O impressionismo foi o movimento artístico que resguardou
a chamada "Belle Époque" no solo europeu, marcado pela valorização da luz e cor e por uma ótica mais realista de paisagens cotidianas. Essa forma de produção artística acompanhou, portanto, o surgimento da fotografia como instrumento de reprodução técnica, uma vez que não se era possível até então reproduzir uma obra arte de forma tão fiel. O processo de desenvolvimento nas áreas da ótica, física e fotografia do período possibilitaram que o impressionismo se tornasse uma tendência artística capaz de retratar a realidade de forma inigualável até aquele momento, tornando-o, consequentemente, a técnica ideal para as representações desenvolvidas naquele período, como releituras e fotografias, visto que até então somente obras originais eram contempladas. Diante deste pressuposto, visa-se neste estudo analisar o protagonismo do movimento impressionista nas relações comerciais do contexto vigente e sua relação com a fotografia e o marketing.
O impacto do impressionismo e da fotografia nas
relações comerciais contemporâneas.
O impressionismo surgiu oficialmente em 1874, no ateliê do
fotógrafo Maurice Nadar, onde jovens pintores expuseram seu cuidado com a expressão da luz e das cores em suas obras de arte. O evento formalizou o movimento e iniciou um processo de grande influência sobre a arte moderna. No final do século XIX, com os avanços alcançados a partir da segunda revolução industrial, estudos sobre ótica, luz, física e colorimetria possibilitaram que a arte ganhasse uma nova vertente: a fotografia. Esse novo instrumento permitiu o registro de detalhes invisíveis a olho nu e a reprodução de cenários cotidianos de uma nova forma, tonando-se essencial para que o impressionismo ganhasse a força que ganhou no movimento artístico. Os efeitos óticos descobertos pela pesquisa fotográfica acerca da composição de cores e imagens influenciaram diretamente os processos técnicos das pinturas impressionistas: não era mais necessário retratar a realidade fielmente, a arte poderia ser atribuída a conceitos, não mais a descrições físicas. Diante da reforma artística atrelada ao impressionismo, tornando a arte um instrumento de liberdade e expressão dos artistas, a fotografia, além de ocupar a função descritiva que a arte possuía, veio a fomentar o processo de reprodução artística. Até então, a arte era original e tradicional, uma obra era feita manualmente uma única vez, era cultuada e valorizada, mas agora era possível reproduzir essa obra a partir de ângulos e luzes diferentes e pensar sobre o que hoje chamamos de releituras. Aqui a arte tornava-se um objeto comercial. Se hoje é possível ver em qualquer vitrine, física e virtual, produtos e campanhas estampadas com artes já consagradas, esse processo começou há muito tempo: o movimento impressionista foi o responsável por tornar arte em mercadoria. Além disso, ter nascido junto a esses avanços tornou o impressionismo a principal tendência artística comercializada até o contexto vigente. O autor Walter Benjamin, em sua obra “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, marca a fotografia como precursora do processo de reproduções artísticas e principal responsável pela democratização da arte na contemporaneidade, mas pontua também esse fenômeno como desvalorizador das tradições artísticas. Tornar a arte somente mais uma mercadoria desprende-a dos seus valores originais, precificando-a dentro de um sistema que não condiz com seus propósitos. Apesar disso, é nesse processo de comercialização em massa que a arte deixa de ser o objeto elitizado que se tornou para atingir todos os públicos, principalmente através do marketing trabalhado na atualidade. Roupas estampadas com belas pinturas de Monet, campanhas publicitárias trabalhando os princípios impressionistas, releituras das obras do Renoir... Das mais diversas maneiras, o mercado nos vende o tempo inteiro os traços desse movimento. Por conseguinte, confere-se que o surgimento da fotografia alinhado ao impressionismo tem gerado grande impacto nas relações comerciais contemporâneas acerca do cenário artístico, mantendo-se como protagonistas nesse mercado há mais de um século e mantendo seu espaço diante de todas as tendências atribuídas ao marketing contemplado atualmente.