www.correiobraziliense.com.

br
LONDRES, 1808, HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA. BRASÍLIA, 1960, ASSIS CHATEAUBRIAND

CORREIO BRAZILIENSE
BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL, 10 DE MARÇO DE 2024 (DOMINGO) NÚMERO 22.273 • 74 PÁGINAS • R$ 6,00
Fotos: Adauto Cruz/CB/D.A Press; Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press e Ed Alves/CB/D.A Press

Cinquentou! Fla vence Flu por

Em 10 de março de 1974, era inaugurado o estádio Hélio Prates da Silveira. Batizado com o nome do governador,
o segundo maior estádio do país (72.788 lugares) virou Mané Garrincha em 1983, mas o craque não jogou nele. O
Anjo das Pernas Tortas se aposentou em 1972. Correio lembra histórias da arena que resistiu até implosão em 2011. 2 x 0 no 1o jogo
PÁGINAS 18 E 19

Ed Alves/CB/D.A Press Vicente Nunes/CB/D.A Press

DF dobra o número
O poder na de medidas protetivas Portugal vai
Ceasa
Para celebrar o Dia
da Mulher, o chef
Rosário Tessier
entregou chocolates
à mulher em 5 anos
Um dos principais instrumentos da por exemplo, o Tribunal de Justiça do alertam para a necessidade de mais
às urnas neste
domingo
» VICENTE NUNES
e flores às produtoras Justiça e do Estado para tentar coi- DF concedeu 7,9 mil MPUs. No ano políticas de proteção às mulheres con-
rurais, vendedoras bir a violência de gênero, a Medi- passado, a quantidade atingiu 15,7 tra agressões e feminicídios. Na série Correspondente
e consumidoras da da Protetiva de Urgência (MPU) es- mil, um salto de 96,8%. Especialis- de reportagens Violência em Casa, o Fernanda Souza, 62 anos, faz
Ceasa. Elas são a tá prevista na Lei Maria da Penha. E tas consideram positivas a alta pro- Correio mostra como funcionam e parte de um grande contigente
força da central de tem sido muito aplicada. Em 2019, cura e conscientização, mas também como podem ser solicitadas as MPUs. de eleitores indecisos que
alimentos. PÁGINA 16 podem decidir o destino do
PÁGINA 13 país europeu, se sair de casa
para cumprir o dever cívico.
As duas principais forças, a
Aliança Democrática (AD)
Trabalho&
formação profissional Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
e o Partido Socialista (PS),
aparecem empatadas. PÁGINA 9
Minervino Júnior/CB/D.A Press

Lula veta atos

contra 1964
Para se aproximar mais dos
militares, presidente pede à
equipe de governo que evite
Em busca da manifestações nos 60 anos do
valorização golpe. Petista prefere centrar
críticas nos responsáveis
Nova lei prevê pelo 8/1. PÁGINA 2
diretrizes para o
magistério brasileiro.
A professora Ana Dubeux
Luciany Osório, Uma reflexão sobre o debate dos
41 anos, avalia que direitos da mulher. PÁGINA 10
os benefícios são
um bom começo.
Carlos Alexandre de Souza
A queda na aprovação de Lula
é sinal de alerta. PÁGINA 5

Luiz Carlos Azedo

As relações do Brasil com os EUA
podem se deteriorar. PÁGINA 4
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Festa do
96º Oscar
A cerimônia ocorrerá
hoje, em Los Angeles,
a partir das 20h, mais
Viver cedo do que o tradicional.
sem carne Confira os favoritos.
cultura.df@dabr.com
.br
14-1179
3214-1178/32
Editor: José Carlos
Vieira
josecarlos.df@dabr.com.br

o&Arte
CORREIO BRAZILIENSE

Diversão
de março de 2024

Vegetarismo e o
10
Brasília, domingo,

O livro une
Filmes
Divulgação e Diamond

veganismo têm Autor de obra em cordel que conta a luta das mulheres por Pobres criaturas
; Universal Pictures/Divulgação;

ganhado visibilidade liberdade, Arnaldo Júlio Barbosa, 105 anos, é uma inspiração
Bros; Paramount/Divulgação

Os rejeitados

GERAÇÕES
Divulgação/Warner

Barbie

no país. Roberto para Luísa Fragelli, 19. Também escritora, a jovem conheceu o
Pictures/Divulgação;
Fotos: Searchlight

Oppenheimer

Mandetta deixou mestre quando ambos lançavam seus livros. O encontro mostrou Anatomia de
uma queda

de comer proteína que o poder da literatura vence o tempo e as diferenças. PÁGINA 17 Assassinos da
lua das flores

animal há 10 anos.
em
de uma queda,
Nolan, na original de Anatomia outra roteirista,
Celi-
no universo de Christopher disputa direta com
oponente da se- passadas (concorrente
pele de Lewis Strauss, ne Song, de Vidas de de-
a tri- e que deve filme). A reboque e tal-
de vitória para vera ética de Oppenheimer, coad- ainda a melhor —
dá fortes indícios Ludwig Goransson de melhor ator sobre negritude
bates maduros contemporâneas mais
lha sonora do sueco de Jennifer Lame lhe valer o Oscar de Downey Jr. po-
» RICARDO DAEHN juvante. O chamariz para bilheteria de vez uma das obras do tema — o filme
ou não, e ainda para a edição Wakanda para
sem- seminais em tornotem muito para dar a
de ter contribuído vezes maior do que

É
algo cíclico: coincidência (de Pantera Negra: insegura vitória é a três Ficção americana
favorecem a va- pre). Um ponto
de Oppenheimer, As- Oscar de melhor
roteiro
momentos tensos com conteúdo Cillian Murphy,
que po- lista de Schindler. Cord Jefferson o partir de Erasure, es-
do ator central, a do clássico A (nem a
lorização de filmes Oscar. No ano pela performance
de US$ 960 milhões adaptado (criado
do de se ver derrotado o pouco ortodoxo sim, alcança os Titanic), e muito Percival Everett). de sensibili-
belicista na festa acirramento de como de crito por
o Paul Giamatti, que meia arrecadação das sagas Avatar, reflexão e
em que presenciamos e o marco dos rejeitados. Giamatti,ainda atrás de exemplares World e Homem O momento de pa-
Médio professor de Os guerras deve render
ações no Oriente na Ucrânia, Oppe- Choice Awards
e
Star Wars, Jurrassic formam, nes- dade em torno de concorrente
dois anos da Guerrasobre a criação da venceu o Critics lanque para o documentário
de Ouro, com absoluta tranqui- e lucro
-Aranha. Oscar à parte com o US$ (de Mstyslav Cher-
nheimer, o filme afirma com ampla o Globo de elenco Da’Vine 20 dias em Mariupol
se lidade, verá a colega ganhadora de me- te ano, um capítulopor Barbie, filme se- a visão de jornalistas
bomba atômica em muitas das 13 1,4 bilhão ostentado10 melhores do ano. nov, e que revela impacto
chance de vencer foi indicado. Em Joy Randolph como os após a invasão
russa), levantar
(O me-
categorias às quais Ira- lhor atriz coadjuvante.
incerta da noite, a Há seis anos, lecionado entre uma afirmação
Barbie, que marca bolo da indústria
das
da animação de
Hayao Miyazaki per-
da invasão ao A categoria mais duas concorren- que possivelmente Ho-
2003, às vésperas do pacifista O pia-
de melhor atriz,
alinha desde o sucesso do
mulheres na cereja sido minimizado, pe- nino e a gaivota,
de animação para e
que, ator e diretor , e pouco antes da Stone (Pobres cria- de cinema, pode
ter derá na categoria
nista despontaram nor- tes de peso, Emma (Assassinos da de A forma Greta Gerwig entre do aranhaverso)
mem-Aranha: através que tem tudo pa-
das forças e Lily Gladstone la ausência da diretora faturar suas esta-
conclusão da passagem antes, turas)
a primeira (vencedora, da água, deve
os finalistas, mas (com o irmão Finneas claro, afetar os votantes o Oscar
em 2011, um ano lua das flores), Zona de interesse pode
te-americanas, guerra La la land), destacada tuetas. Billie Eilish ra entregar para
melhor filme de da di- no passado por internacional (que
o Oscar não
de prê-
o Oscar para o o Bafta e o Globo enorme chances
O’Connell) tem What was I made for?. de melhor filme som). Em tempo:
a
se viu nas mãos por vencer o Critics, de o melhor
ao terror ainda
Bigelow. Com
a Guerra premiada no Globo tinha mio, com a música mundo irreal de bo- acompanhar Whi-
presenças de ForestAriana
retora Kathryn de ser encerrada, em de Ouro, e Lily, de Atores. Mais do celebração terá
Ouro e pelo Sindicato da aparição da A representação
a disputa com a
concor- Charlize Theron, Ni-
de Kosovo às vias foi o melhor di- de meio século
depois um filme com necas (e aí entra Stone, que estrela Po- taker, Sally Field,
Grande, Tim Robbins,
Jessica Lange,
1999, Steven Spielberg do soldado Ryan, Littlefeathen, de origem
rente direta Emma converter em Oscar
retor por O resgate vermelha compe- atriz Sacheen
indígena, para
renegar o Oscar
de Mar- tantas indicações bres criaturas) deve de pro- colas Cage e Al
Pacino.
linha
quando Além da tragou os prêmios Os- reconhecimento melhor direção
lon Brando, o autêntico quanto as indicações de Já
tiu e A vida é bela filme internacional. sustentar o discurso figurino para Barbie.
de etnia nativa pode dução e melhor
car de ator e melhor tem previ- que pode ser a primei-
de Lily Gladstone, um Oscar. O longa de Oppenheimer, maquiagem e penteados
nos quesitos de para Pobres criaturas.
96º OSCAR
A escalada de Oppenheimer No- ir No Teatro Dolby (Los Angeles),
são de agraciar
o diretor Christopher C ra atriz a ostentar ata Mollie Kyle, abu- que, com muitas a estatueta deve
esença feminina,
à parte de unâ-

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INÊS249
Política
2 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Presidente tem conversado diretamente com ministros e auxiliares e orienta que não sejam feitas solenidades, discursos
e nem produzido material oficial alusivo ao golpe de 1964. Setores do governo programam eventos para lembrar a data
reprodução/Twitter
Na agenda alusiva ao 31 de março, entidades e governo programam lembrar as violações de direitos humanos daquele período; Ministério da Justiça chegou a pensar num Museu da Memória e Verdade
Por militares, Lula não
quer atos contra ditadura
» Evandro Éboli
P
or conta da reconstrução de sua
relação com os militares, o presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva de-
terminou e orientou aos seus mi-
nistros e a todo o governo que não reali-
zem quaisquer atos, solenidades, discur-
sos ou produzam material em memória
dos 60 anos do golpe militar. O petista
não quer criar novas arestas com as For-
ças Armadas num assunto que ainda é
caro à caserna, mesmo sendo a atual ge-
ração do Exército, da Marinha e da Aero-
náutica outra bem diferente.
Lula está envolvido diretamente nes-
sas tratativas para impedir manifesta-
ções no governo em alusão ao golpe de
1964. O Correio apurou que, na tarde da
última quinta-feira, o presidente tratou
desse assunto em conversa com o minis-
tro dos Direitos Humanos e Cidadania,
Silvio Almeida. Essa pasta tem uma pro-
gramação extensa prevista para lembrar
a data, e que foi tema de reportagem do
Correio em janeiro deste ano, mas que
já estaria sendo revista diante do posi-
cionamento do presidente.
O Palácio do Planalto informou que
não iria comentar o assunto. A assesso-
ria do Ministério dos Direitos Humanos,
por sua vez, negou que o encontro entre
Almeida e Lula tenha ocorrido.
O Ministério da Justiça chegou a
Entidades de direitos humanos e petistas mantêm protesto
Entidades ligadas a familiares e
às vítimas da ditadura e políticos do
PT se manifestaram sobre a infor-
mação de que Lula está atuando pa-
ra desestimular atos alusivos aos 60
anos do golpe de 1964, a serem com-
pletados no próximo dia 31, com re-
comendação aos integrantes de seu
governo que evitem ações nesse sen-
tido. O grupo Coalizão Brasil por Me-
mória, Justiça, Reparação e Demo-
cracia recebeu com “absoluta perple-
xidade e extrema indignação” o veto
do presidente a manifestações den-
tro do governo lembrando as viola-
ções daquele período.
“Será um erro histórico e uma omis-
são imperdoável. Lula foi eleito tendo
como bandeira fundamental a defesa da
anunciar ano passado, na gestão do
então ministro, Flávio Dino, a criação
de um Museu da Memória e da Verda-
de, a ser inaugurado neste 31 de março,
obra que seria financiada com recursos
dessa pasta, mas o projeto, até segun-
da ordem, não vai sair do papel. Esse
anúncio foi feito no Chile, na lembran-
ça dos 50 anos do golpe dado pelos mi-
litares que derrubou Salvador Allende.
Em Santiago, as autoridades brasileiras
— como Dino e Silvio Almeida — dis-
cursaram. Mas a ordem aqui é evitar o
assunto 1964.
Ordem expressa
Dentro do governo essa orientação do
presidente está sendo tratada como uma
“ordem expressa de Lula”. O posiciona-
mento do presidente está sendo enten-
dido também dentro do Planalto como
a “outra face” da história: se os militares,
via declaração do ministro da Defesa, Jo-
sé Múcio, não irão divulgar nota com a
chamada “Ordem do Dia” lembrando o
31 de março, do lado dos civis o proce-
der será igual, ainda que essa orientação
do governo enfrente críticas de familia-
res e de vítimas da ditadura, que já fica-
ram contrariados com suas declarações
recentes sobre aquele período.
Em recente entrevista ao jornalista
Kennedy Alencar, da RedeTV, Lula afirmou
democracia e o combate ao golpismo.
Após o 8 de janeiro, seu governo assu-
miu, corretamente, a defesa do Estado
democrático de direito como objetivo
central. Pois todo esse discurso se torna
mera letra morta diante dessa omissão
que se avizinha”, se manifestou a enti-
dade, em uma nota.
A instituição reúne dezenas de as-
sociações, fóruns e comitês na defe-
sa de democracia e dos direitos hu-
manos. A Coalizão entende que lem-
brar os 60 anos do 1964 abre uma ja-
nela histórica para a reafirmação do
repúdio ao golpismo.
“Mas, pelo que parece, o governo irá
jogar essa oportunidade no lixo. É sur-
preendente a incompreensão do maior
líder político progressista da história do
ANOS DE CHUMBO
ricardo Stuckert/Pr
Presidente, com seu ministro e os comandantes militares, busca reaproximação com as Forças Armadas depois do 8 de janeiro
que não quer ficar “remoendo” esse pas-
sado e que é preciso “tocar o país para a
frente”. E se disse mais preocupado com a
tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023.
“O que eu não posso é não saber to-
car a história para frente, ficar remoen-
do sempre, remoendo sempre, ou seja,
é uma parte da história do Brasil que a
gente ainda não tem todas as informa-
ções, porque tem gente desaparecida
ainda, porque tem gente que pode se
país sobre a importância de se disputar
a memória do passado. Enquanto a ex-
trema-direita esteve no poder, eles assu-
miram a defesa de uma memória apo-
logética da ditadura como uma ban-
deira central. Isso porque eles tinham
clareza que para construir o país que
queriam — autoritário, racista, classis-
ta, ultraconservador —, era preciso afir-
mar uma imagem positiva do regime de
1964”, diz a entidade.
Um dos atos que está sendo organi-
zado para lembrar o período militar é
a Marcha da Democracia, que ocorrerá
em 1 de abril e que percorrerá os 180
quilômetros entre o Rio de Janeiro e
Juiz de Fora. O trajeto oposto — de Mi-
nas para o Rio — é marcado como o
início da queda do então presidente
apurar. Mas eu, sinceramente, eu não
vou ficar remoendo e eu vou tentar to-
car este país para frente”, completou.
A decisão de Lula de evitar alarde e alu-
sões aos 60 anos do golpe atinge várias
agendas que já vinham sendo montadas
em vários setores do governo. A Comissão
de Anistia, por exemplo, previa uma pau-
ta de julgamento de casos emblemáticos,
num evento que seria batizado de “Sema-
na do Nunca Mais”, algo que, ao menos
João Goulart, quando a tropa coman-
dada pelo general Mourão Filho atuou
pela derrubada do governo. A depu-
tada estadual Marina do MST, do Rio,
uma das organizadoras desse ato, co-
mentou a orientação de Lula para se
evitar críticas ao regime.
“O povo não precisa do apoio do go-
verno para pedir reparação. Dia 1º va-
mos para a rua por todos que estiveram
antes de nós. No Dia da Mentira vamos
cobrar Memória, Verdade, Justiça e Re-
paração. O Estado brasileiro deve fazer
como foi feito agora na Usina da Mor-
te, a Cambahyba, em Campos. Reparar
o passado é a melhor maneira de não re-
peti-lo no presente”, disse a parlamentar
ao Correio. A usina, onde hoje funciona
um assentamento do Movimento dos
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)
com esse nome será engavetado.
A postura adotada por Lula, nes-
se momento, é da sinalização de que
dificilmente a Comissão de Mortos e
Desaparecidos Políticos, extinta no fi-
nal do governo de Jair Bolsonaro, será
recriada. Um decreto com essa previsão
já está pronto e na mesa do presidente,
há quase um ano, aguardando apenas
sua assinatura. O presidente não quer
atos em memória aos 60 anos do golpe.
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),
foi um local onde corpos de opositores
da ditadura, depois de assassinados, fo-
ram incinerados.
A Prefeitura de Juiz de Fora, por inter-
médio de seu secretário de Direitos Hu-
manos, Biel Rocha, garantiu que a mar-
cha está mantida.
“A Marcha é dos movimentos sociais
e vem recebendo apoio de prefeituras,
universidades e parlamentares. Está fir-
me e forte”, disse Biel. A prefeita de Juiz
de Fora é a ex-deputada federal Marga-
rida Salomão, do PT.
A família do ex-presidente João Gou-
lart irá participar da marcha. Estão con-
firmadas as presenças da viúva de Jan-
go, Maria Thereza Goulart, e dos filhos
Denise e João Vicente. (EE)
INÊS249

Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Política • 3

»Entrevista | DEPUTADO MENDONÇA FILHO | AUTOR DA PEC DA REELEIÇÃO

o deputado federal do União-PE diz que a mobilização, em especial no Senado, para rever o modelo de reeleição, sem
direito a novo mandato imediato, é um “erro histórico”, “uma aberração”. “A PEC é comprovadamente um sucesso”, defende
Zeca ribeiro/Câmara dos deputados

“Mandato de
prevaleça o bom senso e que o
princípio da reeleição, que é um
direito do eleitor, permaneça no
arcabouço constitucional brasi-
Espero que prevaleça leiro. Acho que os políticos têm

cinco anos é o bom senso e que o

princípio da reeleição,
que é um direito do
que pensar muito mais no elei-
tor, na perspectiva do cidadão,
do que nas suas conveniências
de ordem pessoal e estratégica,
do ponto de vista político. Jun-

longo demais” eleitor, permaneça

no arcabouço
constitucional
tar todas as eleições numa só,
de vereador a presidente, só vai
fazer que você secundarize o de-
bate municipal em detrimento
ao debate nacional, que é para
» EvAndro Éboli reeleger para mais quatro anos. mim um grande e grave equívo-
Em entrevista ao Correio, o
brasileiro. Acho que co também.

A
utor da emenda constitu-
cional que instituiu a ree-
leição para cargos no Exe-
cutivo no país — caso do
presidente da República —, há 27
anos, o deputado Mendonça Fi-
lho (União Brasil-PE) classifica
como um “erro histórico” a mo-
bilização, em especial no Senado,
para rever esse modelo e retornar
ao mandato de cinco anos, sem
direito a novo mandato imedia-
to. Hoje, um presidente pode se
Como o senhor avalia
essa movimentação para acabar
com a reeleição para cargos
executivos no país?
É um erro absolutamente cla-
ro, do ponto de vista histórico e
do ponto de vista institucional.
parlamentar disse que os políticos
precisam pensar mais nos eleito-
res, que aprovam a PEC de sua au-
toria, e menos nas suas estratégias
eleitorais. Para Mendonça Filho,
a reeleição é “comprovadamente
um sucesso”. Filho critica ainda a
extensão de quatro anos para cin-
co o tempo de mandato de um de-
putado e de oito para 10 anos o de
um senador, para permitir a coin-
cidência e realizar eleições gerais
no país. “É uma aberração”, opina.
A emenda da reeleição veio para
aprimorar o modelo democrático
brasileiro, permitindo que os go-
vernos possam ter até dois man-
datos municipais, estaduais e o
governo nacional por meio do
presidente da República. Revogar
essa emenda e revê-la, para mim,
é um grande erro.
A que o senhor atribui
essa mobilização,
principalmente no Senado, de
revisão da PEC?
Sinceramente, não consigo
compreender. Isso porque a te-
se que está presidindo o debate é
no sentido de você substituir um
mandato de quatro anos, ou a
possibilidade de até dois manda-
tos de quatro anos, por um man-
dato de cinco anos. Só que isso
vai significar estender o manda-
to para cinco anos para deputa-
dos e para 10, para senadores.
Acho que um mandato de cinco
anos é longo demais. A maioria
os políticos têm que
pensar muito mais no
eleitor, na perspectiva
do cidadão, do que nas
suas conveniências de
ordem pessoal”
das democracias tem, no máxi-
mo, mandato de quatro anos.
Algumas democracias têm man-
dato de dois anos. Imagine um
deputado com mandato de cin-
co anos? Isso distancia ele do
eleitor. Imagine um senador da
República com mandato de 10
anos. Para mim, isso é uma aber-
ração. Inaceitável. Espero que
Nesses 27 anos, desde a
promulgação da reeleição, o
senhor segue convicto de que
a reeleição com quatro anos
de mandato é o melhor modelo?
É uma PEC que, comprovada-
mente, é um sucesso. São 27 anos
desde sua promulgação até hoje, e
o modelo constitucional brasilei-
ro experimentou de tudo: prefei-
tos eleitos e reeleitos, e também
derrotados, em todos os níveis, nas
capitais, nas pequenas e médias ci-
dades. Lógico que prevalece para
o incumbente alguma vantagem,
para governadores a mesma coisa.
Olhe a experiência para presiden-
te. Vimos em 2022, pela primeira
vez, um presidente derrotado no
cargo. Ou seja, o experimento da
reeleição é um sucesso.

COMIssõEs
Disputa
testa força
de Lula e de
Bolsonaro
O período legislativo no Con-
gresso, mesmo sendo um ano
eleitoral, o que provoca um de-
sinteresse dos políticos pelo par-
lamento, começou num clima
fervoroso e que irá até mesmo
antecipar as disputas políticas de
outubro, nas urnas. Será um tes-
Acerte no Alvo
te de forças do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva e do grupo
da sua Proteção
de Jair Bolsonaro. A ascensão de
deputados bolsonaristas radicais
ao comando de comissões estra-
tégicas, antes mesmo da primei-
2 Qtos
ra sessão realizada em cada uma
delas, já sinaliza que o ambiente em Águas Claras
será de confronto extremado nos
corredores da Câmara.
Eleita presidente da Comis-
são de Constituição e Justiça
(CCJ) da Câmara, a deputada
Caroline de Toni (PL-SC), poucas
horas depois empossada, adian-
tou algumas das pautas no seu
horizonte, como votar o projeto
de anistia para os golpistas pre-
sos por conta do vandalismo do
8 de janeiro de 2023. “Não te-
ria problema nenhum de pau-
PRONTO

tar. Recebemos reclamações de

excessos que foram cometidos
com muitas das pessoas que es-
tavam na manifestação”, disse.
A presença de Nikolas Ferrei-
ra (PL-MG) na presidência da Co-
missão de Educação elevou o tom
ainda mais entre bolsonaristas
e governistas. Ele foi eleito num
3฀ ofício - r.08-143.572

placar apertado, 22 a 15. Nas re-

des, Ferreira, que pode disputar
a Prefeitura de Belo Horizonte,
tem rebatido as críticas à sua in-
dicação com ataques ao gover-
no e ao chefe da pasta da Educa-
ção, Camilo Santana. A comissão
tem poder de convocar ministros.
Dalmo Rebello
2 Qtos Cob. Lineares
Antes da votação, na última 2
quarta-feira, dois deputados, de 62 a 66 m
Rua 5 Sul Lazer completo
131 a 140 m 2
lado opostos, divergiram sobre o 2 vagas de garagem
novo presidente da comissão. “É Até 2 vagas de garagem
direito do PL indicar quem qui-
ser, claro. O que incomoda a gen-
te é fazer daquela cadeira de pre-
sidente um palco. Nunca vi o de-
CJ 1700

putado Nikolas subir na tribuna

para fazer a defesa sequer de um
projeto de educação”, disse Tarcí-
sio Motta (PSol-RJ), que debatia
com Domingos Sávio (PL-MG),
ex-líder do PSDB na Câmara e
que se tornou um bolsonaris-
CO R R ETO R ES D E
ta. Ele rebateu o opositor. “O Ni- P L A N TÃO N O LOCA L VI S I T E N O S SAS C E N T R AI S D E V E N DAS
kolas é um talento. Não dá para
desestimular um talento. O Pelé, 208/209 NORTE NOROESTE ÁGUAS GUARÁ II
quando foi revelado no Chile (na 3326.2222 Eixinho, ao lado CLNW 2/3 CLARAS QI 33 Lote 2
Copa de 1958), era um talento e www.paulooctavio.com.br do McDonald’s Rua 33 Sul lote 7
AC E S S E E
SAIBA MAIS
os chilenos não gostaram dele.
Natural isso.” (EÉ)
INÊS249

4 • Política • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Correio Braziliense

PODER / Experiência inédita de gestão compartilhada no Congresso supera

desconfianças e serve de vitrine para cinco pré-candidatos a prefeituras de capitais NAS ENTRELINHAS
Por Luiz Carlos Azedo

Divergentes sob
luizazedo.df@dabr.com.br

o mesmo teto
» VINICIUS DORIA Também disputarão o comando do Congresso, como no caso da diversidade ideológica do grupo,
de capitais, em outubro, os deputa- aprovação de Dino ao Supremo. que, na sua maioria, não reza na

N
a eleição de 2018, um pe-
queno grupo de estreantes
antenados com as tendên-
cias da pós-modernidade
decidiu implementar uma expe-
riência de gestão até então inédita
no Congresso Nacional: criar um
gabinete compartilhado, em que os
parlamentares dividem assessorias,
consultorias e algumas despesas,
como a contratação de pesquisas
e estudos sem, necessariamente,
compartilhar crenças e ideologias
políticas. Não precisam ser do mes-
mo partido nem da mesma corren-
te ideológica. Também não há divi-
são entre Câmara dos Deputados e
Senado Federal. A ideia do gabinete
compartilhado atraiu, na legislatura
passada, um senador — Alessandro
Vieira (MDB-SE) — e dois deputa-
dos — Tabata Amaral (PSB-SP) e Fe-
lipe Rigoni (MDB-ES).
“A gente nem tinha noção de co-
mo fazer isso, foi preciso consultar
as mesas das duas Casas para saber
como criar o gabinete”, disse Taba-
ta, uma das maiores entusiastas do
modelo de gestão compartilhada,
uma espécie de coworking parla-
mentar. “Os nossos perfis ideológi-
cos não são similares. Temos visões
de mundo semelhantes, mas eu ao
centro, Felipe mais à direita, Taba-
ta francamente mais à esquerda”,
exemplificou Vieira.
Na atual legislatura, sem Rigoni,
que não se reelegeu, o que era um
experimento ganhou musculatura,
amadureceu e angariou cinco no-
vos sócios. O senador por Sergipe,
com 48 anos, segue como o mais
velho do grupo — volta e meia é
chamado, carinhosamente, de “tio”
pelos colegas.
O compartilhamento de traba-
lho também deu mais estrutura aos
jovens parlamentares, que terão um
ano difícil por causa das eleições
municipais. Dos atuais sete mem-
bros do gabinete compartilhado,
cinco se lançaram na disputa pe-
lo comando de capitais de estado.
Tabata, 37 anos, em sua segun-
da legislatura, será candidata à pre-
feita de São Paulo pelo PSB, partido
do vice-presidente Geraldo Alck-
min e do ministro do Empreende-
dorismo, Márcio França. Ela terá,
entre seus principais concorrentes,
um colega da base governista, o de-
putado federal Guilherme Boulos
(PSol), líder nas pesquisas de opi-
nião e que conta com o apoio do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Chico Ferreira/Divulgação
Coworking parlamentar: grupo se reúne, religiosamente, às terças-feiras para alinhar posições comuns e debater pautas mais urgentes
dos Duarte Junior (PSB-MA), de 38 Apesar dos apelos dos colegas pa- cartilha do governo Lula. Militan-
anos, pré-candidato à prefeitura de ra rever a posição, principalmente te do PT no movimento estudan-
São Luís; Duda Salabert (PDT-MG), de Duarte Junior, Alessandro Viei- til desde a adolescência, Camila é
42 anos, em Belo Horizonte; Cami- ra votou contra a indicação do ex- a única do grupo que segue inte-
la Jara (PT-MS), 29 anos, em Cam- ministro da Justiça para o STF. “Si- gralmente as orientações da lide-
po Grande; e Amom Mandel (Cida- go minhas convicções, e elas fo- rança do governo. Ela é uma das
dania-AM), o mais novo do time (e ram amplamente debatidas entre líderes do Movimento Acredito
de todo o parlamento), de 23 anos, nós”, disse ele. em Mato Grosso do Sul.
em Manaus.Vieira e o deputado Pe- É nesse ponto que a propos- Pela visibilidade que conquis-
dro Campos (PSB-PE), de 28 anos, ta de compartilhamento tem se tou nos últimos anos, Tabata é a
são os únicos do gabinete compar- mostrado viável: apesar das di- porta-voz e a imagem do gabi-
tilhado que não disputarão cargos vergências, todos defendem prin-
em outubro. cípios comuns, como ética na po-
Como ativo político comum, lítica, ficha limpa, defesa da edu-
nete compartilhado. É ela quem
costuma explicar em eventos pú-
blicos como o gabinete funcio-
Lula e o americanismo
todos estão entre os mais votados cação, responsabilidade fiscal e o
em seus respectivos estados, o compromisso com a preservação
que dá esperança de bom desem- do meio ambiente, entre outros.
na. O “tio” Alessandro Vieira é o
anfitrião do grupo. Ele reservou
parte de seu gabinete no Senado
na vida brasileira
penho no pleito municipal. Taba- (bem mais amplo que os da Câ- A complexidade das relações do Brasil com os Estados Uni-
ta foi a sexta deputada com mais Formação de líderes mara) para abrigar a equipe do dos é determinada historicamente por nossa condição geopo-
votos em São Paulo, em 2022. Ob- compartilhado. É lá que o grupo lítica na América do Sul, o republicanismo, a vocação agroex-
teve o apoio de 338 mil eleitores Logo após a eleição de 2022, se reúne, religiosamente, todas portadora e industrial e a influência cultural do modo de vida
— 73 mil a mais do que os votos Amom Mandel recebeu um te- as terças-feiras, para alinhar po- americano na vida urbana. Antes mesmo da independência
que angariou em sua primeira lefonema de Tabata e Vieira pa- sições comuns e debater as pau- do Brasil, quando as relações com os EUA se estabeleceram
eleição, em 2018. ra marcar uma conversa. Os dois tas mais urgentes. diplomaticamente, alternamos períodos de tensão por razões
Amom Mandel foi a grande queriam apresentar o projeto do Duarte Junior e Pedro Cam- comerciais ou políticas, como na Inconfidência, na Confede-
surpresa das últimas eleições no gabinete compartilhado ao mais pos são os mais bem-humora- ração do Equador e nos governos Vargas e João Goulart, e mo-
Amazonas. Com apenas 23 anos e jovem calouro da legislatura. “Na dos e descontraídos. Bisneto do mentos de estreita cooperação, maior até do que deveria, co-
288,5 mil votos, ele foi, proporcio- conversa, eles deixaram claro que ex-governador de Pernambuco mo na Primeira República, no governo Dutra e nos primeiros
nalmente, o deputado federal mais se eu decidisse participar do gru- Miguel Arraes, neto da ex-de- anos do regime militar.
votado do Brasil em 2022. Sozinho, po teria total independência nas putada Ana Arraes e terceiro fi- No momento, as relações são boas entre o governo de Luiz
obteve 14,5% dos votos válidos no minhas decisões políticas, algo lho do ex-governador Eduardo Inácio Lula da Silva e o governo de Joe Biden, mas podem se
Amazonas. Duda Salabert, a pri- que é fundamental para mim na Campos, Pedro faz graça com o deteriorar em função do cenário político internacional. Ucrâ-
meira deputada trans eleita por minha carreira política. Por outro fato de Tabata ser namorada do nia, Gaza, Venezuela e Nicarágua são os pontos de maior fric-
Minas, recebeu 208 mil votos — a lado, compartilharíamos uma as- irmão mais velho dele, o prefeito ção, mas o que pode complicar ainda mais as relações é uma
terceira melhor votação do esta- sessoria técnica, algo primordial de Recife, João Campos. “Quando eventual derrota dos democratas e a volta ao poder de Donald
do. Camila Jara angariou 56 mil vo- dentro de um mandato na Câ- me elegi, ela disse: ‘Você vai para Trump, aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsona-
tos em 2022, a quinta mais votada mara dos Deputados para reali- o gabinete’. Só isso, foi assim”, di- ro. A influência cultural do americanismo, desde a entrada na
pelos sul-mato-grossenses. Duar- zar o trabalho. Outro ponto for- verte-se ele, com sorriso aberto. II Guerra Mundial (1939-1945), lado dos Aliados, entretanto,
te Junior, que tem como padri- te era que, nos assuntos que con- “Pedro e Duarte são os que man- independe dessas relações políticas conjunturais.
nho político o ex-governador do cordássemos, formaríamos uma têm o gabinete animado”, confir- O modo de vida americano serve de espelho para a maio-
Maranhão e atual ministro Flávio aliança para conseguir aprovar os ma Mandel. ria da população. Não apenas a elite econômica e a classe mé-
Dino, do Supremo Tribunal Fede- projetos mais rapidamente, afinal O desafio, neste ano, é conci- dia, cujos padrões de consumo emulam os norte-americanos,
ral, recebeu 111 mil votos, oitavo não seria só um parlamentar fa- liar a pauta do Congresso com as mas também a grande massa dos subúrbios, periferias e fave-
da lista de desem- zendo articulação, campanhas eleitorais. E o cowor- las, que hoje consomem o que podem para reproduzir o mes-
penho. Ele articula mas seis deputados king parlamentar quer dar mais mo estilo de vida, haja vista a forte influência do hip hop e do
uma ampla coali- trabalhando. Topei um exemplo: manter a produti- funk entre os jovens, o “identitarismo” de movimentos sócio
zão de legendas pa- de cara”, relembra vidade do gabinete com a apre- -políticos de negros, mulheres e LGBTQIA+ e a forte reação
ra disputar a prefei- Na conversa, o deputado amazo- sentação de novas propostas. Só conservadora pentecostal, que esses comportamentos pro-
tura de São Luís. nense. nesta legislatura, o gabinete apre- vocam, tanto aqui quanto lá.
Pelos números eles deixaram A maioria dos sentou mais de 20 projetos de lei, É preciso compreender a essência do americanismo, que
que cada um car- claro que se membros do ga- entre eles, o que cria a tarifa so- se consolida como modo de vida hegemônico após a crise de
rega, apostam que binete passou por cial de água e esgoto e o que re- 1929 e a Grande Depressão. No fim do século 19, principal-
serão candidatos eu decidisse grupos de formação tirou o Fundo de Manutenção e mente depois da I Guerra Mundial (1914-1918), os Estados
competitivos em de lideranças polí- Desenvolvimento da Educação Unidos lideraram o desenvolvimento industrial e passaram
outubro. Mas isso
participar do ticas progressistas, Básica e de Valorização dos Pro- a ser o centro da economia mundial. É um modo de vida que
não significa que, grupo teria total como o Renova BR e fissionais da Educação (Fundeb) surgiu associado ao taylorismo, como modelo de organização
apesar de trabalha- o Movimento Acre- do teto do novo arcabouço fis- do trabalho, e ao fordismo, um novo padrão de acumulação de
rem de forma co- independência dito. Essa afinidade cal. Também partiu do gabinete capital, que possibilitava o aumento da renda dos trabalhado-
laborativa no Con- nas minhas pesou na escolha compartilhado o pedido de in- res, sem as amarras e resquícios do absolutismo e da servidão
gresso, todos sigam dos novos membros vestigação ao Tribunal de Contas que caracterizaram os primórdios do capitalismo na Europa e
a mesma cartilha decisões do time, mas não foi da União (TCU) sobre o chama- outros países de passado feudal. No nosso caso, essas amarras
política. Ao contrá- fundamental. A en- do “kit robótica”, produto supos- são heranças do colonialismo e da escravidão.
rio, é comum ha- políticas” trada de Camila Ja- tamente educativo adquirido por
ver posições con- ra ajudou a conso- prefeituras do país com suspeita Modernidade líquida
trárias em votações Amom Mandel, deputado lidar a imagem de de superfaturamento.
Ao combinar organização do trabalho e empreendedoris-
mo, o taylor-fordismo foi a base do “american way of life”, cuja
tradução literal é estilo de vida americano, e se consolidou com
toda a força após a Segunda Guerra Mundial. O modelo ame-
ricano se impôs como referência de bem-estar para os países
capitalistas ocidentais e asiáticos. Numa sociedade com pleno
emprego, todos os sonhos poderiam ser realizados, com base
no consumismo, na padronização social e na crença nos va-
lores democráticos liberais. Vendido por meio dos filmes e do
marketing de suas empresas, durante a Guerra Fria, também
foi uma arma ideológica e cultural contra antiga União Sovié-
tica e o comunismo. A exclusão dos afrodescendentes dos di-
reitos civis e a histeria anticomunista promovida pelo macar-
thismo foram a face mais perversa da moeda.
No plano político e ideológico, se o americanismo foi uma
resposta capitalista bem-sucedida à esquerda revolucionária e
ao modelo do “socialismo real”, hoje as suas bases objetivas, a
grande indústria mecanizada e o fordismo acabaram ultrapas-
sados pelos novos sistemas de produção flexíveis, a automa-
ção, a robotização e outros elementos da revolução tecnoló-
gica em curso no mundo. Isso desestruturou as classes sociais
da sociedade industrial e criou um sociedade pós-moderna,
líquida e volátil, como destacou o filósofo Zygmunt Bauman
(1925-2017) ao definir o mundo globalizado.
Assim como o capitalismo nos seus primórdios, essas mu-
danças desorganizaram todas as esferas da vida social, do
amor ao trabalho, pois o sujeito sociológico moderno, com

Diversidade e acolhimento Municipal. Amom, um ativista

Quem conversa com os inte-
grantes do gabinete comparti-
lhado percebe que há outro fa-
tor que ajuda a unir parlamen-
tares com perfis tão diferentes.
Na primeira edição da experiên-
cia, entre 2019 e 2022, a parce-
ria entre o delegado de polícia
Alessandro Vieira (MDB-SE), a
astrofísica que saiu da periferia
de São Paulo Tabata Amaral (PS-
B-SP) e o engenheiro cego Feli-
pe Rigoni (atualmente no União
Brasil) criou um espaço de di-
versidade e respeito para três
calouros que nunca haviam tido
experiência política anterior.
Com a nova legislatura, essa
zona de proteção acolhe uma de-
putada trans, Duda Salabert (PDT
-MG), e um deputado diagnosti-
cado com transtorno do espec-
tro autista (TDA), Amom Man-
del (Cidadania-AM). Para ele, o
trabalho compartilhado “dá ro-
bustez ao mandato”. Ele reconhe-
ce que, para um parlamentar jo-
vem, é difícil vencer a barreira da
desconfiança dos pares mais ex-
perientes. “Ser jovem atrapalha,
as pessoas tendem a não me le-
var a sério por causa da minha
aparência”, queixa-se o deputa-
do amazonense.
Por causa das origens, da con-
dição pessoal e das bandeiras
que defendem, todos os inte-
grantes do gabinete comparti-
lhado recebem ameaças e são al-
vo de discurso de ódio na inter-
net. Duda Salabert, por exemplo,
coleciona boletins de ocorrência
policial em que denuncia amea-
ças de morte e mensagens de
conteúdo homofóbico nas pla-
taformas digitais. Quando era ve-
readora em Belo Horizonte, ela
chegou a ter escolta da Guarda
que denuncia o crime organiza-
do na Amazônia, também anda
sob proteção de seguranças. “O
gabinete nos acolhe e a visibili-
dade do Congresso nos dá pro-
teção”, reconhece ele.
Por causa dos resultados prá-
ticos e do ambiente de respeito
e acolhimento, tem mais gente
interessada em participar des-
se novo modelo de gestão par-
lamentar. Vieira e Tabata foram
procurados pela ex-prefeita de
Rio Branco Socorro Neri (PP-AC),
eleita deputada federal em 2022.
Se aceita, Neri ampliará o leque
partidário do grupo com uma
correligionária do presidente da
Câmara, Arthur Lira. (VD)
forte identidade de classe, é um ser em extinção. Os indivíduos
passaram a ser moldados e a moldar o mundo de acordo com
a sua personalidade. O estilo de vida e o modo como conso-
me, o deslocamento fácil e rápido e a mudança na forma de
trabalho, com redução de salários e insegurança no empre-
go, são as novas bases sociais e econômicas do americanismo.
Fluidez, movimento e imprevisibilidades agora são as ca-
racterísticas da vida em sociedade e vêm tendo forte impac-
to na política. No nosso caso, o fato de a China ter tomado o
lugar dos Estados Unidos como principal parceiro comercial
não deve alimentar ilusões de que podemos atrelar o nosso
desenvolvimento ao capitalismo de estado, fora dos marcos
da democracia representativa e do americanismo. O resulta-
do dessa equação seria o autoritarismo. Muito menos, trocar
o Ocidente pelo Oriente nas relações internacionais, por causa
dessa da balança de comércio exterior. O está acontecendo na
política brasileira reflete as circunstâncias das mudanças no
mundo, que precisam ser mais compreendidas. Até porque,
se esse for o novo caminho a trilhar, uma eventual derrota de
Biden terá consequências catastróficas para o presidente Lula.
INÊS249
Brasília-DF
Democracia em transe
Na semana passada, comentamos
sobre o momento crítico das democracias
pelo mundo, como vem alertando o
instituto V-Dem, da Universidade de
Gotemburgo, na Suécia. Divulgado na
última quinta-feira, o relatório anual de
2024, referente ao ano passado, mostra
um mundo dividido em termos de
liberdade política: o estudo verificou
91 democracias e 88 autocracias. Mas
boa parte da população mundial — 5,7
bilhões de pessoas — vive sob o jugo de
regimes que desrespeitam princípios
democráticos como liberdade de
expressão, imprensa livre e eleições justas.
Virada brasileira
A boa notícia é que o Brasil, segundo o
V-Dem, deu uma virada democrática em
2023. A reação ao 8 de janeiro e a punição
a Jair Bolsonaro, condenado a oito anos
de inelegibilidade pela Justiça Eleitoral,
são apontadas como pontos relevantes do
vigor democrático no país. No contexto
latino-americano, o avanço no Brasil
contrasta com o retrocesso de países
menores, como Venezuela, Cuba e Bolívia.
Mal, muito mal
Não é pouca gente, entretanto, que
se incomoda com a generosidade de
Lula com o que ocorre na Venezuela. Na
semana em que se comemorou o Dia
Internacional da Mulher, o presidente
provocou reações ao dizer que a oposição
a Nicolás Maduro deveria parar de chorar
e escolher outro candidato que não María
Corina Machado.
Bateu, levou
Impedida de disputar cargo público
pelos próximos 15 anos, María Corina
Machado rebateu Lula em alto e bom
som: “Eu, chorando, presidente Lula? Você
está dizendo isso porque sou mulher?
Você não me conhece”.
JUSTIÇA / Ministro Moraes decide que ex-presidente e outros
investigados pelo 8/1 não compareçam a atos das Forças Armadas
Bolsonaro proibido de
ir a eventos militares Antonio Augusto/Secom/TSE
» FERNANDA STRICKLAND
O
relator das investiga-
ções da tentativa de gol-
pe no 8 de janeiro, o mi-
nistro Alexandre de Mo-
raes, do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF), proibiu o ex-presi-
dente Jair Bolsonaro e outros in-
vestigados de comparecerem a
eventos das Forças Armadas, do
Ministério da Defesa e das polí-
cias militares. A decisão foi reve-
lada pelo jornal Folha de S. Pau-
lo e confirmada ao Correio pela
defesa do ex-presidente.
Os ex-ministros Augusto Hele-
no (Gabinete de Segurança Insti-
tucional), Braga Netto (Casa Ci-
vil), Paulo Sergio Nogueira (De-
fesa) e Anderson Torres (Justiça)
também são alvo da proibição.
Valdemar Costa Neto, presidente
do PL, foi intimado pela decisão,
que prevê multa diária de R$ 20
mil em caso de descumprimento.
Segundo o texto, está proibi- O despacho do ministro integra o inquérito do STF sobre “milícias digitais”
da a participação em “cerimô-
nias, festas ou homenagens rea-
lizadas no Ministério da Defesa,
na Marinha, na Aeronáutica, no
Exército e nas polícias militares”.
Alvos da PF
Os ex-ministros citados na de-
cisão estiveram na reunião de 5
de julho de 2022, peça-chave do
inquérito que investiga o pos-
sível crime de tentativa de gol-
pe de Estado após as eleições de
2022. As investigações contaram
com a deflagração da Operação
Tempus Veritatis, autorizada por
Moraes, na qual a Polícia Federal
(PF) cumpriu 33 mandados de
busca e apreensão e quatro de
prisão preventiva.
No bojo das investigações, o
ex-presidente, Valdemar e os ex-
ministros depuseram em 22 de
Águas de março no governo Lula
Desconfiança no ar
Pressionado, Maduro convidou observadores
internacionais para as eleições marcadas para 28
de julho — aniversário de Hugo Chávez, patrono
do tal socialismo do século 21 que move seus
seguidores. Os prazos exíguos para registro de
candidatura e a exclusão de adversários da corrida
eleitoral aumentam a desconfiança em relação a
Maduro, que, com a simpatia de Lula, tenta um
mandato de seis anos.
Será?
Na eleição da maior cidade do país, os três
principais pré-candidatos prometeram ampliar
a participação feminina na administração.
Guilherme Boulos pretende designar mulheres
para o comando de ao menos 50% das secretarias.
Tabata Amaral quer estender a paridade de gênero
para os conselhos das empresas paulistanas. E
Ricardo Nunes, que busca a reeleição, anunciou
uma nova integrante em sua equipe de secretários.
fevereiro na sede da PF, em Bra-
sília. Bolsonaro, Nogueira, Braga
Netto e Heleno ficaram em silên-
cio. Costa Neto e Torres, por sua
(Está proibida a vez, responderam às perguntas
dos policiais.
participação em) De acordo com o inquérito,
Cerimônias, festas Bolsonaro teria editado e apre-
sentado aos comandantes das
ou homenagens Forças Armadas, ainda em 2022,
um documento — chamado de
realizadas no minuta do golpe — que imporia
Ministério da um estado de sítio, seguido por
um decreto de Garantia da Lei e
Defesa, na Marinha, da Ordem (GLO), para reverter o
na Aeronáutica, resultado da eleição presidencial.
Em depoimento à Polícia Federal
no Exército e nas no último dia 1º, o general Mar-
co Antonio Freire Gomes confir-
polícias militares” mou ter participado da reunião
em que o ex-presidente mostrou
Trecho da decisão e discutiu o documento.
Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Política • 5
CARLOS ALEXANDRE DE SOUZA
politica.df@dabr.com.br
O mês de março começou bem conflito em Gaza, mostra de maneira
para o Palácio do Planalto, com clara a falta de sintonia entre o
a divulgação do surpreendente governante e os governados. A queda
PIB de 2023, na casa de 2,9%. O na aprovação da administração
espetáculo do crescimento, para lulista é sinal de alerta para a qual,
utilizar uma antiga expressão do por ora, ainda não se viu resposta.
vocabulário petista, sinalizava, A goleada sofrida pelo governo
à primeira vista, que o governo no Congresso, com a ascensão
de Luiz Inácio Lula da Silva e o de expoentes do bolsonarismo
ministro da Fazenda, Fernando nas comissões mais importantes
Haddad, em particular, estão da Câmara, carregou ainda
realizando um bom trabalho na mais a paisagem. É mais um
recuperação econômica do país. revés a ser incluído na lista de
As pesquisas de opinião derrotas do Planalto, em um
divulgadas esta semana, porém, claro sinal de que articulação
indicaram que o eleitor está com política do governo tem poder
uma avaliação muito distinta. A de negociação limitadíssimo na
insatisfação do brasileiro com a arena comandada por Arthur Lira.
inflação dos alimentos, somada às Se o fim do verão está assim, nada
declarações infelizes de Lula sobre o indica que o inverno será brando.
Já vimos isso Só a ponta
Quando candidato, Lula também prometia Ressalte-se que esse debate diz respeito apenas
dar mais espaço às mulheres. Em 14 meses de a uma parte do problema. O comércio e a oferta de
governo, porém, diminuiu o número de ministras na maconha no Brasil ainda permanecerão uma questão
Esplanada. Na semana passada, a ministra da Cultura, em aberto por muito tempo. Países mais avançados
Margareth Menezes, cobrou publicamente do chefe na descriminalização das drogas enfrentam novos
uma maior participação feminina. No âmbito do desafios. No Canadá, onde o governo federal assumiu
Judiciário, o presidente da República nomeou dois o controle da produção da droga, a indústria de
homens para o Supremo Tribunal Federal. cannabis se queixa da viabilidade econômica do
negócio. Em Portugal, há um crescente revisionismo
sobre a política de descriminalização, após o aumento
Porte social do consumo e de overdoses.
Na polêmica sobre a maconha, o presidente do
STF, Luís Roberto Barroso, explica que a Corte está Força aos institutos
empenhada em definir uma quantidade específica
de maconha que diferencie o usuário do traficante. O presidente Lula anuncia esta semana a inauguração
Barroso ressalta a clivagem social na realidade de mais 100 novos institutos federais, considerados
das drogas: enquanto na periferia um jovem, fundamentais para a educação profissional e tecnológica.
possivelmente negro, é preso por uma quantidade O ministro da Educação, Camilo Santana, aposta
x de maconha, em bairros mais ricos, outro jovem, muito nesse modelo. Além de abrir novos institutos,
possivelmente branco, não tem maiores problemas particularmente na Região Norte, o titular do MEC
com a polícia. pretende reformar as unidades já construídas.
PO
Informe Publicitário
Boletim informativo das
Organizações PaulOOctavio
NEWS
EDIÇÃO Nº 9 39 | ANO 49 10 D E M A RÇO D E 2024 | B RA S Í L I A /D F
MANHATTAN SHOPPING CONQUISTA
KOPENHAGEN E CVC
Na última quart a-feira, 6 de março, Rodrigo Romano, da Kopenhagen,
e Cláudio Vil a Nova, da CVC, receberam a visita de Paulo Octávio, Geraldo
Melo e João Marcos Mesquita para celebrar a assinatura do contrato com o
Manhattan Plaza.
Empreendimento da PO Shoppings, o Manhatt an foi planejado com
espaços abertos, charmosos e ambientes com muita vegetação interna e
externa e será o shopping mais luxuoso e elegante de Águas Claras.
Com as obras evoluídas, o Manhatt an será inaugurado em 2025, e está
ancorado por três torres, sendo duas de apartamentos e uma de escritórios.
Um empreendimento completo e sofisticado no coração da New York
de Brasília.
www.paulooctavio.com.br
INÊS249

Brasil
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)

6 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024

SAÚDE

Em busca de respostas
No Brasil, há mais de 13 milhões de portadores de doenças raras. Pais e médicos procuram informações e novos tratamentos
que possam dar qualidade de vida às pessoas com condições específicas. Evento debate preparação da rede pública
Arquivo pessoal
» INGRID SOARES
João, de 6 anos, nasceu

A
pós enfrentar dificuldades pa- com a síndrome de Apert
ra encontrar informações e tra-
tamento para o filho, Natália
Jereissati, 46 anos, e o marido,
Igor Cunha, 52, iniciaram uma cami-
nhada para tornar o diagnóstico e o tra-
tamento mais acessíveis. João, 6, nasceu
com síndrome de Apert — condição ge-
nética rara que leva à fusão dos ossos do
crânio, das mãos e dos pés. A doença faz
parte de um grupo de anormalidades
congênitas, chamado de craniossinos-
tose sindrômica, que causa alterações
no formato do crânio.
A experiência pessoal do casal de
empresários os levou a idealizar o pri-
meiro simpósio internacional sobre o
assunto no Brasil. O evento ocorrerá
em 14 e 15 de março, no Hospital de
Reabilitação e Anomalias Craniofa-
ciais (HRAC) da Universidade de São
Paulo (USP), em Bauru.
Natália Jereissati relatou que o diag-
nóstico do filho ocorreu após a gravidez
e a opção de tratamento era uma cirur-
gia de grande porte, o que exigiria dias
de internação e transfusões de sangue.
Por meio de pesquisas e a ajuda de
amigos e familiares, ela encontrou um
tratamento menos invasivo, fora do
país, realizado aos três meses de vida
do bebê, no Boston Children’s Hospi-
tal, da Universidade Harvard, nos Esta-
dos Unidois, para onde se mudou com
os outros dois filhos. Até agora, foram 10
cirurgias. Futuramente, ele precisará de
novas intervenções.
“Atualmente, ele está ótimo, ainda vai
passar por mais algumas cirurgias. A gen-
te é muito grato por tudo que conseguimos SAIBA MAIS
com ele. Daí, veio a ideia de fazer esse sim-
pósio. As informações sobre a condição são
escassas e a intenção é fazer esse intercâm- O que é craniossinostose? de suturas cranianas responsáveis As síndromes de Apert, Crouzon, dos sintomas, o médico solicitará
bio entre esses centros de excelência para É uma anormalidade congênita que pelo crescimento dos ossos do crânio. Muenke, Pfeiffer e Saethre-Chotzen exames de imagem para avaliar a
que futuramente os médicos consigam fa- afeta 1 em cada 2.500 nascidos. Causa As causas são diversas, como força são os exemplos mais comuns de estrutura do crânio de forma detalhada.
zer uma pesquisa mais colaborativa.” alterações no formato do crânio e pode mecânica (ambiente uterino), distúrbios síndromes genéticas associadas à
levar à hipertensão intracraniana, que metabólicos e alterações genéticas. Há craniossinostose. Tratamento
Debate provoca, entre outras coisas, dores de vários tipos de cranioestenose e são A maioria das crianças com
cabeça, alteração visual e prejuízo na classificadas de acordo com a sutura Diagnóstico cranioestenose precisará de tratamento
O evento pretende chamar a atenção capacidade de aprendizado. craniana acometida que fechou. Já a O diagnóstico de cranioestenose cirúrgico para restabelecer a forma
da classe médica para importância de forma sindrômica é aquela em que a envolve uma avaliação clínica por e o tamanho adequado do crânio,
o Sistema Único de Saúde (SUS) estar Causas criança nasce com craniossinostose um especialista, como pediatra ou além de acompanhamento de equipe
preparado para conduzir eventuais ca- É provocada pelo fechamento precoce associada a outras características. neurocirurgião pediátrico. Após análise multidisciplinar.
sos na rede pública. Há ainda a subnoti-
ficação das síndromes, com impacto di-
reto na assistência. Ao fim da conferên-
cia, um novo protocolo de atendimento “João está na escolinha. Sabe ler, faz milagre. É o tamanho da felicidade que mais cedo é feito o diagnóstico e a cirur- fono, odontologia, neurologista, confor-
e tratamento deve ser formalizado junto matemática superbem, é um excelente hoje o João transformou a nossa vida. gia, maiores são as chances de sucesso. me ela cresce.”
ao Ministério da Saúde. A craniossinos- aluno. Ele foi desabrochando e tem au- Essa sensação de felicidade, essa mu- “O crânio é como se fosse uma rou- Também está confirmada a presen-
tose atinge 1 em cada 2.500 nascidos. tonomia como qualquer outra criança dança foi tão boa pra gente. Queremos pa costurada com elástico. Conforme o ça de Natan Monsores, especialista
“Meu filho está no limbo dos casos de 6 anos. No ano passado, nossa preo- passar isso para outras famílias e que cérebro cresce, a roupa vai esticando. no tema, e dos principais represen-
subnotificados. São discussões que a cupação era se ele ia conseguir pegar elas não passem pela mesma dificul- Quando um desses elásticos está fecha- tantes de hospitais que tratam cra-
gente quer entender onde existem fa- no lápis. E ele está escrevendo, dese- dade”, disse. do, o crânio não cresce no mesmo rit- niossinostose no Brasil, além de pais
lhas para que consigamos trabalhar nas nhando do jeitinho dele. Queremos mo que o cérebro precisa, provocando e familiares que lidam com a doen-
melhorias. A ideia é que a gente saia do mostrar a outras famílias que é possí- Parceria a chamada hipertensão intracraniana. ça. As inscrições estão abertas para
simpósio com algum tipo de documen- vel proporcionar qualidade de vida a É muito importante que a criança seja diversos públicos, desde estudantes
to de diagnóstico e a gente consiga tra- pacientes com outras síndromes simi- O simpósio conta com a participação tratada adequadamente.” a profissionais especializados.
balhar isso junto ao Ministério de Saú- lares”, afirmou a empresária. de especialistas do Boston Children´s Ela explica que a técnica cirúrgica de- O evento tem o apoio da InciSioN, or-
de, aos comitês de doenças raras, que Igor Cunha lembrou que os primeiros Hospital e do Necker Enfants Malades, de pende do tipo da condição e da idade da ganização não governamental de defesa
esse diálogo possa trazer mudanças po- anos foram de incertezas. “Houve falta Paris. Uma das painelistas, Michele Bran- criança. “Vai depender se é síndrome, a cirurgias acessíveis a todos, do Institu-
líticas, legais e de governança no Brasil”, de informação e tantas dúvidas. Está- dão, neurocirurgiã do HRAC USP Bauru, se é isolada e da idade da criança. Além to Coalizão Saúde (ICOS), da Sociedade
explicou Natália Jereissati, que é filha do vamos em um lugar superescuro e ti- explica que a craniossinostose consiste disso é muito importante no comecinho Brasileira de Auditoria Médica (SBAM) e
ex-senador e ex-governador do Ceará nha algumas luzes no fim do túnel e tu- no fechamento precoce das estruturas do cuidados com a alimentação, com a res- da Associação Brasileira dos Enfermei-
Tasso Jereissati (PSDB). do se transformou num quadro de um crânio. A especialista destaca que quanto piração. É preciso toda uma equipe de ros Auditores (ABEA).

QUEDA DE AVIÃO EBC

Sobrevivente sai do hospital

» FERNANDA STRICKLAND
Único sobrevivente da queda do
avião monomotor da Polícia Federal no
Aeroporto da Pampulha, em Minas Ge-
rais, o mecânico aeronáutico Walter Luiz
Martins, 51 anos, recebeu alta médica
ontem. Ele estava internado no Hospi-
tal de Pronto Socorro João XXIII, em Be-
lo Horizonte, desde o dia do acidente.
Além dele, estavam na aeronave ou-
tras duas pessoas, que morreram carbo-
nizadas: os agentes da PF José de Moraes
Neto, 50 anos, e Guilherme de Almeida
Irber, 44. Ambos eram de Brasília.
Walter Luiz trabalha em uma empre-
sa terceirizada. Ele havia sido socorri-
do consciente e com trauma abdomi-
nal. Ele também é do Distrito Federal.
A mulher dele, Eliane Martins, postou
nas redes sociais mensagens de apoio
ao marido. “Gratidão é a palavra que
resume a minha vida. Ai de mim se não
fossem os cuidados de Deus”, diz o tex-
to compartilhado.
O Terceiro Serviço Regional de In-
vestigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Seripa III), órgão regio-
nal do Centro de Investigação (Ceni-
pa), está apurando a causa do aciden-
te. Nesta primeira etapa do proces-
so, ocorre a coleta e a confirmação de
dados, além da verificação dos danos
causados e o levantamento das demais
informações necessárias.
O caso
O avião que caiu no Aeroporto da
Pampulha tinha feito dois voos curtos
antes do acidente. Segundo os bom-
beiros, o veículo chegou a decolar, mas
instantes depois perdeu altitude e caiu
na área lateral da pista. A aeronave pe-
gou fogo ao atingir o chão. Militares do
Corpo de Bombeiros informaram que
assim que chegaram ao local, os agen-
tes já estavam mortos.
A aeronave em questão é um Cessna
208B, fabricado em 2001, com 11 lugares
e capacidade para nove passageiros. Em
2019 e em 2020, houve registros de estou-
ro de pneu envolvendo o monomotor.
Os corpos das vítimas foram vela-
dos na última sexta-feira. A cerimô-
nia, restrita à família e a amigos pró-
ximos, ocorreu no Hangar do Coman-
do de Aviação Operacional (Caop), no
Aeroporto de Brasília. Durante o cor-
tejo, houve movimentação de carros
da Polícia Federal, além de helicópte-
ros que sobrevoaram o local com os
nomes dos servidores. Duas pessoas morreram e uma ficou ferida em queda de avião da PF em Minas
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Economia
7 • Correio Braziliense — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Bolsas
Na sexta-feira Ibovespa nos últimos dias
128.339
0,99% 0,18%
São Paulo Nova York
5/3
IMPOSTO / Ferramentas disponibilizadas pela Receita Federal facilitam a vida do contribuinte. Especialistas alertam
para riscos da malha fina por falta de documentação necessária. Quem não entregar está sujeito a multa
Acerto de contas
com o IR se aproxima
» FERNANDA STRICKLAND
A
entrega da declaração do Im-
posto de Renda Pessoa Física
(IRPF) 2024 começa em 15 de
março e, segundo especialis-
tas, a organização antes do início da
data é fundamental para simplificar
o processo e evitar cair na malha fi-
na. A expectativa é de que 43 milhões
de declarações, referente ao ano-base
2023, sejam entregues até 31 de maio.
Para evitar problemas com pen-
dências no IRPF, Daniel de Paula, es-
pecialista tributário da IOB, apon-
tou para a importância de analisar
todos os itens. “Mesmo que o con-
tribuinte opte pela declaração pré
-preenchida, é obrigação dele veri-
ficar todos os valores e os documen-
tos listados na declaração de Impos-
to de Renda de 2024”, alerta.
Os principais documentos são: infor-
me de rendimentos; informes de insti-
tuições financeiras; comprovantes de
despesas; documentos de bens e direi-
tos; documentação de rendimentos; do-
cumentação de dependentes; declara-
ção de Imposto de Renda do ano ante-
rior; e informações bancárias.
“O informe de rendimentos é
fornecido pelas fontes pagadoras,
Pontuação B3
Na sexta-feira
127.070
R$ 4,981
6/3 7/3 8/3
(+0,96%)
como empregadores, bancos, cor-
retoras, entre outros. Esse docu-
mento contém informações sobre
seus rendimentos ao longo do ano,
incluindo salários, rendimentos de
aplicações financeiras, benefícios
previdenciários, etc”, explica Natha-
lia Maestrelo, auditora, contadora e
sócia da Auddas.
Outros comprovantes também são
necessários: despesas médicas; odon-
tológicas; educação; previdência pri-
vada; contribuições a instituições de
caridade; e outras. A documentação de
dependentes também deve ser verifi-
cada atentamente. “Essas informações
são nome, CPF e data de nascimento,
além de documentos que comprovem
despesas com educação, saúde, pen-
são”, diz Maestrelo.
“É importante sempre conferir a
lista completa de documentos exigi-
dos pela Receita Federal do Brasil pa-
ra o ano fiscal em questão, pois pode
haver mudanças nas exigências a cada
ano. Além disso, consultar um conta-
dor ou profissional especializado em
imposto de renda pode ser útil para
garantir que todos os documentos ne-
cessários estejam corretos e que a de-
claração seja feita de forma adequa-
da”, completa a especialista.
Dólar Salário mínimo
Últimos
4/março 4,947
5/março 4,955
R$ 1.412
6/março 4,945
7/março 4,933
Facilidade
A declaração pré-preenchida é uma
ferramenta para facilitar a vida do bra-
sileiro. Segundo a Receita Federal, 9,8
milhões de pessoas escolheram a op-
ção no ano passado (24% dos contri-
buintes), contra 2,9 milhões de 2022.
Quando o sistema foi criado, em 2019,
eram apenas 159 mil.
O órgão informou que 2024 deve ba-
ter recorde. Das 43 milhões de declara-
ções que o fisco espera receber até 31 de
maio, cerca de 40% devem ser pelo mé-
todo pré-preenchido.
“Essa função auxilia na importa-
ção de dados anteriores bem como
demonstra automaticamente infor-
mações que a Receita Federal pos-
sui e foram obtidas de outras fontes,
a exemplo dos rendimentos tributá-
veis de trabalhador assalariado que
foram declarados até 29 de fevereiro
pela empresa empregadora”, diz Wes-
ley Santiago, especialista em tributos
da Macro Contabilidade e Consultoria.
Apenas as contas nível prata e ou-
ro no Gov.br poderão usar o servi-
ço em todas as plataformas dispo-
níveis para o preenchimento. Ou-
tro ponto reforçado de destaque
é que quem entregar a declaração
Euro CDI
Comercial, venda Ao ano
na sexta-feira
R$ 5,451 11,15%
pré-preenchida e pedir o pagamen-
to da restituição via Pix entra na fi-
la de prioridade para receber a res-
tituição.
Novas regras
Neste ano, novas regras foram anun-
ciadas pela Receita Federal. Estão obri-
gados a declarar os que receberam
rendimentos tributáveis acima de R$
30.639,90 em 2023, rendimentos isen-
tos e tributados exclusivamente na fon-
te cuja soma supere a R$ 200 mil ou ti-
veram receita bruta em valor superior a
R$ 153.199,50 em atividade rural.
Também devem entregar a declara-
ção pessoas que realizaram alienações
acima de R$ 40 mil em operações de
bolsas de valores, de mercadorias, de
futuros e assemelhados e ou com ga-
nhos líquidos sujeitos à incidência do
imposto. Além disso, se enquadram na
obrigatoriedade aqueles que se bene-
ficiaram da isenção de imposto sobre
ganho de capital na venda de imóveis
residenciais e adquiriram outro imóvel
residencial em até 180 dias; e possuíam
bens e direitos no valor total superior a
R$ 800 mil até 31 de dezembro de 2023.
Os que tornaram-se residen-
tes no Brasil em qualquer mês e
Editor: Carlos Alexandre de Souza
carlosalexandre.df@dabr.com.br
3214-1292 / 1104 (Brasil/Política)
CDB Inflação
IPCA do IBGE (em %)
Prefixado
Setembro/2023 0,26
30 dias (ao ano)
Outubro/2023 0,24
Novembro/2023 0,28
10,88% Dezembro/2023 0,56
Janeiro/2024 0,42
permaneceram nessa condição até o
fim do ano; optaram por declarar bens,
direitos e obrigações no exterior; são ti-
tulares de trust no exterior; e precisam
atualizar informações sobre bens no ex-
terior também devem declarar.
“Desde os rendimentos tributáveis,
até as particularidades relacionadas à
posse de bens e direitos, é fundamen-
tal compreender todas as condições
que determinam a obrigatoriedade da
declaração. Recomendo que os contri-
buintes busquem orientação profissio-
nal para garantir que estejam em con-
formidade com as novas exigências”,
ressalta Carmem Granja, diretora da
Abrapsa e sócia-diretora da JF Granja
Contabilidade.
Para facilitar a entrega, os contri-
buintes podem utilizar o aplicativo
Meu Imposto de Renda para disposi-
tivos móveis, o programa gerador do
imposto de renda para computadores
e o preenchimento on-line pelo Cen-
tro Virtual de Atendimento da Receita
Federal (E-CAC).
“É importante destacar que quem
perder o prazo estará sujeito à mul-
ta de atraso das declarações, que pode
variar de 1% a 20% sobre o imposto de-
vido, com valor mínimo de R$ 165,74”,
conclui Granja.
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8 • Economia • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Correio Braziliense

SETOR DE SEGUROS / Mulheres são o público que mais cresce neste mercado de trabalho após a pandemia de
covid-19. Mesmo assim, o salário delas ainda é menor em comparação ao dos homens

Elas conquistam espaço Arquivo pessoal

» ROSANA HESSEL lembra a executiva, é 32% e, no

Brasil, 17% da população possui

T
radicionalmente, o mer- alguma proteção, e, desse per-
cado de seguros sempre centual, praticamente a metade
foi muito masculiniza- são benefícios de vida em grupo,
do, mas as mulheres es- ou seja, vinculados às empresas.
tão ganhando cada vez mais es- “A procura por seguros no Bra-
paço nesse setor. A preocupação sil ainda é baixa, mas o que te-
maior com o patrimônio tem fei- mos identificado é uma deman-
to elas entrarem nesse segmen- da maior por proteção, princi-
to, tanto no trabalho quanto no palmente, de mulheres e jovens,
consumo, especialmente após a que aumentou após a pande-
pandemia da covid-19, de acordo mia”, destaca.
com especialistas do setor. De acordo com Hilca Vaz, a
Seguradoras, atentas a es- inclusão de produtos e serviços
sa tendência, buscam ofertar que possam ser utilizados em vi-
mais produtos específicos para da, como doenças graves, cober-
as consumidoras — que são as tura cirúrgica, estão tendo muita
mais preocupadas em buscar al- procura também.
guma proteção. Em novembro do ano passa-
A corretora de seguros Elia- do, a Mapfre lançou a platafor-
ne Araújo, 48 anos, moradora de ma Ela, uma assistência adicio-
Ceilândia Norte, está na carreira nal para quem contratar o seguro
há 22 anos. Quando começou, de vida multiflex da companhia.
apenas 30% da carteira de clien- O programa atende tanto às mu-
tes era de mulheres, e, hoje em lheres quanto aos homens, que
dia, esse percentual chega a 75%. ao contratarem o seguro de vida,
“No começo, havia bastante podem estender a proteção e in-
dificuldade, principalmente, a dicar uma mulher para ter aces-
logística da seguradora e os pro- so aos novos benefícios.
cessos manuais. Praticamente eu Por meio da plataforma, as se-
tinha que ir todos os dias na se- guradas podem fazer consultas
guradora para tratar de uma si- por vídeo agendadas com enfer-
tuação e só depois ir para o local meiras especialistas em saúde
de trabalho”, conta. da mulher e pronto-atendimen-
“Não é apenas vender e, sim, to on-line, 24 horas por dia, en-
gerar aos meus tre outros serviços.
clientes tranquili- O programa repre-
dade e confiança senta uma plata-
na hora que mais forma de gestão da
precisam, quando As mulheres já saúde das mulhe-
vão fazer uso dos res, focado no bem
benefícios [acionar têm alcançado -estar delas.
o seguro]”, comple- cargos mais “Queremos ser
ta. parceiros em to-
Araújo trabalha médios, como das as fases da vida
em todos os seg- das mulheres e, pa-
mentos, como au-
gerência, mas ra isso, compreen-
tomóvel, residen- ainda temos demos que preven-
cial, plano de saú- ção e autocuidado
de, odontológico, lacunas que são temas que me-
seguro de vida, pre- precisam ser recem atenção o
vidência, consórcio ano inteiro”, afir-
e tem nas mulheres alcançadas, ma Vaz. Ana Paula de Almeida destaca o baixo número de mulheres em cargos de chefia no ramo de seguros e a desigualdade salarial
os melhores clien- Apesar de ainda
tes. “Elas são mais como diretorias e ser minoria entre Arquivo pessoal

compreensíveis e conselhos” os clientes da se-

tranquilas”, frisa. gurada, a executi-
No dia a dia, a Ana Paula de Almeida, va da Mapfre res-
tecnologia é uma diretora da CNseg salta que o público Não é apenas
importante alia- feminino é muito
da da corretora. “O mais atento à saú- vender e, sim,
mercado segurador se moder- de preventiva e, atualmente, gerar aos
nizou muito, facilitando e agili- elas são responsáveis por 80%
zando a nossa comunicação com do consumo de saúde no Brasil. meus clientes
clientes, prestadores e segurado- E, de olho nesse segmento, a
ras. Com o aprimoramento das empresa lançou em novembro tranquilidade
novas tecnologias e a moderni- do ano passado uma platafor- e confiança na
zação, tudo é feito de forma di- ma de assistência diferenciada
gital”, destaca. para o seguro de vida multiflex, hora que mais
que não tem custo adicional. “O
Mudança de perfil Ela acompanha o ciclo de vida da precisam, quando
mulher, inclui terapias, orienta- vão fazer uso
A preocupação pela equida- ções e as mulheres conseguem
de de gênero também cresce en- ter uma assistência mais com- dos benefícios
tre as empresas de seguro. Uma pleta para a saúde mental e físi-
das seguradoras mais tradicio- ca”, explica.
[acionar o
nais do mercado, o grupo Ma- Ela lembra que um dos maio- seguro]”
pfre aderiu, em 2020, aos prin- res benefícios do seguro é fazer
cípios da Organização das Na- um planejamento futuro e conse- Eliane Araújo,
ções Unidas (ONU) mulheres e guir se prevenir de uma ausência corretora de seguros
assumiu o compromisso de, pe- para os entes mais importantes
lo menos, destinar 45% das va- da família. “Hoje, mais de 50% das
gas para pessoas do sexo femi- casas são chefiadas por mulheres.
nino e, atualmente, 58,53% do E, muitas delas, não têm um com- feminina no setor de seguros tem serviços financeiros do mundo,
total dos colaboradores são mu- panheiro e, portanto, elas são as
Raio-X situado no patamar de em torno as mulheres representam 40%
lheres e entre os cargos de lide- responsáveis pela continuidade de 55% do total de funcionários, da carteira de clientes e a maior
rança da companhia, 41% são do e proteção da família e, com um Veja alguns destaques sobre os quadros de contudo, ainda são minoria nos parte delas tem entre 30 e 49 anos
sexo feminino. seguro, ela vai sair de casa mais funcionários das seguradoras cargos de chefia. (66%), e vem registrando aumen-
Hilca Vaz, diretora de Vida e tranquila para seguir o dia e fazer Ela reconhece, porém, que os to na demanda dessa clientela.
Previdência da Mapfre Seguros, as suas atividades”, explica. Evolução salarial dados segregados por gênero en- A empresa conta com alguns
há 30 anos no mercado, conta De acordo com a executiva, tre as clientes do setor de segu- produtos para o público femini-
que tem visto muito mais mu- existem variáveis, como idade Distribuição salarial média – Seguradoras ros ainda não possuem uma ba- no, como uma cobertura espe-
lheres nos congressos do setor da pessoa, que pesam no preço se consolidada. cífica para as mulheres — a co-
do que há 15 anos. “Existe um do seguro. “A cobertura contrata- Ano Valor R$ mil/mês “Essa é uma preocupação bertura Doenças Graves Modu-
grande número de mulheres em da também varia e é possível fa- Homem Mulher Proporção M/H nossa e vamos buscar fazer um lar, que cobre até 25 doenças e
corretoras e executivas de segu- zer seguros flexíveis e customiza- 2015 5,4 3, 9 72% levantamento mais segmenta- procedimentos, incluindo cân-
radoras”, afirma. dos. Por exemplo, uma pessoa de 2018 6,3 4, 5 71% do para os próximos relatórios cer de mama.
Segundo ela, desde a pande- 35 anos pode pagar R$ 15 a R$ 20 2021 8,3 5, 8 70% de sustentabilidade. E esse se- O produto prevê 50% adicio-
mia, o comportamento das pes- por mês para ter uma cobertura rá mais um dos desafios para os nal ao capital segurado contrata-
soas mudou e 65% do público de capital de R$ 100 mil”, desta- negócios, porque a linguagem do para mulheres que tenham o
que mais tem procurado segu- ca a diretora da Mapfre. Distribuição dos funcionários das seguradoras ainda é muito complicada para diagnóstico da doença em está-
ro são mulheres. “Isso mostra o público comum. Estamos nos gio avançado.
uma mudança no comporta- Desigualdade Dados de 2022 Proporção em cada cargo em % esforçando para simplificar.” “As mulheres estão mais preo-
mento nos últimos anos após a Cargo Homens Mulheres A diretora da CNSeg ressal- cupadas com a saúde e buscam
covid-19”, aponta. Ana Paula de Almeida, diretora Executivos 69 31 ta ainda que o avanço das mu- por uma proteção financeira.
Comparando com o mercado de Sustentabilidade e Relações de Gerentes 56 44 lheres no setor é uma realida- Queremos apoiá-las nessa bus-
segurador no mundo, a executi- Consumo da Confederação Na- Coordenadores 50 50 de e está relacionada com es- ca por uma vida saudável e lon-
va ressalta que o brasileiro ainda cional das Seguradoras (CNseg), colaridade, porque elas costu- geva oferecendo um diversifica-
Demais 43 57
tem uma cultura baixa de seguro, diz que, nos últimos anos, as mu- mam ter maior nível de estudo do portfólio de produtos e assis-
pois menos de 20% da população lheres passaram a ser maioria en- Total 46 54 do que os homens. “Ainda exis- tências. Acompanhamos a trans-
Fonte: ENS
do país está protegida com algum tre os executivos do setor e, atual- tem alguns dogmas que são co- formação do consumidor e pro-
seguro. “Em países desenvolvi- mente, representam 52,3% do to- locados, mas as mulheres mos- tegemos nossos clientes de im-
dos, como o Japão, 90% [dos habi- tal de funcionários, enquanto os tram que estão cada vez mais previstos, permitindo que os se-
tantes] possuem seguro e, nos Es- homens representam 47,7%. em torno de 70%, conforme da- Negócios e Seguros (ENS)em ju- preparadas”, destaca. gurados também usufruam os
tados Unidos, 70% estão protegi- No entanto, ela aponta que dos da 4ª edição do estudo Mu- lho de 2022. Na Prudential do Brasil, sub- benefícios do seguro em vida”,
dos com alguma apólice”, afirma. a remuneração média ainda é lheres no Mercado de Seguros do De acordo com o estudo, ao sidiária da Prudential Financial, afirma o diretor de Produtos da
A média global dos segurados, menor do que a dos homens: Brasil publicado pela Escola de longo dos anos, a maior presença uma das maiores empresas de companhia, Dennys Rosini.
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Mundo
9 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Portugueses vão às urnas neste domingo escolher o novo Parlamento. São fortes as chances de o país europeu dar uma
guinada à direita, depois de oito anos de governo socialista. Dois em cada 10 não sabem em que vão votar
Futuro de Portugal está
nas mãos dos indecisos
» VICENTE NUNES
L
isboa — A comerciante Ma-
ria de Fátima Jardineiro, 61
anos, se diz desiludida com
a política portuguesa. Não se
vê representada por nenhum parti-
do, muito menos pelos candidatos
que, nas últimas semanas, saíram
às ruas atrás de votos para assu-
mir o governo de Portugal. Ela faz
parte de um grande contingente
de cidadãos indecisos, que podem
decidir o destino do país europeu,
caso saiam de casa para cumprir o
dever cívico neste domingo de fim
de inverno, de muita chuva e neve.
Os especialistas são unânimes em
dizer que os 18% dos eleitores que
ainda não sabem em que vão vo-
tar serão fundamentais para selar o
resultado das urnas, já que as duas
principais forças, a Aliança Demo-
crática (AD) e o Partido Socialista
(PS), aparecem empatados den-
tro das margens de erro em todas
as pesquisas. “Vou votar, mas não
acredito em ninguém, nem em ne-
nhum partido”, diz Fátima.
A prevalecer o que apontam as
sondagens eleitorais, depois de
oito anos de governo socialista,
Portugal pode dar uma guinada
à direita. A Aliança Democrática,
liderada pelo Partido Social De-
mocrata (PSD), tem 29% da pre-
ferência dos portugueses, índice
que sobe para 35% quando in-
cluídos os indecisos, segundo o
último levantamento feito pelo
Ipespe, instituto brasileiro con-
tratado pela CNN local. Confir-
mada essa votação, a AD terá a
principal bancada da Assembleia
da República, com grande chan-
ce de assumir o governo, tendo
Luís Montenegro como primei-
ro-ministro. Haverá, no entan-
to, a necessidade de uma coliga-
ção para formar maioria no Par-
lamento. Montenegro já conse-
guiu o apoio da Iniciativa Libe-
ral (IL), que aparece com 5% e 6%
das intenções de votos, ainda in-
suficiente para chegar ao Palácio
de São Bento. O fator decisivo se-
rá o Chega, de ultradireita, com
13% e 15% na mesma pesquisa
Paulo Delgado
DONALD TRUMP, O
INIMIGO INTERNO
O que se passa nos EUA não
são acontecimentos políticos, é
uma atmosfera de decadência
que combina o abuso do líder,
que não abre mão de querer se-
duzir continuamente o cidadão,
misturado aos aspectos polêmi-
cos da liberdade de expressão
agressiva e incitadora da discri-
minação de raça e identidade de
nossa época. Há no mundo ca-
da vez mais sócios da necessi-
dade de transgredir, estimula-
dos pelo prestígio das pessoas de
mau gosto. Tudo facilitado pela
falência da escola, o fim da cul-
tura clássica e erudita, a pressa
em usufruir, a regressão do bom
gosto vocabular e auditivo, a fa-
la e o ouvido infantil. Um confor-
mismo social e a ilusão de que a
Cenário
10,8 milhões
Total de eleitores inscritos
18%
Índice de indecisos
240,1 mil
Eleitores no Brasil
e que deve ao menos duplicar a
bancada. Mas o partido é repu-
diado pelo líder da Aliança De-
mocrática.
“Que a maioria da Assembleia
da República será de direita, não
temos dúvida”, diz o professor
Hugo Ferrinho Lopes, pesquisa-
dor de doutorado da Universi-
dade de Lisboa. Ele acredita que
é um caminho natural, dada à
tradição de alternância de po-
der em Portugal. “Mas o jogo es-
tá em aberto, pois nunca se viu,
em nenhuma eleição, um índi-
ce tão elevado de indecisos. Pa-
ra onde eles forem, a vitória está
garantida”, acrescenta. Presiden-
te do Fórum Brasil Europa e pro-
fessor da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, Vitalino
Canas vê uma tendência de a AD
ganhar a atual disputa, sobretu-
do, por causa das dificuldades
enfrentadas pelo PS. O partido
se viu envolvido em denúncias
de corrupção dentro do governo,
o que resultou no pedido de re-
núncia de António Costa do car-
go de primeiro-ministro. Foi es-
se movimento que levou o presi-
dente da República, Marcelo Re-
belo de Sousa, a dissolver o Parla-
mento e convocar novas eleições.
Como o quadro eleitoral está
muito incerto, Canas não descar-
ta a possibilidade de as urnas le-
varem a um fato inédito em Por-
tugal: a Assembleia da República
ter a maioria dos deputados de di-
reita, mas o país ser governado pe-
la esquerda. “É um retrato do que
vemos no Brasil atualmente, on-
de o governo é de esquerda, mas
o Congresso é majoritariamente
contato@paulodelgado.com.br
riqueza se distribui naturalmen-
te; e de que as ideias podem ser
transportadas por palavrões ou
aviões de guerra.
Donald Trump está ensaiando
seu retorno ao poder nos EUA, de
onde nunca saiu por inteiro. Suas
chances de vitória contra Joe Biden
são reais. Ainda que Biden con-
tinue o favorito, o mundo está se
preparando para um cenário de
retorno de Trump ao poder.
Os problemas da socieda-
de norte-americana são cada vez
mais relacionados ao crescimen-
to dos seus inimigos internos. A li-
berdade e a prosperidade de um
país estão dentro dele. De nada
adianta estar cheio de princípios
quem não se submete a eles. Tal-
vez os EUA estejam convencidos
ELEIÇÕES
Vicente Nunes/CB/D.A Press
A comerciante Maria de Fátima Jardineiro diz que não se sente representada por partidos ou candidatos
de direita”, ressalta. Para que isso
aconteça, a Aliança Democrática,
mesmo tendo a maior votação, não
teria o apoio suficiente para fazer
o primeiro-ministro. Já o PS con-
seguiria atrair aliados que lhe da-
riam a maioria necessária. “Quan-
do analisamos as pesquisas, vemos
que entre 38% e 40% dos eleitores
aprovam o atual governo do PS.
Esses números incluem os indeci-
sos. Portanto, se votarem no parti-
do, podem garantir a vitória à es-
querda”, explica.
É nessa possibilidade que o
atual líder do PS e candidato a
primeiro-ministro, Pedro Nuno
Santos, está se apegando. Ele tem
martelado que as sondagens elei-
torais podem errar mais uma vez,
por conta do voto útil. Em 2022,
todos os levantamentos aponta-
vam para a vitória do PSD, mas
o Partido Socialista conseguiu
maioria absoluta. Ou seja, não
de que sua liderança mundial não
lhe rendeu nada em termos de fe-
licidade pessoal e que a liberdade
que o país desfruta seja resultado
da inércia da sociedade e da voraci-
dade com que sua população con-
some tudo, como se o corpo todo
fosse uma única boca voraz.
Internacionalmente, um se-
gundo mandato de Trump ace-
leraria a desagregação global em
várias câmaras regionais. Trump
viria com a chancela eleitoral so-
bre seus atos mais contraditó-
rios, como o de deixar acéfala
a OMC, sair do Acordo de Pa-
ris, deixar a Parceria Transpací-
fica a ver navios, atacar as alian-
ças históricas com a Otan, tratar
com brutalidade e chauvinismo
a questão migratória nos EUA,
entre outras.
Para Rússia e China, um novo
governo Trump seria, particular-
mente, bem-vindo. Afinal, a vi-
são que Trump tem sobre o pa-
pel dos EUA no mundo — uma
aversão à ideia de que o país deve
precisou compor com nenhuma
outra legenda para governar Por-
tugal. “Se o PS conseguir o governo,
será um fato histórico no país. Des-
de a redemocratização, nenhum
novo líder — Nuno Santos sucedeu
Costa recentemente — conseguiu
uma vitória depois de seu partido
governar. Sempre prevaleceu a al-
ternância de poder”, assinala o pro-
fessor Ferrinho Lopes.
Saúde e imigração
Além de tentar conquistar os
votos dos indecisos, os partidos
têm a dura missão de reduzir a
abstenção. Nas eleições de dois
anos atrás, 48,6% dos eleitores
se recusaram a comparecer aos
locais de votação — em Portu-
gal, o voto não é obrigatório. Na
avaliação do professor Vitalino
Canas, há chance, inclusive, de
essa abstenção aumentar, devido
agir como esteio da ordem liberal
— coaduna, justamente, com os
anseios das potências que se res-
sentem da hegemonia america-
na. Teríamos um EUA muito mais
isolacionista e focado no impera-
tivo de só se envolver com o que
possa tirar vantagem.
No plano doméstico, em um
hipotético novo governo Trump
há também risco de maior inter-
ferência política nas Forças Ar-
madas e em outras carreiras de
Estado. Trump não se conforma
com a independência e lealdade
à Constituição com que agiram
oficiais americanos durante seu
primeiro mandato. Caso reelei-
to, buscará impor submissão a
seus desejos.
Para além de projetar cená-
rios, nos meses a seguir muito
se especulará sobre as razões da
força eleitoral de Trump. Uma
força que faz parte de uma onda
internacional que destaca polí-
ticos espetaculosos, sem freios
e com pouco apreço real pelos
ao evidente descontentamento
dos portugueses com os partidos
e os políticos. “Estamos cheios de
tantas promessas não cumpri-
das”, afirma Fernanda de Sou-
za, 62. “Nenhum partido vai re-
solver os problemas do país. Ne-
nhum dos candidatos correspon-
de às nossas expectativas”, com-
plementa. O açougueiro Felipe
Pedroso, 57, endossa: “Os parti-
dos e os políticos só pensam nos
próprios interesses, não no país”.
Tal descontentamento tam-
bém é destacado pelo comer-
ciante João Manoel Jardineiro,
62. Ele, porém, assegura que vai
votar. “Não tenho grandes expec-
tativas, mas vou cumprir meu
dever cívico”, frisa. Para ele e a
maioria dos portugueses, Por-
tugal precisa de um choque de
gestão, especialmente nas áreas
da saúde e da edução. Há quei-
xas ainda em relação aos baixos
ritos democráticos. Algumas
dessas razões são encontradas
nas próprias temáticas centrais
da atual eleição.
Uma dessas temáticas é a cha-
mada pauta de costumes, que é
uma versão caricata das discus-
sões sobre os direitos das pessoas.
A questão do direito ao aborto, por
exemplo, é um dos temas princi-
pais da eleição. Se, de um lado, a
base de apoio mais ferrenha do
Partido Republicano é a favor de
se restringir ao máximo o direito
ao aborto, de outro, a maioria dos
cidadãos americanos apoia que
se proteja o direito de escolha da
mulher. Por isso, para o lado do
Partido Democrata, a defesa que
Biden faz do direito ao aborto é
uma das armas de sua campanha
contra Trump. Todavia, há dúvidas
de que isso seja suficiente para mo-
bilizar um maior receio acerca da
volta de Trump ao poder entre elei-
tores indecisos.
Outro tema central é a ques-
tão da imigração. Trump usa uma
Editora: Ana Paula Macedo
anapaula.df@dabr.com.br
3214-1195 • 3214-1172
salários, ao custo de vida, que su-
biu muito depois da pandemia,
e aos elevados preços da habita-
ção, esse o nó mais recente a ser
desatado pelo futuro governo. A
chegada em massa de estrangeiros
no país, liderados pelos brasileiros,
que são mais de 400 mil, provocou
uma explosão nos valores dos alu-
gueis e de compra de imóveis.
A esses problemas, a ultradi-
reita, sob o comando de André
Ventura, tem adicionado a ques-
tão da imigração. Os extremistas
têm difundindo, com um cer-
to sucesso, por meio das redes
sociais, a mentira de que há um
movimento para acabar com a
supremacia branca do povo eu-
ropeu, destruir sua cultura e rou-
bar seus empregos. Não por aca-
so, os casos de xenofobia e de ra-
cismo dispararam em Portugal e
a maioria das vítimas é de brasi-
leiros. Curiosamente, há uma le-
va de cidadãos oriundos do Brasil
apoiando abertamente o Chega,
sob o argumento de que a xenofo-
bia não é contra os brasileiros, mas
contra os imigrantes muçulmanos,
que se recusam a absorver os valo-
res ocidentais. Candidato a depu-
tado pelo Chega, o brasileiro Mar-
cus Santos diz abertamente ser a
favor do controle migratório.
Dados da Comissão Nacional
Eleitoral apontam que há 10,8
milhões de eleitores em Portu-
gal, número maior do que a po-
pulação, de 10,4 milhões. Para o
professor Vitalino Canas, esses
dados mostram que há erros cla-
ros nas estatísticas, devido a fa-
lhas no sistema de controle dos
votantes. “Muita gente morre e
continua na lista ativa de eleito-
res. Creio que mais de 1 milhão
dos registros estão nessa condi-
ção”, frisa. Há, ainda, a visão de
que muitos eleitores estão fo-
ra de Portugal. Apenas no Bra-
sil são 240,1 mil. Outros 395,2
mil estão na França. O sistema
político do país europeu é se-
miparlamentarista. Se o ven-
cedor das urnas não conseguir
formar maioria, o presidente da
República poderá convocar no-
vas eleições.
agressiva retórica para afirmar
sua intenção de combater a en-
trada de vários grupos de imi-
grantes nos EUA. Seus planos
discriminatórios visam certos
grupos populacionais em especí-
fico. Essa é uma questão em que
o debate nos EUA está contami-
nado a tal ponto que não consta
de nenhum lado modelo civili-
zatório para tratar o tema. É ca-
da um querendo se mostrar mais
duro do que o outro; e a razoabi-
lidade se escorrendo pelo ralo.
Donald Trump é a melhor tra-
dução da confusão que virou o uso
das ideias democráticas e das con-
sequências da crise de clarividên-
cia, que se tornou a liderança norte
-americana no mundo. Construiu
para si próprio uma ideia de liber-
dade que combinou bem com o
mau gosto profundo do mundo di-
gital moderno. É o mais preparado
para se aproveitar da própria deca-
dência que ajudou a criar.
PAULO DELGADO, sociólogo
INÊS249
Opinião 10 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024
VISÃO DO CORREIO
Eleições pelo mundo
ampliam incertezas
A
s boas relações históricas entre Brasil e
Portugal passarão pelo teste das urnas
neste domingo. O país europeu terá
eleições para definir a nova composi-
ção da Assembleia da República, e tudo indica
que haverá uma forte guinada à direita, depois
de oito anos de um governo socialista. Não por
acaso há uma grande atenção por parte do Pa-
lácio do Planalto quanto ao resultado do pleito,
que deve definir maior ou menor proximidade
entre os dois países. Caso a opção dos votan-
tes seja por uma direita moderada, representa-
da pela Aliança Democrática (AD), pouco mu-
dará, ante o diálogo aberto entre o governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o possível
primeiro-ministro Luís Montenegro.
Brasil e Portugal têm agendada para este
ano uma reunião de cúpula. A princípio, o en-
contro aconteceria em abril, em Brasília. Con-
tudo, diante das incertezas eleitorais, optou-se
por não bater o martelo sobre a data efetiva do
evento. Os dois lados terão de digerir o que sair
das urnas. Pelas pesquisas de intenção de vo-
tos, a Aliança Democrática não fará maioria no
Parlamento. Se confirmado esse quadro, Mon-
tenegro terá de buscar apoios para garantir o
comando do governo. O Palácio do Planalto te-
me que o político português acabe se unindo
ao partido de ultradireita Chega, de André Ven-
tura. Até agora, o líder da AD nega tal intenção.
Não é apenas o resultado das eleições por-
tuguesas que tem atraído a atenção do gover-
no brasileiro. Em junho, o Parlamento euro-
peu será renovado. E a direita mais radical
vem conseguindo mobilizar parte importan-
te dos votantes. Uma Europa mais conserva-
dora tende a se distanciar de países com go-
vernos de esquerda, como o Brasil. É preciso
lembrar que a ultradireita europeia está por
trás das manifestações crescentes de repre-
sentantes do agronegócio, que são contra o
acordo entre o Mercosul e a União Europeia
e críticos ferozes de medidas voltadas para
o enfrentamento das mudanças climáticas.
Nos Estados Unidos, também são reais
as chances de a direita radical voltar ao
poder com Donald Trump, praticamente
ANA DUBEUX
anadubeux.correio@gmail.com
Silêncio nunca mais: mulheres têm voz
Não houve silêncio, nem haverá. Na últi-
ma sexta-feira, Dia Internacional da Mulher,
percebi algo novo — na verdade, não novo
exatamente, mas talvez com maior visibilida-
de: o amadurecimento das discussões, refle-
xões, debates em relação aos direitos da mu-
lher. Menos festas e felicitações bobas e mais
argumento, mais luta, mais notoriedade pa-
ra ações femininas que estão combatendo na
prática a opressão sistêmica e o machismo.
Como disse a ministra Cármen Lúcia, do
Supremo Tribunal Federal (STF), única mu-
lher entre os 11 ministros: “Dizem que nós
fomos silenciosas historicamente. Mentira.
Nós fomos silenciadas, mas sempre conti-
nuamos falando, embora, muitas vezes, não
sendo ouvidas”.
É um fato e, quando observamos os nú-
meros, permanece óbvio o tamanho do abis-
mo que ainda teremos que ultrapassar. Mu-
lheres ganham, em média, 21% a menos que
os homens, apesar de serem mais escolari-
zadas. Gastam 10 horas a mais do que os ho-
mens com trabalho doméstico. As estatísti-
cas de violência e feminicídios são alarman-
tes: a cada seis horas, uma mulher é morta
por um homem apenas por existir, por ser
quem é, pelo seu gênero. Quando se faz o
recorte por raça, a situação é ainda pior pa-
ra mulheres pardas e pretas.
Mas o avanço na luta é perceptível. Nas
manifestações, mesmo nas postagens em
redes sociais; nas atitudes do dia a dia de
muitas mulheres, que já reconhecem abu-
sos antes normalizados; na exigência mais
GUILHERME AUGUSTO MACHADO
Presidente
Leonardo Guilherme Lourenço Moisés
Vice-Presidente executivo
Valda César
Superintendente de Negócios e Marketing
confirmado como representante do Parti-
do Republicano na disputa eleitoral mar-
cada para novembro. Ele aparece com
quatro pontos percentuais à frente do de-
mocrata Joe Biden, que buscará a reelei-
ção. Essa onda da direita tende a provocar
sérias turbulências nas relações entre a
maior economia do planeta e a China, com
repercussão geral no sul global. O mundo
já não vive seu melhor momento, com duas
guerras a perturbar o sono de governantes.
Rússia e Ucrânia estão em conflito há dois
anos e Israel e o grupo terrorista Hamas
se enfrentam numa batalha que já cus-
tou mais de 30 mil vidas em cinco meses.
O Brasil, sabe-se, tem muitos problemas
internos a resolver, inclusive, o de garan-
tir um crescimento maior da economia. As
estimativas caminham para uma expansão
de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), ain-
da insuficiente para convencer a popula-
ção de que o país está no rumo certo. Com
um mundo mais conturbado, os desafios
brasileiros se agigantam, pois os reflexos
das tensões serão sentidos em todo o glo-
bo. Países emergentes como o Brasil costu-
mam ser mais castigados por crises inter-
nacionais. Não será diferente desta vez, se
as disputas entre Estados Unidos e China,
por exemplo, se acentuarem.
Resta ao governo brasileiro, em meio a
esse quadro de grande incerteza, controlar
os ânimos, com medidas que garantam a
previsibilidade e deem a máxima confian-
ça possível para que os investimentos pro-
dutivos deslanchem e a população em geral
se sinta confortável para satisfazer suas ne-
cessidades de consumo. Não há espaço pa-
ra aventuras neste momento. Quanto mais
calmaria interna a economia tiver, menor
será o contágio perante possíveis crises ex-
ternas. O Brasil surpreendeu o mundo no
ano passado com um crescimento de 2,9%,
quando as projeções iniciais apontavam pa-
ra um avanço de 0,8%. Há chance de uma
nova surpresa positiva. Porém, é preciso
muita cautela e sangue-frio.
ruidosa por mais participação feminina
nos espaços de poder, tanto no Judiciário
quanto no Executivo.
Quero destacar a importância dos coletivos
de mulheres em todas as áreas. Mostramos no
Correio o exemplo do Juntas, um coletivo na-
cional, que existe desde 2011. No DF, o grupo
atua desde 2013 organizando e participando
de manifestações contra desigualdades sociais.
A organização teve participação ativa no anda-
mento da Comissão Parlamentar de Inquéri-
to (CPI) do Feminicídio na Câmara Legislativa
(CLDF), sugerindo recomendações ao poder
público que foram incluídas no relatório final.
Também existem as mentorias. Executivas
e empreendedoras que se unem para ajudar
outras mulheres de forma gratuita, agregan-
do conhecimento e impulsionando suas car-
reiras e negócios em todas as áreas.
Mostramos ainda, nas páginas do jornal,
instituições independentes que promovem
atividades que focam na saúde mental, no
empoderamento e na autonomia de mulhe-
res. É o caso da Federação Habitacional do Sol
Nascente (Fehsolna) e da Ação Social das Ca-
minheiras de Antônio de Pádua (Ascap), que
oferecem cursos profissionalizantes, criam
elos entre mulheres e as ajudam a saírem de
situações de vulnerabilidade.
São mulheres que ajudam mulheres em
um movimento de sororidade e empatia, que
tem operado revoluções cotidianas na vida de
muitas. Não vamos parar – nem de falar, nem
de protestar, nem de crescer, nem de nos aju-
dar mutuamente.
‘‘Na quarta parte nova os campos ara
E se mais mundo houvera, lá chegara’’
Camões, e, VII e 14
Ana Dubeux
Diretora de Redação
» Sr. Redator
» Cartas ao Sr. Redator devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome e endereço completo, fotocópia de identidade e telefone
Maduro
O presidente brasileiro se declarou feliz, porque
Maduro marcou a data da eleição presidencial na
Venezuela e disse que a oposição deveria escolher
outro candidato para o lugar de María Corina Ma-
chado em vez de ficar chorando. Só não disse que
os outros candidatos com popularidade para fazer
frente a Maduro, Henrique Capriles e Juan Guaidó,
foram preventivamente inabilitados para o pleito.
Restou para concorrer aquele que vai conquistar
na marra o terceiro mandato consecutivo. E o nos-
so dirigente ainda espera que a eleição seja o mais
democrática possível. Certamente será, dentro do
seu conceito de democracia relativa.
» Roberto Doglia Azambuja
Asa Sul
De novo, Níkolas
É triste é vergonhoso para a maioria dos brasilei-
ros que não compactuam com as loucuras de Bol-
sonaro e seus apoiadores, que infelizmente foram
eleitos e têm como objetivos a continuação das suas
vinganças políticas. Exemplo: a indicação do Níko-
las Ferreira para presidir a Comissão de Educação.
É um deputado que usa seus discursos no Parla-
mento para agredir com palavras de baixo calão os
seus adversários. Único objetivo dessa indicação
é frustar os projetos do Executivo. Essa indicação
é uma grande frustração para maioria da popula-
ção. A educação é a nossa maior riqueza, com ela
conscientizamos a população a respeitar a nossa
flora e a fauna, assim como as demais riquezas do
nosso grande Brasil.
» Evanildo Sales Santos
Gama
Planeta plástico
O artigo com o título em epígrafe (CB, 1/3), re-
vela uma situação crítica e preocupante com os
plásticos no mundo todo. Já há uns 10 anos, en-
controu-se uma presença expressiva de micro-
plásticos no sangue e tecidos humanos. Há uma
solução simples, mas de aceitação difícil pelos
países: onerar os plásticos com uma taxa am-
biental, assim como criar postos de recompra de
vasilhames. Se você comprar uma garrafa pet de
água mineral, por exemplo, que custe R$ 1, pa-
gará mais 50 centavos, que serão restituídos no
posto de recompra. Com isso, praticamente aca-
baria com o descarte inadequado. Que governo
teria coragem de fazer isso ? Desafio o governa-
dor do DF a estabelecer essa norma a nível lo-
cal. Será um teste para ele, frente à população.
» Humberto Pellizzaro
Asa Norte
Multas de trânsito
Venho denunciar que estou sendo vítima de
multas do Detran que considero injustas. Nos úl-
timos oito meses, fui multada seis vezes, na Via
S1 Eixo Monumental com acesso na 1ª Avenida
do Sudoeste pelo mesmo motivo: trafegar em fai-
xa exclusiva de ônibus. Falo isso porque a pintura
horizontal da via está falha e o espaço para con-
versão está curto, considerando o alto fluxo de
VENDA AVULSA
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Editora: Carmen Souza // carmensouza.df@dabr.com.br
opiniao.df@dabr.com.br || 3214-1157
para contato. E-mail: sredat.df@dabr.com.br
Desabafos
» Pode até não mudar a situação,
mas altera sua disposição
O governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas,
foi criado à imagem e
semelhança do Bolsonaro.
Abrahão Ferreira do Nascimento — Águas Claras
A Petrobras é um ativo da nação
e o gestor deve ter cautela para
não causar danos ao patrimônio,
à Bolsa e ao mercado, além
dos capitais reduzidos dos
pequenos investidores.
Marcos Gomes Figueira — Sudoeste
O governo local insiste em
realizar os tais “Dias D” da
dengue. Nada mais desncessário
do que isso. Nem para efeito
de propaganda de ações está
valendo. Ministério da Saúde
também aderiu à ideia. Muito
gasto, pouca solução. O mosquito
se combate todos os dias.
Vera Cruz — Asa Norte
ônibus. Isso me obriga a arcar com gastos altos
com advogado para recorrer a recursos adminis-
trativos em relação às multas e colocando o meu
direito de mobilidade em risco. Mas nem só por
mim, acredito que muitos condutores devem es-
tar na mesma situação, pois existem muitos car-
ros que percorrem o mesmo caminho que eu na
conversão, por exemplo. Solicito tomada de pro-
vidência do Detran para sanar as notificações nes-
se local e evitar que situações assim continuem.
» Heliana Maria Machado
Lago Sul
Petrobras
No retorno ao poder, novamente o insucesso na
pretensão de subjugar a mineradora Vale e a Petro-
bras, que foi tungada na Operação Lava-Jato (e seus
apenados, rapidamente livres), sob nova direção,
mas menos lucrativa e a mesma sovinice de outro-
ra nos dividendos aos legítimos acionistas. Periga
o retorno dos “generosos dividendos aos ilegítimos
acionistas”. Já vimos esse filme.
» Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)
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INÊS249
Viver e deixar
morrer em Brasília
Sociólogo, mestre em arquitetura e urbanismo pela Universidade de Brasília
Arquiteto, PhD em arquitetura, professor emérito da Universidade de Brasília
B
rasília não é um sítio
arqueológico. É uma
metrópole pulsante,
onde há gente nas-
cendo, vivendo e morrendo
todos os dias. E não é apenas
a demografia que está em
transformação. A vida urba-
na é um permanente nascer
e morrer de práticas, de pa-
radigmas, de espaços. Um
dia, há muitos anos, nasceu
o metrô. Na década de 1970
nasceu Ceilândia. Antes, as
quadras 400 do Plano Pilo-
to. Em algum momento nas-
ceram Taguatinga, o Gama,
o Núcleo Bandeirante, Pla-
naltina, as demais Regiões
Administrativas.
Todos esses nascimentos
possuem algo em comum:
não eram parte do plano ori-
ginal de Lucio Costa. Ainda
assim, fazem parte da nossa
história. Apesar das contra-
dições inerentes a toda rea-
lização humana, é assim que
o Distrito Federal se desen-
volveu, é assim que ele é —
esta metrópole real que cha-
mamos de lar com todas as
suas dores e delícias.
Mesmo com tantas mu-
danças, os elementos dis-
tintivos de Brasília conti-
nuam aí, visíveis a quem
quiser ver. Na década de
1960 ou na de 2020, a Ca-
pital segue sendo uma ci-
dade sem paralelos, úni-
ca, marcante. Por isso se
tornou Patrimônio Mun-
dial em 1987. E continua a
ser em 2024 porque na transformação per-
manente que vive como metrópole foi capaz
de preservar o que tem de mais essencial e
distintivo do projeto original: a característi-
ca de cidade-parque, suas distintas escalas,
as proporções edilícias e urbanas.
Nesse jogo de nascer, viver e morrer urba-
no é dever de todas as gerações, em todos os
tempos, refletir sobre o que deve ser mantido,
o que deve ficar no passado, o que precisamos
criar no presente, e o que esperamos do futuro.
Mas as opiniões nem sempre (ou nunca) são
consensuais. De tempos em tempos surgem
polêmicas sobre o que deve ser preservado e
o que precisa ser transformado.
Uma das polêmicas recorrentes se refere
ao limite de velocidade no Eixão (codinome
“da Morte”). Recentemente o Ministério Pú-
blico ajuizou ação para impor ao GDF a re-
dução de 80 para 60 km/h na via. Argumen-
tos a favor da redução não faltam: a OMS
Aumento abusivo e ônibus precário,
a dura vida do Entorno do DF
Ex-governador de Goiás. É presidente nacional do PSDB
A
inflação que o Plano Real derrotou 30
anos atrás ainda persiste em um pe-
daço do Brasil por responsabilidade
do governo federal e do governo de
Goiás. Nada, no Brasil do Real, subiu mais de
100% em apenas cinco anos. Nada, exceto uma
coisa: as tarifas de ônibus no Entorno do Dis-
trito Federal.
A vida dos brasileiros que moram nas cida-
des do Entorno do Distrito Federal só piorou
nos últimos tempos. O problema maior é jus-
tamente nas classes mais baixas, milhares e
milhares de pessoas que dependem do trans-
porte público para poderem se deslocar para
trabalhar, estudar e buscar atendimento mé-
dico. Chegam a perder seis horas por dia de
suas vidas dentro de ônibus precários e caros.
Em 2018, a menor tarifa dos ônibus do En-
torno era de R$ 1,40. A mais cara, R$ 7,40. Ho-
je, o menor valor é de R$ 2,85. Ou seja, mais
que o dobro do que se pagava pouco mais de
cinco anos atrás. E a maior tarifa é de espanto-
sos R$ 22,25, o triplo do valor máximo de 2018.
O aumento de 8,56% no preço das passa-
gens está valendo desde 25 de fevereiro. Quem
autorizou o reajuste foi a ANTT (Associação
Nacional de Transportes Terrestres), órgão do
governo federal. Foi o terceiro aumento auto-
rizado pela ANTT em um ano, já que em 2023
a agência havia autorizado outros dois reajus-
tes. Em março do ano passado o aumento foi
» RAPHAEL SEBBA
» FREDERICO DE HOLANDA
recomenda o limite de 50 km/h para trechos
urbanos — a probabilidade de morte em ca-
sos de acidentes ou atropelamentos diminui
exponencialmente na medida em que a ve-
locidade diminui, enquanto o tempo de rea-
ção de motoristas é potencializado. Além dis-
so, a redução da fluidez do trânsito é de bai-
xa magnitude. Considerando tráfego livre, o
tempo para percorrer o Eixão de ponta a pon-
ta não aumentará em mais de quatro minu-
tos. Muito mais impactante para a falta de
fluidez do trânsito é o péssimo serviço de mo-
bilidade urbana, que gera congestionamen-
tos por toda cidade enquanto submete usuá-
rios a longa espera, tarifa alta e desconforto.
Reduzir velocidade, contudo, não ataca a
raiz do problema: a 80 ou 60 km/h, a travessia
pela superfície, nos moldes atuais, seguirá sen-
do um risco e uma barreira para pedestres. A
região compreendida entre os “eixinhos” leste
e oeste – inclusive suas passagens subterrâneas
» MARCONI PERILLO
de 12%. Em agosto, mais 15%. Quase 40% em
um ano! Um escândalo!
Tarifa de transporte público leva em conta
basicamente o custo dos insumos — combus-
tível, lubrificantes, salários, peças de reposi-
ção, etc. — e a inflação do período. No perío-
do do aumento de quase 40%, o IPCA, índice
oficial de inflação, registrou variação de preços
no Brasil de 4,5%. O que poderia ter justificado
um disparate tão grande entre os dois valores?
A ANTT não responde.
O PSDB protocolou no Supremo Tribunal
Federal(STF) uma arguição de descumprimen-
to de preceito fundamental pedindo a suspen-
são do aumento abusivo. O nosso pedido foi
distribuído ao ministro Nunes Marques. Temos
notícia de que outros recursos também foram
levados à Justiça.
Em Goiás, no nosso governo, implantamos
uma política de subsidiar fortemente o trans-
porte público para evitar o impacto no orça-
mento da população de constantes reajus-
tes tarifários. Foi assim que fizemos no Eixo
Anhanguera, a partir de 2000, e conseguimos
reduzir a tarifa pela metade. Em 2001, implan-
tamos o Bilhete Único, que unificou a tarifa em
toda a região metropolitana de Goiânia, tam-
bém com subsídios do governo. Depois, em
2014, ainda estendemos o Eixo Anhanguera
para mais três cidades.
No caso do Entorno de Brasília, a solução é
Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Opinião • 11
— pode e deve ser repen-
sada. Não faltam propostas
para as passagens, das mais
“cosméticas” às mais estru-
turais: da melhoria de ilu-
minação, segurança, limpe-
za e instalação de quiosques
e comércio, a uma solução
mais radical: sua eliminação
e aterramento, pedestres a
cruzarem o Eixão na super-
fície, em faixas devidamen-
te semaforizadas, as duas
mãos de tráfego separadas
por canteiro central arbo-
rizado — uma verdadeira
avenida urbana, a emular
belos exemplos de tantas
cidades brasileiras!
Manter o rodoviarismo e
a priorização dos carros so-
bre quaisquer outros usos
da cidade — inclusive sobre
a vida das pessoas — não
é nem nunca foi elemento
distintivo e fundamental de
Brasília. Ao contrário: são
muitos os exemplos no país
de cidades que foram trans-
formadas a partir do rodo-
viarismo, resultando na re-
dução da vitalidade dos es-
paços públicos, no fecha-
mento de comércios de rua,
no aumento de acidentes e
atropelamentos, na deterio-
ração da segurança, com es-
paços cada vez mais vazios,
onde os transeuntes sentem
solidão e medo. Cenário co-
mum em Brasília que, sem
dúvida, não é o que a torna
diferente e única.
Não, não é o rodovia-
rismo que deve ser preservado: na escolha
entre o que morrer, o que viver e o que nas-
cer em Brasília, é preciso deixar falecer seus
traços arcaicos e elitistas, deixar viver quem
transita e ocupa a cidade, fazer nascer um
novo momento em nossa história — aque-
le em que a vivacidade urbana agrega for-
ça simbólica e potencializa a qualidade ur-
banística da metrópole como um todo. Que
seu centro, seus bairros, e os municípios do
entorno sejam articulados e transformados,
que seus potenciais possam ser explorados,
que as oportunidades não sejam interdita-
das e que a urbe se humanize mais e mais.
Lucio Costa certa vez escreveu sobre a
rodoviária, tomada de gente e comércio
popular, que “o sonho foi menor que a rea-
lidade. A realidade foi melhor, mais bela”.
Poderíamos acrescentar: a realidade pode
ser ainda melhor e mais bela. E sempre é
tempo de sonhar.
também construir uma política de subsídios
para evitar o impacto de aumentos abusivos
na tarifa, que prejudicam principalmente a
população mais vulnerável, que depende do
transporte para suas necessidades básicas co-
mo trabalho, escola e hospital.
O subsídio, assim como a gestão e as deci-
sões sobre reajustes, tem de ser compartilhado
entre o governo federal e os governos de Goiás
e do DF. Defendemos isso desde pelo menos
2014. Mas falta boa vontade do governo federal
em permitir o compartilhamento. Além disso,
mais do que boa vontade, falta empenho polí-
tico do atual governo de Goiás para viabilizar
essa parceria.
E discutimos a tarifa como se fosse o único
problema dos ônibus do Entorno do Distrito
Federal. Quem paga até R$ 22,25 por uma via-
gem deveria esperar, pelo menos, ônibus con-
fortáveis, seguros e com ocupação controlada.
E nós sabemos que não é essa a realidade. O
serviço é precário, para dizer o mínimo. São
ônibus sucateados e lotados.
A ANTT é boa em aumentar tarifa, impac-
tando o bolso dos mais pobres. Falta à ANTT
vontade de ser boa também em fiscalizar a
qualidade do transporte que ela teima em ge-
renciar sozinha.
Passagem alta e transporte ruim são duas
coisas intoleráveis. Pior ainda quando elas an-
dam juntas.
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br
Rumo ao fundo
Criada em 2015, a Comissão Parlamentar de Inquéri-
to (CPI) dos Fundos de Pensão tinha como propósito in-
vestigar um rombo de mais de R$ 46 bilhões nos Correios
(Postalis), Petrobras (Petros), Caixa Econômica Federal
(Funcef) e Banco do Brasil (Previ). Esse escândalo, de pro-
porções gigantescas, lesou centenas de milhares de pen-
sionistas associados, sendo mais de 500 mil prejudicados
diretamente.
As causas desse desastre podem ser debitadas a um mis-
to de corrupção deslavada e má gestão proposital. As esta-
tais sempre foram defendidas com socos e pontapés, sob
o argumento de que eram patrimônios da nação e como
tal jamais deveriam ser privatizadas e entregues à iniciati-
va privada. Como ficou patente após os trabalhos daque-
la CPI, as razões daquelas defesas eram singelas: as pri-
vatizações retirariam as minas de ouro fartas e exclusivas
que passavam longe dos interesses dos trabalhadores e
pensionistas. Afinal, no fim dessa história mal contada e
sem fim, o Tesouro Nacional acabaria, como sempre, so-
correndo essas estatais, deixando todo esse passivo mons-
truoso nas contas e nas costas dos pagadores de impostos.
Ainda assim, os filiados tiveram, por anos a fio, que
contribuir para quitar, mensalmente, esses rombos bilio-
nários. Era muito dinheiro e deixado em mãos de gesto-
res escolhidos cuidadosamente que “administravam” es-
sas fortunas. Em dois anos, pouco depois desse escânda-
lo, balanços feitos junto aos fundos mostravam que esses
rombos, devido a correções e outras atualizações, beira-
vam os R$ 50 bilhões. Com a chave do cofre nas mãos, fi-
cou ainda mais fácil o acesso a esses bilhões, porque seu
controle e fiscalização pela União sempre foram deixados
para as próprias estatais. Lembrando ainda que quando
premido a realizar privatizações, aqueles governos cui-
daram sempre para fazer com que os próprios fundos de
pensão entrassem nesse negócio, comprando parte dos
bens públicos vendidos na bacia das almas.
Desse modo fica claro que buscar recursos, a fundo
perdido, junto aos fundos de pensão das estatais, sempre
foi um bom negócio para os mesmos. Os próprios traba-
lhadores dessas empresas aprovavam esses empréstimos
às cegas, certos de que iriam lucrar fábulas de dinheiro.
Com a Justiça e os órgãos de fiscalização do Estado fa-
zendo cara de paisagem para aquelas práticas corriqueiras,
o caminho para as minas de ouro estava amplamente pa-
vimentado. Por certo, como ficou posteriormente verifica-
do, os objetivos dessa rapinagem, ao estilo blitzkrieg, obe-
deciam muito mais a razões de consolidação de poder pes-
soal do que a fatores de ordem ideológica, como queriam
que todos acreditassem. Quem quiser relembrar esse capí-
tulo inacabado da nossa história pode conferir nos arqui-
vos ainda disponíveis nas redes sociais e internet em geral.
Também é de importância mencionar que a recordação
desses fatos obedece não apenas à missão de não deixar
que essa história seja reescrita, mas, sobretudo chamar a
atenção para aqueles acontecimentos, que segundo mui-
tos pensionistas desses fundos, voltaram a se repetir com
o mesmo modus operandi, à luz do dia e na cara de todos.
» A frase que foi pronunciada
“Um critério puramente objetivo,
de quantidades, irremediavelmente
legitimaria o tráfico de pequenas
quantidades. Não se resolve em
um passe de mágica. Há pequena
quantidade que é objeto de tráfico,
assim como uma quantidade maior
pode ser para isso.”
Senador Pacheco
Diga, leitor
» Proibiram os supermercados de usar sacola para
guardar as compras para proteger a natureza.
Mas se o estabelecimento quiser vender a mesma
sacola para o consumidor, daí é permitido. Qual a
natureza dessa iniciativa? Que meio ambiente foi
protegido nesse caso?
Solução
» Por falar em meio ambiente, as esponjas de
pia fazem parte de um programa nacional de
reciclagem promovido pela Scotch-Brite. No blog
do Ari Cunha as explicações detalhadas.
Caixinha, obrigada
» Um liquidificador da década de 1960 pode
perfeitamente estar funcionando hoje em dia.
Com uma boa manutenção, nada impediria.
Acontece que os celulares caríssimos,
envelhecem rápido. Aplicativos que são
atualizados não são comportados em aparelhos
antigos. O caso abrange inclusive o Banco do
Brasil, cujo aplicativo é rejeitado, por exemplo,
no Galaxy Note4 modelo SM-N910C.
Fortaleza
» Os amigos mais próximos de Eduardo Jorge, do
PV, comentam que ele tem um compromisso
budista de só falar a verdade.
» História de Brasília
A primeira derrota que o sr. Israel Pinheiro sofreu nos
últimos anos foi recebida com tal esportividade que
pouca gente parecia crer. O construtor de Brasília foi o
quinto colocado no concurso de jardins e foi derrotado
pelo seu ex-chefe de gabinete Ney Ururahy, que
conquistou o primeiro lugar. (Publicada em 03.04.1962)
INÊS249
Ciência
12 • Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Obesidade afeta
reprodução
Estudos mostram que, em mulheres e homens, excesso de gordura corporal diminui chances de concepção.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas estão com IMC alto
» PALOMA OLIVETO
D
isfunções metabólicas,
doenças cardiovasculares
e câncer são algumas das
comorbidades mais asso-
ciadas à obesidade, um proble-
ma que afeta 1 bilhão de pessoas
globalmente. Porém, a fertilida-
de também é afetada pelo exces-
so de gordura corporal, tanto em
mulheres quanto em homens, de-
monstram pesquisas recentes.
Considerando que o número
de crianças e adolescentes com
índice de massa corporal (IMC)
acima de 30 — o que caracteri-
za o grau 1 de obesidade — au-
mentou quatro vezes desde 1990,
é possível que as novas gerações
tenham mais dificuldades para
conceber, segundo estudos. “Foi
demonstrado que o risco de in-
fertilidade é três vezes maior em
mulheres obesas, e várias pes-
quisas indicam que elas preci-
sam de mais tempo para engra-
vidar”, diz um artigo da Univer-
sidade de Bari, na Itália, publica-
do na revista Reproductive Biolo-
gy and Endocrinology.
Uma série de fatores pode
provocar a infertilidade em mu-
lheres, incluindo disfunção ovu-
latória e endometriose. Porém,
entre 20% e 30% dos casos não
encontra explicação no aparelho
reprodutor, sugerindo que o esti-
lo de vida — IMC, tipo de alimen-
tação, prática de atividade física,
estresse — impactam negativa-
mente na capacidade de conce-
ber, como destacou um artigo da
Escola de Saúde Pública de Har-
vard, nos Estados Unidos.
A associação entre IMC e con-
cepção também é observada en-
tre os homens. Segundo Fernan-
do Prado, especialista em repro-
dução humana, membro da So-
ciedade Americana de Medicina
Reprodutiva e diretor clínico da
Neo Vita, em São Paulo, aqueles
com 20kg acima do peso consi-
derado saudável têm 10% mais
risco de serem inférteis.
“Quanto maior o índice de
massa corporal de um homem,
mais chances de a sua conta-
gem de espermatozoides ser
baixa, com pior qualidade do
Prejuízos à função ovariana
Entre as mulheres, inúme-
ros fatores fisiológicos têm si-
do apontados na relação entre
obesidade e infertilidade. Embo-
ra os mecanismos exatos sejam
desconhecidos, as pesquisas su-
gerem que o excesso de peso al-
tera perfis hormonais, incluin-
do o estímulo excessivo de in-
sulina e estrógeno. Além disso,
a gordura está relacionada à in-
flamação crônica e ao estresse
oxidativo, o que pode, entre ou-
tras coisas, interromper a fun-
ção ovariana e prejudicar a im-
plantação do embrião.
Segundo Silvia Joly, gineco-
logista e membro da Associa-
ção Mulher, Ciência e Reprodu-
ção Humana do Brasil (AMCR),
a qualidade do óvulo pode ser
alterada pelo excesso de gor-
dura corporal. “Além disso, em
mulheres obesas, é comum ob-
servarmos menstruações irre-
gulares e ciclos anovulatórios
que podem contribuir para di-
minuir a fertilidade”, diz a es-
pecialista. Ela explica que isso
ocorre porque o tecido adipo-
so funciona como produtor de
Dennis Sylvester Hurd/Divulgação
O peso muito acima do ideal, comprovado na balança, afeta a vida fértil, uma vez que os hormônios são alterados, indicam as pesquisas
esperma e baixa motilidade”,
diz Prado. “A própria gordura
que fica entre as coxas esquen-
ta os testículos, prejudicando a
produção de espermatozoides”,
destaca o especialista em repro-
dução humana.
Volume
Na Itália, pesquisadores da
Universidade de Catânia desco-
briram que jovens com exces-
so de peso tendem a apresentar
volume testicular mais baixo, au-
mentando o risco de infertilidade
na idade adulta. Entre homens,
observa o artigo, os casos do dis-
túrbio reprodutivo sem explica-
ção são ainda maiores do que nas
mulheres: até 70%. Os cientistas,
da Unidade de Endocrinologia
Pediátrica da instituição, resol-
veram investigar se a obesidade
poderia se associar, de alguma
forma, ao problema.
hormônios, que afetam direta-
mente o ciclo menstrual.
Recentemente, um estudo da
Universidade de Oxford publica-
do na revista Plos Medicine com
um número significativo de par-
ticipantes — 257.193 mulheres
entre 40 anos e 69 anos — encon-
trou associações estatísticas en-
tre obesidade e distúrbios repro-
dutivos, como mioma, síndrome
do ovário policístico e sangra-
mento menstrual intenso.
“Os pesquisadores também
descobriram que algumas varia-
ções genéticas hereditárias asso-
ciadas à obesidade estão associa-
das a distúrbios reprodutivos fe-
mininos, mas a força dessas as-
sociações difere pelo tipo de obe-
sidade e condição reprodutiva”,
explica o ginecologista Fernan-
do Prado, especialista em Repro-
dução Humana e membro da So-
ciedade Americana de Medicina
Reprodutiva (ASRM).
“Investigações baseadas em
genética como essas forne-
cem suporte para o papel da
obesidade no aumento do ris-
co de condições reprodutivas,
Eles avaliaram 268 crianças
e adolescentes, de 2 a 18 anos,
atendidos na unidade, para
controle de peso corporal. Os
pesquisadores coletaram da-
dos sobre volume testicular,
idade, índice de massa corpo-
ral e resistência à insulina nes-
ses participantes.
Descobriu-se que meninos
com peso normal tinham volu-
me testicular 1,5 vez maior, em
comparação com aqueles com
sobrepeso ou obesidade. Naque-
les com níveis de insulina nor-
mais, era de 1,5 a duas vezes mais
elevado, em relação às crianças
com resistência ao hormônio.
Como um menor volume
testicular prevê uma produção
mais baixa de espermatozoides
na idade adulta, os pesquisado-
res acreditam que a perda de pe-
so pode ajudar os pacientes a
evitar a infertilidade mais tarde.
“Especulamos que um controle
Holding comunicação/Divulgação
Fernando Prado é médico especialista em reprodução humana
reforçando a necessidade de
abordar o aumento das taxas de
obesidade na população”, desta-
ca Prado. “De qualquer manei-
ra, é uma prática médica indicar
mudanças no estilo de vida para
mais cuidadoso do peso corpo-
ral na infância poderia represen-
tar uma estratégia de prevenção
para manter a função testicular
mais tarde na vida”, destaca Ros-
sella Cannarella, uma das auto-
ras do artigo, publicado no Eu-
ropean Journal of Endocrinology.
Melhora
O estudo italiano vai ao en-
contro de descobertas de pes-
quisadores da Universidade de
Copenhague e do Hospital Hvi-
dovre, na Dinamarca. Eles cons-
tataram que, ao perder peso, ho-
mens com obesidade melhoram
a qualidade do sêmen. Em mé-
dia, os participantes eliminaram
16,5kg, o que aumentou a con-
centração e a contagem de es-
permatozoides em 50% e 40%,
respectivamente, oito semanas
depois do emagrecimento.
Os participantes tinham de 18
pacientes acima do peso que
queiram engravidar, pois essas
intervenções podem melhorar
a saúde, diminuindo o risco de
infertilidade e, também, proble-
mas gestacionais. (PO)
a 65 anos e, no início do estudo,
índice de massa corporal entre 32
e 43. Eles foram acompanhados
por 52 semanas após o emagre-
cimento. Um ano depois, aqueles
que continuaram em forma tive-
ram o dobro de espermatozoides
na contagem, comparado ao co-
meço da pesquisa. Porém, os que
recuperaram a gordura extra per-
deram os benefícios.
“Foi surpreendente para nós
que uma melhoria tão grande
pudesse ser demonstrada na
qualidade do sêmen em cone-
xão com a perda de peso”, reco-
nhece Signe Torekov, professor
da Universidade de Copenha-
gue e líder do estudo, publicado
na revista Human Reproduction.
De acordo com ele, o emagreci-
mento pode ser uma estratégia
de combate à infertilidade, já que
a maior contagem de espermato-
zoides está associada a uma con-
cepção mais rápida.
Microbiota do sêmen
influencia esperma
A microbiota está associada
à qualidade do sêmen, segundo
pesquisadores do Departamen-
to de Urologia da Universidade
da Califórnia, em Los Angeles,
nos Estados Unidos. Um estu-
do publicado na revista Scien-
tific Reports mostra que a com-
posição de bactérias no plasma
seminal pode desempenhar um
papel crucial nos parâmetros do
esperma e no aumento da ferti-
lidade masculina.
Considerando estudos recen-
tes que destacam a importância
do microbioma na saúde huma-
na, em geral, os pesquisadores
decidiram estudar o microbioma
do sêmen para compreender o
seu impacto potencial na inferti-
lidade masculina. De acordo com
o artigo, “explorar as funções des-
ses microrganismos poderia abrir
caminho para o desenvolvimento
de tratamentos destinados a cor-
rigir quaisquer problemas com os
parâmetros do esperma”.
O estudo descobriu que
um micróbio em particular, o
Editora: Ana Paula Macedo
anapaula.df@dabr.com.br
3214-1195 • 3214-1172
Diversos mecanismos
Mulheres
» O tecido adiposo branco
desempenha um papel
no metabolismo e secreta
citocinas; um subtipo
chamado adipocinas tem
sido associado à infertilidade,
afetando a função celular
» A adiponectina, hormônio
liberado pelo tecido adiposo,
está associada a um risco
aumentado de diabetes e
tem sido associada a falhas
recorrentes de implantação
do óvulo no útero
» Altos níveis de tecido adiposo
em mulheres agravam
a síndrome dos ovários
policísticos, um fator de risco
importante para infertilidade
» A composição do fluido
folicular, líquido que se
acumula nos ovários, é
afetada pelo aumento da
adiposidade e pode levar à
fragmentação do embrião
Homens
» O desequilíbrio hormonal
e a inflamação sistêmica
podem levar à oligospermia
(baixa contagem de
espermatozoides), à
azoospermia (ausência de
espermatozoide) e à redução
na qualidade e na
motilidade do sêmen
» Hormônio que desempenha
um papel vital na produção
de espermatozoides, a
testosterona baixa reduz
a produção dos gametas
masculinos. Em homens
obesos, a substância é
frequentemente baixa, devido
a reduções na proteína
ligadora dos hormônios
sexuais
» A obesidade severa pode
suprimir o eixo hipotálamo-
hipófise-testicular (HPT), que
é um processo hormonal vital
na fertilidade masculina
Fonte: The challenges of
obestiy for fertility: a FIGO
literature review — Divya
Gautam et al
Lactobacillus iners, pode ter um
impacto negativo direto na ferti-
lidade masculina. Homens com
maiores taxas do micro-organis-
mo eram mais propensos a ter
problemas com a motilidade dos
espermatozoides.
Pesquisas anteriores mostra-
ram que os Lactobacillus iners
induzem a um ambiente pró
-inflamatório localmente, o que
poderia afetar adversamente a
motilidade dos espermatozoi-
des. Os autores do estudo sa-
lientam que esse é o primeiro
estudo a relatar uma associa-
ção negativa entre o micróbio
e a fertilidade masculina.
“Há muito mais para explo-
rar em relação ao microbioma e
à sua ligação com a infertilidade
masculina”, disse, em nota, Va-
dim Osadchiy, principal autor do
estudo. “No entanto, essas desco-
bertas fornecem informações va-
liosas que podem nos levar na di-
reção certa para uma compreen-
são mais profunda dessa correla-
ção”, acredita. (PO)
INÊS249
Cidades
+ política e economia no DF
Medidas protetivas
evitam ciclo de abusos
O Correio foi a campo verificar o impacto das ações judiciais contra homens agressores. Em 2023 foram emitidas 15.744
decisões, número 96,8% maior do que em 2019. Lei Maria da Penha também pode ser utilizada na relação empregada e patroa
» LETÍCIA MOUHAMAD
» GIULIA LUCHETTA
“Q
ual foi o limite que eu
ultrapassei?”, questio-
nou Leandro (nome fic-
tício), de 39 anos, quan-
do recebeu da Justiça a intimação
de que deveria manter, no mínimo,
200 metros de distância da ex-com-
panheira. Ela estava sob Medida
Protetiva de Urgência (MPU). Pre-
vista na Lei Maria da Penha, a deci-
são judicial tem como objetivo pro-
teger mulheres que se encontram
em situação de risco, atuando no
resguardo da integridade física e no
acolhimento. Seu descumprimen-
to constitui crime, com pena de
três meses a dois anos de detenção.
A segunda reportagem da série
Violência em Casa detalha a im-
portância das medidas protetivas
— como podem ser solicitadas, em
quais contextos, por quanto tem-
po têm vigência e quem pode so-
licitá-las. Em busca de uma abor-
dagem abrangente sobre a violên-
cia doméstica, o Correio se propôs
a ouvir homens que foram alvo de
medidas protetivas. Essa inclusão
enfatiza a importância de os ho-
mens compreenderem ativamen-
te o papel deles nessa discussão.
Segundo dados fornecidos pelo
Tribunal de Justiça do Distrito Fede-
ral e Territórios (TJDFT), o número
de medidas protetivas de urgência,
concedidas no DF, saltou 96,8% de
2019 a 2023. No ano passado, foram
emitidas 15.744 medidas, enquanto
o total, em 2019, foi de 7.999.
O aumento na procura por es-
se recurso judicial pode ser inter-
pretado de formas distintas, de
acordo com a juíza do TJDFT Re-
jane Suxberger. “Podemos consi-
derar que o aumento nas medi-
das protetivas concedidas é du-
plamente significativo: represen-
ta um avanço no sistema de pro-
teção às mulheres, mostrando que
mais vítimas estão sendo alcança-
das e que há uma resposta institu-
cional às suas necessidades de se-
gurança. Contudo, também serve
como um alerta para a necessida-
de urgente de fortalecer políticas
públicas de prevenção à violên-
cia contra mulheres, de promo-
ver a educação para a igualdade
de gênero, e de implementar es-
tratégias que visem não apenas a
reação aos casos de violência, mas
também a sua prevenção”, ressal-
tou a magistrada.
Rede de proteção
As medidas protetivas de ur-
gência são concedidas pelo Poder
Judiciário e estão previstas em três
artigos da Lei Maria da Penha (Lei
11.340/2006). Afastamento do lar,
proibição de aproximação, fixan-
do-se limite mínimo de distân-
cia entre a vítima e o agressor; e a
proibição de contato por qualquer
meio de comunicação estão entre
as medidas mais solicitadas e con-
cedidas, segundo a promotora de
Justiça e coordenadora do Núcleo
de Gênero do Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT), Adalgiza Aguiar.
“Contudo, é imprescindível o
preenchimento do Formulário
Nacional de Avaliação de Risco
(que mapeia a situação da víti-
ma, do agressor e o histórico de
violência) para garantir o deferi-
mento das medidas de proteção
adequadas e necessárias para a
efetiva segurança da mulher em
situação de violência”, ressaltou
a promotora.
Adalgiza afirma que enquanto
persistir alguma possibilidade de
violência contra a mulher que so-
licitou a medida protetiva, ou que
seja necessário garantir sua inte-
gridade física e psicológica, cabe a
manutenção da medida. Ou seja,
não existe uma duração específi-
ca para as MPUs, haja visto que
dependem, na prática, do tempo
que durar o processo judicial ou
enquanto persistir o cenário de
violência.
A Lei Maria da Penha contem-
pla violações sofridas por mulhe-
res dentro dos âmbitos domésti-
co, familiar e afetivo. Ela também
pode solicitar medida protetiva
de distanciamento para resguar-
dar os filhos. No entanto, como
explica a juíza Rejane Suxberger,
o agressor a quem se aplica medi-
da protetiva pode ser de qualquer
gênero. Rejane cita como exemplo
as trabalhadoras domésticas que,
por estarem vinculadas ao am-
biente residencial, também estão
protegidas pela legislação.
“Aquela empregada que mora na
residência e que sofre, por exemplo,
uma violência da patroa, ou do pa-
trão, seja física, moral, ou, inclusive,
sexual, é protegida pela Lei Maria da
Penha”, alertou. Agressões perpetra-
das de mãe a filha, ou em relacio-
namentos homoafetivos, também
são exemplos de como a lei abran-
ge ofensoras do gênero feminino.
Na prática
“A partir do momento em que
a mulher se sentir em situação de
desconforto, ou em ausência de
proteção e, principalmente, em
situação de risco, é preciso procu-
rar o sistema de Justiça”, aconse-
lha a juíza do TJDFT. Existem algu-
mas opções para requisitar a deci-
são judicial, como se deslocar até
uma delegacia, realizar uma peti-
ção judicial no MP, ou registrar a
ocorrência no site da Polícia Civil.
Rejane Suxberger instrui que o
depoimento da vítima é de suma
importância para o deferimento
da medida protetiva. Não é ne-
cessário ter gravações, documen-
tos e/ou imagens da agressão pa-
ra atestar o caso. Por isso, é preci-
so que, no depoimento, a ofendida
forneça detalhes sobre os momen-
tos em que se sentiu vulnerável,
principalmente, mas não só, em
situações de violência psicológica,
reunindo elementos que mostrem
situações de risco vivenciadas.
“O mais importante é relatar
o histórico da violência. Desde
quando está acontecendo isso?
Ocorreu em outras oportunida-
des? Como aconteceu? Você já se
sentiu humilhada, em situação ve-
xatória? É esse histórico de violên-
cia que ela sofreu o mais importan-
te, não é só aquele (fato pontual)
que motivou a denúncia”, indicou.
Além disso, deve-se informar
à vítima sobre a possibilidade de
encaminhamento à Casa Abrigo,
à Casa da Mulher Brasileira ou
aos demais serviços de proteção
à mulher. “É importante solicitar
que a mulher relate se existem de-
pendentes e familiares que tam-
bém vivenciam a situação de risco,
em decorrência daquela violência,
uma vez que as medidas proteti-
vas também podem ser concedi-
das em favor deles. Ela deve ser
informada sobre todos os direitos
e todos os serviços disponíveis pa-
ra garantir efetivamente sua inte-
gridade física e psicológica”, desta-
cou a promotora do MPDFT.
O monitoramento, por meio
de tornozeleira eletrônica, é uma
medida diversa da prisão, previs-
ta no Código de Processo Penal.
Portanto, seu uso ocorre quan-
do não se preenche os requisi-
tos para a prisão.
Quando é expedida uma me-
dida protetiva, como a de afasta-
mento, que pode comprometer
o vínculo com os filhos, profissio-
nais ligados à psicologia e à assis-
tência social conversam com os
envolvidos para entender como
funciona essa relação. “No geral,
quando juízes e juízas determi-
nam a medida protetiva, já expli-
cam que, no caso de filhos, é im-
portante que terceiros interme-
deiem essa relação. Então, esse
contato fica a cargo de outras pes-
soas da família, a fim de que possa
ser assegurada a convivência en-
tre ambos os genitores”, esclare-
ceu Ana Maria Martínez, advoga-
da criminalista e especialista em
direito das mulheres.
Leandro, um dos homens en-
trevistados pela reportagem, con-
tou que o contato com os três fi-
lhos permaneceu, de forma que a
escola se tornou o ambiente onde
pai e mãe dividem o contato com
as crianças. “Recebi da Justiça a
sugestão de pedir ajuda à famí-
lia para manter contato com eles.
Combinamos que a mãe levaria ao
colégio e eu buscaria. Nunca dei-
xei de vê-los durante esse processo
e, agora, moram comigo.”
Descumprimento
As ocorrências policiais por
descumprimentos da decisão ju-
dicial somaram 2.130, um salto
de 18,5% em comparação ao ano
anterior, que registrou 1.796 des-
cumprimentos. “Se, no momento
que esse homem descumpre me-
dida protetiva, comete um outro
crime (agressão, por exemplo), ele
responde pelos dois delitos. Caso
não tenha ocorrido flagrante em
relação a esse descumprimento,
é possível a decretação de prisão
preventiva, se avaliado que há ris-
cos à integridade física e psicológi-
ca dessa mulher”, assegurou a ad-
vogada criminalista.
Questionado se, em algum mo-
mento, pensou em descumprir a
medida, Leandro revelou: “Sim,
passou pela minha cabeça, quan-
do percebi que isso poderia gerar
problemas na relação com meus
filhos que, à época, moravam com
minha ex-esposa. Mas nunca des-
cumpri”. A agressão, segundo ele,
aconteceu em 2021, quando a mãe
das crianças pediu a guarda inte-
gral dos filhos, antes compartilha-
da. “Na manhã do dia seguinte ao
Editor: José Carlos Vieira (Cidades)
Atendimento ao leitor: 3342-1000
Brasília, domingo, 10 de março de 2024 •฀Correio฀Braziliense฀฀• 13
ocorrido, recebi pelo WhatsApp a
intimação dizendo que não pode-
ria mais me aproximar dela. Senti
culpa”, recordou.
Apesar de reconhecer que er-
rou, ele destacou também ter si-
do vítima de violência no lar. “Não
que justifique a minha atitude,
mas nem sempre essas situações
(de violência) são precedidas pelo
homem. Sabe quando te apertam
o pescoço e você precisa morder
o braço da pessoa para se defen-
der?”, exemplificou. O argumento
é semelhante ao de Jonas (nome
fictício), 47, que se sentiu injus-
tiçado perante a intimação. “Na
frente do juiz, eu não tinha o di-
reito de falar nada. Muitas vezes,
o homem tem que apanhar e ficar
calado, porque não tem o direito
de se proteger”, defendeu.
Segundo a juíza Rejane Suxber-
ger, a sensação de vitimização ex-
pressa por alguns homens diante
do processo de expedição de uma
medida protetiva revela uma com-
plexa interação de fatores sociais,
psicológicos e legais. A falta de cla-
reza sobre os procedimentos e cri-
térios legais para a concessão de
medidas protetivas pode levar ao
sentimento de que não há espaço
adequado para defesa.
Além disso, normas culturais e
sociais sobre a masculinidade tam-
bém influenciam a forma como al-
guns homens reagem a esses pro-
cessos. “A associação tradicional da
josecarlos.df@dabr.com.br e
Tels. : 3214-1119/3214-1113
cidades.df@dabr.com.br
masculinidade com autoridade e
controle pode fazer com que se sin-
tam desafiados por medidas perce-
bidas como limitações impostas
por um sistema externo, especial-
mente quando envolvem a possibi-
lidade de perder o contato com en-
tes queridos. Priorizar a segurança
das vítimas é fundamental, ao mes-
mo tempo em que se oferece espa-
ço adequado para a defesa e o de-
vido processo legal aos acusados,
buscando uma sociedade mais jus-
ta e equitativa”, completa.
Eficácia
As três especialistas entrevis-
tadas pelo Correio garantem que
a importância da decisão judicial
está, principalmente, em frear
as possibilidades de feminicí-
dios. Dados da Câmara Técnica
de Monitoramento de Homicí-
dios e Feminicídios da Secretaria
de Segurança Pública mostraram
que, das 34 vítimas do crime em
2023, apenas 12 haviam requisi-
tado medidas protetivas.
“No entanto, para que essas
medidas sejam efetivamente ga-
rantidas, é importante que este-
jam acompanhadas de outras pro-
vidências, tais como o uso de dis-
positivo de segurança, o monito-
ramento eletrônico do agressor, o
acompanhamento pelo programa
de policiamento de prevenção à
violência doméstica e familiar e o
encaminhamento aos serviços de
proteção à saúde e psicossocial”,
detalhou Adalgiza Aguiar.
Ana Maria Martínez ressaltou
que a eficácia das medidas pro-
tetivas também está em: promo-
ver o retorno da mulher ao mer-
cado de trabalho, caso ela não es-
teja; garantir que ela possa, even-
tualmente, se afastar do trabalho,
caso seja necessário; garantir que
seus filhos estejam matriculados
em uma escola e que ela tenha
acolhimento da família, dos ami-
gos e do trabalho. “É uma rede de
proteção do Estado, da família e da
sociedade. Outro ponto é que es-
sa mulher precisa se sentir segura
para denunciar, por isso, o esclare-
cimento do que ela vai receber de
proteção caso denuncie.”
Rejane Suxberger pontua ser ne-
cessária uma abordagem integral
que inclua não apenas a aplicação
rigorosa da Lei Maria da Penha, mas
também investimentos em educa-
ção, conscientização pública, ca-
pacitação dos agentes estatais e no
apoio às redes de proteção às mu-
lheres. “Somente assim poderemos
aspirar uma sociedade na qual a vio-
lência contra a mulher seja efetiva-
mente prevenida e erradicada, e em
que as medidas protetivas sejam um
reflexo de um compromisso coleti-
vo com a segurança e a dignidade de
todas as mulheres”, concluiu.
Após participarem do grupo de
reflexão para homens do Núcleo Ju-
diciário da Mulher (NJM) do TJDFT,
por cumprimento de medida prote-
tiva, os homens entrevistados disse-
ram compreender a sua responsa-
bilidade no ciclo de violência. Jonas
acredita estar mais amadurecido
para lidar com os relacionamentos
íntimos. “O melhor que o homem
faz no caso de uma relação violenta,
e para mulher também, o melhor é
se afastar e não insistir na relação”,
ressaltou. Leandro, por sua vez, diz:
“Eu fui agressivo. Hoje, consigo re-
conhecer melhor meu papel social
e rever minhas atitudes”.
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14 • Cidades • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Correio Braziliense

Eixo Capital ANA MARIA CAMPOS

anacampos.df@dabr.com.br

Divulgação/Victoria Duarte

Candidata ao Senado no DF
Zack Stencil / PL À QUEIMA ROUPA
Embora se cogite no PL que
a ex-primeira-dama Michelle Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Bolsonaro concorra ao Senado
no Paraná, em caso de cassação
pela Justiça Eleitoral da chapa
que elegeu Sergio Moro, essa é
uma possibilidade remota. No
círculo próximo de Michelle,
há um temor de que ela
comece a carreira política com
uma derrota na Justiça Eleitoral
quanto ao domicílio eleitoral. Filha de peixe
O projeto mais forte hoje é As convidadas do evento em DEPUTADO ALBERTO
uma candidatura ao Senado comemoração ao Dia Internacional FRAGA (PL-DF),
pelo Distrito Federal, em 2026, da Mulher, realizado na Câmara
porque o ex-presidente Jair PRESIDENTE DA COMISSÃO DE
Legislativa por iniciativa da
Bolsonaro já disse no grupo SEGURANÇA E COMBATE AO CRIME
deputada Paula Belmonte
político que não quer que a ORGANIZADO DA CÂMARA
(Cidadania), foram surpreendidas
mulher concorra em DOS DEPUTADOS
pela filha da distrital, Júlia Belmonte
disputa nacional. Ramos, que debutou no cenário “Precisamos que quem comete
político representando a mãe. crimes fique preso e não como
Ninguém segura Foi ela quem abriu e encerrou o
evento porque a deputada teve um
acontece atualmente. Hoje, uma
mulher é agredida e em poucos
Mas nada impede que Michelle Bolsonaro, hoje presidente do PL Mulher, seja mal-estar e não pôde comparecer.
candidata à Presidência. A sua popularidade tem crescido muito e ela tem demonstrado
dias o agressor está livre, e essa
Além de surpresa, a ex-governadora
carisma no círculo bolsonarista. Com um media training, uma preparação para discutir do DF Maria de Lourdes Abadia, vítima não é nem informada
temas como economia, política internacional e programas de governo, seu nome pode convidada de honra do evento, ficou sobre o risco que corre.”
se tornar nome forte mesmo a contragosto do marido. encantada com o desempenho de
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press Júlia e não se conteve: “Olha, Júlia, Quais temas o senhor vai priorizar
Chapa com Ibaneis filha de peixe, peixinho é. Vá em
frente!”, aconselhou a veterana da
como presidente da Comissão de
Segurança e Combate ao Crime
Se Michelle Bolsonaro for política e que fez história no DF. Organizado da Câmara?
candidata ao Senado no DF, Os principais serão: o decreto das ar-
pode surgir uma dobradinha mas; vamos insistir no fim da saidinha,
forte com o governador Ibaneis dos saidões; e iremos trabalhar para agili-
Rocha (MDB). Como são duas zar o Código de Processo Penal. O sistema
vagas, um pode pedir o segundo prisional também estará na pauta. Quere-
voto para o outro, a não ser que mos criar uma legislação mais rígida e re-
surja um nome competitivo na tirar essa quantidade absurda de benefí-
corrida ao Senado da base do cios para presos.
governo Lula.
Como o seu perfil de atuação
MANDOU BEM parlamentar vai influenciar na pauta
Servidoras do Governo do Distrito da Comissão?
Federal terão direito a um intervalo Exatamente por ser um operador da
Minervino Júnior/CB/D.A.Press de duas horas no expediente para segurança pública e ser coronel da reser-
Novo Código Eleitoral pode amamentar. A medida passou a valer
na última quarta-feira, quando
va da Polícia Militar, a maioria da comis-
são também é formada por parlamen-
favorecer Arruda entrou em vigor lei nº 1.034/2024, tares que são da segurança pública. São
proposta pelo deputado distrital coronéis, policiais, delegados — tanto
Relatório do senador Marcelo Castro (MDB-PI) Jorge Viana (PSD). da Polícia Civil como da Polícia Federal.
sobre o novo Código Eleitoral pode possibilitar a Ou seja, uma comissão altamente quali-
volta do ex-governador José Roberto Arruda às ficada para tratar da segurança pública.
disputas eleitorais. O parlamentar propõe que
o candidato permaneça inelegível pelo período Como vai tratar o tema sobre
de oito anos a partir da data da condenação e armamento da população?
não quando o processo for concluído e não houver Vou tratar o tema com naturalidade, co-
mais possibilidades de recursos. Da forma mo sempre fiz. Não defendo que as pessoas
como é hoje, o candidato pode passar mais de duas décadas inelegível, enquanto tenham armas para andar nas ruas. Defen-
o projeto está em tramitação em grau de recursos. É o caso de Arruda, que está do que as pessoas tenham arma para ter
impedido de concorrer desde 2014, por imposição da Justiça Eleitoral.
MANDOU MAL dentro de casa e garantir a segurança da
Pelo menos 10.655 mulheres foram sua família, da sua propriedade.
Mais uma tentativa vítimas de feminicídio no Brasil
entre março de 2015, quando lei sobre E sobre feminicídios?
Pessoas próximas ao ex-governador José Roberto Arruda acreditam que, se ele o crime foi criada, e final de 2023, Estamos apresentando diversos
retomar a elegibilidade, sua vontade será disputar o GDF em 2026. Ele poderia dar um segundo dados do Fórum Brasileiro projetos de lei para tentar frear o avan-
passo para trás, concorrer a um mandato de deputado federal e só mais tarde brigar pelo de Segurança Pública. ço desse crime. O aumento de casos de
Palácio do Buriti. Mas Arruda sempre disse que quer voltar para o local de onde Os números, publicados pela Folha feminicídio no DF é alarmante, não
saiu em meio à crise da Operação Caixa de Pandora. de S. Paulo, podem ser maiores podemos deixar que isso avance. Ago-
porque há subnotificação. ra, precisamos que quem comete cri-
mes fique preso e não como acontece
atualmente. Hoje, uma mulher é agre-
dida e em poucos dias o agressor está
Aliança em debate STAFF/AFP
livre, e essa vítima não é nem informa-
O presidente regional do PV, Eduardo
Disputa pelo da sobre o risco que corre.
Brandão, que é o vice-presidente espólio Na sua opinião, como foi possível ocorrer
nacional da legenda, vai reunir amanhã
em sua casa representantes de oito de Niemeyer a fuga de presos no presídio federal de
partidos para discutir a organização de segurança máxima de Mossoró?
Continua a disputa pela Não tenho nenhuma dúvida de que
uma aliança para as eleições de 2026. marca deixada por Oscar houve facilitação, omissão das pessoas
Niemeyer. Neto do autor dos que trabalham naquele presídio. É inad-
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados Kayo Magalhães/CB/D.A Press monumentos de Brasília, missível ter fuga em presídio de seguran-
Carlos Eduardo Niemeyer ça máxima. E se algo não for feito para
reabriu o escritório da endurecer a legislação em relação a essas
cobertura na Atlântica, no negligências, as fugas vão continuar. E
Rio, ao lado do também parece que em Campo Grande teve fuga.
arquiteto técnico Jair Valera, que trabalhou 40 anos com Oscar Niemeyer. Carlos Se essa moda pega, vai ficar difícil man-
Eduardo se apresenta como administrador e representante do espólio do avô. Ele tem ter um presídio de segurança máxima
comunicado a potenciais clientes que o sobrinho Paulo Sergio Niemeyer Makhohl não com essa quantidade de fugas.
representa a marca. “É imprescindível ressaltar que o Sr. Makhohl não é reconhecido
pelo espólio nem pela empresa como arquiteto representante do ilustre Oscar Niemeyer. Tem algum projeto seu que queira
Consequentemente, ele não detém autorização para utilizar a marca, o nome ou participar aprovar com urgência?
de eventos não autorizados pelo espólio e pela empresa”, afirma o neto. É um projeto recorrente, demoramos 20
anos para discuti-lo. O aprovamos na Câ-
Projeto semelhante mara dos Deputados, mas acabou sendo
“engavetado” no Senado Federal. Já exis-
“Não
Tramita na Câmara dos Deputados projeto de “Não dá para você ser tem propostas de emenda para esse assun-
lei com o mesmo teor da norma promulgada pe- se trata de defender indiferente a essa causa, se você to, e entendemos que a redução da maio-
la Câmara Legislativa, de autoria do deputado o aborto, trata-se de enfrentar é uma pessoa conservadora, cristã, ridade penal seria um grande ganho para
Max Maciel (PSol), que estabelece licença de três esse problema de uma forma mais uma pessoa de fé. E aí a gente precisa segurança pública no país.
dias para mulheres que sofrem com dores seve- inteligente do que criminalizá-lo. Porque falar do aborto, que é um assassinato e a
ras no período menstrual. Na Câmara Federal, a prender mulher não serve para nada” cena do crime é o ventre da mãe” A oposição a Lula conseguiu a presidência
proposta é da deputada Jandira Feghali (PCdoB das mais importantes comissões na
-RJ) e se refere a trabalhadoras contratadas pela Ministro Luis Roberto Barroso, Deputada federal Câmara. Como esse movimento vai
CLT. Na lei distrital, a licença de três dias conse- presidente do STF Bia Kicis (PL-DF)
impactar daqui para frente?
cutivos a cada mês vale para servidoras públicas Conseguimos as comissões impor-
do DF. Maciel se inspirou no projeto de Jandira tantes porque o PL é o maior partido do
e em outros que já garantem essa licença em al- Congresso Nacional. E, de acordo com o
guns países, como Espanha, Japão, Taiwan, In- regimento, o maior partido escolhe pri-
donésia, Coreia do Sul e Zâmbia. SÓ PAPOS meiro, por isso conseguimos a Comissão
Também existe uma proposta no Pará com de Constituição e Justiça, a da Educação
o mesmo tema. Além disso, algumas empresas e, por fim, a da Segurança, uma das mais
privadas brasileiras já garantem a licença. importantes daquela Casa.
Gustavo Moreno/SCO/STF Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Acompanhe a cobertura da política local com @anacampos_cb

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Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Cidades • 15

Crônica da Cidade
SEVERINO FRANCISCO | severinofrancisco.df@dabr.com.br

Passagens uma revitalização das passagens sub-

subterrâneas
O Ministério Público apresentou a
proposta de reduzir a velocidade dos
carros no Eixão de 80km para 50km
ante o crescimento dos atropela-
mentos e reacendeu a polêmica so-
bre a via. Com certeza, todo brasi-
liense tem uma história dramática
de travessia no Eixão. É saudável a
atitude ativa do Ministério Público,
nem sempre presente no debate sobre
as questões urbanas da capital.
A proposta do MP é razoável, mas
existem outros aspectos a serem levan-
tados. Um deles é o da necessidade de
terrâneas. Maria Lúcia Verdi publicou,
recentemente, bela crônica, neste al-
to de página, sobre o tema, em visi-
ta com as participações especiais do
poeta Francisco Alvim e de Clara Al-
vim, companheira de Chico e profes-
sora de literatura.
A crônica de Verdi revela uma in-
teração muito rica dos artistas plás-
ticos da cidade, que inscrevem mu-
rais nas paredes, com abertura ao
diálogo mais livre. Algumas inter-
venções plásticas são requintadas,
impactam pelo desenho e pela ex-
plosão de cores. Outras são inscritas
nas paredes em formas geométricas,
como se fossem imagens ancestrais
gravadas nas cavernas. E há também
as de figuração mítica, evocando, em
certo momento, as serigrafias da li-
teratura de cordel.
Trata-se de uma manifestação com-
pletamente espontânea. Em vez de me-
ra pichação, esses artistas anônimos
compõem, nos azulejos, imagens que
arejam, humanizam e iluminam a vida
dos passantes. No entanto, as passagens
são subestimadas, degradadas e depre-
ciadas pelo poder público.
Diariamente, milhares de trabalhado-
res, de pedestres e de ciclistas se expõem
ao risco no Eixão. E não há para onde fugir.
Se optarem pelas passagens enfrentarão
um caminho de calçadas quebradas, acú-
mulo de lixo, sujeira e perigo de ser assal-
tado. Se atravessam pelo Eixão, a possibi-
lidade de um atropelamento é real.
Quem passa por elas corre o perigo
de ser roubado e, se não for, encara a
avalanche de carros. Os artistas plás-
ticos poderiam ser convocados por
meio de concursos para promover a
integração arte-arquitetura com pai-
néis de azulejo, sem prejuízo das ma-
nifestações espontâneas.
As passagens pedem uma ação con-
junta que inclua reformas na estrutura,
iluminação, limpeza e medidas de segu-
rança. Existe, ainda, a sugestão para que
a área seja dinamizada pela instalação
de quiosques e pelo comércio. Seriam
necessárias rondas contínuas da polí-
cia para proteger os passantes.
As passagens seriam lugares públi-
cos agradáveis de transitar e de visitar.
Um projeto com essas características
realçaria e renovaria a identidade vi-
sual de Brasília. O governo local deve-
ria promover concursos públicos com
a participação de arquitetos, urbanis-
tas e artistas. O Ministério Público, a Câ-
mara Legislativa e a UnB não podem fi-
car alheios ao debate e à ação. A amea-
ça quase que permanente de agressões
contra a arquitetura da cidade provocou
uma postura defensiva.
Mas, além de preservar, a cidade pre-
cisa se revitalizar, alinhada com as li-
nhas-mestras traçadas pelos criadores.
O que precisa ser contestado é a lógica
rodoviária que está transformando a ci-
dade-parque em cidade-viaduto. É ab-
surdo o descaso com as passagens sub-
terrâneas e com as pessoas que preci-
sam usá-las para atravessar o Eixão. Es-
se problema poderia se transformar em
uma bela solução se houvesse investi-
mento de verbas, inteligência e talento
nas passagens subterrâneas.

MOBILIZAÇÃO / Ontem, as ações contra o mosquito Aedes aegypti foram à São Sebastião. Desde 13 de janeiro, a Secretaria
de Saúde promove o movimento em diversas regiões do DF, mas os casos prováveis da doença não param de aumentar

Dia dedicado a combater a dengue

Agência Sáude-DF/Divulgação

» CAROLINA BRAGA em meio à 23ª edição do “GDF Mais pessoas. Franceline Rodrigues de
Perto do Cidadão”, a área foi per- Sena, 49, é presidente da Associa-

N
o nono sábado de promo-
ção do Dia D de combate à
dengue pela Secretaria de
Saúde do DF, o número de
casos prováveis da doença segue
subindo na capital: são 4.343,1 a
cada 100 mil habitantes, de acor-
do com os últimos dados do bo-
letim epidemiológico do Ministé-
rio da Saúde. Até o momento são
78 mortes causadas pelo vírus e
outras 74 estão em investigação.
A cidade de São Sebastião, o pri-
meiro epicentro da endemia, teve
na Praça da Administração Regio-
nal serviços de vigilância de profis-
sionais de saúde, tenda de hidrata-
ção e 12 carros do “fumacê” contra
o Aedes aegypti.
Mais de 60 profissionais de saú-
de participaram das ações de com-
bate ao mosquito da dengue na
manhã de ontem, em São Sebas-
tião. Os moradores da cidade tive-
ram suas casas visitadas por agen-
tes de Vigilância Ambiental, para
identificação de larvas do Aedes
aegypti e orientação de práticas de
prevenção da doença.
Durante a ação na Praça da Ad-
ministração Regional, que ocorreu
corrida por 12 caminhões de
fumacê com inseticida para o
mosquito. Na tenda de hidra-
tação de São Sebastião, houve
intensificação do atendimen-
to para pessoas com sintomas
da doença. O evento incorporou
a carreta da dengue, que funciona
como ponto de apoio à vacinação e
à atualização da carteirinha.
Água tratada
Ontem também foi o primeiro
dia de água tratada saindo da tor-
neira para os 13 mil moradores do
assentamento Dorothy Stang, no
bairro de Nova Colina, em Sobra-
dinho. A dona de casa Joselane Ra-
mos de Oliveira, 31 anos, residen-
te na comunidade há oito anos, foi
uma das quatro moradoras a re-
ceber conta de água pela primeira
vez durante evento, que aconteceu
em uma tenda montada na área
central do bairro. Os morado-
res chamavam caminhões-pipa.
“Eu também cheguei a implorar
por água para fazer comida aos vi-
zinhos lá de baixo, que já têm abas-
tecimento”, contou.
Força-tarefa confere as condições da caixa d´água de uma casa em São Sebastião
Pela primeira vez, a dona de ca-
sa tem um documento como com-
provante de residência. “O que
muda para nós é que estamos ga-
nhando dignidade”, falou. Segun-
do Luiz Antônio Reis, presidente da
Companhia de Saneamento Am-
biental (Caesb), mais de 90% da
obra da rede de abastecimento es-
tá concluída. “Ter água tratada e de
qualidade em casa é sinônimo de
cidadania. Com a instalação dos
hidrômetros, essas pessoas pas-
sam a ter comprovação de residên-
cia pela primeira vez”, esclareceu.
O assentamento está localiza-
do no bairro de Nova Colina, cuja
população é estimada em 21 mil
ção de Moradores do Bairro de No-
va Colina. Segundo ela, os mora-
dores estão esperando que após
a chegada da água potável, sejam
instaladas as redes de esgoto. “Para
depois podermos ter as nossas ruas
pavimentadas e moradia com dig-
nidade”, afirmou.
O governador do DF, Ibaneis Ro-
cha (MDB), esteve presente na so-
lenidade de inauguração da rede
de água tratada. “Lançamos os re-
servatórios de Sobradinho que vão
abastecer de água todo este com-
plexo. Queremos a regulação des-
sa região como um todo. O próxi-
mo passo aqui é colocar ilumina-
ção pública”, prometeu.
Esporte
O governador também este-
ve na inauguração do campo de
futebol com grama sintética, na
avenida comercial de Taquary.
Lá, Ibaneis assinou o termo da
obra de construção de centro
escolar para a primeira infân-
cia e prometeu entregar à po-
pulação do Lago Norte mais um
bairro: o Taquari II.

OBITUÁRIO

Morre Vera Lúcia, acolhedora dos desamparados Instagram/Reprodução

» DARCIANNE DIOGO
Será velado hoje o corpo da coor-
denadora da Rede Feminina de Com-
bate ao Câncer do DF, Vera Lúcia Be-
zerra da Silva, 58 anos. Verinha, co-
mo era mais conhecida, atuava desde
1996 na instituição e ajudou cente-
nas de pessoas prestando assistên-
cia gratuita a mulheres em situação
de vulnerabilidade social. A causa
da morte não foi divulgada.
O velório está marcado para as
12h30 no Templo Ecumênico 2 e o
sepultamento para as 15h, no Ce-
mitério Campo da Esperança da
Asa Sul. No Instagram oficial da
Rede Feminina, os responsáveis
pela página pedem para que, em
vez de flores, que os presentes le-
vem 1kg de alimento não perecí-
vel. “Vamos manter o legado da
Verinha vivo, espalhando amor, en-
xugando lágrimas e provocando
sorrisos”, publicou a página.
A Rede Feminina de Comba-
te ao Câncer do DF, sob a lideran-
ça dedicada de Verinha, contava
com 270 voluntários engajados em
25 projetos, destacando-se iniciati-
vas como bazar, cesta básica, proje-
to beija-flor, acolhimento, prótese
mamária, apoio ao leito, oficina de
perucas, farmacinha, café da ma-
nhã para pacientes, lanche da tar-
de para acompanhantes, ombro
amigo, passe livre, oficinas de ar-
tesanato, doação de lenços, remé-
dios e kits de higiene.
O comprometimento de Vera
deixou uma marca duradoura não
apenas na história do Hospital de
Base do DF, mas também nas vidas
daqueles que enfrentaram a difícil
Câncer do DF, com ação destacada
no Hospital de Base. Foi com mui-
ta tristeza que recebi a notícia de
seu falecimento, na certeza de que
o exemplo de compaixão vai per-
durar, mantendo seu nome vivo na
memória de todos. Que a família e
os amigos tenham força neste mo-
mento tão difícil, em que minhas
orações estão com ela”, afirmou.
“Hoje, nos despedimos de uma
grande mulher, aguerrida, apai-
xonada pela vida e pelo ser hu-
mano, cuidadosa, carinhosa e que
Verinha ajudava mulheres em situação de vulnerabilidade social distribuía amor a todos à sua vol-
ta. A Rede Feminina e o hospital
jornada contra o câncer, assim co- Verinha como um exemplo de de- de Base perdem uma grande par-
mo em suas famílias. O governa- dicação, solidariedade e amor ao ceira, o sentimento que fica é de
dor do DF, Ibaneis Rocha (MDB), próximo. “Vera Lúcia Bezerra da gratidão de poder viver ao mesmo
usou as redes sociais para lamen- Silva, a Verinha, deixou sua marca tempo que a Verinha. Em nome de
tar a morte de Vera. Na mensagem, no Distrito Federal. Ela coordenou toda equipe do Hospital de Base
o chefe do Executivo local definiu a Rede Feminina de Combate ao transmito o nosso fraterno abraço,
tenho certeza de que Deus está re-
cebendo-a de braços abertos, com
um belo sorriso no rosto e dizen-
do ‘venha descansar minha filha,
sua missão foi concluída com lou-
vor’”, escreveu um médico na rede
social. Outra seguidora do perfil da
Rede também lamentou a morte de
Vera. “Uma mulher iluminada e en-
cantadora. Cuidava de nós servido-
res da SES com tanto amor. E fez da
Rede feminina seu grande legado.
O céu está em festa.”
Além da atuação exemplar na
instituição, Verinha também se
destacava como uma verdadeira
mãe dos desassistidos da QE 38 do
Guará II. O comprometimento ia
além das fronteiras institucionais,
cuidando dos moradores que vi-
viam em condições precárias nas
favelas ao redor da quadra.

Obituário
Envie uma foto e um texto de no máximo três linhas sobre o seu ente querido para: SIG, Quadra 2, Lote 340, Setor Gráfico. Ou pelo e-mail: cidades.df@dabr.com.br
Sepultamentos realizados em 9 de março de 2024

» Campo da Esperança
Maria do Socorro dos Santos de
Araújo, 50 anos
Alzimar Lago Lima, 55 anos
Ana Lúcia Freire Moreira, 69 anos
Antônio Basílio de Campos, 86 anos
» Taguatinga
Antônio Carlos de Rezende, 71 anos
Aurora Maria Rezende da Silva,
menos de 1 ano
Bolivar Crestani, 61 anos
Charles Arantes Gonçalves, 55 anos
Cláudio Divino Mamede, 67 anos
Georgette Barros de Menezes, 96 anos
Ieda Ferreira de Medeiros, 91 anos
Leila Ribas Wanderley Dantas, 90 anos
Luiz Carlos Pereira de Oliveira, 56 anos
Maria Aparecida dos Santos, 49 anos
Maria Vicente de Sousa, 83 anos
Rosalina Souza dos Santos, 71
Silvestre Natal dos Santos, 96 anos
Airton Menezes Albuquerque, 68
anos
Antônio Miguel Mendonça, 51 anos
Cecília de Pinho Siqueira, 84 anos
Deborah Lopes Santos da Silva,
menos de 1 ano
» Gama
Edivaldo Gama da Silva, 65 anos
Edson Ferreira dos Santos, 60 anos
Eunice Gonçalves da Silva, 80 anos
Francisca Medino, 71 anos
Francisco José dos Santos, 52 anos
Guilherme Moreira da Silva, 55 anos
Manoel Barbosa da Costa, 80 anos
Marivaldo Matos dos Santos, 60 anos
Moisés Barbosa de Souza, 27 anos
Nilza Maria Nunes, 67 anos
Paulo Vítor Barbosa Da Silva, 22 anos
Raimundo Almeida de Castro,
93 anos
Sebastiana Tranqueira de Sousa, 49 anos
Ana Francisca de Morais, 91 anos
Aylla dos Reis de Matos, menos de 1 ano
Cosmo Severino da Silva, 92 anos
Geraldo Conduru Neto, 71 anos
Ivan Saraiva, 65 anos
Maria da Solidade de Souza De Assis,
97 anos
» Planaltina
Maria das Dores Ferreira de Brito,
87 anos
» Brazlândia
Aldo Dos Santos Serejo, 45
Maria Alice Aquino de Oliveira,
menos de 1 ano
» Jardim Metropolitano
Euci Severino Botelho, 52 anos
Maria Bernardo de Araújo Xavier,
63 anos
José Elio de Sousa, 52 anos
Laércio Francisco dos Santos,
69 anos
Edimilson Paulo da Silva, 62 anos
Murillo Eduardo Fernandes da Silva
Porto, 70 anos (cremação)
Alberto Augusto Telles,
88 anos (cremação)
Elisabete Aparecida dos Santos
Belezia, 67 anos (cremação)
INÊS249

16 • Cidades • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Correio Braziliense

“A Justiça é o vínculo das sociedades humanas; as leis

emanadas da Justiça são a alma de um povo”

Por Jane Godoy •฀฀ janegodoy.df@dabr.com.br Juan Luis Vives - 1493-1540, Filósofo e humanista
Ed Alves/CB/D.A Press Luiz Tajes/Esp. CB/D.A Press

A tradição do D&J está

de volta ao Correio

Ed Alves/CB/D.A Press
Ministro aposentado do STF Carlos
Velloso e o ministro do TCU
Desembargador do TRT-10 Luiz Fausto (E), desembargadora Gilda
Antônio Anastasia
Sigmaringa Seixas, ministro do STJ Reynaldo S. Fonseca, advogado
Ed Alves/CB/D.A Press Raul Saboia e desembargador José Ribamar Oliveira Lima Júnior

Luiz Tajes/Esp. CB/D.A Press

Lançamento do caderno Direito e Justiça contou com a presença do presidente do Correio,

Guilherme Machado, do presidente do TJDFT, José Cruz Macedo e de outras autoridades

Para os leitores e assinantes mais antigos do advogados e convidados, na terça-feira

Conselheiro do TCDF André
Clemente
Luiz Tajes/Esp. CB/D.A Press
Correio Braziliense, o caderno Direto & Justiça
não é novidade, pois, desde 24 de agosto de 1990,
todas as segundas-feiras, leigos e profissionais
da justiça tinham em mãos o que era conside-
rado um compêndio de ensinamentos e ajuda,
naquilo que pudesse trazer as mais abalizadas
soluções e encaminhamentos.
Um verdadeiro consultório jurídico onde
(5), na sede do Correio Braziliense, a di-
retoria apresentou o novo caderno Direi-
to & Justiça, que está em circulação des-
de fevereiro deste ano.
Um festa cheia de entusiasmo e esperança,
além da certeza de que os leitores vão se sentir Mnistro do STJ Sebastião Reis e a esposa, a advogada Anna Maria
mais seguros e protegidos, até satisfeitos, com a
possibilidade de, a partir de agora, obterem res- Ed Alves/CB/D.A Press

Deputada distrital Jane Klebia
questionamentos, dúvidas, pedidos de orien- postas aos seus anseios e dúvidas quanto a to-
tação e soluções eram prontamente encontra- das as questões judiciais.
dos naquelas páginas, por meio de articulistas Aproveitando o relançamento do ca-
experimentados, que seguiam à risca os pre- derno deste jornal, agora comandado por
ceitos da Carta Magna e dos códigos em vigor. Ana Maria Campos, queremos levar a to-
Colaborador há 40 anos, o ad- da a equipe e ao presidente
vogado Josemar Toscano Dantas do Correio, Guilherme Ma-
(foto) esteve à frente do D&J du- chado, a admiração e o agra-
rante mais de 15 anos, exalando decimento de toda a comuni-
competência, profissionalismo dade brasiliense, com a certe-
e seriedade a esse trabalho, até za de que, daqui para a fren-
que, em 10 de fevereiro de 2018, te, a Justiça entrará de forma
fez a sua passagem. didática, séria e colaborativa
Com representantes da al- nos lares de nossos leitores.
ta cúpula do Judiciário em Como dizem lá na minha Ara-
Brasília, demais autoridades, guari, “Justiça seja feita!” Ministra Maria Cristina Peduzzi, advogado Paulo Roque e Kátia Cubel
Aureliza Correa/Esp. CB/D.A Press

CELEBRAÇÃO / Produtoras rurais, vendedoras das bancas e clientes da Ceasa são homenageadas pelo 8 de março

Aplausos às mulheres que cultivam

Ed Alves/CB/DA.Press
» PEDRO IBARRA meu irmão somos crias da fei-
ra e queremos continuar com

U
ma das tradições do Dia
Internacional da Mulher
é dar presentes às ho-
menageadas dessa data.
O chef Rosário Tessier, conheci-
do pelo restaurante Trattoria do
Rosário, usou a manhã de ontem,
um dia após o 8 de março, para
celebrá-lo na Ceasa. Ele distri-
buiu chocolates e rosas amare-
las às frequentadoras e às comer-
ciantes que levam suas mercado-
rias para esse mercado.
Tessier decidiu que este ano
queria enaltecer as profissionais
da produção agrícola. “As mu-
lheres são muito importantes
em qualquer situação da
nossa vida social. Mas,
hoje, escolhi ho-
menagear as mu-
lheres que traba-
lham com o cam-
po e produzindo na
área agrícola”, expli-
ca. “Elas são trabalha-
doras, mesmo. Elas cul-
tivam produtos que são im-
portantes para o meu tra-
balho e de muitas outras pes-
soas”, acrescenta.
a proposta do meu pai”, afir-
ma a feirante, filha de “Carlão”,
falecido há 15 dias e que abriu
o ponto em que ela trabalha.
“Estamos levando o nosso pai
adiante. Ele era patrimônio da
Ceasa”, comenta.
Sentimentos
Para Loyane, receber uma flor
no sábado foi um afago ante a
nova etapa profissional que en-
cara, agora sem o aconselha-
mento do pai, com quem es-
teve por mais de 30 anos. “Ati-
tudes como essa (do Tes-
sier) trazem a sensação
de gratidão. Estar no
mercado de traba-
lho, desempenhan-
do um papel dig-
no e ser lembrada
também pelo Dia
da Mulher mostra o
quanto somos impor-
tantes”, comenta.
Outra vendedora que co-
meçou a trabalhar antes de Chef Tessier: “As mulheres são muito importantes em qualquer situação da nossa vida. Hoje, homenageio as que trabalham no campo”
alcançar a maioridade é Ana
Claudia Alves Kubota, 53. Des- Ed Alves/CB/DA.Press

Rosário escolheu a Ceasa de-
vido a lembranças que tem de
seu país natal, a Itália. “Eu ado-
ro a Ceasa. Na minha terra, em
Nápoli, na Itália, existem feiras
como a Ceasa e são fundamen-
tais para nós, por isso eu escolhi
vir aqui. São frutas, legumes, flo-
res e hortaliças que deixam tudo
maravilhoso”, diz.
Assim como o chef que se
aprimorou nos mercados italia-
nos, várias mulheres têm pro-
funda relação com a Ceasa. Es-
se é o caso de Loyane Apareci-
da, 39 anos, responsável, junto
ao irmão, por uma banca. Ela
convive com verduras e horta-
liças no central de distribuição
desde os 7 anos de idade. “Eu e
de os 17, ela ia à feira ajudar o
namorado, com quem agora es-
tá casada. Atualmente, segue co-
mercializando os produtos que o
marido cultiva. “Vivo uma dupla
jornada. Faço tudo em casa, ven-
do aqui e ainda sou confeiteira”,
conta a trabalhadora que nem
pôde curtir a parte boa do Dia da
Mulher na última sexta-feira. “Eu
não fui cumprimentada por nin-
guém porque estava na ‘calma-
ria’ da minha chácara, só ralan-
do. Quando eu recebi uma flor
hoje, fiquei emocionada”, revela.
Sentimentos à parte, Ana
aproveita o momento para exal-
tar a força e a perseverança de ser
mulher. Mesmo que só exista um
dia dedicado a elas, considera
que a data é relevante. “É muita
emoção. Mulher não tem só um
dia, todos os dias damos o nos-
so sangue pelos filhos, família
e sustento da casa”, diz ela, que Eu não fui
de segunda a sexta-feira encara
sua confeitaria. cumprimentada por
Marina Monteiro, 59, feiran- ninguém, porque
te experiente e responsável por
um banca na Ceasa, ficou feliz estava na “calmaria”
ao receber a rosa. Considerou
que o ato representa um cotidia-
da minha chácara,
no peculiar que só a Ceasa traz. só ralando. Quando
“Eu acho muito boa essa intera-
ção do público com os feirantes. eu recebi uma
É melhor do que aquela coisa flor hoje, fiquei
fria de supermercado. Aqui dá
para trocar nossas figurinhas e emocionada
até receber flores pelo Dia da
Mulher”, exalta. Loyane: “Ser lembrada mostra o quanto somos importantes” Ana Kubota, feirante
INÊS249

Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Cidades • 17

Arnaldo
D O Júlio
A L OéS A VEM OR ,
Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

R DA PIRA LIO ATO

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J Ú L I Oautor
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histórias em folhas e ‘minili-
S J O V D A I B E R L I O B L E M R G U O E Z A .to-AOS
M A I Barbosa. foi
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escrita à escritor.
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M A T A I S J tores. Eu me
G A R senti lisonjea-
P O R da época. Hoje, adoro fazer
D O
S LETRpanhadoAdeEuma FOR S M MARfou seu livro EReEeu,S NALescrevo cartas
Júlio. gou ao evento, estava acom- da. Mais tarde, ele autogra- redações na escola e, de vez
L U T A Arnaldo traz vida. Ele é uma
D A S M parente.
I R A O V E M M U L H
para mim
A S A
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A ERSO OR, NOV E L INS P Sara Tesser, A J
estudanteOde 14 anos
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o Smeu para ele. A
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literatura R e biografias
ORM sobre mim. O
N I V O S , R D E U T A gerações,D A S E M F me ajudou OS
N O U S DO AM 0 5 A N A U T O
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V E R S O o amor pelas
V E L A senhor Arnaldo
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AR N TO D IS JOVEN S EA S IBER O amorJque IOsente B QU e para mim
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E sua família,
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pela literatura vem
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R B O S E A B R N O M O R , O S , I N do os exemplares
D E A e lendo
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B M Q ULHA EZAS DO A 5 AN OR gosto de ler.DLia AL VER
sinopses. Então, desde pe-
E L E E R G S 1 0 É A UTquena, O R A um U N I OR ,
O R D A M R O . A O O S A A B R N O A M
C ENS AS P ADE ARB E a escrever, Linven- S DO A D E .
livro atrás do outro. Quando
J O V A E E R D O B E M QUaprendi G U HA E Z A
MAIS ARI D RL I B JÚL I RDE L R
ME algo ecomplica- O
PR Por Arnaldo ERD
A R G E S P O L D O E C O N S
tar personagens
A histórias
E A S L I B
R Editora BIP ETRAS
V E M M L H E R A R NA T O D J O V E não parecia
R I D A narrati- S POBarbosa. Júlio
JO A S M U
E T RA S F O RM A M AI S A R A
Gquando brincava,Lprin-
do. Gostava de criar
H ER E D AS L
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18 • Brasília, domingo, 10 de março de 2024

CORREIO BRAZILIENSE
Sem futebol

ESPORTES
A bola não vai rolar no Mané Garrincha no dia do aniversário de 50
anos do estádio. A última rodada da primeira fase do Campeonato
do Distrito Federal terminará hoje, com todos os jogos agendados
para 15h30, bem longe do principal endereço do futebol candango.
As partidas estão marcadas para os estádios JK (Paranoá), Defelê
(Vila Planalto), Abadião (Ceilândia), Bezerrão (Gama) e no Serejão
(Taguatinga). A arena não não recebeu nenhum dos 45 jogos da
correiobraziliense.com.br/esportes - Subeditor: Marcos Paulo Lima E-mail: esportes.df@dabr.com.br Telefone: (61) 3214-1176 etapa classificatória da competição doméstica nesta temporada.

Claudio Alves Pereira/CB/D.A Press A. Dorgivan/CB/D.A Press

O início das obras no estádio Governado Hélio Prates antes da troca de nome para Mané Garrincha, em 1983 Vaguinho (7), autor do primeiro gol do Mané na vitória do Corinthians contra o Ceub, em 10 de março de 1974

No dia em que o segundo maior estádio do país completa meio século, falamos com Vaguinho, o autor do primeiro gol do
estádio, em 10 de março de 1974. Arnaldo Cezar Coelho lembra a partida na qual validou o gol do Rei Pelé na velha arena

Memórias do Mané
MARCOS PAULO LIMA 24 anos. Hoje, tenho 74. Não lembro como foi
Arquivo/CB/D.A Press

o gol. Recordo de duas arquibancada, uma de

H
á 50 anos, Em um dia de domingo, co-
mo cantariam Gal Costa e Tim Maia, era
inaugurado o estádio Governador Hélio
Prates da Silveira. Com o perdão do cli-
chê, esse foi o primeiro nome do templo sagra-
do do futebol do Distrito Federal. Rebatizada de
Mané Garrincha em 1983, depois da comoção
com a morte do Anjo das Pernas Tortas, a are-
na nasceu forte como uma rocha no centro da
capital. Em 2011, a estrutura resistiu a uma im-
plosão. Nem mesmo 250kg de explosivo derru-
baram a arena inaugurada em 10 de março de
1974. Foram necessárias escavadeiras para levá
-lo ao chão e construir uma nova por R$ 1,5 bi-
lhão para a Copa do Mundo de 2014.
Registros do Correio Braziliense à época re-
latam que cerca de 50 mil pessoas foram ao es-
tádio inacabado testemunhar a vitória do Co-
rinthians por 2 x 1 contra o Ceub pela primeira
rodada do Brasielirão de 1974. Wagno de Frei-
tas, o Vaguinho, fez o primeiro gol. “Eu tinha
cada lado, e um vão atrás. Havia muita gente
sentada na grama. Nosso Corinthians era um
timaço desfalcado e o Ceub, um bom adversá-
rio”, emociona-se Vaguinho ao Correio.
O único gol oficial do Rei Pelé no Mané Gar-
rincha foi validado pelo árbitro Arnaldo Ce-
zar Coelho. Era 20 de março de 1974. O San-
tos venceu o Ceub por 3 x 1. “Nem lembrava.
Pelé, Santos e Ceub. Olha, o estádio não era
isso (que é hoje). Arquibancada toda aberta,
grama alta, era futebol raiz. Basta dizer que o
Ceub estava no cenário nacional. Faço parte
da história”, orgulha-se o árbitro da final da
Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
A inauguração mudou a rota do futebol no DF.
“Agora, o Pelezão, no Guará, será utilizado nos jo-
gos do Campeonato Amador”, informava o GDF.
A arena do Rei não existe mais. Virou condomí-
nio habitacional. A do Mané virou cinquentona
sem jamais ter visto o Anjo das Pernas Tortas jogr
no estádio. Ele pendurou as chuteiras em 1972. Dez dias depois da inauguração, o Rei Pelé fez gol pelo Santos na principal arena do Distrito Federal

Wander Roberto/CBV Estadão Conteúdo Antônio Cunha/CB/D.A Press

Em 2017, 40 mil pessoas viram o desafio de vôlei entre Brasil e Portugal A apoteose: partida do Brasil contra Camarões na Copa de 2014: 4 x 1 Duelo entre Zico (E) e Platini, em abril de 1991: Brasil 6 x 1 França
Ed Alves/CB/D.A Press
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Dez figurinhas carimbadas
No dia do Jubileu de
Ouro do principal
estádio da Região
Centro-Oeste, um
álbum dos craques
eleitos melhores
do mundo pela Fifa
que desfilaram no
tapete da velha
ou da nova arena
desde a estreia, em
10 de março de 1974
MARCOS PAULO LIMA
N
ão importa o nome e
muito menos a estrutu-
ra raiz ou de ponta. Inau-
gurado em 10 de março
de 1974 com o nome de estádio
Hélio Prates da Silveira, e reba-
tizado de Mané Garrincha em
1983, depois da morte do Anjo
das Pernas Tortas, o templo do
futebol candango estendeu o ta-
pete para jogadores do mais alto
nível. Um dels foi o maior de to-
dos. Outros 10 ganharam da Fifa
o prêmio de melhor do mundo.
Embora não conste na galeria
dos vencedores do prêmio da en-
tidade máxima do futebol, lan-
çado em 1991, Edson Arantes do
Nascimento se exibiu na arena
10 dias depois da inauguração.
Em 20 de março de 1974, o San-
tos enfrentou o extinto Ceub pe-
lo Campeonato Brasileiro. O Rei
mandou uma bola na rede na vi-
tória do Peixe por 3 x 1. Pelé, in-
clusive, deixou lembranças com
um dos zagueiros do Ceub à épo-
ca. Pedro Pradera recebeu uma
chuteira e uma camisa autogra-
fada do Santos. As relíquias não
ficaram com o atleta. “Não coube
nos meus pés. Dei para alguém,
só não lembro quem”, relembrou
Pradera ao Correio, em 2010. De-
sapegado, Pradera não arquivou
nem o histórico uniforme alvine-
gro. “Está com o meu pai.”
O futebol sempre foi o prin-
cipal negócio do Mané. A velha
casa recebeu, por exemplo, um
duelo master entre os amigos Zi-
co e Michel Platini, em 20 de abril
de 1991. Na revanche da Copa de
1986, os veteranos do Brasil go-
learam a França por 6 x 1.
Mas nem só de bola vive o baú
de memória do Mané. Em 14 de
novembro de 1991, o pugilista
Adilson Maguila Rodrigues man-
teve o título sul-americano de pe-
sos pesados ao nocautear o chile-
no Miguel Foreman Cea. A antiga
e a atual arena também abriram
os portões para a arte com o úl-
timo show da banda Mamonas
Assassinas a duas apresentações
do eterno Beatle Paul McCartney.
CAMPEONATO CARIOCA
Flamengo sai na frente do Flu na semifinal
O Flamengo saiu na frente
no primeiro round contra o
Fluminense pelas semifinais do
Campeonato Carioca. Ontem
à noite, em mais um encontro
entre os últimos dois campeões
da Libertadores neste ano, o
time rubro-negro venceu o tri-
color por 2 x 0. Everton Ceboli-
nha e Pedro ampliaram a van-
tagem dos campeões da Taça
Guanabara na série. O título na
primeira fase dá ao comanda-
dos de Tite a possibilidade de
perder pelo mesmo placar para
disputar a final contra Nova
Iguaçu ou Vasco na decisão. A
partida de volta será no sábado.
O Flamengo iniciou a par-
tida com um plano de jogo
alucinante. Encurralou o Flu-
minense no campo defensivo
Matthäus
Eleito número 1 do mundo pela
Fifa em 1991 na primeira edição
do prêmio chamado hoje de The
Best, o meia alemão jogou no
velho Mané Garrincha em 12 de
dezembro de 1987, ou seja, três
anos antes de levar a Alemanha
ao tricampeonato na Copa
do Mundo da Itália. Tinha 26
anos quando entrou em campo
no empate por 1 x 1 com o
Brasil. O time comandado pelo
treinador Franz Beckenbauer
desembarcou na capital do país
com outros nomes badalados
como Kohler, Brehme e
Klinsmann. Sim, Jürgen
Klinsmann. Batista marcou para
a Seleção e Reuter descontou
para os germânicos.
Kaká
Nascido no Gama, o meia
jogou duas vezes em casa
com a camisa da Seleção
Brasileira. Não balançou
a rede, mas teve atuações
destacadas na goleada
por 5 x 0 sobre o Chile no
velho Mané Garrincha, em
4 de setembro de 2005,
pelas Eliminatórias da
Copa do Mundo de 2006.
Eleito melhor do mundo
em 2007 pela Fifa, Kaká
também esteve na capital
do país com a camisa do
time do coração dele, o São
Paulo. Uma delas no jogão
contra o Botafogo no novo
Mané Garrincha, em 10 de
setembro de 2014. O tricolor
venceu por 4 x 2.
e empilhou chances desperdi-
çadas. As melhores com o cen-
troavante Pedro e o meia De La
Cruz. Fernando Diniz suportou
a pressão inicial e conseguiu
sair de trás aos poucos na ten-
tativa de atacar o adversário.
No entanto, ao contrário da
temporada passada, a equipe
da Gávea se mostra sólida na
defesa. Sofreu apenas um gol
no Carioca — com uma for-
mação alternativa. A escalação
principal só foi vazada pelo
Orlando City em um amistoso
de pré-temporada nos EUA.
O volume de jogo rubro-
negro só se traduziu em bola na
rede no fim nos acréscimos do
segundo tempo. Aos 46 minutos,
o versátil volante Pulgar cruzou
a bola para área. Posicionado
Romário
O Baixinho conquistou o
prêmio de melhor do mundo
em 1994 depois de brindar
o Brasil com a conquista do
tetracampeonato na Copa do
Mundo dos Estados Unidos
contra a Itália. Três anos
depois, esteve na cidade
formando a dupla de ataque
da Seleção com Ronaldo
Fenômeno no velho Mané
Garrincha. A goleada por 4 x 0
sobre o Chile foi um espetáculo
da dupla Ro-Ro. Cada um deles
fez dois gols. Romário também
veio ao Distrito Federal
algumas vezes com as camisas
do Vasco e do Flamengo, mas
vestindo a amarelinha aquela
foi a única exibição do atual
senador na capital do país.
Cristiano Ronaldo
Vencedor do prêmio de melhor
do mundo em 2008, 2013,
2014, 2016 e 2017, o atacante
português entrou em campo
duas vezes no Distrito Federal.
A primeira delas em 2008, no
Gama. Passou vergonha no
Bezerrão em um tira-teima entre
ele e Kaká. A Seleção humilhou
os lusitanos por 6 x 2. O gajo
retornaria a Brasília na primeira
fase da Copa do Mundo de 2014.
Foi autor do gol da vitória por
2 x 1 sobre Gana pela última
rodada da etapa de grupos.
Balançou a rede na nova versão
do Mané Garrincha, porém não
impediu a eliminação precoce
dos patrícios diante de uma
plateia de 67.540 pagantes.
entre o lateral Guga e o meia
Arias, Everton Cebolinha finali-
zou de cabeça para o fundo da
rede do goleiro Fábio.
Fernando Diniz reprogra-
mou o Fluminense no intervalo
e voltou para o segundo tempo
tentando ser mais agressivo. O
treinador só não contava com
uma expulsão precoce. Thia-
go Santos cometeu falta gra-
ve quando Everton Cebolinha
puxava contra-ataque. O árbitro
puniu o zagueiro com amarelo,
mas o VAR corrigiu para verme-
lho. Com um jogador a mais, o
Flamengo perdeu a chance de
ampliar com De la Cruz. No fim
do jogo, Arrascaeta cruzou na
medida para Pedro marcar pela
nona vez em nove jogos e decre-
tar o placar final: 2 x 0.
Correio Braziliense • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Esportes • 19
Ronaldo
O Fenômeno ganhou a estatueta
de melhor do mundo em
1996, 1997 e 2002. Foram duas
exibições em Brasília com a
camisa da Seleção Brasileira.
A primeira formando dupla
de ataque com Romário na
goleada por 4 x 0 sobre o Chile,
em 2 de abril de 1997. Dois
gols de cada um no amistoso
sob a batuta do técnico Mário
Jorge Lobo Zagallo. O craque
também estava em campo no
triunfo por 5 x 0 sobre o Chile
nas Eliminatórias para a Copa
de 2006, porém não balançou
a rede. O show naquele dia
foi do protagonista Adriano. O
Imperador balançou a rede três
vezes no antigo Mané Garrincha.
Messi
O recordista de prêmios de
melhor do mundo com oito
estatuetas também desfilou
por Brasília. Foi em 5 de
julho de 2014. O camisa 10
comandou a Argentina na
vitória por 1 x 0 sobre a
Bélgica pelas quartas de
final. O melhor jogador do
século 21, eleito número 1
do planeta em 2009, 2010,
2011, 2012, 2015, 2019, 2022 e
2023 não foi o cara do jogo. O
papel coube ao centroavante
Gonzalo Higuaín, autor do gol
do triunfo. Sete anos depois,
Messi voltou ao Mané pela
Copa América de 2021 e fez
gol no empate por 1 x 1 com a
Colômbia pela fase de grupos.
Vasco
O Vasco mede forças contra a
sensação Nova Iguaçu, hoje, às
18h30, no Maracanã, pelo jogo
de ida das semifinais do Cam-
peonato Carioca. A expectati-
va é de contar com o apoio de
mais de 60 mil torcedores, que
podem levar o time a inverter a
vantagem do adversário. O time
da Baixada Fluminense tem o
direito de empatar no placar
agregado — a soma de pontos e
gols dos dois jogos.
Invicto há oito jogos, o Vasco
buscará a vitória para ter vanta-
gem no segundo jogo. Depois de
cumprir suspensão, o volante Zé
Gabriel deve retomar a posição.
No mais, a base deve ser a mes-
ma dos últimos jogos. (MPL)
Rivaldo
O melhor do mundo em
1999 veio a Brasília algumas
vezes por clubes, mas com
a Seleção Brasileira houve
apenas uma exibição. O craque
balançou a rede na vitória por
3 x 0 sobre o País de Gales no
amistoso disputado em 11 de
novembro de 1997 no velho
Mané Garrincha. Zinho abriu o
placar para o time comandado
pelo técnico Mário Jorge Lobo
Zagallo. Rivaldo anotou o
segundo e Rodrigo Fabri deu
números finais ao placar no
penúltimo ensaio antes da Copa
das Confederações daquela
temporada, que foi disputada no
fim do ano, na Arábia Saudita.
Abby Wambach
A melhor jogadora do mundo em
2012 esteve aqui em Brasília no
Torneio Internacional Feminino
de 2014. A norte-americana
amargou o vice-campeonato.
O Brasil de Marta jogou com
o regulamento embaixo do
braço e conquistou o título da
competição com o empate sem
gols, em 22 de dezembro de
2014. Wambach comandou o
ataque dos Estados Unidos, mas
quem roubou a cena em Brasília
foi a artilheira Carli Lloyd, autora
de cinco gols; e Christen Press,
vice-artilheira do torneio com
quatro. Ambas terminaram à
frente da rainha Marta.
ESTADÃO CONTEÚDO
Everton Cebolinha abriu o placar nos acréscimos do primeiro tempo
Ronaldinho Gaúcho
Era uma promessa de apenas
19 anos de idade quando jogou
pela primeira vez em Brasília
pelo Grêmio. Saiu de campo
derrotado pelo Gama pela 10ª
rodada do Brasileirão de 1999.
Finazzi marcou duas vezes para
o time alviverde no antigo Mané
Garrincha. Cleison descontou
para o tricolor gaúcho.
Curiosamente, jogador eleito
melhor do mundo em 2004
e em 2005 jamais jogou pela
Seleção na capital. Poderia ter
acontecido na goleada por 5 x 0
sobre o Chile pelas Eliminatórias
para a Copa de 2006, porém o
craque estava suspenso.
Marta
A hexampeã e recordista de
prêmios da Fifa no feminino
(2006, 2007, 2008, 2009, 2010,
2018) foi campeã no Mané. A
camisa 10 levou a Seleção ao
título do Torneio Internacional
Feminino em 2013 e em
2014. Balançou a rede três
vezes na primeira campanha,
quando dividiu a artilharia
com Debinha. Marcou outros
três na campanha do título
de 2014. Como o Brasil não
passou pela capital nos
Jogos Olímpicos do Rio-2016,
Brasília não viu Marta no
megaevento, porém o nome
dela foi gritado no Mané em
protestos contra Neymar.
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20 • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • Correio Braziliense

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MÚSICA
Pioneiros
do hip-hop
» MARIA CLARA ABREU*
E
m homenagem aos 30
anos de carreira do gru-
po de hip-hop de Planal-
tina-DF, Guind’art 121,
hoje, a partir das 14h, ocorre o
Blend Festival, na área exter-
na do Museu Nacional da Re-
pública. O evento terá shows
de mais de vinte artistas do hi-
p-hop candango, além de ofici-
na de grafite, batalha de rima e
breakdance, stand de tattoo e
parque de diversões com en-
trada gratuita.
Entre os artistas e gru-
pos que vão se apresentar no
evento estão: a nova formação
do Guind’art 121 (composta por
Daher, Sorel e DG), Salvador da
Rima, GOG, Menor da VG, Coktel
Molotov, Liberdade Condicional,
Atitude Feminina, Tropa de Elite,
Miriam Kessia, Pallozo, Di Paula,
CRUZADAS
© Ediouro Publicações — Licenciado ao Correio Braziliense para esta edição
DIRETAS DE ONTEM
Rapper Will, Dandaro$, Handriell
X, Navarro, Nagô B.A, Lada 13F,
Trimafia, Bigwolff, Lukas DII, DJ
Kabeça, DJ Marola, DJ Zezão SP,
Me Elipê, Rapdemia, Max na Voz,
Jungle Records, WL o Drama, Ti-
me Sete, GYN Crime, MC Dra-
ma, Break Black Spin, Harmoni-
za, Mojito e França.
O festival celebra a diversidade
cultural de Brasília e promove a in-
clusão social. “Essa comemoração
de 30 anos é a celebração de uma
banda de rap de Brasília que mos-
tra resistência cultural. A nossa tra-
jetória é de evolução, viemos lá do
rap raiz”, enfatiza Daher Chagas,
fundador do Guind’art 121.
“Começamos lá atrás cantando
em caminhão, em cima de palan-
ques muito frágeis, muito humil-
des. Só fazíamos show na periferia
mesmo, não era aceito nas grandes
sociedades. E isso evoluiu cultural-
mente, hoje o rap e o hip-hop têm
Divulgação
o reconhecimento de várias classes
sociais e a Blend dá destaque para
esse cenário”, adiciona.
Desde 1994, o grupo pionei-
ro do cenário musical urbano
da capital, que foi originalmen-
te, composto por Daher, Éri-
co, Dahanna, Sorel, Handriel
SUDOKU DE ONTEM
Brasília, domingo, 10 de março de 2024 — CORREIO BRAZILIENSE Diversão & Arte — 21
Guind’art 121
celebra 30 anos
de carreira no
Blend Festival
e Paulo retrata a realidade das rap nacional é muito profunda Periferia. “Eu falo que o Guind’art
periferias em seus versos, ao nas classes menos favorecidas, 121 é ontem, hoje e sempre. O gru-
abordar temáticas de crítica ao nós conseguimos dialogar com po contribui com a cena cultu-
sistema e alerta para a violên- quem o sistema não consegue, ral de Brasília e do Brasil”, enfati-
cia. Como expresso em O ma- o rap é a voz da periferia”. za Chagas.
landro, Set da capital, Pt. 2, Fa- Guind’art 121 inspirou e mo-
lo pela dor e Deus é nosso pai. tivou nomes de destaque do seg- *Estagiária sob a supervisão de
Para Daher, “a abordagem do mento como Hungria e Tribo da Severino Francisco
FALA, Zé Humor
por José Carlos Vieira >> josecarlos.df@dabr.com.br
Extra! Extra!
Deputado tenta pronunciar a palavra
“ética” e vira estátua de sal
Frases da semana do meu
amigo mosquito, o Winston
ChurChill de boteCo
“Na política tem mais Caim “Do jeito que a coisa
que Abel” está indo, vão me
“O Brasil viveu uma cobrar IPVA do
realidade delirante” metrô”
Perguntar não Conversa no
oFende Ponto de ônibus
Big Brother é teste “Pra pagar o que
de saúde mental? devo, terei de lutar
(que coisa chata) contra o Popó”
saPiênCia
“A política é a arte de
procurar problemas,
encontrá-los em todos
os lados, diagnosticá-los
incorrectamente e aplicar
as piores soluções”
Groucho Marx
Poeminha
Permita que eu volte
o meu rosto para um céu
maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil
no sonho como as estrelas
no seu rumo.
Cecília meireles
SUDOKU
Grau de dificuldade: fácil www.cruzadas.net
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Diversão&Arte
Diversão Arte
Pobres criaturas
Oppenheimer
Assassinos da
lua das flores
» RICARDO DAEHN
É
algo cíclico: coincidência ou não,
momentos tensos favorecem a va-
lorização de filmes com conteúdo
belicista na festa do Oscar. No ano
em que presenciamos o acirramento de
ações no Oriente Médio e o marco dos
dois anos da Guerra na Ucrânia, Oppe-
nheimer, o filme sobre a criação da
bomba atômica se afirma com ampla
chance de vencer em muitas das 13
categorias às quais foi indicado. Em
2003, às vésperas da invasão ao Ira-
que, ator e diretor do pacifista O pia-
nista despontaram, e pouco antes da
conclusão da passagem das forças nor-
te-americanas, em 2011, um ano antes,
o Oscar para o melhor filme de guerra
ao terror ainda se viu nas mãos da di-
retora Kathryn Bigelow. Com a Guerra
de Kosovo às vias de ser encerrada, em
1999, Steven Spielberg foi o melhor di-
retor por O resgate do soldado Ryan,
quando Além da linha vermelha compe-
tiu e A vida é bela tragou os prêmios Os-
car de ator e melhor filme internacional.
A escalada de Oppenheimer tem previ-
são de agraciar o diretor Christopher No-
lan — discípulo de Spielberg e James Ca-
meron, nas polpudas bilheterias — com
o primeiro Oscar, depois de capitanear os
filmes de Batman, Interestelar e A origem.
Com a fotografia trabalhada para rendi-
mento máximo no formato Imax, o suíço
Hoyte Van Hoytema (de Tenet e Dunkirk)
deve levar o Oscar. Além de barbada na
categoria de melhor filme, Oppenheimer
dá fortes indícios de vitória para a tri-
lha sonora do sueco Ludwig Goransson
e ainda para a edição de Jennifer Lame
(de Pantera Negra: Wakanda para sem-
pre). Um ponto de insegura vitória é a
do ator central, Cillian Murphy, que po-
de se ver derrotado pela performance de
Paul Giamatti, como o pouco ortodoxo
professor de Os rejeitados. Giamatti, que
venceu o Critics Choice Awards e ainda
o Globo de Ouro, com absoluta tranqui-
lidade, verá a colega de elenco Da’Vine
Joy Randolph como ganhadora de me-
lhor atriz coadjuvante.
A categoria mais incerta da noite, a
de melhor atriz, alinha duas concorren-
tes de peso, Emma Stone (Pobres cria-
turas) e Lily Gladstone (Assassinos da
lua das flores), a primeira (vencedora,
no passado por La la land), destacada
por vencer o Critics, o Bafta e o Globo
de Ouro, e Lily, premiada no Globo de
Ouro e pelo Sindicato de Atores. Mais
de meio século depois da aparição da
atriz Sacheen Littlefeathen, de origem
indígena, para renegar o Oscar de Mar-
lon Brando, o autêntico reconhecimento
de etnia nativa pode sustentar o discurso
de Lily Gladstone, que pode ser a primei-
ra atriz a ostentar um Oscar. O longa de
Martin Scorsese retrata Mollie Kyle, abu-
sada por exploradores que esfacelam tra-
dições e heranças da etnia osage.
Quando se pensa em Oscar, muito
das atenções residem em valores e lu-
cro. Nisso, o Oscar promete reconhecer
Robert Downey Jr., que, depois da bilio-
nária franquia dos Vingadores, ingressou
Os rejeitados
Anatomia de
uma queda
no universo de Christopher Nolan, na
pele de Lewis Strauss, oponente da se-
vera ética de Oppenheimer, e que deve
lhe valer o Oscar de melhor ator coad-
juvante. O chamariz de Downey Jr. po-
de ter contribuído para bilheteria de
Oppenheimer, três vezes maior do que
a do clássico A lista de Schindler. As-
sim, alcança os US$ 960 milhões (nem
meia arrecadação de Titanic), e muito
atrás de exemplares das sagas Avatar,
Star Wars, Jurrassic World e Homem
-Aranha. Oscar e lucro formam, nes-
te ano, um capítulo à parte com o US$
1,4 bilhão ostentado por Barbie, filme se-
Há seis anos, lecionado entre os 10 melhores do ano.
desde o sucesso Barbie, que marca uma afirmação das
mulheres na cereja do bolo da indústria
de A forma de cinema, pode ter sido minimizado, pe-
da água, la ausência da diretora Greta Gerwig entre
os finalistas, mas deve faturar suas esta-
o Oscar não tuetas. Billie Eilish (com o irmão Finneas
O’Connell) tem enorme chances de prê-
tinha mio, com a música What was I made for?.
um filme com A representação do mundo irreal de bo-
necas (e aí entra a disputa com a concor-
tantas indicações rente direta Emma Stone, que estrela Po-
quanto bres criaturas) deve converter em Oscar
as indicações de melhor direção de pro-
Oppenheimer, dução e melhor figurino para Barbie. Já
nos quesitos de maquiagem e penteados
que, com muitas a estatueta deve ir para Pobres criaturas.
chances A presença feminina, à parte de unâ-
nime, no espetacular documentário con-
de vitórias, disputa
corrente As 4 filhas de Olfa, deve ser abri-
lhantada no palco com a virtual vitória
13 categorias da da diretora francesa Justine Triet (indica-
premiação da), que tem larga vantagem pelo roteiro
cultura.df@dabr.com.br
3214-1178/3214-1179
Editor: José Carlos Vieira
josecarlos.df@dabr.com.br
CORREIO BRAZILIENSE
Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Fotos: Searchlight Pictures/Divulgação; Divulgação/Warner Bros; Paramount/Divulgação; Universal Pictures/Divulgação; Divulgação e Diamond Filmes
Barbie
original de Anatomia de uma queda, em
disputa direta com outra roteirista, Celi-
ne Song, de Vidas passadas (concorrente
ainda a melhor filme). A reboque de de-
bates maduros sobre negritude — e tal-
vez uma das obras contemporâneas mais
seminais em torno do tema — o filme
Ficção americana tem muito para dar a
Cord Jefferson o Oscar de melhor roteiro
adaptado (criado a partir de Erasure, es-
crito por Percival Everett).
O momento de reflexão e de sensibili-
dade em torno de guerras deve render pa-
lanque para o documentário concorrente
20 dias em Mariupol (de Mstyslav Cher-
nov, e que revela a visão de jornalistas
após a invasão russa), levantar impacto
da animação de Hayao Miyazaki (O me-
nino e a gaivota, que possivelmente per-
derá na categoria de animação para Ho-
mem-Aranha: através do aranhaverso) e
claro, afetar os votantes que tem tudo pa-
ra entregar para Zona de interesse o Oscar
de melhor filme internacional (que pode
acompanhar o melhor som). Em tempo: a
celebração terá presenças de Forest Whi-
taker, Sally Field, Charlize Theron, Ariana
Grande, Tim Robbins, Jessica Lange, Ni-
colas Cage e Al Pacino.
96º OSCAR
No Teatro Dol
by
hoje, a partir da (Los Angeles),
s
cedo do que o 20h, mais
tradicional,
com transmis
sões
e na plataform no TNT
a Max.
INÊS249

Revista
MODA
Na onda
dos looks
monocromáticos

do CORREIO CASA
CORREIO BRAZILIENSE Inteligência
domingo, 10 de março de 2024 artificial na
Ano 17. Número 980
decoração

A vida
sem
carne
Mais que uma dieta, o vegetarianismo e o
veganismo é um estilo cada vez mais
seguido pela população. Roberto
Mandetta deixou de comer proteína
animal há mais de 10 anos
INÊS249
MONICA SCHIPPER

Do editor
Basta ir a um restaurante para perceber
16Saúde
A paralisia facial é uma condição
que assuta e pode acometer qualquer
a mudança alimentar pela qual passa parte pessoa, por causas diversas.
da sociedade. Todo menu conta com, pelo
menos, um prato vegetariano e outro vega-
no. Isso sem falar no aumento de locais que 20Casa
A inteligência artificial tem sido
uma ferramenta importante na
só vendem esse tipo de comida. Mais que
decoração e na automação do lar.
uma dieta, abolir a carne de origem ani-
mal do prato tem se tornado uma filosofia
de vida para muitos. As estagiárias Iandara
Pimentel Santana e Tainá Hurtado mergu-
22Bichos
Assim como os humanos,
cães e gatos precisam estar
lharam nesse universo e, nesta edição, con- com a saúde bucal em dia.
tam histórias de pessoas que passaram pela
transição alimentar, dão dicas de especia-

Divulgação/Maria Magalhães
listas para fazer trocas inteligentes no prato
e trazem receitas práticas. Confira ainda
uma entrevista com o renomado designer
Jader Almeida, que acaba de abrir uma
loja-galeria em Brasília. E mais: os looks
monocromáticos, as sobrancelhas naturais 04Moda Saiba como aderir a um look
monocromático, aposta de sucesso.
e a inteligência artificial na decoração.

Bom domingo e boa leitura!

Sibele Negromonte
06Beleza As sobrancelhas cheias e naturais
estão de volta. Veja como mantê-la.
Reprodução/Unsplash/victorfreitas

Editor: José Carlos Vieira - josecarlos.df@dabr.com.br

24TV+Um bate-papo com Samantha Jones,
a Zinha de Renascer.
Subeditora: Sibele Negromonte - sibelenegromonte.df@dabr.com.br

Diagramação:

Diretora de Redação:
Guilherme Dias - guilherme.dias.df@dabr.com.br

Ana Dubeux - anadubeux.df@dabr.com.br

28 Cidade nossa
Paulo Pestana faz homenagem a Tirso
Saenz, revolucionário cubano que
viveu em Brasília e, recentemente,
Telefones: 3214-1192 e 3214-1156
morreu aos 92 anos.
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Capa: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

14Fitness & Nutrição

As diversas formas de intensificar
os treinos de musculação de
30Crônica da Revista
Maria Paula conta um pouco sobre
a história do Ving Tsun, estilo de
forma segura e eficiente. kung fu mais praticado no mundo.

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2/3 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024

INÊS249

13 DE ABRIL ÀS 15H.
SÁBADO . TEATRO UNIP
INÊS249

Moda

estilo!
POR EDUARDO FERNANDES

ma tendência que está longe de

U ser passageira e que sempre cai

nas graças dos amantes da moda.
Na hora de pensar em uma roupa
para sair ou trabalhar, os looks monocro-
máticos são queridos pela versatilidade e
facilidade. Podem proporcionar, ainda, um
ar mais refinado e elegante, além de pos-
sibilitar várias combinações.
A monocromia, segundo Bruna
Travassos, designer de moda, é um concei-
to presente no design e na arte. Os looks
monocromáticos consistem em peças intei-
ras, basicamente de somente uma cor, ou
com variações de intensidade da mesma
cor, formando um tom sobre tom. “Um

uito
exemplo clássico e queridinho para muitos
é o look all black”, completa.
De acordo com a especialista, para
quem nunca experimentou essa tendência,
é interessante adentrar nesse universo com
combinações básicas. À medida que sentir
segurança com o visual e desenvolver afi-
nidade pelas peças, a exploração de novas
escolhas e tonalidades pode acontecer de
Uma cor, m
maneira mais fácil. É importante, também,
respeitar a paleta de cores que mais com-
bina com cada indivíduo, optando por rou-
pas que estejam dentro da gama cromáti-
ca, com poucas variações.
Outro conselho dado pela designer
de moda é sempre ficar alerta para os
MONICA SCHIPPER

looks do momento, em especial aque-

les que estão entrando agora nesse for-
mato. “Buscar referências é uma exce-
lente opção, seja criando uma pasta
Looks no Pinterest com composições que
mais agradam, seja acompanhando o
monocromáticos Instagram de fashionistas”, finaliza.
sempre caem Cores, acessórios
nas graças dos e combinações
fashionistas de Um visual monocromático requer, natu-
plantão. Saber ralmente, uma identidade com as cores
de que mais gosta e combinam com sua
os tons que mais personalidade. Mas, mais do que isso,
combinam com é estar por dentro das tonalidades que
fazem sucesso com esse tipo de ten-
você é o primeiro dência. O produtor de moda Fernando
passo para entrar Lackman afirma que vermelho-cereja,
marrom e terracota, verde e pêssego
nesse universo fazem parte dessa lista em destaque.

4/5 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024

INÊS249
Reprodução/Unsplash/Dom Hill

Looks all black

são os mais
queridos pelo
público

“Estão em alta, são cores bastante

Reprodução/Unsplash/Shot By Cerqueira
comuns entre as pessoas que acompa-
nham as tendências da moda”, acres-
centa. E para ajudar na implementação
desse estilo, outros componentes são cru-
ciais para dar um toque mais charmoso e
menos simples ao look monocromático.
Neste sentido, os acessórios são elementos
que contribuem na busca pelo visual ideal.
“A quebra do monocromático aconte-
ce quando se cria contraste. No caso dos
acessórios, que são pontos de cor, quando
são diferentes, quebram a regra dessa ten-
dência”, ressalta. Saber escolher texturas e
tecidos é um plus para quem curte se vestir
bem. Nessa realidade, combinar esses dois
componentes é buscar, além da moda,
um conforto maior na hora de se vestir.
“Tecidos finos (sem poliéster ou poliureta-
no) são adequados para manter a elegân-
cia. Mas podem ser misturados a malhas
sem problemas”, completa Fernando.

Tons de sucesso
Na avaliação de Bruna, as cores têm o
poder de comunicar e dizer o que desejam.
Na moda, essa realidade é ainda mais vívi-
da e importante. “A escolha da cor pode
alterar completamente a forma como as
pessoas veem um determinado look. Os
tons mais intensos são ideais para quem não
tem receio de se destacar e chamar aten-
ção, mas também é possível suavizar o look
Um visual monocromático
nunca sai de moda explorando peças com tons mais claros.”

MONICA SCHIPPER
Para situações mais simples e descon-
Reprodução/Unsplash/Shot By Cerqueira
traídas, recomenda-se o uso do tom sobre
tom ou, no mínimo, de um tom ligeiramen-
te mais claro — uma cor básica e boni-
ta, excelente para transmitir elegância e
tranquilidade. O rosa, muito querido pelas
mulheres nesse estilo, transmite feminilida-
de, e é perfeito tanto para explorar o tom
sobre tom quanto para abusar de peças na
mesma tonalidade.
“O vermelho está ligado ao glamour,
à paixão e ao poder. O amarelo é versátil
para qualquer evento, proporcionando um
ar descontraído, alegre e típico do verão.
O azul é elegante, sereno e vibrante. O
verde proporciona muita elegância, alegria
e harmonia. O laranja, usado de forma
monocromática, confere um visual pode-
O importante é optar roso sem perder a elegância”, finaliza a
por cores que mais
designer de moda.
gosta e combinam
com sua personalidade
INÊS249

Beleza

Elegância

6/7 — CORREIO BRAZILIENSE

natural
— Brasília, domingo, 10 de março de 2024
 INÊS249
Reprodução/Instagram/ haileybieber
As sobrancelhas cheias voltaram
com tudo. Em contraposição aos
modelos marcados, esse tendência
realça e incentiva a beleza natural
POR GABRIELA SENA*, IANDARA PIMENTEL
SANTANA* E TAINÁ HURTADO*
o universo da beleza, tendências estão
N sempre indo e voltando. Parte dessa
dinâmica são as sobrancelhas, que
desempenham papel protagonista no
rosto e possuem grande variedade de designs.
Nos últimos anos, iniciou-se uma onda de valo-
rização da beleza natural, que também foi refle-
tida nos modelos de sobrancelhas mais procura-
dos nos salões. Hoje em dia, as naturais e mais
apertadas são muito procuradas.
Além disso, atualmente as cheias têm vindo
com tudo, fazendo muito sucesso e se contra-
pondo à tendência do início dos anos 2000,
em que as sobrancelhas finas e marcadas domi-
navam o cenário da beleza. “Essa mudança
de tendência reflete uma maior valorização da
diversidade e da individualidade, incentivando
as pessoas a abraçarem suas características úni-
cas e a se sentirem confortáveis com sua apa-
rência natural”, afirma a esteticista e designer de
sobrancelhas Camilla Mendes.
Mesmo que varie de pessoa para pessoa, as
sobrancelhas naturais seguem alguns padrões, mas
sempre levando em conta as proporções naturais do
rosto. “Uma sobrancelha natural não é nem muito
fina nem muito grossa. Ela deve ter uma espessu-
ra que se adeque ao formato do rosto e realce a
expressão facial”, diz Camila. Além disso, são geral-
mente simétricas, com arco natural suave, mas bem
definido, seguindo a linha natural do rosto.
Para manter as sobrancelhas elegantes, mas
sem atrapalhar a naturalidade e o desenho natural
da área, o design natural é uma ótima aposta. “O
objetivo é realçar a beleza natural do rosto, res-
peitando o formato original das sobrancelhas da
pessoa. Portanto, o resultado deve ser uma sobran-
celha que pareça natural e harmoniosa com o
restante do rosto”, explica Camilla. Segundo ela, o
processo geralmente inclui correção de falhas para
garantir sobrancelhas definidas e simétricas.
A beauty artist Juliana Rakoza lembra que,
antigamente, o design era feito com as linhas
bem marcadas e com remoção de muitos pelos,
depois de delinear bem a sobrancelha. “Hoje
em dia, a gente tira somente os pelos que estão
Reprodução/Pinterest/polya_ep
O uso de gel específico é uma ótima aposta
para cuidar da sobrancelha, deixando-a mais
arqueada e, ainda assim, natural
Reprodução/Freepik
O processo de design de sobrancelhas naturais
leva em consideração as características
individuais de cada pessoa
fora do formato natural, tanto na parte inferior
quanto na parte superior”, detalha.
Segundo Juliana, com esse método, é possí-
vel respeitar o máximo possível a espessura da
sobrancelha, para ela não ficar muito fina e garan-
tir naturalidade e beleza para o rosto. Sem muitos
procedimentos, apenas um bom profissional com a
exatidão para tirar só o que excede no rosto, é pos-
sível ter uma sobrancelha linda, prática e natural.
Juliana sempre pensa no formato mais grosso
possível porque, quanto mais pelo tira, menos
pelo vai ter no futuro, já que a tendência é eles
irem caindo conforme o envelhecimento. “Assim,
a técnica de limpeza, de tirar aqueles pequenos
pelinhos da parte de cima da sobrancelha já
define a forma, sem mexer na estrutura, mas
mudando o formato”, ensina.
O processo varia conforme necessidade,
preferência e formato do rosto de cada um. “A
duração de um design de sobrancelhas pode
variar de acordo com o método utilizado, o cres-
cimento dos pelos da pessoa, mas, em geral,
pode durar de duas a quatro semanas”, ressalta
Camilla. Além disso, as correções de falhas e
tirar pelinhos mais rebeldes podem ser feitas em
casa, com auxílio de uma pinça.
Mesmo sendo simples, o design também
requer manutenção. “É importante seguir as
recomendações do profissional de design de
sobrancelhas quanto à frequência de manuten-
ção para garantir que as sobrancelhas permane-
çam bonitas, bem cuidadas e com um aspecto
natural”, afirma Camilla Mendes.
Finalização no dia a dia
Depois de concluído o design de sobrancelhas
naturais, a finalização pode ser feita de forma sim-
ples e prática. “É legal usar as ferramentas que nós
temos hoje em dia, que não tínhamos no passado,
que são os géis. Eles seguram os pelos por mais
tempo”, cita a beauty artist Juliana Rakoza. Além
disso, penteadores de sobrancelhas podem ser
usados em conjunto para moldar melhor os pelos
da área, assim como canetas preenchedoras.
Para aquelas que desejam uma sobrancelha
mais cheia, outros produtos podem ser usados.
“Máscaras específicas para essa áreas, lápis ou até
mesmo sombras podem ser utilizados”, diz a este-
ticista Camilla Mendes. Basta tomar cuidado para
manter o aspecto natural dos pelos e não exagerar.
Para as mulheres que têm pouco pelo na
sobrancelha ou apresentam muitas falhas na área,
esses produtos podem ser grandes aliados para
dar mais espessura e volume. Segundo Juliana,
o segredo é tentar desenhar com a intenção de
imitar os pelos, para que fique o mais natural pos-
sível. “Nem sempre você precisa usar em toda a
sua sobrancelha. Você pode usar, por exemplo, só
onde tem a falha”, completa a beauty artist.
*Estagiárias sob a supervisão
de Sibele Negromonte
INÊS249

Especial

Sem
dor
e com
Helena é vegana há quatro
anos e se reinventa todos
os dias para manter uma
alimentação saborosa,
nutritiva e sem qualquer
tipo de sofrimento animal

sabor
Dietas que não têm nada de origem
animal vêm cada vez mais ganhando
visibilidade. Entenda os motivos para aderir
ao veganismo ou ao vegetarianismo, e
como se adaptar a essa mudança
POR IANDARA PIMENTEL SANTANA*
Arquivo Pessoal
E TAINÁ HURTADO

Entendeda as diferenças
provável que todo mundo conheça

É alguém que é vegano ou vegetariano,

ou então já ouviu esses termos em algum
momento. A discussão sobre alimentação
sem origem animal e de pessoas adeptas a esse
tipo de dieta vem aumentando. O fenômeno
é visível no surgimento de novos restauran-
tes veganos e vegetarianos, na ampliação de
opções de alimentos de origem vegetal e no
maior debate social sobre o assunto.
Porém, apesar de, às vezes, confundidos, o
veganismo e o vegetarianismo possuem diferenças,
geralmente, desconhecidas. Nesta edição, a Revista
desbrava esse universo da vida sem carne.
*Estagiária sob a supervisão
de Sibele Negromonte
8/9 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Para começar a falar sobre o tema, é pre-
ciso destacar os tipos de vegetarianismo, que
se diferem pelos alimentos de origem animal
consumidos. O ovolactovegetariano é aquele
indivíduo que não ingere carnes, mas conso-
me ovos e laticínios. Esse tipo é comumente
chamado apenas de vegetariano. Já o lacto-
vegetariano consome somente laticínios, como
leites, queijos e derivados.
No caso do ovovegetariano, o único ali-
mento de origem animal consumido é o ovo.
O vegetariano estrito não ingere nada de
origem animal, nem carnes, laticínios, ovos
e mel. O vegano vai um pouco além: não só
não come nada de origem animal, como tam-
bém não usa nada que venha do sofrimento de
animais, como couro e produtos testados em
bichos, como alguns cosméticos.
Apesar de comumente utilizado como sinôni-
mo do vegetarianismo estrito, o termo veganismo
diz respeito a muito mais do que só a alimenta-
ção, é um conjunto de restrições. “O vegetaria-
nismo estrito é mais voltado para o ser humano
em si, enquanto o veganismo tem uma causa por
trás de tudo, mais como uma filosofia de vida”,
explica a nutricionista Ana Cristina Máximo.
INÊS249
Motivos
A empatia com o sofrimento animal, as
preocupações com alterações ambientais e cli-
máticas e as mudanças de hábitos são alguns
dos fatores que motivam a transição para a
alimentação vegana ou vegetariana. Segundo
dados do Instituto Brasileiro de Opinião
Pública e Estatística (Ibope), em 2018, 14%
dos brasileiros se declararam vegetarianos, o
que significa um aumento de 75% em relação
ao mesmo levantamento feito em 2012, quan-
do esse índice era de apenas 8%.
Para a nutricionista e presidente da
Associação Brasileira de Nutrição, Ruth
Guilherme, esse aumento tem ocorrido muito
por conta do maior acesso à informação sobre
o assunto, da maior disponibilidade de opções
veganas e vegetarianas, assim como da cons-
cientização sobre saúde e questões éticas e
ambientais. “A produção de alimentos de ori-
gem animal é uma das principais causas de
emissões de gases de efeito estufa, desmata-
mento, poluição da água e esgotamento de
recursos naturais”, reforça.
Esse é o caso da estudante de biologia
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
da Universidade de Brasília (UnB) Helena
Falkenberg. Ela foi motivada pela crise cli-
mática a aderir à alimentação vegana. Para
a jovem, é de extrema importância politizar
a questão, dando sentido à mudança. “Ter e
reforçar sempre essa consciência do porquê
eu não como alimento de origem animal é o
que me permite, mesmo que eu sinta vontade,
de continuar”, conta.
Outro fator comum para a adoção de uma
alimentação sem carne ou de alimentos de ori-
gem animal é a preocupação com a saúde.
Segundo a nutricionista Ana Cristina Máximo,
o processo de digestão da carne é mais lento
em relação à proteína vegetal, o que aumenta
o risco de patologias, como gota e colesterol
elevado. “A carne é o que a gente chama de
proteína cíclica, então a metabolização dela é
hepática, isso é, você usa o fígado muito mais
para fazer a digestão”, explica.
Já a proteína vegetal, chamada de proteí-
na ramificada, tem a absorção diretamente no
músculo. Helena conta que um dos efeitos que
sentiu ao parar de comer carne foi maior leveza
e disposição. “Depois de um almoço, por exem-
plo, parei de ter a sensação que tinha quando
comia carne, de me sentir pesada”, diz.
Além disso, segundo Ana Cristina, o maior
consumo de vegetais por dietas veganas e vege-
tarianas aumenta a absorção de micronutrientes
pelo indivíduo, o que ocasiona aumento da imu-
nidade, melhora da microbiota intestinal e da
função renal. “Sem contar a ação antioxidante.
Como você consome mais vegetais, você tem
ação antioxidante maior. Os nutrientes vão te
ajudar no rejuvenescimento dos tecidos”, com-
pleta a nutricionista.
Colocando em prática
Vivendo há mais de 10 anos numa dieta
sem carnes, Roberto Mandetta, publicitário de
43 anos, desde novo sempre teve uma certa
aversão a comer carnes. “No decorrer da vida,
sempre tive percepções diferentes desse ali-
mento”, conta. Assim, com influência espiritual,
principalmente a religião espírita, e em função
também de reflexões sobre a crueldade animal,
a mudança ocorreu.
“Eu me tornei vegetariano em 2013, minha
transição demorou uns dois anos. Em 2015, eu
me tornei vegano, e assim estou desde então”,
completa. Para isso, Roberto passou a pesqui-
sar muito como substituir os alimentos, e quais
benefícios cada grupo alimentar tem. Depois da
mudança na dieta, reparou um claro aumento
da disposição, além de melhora na digestão e o
fim das alergias relacionadas ao leite.
Anos depois de virar vegano, o publicitá-
rio ingressou como voluntário na Sociedade
Vegetariana Brasileira (SVB), organização sem
fins lucrativos, criada em 2003, que promove a
alimentação vegana e vegetariana. “Participei
da frente vegana, na qual a gente leva, gratui-
tamente, consultoria para os estabelecimentos
que querem se adaptar ao veganismo”, expli-
ca. O publicitário também fez parte da frente
do ciberativismo, buscando divulgar e espalhar
informações sobre essas dietas nas redes sociais.
Para aquelas pessoas que estão na transição
para essa dieta, o ativista tem algumas dicas.
“Nós temos que estudar e ser também autossu-
ficientes, precisamos aprender a produzir a pró-
pria comida”, recomenda. Pesquisar restauran-
tes veganos e vegetarianos, mesmo que ainda
sejam poucos, também pode ajudar na adesão
dessa nova forma de alimentação.
Inaugurado em 2014, o restaurante
Faz Bem conquistou clientes fiéis.
Roberto é um deles, que frequenta
o lugar desde do ano de abertura
INÊS249

Especial

Transição e
alimentação
Existem muitos estigmas de que não é pos-
sível adquirir todos os nutrientes em uma ali-
mentação sem origem animal, porém a cada
dia essas ideias são desmistificadas por um
maior acesso a informações e a profissio-
nais qualificados. Para quem quer se tornar
vegano ou vegetariano, são várias as formas
de fazer essa mudança e de aprender a se
alimentar de maneira equilibrada.
Para uma transição nutricional saudável e
efetiva, especialistas recomendam um proces-
so gradual de mudança, parando aos pou-
cos de comer os alimentos e evoluindo até o
estágio final desejado. “Pare primeiro com a
carne vermelha, depois com o frango, depois
com o peixe e evolua para o veganismo da
mesma maneira”, aconselha a nutricionista
Ana Cristina Máximo.
Segundo a Presidente da Asbran, Ruth
Guilherme, fazer esse processo gradativamente,
de forma consciente, com os alimentos certos e
acompanhado de um profissional, é essencial
para uma transição saudável. “Fazendo as subs-
tituições dos alimentos de origem animal por
opções vegetarianas/veganas, bem como o uso
de suplementos alimentares, com cautela, de
modo que o corpo se adapte ao novo estilo de
Reprodução/Freepik
vida”, ensina. “Cada pessoa é única, e as neces-
sidades nutricionais variam, por isso os planos
alimentares devem ser personalizados.” são encontradas diversas opções de alimen-
Uma dica possível para passar por essa tos de proteína vegetal, como leites, iogurtes,
Ultraprocessados
transição de uma forma mais suave, princi- queijos e até chocolates veganos. Além disso, a Ruth também reconhece a utilidade desses ali-
palmente para aquela pessoa que quer mudar indústria de processados se amplia para opções mentos, mas ressalta que, apesar de não serem
a alimentação, mas tem dificuldade em parar veganas e vegetarianas, como nuggets, hambúr- de origem animal, esses ultraprocessados tam-
de comer carne, é o consumo de alimentos guer e almôndegas de proteína vegetal — mui- bém podem representar riscos à saúde, uma vez
vegetarianos e veganos industrializados. Para tos desses imitam o gosto das versões de carne. que podem conter uma quantidade significativa
Ruth, com o aumento de pessoas adeptas a A nutricionista Ana Cristina reconhece de processamento e aditivos. “Eles podem ser
essas dietas, a indústria alimentar responde que esses alimentos não são saudáveis, bastante prejudiciais a médio e a longo prazo.”
lançando uma variedade de produtos que mas podem ser uma opção estratégica que A especialista aconselha sempre considerar a
atendam à demanda. pode facilitar a transição alimentar. “Para qualidade nutricional e o nível de processamen-
“A capacidade da indústria alimentícia de se começar a mudar o paladar do indivíduo to envolvido, para além do status vegetariano,
adaptar às variações nas pesquisas e nos padrões que quer se tornar vegetariano, mas ainda que, no caso dos industrializados, não significa
de consumo é notória e extremamente rápi- precisa do sabor do alimento de origem necessariamente serem saudáveis. “É importan-
da”, afirma. Hoje em dia, no supermercado, animal, pode ser interessante”, justifica. te estar atento ao uso indiscriminado do termo
‘saudável’ pela indústria alimentícia”, comple-
10/11 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024 menta Ruth Guilherme.
INÊS249
FAÇA VOCÊ
MESMO
Agora que você sabe os
principais componentes
necessários no prato,
a Revista separou algumas
opções para garantir uma
alimentação saudável e
nutritiva, sem nenhuma
origem animal.
Leguminosas: principais
fontes de proteína, ricas
em ferro, fibras e vitaminas
do complexo B, podem ser
consumidas de diversas
formas. Sendo elas: todos os
tipos de feijões, grão-de-bico,
ervilha, lentilha, soja e tofu.
Cereais: fontes de
carboidrato e de todos os
aminoácidos essenciais.
O melhor tipo é o
integral, rico em minerais
e fibras, auxiliando no
funcionamento intestinal.
Os principais cereais são:
aveia, arroz integral,
macarrão, quinoa e milho.
Oleaginosas e sementes:
ricas em proteína,
nutritivas, minerais e em
vitamina, essenciais para
suprir a necessidade de
gordura saudável. São
eles: castanhas no geral,
amêndoas, gergelim, chia,
abacate e azeite.
“O consumo de colesterol
é muito baixo pelo grupo
vegetariano, e a gente
precisa aumentar esse
consumo de gordura para
a produção hormonal, o
controle de mitocôndria”,
diz Ana Cristina.
Todas as verduras,
legumes e frutas: essenciais
para garantir a nutrição
necessária. São os elementos
que dão cor para o prato,
por isso, não fique com
medo de abusar no consumo
desses alimentos.
Montando um prato
colorido e saudável
A alimentação é um dos pilares para uma vida
digna, e uma boa alimentação é fundamental para
uma vida saudável e de qualidade. Ter consciência,
sabedoria e responsabilidade na hora de escolher os
alimentos que nutrirão o corpo é de extrema impor-
tância não só para veganos ou vegetarianismo, mas
para todos que desejam longevidade e saúde.
A dica essencial para ter um prato rico em
nutrientes é simples: deixe-o bem colorido.
Verduras, legumes, um bom carboidrato e proteí-
na fazem um prato completo e nutritivo. Segundo a
nutricionista Ana Cristina Máximo, é indispensável
que uma dieta sem origem animal contenha legu-
minosas, oleaginosas e grãos integrais. “Como
arroz integral e aveia, porque, além de conterem
uma quantidade significativa de proteína, fazem
a interação com outras proteínas, e isso aumenta
Opção fora de casa
O restaurante Faz Bem (@fazbembsb), na
407 Norte, é um desses locais que represen-
tam o aumento da procura pela comunidade
vegana e vegetariana. “Ele foi inaugurado em
2014 com o objetivo de ser um estabelecimen-
to 100% vegano, um mercado muito novo na
época”, conta Bruno Galvão, economista e um
dos sócios do negócio.
Inicialmente, o restaurante passou por desa-
fios para atrair público, mas logo conseguiu
construir uma base de clientes fiéis que acredi-
taram no negócio. Para manter os frequentado-
res, um menu diverso é usado. “Nosso cardápio
varia diariamente, dividido por temas, desde
pratos asiáticos, europeus, latinos, brasileiros,
árabes e baianos”, cita Carol, gastróloga e ges-
tora do Faz Bem. Além disso, explica que há
uma certificação rigorosa na seleção dos produ-
tos e parceiros que apoiam o restaurante, sem-
pre optando por alimentos livres de qualquer
ingrediente de origem animal.
a capacidade de absorção do corpo”, explica.
De acordo com ela, um prato vegetariano com-
pleto e saudável também deve conter um cereal, ali-
mentos verdes escuros e alaranjados, e duas legumi-
nosas. “Não existe proteína vegetal completa, então,
quando você coloca uma outra leguminosa, você está
colocando um poste a mais de aminoácidos no seu
corpo, facilitando a absorção”, explica Ana Cristina.
Uma questão importante é a suplementação da
vitamina B12, importante para a saúde cognitiva e
para a circulação do sangue. A vitamina está pre-
sente em carnes, leite e derivados e, por isso, não
é ingerida, principalmente, por veganos, fazendo-
se necessário a suplementação adequada e acom-
panhada por um profissional. “É importante ficar
sempre observando a quantidade de B12 sérica e,
a partir daí, fazer a suplementação”, finaliza Ana.
Para as refeições, receitas da culinária do
mundo e também regionais são inspirações para
o restaurante. Além disso, no cerne da inspira-
ção está o desejo de resgatar alimentos que se
perderam, assim, muitos dos pratos destacam-
se por serem elaborados com PANC (plantas
alimentícias não convencionais). “Valorizamos
especialmente os ingredientes do Cerrado, bus-
cando promover a diversidade e preservar tradi-
ções culinárias”, completa Carol.
Larissa Carvalho, sócia e gestora financeira
do Faz Bem, também cita o claro crescimento
da comunidade vegana em Brasília. “Há um
aumento na conscientização da população sobre
os benefícios de uma alimentação baseada em
plantas, tanto para a saúde individual quanto
para a sustentabilidade”, afirma. Pesquisas reali-
zadas pelo restaurante apontam que uma parcela
considerável dos clientes não se identifica exclusi-
vamente como vegana ou vegetariana, mas está
buscando opções alimentares mais saudáveis.
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Especial
Compartilhando ensinamentos
A criadora de conteúdo e infoprodutora Claiti
Cortes é uma dessas pessoas que mudaram para
uma alimentação mais sustentável. “Fui vegetaria-
na por dois anos e sempre tive o desejo de fazer
a transição, mas demorei para encontrar a moti-
vação certa”, começa. A influencer mudou real-
mente em 2017, depois de ler e pesquisar sobre
consumo, produção de leite e ovos e crueldade ani-
mal. “Começou por uma questão mais voltada para
a ética da alimentação, pensando em qual direito
eu tenho sobre a vida de outros seres. Também por
saúde, pensando na variedade da minha alimenta-
ção e riscos de doenças crônicas já associados ao
consumo excessivo de carne”, completa.
Os dois filhos, Antonela Cortes e Pedro Cortes,
de 5 anos e 1 ano, respectivamente, também
seguem uma dieta vegana desde o nascimento.
Fotos: Arquivo Pessoal
12/13 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
RECEITAS VEGANAS
No dia a dia, Claiti e muitos outros
veganos e vegetarianos utilizam
alimentos variados para criarem
receitas simples e práticas. Assim,
para quem deseja reproduzir pratos
veganos e aprender um pouco mais
sobre como criar opções diferentes, a
”O veganismo está entre os valores que quero Revista selecionou alguns exemplos da
passar para eles. Independentemente de seguirem influencer Claiti para inspirar:
ou não, só de saberem que é possível e crescerem
com a mente mais aberta sobre direitos animais e Sorvete de
outras formas de alimentação, eu já acredito que manga com
os tornará adultos mais empáticos”, afirma. Claiti maracujá
completa que a filha mais velha tem a opção de Para a receita,
comer carne, mas opta pela dieta vegana. é necessário
Além dos filhos, Claiti mora com o marido, uma manga bem
Douglas Huning, 27 anos. Diferentemente do resto madura congelada
da família, o professor de biologia não aderiu à dieta em pedaços e meia
vegana. “Quando nos conhecemos, começamos a polpa de maracujá.
conversar e criar nossos combinados para quando Depois, basta bater
morássemos juntos. Hoje, o padrão da alimentação é em um processador e aproveitar.
vegana e, se ele for consumir algo de origem animal,
prepara e limpa”, explica a influencer. Brócolis
Assim, possuem o acordo de criarem os filhos empanado
com a alimentação vegana e com respeito às Nessa receita,
diferenças alimentares de cada um. “A gente o brócolis entra
já debateu muito, porque o veganismo é um em cena. Primeiro,
estilo de vida que tenta, dentro do possível e basta misturar
do praticável, acabar com todas as formas de farinha, temperos e
exploração animal. Mas eu tento me colocar no um pouco de água.
lugar de quem também, durante boa parte da Para o molho,
vida, consumiu carne e não era uma pessoa pior refogue alho com
por conta disso”, completa. ketchup e shoyu.
Além de fazer substituições coringas da carne Depois, ponha o brócolis na mistura inicial,
na alimentação, como utilizar tofu e proteína de empane com flocos de milho triturados, sal
soja texturizada, a influenciadora consome muito e pimenta e adicione no molho.
os alimentos tradicionais brasileiros. “O básico
que funciona é o arroz com feijão. O cereal junto Pizza vegana
com a leguminosa forma uma proteína completa, Para essa receita,
com todos os aminoácidos essenciais disponíveis é necessário um
em boas quantidades”, explica Claiti Cortes. pão “velho”, água
Ela também compartilha receitas nas redes morna, uma pitada
sociais e mostra a rotina alimentar dos filhos. de sal e azeite.
Claiti começou a criar conteúdo em 2019. Nessa Para criar a base
época, via muitas receitas veganas com castanhas da pizza, basta
e legumes muito caros, realidade que tenta des- despedaçar o pão
mistificar pelas redes sociais. “Meu desejo sempre e adicionar a água,
foi mostrar as possibilidades do veganismo, como depois adicione sal e azeite e espalhe em
não precisar de alimentos caros ou de receitas uma forma untada. Pré-aqueça a massa
superelaboradas”, diz. “A informação é com cer- a 180°C por 15 minutos e, depois, basta
teza a melhor forma de se combater os estigmas”. rechear com os ingredientes que desejar e
colocar novamente no forno por 30 minutos.
No perfil da criadora de conteúdo Claiti
Claiti com seus dois filhos, (@imaginavegan) tem essas e mais uma
Antonela e Pedro infinidade de receitas veganas, desde bolos
e tortas até lasanhas, molhos e salgados.
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INÊS249

Fitness & Nutrição

Maximizando os
treinos
POR GABRIELA SENA*

fato que a prática regular da musculação

É é essencial para a manutenção da massa

muscular e da saúde corporal como um
todo. Tendo sua importância comprovada,
essa modalidade esportiva pode ser recomen-
dada para todas as pessoas. No entanto, não
existe apenas uma maneira de praticá-la. Os
chamados métodos de intensificação são estra-
tégias de treino que visam fornecer estímulos
diferenciados para a musculatura a fim de otimi-
zar os resultados desejados.
“Intensificar o treino não significa apenas
aumentar a carga. Existem algumas variáveis
importantes que vão dizer o quão intenso o trei-
no vai ser”, explica o personal trainer Daniel
Dionísio. De forma básica, essas variáveis são
os elementos da musculação: séries, repetições
e intervalos. Isso significa que, em vez de fazer o
básico — três séries de 10 a 12 repetições com
um a três minutos de intervalo —, uma pessoa
adepta aos métodos de intensificação vai malhar
em cima de variações estratégicas desses ele-
mentos, conforme seu objetivo.
“As intensificações podem ser prescritas para
qualquer aluno que tenha evoluído no condi-
Dentro da musculação, existem diferentes
cionamento físico e na consciência corporal,
independentemente do objetivo: seja emagreci- formas de praticar os exercícios. Os métodos
mento, hipertrofia (aumento da massa muscular),
condicionamento físico, entre outros”, detalha o de intensificação, que variam elementos como
personal trainer Cassio Cesar. Com auxílio de
especialistas, a Revista separou os métodos mais
comuns, mostrando suas características princi-
séries, repetições e intervalos, são exemplos
pais, público alvo e objetivos finais. Confira! de caminhos para atingir os objetivos
14/15 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
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Biset
Um dos métodos mais conhecidos, o biset consis-
te na execução de dois exercícios do mesmo grupo
muscular seguidos um do outro, sem intervalo de
descanso. Ou seja, em um treino biset de peito, por
exemplo, após a execução do crucifixo, em vez de
descansar, deve-se partir direto para o supino e, só
após a finalização da série, realizar o intervalo.
Existe, ainda, o triset, que segue a mesma
lógica, mas com a sequência de três exercícios.
Segundo Cassio Cesar, métodos desse tipo, que
envolvem a prática conjugada de exercícios, são
ótimos para alunos que buscam melhorar o con-
dicionamento físico e emagrecer. “Isso ocorre por
conta do aumento da frequência cardíaca.
Além disso, nessas rotinas, nós temos um
aumento no volume de treino, mas uma
diminuição na intensidade”, justifica.
Pirâmide
Quando se fala de ganho de
força, o sistema de treino em
pirâmide é altamente indicado
por especialistas. Nesse método,
o tempo de intervalo se mantém
normal — de um a três minutos.
No entanto, as cargas e as repeti-
ções sofrem variações mutuamente.
Existem dois tipos de pirâmide: a cres-
cente e a decrescente. Na crescente, confor-
me a carga aumenta, o número de repetições
diminui. Assim, a cada série realizada, a quan-
tidade de peso sobe gradativamente. No caso
da decrescente, o processo inverso ocorre: há
diminuição da carga e aumento das repetições.
“Visando a hipertrofia e oaumento de força, as
pirâmides respondem de forma considerável para
o aumento de massa muscular”, descreve Cassio.
Drop set
Também visando aumento de força, o dropset
consiste na realização das repetições de um exer-
cício até chegar à fadiga muscular. No entanto,
não para por aí. No dropset, depois de atingida
a falha, deve-se diminuir a carga utilizada e exe-
cutar repetições até a fadiga novamente.
É importante ressaltar que esse é um método indi-
Reprodução/Unsplash/c_reel
cado para pessoas com mais experiência na acade-
mia, visto que exige altos níveis de consciência corpo-
ral. “É muito comum você pegar um aluno iniciante,
que não domina a musculação, tentando fazer um
drop set, mas ele ainda não consegue colocar inten-
sidade nem em uma cadeia normal de exercícios
básicos”, observa o personal trainer Daniel Dionísio.
Reprodução/Unsplash/aloragriffiths
Para adicionar esses tipos de métodos
no treino, é importante o auxílio de um
profissional para avaliar e criar exercícios
coringas para alcançar os objetivos
Treino mais dinâmico
Além de todos os benefícios já enumerados,
os métodos de intensificação são comumente
reconhecidos como uma forma de trazer mais
dinâmica para o treino.
“A musculação, muitas vezes, é vista como um
trabalho chato e monótono. Essa é reclamação
básica”, conta Daniel. Assim, os métodos de inten-
sificação podem ser de grande ajuda, visto que
trazem mais variação para a rotina de treino. “Os
métodos não estão ligados só a intensificar o treino,
mas também deixar o treinamento menos entedian-
te, motivando o aluno”, continua o especialista.
Fabiana Carvalho tem 47 anos e pratica mus-
culação regularmente há pouco mais de um ano.
Ela começou a malhar por orientação médica e
tinha como objetivo o ganho de massa muscu-
lar e a perda de gordura. Ela conta que Daniel
Dionísio, seu personal trainer, costuma incluir
os métodos de intensificação no seu treino. “Às
vezes, ele me coloca para levantar muita carga
com poucas repetições; outras vezes, com pouca
carga e muitas repetições. Também me coloca de
um exercício para o outro sem intervalo ou ainda
altera as cargas ao longo das repetições”, relata.
Para ela, a presença dos sistemas de treinamen-
to traz mais intensidade e dinâmica para a rotina
na academia. “É mais estimulante, porque não fica
na mesmice. Cada treino é diferente, então, não se
torna chato nem monótono”, declara.
Fabiana também destaca os resultados posi-
tivos de treinar dessa forma. “Inicialmente, tive
mais disposição e motivação. Na sequência,
houve a perda de gordura, definição e ganho de
massa muscular. Tenho mais mobilidade, equilí-
brio e sono”, enumera.
*Estagiária sob a supervisão
de Sibele Negromonte
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Saúde

A paralisia facial é uma condição que

pode afetar qualquer pessoa. Os sintomas
são caracterizados pelo acometimento
dos músculos e podem começar
com dor de cabeça ou dor no ouvido
POR EDUARDO FERNANDES

o acordar pela manhã, é normal ir

A até o banheiro e lavar o rosto em

frente ao espelho. Agora, imagi-
ne se olhar no reflexo e notar que
está com metade do rosto paralisado? Uma
situação, naturalmente, desesperadora, já que
a face encontra-se desconfigurada ou dis-
forme. A paralisia facial, como é conhecida,
pode acontecer por diversos motivos, repenti-
namente e na vida de qualquer pessoa.
A principal razão para tal acometimento é
idiopática, ou seja, nunca haverá, realmente,
como determinar o agente causador, segun-
do Larissa Camargo, otorrinolaringologista
do Hospital Santa Lúcia. “Causas infeccio-
sas, como após infecção pelo herpes-vírus
simples ou herpes zoster, devem ser destaca-
das, bem como distúrbios metabólicos, como
diabetes mellitus”, explica.
A paralisia facial é a redução da movimen-
tação dos músculos da face, geralmente súbi-
to, unilateral, devido ao comprometimento do
sétimo par craniano (nervo facial), responsá-
vel pela mímica facial. De acordo com Larissa,
existem vários tipos de paralisia, que podem
ocorrer por inúmeras razões.

16/17 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024

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Casa

Design
holístico
Renomado designer brasileiro,
Jader Almeida abre uma loja-galeria
em Brasília e, em conversa com
a Revista, fala sobre sustentabilidade
e os rumos da indústria brasileira
POR NAHIMA MACIEL

designer Jader Almeida acredita que

O arte, design e arquitetura são as mais

poderosas formas de expressão huma-
na. Por meio delas é possível criar
desejos, mas também transmitir emoção, expe-
riências e mensagens. Foi com isso em mente
que o designer catarinense de 43 anos idealizou
cada detalhe da Flagship Store Jaderalmeida,
loja-conceito inaugurada no Casa Park. Sobre
uma superfície de 400m² e pensada em formato
de galeria na qual as obras ficam expostas, a
loja reúne algumas das criações mais emble-
máticas do designer — como a cadeira Olive,
a escultura-biombo Desert e as clássicas wing
chairs —, um conjunto de produtos que perten-
cem às linhas Living, Outdoor e Lighting.
Jader Almeida se tornou uma das referências do
design brasileiro ao combinar uma leitura plástica
marcada por linhas finas e curvas suaves com a
sustentabilidade e o acabamento impecável feito à
mão. Leveza e fluidez são concepções que marcam
os móveis e os objetos do designer, um obcecado
pela delicadeza do equilíbrio e da geometria.
Jader poderia falar da brasilidade de suas
criações, mas não é o caso. É o mundo o for-
necedor de inspiração, fonte da qual ele extrai
as criações com elegância. Cada pessoa, ele
acredita, é fruto de uma vivência. Como come-
çou muito cedo — aos 16 anos foi trabalhar em
uma fábrica de móveis em Chapecó (SC) e foi
mordido pelo fascínio da criação moveleira —,
18/19 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Denilson Machado
o contato com diversos meios e pessoas aca-
bou por trazer referências de todos os lados.
“Quando se está dentro da indústria, acaba-se
desde muito cedo em contato com o design ita-
liano, com o inglês, com outros. Essas combina-
ções vão criando uma série de momentos que
vão compondo. Antes, eu via o mundo em preto
e branco e, a partir de Joaquim Tenreiro, virou
um mundo em cores”, conta.
Joaquim Tenreiro revolucionou o mobiliá-
rio brasileiro no século 20 ao utilizar madei-
ras nacionais e incorporar sobriedade e leve-
za. É considerado o pai do design moderno na
indústria dos móveis nacionais e impressionou o
jovem aprendiz, que se deparou com uma expo-
sição de Tenreiro ainda na adolescência. “Eu já
tinha o lado concreto. Acho que é uma combi-
nação de fatores que formam minha herança.
Sempre olhei muito para o Japão, o minimalis-
mo, não o que falta, mas a essência, a tecno-
logia dos italianos, a herança inglesa. Minha
herança vem dessa observação holística e não
de estar conectado a uma situação. É um estilo
único, forte, genuíno e fresco”, explica Jader.
Estilo que levou para a base da produção
da fábrica Sollos, instalada no interior de Santa
Catarina, na qual também capacita artesãos e
profissionais da área do design. Jader sabe que
luxo e acessibilidade não andam juntos. E que
produzir móveis e objetos de forma artesanal e
única eleva os preços do produto para uma cate-
goria luxuosa e exclusiva. “Atuo num mercado
classificado de luxo, com materiais de qualidade
de diversos lugares do mundo, muitas vezes no
campo da escassez e da extinção. O design, com-
binado com esse elementos de potência, claro
que tem um custo”, explica. “Mas, se olharmos
por outra página, nós, a partir de duas pequenas
cidades, criamos um ecossistema, e a geração de
valor que isso proporciona é enorme.”
O designer explica que o social é altamen-
te agregado à produção de suas peças. “As
pessoas que trabalham têm uma remunera-
ção mais alta, conseguem, com isso, fazer com
que suas famílias alcancem outros objetivos e
levam essa mensagem”, garante o designer,
que conversou com a Revista sobre suas inspi-
rações e os rumos de design brasileiro.
INÊS249
Entrevista//Jader Almeida
Como arquiteto e design, você tem um olhar
especial para Brasília?
Do ponto de vista da arquitetura e do design,
claro que Brasília faz parte do imaginário. É
uma cidade que se estuda na faculdade, sobre-
tudo para quem está nessa área de arquitetu-
ra e design, então fazer parte desse contexto é
quase uma conquista, e fazer parte desse con-
tato com uma galeria de mais de 400m² com
consistência. Há tempo, o Jader Almeida não
é visto como um designer de produto e, sim,
como um estilo de vida, já que temos soluções
e projetos que se voltam para a vida das pes-
soas. Diferentemente de uma loja, as galerias
Jader Almeida são uma forma de expressão,
uma manifestação genuína de quem somos e
como interpretamos o mundo.
Você é conhecido por ser um designer
preocupado com a sustentabilidade.
É possível fazer design sustentável no Brasil?
É claro que, se pensarmos no simples fato de
existirmos, estamos impactando o meio. Mas
nossa transformação com os materiais que utili-
zamos é de baixíssimo impacto se compararmos
com a petroquímica. Quando se faz um produto
bom, que dura, isso já é um passo para a susten-
tabilidade. Reciclagem utiliza quantidades enor-
mes de energia. Um bom produto pode durar
para sempre. Quando se fala do móvel, toda
madeira que utilizamos é proveniente de áreas
ou de manejo ou de reflorestamento, com todos
os selos e certificações. Lembrando que a madei-
ra encontra-se pronta na natureza, não deman-
da energia para ser transformada. Os meios e
a racionalidade dentro dos processos são pre-
ponderantes nas nossas fábricas. Por motivo de
não desperdício, que gera menos custo, e pela
sustentabilidade. Os tecidos, a maioria é de ori-
gem natural. Tenho muito cuidado de falar sus-
tentabilidade porque é um campo muito delicado,
mas há uma consciência ambiental em todos os
aspectos, e todos os processos fabris têm essa
preocupação que vai do consumo de energia à
redução do uso de material. Se um bom produto
perdura, não estraga, não precisa de troca, tem
uma bandeira de sustentabilidade.
A sustentabilidade é uma preocupação
na indústria do design de forma geral?
Existem indicadores de que a sustentabilidade
é uma das bandeiras de maior preocupação.
Dentro da indústria, temos a geração de energia
com painéis solares, o destino correto dos produ-
tos, tudo à base de água com o mínimo impacto
possível na natureza. A escolha da origem cor-
reta, com madeira que não venha de áreas que
sejam de desmatamento, é importante. Tem uma
série de frentes trabalhando constantemente para
Denilson Machado
Flagship do designer Jader Almeida
que tenhamos o máximo de sustentabilidade. É
algo vital para nós. Hoje, isso está intrínseco na
cultura e na educação das pessoas.
A relação entre arquitetura e design pode
parecer óbvia, mas nem sempre é. Pode falar
um pouco como enxerga essa relação?
Acredito que a resposta não é única. Desde
a Grécia até os dias atuais, o conceito de arte
mudou. E o design, logo após a revolução
industrial, está de alguma maneira associado à
arte. Assim como a arquitetura, começa a par-
tir do momento em que a técnica é superada.
Construção é uma coisa, arquitetura é outra
coisa, é fruto do espírito humano. Na arquite-
tura e no design, o centro do produto que se
gera são os seres humanos, é para ser utilizado.
Do produto no campo do utensílio ao abrigo.
O que muda é a escala. No meu universo,
design, arquitetura e arte são elementos em con-
sonância, juntos para gerar mensagem, emoção
e criar algo contundente. É uma diferença de
técnica e escala, mas ambos têm que cumprir
uma função que é melhorar a vida das pessoas.
Qual o lugar da função, da forma
e da mensagem no design?
Desde os modernistas, a forma segue a fun-
ção. Design tem que ter uma função, e a forma
vai seguir a função. Acho isso muito duro. Para
mim, é quase uma questão óbvia, a função é
presente, é cuidado, vai estar conectada a esse
campo da utilização em todos os aspectos téc-
nicos. O design tem um pouco essa fusão entre
arte e ciência. E quanto aos aspectos forma e
função, tenho como filosofia que, desde a fun-
ção primária, tem que ter a função poética. Que
mesmo não estando em uso, tem a função do
belo. Se formos resumir essa questão da função,
atribuiria ao campo da ética e estética, ela seria
a manifestação dessa ética. Forma e função, no
meu ponto de vista, são pensadas em conjunto,
sem uma se sobrepor à outra.
O design brasileiro tem uma cara? E a sua
produção, nesse cenário, tem uma cara?
O design brasileiro é muito caracterizado
pelo modernismo, que foi um dos grandes celei-
ros do design nacional. No Brasil, não temos
essa tradição do design, até pelo fato de termos
uma indústria sucateada, e design precisa de
indústria. Ele deve ser passível de fabricação. O
design brasileiro é muito fragmentado e, muitas
vezes, com uma inclinação para os artesanais
pela falta de tecnologia e indústria. Então, o
design brasileiro sempre está conectado com
essa herança do modernismo e às questões da
manufatura artesanal.
INÊS249
Casa
a batida d e p a lm a s e a ci o n a r uma música
Ligar as luzes com um A in te lig ê n ci a a rt ificial veio para
do de vo z.
favorita com o coman
e m vá ri o s p ro je to s de interiores
ência
ficar e se tornou tend
POR EDUARDO FERNANDES
tecnologia segue inovando a cada dia.
A Em projetos de interiores, essa reali-
dade não é diferente e está cada vez
mais imersa nas decorações de casa.
Imagine viver no próprio lar cenas de filme,
como ligar as luzes automaticamente, tocar sua
música favorita com o comando de voz e ajus-
tar a temperatura conforme o gosto pessoal.
Situações como essa acontecem graças à inte-
ligência artificial (IA) e à automação residencial.
O projeto da casa inteligente, como é cha-
mado, tem sido altamente buscado no merca-
do. A arquiteta e influencer Rosane Martinez,
do Blog Passa lá em casa, afirma que a IA ofe-
20/21 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Decoração
high tech
rece conveniência, eficiência energética e segu-
rança, transformando não apenas a maneira
como os indivíduos interagem na casa, mas
também como vivem nela.
“Com a capacidade de controlar vários
aspectos do lar por meio de comandos de voz
ou aplicativos, a demanda por tecnologias
inteligentes está em alta. Para inserir a IA em
casa, basta instalar dispositivos inteligentes,
como lâmpadas, termostatos, câmeras e assis-
tentes virtuais”, orienta.
Esses projetos, segundo Rosane, podem ser inse-
ridos em praticamente todos os cômodos da casa.
Na sala de estar, por exemplo, a IA pode controlar
a iluminação e a TV. Na cozinha, ajuda na pre-
paração de receitas e a fazer listas de compras.
Lucas Bravo/ Unsplash
“No quarto, controla o ambiente para uma noite
de sono perfeita. Até mesmo o banheiro pode se
beneficiar com espelhos inteligentes e sistemas de
som integrados”, acrescenta a arquiteta.
Para Rosane, a inteligência artificial está
transformando os lares em espaços mais efi-
cientes, confortáveis e conectados, tornando
a vida diária mais conveniente e agradável.
Com uma variedade crescente de dispositivos
e opções acessíveis, a era da casa inteligente
está ao alcance de todos.
Mercado em ascensão
Na visão do arquiteto Diego Aquino, inte-
grar a inteligência artificial em casa começa
com passos simples, como utilizar o smartpho-
ne e evoluir para dispositivos mais avança-
dos. Assistentes de voz, como Alexa e Google
Assistant, são ótimos pontos de partida, confor-
me destaca o profissional.
INÊS249 Bence Boros/ Unsplash

A Alexa é uma
das principais
ferramentas
dessa nova era

“Eles podem ser complementados com

lâmpadas inteligentes, termostatos que se
ajustam ao seu ritmo de vida, e smart TVs
para uma experiência de entretenimento
superior. A ideia é escolher dispositivos que
tornem sua casa mais interativa e adaptada
às suas necessidades”, finaliza.
A demanda por casas inteligentes vem cres-
cendo significativamente no mercado de pro-
jetos de interiores. Isso porque a tecnologia
oferece não apenas a valorização do imóvel,
mas também uma série de comodidades que
simplificam o cotidiano do indivíduo. A capa-
cidade de controlar dispositivos domésticos a
distância, por exemplo, é uma conveniência Sebastian Scholz/ Unsplash

que muitos apreciam, tornando a rotina mais

prática e agradável.

Entrando no universo
Além dos conhecidos Alexa e Google
Assistant, o ecossistema de uma casa inteligen-
te inclui desde geladeiras inteligentes até smart
TVs e sistemas veiculares integrados. Ao contrá-
rio do que muitos pensam, essa variedade de
dispositivos amplia as possibilidades de intera-
ção e automação, tornando a experiência em
casa ainda mais rica e personalizada.
“Para quem está começando, o caminho
para uma casa inteligente pode ser mais acessí-
vel do que se imagina. Priorizar dispositivos que
se integrem com Alexa ou Google Assistant é Graças à IA,
a segurança
uma boa estratégia. Verificar a compatibilidade dentro de
dos novos produtos com esses assistentes pode casa pode ser
facilitar a montagem de um sistema coeso e efi- tecnológica e
caz desde o início, sem necessidade de grandes mais confiável
investimentos imediatos”, detalha Diego.
INÊS249

Bichos

Dentes limpos e cuidados

Para evitar doenças e infecções,
a saúde bucal dos pets precisa ser
olhada com atenção. Escovação diária
e higienização correta são fundamentais
para evitar problemas futuros
POR EDUARDO FERNANDES

epois de uma rotina cansativa, tudo

D que um tutor espera é chegar em casa

e se deparar com o sorriso de seu pet.
Entretanto, para manter os dentes dos
bichos limpos e saudáveis, uma série de cui-
dados precisa ser realizada diariamente. Assim
como os humanos, eles também precisam de
atenção em relação à saúde bucal, evitando
doenças e problemas futuros.
Escovação diária, com pasta de dentes especí-
fica para animais. Heloísa Menezes, odontologis-
ta veterinária da CatólicaVET, explica que a lim-
peza dentária dos pets é similar à dos humanos.
“Tem alguns petiscos e brinquedos que podem
auxiliar na escovação dentária. E sempre levar o
pet ao veterinário especializado em odontologia
veterinária pode ajudar”, recomenda.
A escovação, de acordo com ela, é importante
para eliminar o biofilme, que são bactérias agru-
padas. Se essa parte não for devidamente cuida-
da, haverá a formação do tártaro e, consequen-
temente, doença periodontal, podendo progredir
e afetar a dentição e prejudicar outros sistemas.
Segundo Heloísa, cães e gatos não têm dife-
rença na realização de limpeza dentária, embora
existam algumas doenças características de cada
espécie. “Se o animal precisar fazer o tratamento
periodontal, ele deve passar por exames sanguí-
Koda faz
neos e cardiológicos. Se estiver apto para fazer escovação
o procedimento, o paciente (pet) é submetido à diária e recebe
anestesia geral inalatória para fazer a limpeza. um tratamento
A frequência depende de cada paciente, pode especial da
variar de seis meses a um ano”, acrescenta. tutora Maryane

Atenção redobrada Arquivo pessoal

A tutora Maryane Rodrigues, 54 anos, tem em
casa a cadela Koda, da raça pomsky. Fazendo parte
da família há 11 meses, a pet passa por um trata-
mento especial dentário. “Escovo os dentes dela três
vezes por dia, usando pasta de dente própria para
cachorro. Ela deixa direitinho e até gosta. Quando
vê a gente escovando, já corre para ficar em pé,
apoiada na pia, para escovar também”, conta.
Para fazer a limpeza corretamente, a confei-
teira usa, inicialmente, uma escova de dentes
infantil, bem macia, indicada pela veterinária.
Em seguida, utiliza a dedeira, própria para
cachorros, com o intuito de alcançar a arca-
da dentária que fica mais para trás da boca.
De acordo com Maryane, a higienização não
machuca nem provoca danos à gengiva de
Koda, pois são feitas suavemente.
Até então, a pet nunca passou por nenhum
problema bucal, tampouco teve aquele bafinho
de cachorro, comum em alguns animais, descre-
ve a tutora. “Os veterinários sempre elogiam que
os dentinhos dela são branquinhos e limpinhos”,
comenta Maryane. O cuidado com Koda é cru-
cial para a saúde como um todo da cadelinha.

22/23 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024

INÊS249

Cachorro com um osso

de brinquedo na boca

Na visão da confeiteira, a saúde dentária da vezes ao dia, confor-

cachorra é essencial para evitar doenças como me destaca Bruno. A
cárie, tártaro e outras tantas provocadas pela maioria dos bichos
má higienização dos dentes. “Queremos que ela aceita com tranquili-
tenha saúde e viva muitos anos, então precisa- dade a higienização,
mos dar o melhor da gente para ela. E não é à se feita desde filho-
toa que Koda é bem conhecida por ser sorriden- tes. A pasta de den-
te e ter os dentinhos branquinhos”, afirma. tes deve ser, também,
condizente com a
Agravamentos cavidade oral do ani-
mal, para que ele não
e recomendações se machuque durante
a limpeza.
Bruno Alvarenga, professor de medicina vete- “Diferentemente dos
Reprodução/Freepik
rinária do Ceub, ressalta que complicações em cães, é contraindicada
função dessa ausência de limpeza podem surgir. a introdução da esco-
Perda de dentes, dor crônica oral e outras doenças tem o costume de se lamber. De acordo com vação em gatos adultos que demonstrem resis-
periodontais são algumas citadas pelo especialis- Bruno, essa carga bacteriana provoca um odor tência a esse procedimento, uma vez que, em
ta. “Migração de bactérias da boca para outros desagradável. “Nas complicações, o paciente situações de estresse, a possibilidade de os felinos
órgãos como coração, fígado, rim e pulmão. O pode, ainda, reduzir a ingestão de comida ou desestabilizarem aumenta. Com isso, eles podem
mau hálito é outro fator que acontece muito.” parar de se alimentar e apresentar fraturas na começar a apresentar outras doenças e altera-
Além disso, o mau cheiro pelo corpo do ani- mandíbula e fístulas”, complementa o veterinário. ções comportamentais, destacando a redução da
mal pode ser uma preocupação, já que o pet A escovação diária recomendada é de duas ingestão de água e de comida”, finaliza.

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INÊS249

TV+

Divulgação/Maria Magalhães
Intérprete de Zinha em Renascer e de Em que lugar, além da origem baiana,
em Ilhéus, mais se manifestam as suas
Ciça em Todas as flores, Samantha semelhanças com a Zinha?
Jones compreende a responsabilidade A Zinha está dentro de um contexto megaver-
borrágico, mas se expressa mesmo no silêncio.
e o privilégio de estar em uma Eu me identifico tanto com isso. De natureza,
somos bem diferentes, mas sinto uma conexão
produção de sucesso forte e profunda com esse ser que precisa de
algo que não seja exatamente a palavra para
POR PATRICK SELVATTI compartilhar as dores e as alegrias.

m sua terceira novela e com a interpre- Zinha não era uma personagem feminina

E tação madura de quem fez teatro a vida

toda, Samantha Jones tem dois reencontros
especiais no remake de Renascer. A baiana
de Salvador, que viveu em Ilhéus, tem a oportu-
nidade de resgatar a sua origem e, no papel de
na versão original. Ela segue sendo “o
melhor amigo” do João Pedro, mas agora
com uma possibilidade de romance, com
direito até a um festejado beijo. Qual é a sua
expectativa para a curva dramática dessa
Zinha, criada na fazenda junto com o protagonis- nova personagem neste remake?
ta João Pedro, repete a dobradinha em cena com Essa novela tem uma capacidade de superar
Juan Paiva, com quem dividiu bastidores em sua a expectativa do telespectador de uma forma
primeira novela, Um lugar ao sol (2021), quando inacreditável, de modo que os spoilers, mesmo
viveram Adél e Ravi, respectivamente. Sobre o prevendo alguns acontecimentos (já que se trata
colega, ela não poupa elogios: “Gigante!” de um remake), não são capazes de compreen-
Aos 26 anos, a agora cria do Rio de Janeiro
emenda o segundo sucesso consecutivo, já que
vem da exitosa Todas as flores (2022), novela
exibida pelo Globoplay, em que viveu a Ciça.
Para Samantha, é um misto de privilégio e res-
Entre der a proporção dos fatos ou como ele será
apresentado — e isso é fantástico. A Zinha é
um poço de sentimentos enclausurados. Ela se
comunica, mas não expõe seus próprios contra-
tempos; ela fala o que pensa, mas raramente de
ponsabilidade, e dá a receita do seu preparo
para enfrentar esses desafios. “Considero muito
meus impulsos e intuições; tenho que confiar
neles, mas acredito nesse trabalho como uma
conciliação desses desejos e projeções”, afirmou
impulsos si. O que eu espero é que ela consiga lidar com
as tantas questões que a rodeiam e a aprisio-
nam, e floresça enquanto alguém que é capaz
de sentir e expressar muita coisa além de raiva.

e intuições
a atriz, e também cantora e compositora, em Renascer já é um sucesso estrondoso e você
entrevista exclusiva à Revista. veio de outro, Todas as flores. Como se sente
Em Todas as flores (produzida para o strea- começando com os pés direitos assim? Como
ming) e em Um lugar ao sol (a primeira original equilibrar o privilégio e a responsabilidade?
após a pandemia), Samantha vivenciou a expe- É uma alegria poder trabalhar com tanta gente
riência de assistir ao trabalho quando tudo já que admiro, e um privilégio gigantesco participar
estava gravado. Em Renascer, pela primeira vez, de obras de peso como essas. Junto a isso, lida-
vivencia uma obra aberta, que vai ao ar à medi- mos também com a expectativa de todo mundo
da que está sendo produzida. “Acho um luxo feito. Novela aberta é a única experiência no que faz a obra ser esse sucesso. Acredito que seja
poder medir a temperatura do que já está sendo audiovisual em que isso é possível. Acho um luxo também um exercício dessa profissão administrar
entregue, mas não concluído. É um trabalho poder medir a temperatura do que já está sendo esses interesses de uma forma que contemple os
contínuo, permite reparos”, destacou a baiana. entregue, mas não concluído. É um trabalho con- de quem escreve, assiste e faz. Considero muito
tínuo, permite reparos. Também é muito engra- meus impulsos e intuições; tenho que confiar
ENTREVISTA // çado perceber que a gente sente o que o públi- neles, mas acredito nesse trabalho como uma
co está achando, mesmo sem procurar muito. O conciliação desses desejos e projeções.
SAMANTHA JONES público é atento. Outro dia, saí de casa com o
Renascer é a sua terceira novela, mas a cabelo mais baixo e minha vizinha já perguntou Como é a dobradinha com Juan Paiva,
primeira que podemos chamar de aberta, que se Zinha mudaria de estilo. Acho o máximo! A com quem já atuou em Um lugar ao sol?
está sendo gravada enquanto vai ao ar. Está parte delicada disso tudo é que temos que estar Uma honra. Juan é, sem dúvidas, um dos
sentindo essa diferença? preparados para possíveis e, às vezes, bruscas maiores atores da nossa geração e te convida a
Muito! Sempre fiquei curiosa para saber como mudanças. O personagem é feito por muita gente. entrar nos universos de uma forma tão delicada
era assistir a um trabalho enquanto ele está sendo É um malabarismo delicioso e delicado. quanto comprometida. Gigante!

24/25 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024

INÊS249
TV+
POR PEDRO IBARRA
m dos jogos mais populares dos últimos
U tempos, Fallout finalmente está próxi-
mo de ganhar uma adaptação para as
telinhas. A Amazon Prime Video apre-
sentou o primeiro trailer do seriado que leva o
mesmo nome do jogo produzido pela Bethesda
e sucesso desde 1997, passeando por compu-
tadores e por várias gerações de consoles de
videogames pelo mundo. A estreia mundial está
marcada 11 de abril.
A série ocorre em uma realidade em que
uma guerra mundial torna o mundo como
existe inabitável. Quem permaneceu vivo no
planeta está dividido em cofres habitáveis e
subterrâneos pensados para a sobrevivência
de gerações; e o mundo externo, dizimado
pela energia nuclear. A narrativa contada é
original e pensada como uma continuação
dos acontecimentos dos videogames.
O seriado é pensado por um dos grandes
diretores e roteiristas desta geração que, antes
De fãs
para fãs
informações importantes sobre Fallout, série
que adapta jogo famoso dos videogames,
de conquistar o estrelato, era fã da saga de
jogos. Jonathan Nolan assume a direção da
produção, conduzida pelos showrunners Geneva
Robertson-Dworet e Graham Wagner. “É muito
bom pegar algo que você ama e poder criar
uma história sobre isso. Eu tive a oportunidade
de fazer isso com o Batman e, agora, tenho isso
com o Fallout”, revelou o diretor na coletiva de
imprensa internacional.
Jonathan tinha a vontade de adaptar os jogos
desde que jogou Fallout 3, jogo lançado em
2008. Ele entende que é uma responsabilidade,
mas já está habituado a lidar com um univer-
so amado e dar uma perspectiva própria para
essas histórias. A experiência com Westworld,
série distópica e futurística da HBO, também o
coloca na posição de entendido sobre universos
pós-apocalípticos. “Nós trouxemos o que era
importante de cada jogo para fazer um produto
que deixasse os fãs felizes. Eu, como fã, fiquei
feliz com o resultado”, brinca o cineasta.
Dessa forma, alguns pontos eram impor-
tantes para que a adaptação funcionasse.
Elenco e equipe adiantam algumas
com estreia prevista para abril
A primeira era levar a essência da história que
foi contada ao longo desses quase 27 anos.
“Nós estávamos interessados em escrever algo
sobre a crítica social que está nos jogos. É uma
história sobre quem tem e quem não tem nesse
universo dividido entre os cofres e o mundo
real”, afirma Geneva. “A autenticidade que eles
trouxeram mostra que eles estão na mesma
página que a gente. Nós nos preocupávamos
com cada pixel e frame e, pelo trailer, deu
para ver que eles também”, complementa Todd
Howard, produtor-executivo, diretor da Bethesda
Game Studios e responsável por alguns dos
jogos da série Fallout pela produtora.
O segundo ponto era encontrar o tom satírico
e envolvente dos jogos, sem abrir mão também
da estética colorida e estranha. “É uma mistura
inacreditável de ação, comédia e esquisitice”,
diz Geneva. “Estamos vivendo em um mundo
que dá medo, essa é a nossa chance de falar
do fim do mundo com senso de humor. Há uma
experiência boa de esperança em trabalhar
nesse projeto”, reflete Jonathan.
INÊS249
TV+
Melhor
amigo
nada
imaginário
Ricky Stanicky é a nova comédia
da Prime Video, que promete
muitas gargalhadas e reflexões
de vida aa público
POR LUÍZA GRECCO ALTOÉ*
de conhecimento popular que a mentira
É tem perna curta e que a verdade se escla-
rece em algum momento. Mas o que acon-
tece quando uma mentira ganha vida? O
filme que chegou ao Prime Video na última quin-
ta-feira, Ricky Stanicky, mostra esse desenrolar
com muita comédia, drama e um elenco espe-
cial, protagonizado por Zac Efron e John Cena,
além de Andrew Santino e Jermaine Fowler. Peter
Farrelly é o diretor da trama, que também conta
com William H. Macy e Jeff Ross no elenco.
A sinopse conta que, após três adolescentes
queimarem a casa de um vizinho por acidente,
eles inventam uma quarta pessoa para assumir a
culpa e os livrar da punição: Ricky Stanicky. Vinte
anos depois, o trio permanece usando esse sujeito
imaginário como responsável pelo mal compor-
tamento deles, o que incomoda as esposas, que,
finalmente, exigem um encontro com o tal Stanicky.
O grupo, então, contrata um ator para viver esse
“antigo amigo”, que não existe na verdade.
Acima de gargalhadas, o longa reflete sobre
as complexidades que envolvem o ato de mentir,
26/27 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
Prime Video/Divulgação
le r, Za c Ef ron e Andrew
rmaine Fo w
ra a direita, Je
Da esquerda pa Ricky Stanicky, nova com
s de
nas filmagen
e traz lições de vida ao público. A primeira versão
do filme surgiu há 12 anos e recebeu alterações ao
longo desse tempo. Segundo o diretor Peter Farrelly,
a mudança foi justamente no tom da produção.
“Há uma razão para você mentir e, geralmente,
você mente para se proteger. E por que você se
protege? Talvez por medo de alguma repercussão.
E, quando isso acontece, muda o tom. Isso muda
quase tudo”, completa. “Olho para trás e fico grato
porque conseguimos trabalhar nisso ao longo dos
anos, e acho que ficou cada vez melhor.”
Essa capacidade de fazer rir e comover o
público foi o que cativou grande parte do elenco
nessa produção. “Eles estão fazendo piadas sobre
mentirosos e tudo mais, mas, no final, é sobre
segundas chances, e tem coração. E foi isso que,
para mim, fez as piadas funcionarem. Foi como
se todos eles fossem redimidos de uma forma que
me deixou feliz no final”, lembra Jeff Ross.
Além disso, o filme foi descrito como uma
reverência a algumas das grandes comédias dos
anos 1980 e 1990. Para Andrew Santino, a ori-
ginalidade é algo que todos compartilham em
comum. “É difícil criar propriedades originais.
Muitas vezes, as pessoas estão relembrando
Santino
Video
édia da Prime
coisas que vimos, o que é bom. Mas esse era
extremamente original”, diz sobre o lançamento.
Jermaine Fowler classifica o longa como auda-
cioso. “Acho que você também precisa de audá-
cia para fazer uma grande comédia”, enfatiza.
Peter Farrelly diz que decidiu que John Cena
seria Stanicky depois de dois minutos assistindo
ao filme Pacificador. “Eu não conseguia acredi-
tar como ele era hilário. Naquele momento, eu
sabia que tinha que ser ele”, conta. “Eles deram
a ele (Stanicky) uma conta no Instagram. Eles
têm um diário de todas as suas aventuras juntos.
Fizeram dele um filantropo realmente difícil de
alcançar. É uma mentira bastante elaborada.
Então, em algum momento, no futuro, eles terão
que dar vida a esse cara”, completa Zac Efron.
Por trás das câmeras, os artistas também se
deram muito bem entre si e confiaram em Peter
na direção do filme. Segundo eles, além de ser
divertido trabalhar com o diretor pelo senso de
humor incrível, ele era honesto e direto nas cor-
reções. Andrew Santino inclusive imita: “Não.
Sim. Não, isso não é engraçado”.
*Estagiária sob à supervisão de Sibele Negromonte
INÊS249
Próximo Capítulo
FIQUE
DE
OLHO
• Hoje é dia de Oscar! A maior
festa do cinema será transmiti-
da pela TNT e pela Max, antiga
HBO Max, a partir das 20h
• A 3ª temporada de Young royals
estreia amanhã na Netflix
• O filme Nosso lar 2: os men-
sageiros chega ao catálogo da
Star+ na quarta
Liga
A data de fusão
entre Star+ e Disney+
na América Latina foi
revelada. A partir de 30 de junho,
todo o conteúdo da Star+ estará
disponível na Disney+. Os novos
preços do streaming, no entanto,
ainda não foram anunciados —
espera-se um aumento no valor
da mensalidade com a adesão
das novas produções.
Desliga
Atenção!
A assinatura do
Amazon Prime aumentou
de R$ 14,90 para R$ 19,90. O
reajuste de 33,5% começou a
valer a partir da sexta-feira, e será
cobrado na data de pagamento
escolhida por cada usuário.
http://blogs.correiobraziliense.com.br/proximocapitulo
Sony Pictures
Os tais “filmes de mulherzinha”
Não é de hoje que o gosto feminino é des-
prezado no mundo artístico. Desde a década de
1960, no auge da Beatlemania, as mulheres que
eram fãs da banda eram taxadas como “histé-
ricas” e “imaturas” pela mídia e pela opinião
popular, apenas por expressarem sua empolga-
ção e amor pelo quarteto britânico. No universo
do cinema, não é diferente. Em meados dos anos
1980, o termo chick flicks (filmes de mulherzinha,
em tradução livre), começou a se popularizar —
expressão pejorativa, que categoriza produções
cinematográficas voltadas para o público femi-
nino, que tratam majoritariamente sobre amor e
romance, como as comédias-românticas.
Por serem filmes dedicados a esse nicho espe-
cífico, eles eram, e ainda são, automaticamente
dados como ruins e de baixa qualidade, como se
o gosto feminino se restringisse a produções rasas
e fúteis. A verdade é que, há muitos anos, o que
as mulheres escutam e assistem dita muita coisa
no showbusiness. Veja, por exemplo, a Taylor Swift.
A cantora é, atualmente, o maior nome da música,
e conta com uma fã-base majoritariamente femi-
nina, inclusive composta por muitas adolescentes.
No mundo das telonas, um dos filmes inde-
pendentes mais lucrativos da história do cine-
ma é uma comédia-romântica — em 2002,
Casamento grego faturou mais de US$ 240
milhões nas bilheterias. O sucesso, no entanto, já
não era surpresa. Na década anterior, em 1990,
o clássico Uma linda mulher, protagonizado por
Julia Roberts e Richard Gere, rendeu US$ 178
Isabela Berrogain
Sydney Sweeney
e Glen Powell
protagonizam
Todos menos você
milhões às bilheterias. Sucesso de público, os
filmes levavam milhões de pessoas ao cinema,
que se divertiam e se emocionavam com tais nar-
rativas. Atualmente, ambos os filmes podem ser
encontrados no catálogo da Netflix.
Apesar do êxito, as chick flicks, aos poucos,
foram desaparecendo — talvez pelos estereóti-
pos que as cercavam, ou pelas transformações
vividas pelo cinema. Por muito tempo, foi comum
ouvir frases como: “Não se faz comédias-român-
ticas como antes”. Felizmente, isso tem mudado,
e o recém-lançado Todos menos você pode ter
consagrado a volta desses filmes. Estrelado por
Sydney Sweeney, que vive um romance com Glen
Powell na trama, o longa alcançou o marco de
U$ 200 milhões em bilheteria global, um feito
inédito para qualquer comédia romântica lança-
da desde 2018. Além dos números, a produção
foi amplamente repercutida na internet, viralizan-
do em redes sociais como TikvTok e Twitter.
No streaming, o filme chega neste mês, na
plataforma Max, e deve continuar conquistan-
do o coração de milhões de outras pessoas —
sejam elas mulheres, homens, adolescentes ou
idosos, que estejam dispostos a se divertir. Afinal,
é isso que o longa, despretensiosamente, pro-
mete: diversão. Todos menos você talvez seja o
gás necessário para que as comédias românti-
cas realmente voltem à tona e preencham uma
lacuna que esteve vazia durante muitos anos. Eu
espero que sim. Eu amo os filmes de mulherzinha
e estou feliz que eles estejam voltando.
INÊS249

Cidade nossa Por Paulo Pestana (Especial para o Correio)

papestana@uol.com.br

A música na revolução
iver é ter histórias para con-

V tar. A vida de Tirso Saenz

foi assim, quase uma saga,
com muitas dessas his-
tórias, que começa numa família
musical, passa pela educação for-
mal nos Estados Unidos, transfor-
ma-se ao servir a revolução socia-
lista de Cuba e sossega ao lado da
mulher, Maria Carlota, em Brasília.
Sossega, mas não muito. Seu
Tirso Saens morreu aos 92 anos
quando lançava a segunda edi-
ção do livro O ministro Che
Guevara — testemunho de um
colaborador, no Rio de Janeiro,
cheio de memórias. O traba-
lho diário tinha acabado, mas a
defesa intransigente da revolução
cubana continuou até o fim.
Morando no Lago Norte nos
últimos anos, ele aproveitava
a aposentadoria depois de uma
vida dedicada ao trabalho pela
ideologia que acreditava, contan-
do histórias, principalmente sobre
sua relação com Che Guevara.
Os detalhes ainda estavam fres-
cos na memória. precisamente, boleros, paixão juve- e entreter colegas de delegação, O disco pode ser ouvido em
Não foi um revolucionário nil que não abandonou nem depois cantando os clássicos da canção todas as plataformas de streaming,
de primeira hora, não desceu de ter vivido tantas décadas. cubana, temas que ajudaram a graças ao trabalho de Gustavo
a Sierra Maestra para depor Tudo poderia ser diferente se o definir a música popular ocidental. Vasconcellos, um baterista de rock
Fulgêncio Batista, embora deplo- pai, músico, não tivesse vendido Em Brasília, realizou um sonho: que decidiu abrir a gravadora GRV
rasse o ditador. Mas serviu o piano da casa depois de pas- gravou um disco, Recuerdos, para promover artistas independen-
à revolução com fervor, tanto sar um ano tocando fora do país, com o melhor que os composito- tes e amantes da música.
que o pai — que havia impedido longe da família, algo deprimi- res cubanos já fizeram. Contigo As histórias que Tirso Saens
a desejada carreira musical — do. Achava que a vida dos filhos em la distancia, de Cesar Portillo; colecionava e relatava com ine-
lamentou-se ao ver o filho sem seria melhor se fossem doutores. Dos gardenias, de Isolda Carrillo; gável prazer a quem se dispusesse
poder dormir mais que três horas Tirso se formou engenheiro quí- Quizás, quizás, quizás, de Oswaldo a dividir uma dose de rum estão
por noite de tanto trabalho. mico, voltou a Cuba comandan- Farrés; de origem puramente cuba- registradas em livros e até em
Mas depois de uma vida intei- do uma multinacional, entrou no na, juntam-se à argentina El dia algumas entrevistas. A admiração
ra dedicada à revolução cubana, ministério do governo cubano e que me quieras, de Gardel e La ao líder Che Guevara permane-
Tirso Saenz deixou de lado as crises fez a revolução. Pera, num desfile latino apresen- ceu intacta até o fim, mas Tirso
do petróleo e das matérias-primas A música nunca saiu do radar. tado com a voz suave, que coube Saenz foi além: nunca teve que
minerais e voltou a se dedicar ao Nas viagens oficiais, ele sempre perfeitamente nos arranjos e produ- endurecer; bastava cantar para
que mais gostava: música. Mais achava um jeito de dar uma canja ção de Jaime Ernest Dias. mostrar toda sua ternura.

28/29 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024

INÊS249
Por Oscar Quiroga oscar@quiroga.net
Horóscopo
O princípio da realidade
Data estelar: Lua Nova em Peixes.

O princípio da realidade não é, definitivamente, teu ponto de vista, porque, apesar de parecer que esse seja o princípio
da realidade, mais real do que tua capacidade de ver é o poder que vê através de ti, e do qual emanam todos os poderes
que, individualmente, todos pretendemos usurpar, por pura ignorância de como tudo funciona no Universo. O princípio da
realidade nunca está na parte, mas no todo, e mesmo que o grande todo não nos seja acessível de imediato, pelo menos é
bastante apropriado e sábio que, quando pretendemos entender o que seja real, nos atenhamos sempre ao que seja maior
do que nosso particular ponto de vista, o conjunto mais amplo e inclusivo possível no qual nossa presença individual e
nosso particular ponto de vista seja um dos ingredientes. O princípio da realidade é sempre o que é maior que nós.

Áries 21/3 a 20/4 Libra 23/9 a 22/10

Apesar do barulho e das tensões que
estimulam a precipitação, melhor você respirar
fundo e seguir o fluxo dos bons sentimentos
que vinham sendo nutridos no coração. Esses
vão guiar sua alma pelo caminho auspicioso.
Trocar a satisfação dos desejos pelo suprimento
das necessidades parece ser a melhor pedida
para este momento. Desejos podem ser
prorrogados, enquanto as necessidades sempre
chamam a atenção para o que é essencial.

Touro 21/4 a 20/5 Escorpião 23/10 a 21/11

Você não poderia agir de forma contrária aos
seus interesses, porém, há momentos em que,
por pura impulsividade, a alma é capaz de ser
sua própria adversária. Nesses momentos se
mostram os amigos verdadeiros, que alertam.
Procure se entender com as pessoas, porque isso
vai criar um ambiente agradável, onde todos
os desejos, ainda que divergentes, convivam da
melhor maneira possível. Faça a sua parte para
contribuir com entendimento.

Gêmeos 21/5 a 20/6 Sagitário 22/11 a 21/12

A mente é uma grande complicadora, mas é a
mente a que vai simplificar também o que ela
mesma complicou, e vai tentar conviver você
com essa ambiguidade subjetiva, essa faca de
dois gumes que magoa e cura ao mesmo tempo.
É hora de evitar conflitos, porque ainda que
tudo possa ser consertado depois, vai se
criando um desgaste que, a longo prazo, acaba
desintegrando até os bons relacionamentos.
Faça a sua parte para evitar conflitos.

Câncer 21/6 a 21/7 Capricórnio 22/12 a 20/1

A impaciência seria péssima conselheira neste
momento, portanto, ainda que sua alma seja
tomada por ela, faça a si o favor de se conter
e de ganhar tempo, seja respirando fundo,
cantando mantras ou correndo no parque.
Você vai precisar fazer alguns movimentos
arriscados e urgentes, mas tendo o cuidado para
não se exceder na força aplicada, de modo a
não ofender ninguém, apenas defender o que
você considerar que seja seu.

Leão 22/7 a 22/8 Aquário 21/1 a 19/2

O que algumas pessoas fazem e que afeta
muito o que você pretende fazer, isso é
algo que, apesar de perturbar o ânimo, há
de ser encarado, neste momento, como a
oportunidade de mostrar sua fibra e dar o troco de imediato.
Na medida que você conseguir exercer o
autocontrole, você também evitará que
aconteçam coisas desnecessárias, que
produziriam uma tensão que ninguém merece
experimentar nesta parte do caminho. Melhor evitar.

Virgem 23/8 a 22/9 Peixes 20/2 a 20/3

Provavelmente, sua maneira de ver as coisas é
mais acertada, porém, as circunstâncias não lhe
dão suporte para que suas razões prevaleçam.
Nesta parte do caminho, é melhor você seguir o
que as pessoas decidam.
Há uma parte do destino que não pode ser
dominada, está nas mãos de forças além de seu
controle. Porém, há outra parte da construção
do destino que depende unicamente da
qualidade das atitudes que você tomar. Só isso.
INÊS249
Crônica da Revista
Ensinamento de kung fu em Brasília
s maiores autori-
A dades em filoso-
fia, antropologia,
história, geopolíti-
ca e outras matérias foca-
das na experiência humana
na Terra raramente con-
cordam em suas teorias.
Um ponto, no entanto, é
comum: todas ressaltam
a enorme relevância do
storytelling. Seguindo tais
alegações, compartilho
com o amigo leitor uma
bela história.
No século 18, uma
monja sobreviveu à des-
truição de uma monastério,
cuja ordem foi o berço do
zen budismo: o Monastério
Shaolin. Seu nome era Ng
Mui. Na sua jornada de
fuga, ela foi caminhando
do sul para o sudoeste
da China, onde viven-
ciou uma rica experiência
de diversidade cultural, o
que lhe permitiu colocar
à prova suas pesquisas
desenvolvidas no legen-
dário Templo da Eterna
Primavera, o mais impor-
tante centro de Shaolin,
admirado e reverenciado
como tal pelos mais avan-
çados iniciados da ordem.
Nesse processo, ela
verificou, fora do ambiente
monástico, a importância
da conduta feminina na gestão de
conflito, uma visão inovadora de
relação com o outro, a partir da
internalização dos recursos dispen-
didos pelo adversário.
Quis o destino que essa monja
tivesse a oportunidade de ter uma
jovem como discípula. Seu nome era
Yim Ving Tsun. As duas se conhece-
ram no sopé da Montanha Miao,
30/31 — CORREIO BRAZILIENSE — Brasília, domingo, 10 de março de 2024
num vilarejo nos limites fronteiriços
entre Guangxi e Yunnan, províncias
longínquas do império chinês.
Yim Ving Tsun ficou tão impres-
sionada com o processo inovador
que aprendeu da monja para lidar
com as pessoas, que decidiu se
dedicar a desenvolver um sistema
que posteriormente levou o seu
nome: Ving Tsun.
Por Maria Paula
mariapaula.df@dabr.com.br
O sistema Ving Tsun, relacio-
nado à arte marcial, é mundial-
mente conhecido como um estilo
de kung fu, mas esse termo tem
um significado muito mais amplo.
Ao ser praticado por atores e
médicos, o Ving Tsun incorporou
movimentações de enorme bele-
za artística, ao mesmo tempo,
capaz de promover uma propos-
ta de viver melhor. Foi
esta combinação única
que levou jovens líderes a
assimilar um ensinamento
crucial: para se beneficiar
desse sistema, há que se
desenvolver uma liderança
situacional, considerando
não só os fatores mate-
riais, mas, principalmente,
os humanos relacionais.
Hoje, o sistema Ving
Tsun é o estilo de kung fu
mais praticado no mundo.
O último grande patriarca
desse sistema, Ip Man, foi
muitas vezes retratado em
filmes que podem ser vis-
tos nas várias plataformas
de streaming.
Seu discípulo mais
famoso foi o legendário
Bruce Lee, que populari-
zou o kung fu nas telas do
cinema, mas muitos outros
pupilos do grande patriar-
ca, como o patriarca
Moy Yat, tiveram enorme
importância para a pro-
moção desse legado para
as futuras gerações.
No próximo dia 18 de
março, o filho do próprio
Moy Yat, o grão-mestre
William Moy, estará em
Brasília participando de um
evento no Senado Federal.
Trata-se da comemoração
do aniversário do grão-
mestre Leo Imamura. O evento
será aberto ao público, e aqueles
que se encantaram com a história
que acabei de contar podem se
preparar para ouvir muitas outras.
Afinal, diversos expoentes da comu-
nidade das artes marciais estarão
presentes para mostrar como elas
podem contribuir para os desafios
do mundo contemporâneo.
INÊS249
Comportamento
Com DNA brasiliense
POR IANDARA PIMENTEL SANTANA*
lávia Oliveira, 56 anos, era
F servidora pública, mas sem-
pre gostou de acessórios,
então começou a produ-
zir as próprias peças. Os amigos
foram gostando e passou a fazer
para eles, na própria casa. Depois
de alguns meses, lojas e marcas
começaram a procurar a empre-
sária para fazer coleções e vender
seus produtos — anéis, colares e
pulseiras estavam entre os itens.
“Comecei vendendo as minhas
criações no mercado de Brasília
e depois em todo país, até me
concentrar por completo em uma
marca”, narra Flávia. Assim, em
1989, nasceu a Zinc, inicial-
mente como varejo e atacado
e, depois, apenas como varejo.
“Quanto ao nome, queria que
fosse forte e pequeno. Zinc é
zinco em inglês, e as peças, à
época, eram geralmente confec-
cionadas com metal. Foi a com-
binação ideal”, explica.
No período em que vendia
as peças por atacado, a desig-
ner chegou a fazer negócio com
mais de 50 pontos de vendas, que
queriam acessórios exclusivos,
como brincos, broches, colares
e anéis. “Depois do lançamento,
começamos a fazer alguns desfi-
les na cidade”, conta a empresá-
ria. Depois de alguns anos, Flávia
conheceu Márcia Lima, idealiza-
dora do Capital Fashion Week
(CFW), evento de moda que ocor-
re anualmente em Brasília, e, a
partir daí, começou a grande par-
ceria entre o CFW e a Zinc.
Em 2006, a grife participou do
CFW pela primeira vez. “Foi uma
das primeiras marcas de acessórios
a participar de uma fashion week.
Nesse ponto, começamos a traba-
marca da designer
lhar também na criação de rou-
pas”, explica a designer. “Depois
disso, as clientes chegavam à loja
foram expostos em
já perguntando pelos looks desfila-
dos.” Flávia resolveu, então, inves-
tir na coleção de roupas para fun-
cionar como base dos acessórios,
nicho principal da marca.
Expandindo
para o vestuário
A produção de roupas, porém,
também empolgou Flávia, que con-
tava com várias clientes que queriam
adquirir as coleções criativas mostra-
das nos desfiles. “A inspiração para
as peças da marca vem do mundo
inteiro, e é plural. Já foram criados
acessórios inspirados no Marrocos,
em Veneza e na Rússia”, cita Flávia.
De acordo com a empresária, a
observação da cultura local, o que
as pessoas usam todos os dias e as
opções de cores são fontes motivado-
ras para a produção das peças. “As
nossas coleções são baseadas nessa
múltipla regionalidade. Não quero o
que está exposto no shopping desses
lugares, desejo pensar no que as pes-
soas usam nas festas e para sair às
ruas”, completa Flávia Oliveira.
Flávia Alessandra e Cauã Reymond
Outra característica da marca é a
desfilando na CFW ao lado de Flávia Oliveira valorização dos materiais brasileiros.
“É necessário reconhecer e nos cons-
cientizarmos sobre o valor do que
fazemos, que é admirado no mundo
inteiro. A nossa criação é de exce-
lente qualidade. E o mercado tem
que estar preparado para isso, por-
que as mulheres querem dizer quem
elas são. Abrir as nossas portas para
enfatizar isso é algo importante, sem-
pre de uma forma social e ecologi-
camente responsável “, destaca.
A marca, que conta com colabo-
rações de peso, como o diretor de
desfiles Wan Vieira e modelos como
Deborah Secco e Cauã Reymond,
busca, atualmente, trabalhar cada
vez mais com recursos brasileiros,
Inspirados em principalmente do Cerrado. “O for-
várias culturas, talecimento da nossa marca, nas
redes sociais, também está nos nos-
os itens da Zinc, sos planos”, completa.
A Zinc foi a única marca da
América Latina convidada, em
Flávia Oliveira, 2019, a apresentar sua coleção no
Devonshire Square Oxford Fashion
Studio, evento internacional que
eventos de moda ocorre paralelamente à Semana de
Moda de Londres.
internacionais
*Estagiária sob a supervisão de
Sibele Negromonte
Fotos: Capital Fashion Week/Divulgação
INÊS249
INÊS249

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Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • CORREIO BRAZILIENSE

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Minervino Júnior/CB/D.A.Press
Melhorias no horizonte da

EDUCAÇÃO Sancionada neste ano, lei que estabelece diretrizes para valorização de
profissionais das redes públicas de ensino do Brasil promete melhorar a
qualidade de vida de professores e o aprendizado dos alunos. PÁGINAS 2 E 3

ENVELHECIMENTO Como se preparar para um futuro de carreiras mais longas e aposentadorias mais enxutas PÁGINA 5
INÊS249
2 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • CORREIO BRAZILIENSE
Regulamentação que garante plano de carreira e jornada de trabalho reduzida para professores
entrou em vigor neste ano. Seus impactos na educação brasileira, porém, ainda são avaliados
Nova lei traz benefícios
aos educadores do Brasil
» BRUNO AZAMBUJA*
A
Lei Nº 14.817/2024, que
estabelece diretrizes para
valorização de profissionais
das redes públicas de ensi-
no de todo país, foi sancionada em
janeiro último, após cinco anos de
tramitação no Congresso Nacional.
A regulamentação garante reade-
quação do piso salarial, plano de
carreira, formação continuada e
melhores condições de trabalho,
como jornada reduzida de 40
horas, para professores, orientado-
res educacionais, supervisores, di-
retores, administradores escolares
e também profissionais de suporte
técnico e administrativo.
A norma determina que os
planos de carreira estimulem o
desempenho e o desenvolvimen-
to profissionais em benefício da
qualidade da educação escolar,
além de assegurar condições de
trabalho que favoreçam o sucesso
do processo educativo e o respei-
to à dignidade profissional e pes-
soal dos educadores.
Para Lucieny Osório, 41 anos,
servidora da Secretaria de Educação
do Distrito Federal (SEE-DF) desde
2013, ainda há muito o que fazer,
VALORIZAÇÃO
Minervino Júnior/CB/D.A.Press
Luciany Osório é professora de altas habilidades: regulação é um bom começo
mas o primeiro passo foi dado. políticas educacionais da ONG To-
“A criação dessa lei é importante dos pela Educação, diz que o esta-
para a educação brasileira, tendo belecimento dessas diretrizes é vi-
em vista que muitos municípios tal, porém deve haver um apoio do
pagam menos do que um salário governo federal para que elas sejam
mínimo para seus professores”. cumpridas.
Lucieny é docente de altas habili- “Sabemos a dificuldade das
dades no Centro de Ensino Médio secretarias de educação de alguns
2, em Brazlândia. municípios em cumprir as leis por
Natália Fregonesi, analista de conta da falta de estrutura e apoio
financeiro. Então, o governo preci-
sa auxiliar esses locais com logis-
tica técnica e financeira”, pontua.
“Existem muitos Brasis no
Brasil, e cada um possui uma
realidade diferente. Então, di-
ficilmente, a criação de uma lei
irá resolver todo o problema.
É necessário reconhecer as de-
ficiências no sistema e adotar
políticas para as maiores ur-
gências”, completa Natália.
Piso salarial
O Ministério da Educação
(MEC) publicou, em 31 de janei-
ro deste ano, o novo piso sala-
rial dos professores da educação
básica. O valor definido pelo go-
verno para uma jornada de 40
horas foi de R$ 4.580,57, cerca de
3,62% maior do que o piso an-
terior. A Lei Nº 14.817/2024 de-
termina, entre outras medidas,
a adequação nacional das tabe-
las salariais ao mínimo ajustado.
O piso salarial dos pro-
fessores varia de acordo com
políticas implementadas por
cada estado e é definido a
partir do valor que mais be-
neficia o trabalhador. Em São
Paulo, por exemplo, os pro-
fessores estão sujeitos a dois
regimes, o primeiro, ligado à
antiga carreira de magistério
de educação infantil, e o se-
gundo, a uma nova carreira que
abrange todos os docentes e
servidores contratados.
INÊS249
Para a nova carreira, é estipu-
lado um piso de R$ 5.300,00 para
uma jornada de 40 horas semanais.
Na carreira antiga, a remuneração
inicial é de R$ 3.014,12, abaixo do
novo piso. Para contornar a dispari-
dade, os docentes enquadrados na
carreira antiga devem receber um
abono complementar ou um au-
mento salarial, a ser definido por
decreto governamental.
No Distrito Federal, de acordo
com a Lei Distrital Nº 7316/2023, o
piso salarial para o menor nível da
categoria, professores de magisté-
rio que possuem graduação, é de
R$ 4.941,71, ou seja, acima do valor
definido pelo governo federal.
Na visão de Cleber Soares, dire-
tor do Sindicato dos Professores do
Distrito Federal (Sinpro-DF), a nova
legislação é um passo fundamental
para valorizar os educadores brasi-
leiros, mas vários outros precisam
ser dados para que o país atinja um
nível ideal, visto que, mesmo com
os reajustes no piso, o salário dos
professores ainda é muito baixo, se
comparado a outras carreiras.
“A educação no país está muito
desvalorizada, e serão necessários
mais incentivos, como esse, para
que os profissionais que trabalham
com educação recebam seu devido
valor. Nós vemos que a maioria dos
estudantes que estão saindo do en-
sino médio não quer ir para a área
de educação, pois esse mercado
não é nada atrativo”, defende.
Leonardo Bezerra do Carmo, 37
anos, é servidor da SEE-DF há 11
anos e confirma a tese do sindica-
lista. Ele argumenta que o ajuste do
piso proposto pela nova norma não
é suficiente para superar a defasa-
gem dos salários de docentes, e as
medidas de melhoria das condições
de trabalho não resolvem os proble-
mas estruturais do sistema educati-
vo, que adoecem os profissionais.
Doutorando em educação pela
Universidade de Brasília, está fora
das salas de aulas até a conclusão
do curso — conseguiu uma licen-
ça-capacitação para se dedicar
aos estudos. Mão de obra supe-
respecializada, o professor não
se sente motivado a voltar à edu-
cação básica após a especializa-
ção e quer tentar uma vaga como
Carlos Vieira CB/DA Press
Leonardo Bezerra, doutorando em educação na UnB, cobra reconhecimento
Arquivo Pessoal
“Lei precisa ser regionalizada”, diz Natália Fregonesi, do Todos pela educação
professor universitário. “Apesar da
importância social da nossa pro-
fissão, o educador não tem uma
remuneração digna e nem uma
estrutura boa para realizar seu
trabalho. Não compensa ser pro-
fessor de escola, hoje em dia”, diz.
Capacitação
As novas diretrizes definidas
pela Lei Nº 14.817/2024 têm foco
especial no desenvolvimento con-
tínuo dos educadores. Em nota, o
Ministério da Educação informou
CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 •฀Trabalho & Formação • 3
que vem atuando na elaboração e
implementação de diversos pro-
gramas em parceria com as insti-
tuições de ensino superior, redes e
sistemas de ensino para atender aos
requisitos da norma em relação à
capacitação dos professores, como
o Programa de Acompanhamento
dos Centros de Formação Conti-
nuada (PRAEC) e o Programa de
Formação Continuada para Direto-
res e Técnicos (PRODITEC).
No contexto local, de acordo
com a subsecretária de Gestão de
Pessoas da SEE-DF, Ana Paula de
Oliveira Aguiar, o GDF possui um ce-
nário melhor que outros estados em
relação ao plano de carreira dos edu-
cadores. “Essa lei federal vem forta-
lecer as ações que já são feitas aqui
no Distrito Federal. A Secretaria de
Educação é pioneira no investimen-
to em nossos profissionais”, diz.
Ela afirma que 37,5% da jornada
de 40 horas dos educadores do DF
são destinadas a atividades peda-
gógicas e formação continuada dos
professores. Além disso, a rede conta
com uma escola para atualização dos
servidores de carreira, a Subsecreta-
ria de Formação Continuada dos
Profissionais da Educação (EAPE).
Qualidade do ensino
Na última edição do Programa In-
ternacional de Avaliação de Estudan-
tes (Pisa), realizado em 2022, o Brasil
se manteve estagnado na 53ª posição
do ranking global de educação. Os da-
dos revelam que, em relação a 2018,
apesar de não ter caído colocações,
o país obteve uma pontuação pior. O
Pisa avalia as áreas de leitura, mate-
mática e ciências e é realizado pela
Organização para Cooperação e De-
senvolvimento Econômico (OCDE).
Cleber credita parte do mau de-
sempenho brasileiro à defasagem na
formação profissional dos professo-
res, o que se reflete em uma escola
pouco atrativa aos alunos. “Sabemos
que o nosso país possui diferentes
realidades em cada região e, por isso,
é essencial que cada escola consiga
ser atrativa para sua própria realida-
de. Para isso, é necessário ter planeja-
mento, reduzir contratos temporários
e aumentar a quantidade de concur-
sos públicos”, afirma o sindicalista.
Luciany Osório ressalta que a
falta de estrutura física das esco-
las e a superlotação das salas de
aula, além de contribuírem para
a insalubridade do trabalho dos
professores, afetam o desempe-
nho dos alunos. “Nós chegamos
às salas de aula, e damos de cara
com 30, 40 alunos em uma sala
pequena. É difícil para nós, pro-
fessores, mas para os alunos se
concentrarem também”, reclama.
*Estagiário sob a supervisão de
Priscila Crispi
INÊS249
4 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • CORREIO BRAZILIENSE
A importância de
cuidar de quem cuida
Metodologia desenvolvida por empreendedora educacional, que visa à saúde integral de profissionais
que se dedicam ao outro, pode ser implementada em rede de ensino pública de todo o país
» PRISCILA CRISPI
E
ducadores, profissionais da
saúde, assistentes sociais e
de tantas outras carreiras
que dedicam suas vidas ao
cuidado do outro também precis-
am de atenção ao seu bem-estar
— essa é a tese de Luciana Araú-
jo, empreendedora educacional
e criadora de uma metodologia
de desenvolvimento profissional
que vem sendo implantada por
diversas organizações brasileiras,
tanto públicas quanto privadas,
em especial na região Nordeste.
Pernambucana, formada
em educação física, Luciana,
conhecida como Tia Lu, foi pro-
fessora de educação infantil e
se especializou em neuropeda-
gogia e psicomotricidade. Ela
conta que, em determinado
momento da carreira, adoeceu
emocionalmente e, ao buscar
ajuda, não encontrou.
Foi aí que enxergou a ne-
cessidade de criar uma rede de
apoio para profissionais que têm
uma rotina que demanda olhar
para fora constantemente, o que
pode resultar na negligência de
suas próprias necessidades fí-
sicas e emocionais. “Ninguém
cura sem antes ser curado, nin-
guém ama, se não for amado.
Primeiro, a gente precisa fazer
isso por nós e, depois, com o ou-
tro e com o mundo”, defende.
Ao longo de seis anos, o pro-
jeto “Cuidar de quem cuida”
atendeu a 5 mil pessoas por meio
de um processo formativo con-
tinuado que une conceitos da
neurociência, psicomotricidade,
antroposofia e psicologia positi-
va. A metodologia é baseada em
quatro pilares: aprender a ser, a
cuidar, a fazer e a desaprender.
Minervino Júnior/CB/D.A.Press
Luciana Araújo é autora de
livro sobre autocuidado
Implementado por uma
equipe multidisciplinar, o pro-
grama funciona como uma
mentoria e começa por uma
análise do nível de felicidade
no ambiente de trabalho, que
tem como foco estimular o au-
toconhecimento dos emprega-
dos sobre suas metas de vida e
suas condições de saúde. Após
o levantamento, os profissionais
ajudam os funcionários da orga-
nização contratante a desenvol-
ver um plano de ação que visa
aproximar suas realidades dos
ideais de satisfação e bem-estar
que eles têm para si.
“Essa é uma abordagem indi-
vidual, mas que acontece a par-
tir de uma perspectiva coletiva,
Bem-estar
dentro das empresas, órgãos, etc.
É uma cadeia. A gente aprende
até certo ponto só, mas o apren-
dizado significativo acontece
com o outro. Então, se um indi-
víduo é transformado, acontece
um nível de transformação em
cadeia, muda-se o ambiente cor-
porativo”, explica Luciana.
Impacto
Ao fim do projeto, a equipe
oferece relatórios que trazem ín-
dices objetivos da melhoria no
desempenho dos trabalhadores e
até mesmo na produtividade da
instituição. “Estudos afirmam que
priorizar a felicidade e o bem-estar
no trabalho potencializa melhores
resultados: os empregados ficam
três vezes mais criativos e, no caso
de empresas que ofertam produ-
tos e serviços, vendem 37% a mais.
Nosso método comprova essas
pesquisas”, ela defende.
E os resultados do cuidado
de quem cuida pode ser observa-
do não apenas de maneira quan-
titativa, mas também qualitativa.
A empresária conta que, meses
após trabalhar com uma equipe
de professores que estavam, em
boa parte, adoecidos e desis-
tindo da carreira, foi chamada
na escola pela direção. “Quan-
do cheguei lá, a escola estava
pintada, toda colorida. Enten-
di que eles não haviam apenas
pintado as paredes do prédio,
que estavam cinza, mas haviam
trazido vida para a comunida-
de escolar. As crianças estavam
aprendendo melhor, e as famí-
lias, participando mais”, diz.
Novas fronteiras
Para ampliar o alcance da me-
todologia que criou, Luciana lan-
çou, em 2023, o livro Comece por
você, pela Editora Thunder, tam-
bém disponível em formato de
e-book. A publicação traz todas as
ferramentas e pilares que são de-
senvolvidos pela educadora pre-
sencialmente, de forma adaptada
para o desenvolvimento pessoal.
Ao fim dos capítulos, a autora
propõe atividades para pôe o co-
nhecimento em prática, com con-
teúdos multimídia que podem ser
acessados por QR code. “Eu digo
que esse não é um livro motiva-
cional, mas ativacional. É um livro
para ser vivido”, brinca Luciana.
Com o sucesso das palestras
e do material didático produzido
por ela, a consultora foi, no últi-
mo mês, convidada pelo Senado
Federal para discutir de que for-
mas o método pode ser aplicado
no âmbito da Política de Bem-Es-
tar, Saúde e Qualidade de Vida no
Trabalho e Valorização dos Profis-
sionais da Educação, regulamen-
tada pela Lei nº 14.681/2023.
“Fui chamada para conversar
com os senadores sobre como
podemos implementar o projeto
não somente de forma pontual,
em regiões, mas na rede pública
de ensino de todo o Brasil. A lei
já existe, mas não temos projetos
que atuem de forma científica e
comprovada para sua promoção.
Então, a gente está dialogando pa-
ra, quem sabe, usar o método co-
mo apoio para a política”, aposta.
INÊS249
A força de trabalho brasileira está envelhecendo rapidamente e passará mais tempo no mercado de trabalho
APOSENTADORIA:
UM FUTURO CADA VEZ MAIS DISTANTE
O
s sinais são cada vez
mais evidentes: aumen-
to na expectativa de vida
da população, queda da
taxa de natalidade e reformas
previdenciárias que se preparam
para um cenário de futuro próx-
imo no qual teremos mais pes-
soas em fase de aposentadoria
do que na chamada PEA (Pop-
ulação Economicamente Ativa).
Se antes os sexagenários
eram considerados pessoas na
fase final da vida, atualmente,
quem está nesta faixa etária ain-
da tem, em média, pelo menos
mais 15 anos de vida pela frente
(e essa expectativa só aumenta).
De acordo com dados do IBGE,
em 2022, a expectativa de vida
dos homens no Brasil era de 72
anos, e das mulheres, de 79 anos.
Neste cenário, caminhamos
para um adiamanto da aposen-
tadoria, principalmente conside-
rando a diminuição da população
jovem no Brasil. Ainda de acordo
com o IBGE, em 2030, o número
de pessoas com 60 anos ou mais no
Brasil já será superior ao de crian-
ças e adolescentes de até 14 anos.
A força de trabalho brasileira
está envelhecendo rapidamente
e passará mais tempo no mer-
cado de trabalho. Mas, como se
preparar para esse contexto?
Para quem é um jovem pro-
fissional, no início de sua traje-
tória, é importante se planejar fi-
nanceiramente para ter mais fle-
xibilidade de escolhas profissio-
nais ao longo de sua carreira, que
será prolongada em alguns anos.
Quanto antes começar a inves-
tir em títulos públicos seguros,
como Tesouro Direto IPCA que
protege da inflação, maiores as
chances de atingir uma indepen-
dência financeira sem depender
do INSS (aposentadoria pública).
O tempo é uma variável que
joga a favor dos investidores.
Saiba mais: anamach@stanford.edu —
CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 •฀Trabalho & Formação • 5
Ana Machado é mestra em educação pela Universidade Stanford, especialista em psicossociologia da
juventude e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FEPSP) e
bacharel em marketing pela Universidade de São Paulo (USP)
Reservar pelo menos 10% de todos
os ganhos para aplicações finan-
ceiras desde o primeiro emprego,
em aplicações seguras e que ren-
dam juros compostos, diminuirá
os riscos e impactos de uma per-
manência estendida no mercado
de trabalho. Por outro lado, quem
não se planejar antecipadamen-
te terá pouco poder de escolha a
@abouteducation
respeito de quando parar de traba-
lhar ou de quais formatos de em-
prego são mais desejáveis.
Além do planejamento fi-
nanceiro, é crucial que os pro-
fissionais se mantenham atuali-
zados e façam uso da tecnologia,
uma aliada no ganho de produ-
tividade no trabalho. As mudan-
ças são cada vez mais rápidas e
impactantes (em termos de es-
cala), e os profissionais que pas-
sarem décadas no mercado de
trabalho, daqui para frente irão
vivenciar algumas alterações na
forma de trabalho, diferente-
mente das gerações passadas,
que possuíam estabilidade e
previsibilidade de suas funções.
Para os colabores mais expe-
rientes, que já estão em uma fase
mais avançada de sua carreira, é
importante também se reinven-
tar e buscar alternativas de ma-
nutenção do seu engajamento e
relevância no trabalho. Explorar
novos temas, testar funções que
nunca ocupou antes, explorar a
rede de contatos construída ao
longo de sua carreira e tomar al-
guns riscos para amadurecer o
autoconhecimento são boas prá-
ticas que darão mais fôlego para
continuar a trajetória profissional
após os 60 anos. Nesses experi-
mentos, é importante se testar
em diferentes iniciativas, desco-
brindo novas possibilidades de
atuação profissional, mesmo que
em um primeiro momento sejam
atividades paralelas e voluntárias.
A palavra de ordem para se
manter longevo, engajado e re-
levante no mercado de trabalho
é a reinvenção e o aprendizado
constante, não só sobre o mun-
do mas também sobre si mesmo.
INÊS249
6 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • CORREIO BRAZILIENSE

VOCAÇÃO
Projeto da Embaixada do Estados Unidos visita escolas públicas em Brasília
para incentivar o ingresso de meninas negras em carreiras internacionais
Priscila Crispi/CB

Grupo de aproximadamente
30 alunas negras do Centro de Ensino
Médio 3 de Taguatinga participam
de evento em comemoração
ao bicentenário de relações
diplomáticas entre Brasil e EUA

POR UMA
DIPLOMACIA
» PRISCILA CRISPI americana nascida no Sene-
gal que, há apenas três anos
PRETA
transformar o mundo”, são as
palavras com as quais Izete
para a história da vida dessas
garotas e de toda a escola.”
final do evento, comprova que
o objetivo foi alcançado. “Que-

O
lhos vivos de quem
tem muitos sonhos
guardados e está à
procura de caminhos
para realizá-los. Os cabe-
los crespos, cacheados, com
tranças e dreads anunciam
o orgulho que as une. Um
grupo de aproximadamente
30 adolescentes, sentadas
em semicírculo em uma sa-
la de dança, escuta atentam-
ente Aminata Sy, diplomata
no Brasil, fala um português
quase perfeito.
Ao lado dela, outras mulhe-
res negras profissionais do servi-
ço internacional completam a fi-
leira de convidadas ilustres, que
se sentam em carteiras escolares
para contar suas trajetórias e
escutar as ambições de alunas
entre 15 e 17 anos.
“Queremos ouvir vocês, sa-
ber quais são os seus sonhos e
o que vocês querem fazer para
Santos iniciou a conversa. A
educadora e presidente do Ins-
tituto Josefina Serra, organiza-
ção civil voltada à promoção da
equidade de gênero e raça, que
organiza o evento em parceria
com a Embaixada dos Estados
Unidos em Brasília, explica que
o projeto é uma iniciativa ino-
vadora: “Levamos a Embaixada
dos EUA para a periferia da ci-
dade, e eu nunca vi isso aconte-
cer antes. São dias que entram
Neste ano, a palestra foi rea-
lizada no Centro de Ensino Mé-
dio 3 de Taguatinga e fez parte da
programação do bicentenário de
relações diplomáticas entre Brasil
e EUA. Mas nem estudantes, nem
corpo diplomático parecia se im-
portar muito com as formalida-
des da celebração — o foco era a
troca entre mulheres e meninas
negras, de coração para coração.
A emoção das garotas ao
abraçar as profissionais, ao
ria agradecer por existirem
mulheres como todas vocês
que nos dão mais incentivo pa-
ra a gente sonhar de verdade,
sonhar para vida toda. Porque
permanecer sonhando é muito
difícil por aqui, e vocês mos-
tram que vale a pena insistir
no sonho. Ouvir essas histó-
rias e todos esses planos para
o futuro, das minhas amigas, é
uma grande inspiração”, resu-
miu Laís Santos, 16 anos.
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Divulgação Embaixada dos EUA

Exemplo africano
Aminata é secretária para as-
suntos políticos da representação
americana no Brasil e idealizou o
projeto assim que chegou à cida-
de. Seu objetivo é incentivar me-
ninas negras, de famílias pobres,
que, como ela nessa idade, preci-
sam de incentivos para vislumbrar
um futuro para além das limita-
ções que a sociedade as impõem,
e apresentar o serviço internacio-
nal como um caminho para isso.
Por três anos seguidos, a di-
plomata visita escolas e conta
sua história de vida, compartilha
dicas de estudo e ingresso em
carreiras internacionais, além
de, junto à equipe da embaixada,
apresentar oportunidades de es-
tágio e intercâmbio que o gover-
no dos EUA oferece a estudantes
de escolas públicas brasileiras.
A diplomata emigrou para
os Estados Unidos já adulta, ca-
sada, sem falar uma palavra em
inglês e sem completar o ensino
básico. Mais tarde, para acom-
panhar nos estudos os três filhos
nascidos no novo país, voltou
a estudar, se formou bacharel
em relações internacionais pe-
la University of Pennsylvania e
mestre em políticas públicas pe- Em foco, a educadora Izete Santos e as diplomatas Aminata Sy e Rafaela Fontes escutam estudantes sobre seus sonhos de profissão
la American University.
Entendendo, na pele, as di- Priscila Crispi/CB
ficuldades que imigrantes afri- comentou, emocionada, que ocupada pela elite mundial,
canos enfrentam para se incluir voltar a uma escola e ver tan- ou seja, homens brancos. Ape-
economicamente e culturalmen- tas meninas usando seu cabelo nas 3% da diplomacia brasilei-
te na sociedade americana, antes natural a alegrou, pois simboli- ra é feita por mulheres negras.
de entrar para a diplomacia, fun- za uma mudança em curso no Quando você tem um corpo
dou a organização sem fins lucra- país. “Na minha época, isso não diplomático em que todas as
tivos African Community Lear- era comum. Eu era bolsista em pessoas frequentaram os mes-
ning Program, voltada ao ensino uma escola particular e, como mo lugares, pensam igual, têm
do inglês para esse público. uma pessoa parda, era vista co- as mesmas vivências, as solu-
“Quando cheguei aqui, mo peixe fora d’água naquele ções que surgem são limitadas e
quis continuar esse trabalho, ambiente. Usava meu cabelo sempre as mesmas. Isso é ruim
mas no contexto do Brasil. As cacheado solto e, um dia, a pro- para diplomacia do Brasil e para
pessoas negras aqui no Brasil fessora chamou minha mãe e a imagem do país lá fora”, afir-
e nos Estados Unidos têm mui- disse que eu tinha a aparência mou às adolescentes.
tos desafios, e eu sei que minha de suja. Então, passei a ir para a Francyelle Souza Lima, 16
experiência, meu caminho de aula de cabelo preso”, lembrou. anos, se sensibilizou com o cha-
vida, pode inspirá-las. É impor- “Esse ódio racial prejudica mui- mado da profissional. A menina
tante ter uma pessoa negra que to o desempenho escolar de es- pensa em fazer jornalismo, mas
compartilhe sua jornada pes- tudantes negros.” se interessou pela diplomacia:
soal para que uma outra pessoa Idealizadora do programa de “Achei linda essa carreira, até
jovem possa pensar: talvez eu mentoria Mônica de Menezes me emocionei. Vou querer saber
também consiga”, diz Aminata. Campos, programa batizado em mais, porque é uma profissão
Se dirigindo às estudantes, Melissa Aguiar com a amiga Maria Antônia Domingues: homenagem à primeira pessoa que pode me abrir caminhos
ela contou que quando mora- inspiração para conquistar seus objetivos negra a se tornar diplomata no para muitos conhecimentos di-
va no Senegal, jamais poderia país e voltado a auxiliar mulhe- ferentes, para conhecer muitas
supor que, um dia, se tornaria Na opinião da diplomata Igualdade Racial, existe um traba- res pretas e pardas em seus estu- culturas, que é o que eu gosto.”
diplomata americana, mas a africana, o racismo enfrentado lho muito duro para melhorar a dos para o concurso de admis- Melissa Silva Aguiar, 16 anos,
educação abriu caminhos ini- pelas meninas na plateia é mais vida da população negra, mas, lá, são à carreira, Rafaela diz que quer ser advogada e sonha com
magináveis. “A educação pode difícil de ser combatido, pois é há uma história muito longa de pretende mais do que oferecer uma carreira na Polícia Federal.
mudar sua vida, mas também velado. “Nos EUA, falamos aber- luta por direitos civis”, comenta. informações sobre uma possibi- A estudante diz que ver que mu-
a sua comunidade. Pensem co- tamente sobre o racismo, temos lidade profissional de prestígio, lheres como ela estão ocupando
mo vocês podem contribuir, nas problemas, mas estamos lutando Itamaraty inclusivo mas incentivar a diversidade nos postos de destaque a fortalece:
suas famílias e vizinhanças, para abertamente contra isso. Assim, quadros do Itamaraty. “Conhecê-las, saber que estão
melhorar as coisas. Nossas co- se pode mudar as coisas muito Rafaela Fontes, segunda se- “Essa é uma profissão legal, no comando, dá orgulho de fa-
munidades negras têm muitos mais rapidamente. Aqui, espe- cretária da carreira de diploma- mas mais legal é o que vocês lar que somos mulheres pretas e
desafios e vocês têm um papel cialmente por parte da sociedade ta do Ministério das Relações podem trazer para ela. Tradicio- empoderadas, e que a gente po-
importante nelas”, sugeriu. civil e, agora, com o Ministério da Exteriores (MRE) do Brasil, nalmente, essa é uma carreira de alcançar o que quiser.”
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8 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • CORREIO BRAZILIENSE
» Itaú
ANáLISE DE DADOS
O Itaú Unibanco está com inscrições abertas para a nova
edição do EstagExperience, evento que, desta vez, será voltado a
universitários interessados em carreiras relacionadas à análise
de dados nos negócios. Durante a vivência, que ocorrerá de
forma on-line em abril, os participantes terão oportunidades
de criar soluções que respondam a desafios de negócio reais
do banco, desenvolvendo, na prática, habilidades em análise,
organização e manipulação de dados, com o uso de ferramen-
tas como Excel, Access, Python, Power BI, SQL, entre outras.
As inscrições estão abertas até 10/3, são gratuitas e devem ser
realizada, exclusivamente, pelo site shre.ink/ra2t.
» Santander UnIverSIdadeS
MULHERES LíDERES
O Santander Universidades está com inscrições para a 14ª
edição do Santander SW50 Leadership Programme 2024 — LSE,
um programa de treinamento para 50 mulheres em cargos de
liderança, ministrado pela London School of Economics and Poli-
tical Science (LSE). O curso é destinado a residentes de 11 países
(Argentina, Brasil, Chile, Alemanha, México, Polônia, Portugal,
Espanha, Reino Unido, Estados Unidos e Uruguai) e engloba for-
mação presencial na LSE com hospedagem em Londres custeada
pelo Santander. Ao longo do curso, as participantes entrarão
em um processo de imersão para analisar sua própria ideia de
liderança e poderão acessar treinamentos exclusivos sobre estilo,
características e técnicas para ser uma líder global. Elas terão
acesso a conferências e sessões de mentoria individuais e em
grupo, além de poder compartilhar experiências sobre suas car-
reiras profissionais e construir sua própria rede internacional de
contatos. As candidaturas podem ser feitas na Santander Open
Academy (shre.ink/raFn) até 13 de março de 2024.
» UdF
CONSULTORIA JURíDICA
Orientados por professores mestres com experiencia na área
da advocacia, os alunos do curso de direito da UDF prestam con-
sultoria jurídica, esclarecendo dúvidas, participam de audiên-
cias, analisam processos e peticionam, incluindo o ajuizamento
de novas ações judiciais. Confira os serviços do Núcleo de Prá-
ticas Jurídicas: Coordenação do NP, Endereço: 704/904 Seps Eq
702/902, Telefone: 3704-8834. Unidade de Prática Forense Tra-
balhista — Edifício Sede do UDF, Bloco B, ao lado da sala T-25
SEP/SUL EQ, 704/904 — Conjunto A, CEP: 70390 —045, telefo-
nes:3704-8825/ 9 9982-3166. Unidade de Prática Forense Ed. sede
do UDF — Penal; Local: Edifício Sede do UDF, Bloco B, ao lado
da sala T-25 SEP/SUL EQ, 704/904 – Conjunto A, 3704-8825/ 9
9982-3166; Unidade de Prática Forence de Brasília— BSB, Vagas
reduzidas Local: Fórum Desembargador Milton Sebastião Bar-
bosa, Praça Municipal, Lote 1, Bloco “B” Ala B, Anexo II do Fórum
2º; Unidade de Prática Forense do Juizado Especial de Brasília
—JEB, Local: Fórum Desembargador José Júlio Leal Fagundes,
localizado no SMAS, Trecho 3, lotes 4/6, Bloco 3, próximo ao Setor
Policial Sul. 9 9981-5671; Unidade de Prática Forense do Juizado
Especial Federal Cível— Federal Civel — JEF, Atuação apenas nos
juizados especiais federais cíveis, Local: SEPN 510, Bloco C, lote 8,
Ed. Cidade de Cabo Frio — Asa Norte (apenas civil) - 3521-3468 ou
3521-3469 /9 9983-2665, Unidade de Prática Forense de Mediação
Conciliação e Arbitragem — MED, Local: SGAN 909 Modulo. “C”,
SGAN 909 — Asa Norte Brasília — DF. 9 9983-6202, Unidade
de Prática Forense do Paranoá — PAR, Atuação irrestrita nas
varas cível, família e criminal, com atuação na vara do Tribunal
do júri, Local: Fórum do Paranoá — Quadra 03 – área especial Nº
2, telefone: 3103-2216/9 9981-6386.
Lista de concursos
Nesta semana, o caderno Trabalho&Formação Profissional preparou lista com 93 concursos e 15.492 vagas, além
de cadastro reserva. No Distrito Federal, há quatro concursos abertos com 7 vagas. Para o Centro—Oeste, há 10
seleções abertas com 971 oportunidades. Nos conselhos regionais e municipais, são onze concursos com 93 postos
vagos. Entre os nacionais, há 13 certames abertos para 5.088 oportunidades. Há ainda 10 seleções de concursos
estaduais com 2.020 vagas. Já para os municipais, há 23 concursos e 6.735 vagas. Nas universidades federais, são 15
processos seletivos e 456 oportunidades. Nos institutos federais há sete certames abertos com 122 vagas.
DISTRITO FEDERAL
INSTITUTO FEDERAL DE
BRASÍLIA (IFB - DF)
Inscrições até 14 de março pelo site: https://
shre.ink/r9aI. Concurso com uma vaga pa-
ra professor substituto de artes. Salário: R$
3.130,85 a R$ 5.831,21 Taxa de inscrição: R$ 658.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB)
Inscrições até 29 de março pelo site: https://
shre.ink/r9am . Concurso com 4 vagas para en-
genharia elétrica (1); sisteas eletroeletrônicos
automotivos (1); física (1); literatura brasileira.
Salário: R$ 4.875,18 a R$ 10.481,64. Taxa de ins-
crição: R$ 240.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB - DF)
Inscrições de 18 de março até 19 de abril pelo
site: https://shre.ink/rkIQ . Concurso com uma
vaga para professor de magistério superior,
na área de engenharia elétrica. Salário: R$
10.481,64. Taxa de inscrição:R$ 240,40.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB - DF)
Inscrições até 29 de março pelo site: https://
shre.ink/rddw . Concurso com uma vaga para
professor de magistério superior. Salário: R$
10.481,64. Taxa de inscrição:R$ 240,40.
NACIONAIS
COMANDO DA AERONÁUTICA
Inscrições até 25 de março pelo site: https://
shre.ink/rkkI . Concurso com 130 vagas Exame
de Admissão ao Curso Preparatório de Cadetes
do Ar para o ano de 2025. Salário: não informa-
do. Taxa: R$ 80.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Inscrições até 25 de março pelo site: https://
shre.ink/rdH1. Concurso com 4050 vagas para:
técnico bancário novo e técnico bancário novo
- tecnologia da informação. Salário: R$ 3.762.
Taxa de inscrição: R$ 50 e R$ 65.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL SA
Inscrições até 11 de março pelo site: https://shre.
ink/rkki. Concurso com 410 vagas para o cargo
de analista bancário 1. Salário:R$ 3.788,16. Taxa
de inscrição: R$ 65.
INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO
EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA — IBICT
Inscrições até 11 de março divulgado poste-
riormente. Concurso com quatro vagas para o
cargo de pesquisador adjunto. Salário: de R$
6.710,29 até 14.274,86. Taxa de inscrição: R$ 150.
COMANDO DA AERONÁUTICA
Inscrições até 11 de março pelo site: https://shre.
ink/rkTG. Concurso com 207 vagas para os car-
gos de: endodontia (1); implantodontia (1); orto-
dontia (1); oficiais engenheiros: da computação
(5); elétrica (2); mecânica (1); telecomunicações
(1); farmácia bioquímica (3); sacerdote católico
apostólico romano (1); pastor (a) evangélico (1);
alergologia (1); anestesiologia (15); anatomia
patológica (3); cancerologia (5); cardiologia (12);
cirurgia cardíaca (1); clínica médica (4); cirurgia
geral (6); cirurgia vascular periférica (2); derma-
tologia (7); endocrinologia (5); gastroenterologia
(5); geriatria (7); ginecologia e obstetrícia (12);
hematologia (1); hemoterapia (1); medicina in-
tensiva (5); medicina de família e comunidade
(10); medicina nuclear (1); nefrologia (3); neuro-
logia (2); oftalmologia (9); otorrinolaringologia
(10); ortopedia (11); pediatria (9); pneumologia
(2); pediatria neonatal (3); psiquiatria (18); radio-
logia (11); reumatologia (3); urologia (6). Salário:
não informado. Taxa: R$ 150.
COMANDO DA AERONÁUTICA
Inscrições até 12 de março pelo site: https://
shre.ink/rkk5. Concurso com 169 vagas para
equipamentos de voo (8); mecânica de aerona-
ves (60); material bélico (19); informações aero-
náuticas (12); guarda e segurança (20); controle
de tráfego aéreo (50). Salário: não informado.
Taxa: R$ 95.
NAV BRASIL SERVIÇOS DE
NAVEGAÇÃO AÉREA S/A
Inscrições até 18 de março pelo site: https://
shre.ink/rkTd. Concurso com 68 vagas para os
cargos de: administrador (10); analista de de-
senvolvimento de sistemas (1); analista de redes
e de comunicação de dados (2); analista de se-
gurança da informação (1); analista de suporte
computacional (1); arquiteto (1); assistente social
(1); contador i (11); contador ii (1); contador ii
(2); engenheiro de segurança do trabalho (1);
engenheiro eletricista (1); engenheiro eletricista
com ênfase em eletrotécnica (2); engenheiro
eletricista com ênfase em telecomunicações ou
engenheiro de telecomunicações (1); engenheiro
mecânico (1); jornalista (1); médico do trabalho
(2); psicólogo organizacional (1); técnico de edi-
ficações (1); técnico de eletricidade/eletrotécnica
(1); técnico de mecânica (1); técnico de contabi-
lidade (4); técnico de informática (1); técnico de
segurança do trabalho (5) e assistente admi-
nistrativo (15). Salário: de R$ 2.786,30 até R$
10.302. Taxa de inscrição: R$ 45.
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES
TERRESTRES — ANTT
Inscrições até 22 de março de 2024 pelo site:
https://shre.ink/rFoZ . Concurso com 50 vagas
para os cargos de: especialista em regulação de
serviços de transportes terrestres (10); especia-
lista em regulação de serviços de transportes
terrestres - especialidade: direito (10); especia-
lista em regulação de serviços de transportes
terrestres - especialidade: economia (10) e es-
pecialista em regulação de serviços de trans-
portes terrestres - especialidade: engenharia
civil, engenharia de produção, engenharia de
transportes e logística, engenharia mecânica,
engenharia ambiental, engenharia florestal e
engenharia de infraestrutura (20). Salário: R$
7.887,57 até R$ 14.274,86. Taxa: R$ 160.
CENTRO—OESTE
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DE GOIÁS (TCE - GO)
Inscrições até 8 de abril pelo site: https://shre.
ink/r2KX. Concurso com 52 vagas para analis-
ta de controle externo - ciências contábeis (8);
analista de controle externo - controle externo
(22); analista de controle externo - engenharia
(8); analista de controle externo - jurídica (10);
e analista de controle externo - tecnologia da
informação (4). Salário: Não divulgado. Taxa:
R$ 195
CÂMARA DE VÁRZEA GRANDE — MT
Inscrições até 22 de abril de 2024 pelo site:
https://shre.ink/r231. Concurso com 50 vagas
para o cargo de guarda municipal. Salário: R$
2.500. Sem taxa de inscrição.
PREFEITURA DE JUÍNA — MT
Inscrições até 12 de março presencialmente,
das 8h às 11h e das 13h30 às 16h, na Secretaria
Municipal de Educação e Cultura, localizada na
Avenida Hilda Lourdes Persici Pedrotti. Concur-
so com sete vagas para professores pedagogos.
Salário: R$ 4.281,78. Sem taxa de inscrição.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO
MATO GROSSO DO SUL — MS
Inscrições de 11 até 17 de março pelo site: ht-
tps://shre.ink/rQco. Concurso com 15 vagas
para os cargos de: ciências exatas e da terra/
matemática (1); linguística, letras e artes/letras/
línguas estrangeiras modernas/língua espa-
nhola (1); linguística, letras e artes/linguística/
linguística, letras e artes/língua portuguesa
(1); multidisciplinar/ensino/ensino de ciências
e matemática (1); ciências biológicas/morfolo-
gia (1); ciências humanas/educação (1); ciências
da saúde/medicina /clínica médica (1); ciências
humanas/psicologia/psicologia do ensino e da
aprendizagem (1); ciências da saúde/educação
física (2); ciências da saúde/odontologia/clínica
odontológica (1); ciências da saúde/odontologia/
radiologia odontológica (1); ciências da saúde /
enfermagem/enfermagem de saúde pública (1);
ciências da saúde/enfermagem/enfermagem
médico-cirúrgica (2). Salário: de R$ 2.437,59
a R$ 6.356,02; acrescido de R$ 329 ou R$ 658.
Sem taxa de inscrição.
CÂMARA DE RONDONÓPOLIS — MT
Inscrições até 11 de março pelo site: https://shre.
ink/riuz . Concurso com 64 vagas para procura-
dor jurídico (1); analista do legislativo - processo
legislativo e administrativo (32); analista do le-
gislativo - contabilidade e finanças (2); analista
do legislativo - biblioteconomia (1); analista do
legislativo - redação e revisão legislativa (3) e
15.a4ga9s2
v
agente administrativo (25). . Salário: R$ 3.433,03
a R$ 9.544,38. Taxa: R$ 95 a R$140.
PREFEITURA DE BONFINÓPOLIS — GO
Inscrições até 13 de março pelo site: https://
shre.ink/rQnS. Concurso com até 115 vagas pa-
ra os cargos de: agente comunitário de saúde
(1); agente de combate as endemias (1); agente
educacional (5); analista administrativo (1); as-
sistente administrativo iii (13); assistente de pa-
trimônio (1); assistente social (3); auxiliar de ser-
viços gerais (17); educador físico (5); eletricista
de iluminação pública (1); eletricista predial (1);
enfermeiro (5); facilitador de oficina de artesa-
nato (2); farmacêutico (5); fiscal de obras e pos-
turas (1); fiscal de tributos (1); fisioterapeuta (2);
monitor do transporte escolar (5); motorista (7);
nutricionista (1); operador de máquinas pesadas
(2); orientador social (3); pedreiro (3); professor
ii (10); professor ii - libras (1); psicólogo (2); téc-
nico ambiental (1); técnico de enfermagem (6);
técnico de controle interno (1); técnico em saúde
bucal (1); técnico em radiologia (3); zelador de
cemitério (2); auxiliar legislativo (1); e auxiliar
de higiene e alimentação (1). Salário: entre R$
1.320 até R$ 4.335,20. Taxa de inscrição: R$ 65
a R$ 150.
FUNDAÇÃO SERVIÇOS DA SAÚDE — MS
Inscrições até 15 de março pelo site: https://
shre.ink/rQaF. Concurso com 279 vagas para
os cargos de: auxiliar técnico de serviços hos-
pitalares (20); técnico de serviços hospitalares
- costureiro (2); técnico de serviços hospitalares
- agente condutor de veículos (5); técnico de
serviços hospitalares - agente de serviços hos-
pitalares (30); técnico de serviços hospitalares
- agente de farmácia (20); técnico de serviços
hospitalares - técnico em radiologia (22); técni-
co de serviços hospitalares - técnico de labora-
tório (9); técnico de serviços hospitalares - téc-
nico de enfermagem (52); fonoaudiólogo (5); as-
sistente social (5); fisioterapeuta (15); psicólogo
(4); farmacêutico (10); farmacêutico bioquímico
(2); biomédico (2); enfermeiro (30); engenheiro
clínico (1); nutricionista (1); médico medicina so-
corrista (5); médico intensivista adulto (5); mé-
dico intensivista pediátrico (3); médico pediatra
(8); médico nefrologista (1); médico ginecolo-
gista e obstetra (2); médico neonatologista (2);
médico cardiologista (1); ecocardiografista (2);
médico endoscopista (1); médico radiologista
(1); médico ultrassonografista (2); médico pato-
logista (1); médico pneumologista (1); endocri-
nologista (1); médico plantonista hospitalar (1);
médico cirurgião torácico (1); médico cirurgião
geral (1); médico neurologista (1); neurologista
pediátrico (1) e médico oftalmologista (1). Sa-
lário: de R$ 1.503,13 até R$ 3.006,26. Taxa de
inscrição: de R$ 72,16 a R$ 192,44.
PREFEITURA DE BURITI ALEGRE — GO
Inscrições até 20 de março pelo site: https://shre.
ink/rQ9F. Concurso com até 107 vagas para os
cargos de: agente de contratação (1); analista
ambiental (2); analista de vigilância epidemio-
lógica (1); assistente social (2); fonoaudiólogo (1);
médico veterinário (1); fiscal ambiental (2); mo-
nitor (5); técnico em enfermagem (9); técnico de
higiene bucal (2); agente comunitário de saúde
(6); agente de combate às endemias (3); assisten-
te educacional (10); condutor de ambulância (7);
fiscal de posturas e obras (1); lavador de veículos
(1); porteiro vigia (11); motorista (5); motorista de
transporte de pacientes (1); coveiro (1); cuidador
social (8); auxiliar de limpeza (5); merendeira (5);
motorista de transporte escolar (9); motorista
de veículos pesados - caminhões, tratores e ôni-
bus; operador de motoniveladora (1); operador
de retroescavadeira (1); e trabalhador braçal (6).
Salário: entre R$ 1.497,58 a R$ 4.171,83. Taxa de
inscrição: entre R$ 60 até R$ 140.
Confira a lista completa no site
www.correiobraziliense.com.br/euestudante
INÊS249 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 •฀Trabalho & Formação • 9

» guia de estágios e jovem aprendiz 1.315 vagas

O instituto está atendendo apenas a distância. O antedimento presencial é apenas para

» iF estágio
Instituto Fecomércio/DF
jovem aprendiz
Cód.: 1044992 / Vagas: 2 / Ano: 1º, 2º, 3º /
Salário: R$ 6,42 / Horário de: 8h às 12h /
Local: Zona Industrial (guará) / Assunto:
1044992
Cód.: 943349 / Vagas: 2 / Ano: Indiferente
/ Salário: R$ 663,39 + VA / Horário de: 13h
às 17h / Local: Asa Sul / Assunto: 943349
Cód.: 1012288 / Vaga: 1 / Ano: Indiferente
/ Salário: R$ 706 / Horário de: 13:30h às
452s
vaga
emissão de contratos. É preciso agendar horário. Telefone: (61) 3962-2023. E-mail:
acompanhamento.if@institutofecomerciodf.com.br. Site: www.institutofecomerciodf.com.br.
Endereço: SCS, QD. 6, Edifício Jessé Freire, 5° andar, Brasília - DF.
17:30h / Local: Sobradinho / Assunto: em enfermagem (2), técnico em logística (1), design gráfico (2), direito (4), educação letras — língua portuguesa e respectivas
1012288 (6), técnico em nutrição e dietética (1), física — bacharelado (6), enfermagem (2), (12), letras — português (15), licenciatura
Cód.: 948350 / Vaga: 1 / Ano: 1º, 2º, 3º, Con- técnico em recursos humanos (2), técnico engenharia civil (7), engenharia elétrica em letras — língua portuguesa (1), língua
cluído / Salário: R$ 706 + VT / Horário de: em secretariado (2), administração (38), (1), engenharia mecânica (1), farmácia portuguesa (1), logística (9), marketing (6),
7h às 11h / Local: Asa Sul / Assunto: 948350 agronomia (1), arquitetura e urbanismo (1), física (1), fisioterapia (1), geologia (1), matemática (3), medicina veterinária (1),
Cód.: 87447928 / Vaga: 1 / Ano: Indiferente (1), biologia (2), ciências contábeis gestão comercial (1), gestão de marketing nutrição (1), odontologia (1), pedagogia (35),
/ Salário: R$ 995,08 + VT / Horário de: 14h (23), comunicação em publicidade (2), (3), gestão de recursos humanos (7), gestão produção audiovisual (1), psicologia (11),
às 20h / Local: Asa Sul / Assunto: 87447928 comunicação, propaganda e marketing de RH (7), gestão em recursos humanos publicidade e propaganda (9), publicidade,
Ainda há vagas para: jovem aprendiz (36), (4), comunicação social — publicidade e (6), gestão financeira (8), gestão pública propaganda e marketing (10), química (1),
ensino médio (77), técnico em administração propaganda (10), comunicação social em (1), inglês e literaturas de língua inglesa recursos humanos (7), secretariado (13) e
(13), técnico em contabilidade (2), técnico audiovisual (1), comunicação — jornalismo (11), jornalismo (3), letras — inglês (14), secretariado executivo (3).

» espro 337as
As inscrições devem ser feitas no endereço SGAS Quadra 915, Lote 72-A, Asa Sul, das 8h30 às 16h30.
Informações no site www.espro.org.br ou pelo telefone (61) 3226-1512
vag

jovem aprendiz
Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico
ou Superior / Vagas: 4 / Bolsa: R$611,72 +
Assist. Médica e Odonto + VR + VT / Horário:
14h às 18h - Seg. a Sex. / 18 a 22 anos
Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico ou
Superior / Vaga: 1 / Bolsa: R$1.113 + Assist.
Odonto + VR + VT / Horário: 9h às 15h - Seg.
a Sex. / 18 a 22 anos
Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico
ou Superior / Vagas: 4 / Bolsa: R$611,72
+ Assist. Médica e Odonto + VR + VT /
Horário: 14h às 18h - Seg. a Sex. / 18
a 22 anos
Empresa: privada. / Ens. Médio, Técnico
ou Superior / Vagas: 3 / Bolsa: R$1.113 +
Assist. Odonto + VR + VT / Horário: 11h às
17h - Seg. a Sex. / 18 a 22 anos
Empresa: privada. / Ens. Fundamental, Mé-
dio ou Técnico / Vagas: 2 / Bolsa: R$611,72
+ VT / Horário: 14h às 18h - Seg. a Sex. /
14 a 18 anos
Ainda restam 323 vagas para jovem apren-
diz na ESPRO.

» ieL Instituto Euvaldo Lodi 58as

Endereço: SIA, Trecho 3, Lote 225, Edifício Fibra ou UnB, MASC Norte, Sala AT 2/20
Telefones: SIA (3362-6024) ou UnB (99128-2294)/ Site: www.ieldf.org.br
vag Horário de atendimento: das 9h às 17h (SIA) ou das 9h às 16h (UnB).

ELETROMECÂNICA
Empresa: Privada – 113685 - Sem.: 3º ao
4°/ Vagas: 1/ Local: CEIL NDIA / Bolsa: R$
1.000,00+AT / Período: 07h às 13h /Conhec.
Exigidos; Word/ Enviar currículo para: cur-
riculos.iel@sistemafibra.org.br e no assunto
coloque: 113685.
ELETROTÉCNICA
Empresa: Privada – 113738- Sem.: 2º ao
5°/ Vagas: 1/ Local: SUDOESTE / Bolsa: R$
541.67+AT / Período: 07h às 12h /Conhec.
Exigidos; Word/ Enviar currículo para: cur-
riculos.iel@sistemafibra.org.br e no assunto
coloque: 113738.
Empresa: Privada – 113739- Sem.: 2º ao 5°/ Va-
gas: 1/ Local: SUDOESTE / Bolsa: R$ 650,00+AT
/ Período: 12h às 18h /Conhec. Exigidos; Word/
Enviar currículo para: curriculos.iel@sistemafi-
bra.org.br e no assunto coloque: 113739.
EDIFICAÇÕES
Empresa: Privada – 113769- Sem.: a partir
do 1º/ Vagas: 1/ Local: CEILâNDIA / Bolsa:
R$ 800,00+AT / Período: 08h às 12h /
Conhec. Exigidos; Word/ Enviar currículo
para: curriculos.iel@sistemafibra.org.br e
no assunto coloque: 113769.
Ainda restam 54 vagas de estágio na IEL.

Os interessados deverão comparecer ao Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), de segunda a sexta-feira,

» ciee - centro de integração empresa-escola 217s

vaga
das 8h às 17h noCIEE Brasília na EQSW 304/504, Lote 2, Edifício Atrium — Sudoeste, próximo ao Hospital das
Forças Armadas (HFA). Documentação para inscrição: Carteira de identidade, CPF, declaração de escolaridade e
comprovante de residência com CEP. Informações: www.ciee.org.br ou (61) 3701-4811

Arquitetura e urbanismo
Cód.: 5076349/Vaga 1/ Ceilandia / 02S ao
6S / Período: Horário a Combinar / Bolsa:
R$1.200+ benefícios
Administração
Cód.: 5082648/ Vaga 1/ Local: Sobradinho
/01S ao 8S / Período: 13h às 19h / 6h diárias
/ Bolsa: R$ 1.000 + benefícios
Cód.:5089643/Vagas 2/ Local: Asa Sul /
01S ao 4S / Período: Horário a Combinar
/ Bolsa: R$ 600 + benefícios
Engenharia elétrica
Cód.: 5084975/Vaga 1/ Local: Asa Norte /
01S AO 07S/ Período: À combinar/ Bolsa:
R$ 850 + benefícios / Requisitos: Windows,
Word, Excel e internet.
Design
Cód.: 5084552 /Vagas 2/ Local: Asa Norte
/ 01S ao 6S / Período: 09h as 14h / 05 HS
Diárias Bolsa: R$ 400+ benefícios
Comunicação social — jornalismo
Cód.: 5077107/Vagas 4/ Local: Asa Norte /
4S A0 08S/ Período: A combinar / / Bolsa:
R$ 1.860+ benefícios
Educação física
Cód.: 5062106/Vaga 1/ Local: Cruzeiro / 03S
ao 7S / Período: 10h as 14h / 4h diárias /
Bolsa: R$ 560 + benefícios
Marketing
Cód.: 5065464/Vaga 1/ Local: Lago Sul/ 01S
ao 5S / Período: A combinar / Bolsa: R$
700+ benefícios
Museologia:
Cód.: 5082760 /Vaga 1/ Local: Praça dos três
poderes / do 04S ao 08S / Período: 08h as
12h / 4h diárias / Bolsa: R$ 1.500 + benefícios
Secretariado
Cód.: 5088209/Vaga 1/ Local: Asa Sul / 01S
ao 07S / Período: horário a Combinar / Bol-
sa: R$ 990,45+ benefícios secretariado (1)

» super estágios 25g1as

va
As inscrições devem ser feitas no site www.superestagios.com.br ou no endereço
Rua Copaíba, Lote 1, Torre B, Sala 1306, Shopping DF Plaza, Águas Claras

ADMINISTRAÇÃO
Vaga: 199740/ Local: Areal (Águas Claras)/
Sem: a partir do 1º período/ Carga Horária:
4 horas diárias/ Horário do estágio: manhã
ou tarde / Bolsa: R$900.00/ Benefícios:
Auxílio Transporte: R$150.00 mensais./
Vagas: 3
Vaga: 200783/ Local: Setor Habitacional
Tororó (Santa Maria)/ Sem.: entre o 1º
e o 6º período/ Carga Horária: 5 horas
diárias/ Horário do estágio: manhã ou
tarde / Bolsa: R$ 800.00/ Benefícios:
Auxílio Transporte: R$ 220.00 (men-
sais)/ Vaga: 1
Vaga: 200854/ Local: Asa Sul/Sem.: a
partir do 1º período/ Carga Horária:
6 horas diárias/ Horário do estágio:
Manhã e Tarde/ Bolsa: R$ 600/ Bene-
fícios: Auxílio Transporte: A combinar
+ Ajuda de custo para almoço aos
sábados/ Vaga: 1
Vaga: 201216/ Local: Asa Sul/ Sem.: a
partir do 1º período/ Carga Horária: 6 horas
diárias/ Horário do estágio: Tarde/ Bolsa:
R$ 750/ Benefícios: Auxílio Transporte: R$
11 (diários)/ Vagas: 6
Vaga: 202521/ Local: Asa Norte / Sem.: a
partir do 2º período/ Carga Horária: 6 horas
diárias/ Horário do estágio: tarde/ Bolsa: R$
900.00/ Benefícios: Auxílio Transporte: R$
11.00 (diários)/ Vaga: 1
Ainda há vagas para: administração:
(41); análise e desenvolvimento de
sistemas: (1); arquitetura e urbanismo:
(1); arquivologia: (2); ciências contá-
beis: (6); design gráfico: (4); direito:
(12); economia: (1); educação física:
(24); enfermagem: (1); engenharia de
software: (1); engenharia mecânica: (1);
engenharia mecatrônica: (1); fisiote-
rapia: (5); gastronomia: (3); gestão de
recursos humanos: (4); jornalismo: (2);
letras: (3); marketing: (13); pedagogia:
(17); psicologia: (6); pós-graduação:
psicologia escolar: (5); publicidade e
propaganda: (6); relações internacio-
nais: (1); tecnologia em informática:
(1); técnico em administração: (22);
técnico em enfermagem: (2); técnico
e m m e c a t r ô n i c a : ( 2 ) ; té c n i c o e m
radiologia: (1); técnico em recursos
humanos: (1); técnico em saúde bucal:
(1); nível médio: (42).
Confira a lista completa no site
www.correiobraziliense.com.br/euestudante
INÊS249
10 • Trabalho & Formação • Brasília, domingo, 10 de março de 2024 • CORREIO BRAZILIENSE

152 OFERTAS DA AgênCiA DO TRABALhADOR

precisa-se vagas

A Secretaria do Estado de Trabalho do Distrito Federal também disponibiliza as vagas oferecidas nos sites www.trabalho.df.gov.br e maisemprego.mte.gov.br. O interessado em utilizar o serviço
precisa fazer um cadastro no endereço eletrônico para ter acesso às oportunidades existentes para o seu perfil. Por conta desse sistema, os postos aqui listados estão sujeitos a alterações.

Cargo Vagas Salário Cargo Vagas Salário Cargo Vagas Salário

Açougueiro
Ajudante de obras
Ajudante de padeiro
Ajudante de pintor de móveis
Assistente de serviço de contabilidade 2
Atendente de padaria
Auxiliar administrativo
Auxiliar de confeiteiro
Auxiliar de cozinha
Auxiliar de escrituração fiscal
Auxiliar de faturamento
Auxiliar de manutenção predial
Auxiliar de marceneiro
Caseiro
10 R$ 1.800 + Benefícios Confeiteiro 1 R$ 1.524,96 + Benefícios Pintor de obras 2 R$ 2.200 + Benefícios
2 R$ 1.448 + Benefícios Contador 2 R$ 2.911 + Benefícios Porteiro 2 R$ 1.500 + Benefícios
1 R$ 1.412 + Benefícios Cozinheiro geral 1 R$ 1.524,96 + Benefícios Profissional de educação física
1 R$ 1.510 Cuidador de idosos 5 R$ 45,45/dia + Benefícios na saúde 1 RS 500/quinzena + Benefícios
R$ 1.412 + Benefícios Empregado doméstico nos Recepcionista secretária 2 RS 500/quinzena + Benefícios
1 R$ 1.560 + Benefícios serviços gerais 2 R$ 1.500 a R$ 2.000 + Benefícios Repositor de mercadorias 4 R$ 1.515 + Benefícios
3 R$ 1.412 a R$ 2.500 + Benefícios Encarregado de obras 2 R$ 2.500 + Benefícios Salgadeiro 1 R$ 1.524,96 + Benefícios
2 R$ 1.412 a R$ 1.524,96 + Benefícios Lavador de carros 20 R$ 1.412 + Benefícios Servente de obras 10 R$ 1.438,80 + Benefícios
7 R$ 1.412 a R$ 1.515 + Benefícios Marceneiro 1 R$ 2.000 + Benefícios Socorrista (exceto médicos
2 R$ 2.281,97 + Benefícios Massoterapeuta 2 RS 500/quinzena + Benefícios e enfermeiros) 5 R$ 45,45/dia + Benefícios
1 R$ 1.412 + Benefícios Mecânico de automóvel 1 R$ 3.700 + Benefícios Técnico de enfermagem 4 R$ 3.325 + Benefícios
1 R$ 1.890 + Benefícios Motorista entregador 2 R$ 1.500 + Benefícios Técnico de refrigeração (fabricação) 1 R$ 2.253 + Benefícios
1 R$ 1.500 + Benefícios Operador de caixa 20 R$ 1.515 + Benefícios Vendedor interno 20 R$ 1.412 + Benefícios
1 R$ 1.412 + Benefícios Padeiro 5 R$ 1.800 a R$ 2.000 + Benefícios Vendedor pracista 1 R$ 1.462 + Benefícios

» Agências do Trabalhador » Confira o endereço das Agências do Trabalhador que estão funcionando:

Do total, 14 Agências do
Trabalhador estão com
atendimentos presenciais
ao público. Funcionamento:
de segunda a sexta-feira,
das 8h às 17h
(sem interrupção). Para
mais dúvidas, entre em
contato pelos telefones
de atendimento ao
público: (61)3773-9482/
(61)3773-9484.
Agência Brazlândia
Tel:. 3255-3868 / 3255-3869
SCDn BL K, Lj. 1/5
» Agência de Ceilândia
Tel:. 3255-3521
EQnM 18/20, Bloco B,
Praça do Povo, Ceilândia
» Agência PCD (511 Norte)
Tel:. 3255-3804 / 3255-3843
SEPn 511 Bloco A, S/n
Edifício Bittar ii
Agência Estrutural
Tel:. 3255-3808 / 3255-3809
AE n° 5, Setor Central,
Administração
» Agência Gama
Tel:. 3255-3820 / 3255-3821
AE 1, Setor Central
» Agência Sobradinho
Tel:. 3255-3824 / 3255-3825
Qd 8, AE nº 3, Sobradinho i
Agência do Trabalhador Autônomo
Tel:. 3255-3797 / 3255-3798
SCS Qd. 6, Bl. A, Ed. guanabara, Lt. 10/11
» Agência Plano Piloto
Tel:. 3255-3732 / 3255-3815
SEPn 511 Bloco A, S/n
Edifício Bittar ii
» Agência Recanto das Emas
Tel:. 3255-3864 / 3255-3842
Qd. 805, AE s/n, Prédio da
Biblioteca Pública
Agência Riacho Fundo II C4 Lt. 3, Ed. TVA imperial,
Tel:.3255-3827 / 3255-3828 Av. das Palmeiras
QC 1, Cj. 5, Lt. 2, AE s/n » Agência Planaltina
» Agência Samambaia Tel:.3255-3715 / 3255-3829
Tel:.3255-3832 / 3255-3833 Setor Administrativo, Av. Uberdan
Qn 303, Cj. 1, Lt. 3 Cardoso
» Agência Santa Maria » Agência São Sebastião
Tel:.3255-3836 / 3255-3837 Tel:.3255-3840 / 3255-3841
Av. Alagados, QC 1, Cj. h, galpão Cultural Centro de ensino fundamental São
» Agência Taguatinga José, quadra 16, área especial.
Tel:. 3255-3848 / 3255-3849 / 3255-3754 Setor Residencial Oeste

OpOrtunidades
» CANADá » ESTáGIo
» INSTITuTo CoCA-ColA
FEiRA DE RECRUTAMEnTO VAgAS PARA O MPDFT
O Canadá irá anunciar uma nova feira de recrutamento
COLETiVO OnLinE não perca o prazo para inscrições do processo
para os interessados em morar no país. Segundo Daniel Braun, O instituto Coca-Cola anuncia o Coletivo seletivo para estágio de nível superior e de pós-
fundador da Meegra, plataforma com soluções de imigração, Online, capacitação digital e gratuita para jovens graduação no Ministério Público do Distrito Federal
em breve será lançado um processo seletivo para quem deseja totalmente via WhatsApp. A formação é voltada e Territórios (MPDFT). A data termina em 20 de
trabalhar nas províncias de Ontário e Alberta. As oportunidades para pessoas a partir de 16 anos que desejam março. Podem participar estudantes dos cursos
que serão oferecidas são principalmente nas áreas da saúde, fortalecer suas habilidades profissionais e de arquivologia, ciências contábeis, comunicação
tecnologia e serviços sociais. As empresas canadenses buscam conquistar seu espaço no mercado de trabalho. social, direito, enfermagem, estatística, informática,
por profissionais brasileiros com pelo menos uma formação e que Além disso, também faz uma ligação desses psicologia e serviço social. Poderão ser admitidos para
desejam trabalhar por lá. “As empresas canadenses contratam jovens com empresas parceiras do instituto as vagas de pós-graduação candidatos com graduação
com frequência os brasileiros com pelo menos uma formação. para chances de trabalho. As vagas para a concluída nos seguintes cursos: engenharia florestal,
Quem passar pelas etapas dos processos seletivos, já vai para capacitação serão disponibilizadas por meio engenharia ambiental, engenharia cartográfica,
o país com contrato assinado, sabendo quanto vai ganhar, os da Taqe, plataforma de empregabilidade que engenharia agrimensura, feografia, geologia, análise e
dias do pagamento no mês e com perspectiva de imigração para reúne candidatos, empregadores e parceiros desenvolvimento de sistemas, ciência da computação,
toda a família também imigrar para o Canadá”, afirma Braun. O educacionais. As inscrições para as vagas exigem engenharia da computação, engenharia de software,
Canadá tem um mercado de trabalho diversificado e em constante acesso a um telefone com WhatsApp, conexão à sistemas de informação, sistemas para internet, banco
expansão com oportunidades para diversas áreas de atuação. internet, ter concluído ou estar cursando o ensino de dados e tecnólogo. Para se inscrever, o candidato
“O país valoriza a diversidade e a inclusão, reconhecendo a médio e ter no mínimo 16 anos e com renda deve acessar o site www.metropole.org.br, no campo
contribuição de imigrantes para o desenvolvimento econômico e familiar de até dois salários mínimos. Além do “inscrições abertas”, localizar o processo seletivo do
cultural do país. Se você tem formação superior e ganha por volta estudo ser gratuito e 100% on-line, as videoaulas MPDFT e fazer o cadastro. Serão reservadas 10%
de 4 mil reais no Brasil, mas sem perspectivas de carreira, no são enviadas diretamente pelo aplicativo de das vagas ao sistema de cotas para minorias
Canadá, a sua profissão é altamente remunerada e reconhecida”, mensagem e um certificado de conclusão é étnico-raciais, outros 10% às pessoas com deficiência,
finaliza Daniel Braun. Para mais informações sobre a feira de disponibilizado ao fim da capacitação. Para se e 30% ao sistema de cotas para negros.
recrutamento, entre em contato pelo instagram do Daniel Braun: inscrever, basta acessar o site shre.ink/rl7G. Os interessados devem informar que desejam
https://www.instagram.com/danielmbraun/. concorrer a essas vagas no ato da inscrição.
INÊS249
6
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6.2 Procura por Emprego
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RADIOLOGIA GERAL • TÉCNICO(A) DE ENFERMAGEM - TMO
Os pré-requisitos das vagas e as orientações para inscrição estão disponíveis
no site www.hcb.org.br. Selecione a aba Trabalhe Conosco e cadastre seu currículo.
As inscrições deverão ser realizadas até 17/03/2024..
Todas as vagas do HCB também são destinadas à Pessoa com Deficiência, sendo
obrigatório informar o CID (Classificação Internacional de Doenças).
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Brasília, domingo, 10 de março de 2024 CLASSIFICADOS CORREIO BRAZILIENSE