
Resumindo, na visão de Brik, a pintura era uma arte sem referência que deformava a vida no
interesse de princípios estéticos. E para colocar um fim nesses princípios, colocou-se no lugar de
Henri Bergson e absorveu os princípios da sua filosofia com a crítica da razão abstrata: a fotografia é
vista como capaz de criar representações estáticas e isoladas do mundo vivo e ininterrupto. No
entanto, Brik inverte a concepção de Bergson: para ele, a fotografia mecânica é que se revela capaz
de uma percepção orgânica e viva da realidade, enquanto a pintura é que se torna a expressão da
razão abstrata, que é mais intuitiva e subjetiva, não corresponde exatamente à realidade, à Natureza.
O que verdadeiramente era capaz de captar a vida, era a fotografia. Esta reflete o mundo em
constante mudança, incorporando uma visão autenticamente artística da realidade em curso, e uma
simples reprodução fotográfica da realidade pode ser inesperadamente entendida como o olhar de
um artista autêntico, como percepção maximamente individual e imediata, tirando a máscara de
representações estéticas estagnadas, como na pintura.
Brik refere no texto que a rivalidade entre pintura e fotografia foi uma batalha que durava há já cem
anos desde a prática da fotografia, e só terminaria quando esta roubasse os holofotes à pintura. Esta
afirmação transparece o seu carácter Formalista, porque parece que está a suportar e a dar mais
relevância à fotografia, uma expressão exata da realidade em relação à pintura, que é intuitiva e
menos exata. E como já foi antes explícito, tanto a subjetividade do autor quanto a sua relação com o
mundo exterior não importavam na análise. O que realmente interessa aos formalistas são os
elementos que compõem a obra, as formas são o que importa e não o conteúdo.
Após a ascensão de Stalin ao poder, o regime comunista encorajou os métodos de realismo
exclusivamente socialista e iniciou uma campanha para acabar com toda a cultura que o Partido
Comunista considerava perigosa. A maioria dos artistas e pensadores da vanguarda foram
perseguidos e Brik foi um deles. Morreu a 22 de fevereiro de 1945, aos 57 anos, de um ataque
cardíaco enquanto subia as escadas para seu apartamento em Moscou.