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TEMA 2 – INTRODUCAO À TEORIA DE PROBABILIDADE

Aula 5
Disciplina: Estatística 2º Ano/1º Semestre
Docente: Salomão E. Munguambe

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
 Resolver problemas simples de probabilidades com base na análise combinatória.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
2. TEORIA DE PROBABILIDADES
2.1 Experiências aleatórias
2.2 Espaço amostral
2.3 Eventos ou acontecimentos
2.4 Análise combinatória
2.4.1 Princípio fundamental de contagem. Diagramas de árvores
2.4.2 Arranjos
2.4.3 Permutações
2.4.4 Combinações

Introdução
A distribuição de frequências é um instrumento importante para avaliar a variabilidade das
observações de um fenómeno aleatório. A partir das frequências observadas pode-se calcular
medidas de posição e de variabilidade, como a média, mediana, desvio padrão etc. Essas medidas
calculadas a partir dos dados são estimativas de quantidades desconhecidas, associadas em geral
a populações das quais os dados foram extraídos na forma de amostra. Em particular, as
frequências (relativas) são estimativas de probabilidades de ocorrências de certos eventos de
interesse.

O estudo de probabilidades será objecto de estudo no tema que agora inicia.

2. Conceito de teoria de probabilidades.


Para se dar início ao estudo de teoria de probabilidades, é importante conhecerem-se alguns
conceitos básicos, como é o caso do conceito de experiência aleatória, espaço de resultados e
acontecimento.

2.1. Experiências aleatórias


Quando se passa da linguagem da frequência relativa para a linguagem de probabilidade, surge o
conceito de “escolha ao acaso” ou escolha aleatória e, portanto, o conceito de incerteza quanto ao
resultado dessa experiência aleatória.

Uma experiência aleatória é um procedimento que se pode repetir um grande número de vezes
em condições similares, sobre o qual não se conhece à partida o resultado, conhecendo-se no
entanto o conjunto de todos os resultados possíveis.

O conceito de probabilidade está, pois, associado ao problema da quantificação da incerteza


associado ao resultado de uma escolha aleatória ou experiência aleatória.

Exemplo 1: no lançamento de uma moeda, o resultado do experimento será “coroa” simbolizado


por T1 (ou 0) ou será “cara”, simbolizado por H (ou 1), i.e., um dos elementos do conjunto {H,T}
ou {1,0}.

1
Simbologia utilizada em inglês para designer coroa (tails = T) e cara (heads = H).

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Exemplo 2: no lançamento de um dado, o resultado do experimento será um dos números do
conjunto {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
Exemplo 3: no lançamento de uma moeda duas vezes, teremos quatro resultados possíveis, os
quais são indicados por {HH, HT, TH, TT}.
Exemplo 4: A observação do número de avarias registadas numa locomotiva durante a sua vida
útil.
Exemplo 5: A observação do intervalo de tempo entre as chegadas sucessivas de chamadas
telefónicas num centro de atendimento.

2.2. Espaço amostral


Também denominado espaço de resultados, é um conjunto de todos os resultados de uma
experiência aleatória e cada resultado é chamado ponto amostral. Nas nossas aulas utilizaremos
o símbolo S para representá-lo.
Um espaço amostral pode ser considerado:
 Discreto – se tem um número finito de pontos;
 Contínuo – quando o espaço de resultados é infinito não numerável.

2.3. Eventos ou acontecimentos


É um subconjunto do espaço amostral S.

Os acontecimentos classificam-se em:


 Elementar: Um único resultado possível
 Composto: Mais do que um resultado possível
 Certo: Está relacionado com todos os resultados possíveis
 Impossível: Sem resultados

Usando operações de conjuntos sobre eventos em S, podemos obter outros eventos em S. Por
exemplo, se A e B são eventos, então
1. A  B é o evento “ou A ou B ou ambos. É chamado união de A e B.
2. A  B é o evento “ambos, A e B”. É chamado intersecção de A e B.
3. A e o evento “não A”. É chamado complemento de A.
4. A  B  A  B é o evento “ A, mas não B”. Em particular A  S  A
Se os conjuntos correspondentes ais eventos A e B são disjuntos, i.e., A  B   , dizemos, em
geral, que os eventos são mutuamente exclusivos. Isto significa que não podem ocorrer ao mesmo
tempo.

Exemplo 6: Um dado simples é lançado.


a) Qual é o espaço de resultados?
b) Quais são os resultados relacionados com o acontecimento A: “saída dum número par”?
Solução: a){1, 2, 3, 4, 5, 6} b){2, 4 ou 6}

Exemplo 7: Seja a experiência aleatória “Observação da face no lançamento de um dado”


S  1, 2,3, 4,5,6
Acontecimentos:
S1  saída da face par  2, 4, 6
S2  saída da face múltipla de 3  3, 6
S3  saída da face 2  2
S4  saída da face múltipla de 2  2, 4, 6
Acontecimento reunião: S1  S2  Saída da face par ou múltipla de 3  2,3, 4,6
Acontecimento intersecção: S1  S2  Saída da face par e múltipla de 3  6
Acontecimento impossível: Saída da face10 nolançamento deum dado  

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Acontecimentos mutuamente exclusivos:
S2 e S3 pois S2  S3  Saída da face múltipla de 3 ecom faceigual a 2  
Acontecimento diferença: S1  S2  saída da face par mas não múltipla de 3  2, 4

2.4. Análise combinatória


Nem sempre é fácil determinar o número de pontos amostrais de espaço amostral. Para superar
este problema, usa-se a analise combinatória que permite determinar todos os pontos amostrais
de um experimento. Este método de análise também é chamado método sofisticado de contagem.

2.4.1 Princípio fundamental de contagem. Diagramas de árvores


Se um resultado pode ser descrito como uma sequência de k etapas com n1 resultados possíveis
na primeira etapa, n2 na segunda etapa, e assim por diante, então o número total de resultados
experimentais é dado por n1xn2x...xnk.
Exemplo 8: considere o exemplo de jogar duas moedas. Definindo o resultado em termos dos
padrões de caras e de coroas que aparecem nas faces voltadas para cima das duas moedas, na
primeira etapa n1=2 e no segundo arremesso n2=2. A partir da regra de cálculo pode-se ver que
há 2x2=4 resultados experimentais distintos, isto é, {HH, HT, TH, TT}.
Exemplo 9: se um homem tem duas camisas e quatro gravatas, então ele tem 2x4=8 maneiras de
escolher uma camisa e uma gravata.

Um diagrama, chamado de diagrama em árvore devido à sua aparência, é muitas vezes usado em
conexão com o princípio acima.
 G1 (C1G1 )
 
 Cara ( H , H ) C G2 (C1G2 )
Cara   1 G3 (C1G3 )
 Coroa ( H , T )  
   G4 (C1G4 )
Coroa Cara (T , H ) 
   G1 (C2G1 )
 Coroa (T , T )  
C2 
G2 (C2G2 )

 G3 (C2G3 )
 G
  4
 (C2G4 )

Exemplo 10: A Maria vai sair com as suas amigas e, para escolher a roupa que usará, separou 2
saias e 4 blusas. De quantas maneiras ela pode se arrumar?
Resposta: para se arrumar, a Maria terá que percorrer duas etapas diferentes:
1. A primeira etapa (escolha da saia) que pode ser realizada de 2 maneiras distintas que
consistirão de uma das duas saia.
2. A segunda etapa (escolha da blusa) que pode realizar de 4 maneiras distintas escolhendo
uma das quatro blusas.
n1=2 e n2=4. Então, a Maria pode-se arrumar de n1*n2 maneiras diferentes, isto é, 2*4=8

Exemplo 11: Quantos anagramas podem ser formados com a palavra BLOG.
Resposta:
 Há quatro (4) maneiras para a escolha da primeira letra;
 Para cada escolha da primeira letra, há três (3) possibilidades para a escolha da segunda;
 Para cada escolha do primeiro par de letras, há duas (2) possibilidades para a escolha da
terceira;
 E, finalmente, para cada escolha das primeiras três letras, há somente uma (1)
possibilidade para a escolha da quarta.
 Portanto, podemos concluir, pelo princípio fundamental da contagem, que o número de
anagramas é igual a 4 x 3 x 2 x 1 = 24.

Exemplo12: Determinar o número de placas de carros que podem ser construídas com o uso de
três letras e quatro algarismos.

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Solução:
Para resolver o problema, primeiro vamos determinar quantas possibilidades existem para
combinar as três letras. Como sabemos que o alfabeto possui 26 letras e é permitida a repetição
há 26 maneiras para a escolha da primeira letra, 26 para a segunda e 26 para a terceira. Portanto,
existem, pelo princípio fundamental da contagem: 26 x 26 x 26 = 17.576 combinações possíveis.
De forma análoga pode-se afirmar que existem 10.000 combinações possíveis que podem ser
estabelecidas com os quatro algarismos. Como a cada escolha de três letras se constroem 10.000
placas, vem que o total de placas é: 10.000 x 17.576 = 175.760.000
Exemplo 13: Quantos números ímpares de quatro algarismos podemos escrever utilizando os
algarismos 1, 2, 4, 5 e 7?
Solução:
Note que não é condição do problema que os números sejam distintos, mas somente que sejam
ímpares. Desses fatos podemos afirmar que:

 Há três possibilidades de escolha para o algarismo das unidades - algarismos 1, 5 e 7;


 Há cinco possibilidades de escolha para o algarismo das demais casas decimais (milhar,
centena e dezena);

para concluir que o total de números ímpares é: 5 x 5 x 5 x 3 = 375


A partir das informações e exemplos pode-se concluir que o princípio fundamental da contagem
se constitui em um instrumento básico para a Análise Combinatória. Entretanto, em algumas
situações pode se tornar trabalhosa a resolução de problemas com sua aplicação directa. Assim,
vamos, a seguir, detalhar as várias maneiras de formarmos agrupamentos e deduzir as fórmulas
que permitam a sua contagem.

2.4.2 Arranjos
Chama-se arranjos de n elementos p a p aos agrupamentos distintos que podem formar-se de
modo que em cada um dos agrupamentos entrem os p dos n elementos, considerando como
distinto os dois agrupamentos que difiram pela natureza (espécie) ou pela ordem dos seus
elementos.
ARRANJOS SEM REPETIÇÃO ARRANJOS COM REPETIÇÃO
Cada elemento entra uma única vez Os elementos podem aparecer
num agrupamento dado repetidos num agrupamento dado:
n
p
n! n
n

A p (n  p)! A p

Exemplo 14: quantos números de quatro algarismos diferentes são possível formar com os quatro
elementos do conjunto {1, 2, 3, 5, 6}?
Solução:
Os agrupamentos que se pretendem obter diferem entre si ou pela natureza dos elementos ou pela
ordem desses elementos. Ex: 2315 é diferente de 2135. são portanto, arranjos sem repetição,
onde temos o total de elementos igual a 5 (n=5) e os agrupamentos a serem formados por quatro
5!
elementos (p=4): A4   5!  120
5

(5  4)!
Exemplo 15: Atendendo o exemplo anterior quantos seriam possíveis sendo 6 o algarismo da
unidades?
Solução:
Uma vez que o elemento 6 tem uma posição fixa, restam 3 posições a serem preenchidas pelos
restantes 4 elementos {1, 2, 3, 4}
4!
_ _ _ 6 A3   4!  24
4

(4  3)!
Exemplo 16: Quantos números distintos com 2 algarismos, podemos formar com os dígitos: 0, 1,
2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9?

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Solução:
Uma vez que no enunciado não esta proibida a repetição dum número dentro de um agrupamento
concreto, então trata-se de arranjos com repetição. O número possível de arranjos com repetição
de 10 elementos (dígitos) tomados 2 a 2 é 102 = 100
Por outro lado os números iniciados por 0 não terão 2 dígitos e sua quantidade corresponde a 10
números: {00, 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09}. Para dar a resposta final, temos que subtrair ao
resultado anterior (100) esses 10 números: 102 – 10 = 90

2.4.3 Permutações
Dá-se o nome de permutações de n elementos aos agrupamentos que podem formar-se com esses
n elementos, tomados de cada vez, considerando como distintos dois agrupamentos que difiram
somente pela ordem dos elementos nos agrupamentos. As permutações são um caso particular
dos arranjos.

PERMUTAÇÕES SEM PERMUTAÇÕES COM PERMUTAÇÕES


REPETIÇÃO REPETIÇÃO CIRCULARES
Os n elementos são todos  : Elementos são de uma Situação que ocorre quando
distintos. categoria a disposição dos elementos
forma uma circunferência,
 : Elementos são de uma constituindo, por exemplo,
outra categoria os vértices de um polígono
regular inscrito n lados.
 : Elementos são de uma
terceira categoria e assim
sucessivamente

O número total de
O número total de permutações que podemos
permutações será dado formar é dados por:
por:
P n  n! P
 ,  ,

n! P n
 (n  1)!
n
 !  ! !

Exemplo 17: Com todas as letras da palavra ROMA, quantos arranjos se pode formar?

Solução:
É evidente que dois arranjos sé podem deferir pela ordem das letras, visto que em cada um dos
arranjos entram todas as letras, basta mudar a ordem dos elementos ou por outras palavras
permutar os elementos. Tendo 4 elementos (letras) na palavra ROMA o número de permutações
possíveis é: P 4  4!  24

Exemplo 18: com todas as letras da palavra BATATA, quantos arranjos se podem formar?

Solução:
É claro que se as letras fossem distintas, teríamos P 6  6!  720 , mas ocorre que temos 3 letras
A, 2 letras T e 1 letra B. Como entram todas as letras e há letras repetidas, o agrupamento é uma
6! 6!
permutação com repetição. Utilizando a formula será: P 6    60
2.3

2!3! 2!3!
Exemplo 19: De quantos modos diferentes 4 pessoas podem sentar-se em torno de uma mesa?

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Solução: P 4  (4  1)!  3!  6
2.4.4 Combinações
Chama-se combinação de n elementos tomados p a p aos agrupamentos distintos que podem
formar-se de modo que em cada um desses agrupamentos entrem p dos n elementos,
considerando como distintos dos agrupamentos que difiram somente pela natureza (espécie) de
pelo menos um elemento.
COMBINAÇÕES SEM COMBINAÇÕES COM
REPETIÇÃO REPETIÇÃO
Cada elemento entra uma única vez Representam a quantidade de modos
num agrupamento dado de escolher k objectos distintos ou
não entre n objectos distintos dados.

O total de combinações com


repetição possível é dados por:
n! n  p 1 (n  p  1)!
 C p  n!(n  1)!
n
C p
p !(n  p)!

Exemplo 20: Um estudante pretende comprar 4 livros diferentes, mas de igual custo, e só tem
dinheiro para comprar três desses livros. De quantos modos diferentes o estudante pode fazer a
escolha dos três livros de entre os quatro que deseja?

Solução:
Para uma melhor compreensão, apresentamos os livros pelas letras D, P, A, M, e analisemos o
que se deve entender por fazer a escolha de modos diferentes. A escolha que consiste em
comprar livros D, P, M é claramente diferente daquela que consiste em comprar os livros D, P,
A. Mas a escolha D, P, M não é distinta, neste caso da escolha P, M, D que se refere aos mesmos
livros em ordem diferente. Para este problema consideram-se como distintos ou diferentes, dois
agrupamentos, unicamente no caso em que um deles contém um elemento, pelo menos, diferente
dos elementos do outro. São, portanto, combinações sem repetição porque, para o enunciado do
problema, comprar 3 livros iguais são quase absurdas. O número de maneiras diferentes, será
4! 4  3!
igual C 3   4
4

3!(4  3)! 3!1!


Exemplo 21: De quantos modos distintos posso comprar dois sorvetes, diferentes ou não, de uma
sorveteria que oferece três sabores: morango, coco, limão?

Solução:
Como nesta situação é permitido repetição dos objectos, diremos que temos casos de combinação
3 2 1 (3  2  1)!
com repetição de três elementos tomados 2 a 2. utilizando a formula: C 2  6
3!(3  1)!
Exemplo 22: Numa classe existem 8 alunas da quais uma se chama Maria e 7 alunas, sendo José
o nome de um deles. Formam-se comissões constituídas de 5 alunos e 4 alunas. Quantas são as
comissões das quais:
a) Maria participa? M __ __ __ __ (alunas) __ __ __ __ (alunos)
7
1ª decisão: Escolha das restantes quatro alunas que farão parte da comissão C 4
7
2ª decisão: Escolha dos alunos que farão parte da comissão C 4
7 7
Logo temos: C xC
4 4
comissões

b) Maria participa sem José?


7
1ª decisão: Escolha das demais quatro alunas que farão parte da comissãoC 4
6
2ª decisão: Escolha dos alunos que farão parte da comissão excepto José C 4

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7 6
Logo temos: C xC
4 4
comissões onde Maria participa e José não participam

c) José participa
8
1ª decisão: Escolha das alunas que farão parte da comissão C 5
6
2ª decisão: Escolha dos demais três alunos que farão parte da comissão C 3

d) Maria e José participam simultaneamente


7
1ª decisão: Escolha das demais quatro alunas que farão parte da comissão C 4
6
2ª decisão: Escolha dos demais três alunos que farão parte da comissão C 3
De um modo geral, podemos dizer que:
 Arranjos (com ou sem repetição) – A ordem interessa ab  ba
 Combinações (com ou sem repetição) – Não interessa a ordem ab  ba
 Permutações (com ou sem repetição) – Interessa a ordem ab  ba

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